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3 ANCONA LOPEZ, S MOURA, R. F. T.. Desafios no Psicodiagnóstico Infantil. In ANCONA LOPEZ, S (Org). Psicodiagnóstico Interventivo

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Capítulo	XII
Desafios	no	psicodiagnóstico	infantil
Rosana	F.	Tchirichian	de
Moura
Silvia	Ancona-Lopez
Durante	 os	 25	 anos	 de	 nossa	 atuação	 com	 o	 psicodiagnóstico	 interventivo,
confrontamo-nos	com	diversos	desafios	que	colocaram	em	xeque	a	nossa	prática,
obrigando-nos	a	retomar	conceitos,	rever	técnicas	e	refletir	sobre	as	contingências	e
características	do	mundo	moderno,	contexto	no	qual	estão	inseridas	as	crianças	e	as
famílias	às	quais	atendemos.
Por	 desempenharmos	 nossa	 profissão	 principalmente	 em	 clínicas-escola	 de
Psicologia	 que	 oferecem	 atendimento	 gratuito,	 grande	 parte	 dos	 clientes	 tem
dificuldades	 socioeconômicas,	 acarretando	 carências	 em	 diversos	 aspectos,	 o	 que
induz	 a	 atuações	 que	 escapam	 do	 campo	 tradicional	 da	 psicologia	 clínica.	 Como
lembra	o	Conselho	Federal	de	Psicologia	(2007,	p.	8),	frequentemente	“o	trabalho
profissional	requer	inventividade,	inteligência	e	talento	para	criar,	inovar,	de	modo	a
responder	dinamicamente	ao	movimento	da	realidade”.
Embora	considerando	as	questões	sociais	e	as	condições	do	mundo	atual,	não
é	 nosso	 objetivo	 fazer	 uma	 análise	 sócio-histórica	 do	 nosso	 tempo,	mas	 levantar
questões	 e	 organizar	 alguns	 elementos	 que	 contribuam	para	 uma	 reflexão	 prática
sobre	 o	 psicodiagnóstico,	 levando	 em	 conta	 o	 contexto	 no	 qual	 ele	 se	 dá.	 São
questões	 que	 passam	 pelas	 demandas	 da	 nossa	 época,	 pelas	 novas	 formas	 de
linguagem	 e	 comunicação,	 pelas	 novas	 configurações	 familiares	 e	 por	 aspectos
especificamente	 ligados	 à	 realidade	 brasileira,	 como	 nossas	 características
socioeconômicas,	 a	crise	de	valores	políticos	e	morais,	 a	 situação	da	educação	e	a
cruel	realidade	da	violência	com	as	quais	nossas	crianças	convivem,	seja	no	âmbito
familiar,	seja	no	âmbito	social.
Frequentemente,	nas	clínicas-escola	de	psicologia	as	crianças	comparecem	para
atendimento	 psicológico	 trazendo	 como	 queixa	 dificuldades	 na	 escolarização.	Na
sua	 maioria,	 são	 encaminhadas	 por	 escolas	 públicas,	 que	 esperam	 obter	 dos
psicólogos	 clínicos	 explicações	 acerca	 dos	 motivos	 que	 as	 impedem	 de	 se
desenvolver	 pedagogicamente.	 Atendendo	 a	 essa	 demanda,	 comumente	 o
profissional,	 restringindo-se	 à	 singularidade	 da	 criança,	 realiza	 o	 psicodiagnóstico
privilegiando	 os	 aspectos	 da	 personalidade,	 “que	 resultam	 em	 uma	 predisposição
para	 a	 formação	 desse	 sintoma”	 (Bossa,	 2002,	 p.	 13),	 desconsideram,	 assim,	 os
aspectos	 institucionais	 que	 contribuem	para	 o	 chamado	 fracasso	 escolar.	Embora
haja	exceções	e	esforços	governamentais	 e	de	alguns	educadores	no	Brasil,	 é	 fato
que	a	escola	tem	se	tornado
cada	 vez	 mais	 o	 palco	 de	 fracassos	 e	 de	 formação	 precária,	 impedindo	 os
jovens	 de	 se	 apossarem	 da	 herança	 cultural,	 dos	 conhecimentos	 acumulados
pela	 humanidade	 e,	 consequentemente,	 de	 compreenderem	melhor	o	mundo
que	 os	 rodeia.	 A	 escola,	 que	 deveria	 formar	 jovens	 capazes	 de	 analisar
criticamente	 a	 realidade,	 a	 fim	 de	 perceber	 como	 agir	 no	 sentido	 de
transformá-la	 e,	 ao	mesmo	 tempo,	 preservar	 as	 conquistas	 sociais,	 contribui
para	perpetuar	injustiças	sociais	que	sempre	fizeram	parte	da	história	do	povo
brasileiro	(Bossa,	2002,	p.	19).
