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UAB/IFMT LICENCIATURA EM MATEMÁTICA FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO Professor Organizador: Francis-Elpi de Oliveira Nascimento. Cuiabá – MT, junho de 2017. Sumário UNIDADE II – FILOSOFIA: SUA PROBLEMÁTICA......................................................................3 1. A NATUREZA HUMANA: ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA......................................................3 1.1. A QUESTÃO DO HOMEM NA FILOSOFIA.........................................................................3 1.2 A NATUREZA ESPECÍFICA DO HOMEM.............................................................................4 1.2.1 Conceitos históricos da natureza humana..........................................................................4 1.2.1.1 Filosofia grega............................................................................................................4 1.2.1.2 Filosofia cristã medieval............................................................................................5 1.2.1.3 Filosofia Moderna......................................................................................................6 1.2.1.4 Filosofia Contemporânea...........................................................................................7 1.3 AS CAPACIDADES FUNDAMENTAIS DO HOMEM...........................................................7 1.3.1 A inteligência (intelecto, razão)..........................................................................................7 1.3.2 A vontade............................................................................................................................7 1.3.3 A liberdade.........................................................................................................................8 1.4 OUTROS ASSUNTOS DA FILOSOFIA DO HOMEM...........................................................9 2. O PENSAMENTO HUMANO: LÓGICA.......................................................................................9 2.1 A PROBLEMÁTICA DO PENSAR..........................................................................................9 2.1.1 Os elementos do pensar....................................................................................................10 2.1.1.1 Conceito....................................................................................................................10 2.1.1.2 Juízo..........................................................................................................................10 2.1.1.3 Raciocínio.................................................................................................................10 2.2 LÓGICA..................................................................................................................................11 2.2.1 Lógica: objeto...................................................................................................................11 2.2.2 O fundador da Lógica Formal..........................................................................................12 2.2.3 Lógica: uma ciência formal..............................................................................................12 2.2.4 Lógica: uma ciência propedêutica....................................................................................13 2.2.5 Lógica: sua caracterização...............................................................................................13 3. FILOSOFIA E CULTURA.............................................................................................................13 3.1. FILOSOFIA E CIÊNCIA........................................................................................................14 3.1.1. ERA MODERNA: A ERA DAS CIÊNCIAS..................................................................14 3. 1.2. O CONHECIMENTO CIENTÍFICO.............................................................................16 3.1.2.1. Conhecimento pré-científico (senso comum)..........................................................16 3.1.2.2. Conhecimento científico..........................................................................................17 3.1.2.3. Ciência do ponto de vista formal.............................................................................17 3.1.2.4. Método experimental...............................................................................................17 3.1.2.5. Classificação das ciências.......................................................................................18 3.1.3. FILOSOFIA E CIÊNCIA: DISTINÇÃO........................................................................18 3.1.3.1. RELAÇÃO ENTRE FILOSOFIA E CIÊNCIA......................................................19 3.1.3.2. A Filosofia desconsidera as ciências.......................................................................19 3.1.3.3. A Filosofia se identifica com as ciências.................................................................19 3.1.3.4 Filosofia e Ciências devem estar em mútua referência............................................19 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................................21 UNIDADE II – FILOSOFIA: SUA PROBLEMÁTICA O objetivo dessa segunda parte é familiarizar-se com os principais temas ou problemas da Filosofia e também com as principais disciplinas que têm por objeto esses temas, ou seja, essa parte deseja ser uma introdução às disciplinas ou áreas filosóficas. IDENTIFICAÇÃO DOS PROBLEMAS FILOSÓFICOS A Filosofia se refere à necessidade de o homem compreender-se a si mesmo (homem), sua existência no mundo (mundo) e à causa de sua existência no mundo (Deus). Esses três assuntos básicos podem ser desdobrados em muitas outras questões correlativas: Homem: a natureza humana, a alma, a razão, a liberdade, as emoções, o conhecimento humano, a sociedade humana, as normas e condutas, a educação, a cultura, etc. Mundo: matéria, vida, universo, ecologia, sociedade, cultura, etc. Deus: existência do Absoluto, natureza de Deus, relação Deus-mundo, mal, etc. ORGANIZAÇÃO DOS TEMAS FILOSÓFICOS A grande referência para compreender a organização dos temas filosóficos, ou seja, suas áreas e objetos de análise, são as obras de Aristóteles. Podemos dividir a problemática filosófica nos seguintes grandes temas: A natureza humana (Antropologia Filosófica) O pensamento humano (Lógica) O conhecimento humano (Teoria do Conhecimento) A ação humana (Ética) A emoção humana (Estética) A sociedade humana (Filosofia Social) O ser material (Cosmologia) O ser absoluto (Teodiceia) O ser em si (Metafísica) A educação humana (Filosofia da Educação) 1. A NATUREZA HUMANA: ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA 1.1. A QUESTÃO DO HOMEM NA FILOSOFIA Que é o homem e para que serve? Que mal ou que bem pode ele fazer? (Eclo 18,7) A questão “O que é o homem?” é uma interrogação profundamente natural e existencial, da qual se ocupa a religião, a sabedoria popular, a literatura, a arte e, particularmente, a Filosofia. A interrogação de todas as interrogações para a humanidade – o problema que subjaz a todos os outros e que mais que qualquer outro suscita o nosso interesse – é a determinação do lugar que o homem ocupa na natureza e das suas relações com o universo das coisas. De onde provém a nossa espécie? Quais são os limites do nosso poder sobre a natureza e do poder da natureza sobre nós? Qual o fim para o qual caminhamos? Esses são os problemas que se deparam novamente e com imutável interesse a cada homem que vem ao mundo. (HUXLEY, T. Man’s Place in Nature and Other Essays. Londres. 