Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 2 3 Reitor Prof. Me. Stefano Barra Gazzola Gestão da Educação a Distância Prof. Me. Wanderson Gomes de Souza Design Instrucional e Diagramação Amanda Alves Isabella de Menezes Revisão Ortográfica / Gramatical Olga Tereza Prado Martins 4 THIAGO LUIS NOGUEIRA SILVA Graduado em Engenharia Mecânica, especialista em Gestão Estratégica e Inteligência em Negócios. Professor da Instituição ministrando aulas nas disciplinas de Mecânica, Resistência dos Materiais, Metrologia, Transferência de Calor I e II, Máquinas Térmicas e Instrumentos e Sistemas de Medida. Analista de Processos Acadêmicos na GEAT – Gestão de Engenharia, Arquitetura e Tecnologia do Grupo UNIS http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K8133631D2 5 . SILVA, Thiago Luís Nogueira. Guia de Estudo – Resistência dos Materiais. Varginha: GEaD-UNIS/MG, 2015. 177p. Resistência, Tensão e Deformação. 6 EMENTA DA DISCIPLINA _________________________________________________________ 10 ORIENTAÇÕES GERAIS DA DISCIPLINA ______________________________________________ 10 PALAVRAS-CHAVE ______________________________________________________________ 10 UNIDADE I – INTRODUÇÃO A RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS. ___________________________ 12 OBJETIVOS DESTA UNIDADE ________________________________________________________ 12 INTRODUÇÃO __________________________________________________________________ 12 1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA _______________________________________________________ 14 1.1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA MECÂNICA DOS COPOS RÍGIDOS ________________________ 17 1.2. VETORES FORÇA – DETERMINAÇÃO DE SUAS COMPONENTES ___________________________ 17 1.2.1. MÓDULO DA FORÇA RESULTANTE E DIREÇÃO ___________________________________ 17 ATIVIDADES ___________________________________________________________________ 21 1.2.2. EQUILÍBRIO DE UM PONTO – RESULTANTE DE FORÇAS IGUAL A ZERO ___________________ 26 ATIVIDADES ___________________________________________________________________ 37 1.2.3. EQUILÍBRIO DE CORPO RÍGIDO _____________________________________________ 40 1.2.3.1. REAÇÕES DE APOIO _____________________________________________________ 41 ATIVIDADES ___________________________________________________________________ 52 1.2.4. FORÇAS INTERNAS ______________________________________________________ 54 1.2.4.1. FORÇAS INTERNAS ______________________________________________________ 55 ATIVIDADES ___________________________________________________________________ 61 UNIDADE II – TENSÃO NORMAL, TENSÃO DE CISALHAMENTO, DEFORMAÇÃO E DIAGRAMA TENSÃO X DEFORMAÇÃO ________________________________________________________ 64 OBJETIVOS DESTA UNIDADE ________________________________________________________ 64 INTRODUÇÃO __________________________________________________________________ 64 2. TENSÃO NORMAL MÉDIA EM UMA BARRA COM CARGA AXIAL ____________________________ 69 2.1. TENSÃO DE CISALHAMENTO MÉDIA ____________________________________________ 77 2.1.1. CISALHAMENTO DUPLO __________________________________________________ 79 ATIVIDADES ___________________________________________________________________ 89 2.2. TENSÃO ADMISSÍVEL E FATOR DE SEGURANÇA _____________________________________ 90 2.3. DEFORMAÇÃO __________________________________________________________ 98 2.4. TENSÃO X DEFORMAÇÃO __________________________________________________ 103 2.5. DIAGRAMA TENSÃO DEFORMAÇÃO ___________________________________________ 104 2.5.1. MATERIAIS DÚCTEIS E FRÁGEIS ____________________________________________ 113 2.6. LEI DE HOOKE __________________________________________________________ 115 2.7. ENERGIA DE DEFORMAÇÃO _________________________________________________ 117 2.8. COEFICIENTE DE POISSON __________________________________________________ 123 7 2.9. DIAGRAMA TENSÃO-DEFORMAÇÃO DE CISALHAMENTO ______________________________ 130 UNIDADE III – CARGAS AXIAIS, TENSÃO TÉRMICA, TORÇÃO E FLEXÃO ___________________ 137 OBJETIVOS DESTA UNIDADE _______________________________________________________ 137 3. PRINCÍPIO