Embora	 a	 situação	 descrita	 seja	 a	mais	 comum,	 é	 preciso	 lembrar	 que	 estão
sendo	 feitos	esforços	governamentais	e	de	alguns	educadores	visando	mudar	essa
condição.
Rafael,	 8	 anos	 de	 idade,	 faz	 parte	 desse	 contingente	 injustiçado.	 Como
inúmeras	 crianças,	 foi	 encaminhado	 pela	 escola	 para	 atendimento	 psicológico
porque	apresentava	dificuldade	de	aprendizagem	e	não	estava	alfabetizado.	A	mãe,
muito	 preocupada,	 temia	 que	 seu	 filho	 fosse	 portador	 de	 deficiência	 mental.
Durante	 o	 processo	 de	 psicodiagnóstico	 interventivo,	 a	mãe	 relatou	 que,	 em	 um
mesmo	 semestre,	 o	 filho	 enfrentou	 quatro	 mudanças	 de	 professoras	 de
alfabetização.	Essa	criança	confrontou-se,	como	denuncia	Souza	(2007,	p.	6),	com:
[…]	uma	escola	pública	cuja	má-fé	 institucional	permite	 incutir,	nos	próprios
pobres,	 vítimas	 de	 abandono	 secular,	 que	 seu	 fracasso	 escolar	 é	 culpa	 da
própria	vítima.	A	criança	pobre,	sem	estímulos	em	casa	para	apreender,	passa	a
se	ver	 como	burra,	 incompetente	e	preguiçosa,	 cumprindo	a	promessa	que	a
sociedade	lhe	legou	[…]
Concordamos	com	Bossa	 (2002),	quando	afirma	ser	comum	que	as	escolas	e
os	 psicólogos	 compreendam	 o	 fracasso	 escolar	 de	 uma	 criança	 considerando	 os
aspectos	 intrassubjetivos	 e	 relacionais,	 as	 primeiras	 possivelmente	 por	 uma
dificuldade	de	se	confrontar	com	suas	próprias	deficiências	e	os	segundos	apoiados
na	tradição	da	sua	formação	profissional	que	tende	a	privilegiar	o	 indivíduo.	Uma
visão	ampliada	da	clínica	psicológica	permitiria	levar	em	conta	esses	dois	aspectos,
de	 tal	 forma	que	a	 compreensão	da	dificuldade	de	 aprendizagem	se	 construísse	 a
partir	 da	 avaliação	do	 contexto	 escolar	 no	qual	 a	 criança	 está	 inserida.	Assim,	no
caso	 de	 Rafael,	 antes	 de	 pensarmos	 em	 uma	 possível	 deficiência	 cognitiva,
deveríamos	 atentar	 para	 a	 deficiência	 da	 instituição	 escolar,	 que,	 além	 de	 não
oferecer	 a	 estabilidade	 necessária	 para	 o	 bom	 desenvolvimento	 do	 processo	 de
ensino-aprendizagem,	culpabilizou	a	criança	pelo	seu	insucesso.
No	 Psicodiagnóstico	 Interventivo,	 cientes	 da	 limitação	 do	 fazer	 clínico,
procuramos	 engajar	 a	 família	 e	 a	 escola	 num	 processo	 que	 visa	 não	 apenas	 à
compreensão	das	dificuldades	da	criança,	mas	também	encontrar	formas	de	auxiliá-
la	no	seu	desenvolvimento.	Nesse	sentido,	a	visita	escolar,	que	é	um	procedimento
nesse	 processo	 e	 tema	 deste	 livro	 (ver	 capítulo	 VII),	 tem	 uma	 importância
significativa,	principalmente	por	possibilitar	uma	reflexão	conjunta	com	as	equipes
das	 escolas	 sobre	 o	 seu	 papel	 na	 dificuldade	 dos	 alunos.	 Associado	 a	 isso,
discriminar	 para	 os	 pais	 quais	 são	 as	 dificuldades	 de	 seus	 filhos	 e	 o	 que	 é
responsabilidade	 das	 instituições	 escolares	 pode	 levá-los	 a	 se	 colocar	 mais
criticamente	em	relação	ao	problema	e	se	posicionarem	como	cidadãos	ativos	que
podem	 fazer	 suas	 reivindicações	 junto	 às	 escolas.	 A	 participação	 no
psicodiagnóstico	interventivo	pode	propiciar	aos	pais	uma	mudança	de	atitude	em
relação	 aos	 seus	 filhos,	 reconhecendo	 e	 favorecendo	 seus	 aspectos	 positivos	 e
ajudando-os	 a	 encontrar	 a	 melhor	 maneira	 de	 auxiliar	 a	 criança	 a	 superar	 os
aspectos	negativos.
