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Filosofia parte 14

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17/08/2015 UNIP ­ Universidade Paulista : DisciplinaOnline ­ Sistemas de conteúdo online para Alunos.
http://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 1/5
MÓDULO VII
 
A TEORIA TRIDIMENSIONAL DE MIGUEL REALE[1]
O ordenamento jurídico, segundo Miguel Reale, possui o caráter normativo e,
por consequência desse caráter, certa graduação, pois a natureza das normas
é  diferente, mas  não  se  circunscreve  exclusivamente  ao  lógico  formal,  isso
porque incorpora outros fatores como o social e o histórico.
 
Por incluir fatores históricos, sociais e culturais, o ordenamento não é assim
um conjunto só linear e lógico, mesmo porque a linearidade não é o traço
característico do social e do histórico, pois os valores sociais são passíveis
de  mutações,  modificam­se,  transformam­se  no  decorrer  de  um  período
histórico.
 
Podemos  entender  a  exposição  do  significado  de  ordenamento  jurídico,
segundo Miguel Reale, através suas Lições Preliminares de Direito, a partir de
uma  conduta  dedutiva  em  que  o mais  geral  é  o  conjunto  de  normas  e  os
modelos jurídicos que possuem como marcas a vigência e a eficácia em um
determinado território.
 
Acrescenta­se  aqui  que  conforme  a  relação  de  complexidade  há  uma
graduação no ordenamento, o que significa dizer que podemos compreender
uma  relação  do  maior  para  o  menor.  A  referência  máxima  para
estabelecimento  dessa  graduação  do  menor  para  o  maior  é  o  próprio
ordenamento jurídico do Estado. Esse conjunto forma um sistema que passa
a ser denominado ordenamento jurídico:
 
"[...] podemos dizer que o ordenamento  jurídico pode ser visto  como um
macromodelo,  cujo  âmbito  de  validade  é  traçado  em  razão  do  modelo
constitucional,  ao  qual  devem  imperativamente  se  adequar  todos  os
modelos jurídicos." (REALE, 1995, p. 196)
 
Desse modo,  pelo  fato  de  especificar  em  cada  território,  verifica­se,  então,
que  em  cada  país  haverá  um ordenamento  jurídico  próprio  gerado  por  sua
história,  pelas  relações  sociais  estabelecidas;  enfim,  o  ordenamento,
corresponde às necessidades ou complexidades sociais de cada sociedade.
 
Decorrente  da  inclusão  do  valor,  não  é  possível  circunscrever  a
compreensão do ordenamento jurídico somente em um sistema de  leis ou
em um sistema de normas como exclusivamente exposições de proposições
lógicas. O ordenamento é o sistema de normas jurídicas presentes, por isso
vigentes e eficazes,  incluindo­se as  fontes de Direito  e  seus  conteúdos e,
por  ser  entendido  como  presente,  incorpora  também  as  possíveis
projeções.
 
Portanto,  o  ordenamento  é  o  sistema  de  normas  na  sua  real  e  concreta
exposição de  realidade. Qual a  constituição do ordenamento de  forma mais
17/08/2015 UNIP ­ Universidade Paulista : DisciplinaOnline ­ Sistemas de conteúdo online para Alunos.
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objetiva?  Qual  ou  quais  os  elementos  que  formam  o  ordenamento  a  partir
daquele mais geral para o mais particular dentro do sistema?
 
Segundo o autor em estudo, por entender que a experiência jurídica é fator
determinante na compreensão do Direito, ele expõe o que podemos entender
como primeiro momento do ordenamento jurídico, denominados instrumentos
lógicos  e  linguísticos  que  formam  a  sustentação  básica  do  Direito.  Tal
instrumentação é assim exposta: categorias,  figuras,  institutos,  instituições,
sistemas.
 
Decorrentes, e agora entendido como segundo momento do princípio para o
ordenamento  jurídico,  decorrem  as  seguintes  categorias:  competência,
tipicidade, culpabilidade etc.
 
Como  terceiro momento do ordenamento, apresentam­se as categorias que
vão  se  incorporando  ao  sistema,  evidentemente,  agora  como  resultante  da
experiência  jurídica  de  uma  determinada  sociedade  em  um  determinado
momento histórico. 
 
Finalmente,  as  normas,  as  figuras,  os  institutos  e  as  instituições  se
articulam  de  forma  lógica,  o  que  implica  em  dizer  que  tal  articulação  gera
ordenadamente:
 
O ordenamento  jurídico,  conforme o exposto por Miguel Reale,  inclui  dois
fatores:  primeiro,  a  história  de  uma determinada  sociedade,  suas marcas
culturais,  seu  desenvolvimento;  enfim  características  que  podemos  dispor
como eventos sociais; segundo, a experiência jurídica ou a própria vivência
de práticas jurídicas dentro da esfera da efetiva realização das normas ou
de efetiva interferência no social. 
 