DE SAINT-VENANT __________________________________________________ 138 3.1. DEFORMAÇÃO ELÁSTICA DE UM ELEMENTO COM CARREGAMENTO AXIAL _________________ 139 3.2. MEMBRO COM CARGA AXIAL ESTATICAMENTE INDETERMINADO ________________________ 145 3.3. MÉTODO DAS FORÇAS PARA MEMBROS COM CARGA AXIAL ___________________________ 150 3.4. TENSÃO TÉRMICA _______________________________________________________ 156 3.5. TORÇÃO ______________________________________________________________ 161 3.7. FLEXÃO ______________________________________________________________ 171 3.8. DEFORMAÇÃO POR FLEXÃO DE UM MEMBRO RETO ________________________________ 171 RESUMINDO __________________________________________________________________ 176 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ___________________________________________________ 177 8 9 Olá, sou o Prof. Thiago, e irei trabalhar com vocês a disciplina de Resistência dos Materiais. O estudo da resistência dos materiais traz para nós engenheiros a segurança de empregar os materiais e tipos de perfis mais adequados para um projeto. Os engenheiros civis a utilizam para trabalhos em pontes e edifícios. Engenheiros mecânicos utilizam para projetos de máquinas, estruturas metálicas e tanques diversos. E ela se espalha pra todas as áreas da engenharia. O que sempre vai existir, é a busca do melhor material, tanto em termos técnicos, mas também econômicos, além da preservação da natureza para extração e descarte. Todos esses fatores são empregados com o que já foi estudado durante o curso de engenharia, para tanto, se faz necessário dedicação extra para a resolução dos problemas, uma vez que não depende apenas do que vamos aprender nesta disciplina, mas sim grande parte do que já foi visto durante o curso. Desejo a todos um excelente semestre, que Deus nos abençoes e possamos vencer mais essa etapa. "Se você está procurando uma grande oportunidade, descubra um grande problema." Martinho Lutero 10 Ementa da disciplina Introdução. Solicitação Axial. Tensão Normal. Deformação. Diagrama tensão-deformação. Lei de Hooke. Coeficiente de dilatação linear. Coeficiente de Poisson. Forma Geral da Lei de Hooke. Sistemas Estaticamente Indeterminados. Cisalhamento Simples. Recipiente de paredes finas. Estudo da Torção. Flambagem. Orientações gerais da disciplina Ver Plano de Estudos da disciplina, disponível no ambiente virtual. Palavras-chave Resistência, Tensão e Deformação. 11 12 UNIDADE I – Introdução a resistência dos materiais. Objetivos desta unidade Diferenciar aspectos importantes para a resistência dos materias. Reforçar os conceitos de mecânica estática, aplicação e decomposição de forças. Determinar as componentes e as forças resultantes de um ponto ou sistemas de forças. Introdução A Resistência dos Materiais, é um ramo da Mecânica que estua a deformação dos corpos a partir da aplicação de um determinado esforço, bem como oseu comportamento em relação a estas cargas. Fonte: HIBELLER 13 No projeto de qualquer máquina ou ainda estrutura, é imprescindível primeiramente definirmos os esforços aplicados, tanto interior quanto exterior do corpo, princípios estes abordados na estática, ou mecânica dos corpos rígidos. Além disso é importante considerar o tipo de material da qual o corpo é feito, esses fatores são considerados fundamentais para a precisa compreensão do comportamento dos materiais e para o desenvolvimento das equações que serão usadas para determinar a resistência dos materiais. 14 Um exemplo da aplicação das equações para a resistência dos materiais, podem ser vistas na fabricação dos parafusos que fixarão as vigas na coluna da estrutura. Eles estarão expostos a tensões que, se mal projetados, os levarão a ruptura 1. Evolução Histórica A origem da resistência dos materiais remonta ao início do século XVII, época em que Galileu realizou experiências para estudar os efeitos de cargas em hastes e vigas feitas de vários materiais. No entanto, para a compreensão adequada dos fenômenos envolvidos, foi necessário estabelecer descrições experimentais precisas das propriedades mecânicas de materiais. Os métodos para tais descrições foram consideravelmente melhorados no início do século XVIII. Na época, estudos foram realizados, principalmente na França, baseados em aplicações da mecânica a corpos materiais, denominando-se o estudo de Resistência dos Materiais. Atualmente, no entanto, refere-se a esses estudos como mecânica dos corpos deformáveis ou simplesmente mecânica dos materiais (HIBBELER, 2004). 