1963) O progresso científico e técnico não resolveu esta interrogação. Pelo contrário, a tornou mais aguda. Na história de mais de dez mil anos nós somosa primeira época na qual o homem tornou-se para si mesmo radicalmente e universalmente problemático: o homem não sabe mais quem ele é e se dá conta de não poder sabê-lo. (SCHELER, M. Cosmovisões Filosóficas) Esta interrogação se fundamenta na profunda ambiguidade do ser humano: Por um lado, o homem tem consciência de sua superioridade, grandeza e dignidade. Por outro lado, ele tem consciência de sua profunda fraqueza e fragilidade. De um lado, o homem é um ser racional, capaz de amar e de atos nobres. Por outro, ele é inclinado a atitudes irracionais, afeito a paixões, capaz de violência e de destruição. 1.2 A NATUREZA ESPECÍFICA DO HOMEM A questão principal aqui é: O que constitui o “proprium” do homem? O que é específico do ser humano? O que distingue propriamente o homem de todo outro ser? Algumas propriedades/características do homem são comuns aos animais (características orgânicas, reprodução, etc.); outras características são semelhantes, porém, mais complexas e aperfeiçoadas (comunicação simbólica, inteligência, sociabilidade, códigos de comportamento, etc.); outras características ainda parecem ser exclusivas do homem (religião, arte, ciência, cultura, etc.). Afinal, o homem difere dos animais apenas em grau de perfeição ou difere essencialmente de todo outro ser? O que fundamenta a diferença essencial do homem? O que é que fundamenta as propriedades e as características exclusivas do homem? 1.2.1 Conceitos históricos da natureza humana 1.2.1.1 Filosofia grega Para a Filosofia grega, o homem possui uma diferença específica, pelo fato de possuir uma entidade que lhe é própria: a alma espiritual. Esta concepção grega foi plenamente aceita pela cultura cristã, porque se prestou melhor para explicar a dignidade própria do ser humano, sua imortalidade, etc. a) Platão: Para o pensador, a verdadeira essência do homem está na alma espiritual; ele apresenta, então, um dualismo antropológico fortíssimo. O dualismo corpo- alma é concebido por Platão como uma oposição entre positividade e negatividade entre bem e mal. O corpo é, por conseguinte, entendido de alguma forma como a sede do mal. A partir disso, conclui-se que o ideal ético platônica seja o cultivo da alma (razão), o que se trata da “libertação do corpo”. A alma é algo totalmente diferente do corpo e o que importa na vida de cada um de nós é a alma e só a alma e que o corpo não é senão uma sombra ou imagem que nos acompanha... enquanto que o próprio e verdadeiro ser de cada um de nós, a chamada alma, se encaminha aos deuses para prestar contas de si... (Platão, Leis) b) Aristóteles: Pretende corrigir o dualismo platônico e afirmar a unidade do homem. O corpo e a alma não são duas substâncias, dois seres, mas dois princípios do homem. A alma é a “forma” (princípio da vida, da animação) do corpo material; a vida se manifesta em três graus: vida vegetativa, sensitiva e intelectiva (esta é exclusiva do homem, um princípio totalmente espiritual). A verdadeira essência da alma é a razão (homem = animal racional) e o ideal humano é o exercício da razão, ou seja, o intelectualismo. 1.2.1.2 Filosofia cristã medieval A cultura cristã assumiu desde cedo o conceito grego do homem, especialmente o conceito de “alma”; e isso porque seria mais de acordo com a Revelação, servindo para fundamentar a dignidade do ser humano, suas atividades espirituais, sua imortalidade, etc. a) Santo Tomás de Aquino: no início a cultura cristã assumiu, em termos filosóficos, o platonismo. Tomás de Aquino prefere Aristóteles: assume a doutrina aristotélica e a completa em alguns pontos (principalmente nos pontos em que a doutrina do Estágira era vacilante, como, por exemplo, a imortalidade da alma). A alma se origina por criação especial de Deus (os pais não participam da geração da alma), pois ela é imortal. Ela – a alma – age em estreita unidade com o corpo (união substancial), embora tenha uma atividade própria, independente do corpo: o pensamento. Essa ideia é o fundamento para a sua argumentação sobre a imortalidade da alma, ou seja, tudo o que tem atividade própria tem subsistência própria. A doutrina tomista do homem se tornou clássica, foi aceita pela Igreja Católica (e consequentemente para o cristianismo como um todo) e teve uma longa tradição na história do cristianismo até os dias de hoje. 1.2.1.3 Filosofia Moderna A partir da Idade Moderna surgiram, dentro da cultura filosófica, diversas outras ideias sobre a natureza humana, algumas delas em continuidade com a tradição cristã, outras independentes e até em oposição à tradição cristã (materialismos). a) Descartes: propõe um dualismo radical, ou seja, o homem é composto de duas substâncias totalmente heterogêneas: “res extensa” (matéria) e “res cogitans” (mente). Essas substâncias são incomunicáveis; a vida é mecânica (não provém de um princípio superior) e ele instaura, na tradição filosófica, o grande problema da relação entre mente e corpo. b) La Mettrie: defende uma visão totalmente materialista-mecanicista do homem: o homem é apenas uma “máquina” física muito sofisticada. A alma nada mais é que uma palavra vazia... o homem é uma máquina e em todo o universo só existe uma única substância, diversamente modificada, a substância material. Os corpos animados têm tudo o que lhes é preciso para se mover, sentir, pensar, se arrepender, em suma, se comportar tanto na vida física como na vida moral, que dela depende. (J. La Mettrie, O homem máquina) Da mesma forma, um outro filósofo, contemporâneo seu, Holbach, escrevia: O homem é puramente físico: o ser espiritual nada mais é do que esse mesmo ser físico considerado do ponto de vista particular, isto é, relativamente a algum de seus modos de agir, devidos à sua particular organização. Mas essa mesma organização