Assim:
 
O  ordenamento  jurídico  não  poderia  deixar  de  ser  normativo,  mas  não  se
caracteriza como um conjunto de normas expostas, de modo que apresentem
uma  escala  ou  uma  hierarquia  e  muito  menos  como  uma  exposição
sistemática de proposições lógicas.
 
Agora, por que não é uma sistematização lógico­formal? Isso evidentemente
é decorrência das  interferências das práticas  sociais  e das práticas  técnicas
do  Direito  em  cada  configuração  social,  ou  melhor,  das  correlações  entre
essas práticas.
 
A  teoria  tridimensional,  por  incluir  a  formação  história­cultural  e  a
experiência  jurídica,  admite  a  norma  como  a  última  etapa  de  um  longo
processo e por ser processo implica dinâmica, que tem seu ponto de partida
no fato acrescido dos valores que os mesmos podem incorporar.
 
Além  dessas  características,  a  teoria  tridimensional  permite  qualificar  as
regras  conforme  sua  natureza,  pois  elas  não  possuem  idênticas  naturezas.
Umas direcionam a prescrição de comportamento ou de conduta; outras se
referem  à  distribuição  de  competência;  e  outras  ainda  têm  como  objetivo
especificar, ou melhor, dirimir ou esclarecer as demais.
 
17/08/2015 UNIP ­ Universidade Paulista : DisciplinaOnline ­ Sistemas de conteúdo online para Alunos.
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Dentro dessas esferas de diferentes naturezas não há possibilidade de uma
escala, de uma linha reta, mas quando muito uma certa relação ou, como o
próprio Miguel  Reale  diz,  correlação  entre  elas.  A  correlação  daria  assim  o
caráter de unidade.
 
Oportuno,  nesse  instante  de  nossas  reflexões,  atermos  ao  princípio  do
ordenamento como expressão de uma experiência social, ou histórico­social.
A história não é construção única, mas múltipla, vários são os constituintes
da história, múltiplos  são os  fatores,  portanto,  não  se  verifica uma história
social  com  fatos  que  se  apresentam  de modo  hierárquico  ou  de modo  que
podemos qualificar como relação de causa e efeito de modo linear e único.
 
Consequentemente,  a  experiência  jurídica  como  resultante  dessa  vivência
social não irá, evidentemente, apresentar linearidade de exposição.
 
Enfim, qual a validade do ordenamento assim entendido? Qual o pressuposto
que  sustenta  a  validade  de  um  determinado  ordenamento  jurídico?  A
concepção  em estudo  irá  designar  uma  razão  de  ordem prática,  em outras
palavras  é  a  prática  como  resultado  do  Direito  ser  entendido  como  uma
experiência com três dimensões: fato, valor e norma.
 
Aqui se verifica que outro pressuposto para a definição do Direito sustenta a
compreensão de ordenamento jurídico. De imediato, a inclusão do social e do
histórico,  como  fatores  importantes  e  não  excludentes  do  ordenamento,
implica em entender que o Direito é uma ciência social e como tal, apesar de
ter seu objeto específico, esse objeto é formado ou tem outras determinações
que não só a norma por ela mesma, nem o fato ou o valor isoladamente:
 
"A  integração  de  três  elementos  na  experiência  jurídica  (o  axiológico,  o
fático  e  o  técnico  formal)  revela­nos  a  precariedade  de  qualquer
compreensão  do  Direito  isoladamente  como  fato,  como  valor  ou  como
norma, e, de maneira especial, o equívoco de uma compreensão do Direitocomo pura forma, suscetível de albergar, com total indiferença, as infinitas
e  conflitantes  possibilidades  dos  interesses  humanos."  (REALE.  1996,  p.
699)
 
Assim,  o  fato  social  historicamente  construído  adquire  significativa
importância  não  só  como  sustentação  do  Direito,  mas  também  releva  a
importância  do  Direito  que  incorpora  marcas  que  escapam  a  interpretação
meramente lógico­formal:
 
"O  certo  é  que,  enquanto  que  para  um  adepto  do  formalismo  jurídico  a
norma jurídica se reduz a uma 'proposição lógica', para nós, como para os
que se alinham numa compreensão concreta do Direito, a norma  jurídica,
não obstante a sua estrutura lógica, assinala o 'momento de integração de
uma  classe  de  fatos  segundo  uma  ordem  de  valores',  e  não  pode  ser
compreendida sem referência a esses dois  fatores, que ela dialeticamente
integra em si e supera." (REALE. 1995, p. 104)
 
Percebe­se que ao associar o caráter social e/ou cultural ao ordenamento, a
unidade não está só presente pela logicidade da disposição das normas, mas
também  pela  correspondência  ou  adequação  com  as  necessidades
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apresentadas pela realidade social.
 