Entendemos	que	ainda	 temos	como	desafio	no	psicodiagnóstico	 interventivo
ampliar	 nosso	 olhar,	 de	modo	 a	 ir	 além	 da	 criança	 como	 foco	 da	 investigação	 e
integrar	 outros	 aspectos,	 como	 os	 efeitos	 do	 mundo	 moderno	 sobre	 ela	 e	 sua
família.
Como	é	o	caso	do	acesso	aos	computadores,	um	avanço	tecnológico	que	já	faz
parte	da	vida	escolar	de	muitas	crianças	da	rede	pública,	e	se	de	um	lado	propicia	a
inclusão	 em	um	mundo	globalizado	de	 informações,	 de	outro	não	 garante	 aquilo
que	lhes	seria	de	direito,	ou	seja,	aprender.	Um	número	expressivo	de	crianças	que
chegam	 às	 clínicas	 de	 psicologia	 está	 prestes	 a	 finalizar	 o	 primeiro	 grau
praticamente	 sem	 alfabetização.	 Para	 essas	 crianças,	 qual	 sentido	 terá	 o	 uso	 dos
computadores	e	a	navegação	na	 internet?	O	uso	dos	aparelhos	eletrônicos,	nesses
casos,	 não	 é	 uma	 forma	 de	 adquirir	 ou	 armazenar	 conhecimentos,	 mas	 uma
ferramenta	de	consumo	que	cria	para	elas	a	ilusão	de	fazerem	parte	da	modernidade
e	do	mundo	virtual,	o	que,	de	algum	modo,	compensaria	o	sentimento	de	exclusão
no	contexto	escolar.
Uma	visão	 sociológica	nos	parece	oportuna	para	 caracterizar	o	mundo	 atual.
De	acordo	com	Baumann	(1998,	p.	32):
O	sentimento	dominante,	 agora,	 é	 a	 sensação	de	um	novo	 tipo	de	 incerteza,
não	 limitadaà	 própria	 sorte	 e	 aos	 dons	 de	 uma	 pessoa,	 mas	 igualmente	 a
respeito	da	futura	configuração	do	mundo,	a	maneira	correta	de	viver	nele	e	os
critérios	pelos	quais	julgar	os	acertos	e	erros	de	viver.	O	que	também	é	novo
em	 torno	 da	 interpretação	 pós-moderna	 da	 incerteza	 (em	 si	 mesma,	 não
exatamente	uma	recém-chegada	num	mundo	de	passado	moderno)	é	que	ela	já
não	 é	 vista	 como	 um	 mero	 inconveniente	 temporário,	 que	 com	 o	 esforço
devido	 possa	 ser	 abandonado	 ou	 inteiramente	 transposto.	 O	 mundo	 pós-
moderno	está	se	preparando	para	a	vida	sob	uma	condição	de	incerteza	que	é
permanente	e	irredutível.
Esse	mesmo	autor	aponta	que	a	época	em	que	vivemos	tem	por	característica
privilegiar	 o	 consumo,	 o	 imediatismo	 e	 o	 individualismo	 competitivo.	 Como
consequência,	 também	 os	 laços	 afetivos	 (familiares,	 amorosos,	 de	 amizade	 etc.)
adquirem	os	atributos	de	volatilidade	e	superficialidade,	assumindo	um	caráter	que
Bauman	(2004)	chama	de	“amor	líquido”.	São	relações	facilmente	substituíveis	que
se	pautam	pelo	compromisso	provisório	e,	frequentemente,	são	de	curta	duração.
Na	 verdade,	 são	 vários	 os	 fatores	 que	 têm	 contribuído	 para	 novos	 formatos
das	 famílias,	o	que	 tem	redesenhado	a	constituição	dos	 laços	afetivos	que	 tem	no
âmbito	familiar	a	principal	matriz	das	formações	vinculares.
Na	nossa	prática	clínica,	esse	quadro	se	reflete	em	algumas	das	configurações
familiares	das	crianças	que	vêm	para	o	psicodiagnóstico.	Grande	parte	é	de	famílias
monoparentais	 femininas	 (mães	 solteiras	 ou	 abandonadas	 por	 seus	 parceiros);
crianças	que	 têm	 irmãos	de	pais	diferentes;	 avós	que	criam	seus	netos;	casais	que
trazem	filhos	de	relacionamentos	anteriores	e	que	geram	outros	filhos.	Enfim,	são
novos	modos	de	organização	familiar,	como	se	observa	a	seguir.