não será talvez obra da natureza? E os movimento ou a capacidade de agir de que é suscetível não serão talvez físicos? As suas ações visíveis, bem como os movimentos invisíveis excitados em seu interior, provenientes das vontades ou do pensamento, são igualmente efeitos naturais, consequências necessárias do seu mecanismo específico e dos impulsos que recebe dos seres pelos quais é circundado? (REALE & ANTISERI: 2006d, 725) c) Marxismo: possui uma concepção inteiramente materialista do homem, o qual é visto como um produto superior da natureza, um resultado do processo interno da matéria, em perpétuo movimento. Segundo a corrente marxista, a “hominização” se dá pelo trabalho; é no trabalho que o homem transforma a natureza física e, simultaneamente, transformar a própria natureza. Pelo trabalho o homem modifica a sua natureza e desenvolve as suas faculdades latentes: o trabalho criou o homem. (Karl Marx em O Capital) d) Evolucionismo de Darwin: Em 1871 Charles Darwin publicou o livro “A Ascendência do Homem” e nele defende as seguintes idéias: o homem descende de uma linhagem pré-humana, por evolução biológica; o homem é inserido na linhagem animal, se torna um produto da dinâmica da vida no universo; todas as suas características surgem pelo jogo interno da evolução. 1.2.1.4 Filosofia Contemporânea A Filosofia Contemporânea compreende os séculos XIX até os dias de hoje. Nela temos diversas reações ao materialismo antropológico (Fenomenologia, Existencialismo, Personalismo, etc.). a) Max Scheler: Max Scheler é autor do livro “O lugar do homem no Cosmos” (1928), uma obra que recupera a análise da natureza específica do homem, uma obra que instaura, de maneira sistemática, a reflexão antropológica na Filosofia. Nesta obra, Scheler propõe as seguintes teses: rejeita a ideia da “alma”,pois o próprio homem é o “espírito”; apresenta as notas características do “espírito”: autonomia e liberdade frente aos impulsos internos e frente ao meio, poder de objetivação (sobretudo a ideação), atualidade pura (contra a substancialidade da alma), ideia do supremo (religião/Deus). 1.3 AS CAPACIDADES FUNDAMENTAIS DO HOMEM São muitas e muito diversificadas as capacidades do homem, estão em permanente dinâmica de transformação e evolução: capacidade de conhecimento em grau superior, formar ideias, criar ciência, técnicas, arte, cultura, capacidade de interrogar- se sobre sentidos, fins e sobre o absoluto (filosofia, religião, etc.); capacidade de linguagem simbólica, capacidade de criar relações sociais complexas, criar organizações e instituições sociais; capacidades de pensar a própria conduta, criar códigos de comportamento (Ética, Direito, etc.). A partir dessa grande lista de capacidades, a tradição filosófica (de modo muito diversificado) destaca duas capacidades fundamentais do homem (as quais são designadas com o termo “faculdades”): a inteligência e a vontade, que são chamadas “duas faculdades fundamentais do homem”. 1.3.1 A inteligência (intelecto, razão) É a faculdade do conhecimento e seu objeto formal é a verdade e seu termo é a ciência (no sentido lato). Na tradição filosófica são muito diversificados os conceitos de “intelecto” e “razão”, seu modo de operar, seu alcance; o tema coincide, na realidade, com a Teoria do Conhecimento, a qual veremos mais adiante. 1.3.2 A vontade É a faculdade “apetitiva” ou “tendencial”, que se traduz no “sentir” e no “querer” e seu objeto formal é o bem. A vontade é geralmente definida pelo atributo “livre”; livre arbítrio é o poder de escolha e decisão (vontade livre). Assim como a questão do intelecto, o conceito de vontade e sua delimitação foram uma das questões mais debatidas na Filosofia. 1.3.3 A liberdade A liberdade é um dos assuntos mais importantes da filosofia antropológica. Não podemos negar que a “liberdade” é uma das paixões humanas; é destacada na política, na literatura, na imprensa, na música, etc. Trata-se de liberdade política, liberdade de expressão, liberdade de mercado (economia), liberdade sexual, libertação, liberalismo, neoliberalismo, filosofia da libertação, teologia da libertação, etc. Mas o que é, exatamente, a liberdade num sentido mais fundamental? A liberdade se define pelo quê? É o “ser humano” realmente livre? A Antropologia Filosófica trata do conceito fundamental de liberdade: o homem é um ser livre, autônomo em seus atos? Ou, pelo contrário, é ele um “autômato”, um ser inteiramente “programado”, que age por necessidade interna? Em que consiste a liberdade fundamental? Liberdade, no sentido mais fundamental do termo, inclui três aspectos: Ausência de coação externa (liberdade como ausência de coação por parte de fatores externos). Ausência de coação interna ou de necessidade interior (liberdade como ausência de coação por parte de fatores internos, situados na consciência ou na mente do indivíduo). Autonomia da vontade em relação aos próprios atos e domínio sobre eles (os atos procedem unicamente da vontade, que pode, em igual possibilidade, pô-los ou não). Liberdade é a capacidade de decidir-se a si mesmo para um determinado agir ou sua omissão, respectivamente para este ou aquele agir. (RABUSKE: 1973, 89) Às vezes os atos da vontade são autônomos em relação ao intelecto, ou seja, o intelecto delibera e a vontade decide. Se a deliberação pertence ao intelecto, a decisão pertence à vontade. Esta, interrompendo porventura o percurso deliberativo, inaugura algo de novo, corta com a continuidade deliberativa, sem, todavia, intrometer-se na esfera própria do entendimento, uma vez que o campo específico da vontade é a atuação. No querer concreto, o homem pode mesmo não seguir sempre o juízo que o entendimento lhe apresenta como o melhor – por muitos motivos. Permanece, portanto, no ato da escolha um fundo radicalmente inacessível à penetração racional. (SOUZA TEIXEIRA, M. Liberdade in Logos: 1992, 365) E como se estabelece a problemática do determinismo? O determinismo é a negação da liberdade fundamental da vontade. Existem, de modo geral, os seguintes tipos de determinismos: Determinismo biológico: o homem é determinado pela sua estrutura física e orgânica, principalmente pela estrutura genética. Determinismo psicológico: o homem é condicionado e determinado pelas estruturas psíquicas (inconsciente, superego, etc.) Determinismo sociológico: o homem é pré-determinado pela estrutura social, é um produto da sociedade. Determinismo metafísico: a própria vontade em si é pré-determinada pela necessidade do ser: todos os atos humanos são necessários. 1.4 OUTROS ASSUNTOS DA FILOSOFIA DO HOMEM Podemos citar ainda as seguintes problemáticas: A dimensão humana da linguagem. A dimensão social humana. A dimensão transcendental humana. A questão da morte e da imortalidade. 