 
Referências bibliográficas
 
 
REALE, M. Filosofia do Direito. 17.ed. São Paulo: Saraiva, 1996.
 
____________.Lições  preliminares  de  Direito.  22.ed.  São  Paulo:  Saraiva,
1995.
 
 
 
 
Exercício 1:
Assinale a alternativa incorreta:
A ­ A expressão soberania permite apresentar a norma, assim como uma articulação de normas. Não é
norma isolada, mas sim o seu ordenamento que apreende ainda as instituições jurídicas de um modo
geral. 
B ­ O Direito é um ordenamento normativo de eficácia reforçada, que se faz valer pelo direito de coação.
Tal poder só é possível de existir por um conjunto de órgãos ordenadamente posto que aplica mesmo que
pela força ­ a coerção. 
C ­ O soberano retém o poder de exercer a força para aplicar a norma efetivamente. Esse poder é
constituído por órgãos que, por sua vez, são estabelecidos pelo próprio ordenamento normativo. 
D ­ (...) o que comumente chamamos de Direito é mais uma característica de certos ordenamentos
normativos que de certas normas. Se aceitarmos essa tese, o problema da definição do Direito se torna
um problema de definição de um ordenamento normativo e, consequentemente, diferenciação entre este
tipo de ordenamento normativo e um outro, não o de definição de um tipo de normas.    
E ­ 
Comentários:
Essa disciplina não é ED ou você não fez comentários
Exercício 2:
Assinale a alternativa incorreta:
I. O certo é que, para um adepto do formalismo jurídico, a norma jurídica se reduz a uma “proposição lógica.,
II.  Percebe­se  que  ao  associar  o  caráter  social  e/ou  cultural  ao  ordenamento,  a  unidade  somente  está  presente  pela
logicidade da disposição das normas e também pela correspondência ou adequação com as necessidades apresentadas pela
realidade social.
 
III. Em  cada  país  haverá  um  ordenamento  jurídico  próprio  gerado  por  sua  história,  pelas  relações  sociais  estabelecidas,
enfim, o ordenamento, corresponde às necessidades ou complexidades sociais de cada sociedade.
 
IV. A  norma  jurídica,  não  obstante  a  sua  estrutura  lógica,  assinala  o  “momento  de  integração  de  uma  classe  de  fatos
segundo uma ordem de valores”, e não pode ser compreendida sem referência a esses dois fatores, que ela dialeticamente
integra em si e supera.
 
Estão corretas:
17/08/2015 UNIP ­ Universidade Paulista : DisciplinaOnline ­ Sistemas de conteúdo online para Alunos.
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A ­ Apenas as alternativas I e III. 
B ­ Apenas as alternativas II e IV. 
C ­ Apenas a alternativa II. 
D ­ Apenas as alternativas III e IV. 
E ­ Apenas a alternativa IV. 
Comentários:
Essa disciplina não é ED ou você não fez comentários
Exercício 3:
 
3)  Assinale a alternativa que não corresponde ao entendimento de Miguel Reale
I.          Por incluir fatores históricos, sociais e culturais, o ordenamento é um conjunto linear e
lógico, mesmo porque a linearidade é um traço característico do social e do histórico, ainda que
os valores sociais sejam passíveis de mutações no decorrer de um período histórico.
                      II.       O ordenamento é um macromodelo,  cujo âmbito de validade é  traçado em
razão do modelo constitucional, ao qual devem imperativamente se adequar todos
os modelos jurídicos." (REALE, 1995, p. 196)
 
        III.        Decorrente da inclusão do valor, é possível circunscrever a compreensão do ordenamento
jurídico somente em um sistema de leis ou em um sistema de normas com uma exposição de
proposições  lógicas.  O  ordenamento  é  o  sistema  de  normas  jurídicas  presentes,  por  isso
vigentes  e  eficazes,  incluindo­se  as  fontes  de Direito  e  seus  conteúdos  e,  por  ser  entendido
como presente, incorpora também as possíveis projeções.
                  IV.          O ordenamento jurídico, conforme o exposto por Miguel Reale, inclui dois fatores:
primeiro, a história                   de uma determinada sociedade, suas marcas culturais, seu
desenvolvimento; enfim características que                           podemos dispor como eventos sociais;
segundo, a experiência jurídica ou a própria vivência de práticas                           jurídicas dentro da esfera
da efetiva realização das normas ou de efetiva interferência no social. 
 
a)      a)  Apenas a I e a II;
b)      b)  Apenas a II e a III;
c)      c)  Apenas a I e a III;
d)      d)  Apenas a II e a IV;
 e)  Apenas a III e a IV.
A ­ 
B ­ 
C ­ 
D ­ 
E ­ 
Comentários:
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