Marcelo,	um	menino	muito	inteligente,	de	9	anos,	alegre	e	conversador,	começa
a	relatar	como	é	a	composição	de	sua	família:
Eu	tenho	muitos	irmãos.	Tenho	um	de	22	anos	que	trabalha	em	uma	oficina,
com	o	 irmão	dele	de	18.	Quer	dizer,	meu	 irmão	de	18	 anos,	 é	 que	 eles	 têm
outra	mãe.	Não	é	a	minha…	mas	eu	 tenho	um	 irmão	de	12	que	é	da	minha
mãe,	e	não	é	do	meu	pai…	é	assim…	às	vezes	eu	me	confundo,	sabe?	Porque
eu	tenho	uma	irmã	que…	é	fácil…	é	assim…	vou	começar	de	novo…	(sic)
Paulo,	de	11	anos,	é	criado	pelos	avós	desde	bebê.	Sua	mãe	engravidou	solteira
e	não	assumiu	a	criança,	assim	como	o	pai,	que	já	tinha	um	filho.	Sua	mãe	teve	mais
dois	relacionamentos,	e	de	cada	um	deles	teve	mais	dois	filhos,	sendo	que	um	vive
com	ela	e	o	outro	com	o	pai,	em	outro	estado.	A	avó	procura	ajuda	psicológica	para
o	 neto,	 preocupada	 com	 os	 efeitos	 que	 essa	 experiência	 de	 vida	 possa	 trazer	 ao
garoto.	Ela	e	a	mãe	participam	do	psicodiagnóstico	interventivo	do	menino,	que,	de
modo	confuso,	se	refere	a	ambas	como	mãe.
A	história	de	Paulo	não	é	única.	Segundo	Dias,	Hora	e	Aguiar	(2003),	na	última
década,	aumentou	a	quantidade	de	netos	e	bisnetos	criados	por	avós	e	bisavós.	O
número	foi	de	um	milhão	e	setecentos	mil,	o	que	significa	55,1%	mais	do	que	foi
apurado	 em	 1991,	 correspondente	 a	 um	milhão	 e	 cem	mil.	 Muitos	 destes	 casos
chegam	 às	 clínicas	 de	 psicologia,	 pois,	 como	 Silva	 e	 Salomão	 (2003,	 p.	 192)
constatam,	com	frequência	há	conflitos	de	papéis	entre	ser	mãe	e	avó,	no	caso	das
avós	 guardiãs,	 conflitos	 estes	 que,	 sem	 dúvida,	 se	 refletirão	 nas	 crianças	 a	 seus
cuidados.	Dias,	Hora	e	Aguiar	(idem)	corroboram	esta	 ideia	ao	afirmar	que	foram
identificadas	 vantagens,	 dificuldades	 e	 necessidades	 nos	 lares	 em	 que	 os	 avós
desempenham	o	papel	de	pais	para	seus	netos	na	ausência	(permanente	ou	de	longo
prazo)	dos	genitores.	Já	no	que	se	refere	à	situação	de	corresidência,	ainda	pouco	se
sabe	 sobre	 as	 repercussões	 que	 tal	 condição	 acarreta	 na	 vida	 e	 nas	 relações
estabelecidas	entre	avós,	pais	e	netos.
Uma	 nova	 configuração	 familiar	 que	 está	 se	 consolidando,	 inclusive	 com	 o
amparo	legal,	é	a	das	famílias	homoparentais.	Em	alguns	anos	não	se	ouvirão	mais
depoimentos	 como	 o	 de	 Joaquim	 (12	 anos)	 durante	 uma	 sessão	 de
psicodiagnóstico:
Eu	gosto	muito	da	Cleuza.	Se	minha	mãe	se	separar	dela	eu	prefiro	morar	com
ela.	Minha	mãe	é	legal,	mas	a	Cleuza	me	leva	no	futebol,	gosta	de	assistir	luta
livre,	conta	piada…	é	bom.	Só	que	tem	uma	coisa…	eu	não	convido	ninguém
para	ir	na	minha	casa.	Não	convido	meus	amigos.	Minha	mãe	fala:	vamos	fazer
uma	 festa	 de	 aniversário?	Eu	 não	 quero,	 não	 gosto.	Eu	 acho	 a	Cleuza	 legal,
mas…	é	que…	é	que…	acho	esquisito	minha	mãe	ser	casada	com	uma	mulher.