2. O PENSAMENTO HUMANO: LÓGICA 2.1 A PROBLEMÁTICA DO PENSAR O homem é um ser que pensa e seu atributo mais próprio é o pensamento. Entretanto, algumas questões podem surgir dessa afirmação: Como pensamos? Existem regras para o pensamento? O pensamento é uma atividade totalmente espontânea, sem nenhuma regra? Cada um pensa do jeito que quer ou há formas de pensamento que devem ser seguidas? Existe o “bom” e o “mau” pensamento? Existe o pensamento certo e o pensamento errado? Evidentemente o pensamento é muito subjetivo e pessoal: cada ser apresenta o seu modo de pensar, o qual depende da cultura, das condições psicológicas, condições sociais, do temperamento e até mesmo da sexualidade. No entanto, podemos observar que existem certas formas de pensar que consideramos “certas” e outras que consideramos “erradas”. Frequentemente percebemos contradições, falta de ordem, de continuidade no pensamento. Enfim, percebemos naturalmente que o pensar segue certas formas, ou possui certas formas, existe uma estrutura no pensamento humano como tal, independentemente do grau de cultura (mesmo um homem simples pode pensar muito bem), de sexo, de condições econômicas, etc. A Filosofia, desde cedo (na realidade desde os gregos) ocupou-se com o pensamento humano, com a estrutura do pensamento; a parte ou área da Filosofia que se ocupou disso, do pensamento humano, denominou-se LÓGICA . 2.1.1 Os elementos do pensar De que é composto o nosso pensamento? De que ele é feito? O primeiro elemento do nosso pensar são as palavras. Porém, “palavra” é “ideia”, “noção” ou “conceito”? O primeiro elemento do pensamento é o “conceito” e dele é estruturado o restante, todas as formas de pensamento (ideias, argumentos, criações, etc.). Vejamos algumas definições importantes na Lógica: 2.1.1.1 Conceito É também chamado de “ideia” ou “noção”. Trata-se de uma entidade mental simples que representa uma realidade. O conceito é sempre universal, isto é, aplicável a muitos objetos ou a um grupo de objetos. Para representar objetos individuais usamos “nomes”. Quanto mais conceitos somamos, menos objetos eles representam em específico, por isso “quanto maior a extensão, menor a compreensão”. 2.1.1.2 Juízo Também chamado de “proposição”, é a união de conceitos, através de um elemento de ligação (verbo “ser” ou “estar”), constituindo uma afirmação ou negação. Os juízos podem ser: afirmativos, negativos, contrários ou contraditórios. Entende-se por juízo qualquer tipo de afirmação ou negação entre duas ideias ou dois conceitos. Ao afirmarmos, por exemplo,que “este livro é de filosofia”, acabamos de formular um juízo. O enunciado verbal de um juízo é denominado proposição. (COTRIM: 1993, 306 – grifo nosso) 2.1.1.3 Raciocínio É a união de juízos, estabelecendo relação entre eles, para tirar uma inferência ou conclusão. É pensamento na forma mais completa. Raciocínio é processo mental que consiste em coordenar dois ou mais juízos antecedentes em busca de um juízo novo, denominado conclusão ou inferência. (COTRIM: 1993, 306) Os raciocínios podem ser de diversos tipos. Citamos os seguintes, a título de exemplo: Dedução: o raciocínio dedutivo é tirar uma conclusão do universal para o particular (o que ocorre frequentemente na matemática). A dedução pode ser expressa ou implícita; expressa quanto a conclusão está contida na proposição universal (premissa) e a inferência é absolutamente clara; implícita quando ela conduz a um conhecimento relativamente novo, que não está contido na premissa. Indução: o raciocínio indutivo é o contrário da dedução: extrair uma conclusão do particular para o universal. As conclusões da indução não são tão necessárias e rigorosas como na dedução, pode haver erro, elas envolvem uma “probabilidade”. No entanto, são amplamente usadas pelo pensamento humano, especialmente na ciência (as leis científicas são todas indutivas); foi por causa da indução que a ciência se tornou muito fecunda. Analogia: o raciocínio analógico é tirar uma conclusão do particular para o particular por meio de uma relação de semelhança. A conclusão da analogia tem grau ainda menor que a indução, mas também é amplamente usada (tiramos frequentemente conclusão do semelhante para o semelhante) e é também empregada na ciência. Classificação: agrupamento de conceitos segundo determinados critérios. Definição: é descrever ou caracterizar um objeto, identificando seu atributo essencial (ou atributos essenciais). Atributo é o que faz uma coisa ser o que é e cuja ausência impediria a coisa ser tal. As definições podem ser: 1. Definição essencial: é a definição no sentido próprio; apresenta os principais constituintes de algo, aquilo que faz com que seja aquilo que é. 2. Definição causal: define um objeto pela sua causa. 3. Definição descritiva: define descrevendo as qualidades de um objeto. 4. Definição exemplar: define citando um exemplo. 1. A definição deve ser mais clara que o termo a ser definido. Deve-se evitar a metáfora, a ilustração, o equívoco ou expressões ambíguas. Outrossim, o termo a ser definido não deve incluir-se na definição. 2. Deve ser breve. Deve-se evitar qualquer redundância (dizer o máximo com menos palavras possíveis). 3. Não deve ser negativa. Trata-se de afirmar aquilo que é. 4. A definição e o termo a ser definido devem ser conversíveis. Por exemplo, de “o ser humano é um animal racional”, deve seguir-se que “um animal racional é ser humano”. 5. Consiste em gênero próximo e diferença específica. Trata-se da definição essencial, ideal. 6. Deve ser universal, pois aponta a essência, ou seja, aquilo que se predica de todos os indivíduos ou particulares. O singular não se define, descreve-se. (GILES: 1995c, 16-17) 2.2 LÓGICA A palavra “lógica” provém do termo grego “logos”, que significa tanto “palavra” como “razão”. Assim, lógica tem a ver com palavras e com razão. Ao usarmos as palavras lógica e lógico, estamos participando de uma tradição de pensamento que se origina na Filosofia grega, quando a palavra “logos” – significando linguagem-discurso e pensamento-conhecimento – conduziu os filósofos a indagar se o “logos” obedecia ou não a regras, possuía ou não normas, princípios e critérios para seu uso e funcionamento. A disciplina filosófica que se ocupa com essas questões chama-se Lógica. (CHAUÍ: 1995, 180) 2.2.1 Lógica: objeto A Lógica é uma ciência racional, não só porque procede da razão, característica comum de todas as artes e de todas as ciências, mas também porque tem o próprio ato da razão como matéria de seu estudo. (São Tomás de Aquino, Anal. Post. 1) A Lógica, portanto, tem por objeto a razão, a estrutura interna da razão; mais precisamente dizendo, a Lógica tem por objeto o “ato da razão”, isto é, o pensamento. Assim, ela trata da formulação correta do pensamento, pois a mente ou a inteligência humana é, naturalmente, lógica. Lógica é a ciência ou