15 Figura 01: Galileu Galilei – Responsável por tornar a resistência dos materiais uma ciência. Fonte: Cursos Técnicos Online – A História da Resistência Se você quiser se aprofundar na história deste físico, pode acessar o link: http://educacao.uol.com.br/biografias/galileu-galilei.jhtm: UOL Educação – Galileu Galilei: 16 Com o passar do tempo, depois de muitos dos problemas fundamentais da resistência dos materiais foram resolvidos, tornou-se necessário usar técnicas de matemática avançada e de computador para resolver problemas mais complexos. Como resultado, essa matéria ampliou-se para outras disciplinas de mecânica avançada, tais como a teoria da elasticidade e a teoria da plasticidade. A pesquisa nesses campos está em andamento não só para satisfazer a demanda pela resolução de problemas avançados de engenharia, como também para justificar o uso mais amplo e as limitações em que a teoria fundamenta da resistência dos materiais é baseada (HIBBELER, 2004). Figura 02: Avanço das soluções para engenharia através da resistência dos materiais Fonte: Blog da Engenharia – Resistência dos Materiais 17 1.1. Conceitos Fundamentais da Mecânica dos Copos Rígidos Conforme foi citado acima, para um bom entendimento sobre a resistência dos materiais, é de fundamental importância conhecer os procedimentos para determinar cargas que são aplicadas em corpos e a partir daí determinar as reações que este corpo sofrerá. 1.2. Vetores Força – Determinação de suas Componentes Em muitos casos onde existem forças aplicadas, se torna mais viável a decomposição destas forças afim de obter duas componentes, desta forma fica mais fácil aplicar tendo como base os efeitos de “puxão” e “empurrão”. Para começar a análise de decomposição de forças, vamos começar com os cálculos para determinar a força resultante entre um sistema de forças aplicadas em um ponto. Reforçando que todos os passos descritos nos cálculos já foram vistos na disciplina de mecânica. E para uma melhor fixação da disciplina de resistência dos materiais. 1.2.1. Módulo da Força Resultante e Direção Conforme dito, a força resultante, tem o efeito de substituir as todas as forças de um sistema, feito isso, a análise daquele ponto onde as forças estão aplicadas, se torna mais clara e precisa. 18 EXEMPLO 1) O gancho na Figura 03 está sujeita a duas forças F1 e F2. Determine a intensidade e a direção da força resultante. Figura 03: Exemplo 01 Fonte: HIBBELER 12° edição 19 Resolução: 1°) Passo – Realizar o somatório das componentes das forças em “X” e “Y” ∑ ∑ 2°) Passo – Aplicar a formula de força resultante e em seguida o cálculo para determinar o ângulo. √ ∑ ∑ √ ( ) ( ) ∑ ∑ 20 2) Determinar a Resultante das duas forças P e Q que agem sobre o parafuso A e sua direção. Figura 04: Exemplo 02 Fonte: HIBBELER 12° edição ∑ ∑ √ ∑ ∑ √ ( ) ( ) 21 1) Determine a intensidade da força que atua sobre a argola e sua direção, medida no sentido horário a partir do eixo “x”. Figura 05: Exercícios 01 Fonte: HIBBELER 12° edição Atividades 22 2) Determine a intensidade e a direção da força resultante. Figura 06: Exercício 02 Fonte: HIBBELER 12° edição 23 3) Determine a intensidade da força resultante que atua sobre a cantoneira e sua direção θ. Figura 07: Exercício 03 Fonte: HIBBELER 12° edição 24 4) Determine a intensidade da força resultante e sua direção, medida no sentido anti-horário a partir do eixo “x” positivo. Figura 08: Exercício 04 Fonte: HIBBELER 12° edição 25 5) Duas forças atuam sobre o gancho. Determine a intensidade da força resultante Figura 09: Exercício 05 Fonte: HIBBELER 12° edição 26 1.2.2. Equilíbrio de Um Ponto – Resultante de Forças Igual a Zero Quando se diz que um ponto, ou partícula, está em repouso não quer dizer necessariamente parado, mas sim leva-se em consideração o estado inicial da partícula. Por