Meus	amigos	vão	zoar…	(sic)
A	esse	respeito,	Passos	(2005,	p.	6)	comenta:
[…]	as	 condições	por	meio	das	quais	os	homossexuais	 constroem	seus	 laços
afetivos,	 no	Brasil,	 estão	 longe	 de	 obter	 uma	 legitimidade	 social	 e	 jurídica	 e,
enquanto	esse	quadro	não	se	 reverte,	 teremos	 famílias	e	pais	envergonhados.
Resta	 explorarmos	 os	 sentimentos	 desta	 vergonha	 nas	 produções	 de
subjetividade	que	decorrem	daí.
Os	 progressos	 nessa	 área	 vêm	 se	 desenvolvendo	 rapidamente	 do	 ponto	 de
vista	jurídico,	como	a	legalização	do	casamento	entre	homossexuais,	mas,	do	ponto
de	 vista	 pessoal,	 a	 aceitação	 se	 dá	 mais	 lentamente,	 mantendo	 ainda	 a	 situação
descrita	 pela	 autora.	 Cabe	 ao	 psicólogo	 questionar	 de	 que	 forma	 essas
metamorfoses	 nas	 famílias	 repercutem	 na	 constituição	 das	 crianças,	 e	 o
psicodiagnóstico	 inter-ventivo	 é	 um	 momento	 privilegiado	 para	 esse
questionamento	por	ter	como	objetivo	conhecer	os	sentidos	e	os	significados	que
as	crianças	e	seus	pais	dão	às	suas	vidas	e	a	seus	mundos.
Ainda	 para	 a	 mesma	 autora,	 as	 novas	 formatações	 familiares,	 de	 famílias
homoparentais	ou	não,	colocam	em	xeque	os	apoios	teóricos	dos	psicólogos.
Cabe-nos	também	o	enfrentamento	rigoroso	das	teorias,	que	são	insuficientes
para	 dar	 conta	 das	 profundas	 transformações	 processadas	 nas	 famílias,
sobretudo	em	seus	enredamentos	afetivos	(ibidem,	p.	5).
Marcelo,	Paulo	e	Joaquim	são	crianças	que	vivem	a	necessidade	de	se	adaptar	a
configurações	 familiares	 não	 tradicionais.	 Assim,	 também	 o	 psicólogo,	 diante	 de
situações	 novas	 e	 inusitadas	 para	 ele,	 sente-se	 desamparado	 sem	 um	balizamento
para	 suas	 intervenções.	 Naturalmente	 escudado	 pelas	 teorias	 psicológicas	 que
conhece,	 procura,	 durante	o	processo	diagnóstico,	 situar-se	no	mundo	do	 cliente,
qualquer	 que	 seja	 ele,	 para	 compreendê-lo.	 Entretanto,	 na	 contemporaneidade,	 é
preciso	 despir-se	 das	 amarras	 teóricas	 com	 o	 objetivo	 de	 acolher	 o	 cliente	 e	 sua
família,	sem	cair	na	armadilha	de	considerar	que	a	criança	ficará,	obrigatoriamente,
prejudicada	no	seu	desenvolvimento	psicológico.	Como	lembra	Passos	(2005,	p.	14):
“[…]	é	necessária	a	criação	de	abordagens	que	apontem	para	as	distintas	facetas	da
grupalidade	 familiar	 e	 que	 permitam	 a	 compreensão	 de	 diferentes	 formas	 de	 ser
família	hoje”.	O	que	fazer	enquanto	essas	abordagens	não	surgem?	A	inventividade,
o	 bom-senso	 e,	 principalmente,	 a	 reflexão	 poderão	 auxiliar	 o	 psicólogo	 na	 sua
atuação,	 sempre	 tendo	 em	 mente	 que,	 enquanto	 profissional,	 deve	 acompanhar
essas	transformações	e	os	estudos	que	sobre	elas	são	realizados.
É	 possível	 observar,	 no	 entanto,	 que	 apesar	 das	 questões	 teóricas	 que	 o
psicólogo	 venha	 a	 enfrentar,	 o	 psicodiagnóstico	 interventivo,	 ao	 oferecer	 a
oportunidade	 de	 uma	 reflexão	 conjunta,	 permite	 enfrentar	 as	 lacunas	 teóricas
através	 de	 uma	 compreensão	 co-constituída	 que	 se	 pauta	 pelo	mundo	 vivido	 do
cliente.	 Além	 disso,	 quando	 o	 atendimento	 a	 pais	 e	 crianças	 acontece	 em	 grupo
(modelo	 usualmente	 utilizado	 em	 clínicas-escola	 e	 outras	 instituições),	 o
psicodiagnóstico	interventivo	se	enriquece	ao	facilitar	a	identificaçãoe	a	troca	entre
os	 componentes	 do	 grupo,	 auxiliando	 na	 compreensão	 da	 própria	 família,
contribuindo,	 em	 muitos	 casos,	 para	 diminuir	 a	 sensação	 de	 isolamento	 e
eliminando	a	 impressão	de	que	seu	caso	é	diferente,	único	e	que	talvez	não	tenha
solução.