propedêutica científica que tem por objetivo o estudo da razão, entendida como pensamento e como palavra e a determinação de suas formas e de suas leis. (Dicionário Houss) 2.2.2 O fundador da Lógica Formal Segundo Sextus Empiricus, a palavra “Lógica” teria sido empregada, pela primeira vez, não por Aristóteles, mas pelo acadêmico Xenócrates. De acordo com W.D. Ross, Alexandre foi o primeiro escritor a empregar o termo “logiké”, no sentido de lógica. O termo utilizado por Aristóteles, para designar o estudo do raciocínio, é “analítico”. O Estagirita, no entanto, embora possa não ter sido o primeiro a empregar o vocábulo, é unanimemente reconhecido como o fundador da Lógica, seu maior título de glória. No século II d.C., Alexandre de Afrodísia reuniu as obras lógicas de Aristóteles sob a designação geral de “Organon”, com a qual passaram a ser conhecidas. O Organon aristotélico inclui os seguintes tratados: Categorias, Da Interpretação, Primeiros Analíticos, Segundos Analíticos, Tópicos e Argumentos Sofísticos. A sequência desses tratados corresponde à divisão do objeto da Lógica, que estuda as três operações da inteligência, o conceito, o juízo e o raciocínio. (CORBISIER: 1987: 166 – grifo nosso) A Lógica de Aristóteles, aquela de suas obras que tem por título “Organon”, não só é a primeira sistematização na filosofia ocidental, como foi, durante muitos séculos, padrão, modelo e texto permanente. (VIEIRA, A. Introdução à Filosofia. Coimbra. 1981. p. 107) 2.2.3 Lógica: uma ciência formal A lógica formal distingue os raciocínios verdadeiros dos raciocínios falsos, independentemente do seu conteúdo. Não se preocupa com a matéria sobre a qual se apoia o raciocínio, mas apenas com a forma. (CHARBONEAU, E. Curso de Filosofia: Lógica e Metodologia. p. 19 – grifo nosso) A Lógica é também definida como “a ciência do pensamento formal”. “Formal” significa aqui o pensamento em si, independentemente de sua referência à realidade. Trata-se das formas de pensar e não do conteúdo do pensar. A lógica trata da correção do pensamento e não de sua verdade; ela não analisa se um pensamento é verdadeiro ou não, mas apenas se se apresenta de forma correta ou errada. A Lógica Formal examina as características das ideias com a finalidade de estabelecer as normas de argumentação correta. Diz-se “formal” justamente porque o que lhe interessa são as características das ideias e não os seus conteúdos. Daí decorre que as normas por ela fixadas asseguram a correção do discurso, mas não a sua verdade. (MONDIN: 1980, 12) Existe uma série de regras para a formulação do raciocínio, como também uma série de formas ou tipos de silogismos. 2.2.4 Lógica: uma ciência propedêutica A Lógica não é considerada como propriamente uma parte da Filosofia, um ramo filosófico, mas uma condição para a Filosofia e para todas as ciências, ou seja, ela é um instrumento do reto pensar. Para Aristóteles, a Lógica não é propriamente uma ciência, mas um instrumento, um organon, do qual todas as ciências se utilizam, uma propedêutica de qualquer ramo do conhecimento epistemológico. De fato, o conhecimento só é científico, ou epistemológico, quando, além de universal, é também metódico e sistemático, quer dizer, lógico. Distinguindo-se das demais ciências, a Lógica se apresenta não só como método,ou “caminho”, que as ciências trilham para encontrar e conhecer seu objeto, mas também como característica geral ou “forma” do “conhecimento científico”. (CORBISIER: 1987, 167) A Lógica, de certo modo, mais que ciência filosófica, é um instrumento introdutório e necessário para a filosofia e as ciências (non est tam scientia quam scientiae instrumentum). (São Tomás de Aquino. Metaphisica I, 1 (32); I,3 (57)) 2.2.5 Lógica: sua caracterização Para Aristóteles, a lógica não era uma ciência teorética, nem prática ou produtiva, mas um instrumento para as ciências. Eis por que o conjunto das obras lógicas aristotélicas recebeu o nome de “Organon”, palavra grega que significa instrumento. A Lógica pode se caracterizar como: Instrumental: é o instrumento do pensamento para pensar corretamente e verificar a correção do que está sendo pensado. Formal: não se ocupa com os conteúdos pensados ou com os objetos referidos pelo pensamento, mas apenas com a forma pura e geral dos pensamentos, expressas através da linguagem. Propedêutica: é o que devemos conhecer antes de iniciar uma investigação científica ou filosófica, pois somente ela pode indicar os procedimentos (métodos, raciocínios, demonstrações) que devemos empregar para cada modalidade de conhecimento. Normativa: fornece princípios, leis, regras e normas que todo pensamento deve seguir se quiser ser verdadeiro. Doutrina da prova: estabelece a condições e os fundamentos necessários de todas as demonstrações. Dada uma hipótese, permite verificar as consequências necessárias que dela decorrem; dada uma conclusão, permite verificar se é verdadeira ou falsa. Geral e temporal: as formas do pensamento, seus princípios e suas leis não dependem do tempo e do lugar, nem das pessoas e circunstâncias, mas são universais, necessárias e imutáveis como a própria razão. (CHAUÍ: 1995, 183) 3. FILOSOFIA E CULTURA A vida do homem não se restringe à prática utilitária, a apenas agir e transformar a natureza. O mundo e a realidade tocam não só a inteligência do homem, mas também as suas emoções. O mundo, a natureza, antes de ser objeto do conhecimento e da atividade prática, é objeto de percepção e de contemplação. O mundo, no conjunto de seus objetos e seres, tange uma vasta gama das emoções humanas: admiração, prazer, dor, alegria, temor, tristeza, perplexidade... Desde os seus primórdios, o homem não apenas contemplou e encantou-se com a natureza, mas procurou expressar as suas emoções através de diversos meios, como também criar objetos que de certa forma reproduzissem e imitassem a beleza do mundo. É a criação artística: pintura, música, dança… expressões tão antigas quanto o próprio homem. Desde sempre, a arte é um dos segmentos constantes da cultura e da civilização humana (ao lado da ciência, da Filosofia e da religião…). O ser humano, agindo sobre o seu meio, transformando a natureza, cria um mundo próprio e exclusivo: o mundo da cultura, pois o homem é, essencialmente, um ser cultural. A Filosofia, desde o seu início, incluiu a vida emocional e a expressão artística como objeto de sua reflexão. Aristóteles, por exemplo, dividiu a Filosofia em três partes: 1. Filosofia teórica (ciência, saber); 2. Filosofia prática (ação, ética) e; 3. Filosofia poética, a qual trata da engenhosidade e da criação humana. Arte “poética” é o nome de uma obra aristotélica sobre as artes da fala e da escrita, do canto e da dança: a poesia e o teatro (tragédia e comédia). A palavra “poética” é a tradução para “poeisis”, portanto, para “fabricação”. A arte poética estuda as obras de arte como fabricação de seres e gestos artificiais, isto é, produzidos pelos seres humanos. (CHAUÍ: 1995, 321) Segundo a filosofia grega, o tema da arte, da expressão e criação artística recorre em toda a história em todas as suas etapas e impulsiona o conhecimento humano. Assim sendo podemos ver a sua importância na formulação do que hoje chamamos de CULTURA. Por cultura entendemos, de modo geral, a produção do espírito humano em qualquer dimensão (intelectual, emocional, prático, etc.). Os ramos da cultura humana são: Ciência, Arte, Religião e Filosofia. Desejamos pois agora estabelecer as relações existentes entre a Filosofia e a Ciência. 