exemplo, se um ponto está com velocidade zero, podemos afirmar que o corpo está parado, mas se ele está em movimento, mas a sua velocidade é constante, significa que não a adição de força neste sistema, e podemos afirmar também que o ponto está em equilíbrio. Para se determinar se um ponto está em equilíbrio, a somatória de todas as forças em um determinado eixo do plano onde estão as forças devem ser iguais a zero, ou seja, elas irão se anular umas com as outras, quando isso ocorre dizemos que há o equilíbrio. Figura 10: Equilíbrio de um ponto Fonte:http://eletronicanoel.blogspot.com.br/2012/05/curso-de-eletronica-grandezas-ca.html Segundo HIBBELER, para se utilizar as equações de equilíbrio de maneira mais correta, deve-se levar em consideração todas as forçar em pregadas naquele ponto, tanto as conhecidas como as desconhecidas. 27 Para tal, basta utilizarmos o diagrama de corpo livre (DCL), que consiste em isolar a particular esboçando as forças empregada bem como a sua direção. As equações de equilíbrio mencionadas anteriormente são: ∑ ∑ Segue exemplo abaixo do que é um diagrama de corpo livre: Figura 11. Diagrama deCorpo Livre Fonte: http://www.engbrasil.eng.br/pp/mt/aula6.pdf 28 Quando aplicamos as equações de equilíbrio, se em duas dimensões, devemos considerar que para qualquer tipo de problema só poderemos resolver duas incógnitas, ou seja, duas variáveis desconhecidas, se o problema for em três dimensões, essa situação também irá se modificar para três variáveis. Além disso, é necessário sempre considerar o sinal na qual a força está representada no D.C.L. Se para “x” o vetor força está para a direita, sinal positivo, se para esquerda, negativo. Para “y” vetor acima da origem, positivo, abaixo, negativo. Se ao acaso não for possível conhecer alguma das forças aplicada no ponto, este deverá ter o seu sentido no D.C.L assumido, de tal forma que se o valor no final dos cálculos for negativo, significa que ele deverá ter o seu sentido alterado. Conforme descrito por Hibbeler, os procedimentos que dever ser adotados quando queremos determinas se um ponto está em equilíbrio ou não são: PROCEDIMENTOS: Para Diagrama de Corpo Livre: Estabeleça os eixos x e y, com qualquer orientação adequada. Identifique todas as intensidades e direções das forças conhecidas e desconhecidas no diagrama. O sentido de uma força que tenha intensidade desconhecida é assumido. Para as Equações de Equilíbrio: Aplicar as equações de equilíbrio ∑ e ∑ As componentes devem ter os seus sinais considerados, a partir da definição de sentidos adotados. 29 Como a intensidade de uma força é sempre uma quantidade positiva, então, se a solução produzir um resultado negativo, isso indica que o sentido da força e oposto ao mostrado do diagrama de corpo livre (que foi assumido). EXEMPLOS 1) Verificar se o sistema de forças indicado está em equilíbrio. Figura 12. Exemplo 01 Fonte: HIBBELER 12° edição 30 Solução: Nesse exemplo a força F2 não possui componente de força em X, ela está integralmente em Y, o mesmo acontece com a força F1, porém ela está em X, e não possui componente em Y. Começamos somando todas as componentes e verificando se o resultado é igual a zero. ∑ ∑ Os resultados nos mostram que o ponto está em equilíbrio tanto para o eixo X quanto para o Y. 31 2) Determine a tração nos cabos BA e BC necessária para sustentar o cilindro de 60Kg conforme figura abaixo. Figura 13: Exemplo 02 Fonte: HIBBELER 12° edição Solução: Para iniciarmos este exemplo, precisamos primeiramente definirmos que quando tratamos de uma MASSA de 60Kg, e isso ainda não é o valor da força para efeito de cálculos, bastando apenas multiplicarmos pela aceleração da gravidade, para assim termos a força peso P. 32 Agora desenharemos o diagrama de corpo livre com todas as forças presentes. ∑ ( ) ( ) ( ) ( ) (1ª Equação) 33 ∑ ( ) ( ) ( ) (2ª Equação) Quando juntamos as equações, poderemos calcular o valor de Tba. E logo depois Tbc. 420,6 N Se usarmos a equação 1, teremos: 34 3) A caixa de 200Kg é suspensa usando as cordas AB e AC. Cada corda pode suportar uma força máxima de 10 KN antes de se romper. Se AB sempre permanece na horizontal, determine o menor