Não	poderíamos	deixar	de	incluir	nessa	discussão	nossas	inquietações	frente	à
cruel	 realidade	 de	 crianças	 que,	 em	 circunstâncias	mais	 adversas,	 são	 obrigadas	 a
conviver	diretamente	com	a	violência	social	e	familiar.
A	violência	doméstica,	 incluindo	o	abuso	sexual	e	psicológico,	não	é	fato	dos
tempos	 atuais,	 haja	 vista	 ser	 tema	 que	 faz	 parte	 dos	 estudo	 no	 campo	 da
Psicologia	 (Azevedo	 e	 Guerra,	 2000),	 ocupando	 sempre,	 dada	 a	 sua
complexidade,	 lugar	 importante	nas	discussões	 a	 respeito	do	 trabalho	 clínico
com	crianças	(Azambuja,	2005;	Gay	e	Costa	Júnior,	2005)	e	impondo	dilemas
éticos	que	exigiriam	um	capítulo	especial.
O	CFP	(2010,	p.	38)	lembra	que
a	violência	sexual	é	um	problema	complexo	e	delicado.	Suas	múltiplas	causas,
interfaces	 e,	 principalmente,	 o	 sofrimento	 psíquico	 de	 todas	 as	 pessoas
envolvidas,	 exigem	 extremo	 cuidado	 dos	 profissionais	 responsáveis	 pelo
atendimento	e	de	todos	os	integrantes	da	rede	de	proteção.
A	 ocorrência	 de	 situações	 de	 violência	 contra	 crianças	 e	 adolescentes	 não	 é
fenômeno	exclusivo	da	atualidade,	como	também	não	pode	ser	analisada	de	forma
descontextualizada	da	cultura	e	das	condições	impostas	pela	vulnerabilidade	social.
Como	vemos	com	frequência	em	nossa	rotina	de	trabalho,	o	abuso	sexual,	em
muitos	 casos,	 é	 um	 episódio	 intrafamiliar	 marcado	 pela	 existência	 de	 vinculação
afetiva	 entre	 seus	 integrantes,	 dependência	 econômica	 entre	 os	 cuidadores,
negligências,	 conivências	 e	 vulnerabilidades.	 O	 manejo	 desse	 assunto	 no
psicodiagnóstico	 é	 bastante	 difícil,	 porque	 nem	 sempre	 essa	 questão	 é	 trazida
prontamente	 pelos	 pais	 ou	 responsáveis	 ou	 pela	 própria	 criança.	 Temos	 como
compromisso	profissional	zelar	pelo	bem-estar	da	criança	ou	adolescente,	mas	com
o	 cuidado	 de	 não	 cometer	 imprudências,	 considerando	 tratar-se	 de	 um	 tema	 que
deve	ser	“contextualizado	e	tratado	conforme	as	vicissitudes	de	cada	caso	e	jamais
analisado	isoladamente”	(CFP,	2007).
Julgamos,	 ainda,	 oportuno	 abordar	 neste	 espaço	 de	 reflexão	 outra	 forma	 de
violência,	 a	 violência	 social	 que,	 apesar	 de	 todos	 os	 avanços	 que	 vivemos,	 tem
tomado	 forma	 e	 dimensão	 assustadoras.	 Segundo	 Campos	 (2004,	 p.	 157),	 a
competitividade	e	desigualdade	têm	provocado	consequências	sociais	perversas	que
se	traduzem	“[…]	pelo	aumento	de:	violência;	uso	de	drogas;	conflitos	e	rupturas
familiares;	 alienação	 social	 e	 política;	 xenofobia;	 conflitos	 étnicos	 e	 religiosos;
doenças	psicossomáticas”.
A	 convivência	 com	 episódios	 violentos	 vem,	 dia	 a	 dia,	 se	 incorporando	 à
realidade	brasileira,	especialmente	no	cotidiano	de	crianças	e	famílias	que	vivem	em
regiões	com	alto	índice	de	criminalidade.
Na	sala	de	espera	de	um	Centro	de	Psicologia	Aplicada,	Luiza,	com	cerca	de	10
anos,	está	desenhando	enquanto	aguarda	sua	mãe.	Uma	psicóloga	se	aproxima
e	 vê	o	desenho	de	 uma	 casa	 com	uma	 criança	 ao	 lado	 e	 no	 alto	 um	grande
coração	onde	está	escrito	PAZ.	Ao	perguntar	o	que	ela	queria	dizer	com	aquele
desenho,	a	menina	responde	que	o	lugar	onde	mora	é	muito	violento	e	que	ela
queria	que	houvesse	paz.