3.1. FILOSOFIA E CIÊNCIA 3.1.1. ERA MODERNA: A ERA DAS CIÊNCIAS Para compreendermos a ciência em si, devemos entendê-la a partir de uma perspectiva histórica: a era Moderna. Vejamos algumas considerações: A ciência teve origem no início da Era Moderna (século XVI). Os fundadores da ciência moderna são: Bacon, Copérnico, Galileu e Newton. Eles fazem parte do movimento: “Revolução Científica”. Na Antiguidade houve pesquisas científicas ou elementos de ciências, mas eles surgiam esporadicamente, mais como resultado da ação prática do homem sobre a natureza. No tocante ao desenvolvimento científico na Antiguidade, merecem destaques as culturas: egípcia e grega. Os gregos desenvolveram estudos científicos em várias áreas: Matemática (Pitágoras, Euclides, etc.), Astronomia (Ptolomeu), Física (Arquimedes), Medicina (Hipócrates). Mas os gregos privilegiaram a Filosofia. A Idade Média representa uma interrupção no desenvolvimento científico; praticamente nada foi criado no que se refere à pesquisa da natureza. Para os medievais, as duas grandes ciências eram a Teologia e a Filosofia (Philosophia ancilla Theologiae), época em que a religião dominou o mundo. A isso se somavam as artes, a música e a poesia. No início da Idade Moderna (Renascimento – século XVI) ocorre uma série de transformações, que favorecem a retomada do desenvolvimento científico. O principal fator foi a redescoberta da cultura grega. A mudança cultural ocorre no sentido do retorno à razão e no retorno à natureza: a razão aplicada à natureza. O progresso cada vez mais acelerado das ciências deveu-se, sobretudo, ao desenvolvimento do método científico ou método experimental (Bacon, Galileu, Newton). A metodologia moderna apoia-se, sobretudo, em dois pilares: Matemática e experimentação. A matemática é a linguagem da ciência moderna, a linguagem de suas representações e seus conceitos; a ciência moderna perfez a “redução quantitativa da realidade”. A matemática é a linguagem de precisão, instrumento principal da ciência. A ciência está escrita neste imenso livro que continuamente está aberto diante de nossos olhos (estou falando do universo), mas que não se pode entender os caracteres em que está escrito. Ele está escrito em linguagem matemática e seus caracteres são círculos, triângulos e outras figuras geométricas, meios sem os quais é impossível entender humanamente suas palavras: sem tais meios, vagamos inutilmente por um escuro labirinto. (Galileu Galilei) O real da ciência é o que se pode medir. (Max Planck)(ciência positivista). O outro pilar da ciência moderna é a experimentação. Experimentação é a reprodução de um fenômeno para constatar a sua regularidade. A experimentação torna-se para a ciência moderna o único critério de verdade e certeza objetiva. Foi preciso fazer uma seleção entre as representações possíveis do mundo para considerar apenas as representações matematizáveis. Surge, então, a Matemática como linguagem das representações científicas, como a forma de linguagem poética, onde cada expressão possui ao mesmo tempo múltiplos sentidos. A linguagem matemática, como sabemos, é a linguagem das relações quantificáveis entre grandezas, e cada uma das suas expressões possui um, e apenas um sentido. Para traduzir o mundo em linguagem matemática, o meio mais adequado é através de medidas.E só se pode medir aqueles aspectos da realidade que são quantificáveis, como, por exemplo, comprimento, largura, peso, etc. Aqueles outros aspectos, chamados qualitativos, como cores, cheiros, gosto, sensações em geral, por pertencerem à esfera privada de cada indivíduo, muito dificilmente podem ser atribuídos univocamente à realidade do mundo exterior. Os aspectos quantitativos, ao contrário, podem ser medidos, isto é, comparados com um padrão publicamente convencionado, por exemplo, um metro, um quilograma, etc. Nesse caso, torna-se necessária uma experiência corpórea com os objetos, para poder medi-los, descrevendo-os matematicamente. (CUNHA: 1992, 90) Os pioneiros da Física Moderna (séculos XVI e XVII) foram: Copérnico, Galileu, Kepler (na área de Astronomia) e Galileu e Newton (na área da Física Mecânica). No século XVII desenvolveu-se a Química (Boyle e Lavoisier foram seus principais propulsores). Na passagem do século XVII ao século XIX afirmaram as ciências biológicas (Bichat, Gall, Lineu, Bernard, Darwin). No século XIX aparecem as chamadas “ciências humanas” (Psicologia, Sociologia, Pedagogia). São ciências que têm por objeto algum aspecto determinado da realidade humana. Estas serão importantes no nosso percurso e serão amplamente estudadas na formação que se pretende no curso. 3. 1.2. O CONHECIMENTO CIENTÍFICO 3.1.2.1. Conhecimento pré-científico (senso comum) O modo de conhecer e agir sobre o meio de forma espontânea e irreflexa chamamos de “senso comum” ou conhecimento pré-científico. O senso comum é o conjunto de conhecimentos espontâneos, surgidos pela interação com o meio, adquiridos pela experiência de vida. Conhecimento vulgar é o conhecimento que nos fornece a maior parte das noções de que nos valemos em nossa existência cotidiana. O conhecimento científico ocupa campo muito menos de nosso viver comum. Grande parte de nossa vida se realiza somente graças ao conhecimento comum. Conhecimento vulgar não significa conhecimento errado ou errôneo, pois pode ser conhecimento autêntico; significa apenas conhecimento não verificado, não dotado de certeza. Que caracteriza o conhecimento vulgar? É um conhecimento que vamos adquirindo à medida que as circunstâncias o vão ditando, nos limites dos casos isolados... É um conhecimento fortuito de fatos, sem procura deliberada dos nexos essenciais que ligam a experiência...; é um conhecimento que se processa sem estabelecer nexos de semelhança ou de constância entre os fatos, para abrangê-los em uma explicação unitária, em suas relações necessárias. (REALE: 1989, 42) 3.1.2.2. Conhecimento científico Quando um conhecimento se torna mais cuidadoso, mais reflexo, mais estruturado, ele se torna científico. A ciência seria, então, o aperfeiçoamento do conhecimento comum. Acrescentar