ângulo 𝞱 para o qual a caixa pode ser suspensa antes que uma das cordas se rompa. Figura 14: Exemplo 02 Fonte: HIBBELER 12° edição 35 Solução: Podemos afirmar que a corda que liga a caixa no anel A, não se romperá, pois está abaixo da resistência da corda, que é 10KN. Agora temos que determinar se as demais cordas sustentarão o peso sem se romper. ∑ Podemos perceber com a equação acima, que AB sempre será menor que AC, visto que , com isso, podemos adotar que AC terá a carga limite suportada pela corda, porque saberemos que AB sempre será um valor menor, não rompendo o cabo. Fazendo isso encontraremos o valor máximo de . 36 ∑ Para constatarmos o valor de AB, basta aplicar a equação de somatório em X 37 1) A caixa tem um peso de 2,75 KN. Determine a força em cada cabo de sustentação. Figura 15: Exercício 01 Fonte: HIBBELER 12° edição Atividades 38 2) A viga tem um peso de 3,5 KN. Determine o cabo mais curto ABC que pode ser usado para levantá-la se a força máxima que o cabo pode suportar é 7,5 KN Figura 16: Exercício 2 Fonte: HIBBELER 12° edição 39 3) Se o bloco de 5 Kg é suspenso pela polia B e a curvatura da corda é d = 0,15 m, determine a força na corda ABC. Despreze a dimensão da polia. Figura 17: Exercício 03 Fonte: HIBBELER 12° edição 40 1.2.3. Equilíbrio de Corpo Rígido Diferentemente do que foi visto em equilíbrio de um ponto ou partícula, quando falamos em corpo, devemos nos atentar para que não cometemos erros considerados fatais nos cálculos. A maior diferença que se tem nestes dois assuntos, é que no equilíbrio de um ponto, todas as forças visíveis e invisíveis que atua no corpo devem ser consideradas, e não mais as que atuam apenas em um determinado ponto do corpo. Segue exemplo Figura 18: Viaduto Georgina Erismann Fonte: http://reginaldotracaja.blogspot.com.br/2009/10/viaduto-georgina-erismann.html Conforme podemos perceber na imagem acima, não haveria condições de ser calcular os apoios das vigas, se as mesmas não fizessem 41 parte de um corpo só, onde seriam considerados os pesos das vigas mais as cargas que elas deveriam suportar, com esses dados os apoios poderiam ser calculados com base em um corpo. Nesse exemplo, não há como estipular as reações de apoio, tendo somente como base as leis adotadas no equilíbrio de um ponto. 1.2.3.1. Reações de Apoio Antes de começarmos a efetuar os cálculos para o equilíbrio de um corpo, é necessário que entendamos como esses corpos podem ser apoiados, de forma a estabelecer a quantidade de incógnitas que deveremos encontrar para determinar o equilíbrio. Na maioria dos casos, utiliza-se apoios que impedem o movimento do corpo em três situações, são elas: 1ª Situação: Movimento em “x” Nesta situação, os apoios promovem uma força de reação ao movimento na horizontal. Para se determinar essa reação, utiliza-se a equação do somatório de forças em “x” iguais a zero ∑ 2ª Situação: Movimento em “y” Nesta situação, os apoios promovem uma força de reação ao movimento na vertical. Para se determinar essa reação, utiliza-se a equação do somatório de forças em “y” iguais a zero ∑ 423ª Situação: Movimento de rotação Nesta situação, os apoios promovem uma força de reação ao movimento de rotação, ou seja, uma reação de movimento. Para se determinar essa reação, utiliza-se a equação do somatório de momentos iguais a zero. ∑ Para estas três situações os tipos de conexões empregados nos apoios, fornecem o número de incógnitas na qual o apoio é empregado, ou seja, impedirá o movimento em uma das situações descritas. Para ter uma maior compreensão, segue alguns dos apoios mais usuais e suas características. Um método consiste de um rolete ou cilindro. Como esse suporte apenas impede que a viga translade na direção vertical, o rolete só exercerá uma força sobre a viga nessa direção. Figura 19: Apoio tipo rolete Fonte: Hibbler 12° Edição 43 A viga pode ser apoiada de uma forma mais restritiva por meio de um pino. Dessa forma, fica restringida o movimento em ambas as direções. Figura 20: Apoio por Pino Fonte: Hibbler 12° Edição Por fim a maneira mais restritiva de apoiar a viga seria usar um apoio fixo. Esse apoio impedirá tanto a translação quanto a rotação