Ana,	5	anos	de	idade,	estava	com	seu	pai	quando	ele	foi	assassinado	a	tiros	por
um	 assaltante.	 Os	 irmãos	 de	 9	 e	 7	 anos	 de	 idade,	 Otávio	 e	 Márcia,
presenciaram	o	pai	matar	sua	mãe	a	facadas.	Pedro,	de	11	anos,	assistiu	a	seu
irmão	mais	velho,	usuário	de	drogas,	ser	espancado	por	traficantes…
Esses	são	apenas	alguns	dos	casos	atendidos	no	psicodiagnóstico.
Do	 ponto	 de	 vista	 prático,	 o	 que	 fazer	 diante	 dos	 problemas	 que	 aqui
apresentamos?	A	proposta	do	psicodiagnóstico	 interventivo	é	de	que	o	psicólogo
não	atue	apenas	como	um	examinador	ou	avaliador,	mantendo	a	neutralidade,	mas
que,	durante	esse	processo,	ataque	frontalmente	esses	 temas,	considerando-os	não
apenas	fontes	de	desestabilização	emocional	das	crianças,	compreendidas	através	do
seu	psiquismo,	mas	também	questões	sociais	que	devem	ser	discutidas	com	os	pais
e,	eventualmente,	 também	com	as	crianças	 (como	nos	casos	de	abuso	e	violência,
ajudando-as	a	encontrar	formas	de	se	defender).
Acreditamos	que	faz	parte	do	papel	do	psicólogo	sugerir,	apoiar	e	incentivar	os
pais	ou	responsáveis	a	atitudes	ativas,	como	a	de	organizar	grupos	nas	comunidades
para	enfrentar	o	problema	das	drogas	de	seus	filhos,	procurar	formas	de	reagir	ao
banditismo,	 exigir	 uma	melhor	 atuação	das	 escolas	ou	um	atendimento	 adequado
no	que	se	refere	à	saúde.	Enfim,	auxiliá-los	a	conhecer,	reconhecer	e	batalhar	por
seus	direitos	como	cidadãos.
Como	profissionais	da	psicologia,	cabe-nos,	ainda,	desenvolver	pesquisas	sobre
esses	temas	que	nos	desafiam	e	criar	grupos	de	discussão	e	estudos	sobre	eles.
Finalmente,	embora	alguns	dos	dilemas	discutidos	neste	capítulo	pareçam	sem
solução	 e	 em	 muitos	 momentos,	 como	 profissionais,	 sejamos	 tomados	 por	 um
sentimento	de	impotência	que	quase	nos	leva	a	um	estado	de	paralisação,	podemos
dizer	 que	 ainda	 há	 um	 espaço	 para	 nossa	 atuação,	 que	 é	 o	 espaço	 da	 crítica,	 da
reflexão,	 criação	 e,	 especialmente,	 do	 acolhimento	 e	 do	 respeito.	 Se	 as	 teorias
psicológicas	 parecem	 ter	 chegado	 aos	 seus	 limites,	 possivelmente	 não
encontraremos	uma	saída	para	essas	questões	pelo	“saber”	único	da	psicologia,	mas
pela	 interlocução	 com	outros	 saberes,	pela	 ética	pessoal,	 pelo	 respeito	 ao	outro	 e
suas	diferenças.	Como	“profissionais	do	encontro”	(Figueiredo,	1993),
lidar	com	o	outro	(indivíduo,	grupo	ou	instituição)	na	sua	alteridade	faz	parte
da	 nossa	 atividade	 cotidiana.	Mesmo	 que	 cheguemos	 a	 este	 encontro	 com	 a
relativa	e	muito	precária	segurança	de	nossas	teorias	e	técnicas,	o	que	sempre
importa	é	a	nossa	disponibilidade	para	a	alteridade	nas	suas	dimensões	de	algo
desconhecido,	 desafiante	 e	 diferente;	 algo	 que	 no	 outro	 nos	 obriga	 a	 um
trabalho	afetivo	e	intelectual;	algo	que	no	outro	nos	propulsiona	e	nos	alcança;
algo	que	no	outro	 se	 impõe	 a	 nós	 e	 nos	 contesta,	 fazendo-nos	 efetivamente
outros	que	nós	mesmos.