uma dose maior de inteligência no lugar da fantasia. Maior cuidado na observação, ceticismo diante das aparências, maior criatividade na procura das explicações: eis alguns procedimentos que transformaram o conhecimento comum em conhecimento científico. Como é que se processa o trabalho científico? O trabalho científico é sempre de cunho ordenatório, realizando uma ordem ou uma classificação e, necessária e concomitantemente, uma síntese, buscando os nexos ou laços que unem os fatos. O conhecimento científico, portanto, não conhecimento do particular em si, destacado, como algo que se não situe numa ordem de realidades ou de atos, mas conhecimento do geral, ou do particular em seu sentido de generalidade, ou em sua essencialidade categorial. Não é conhecimento fortuito, casual, mas, ao contrário, é um conhecimento metódico. É o método que faz a ciência. Conhecimento científico é aquele que obedece a um processo ordenatório da razão, garantindo-nos certa margem de segurança quanto aos resultados, a coerência unitária de seus juízos e a sua adequação ao real. O conhecimento vulgar pode ser certo – e muitas vezes o é – mas não possui a certeza da certeza, por não subordinar a verificação racional, ordenada, metódica. O conhecimento científico, ao contrário, é aquele que verifica os próprios resultados, pela ordenação crítica de seu processo. Não vamos, por hora, discorrer sobre os métodos, nem tratar dos diferentes processos do conhecimento científico, limitando-nos a notar que este não pode prescindir da exigência metódica. O conhecimento vulgar é conhecimento casual, de casos; o conhecimento científico é conhecimento metódico e, em outro sentido, conhecimento casual. (REALE: 1989, 43) 3.1.2.3. Ciência do ponto de vista formal Podemos definir a ciência como um conjunto de conhecimentos metodicamente adquiridos e sistematicamente organizados. Ao analisarmos a ciência a partir de sua perspectiva formal, devemos elencar os seguintes pontos: Método: palavra de origem grega (metá = com; hodós = caminho), designa um conjunto de procedimentos em sucessão (etapas), previamente planejados, em vista de um fim previsto. Sistema: é a ordenação dos conhecimentos num todo integrado e unitário. “Fazemos a ciência com fatos, assim como fazemos uma casa com pedras; mas a acumulação de fatos não é ciência, assim como um monte de pedras não é uma casa.” (H. Poincaré – grifo nosso) 3.1.2.4. Método experimental O método científico é uma técnica ou modo de proceder pelo qual o cientista adquire, de maneira segura, certos tipos de conhecimento. É uma sucessão de passos ou operações que vão desde a formulação de um problema (hipótese) até a incorporação, no patrimônio científico, do novo conhecimento. Estes passos ou operações podem ser escalonados da seguinte maneira: 1. Observação rigorosa. 2. Hipótese ou formulação do problema. 3. Tentativa de obtenção de um modelo. 4. Planejamento da verificação. 5. Submissão do modelo ou da hipótese a testes críticos – experimentação. 6. Comprovação dos resultados obtidos. 7. Comunicação dos resultados obtidos (dá-se a passagem da atividade para uma linguagem). (XAVIER TELES: 1985, 63) É importante ressaltar que a comunicação de resultados geralmente se dá sob a forma de leis, teorias ou hipóteses. 3.1.2.5. Classificação das ciências As ciências são classificadas hoje da seguinte forma: • Ciências formais: ciências matemáticas ou lógico-matemáticas (aritmética, geometria, álgebra, trigonometria, lógica, física pura, astronomia pura, etc.). • Ciências naturais: física, biologia, geologia, astronomia, geografia, física, paleontologia, etc. • Ciências humanas ou sociais: psicologia, sociologia, geografia humana, economia, lingüística, arqueologia, história, etc. • Ciências aplicadas: todas as ciências que conduzem à invenção das tecnologias para intervir na natureza, na vida humana e nas sociedades, como, por exemplo, direito, engenharia, medicina, arquitetura, informática, etc. Cada uma das ciências subdivide-se em ramos específicos, com nova delimitação do objeto e do método de investigação. Assim, por exemplo, a física subdivide-se em mecânica, acústica, óptica, etc.; a biologia em botânica, zoologia, fisiologia, genética, etc.; a psicologia subdivide-se em psicologia do comportamento, do desenvolvimento, psicologia clínica, psicologia social, etc. E assim sucessivamente, para cada uma das ciências. Por sua vez, os próprios ramos de cada ciência subdividem-se em disciplinas cada vez mais específicas, à medida que seus objetos conduzem a pesquisas cada vez mais detalhadas e especializadas. (CHAUÍ: 1995, 260-261) 3.1.3. FILOSOFIA E CIÊNCIA: DISTINÇÃO Descrição Ciência Filosofia Campo Realidade empírica Realidade meta-empírica Objeto Fenômenos, fatos Sentidos e valores Método Experimental Crítico-reflexivoCritério de verdade Experimentação Evidência da razão Apoio Matemática Lógica Termo Leis, teorias Cosmovisão, sistema Abrangência Particularidade Universalidade Caráter Utilitário Vivencial 3.1.3.1. RELAÇÃO ENTRE FILOSOFIA E CIÊNCIA De modo geral, há três modos de se fazer Filosofia e, ao mesmo tempo, três modos de entender a relação entre Filosofia e Ciências: 1. A Filosofia desconsidera as ciências, 2. A Filosofia se identifica com as ciências e, 3. A Filosofia e as ciências devem estar em mútua referência. 3.1.3.2. A Filosofia desconsidera as ciências É uma atitude de isolamento; a Filosofia se isola das ciências, não levando em conta a problemática científica. A Filosofia seria, aqui, a “ciência do espírito”, enquanto as ciências seriam “ciências da natureza”. 3.1.3.3. A Filosofia se identifica com as ciências É uma posição que considera que a Filosofia não tem conteúdo próprio e que todo o seu verdadeiro conteúdo está nas ciências. Tal posição é típica de alguns círculos ligados ao Positivismo (século XIX) e Neopositivismo (século XX). Essa posição, na realidade, propõe uma identificação total da Filosofia com as ciências (Filosofia = Ciência). O fundamento dessa posição positivista está na afirmação de que o conhecimento científico é o único válido e legítimo e que todo assunto ou pesquisa fora dessa alçada, é falso e vazio. Segundo Comte, a tarefa da filosofia é classificar as ciências, determinar os seus limites, julgar os progressos. A função da filosofia não é conhecer este ou aquele objeto particular (não é uma função cognitiva), mas dirigir as ciências em suas pesquisas. A sua função é normativa. (MONDIN: 1987c, 116) Para o neopositivismo contemporâneo, para o chamado Círculo de Viena, assim como para a Escola Analítica de Cambridge e todas as suas derivações, a Filosofia não é senão uma teoria metodológico-linguística das ciências, uma análise rigorosa da significação dos enunciados das ciências e de sua verificabilidade, visando, segundo