No	que	se	refere	ao	psicodiagnóstico	 interventivo,	cabe-nos	tentar,	conforme
dissemos,	compreender	e	respeitar	o	mundo	do	cliente,	o	que	implica	contemplar	as
questões	políticas,	sociais	e	econômicas	que	estão	imbricadas	na	sua	vida	e	que	se
não	 consideradas	 nos	 tornarão	 incapazes	 de	 atingir	 nosso	 objetivo.	 Isso	 significa
que	 o	 psicólogo	 não	 deve	 ater-se	 apenas	 ao	 espaço	 clínico,	 mas	 conhecer	 o
ambiente	escolar	da	criança,	suas	condições	de	moradia	e	seu	meio	social.	Contudo,
entrar	nesse	mundo	 implica	o	confronto	com	as	nossas	 inquietações	e	 limitações,
pois	frequentemente	nos	perguntamos	o	que	é	possível	fazer.
Após	 todos	 estes	 anos	 de	 prática,	 entendemos	 que	 o	 enfrentamento	 dos
desafios	aqui	apresentados	é	o	caminho	que	nos	levará	a	manter	o	psicodiagnóstico
interventivo	 como	 um	 procedimento	 útil	 para	 a	 compreensão	 dos	 que	 vêm	 em
busca	de	auxílio	psicológico	e	para	a	criação	de	um	espaço	diferenciado	que	permita
àqueles	que	estão	envolvidos	no	processo	compartilhar	seu	sofrimento	e	encontrar
um	 novo	 modo	 de	 lidar	 com	 sua	 realidade.	 Desse	 modo,	 por	 ser	 uma	 prática
compartilhada	 e	 uma	 construção	 conjunta,	 a	 resposta	 para	 a	 pergunta	 feita
anteriormente	só	poderá	ser	encontrada	junto	com	os	clientes.
O	ser	humano	é	o	ser	do	desamparo,	da	falta	e	a	Psicologia,	de	alguma	forma,
pode	atender	a	essa	necessidade,	não	com	a	ilusão	de	preencher	esse	vazio,	mas
comprometendo-se	a	uma	constante	atualização	de	seus	conhecimentos,	sendopara	 isso	 necessário	 estar	 atento	 à	 realidade	 que	 se	 apresenta	 e	 na	 qual	 os
clientes	estão	inseridos	(Gelernter	et	al.,	2012,	p.	19).
Acreditamos	que	o	psicodiagnóstico	 interventivo,	pelas	suas	características	de
valorização	do	sujeito	como	indivíduo	e	cidadão,	vem	ao	encontro	do	CFP	(2007,	p.
20)	quando	propõe	que:
Atuar	na	valorização	da	experiência	subjetiva	do	sujeito	contribui	para	fazê-lo
reconhecer	sua	identidade.	Operar	no	campo	simbólico	da	expressividade	e	da
interpretação	 com	 vistas	 ao	 fortalecimento	 pessoal	 pode	 propiciar	 o
desenvolvimento	das	 condições	 subjetivas	de	 inserção	 social.	Assim,	 a	 oferta
de	 apoio	 psicológico	 de	 forma	 a	 interferir	 no	movimento	 dos	 sujeitos	 e	 no
desenvolvimento	de	 sua	capacidade	de	 intervenção	e	 transformação	do	meio
social	é	uma	possibilidade	importante.
Em	 artigo	 intitulado	 Pós-evolucionismo,	 publicado	 no	 caderno	 Aliás	 de	 O
Estado	de	S.	Paulo	(10	fev.	2013),	Paul	Kendall	refere-se	a	um	robô	chamado	“Rex	—
sigla	 de	 robotic	 exoskeleton,	 que	 foi	 montado	 pela	 companhia	 de	 robótica	 Shadow
usando	membros	e	órgão	artificiais”.	Esse	 robô,	exibido	no	Museu	da	Ciência	de
Londres,	mostra	que	 já	é	possível	 reconstruir	de	60%	a	70%	do	corpo	humano	e
“prenuncia	um	futuro	no	qual	órgãos	artificiais	serão	melhores	do	que	aqueles	com
os	quais	nascemos”	(OESP,	caderno	Aliás,	p.	2).	O	artigo	termina	com	a	afirmação
de	um	psicólogo	suíço,	Bertold	Meyer,	de	que	“estamos	indo	além	das	fronteiras	da
evolução”,	 e	 de	 que	 daqui	 há	 alguns	 anos	 ter	 um	 corpo	 natural,	 normal	 “será
considerado	maçante”	(ibidem).
Esse	 será	 o	 novo	mundo	 dos	 psicólogos	 que	 se	 formarão	 dentro	 de	 alguns
anos,	 os	 quais,	 como	 permite	 antecipar	 o	 exemplo	 acima,	 encontrarão	 desafios
ainda	inimagináveis	para	lidar	com	a	humanidade.
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