alguns, purificá-las de “pseudo-problemas” (REALE: 1989, 12) 3.1.3.4 Filosofia e Ciências devem estar em mútua referência A Filosofia não se identifica com ciências: ela tem assuntos próprios que não são da competência das ciências. No entanto, a Filosofia deve estar em estreita inter-relação (ou diálogo) com as ciências (oposição ao primeiro posicionamento). Existe na época contemporânea – época de extraordinário desenvolvimento científico – entrecruzamentos, interferências e implicações recíprocas entre a ciência e a Filosofia. Tanto as ciências não podem substituir a Filosofia, como a Filosofia não pode dispensar as ciências. As ciências geram questões filosóficas e a Filosofia deve estar em referência contínua às ciências. Assim, uma cosmovisão – exigência dos momentos hodiernos – deve ser, ao mesmo tempo, científica e filosófica. A ciência gera questionamentos que não são científicos e que ela mesma não pode resolver. Dessa maneira, o saber científico é um saber operativo e utilitário. As ciências e a tecnologia são um meio para fins da humanidade. Mas estes fins, a ciência não está capacitada a propor (e aqui entra em cena a Filosofia). Mesmo se todos os problemas científicos estivessem solucionados, as questões verdadeiramente humanas não seriam sequer tocadas. (L. Wittgenstein) A Filosofia, então, tem uma função fundamentadora e crítica com relação às ciências, como bem salienta o texto, A função da Filosofia: Uma das funções da filosofia é analisar os fundamentos da ciência. O próprio cientista já está, na verdade, colocando questões propriamente filosóficas quando se pergunta em que consiste o conhecimento científico, qual o seu alcance, qual a validade do método que utiliza e qual é sua responsabilidade no que se refere às consequências das descobertas. Por isso, é importante que o cientista se disponha a filosofar, a fim de investigar os pressupostos e as implicações do seu saber. Além disso, a filosofia busca recuperar a visão da totalidade, perdida diante da multiplicação das ciências particulares e da valorização do mundo dos “especialistas”. É a filosofia que, diante do saber e do poder, avalia se estes estão a serviço do homem ou contra ele, isto é, se servem para seu crescimento espiritual ou se o degradam, se contribuem para a liberdade ou para a dominação. Assim, é preciso questionar a ideologia do progresso que justifica as ilusões e preconceitos do homem “civilizado” por este se julgar superior a qualquer outro. Não é em nome do progresso que as tribos indígenas têm sido sistematicamente expulsas dos seus territórios? E não seria o caso de perguntar quais são os valores do homem “urbano e civilizado” que é individualista, sofre de solidão e tem sido vítima dos descontroles do progresso, como a poluição ambiental? Diante de tais questões, não há como sustentar a neutralidade da ciência. A bomba atômica não pode ser considerada apenas como resultado do saber sobre a energia atômica, nem como simples técnica de produzir explosão. Trata-se de um saber e de uma técnica que dizem respeito à vida e à morte de seres humanos. Como tal, cabe ao cientista a responsabilidade social de indagar a respeito dos fins a que se destinam suas descobertas. E não é possível alegar isenção, uma vez que a produção científica não se realiza fora de um determinado contexto social e político, cujos objetivos a serem alcançados estão claramente definidos. As altas cifras necessárias ao encaminhamento das pesquisas supõem o apoio financeiro das instituições públicas e privadas, que evidentemente subvencionam os trabalhos que mais lhes interessam. Pode-se falar que, por muito tempo, houve uma “indústria da guerra”, alimentando a “corrida armamentista” e exigindo o constante desenvolvimento da ciência e tecnologia no campo militar. O papel da filosofia consiste, portanto, em analisar as condições em que se realizam as pesquisas científicas, investigar os fins e as prioridades a que a ciência se propõe, bem como avaliar as consequências das técnicas utilizadas. Resta lembrar que, no desempenho desse papel, o filósofo não tem respostas prontas, nem um saber acabado. Não caberia ao filósofo nortear, de forma onipotente, os rumos da ciência. A filosofia deve caminhar ao lado dos cientistas e técnicos a fim de que a abordagem específica que ela é capaz de fazer os auxilie a não perder de vista que a ciência e a técnica são apenas meios e devem estar a serviço da humanidade. (ARRUDA ARANHA, & PIRES MARTINS: 1992, 101-102) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • SCHILLER, Soter. Filosofia – noções básicas. Umuarama, 2002. • AAVV. Logos: Enciclopédia Luso-Brasileira de Filosofia. Lisboa: Editorial Verbo. 1992. • AAVV. Para Filosofar. São Paulo: Scipione. 1995. • AMADO, J. et al. O Prazer de Pensar 1: Primeiro Ano de Filosofia. Lisboa: Edições 70. 1988. • ANZENBACHER, A. Introducción a la Filosofia. Barcelona: Herder. 1984 • ARRUDA ARANHA, M. & PIRES MARTINS, M. Filosofando: Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna. 1985. • ARRUDA ARANHA, M. & PIRES MARTINS, M. Temas de Filosofia. São Paulo: Moderna. 1992. • BAZARIAN, J. O Problema da Verdade: Teoria do Conhecimento. São Paulo: Alfa e Ômega. 1985. • BRUGGER, W. Dicionário de Filosofia. 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São Paulo: Ática. 1985. UNIDADE II – FILOSOFIA: SUA PROBLEMÁTICA 1. A NATUREZA HUMANA: ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA 1.1. A QUESTÃO DO HOMEM NA FILOSOFIA 1.2 A NATUREZA ESPECÍFICA DO HOMEM 1.2.1 Conceitos históricos da natureza humana 1.2.1.1 Filosofia grega 1.2.1.2 Filosofia cristã medieval 1.2.1.3 Filosofia Moderna 1.2.1.4 Filosofia Contemporânea 1.3 AS CAPACIDADES FUNDAMENTAIS DO HOMEM 1.3.1 A inteligência (intelecto, razão) 1.3.2 A vontade 1.3.3 A liberdade 1.4 OUTROS ASSUNTOS DA FILOSOFIA DO HOMEM 2. O PENSAMENTO HUMANO: LÓGICA 2.1 A PROBLEMÁTICA DO PENSAR 2.1.1 Os elementos do pensar 2.1.1.1 Conceito 2.1.1.2 Juízo 2.1.1.3 Raciocínio 2.2 LÓGICA 2.2.1 Lógica: objeto 2.2.2 O fundador da Lógica Formal 2.2.3 Lógica: uma ciência formal 2.2.4 Lógica: uma ciência propedêutica 2.2.5 Lógica: sua caracterização 3. FILOSOFIA E CULTURA 3.1. FILOSOFIA E CIÊNCIA 3.1.1. ERA MODERNA: A ERA DAS CIÊNCIAS 3. 1.2. O CONHECIMENTO CIENTÍFICO 3.1.2.1. Conhecimento pré-científico (senso comum) 3.1.2.2. Conhecimento científico 3.1.2.3. Ciência do ponto de vista formal 3.1.2.4. Método experimental 3.1.2.5. Classificação das ciências 3.1.3. FILOSOFIA E CIÊNCIA: DISTINÇÃO 3.1.3.1. RELAÇÃO ENTRE FILOSOFIA E CIÊNCIA 3.1.3.2. A Filosofia desconsidera as ciências 3.1.3.3. A Filosofia se identifica com as ciências 3.1.3.4 Filosofia e Ciências devem estar em mútua referência REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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