da viga 44 Figura 21: Apoio Fixo Fonte: Hibbler 12° Edição A tabela abaixo apresenta outras variedades de apoios bem como as suas características: 45 Figura 22: Tabela Tipos de Apoio 46 Fonte: Hibbler 12° Edição 47 Exemplos 1) Determine as componentes horizontal e vertical da reação sobre a viga, causada pelo pino em B e o apoio oscilante em A. Despreze o peso da viga. Figura 23: Exemplo 01 Fonte: http://www.engbrasil.eng.br/pp/mt/aula16.pdf Solução: Primeiro passo a ser realizado, é a utilização do diagrama de corpo livre, conforme figura abaixo, o diagrama nos permite observar as forças que já estão aplicadas ao corpo, mas também a observar as que não aparecem, que são exatamente as reações nos apoios A e B. 48 Figura 24: Diagrama de Corpo Livre – Exemplo 01 Fonte: http://www.engbrasil.eng.br/pp/mt/aula16.pdf Após o desenho do D.C.L, basta aplicar as equações de equilíbrio para se determinar as reações. Observação: Note que existem cargas tanto na direção “X” quanto na “Y”, isso já nos mostra que em nenhumas reações encontradas nos apoios, podem ser iguais a zero. Além disso, a equação mais utilizada para simplificar os cálculos, é a de somatório de momento, pois sabemos que onde o ponto onde se aplica uma ou mais forças não geram momento, com isso fica fácil definir que no apoio onde está presente o maior número de incógnitas, deve ser o primeiro a ser tomado como referência. Para o cálculo temos três equações disponíveis: ∑ ∑ ∑ 49 Para determinar a reação Ay ∑ ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Para determinar a reação By ∑ ( ) Para determinar a reação Bx ∑ ( ) ATENÇÂO: Deve-se recordar que no desenho do diagrama de corpo livre, como não conhecemos as reações, os seus sentidos devem ser adotados de forma aleatória, caso no decorrer do cálculo os seus resultados forem 50 valores negativos, devemos voltar no D.C.L e modificar o seu sentido. Não existem reações com sinal negativo. 02) O membro mostrado na figura, está conectado por um pino em A e apoia-se em um suporte liso em B. Determine as componentes horizontal e vertical da reação no ponto A Figura 25: Exemplo 02 Fonte: http://www.engbrasil.eng.br/pp/mt/aula16.pdf 51 D.C.L Figura 26: Diagrama de Corpo Livre – Exemplo 02 Fonte: http://www.engbrasil.eng.br/pp/mt/aula16.pdf 52 1) A treliça é suportada por um pino em A e um rolete em B. Determine as reações de apoio. Figura 27: Exercício 01 Fonte: Hibbeler 12° Edição Atividades 53 2) Determine as componentes de reação no apoio fixo A. Despreze a espessura da viga Figura 28: Exercício 02 Fonte: Hibbeler 12° Edição 54 1.2.4. Forças Internas Quando pretendemos construir algum elemento estrutural, é de grande valia que saibamos encontrar os esforços internos presentes nestes elementos quando são expostos a cargas, podendo ser até mesmo o peso do próprio elemento. Para isso, precisaremos atribuir o método das seções, que consiste em “cortar” o elemento em um ponto e expor estas forças. A imagem abaixo apresenta uma viga, com o seu carregamento, bem como o D.C.L Figura 29: Viga Carregada Fonte: http://www.engbrasil.eng.br/pp/mt/aula16.pdf Depois que o diagrama de corpo livre é feito, é preciso que escolhamos um dos lados do ponto “C” para fazer a analises. Via de regra, costuma ser mais fácil escolher o lado que possua o menor número de forças desconhecidas. 55 Quando fazemos isso, o corte feito no ponto “C” irá expor as cargas internas. Que são o Esforço Cortante, Esforço Normal e Momento Fletor. Figura 30: Cargas internas de uma viga Fonte: http://www.engbrasil.eng.br/pp/mt/aula16.pdf Podemos perceber que as cargas Vc (Esforço cortante), Nc (Esforço Normal) e Mc (Momento Fletor) são as únicas cargas que não apareciam no D.C.L. Estas cargas são os Esforços Internos. 1.2.4.1. Forças Internas Segundo Hibbeler, o método das seções pode ser usado para determinar as cargas internas sobre a seção transversal de um membro usando o procedimento a seguir: REAÇÕES DE SUPORTE Antes que o membro seja cortado, pode ser preciso primeiro determinar suas reações de apoio, de modo que as equações de 56 equilíbrio possam ser usadas para solucionar as cargas internas somente depois que o membro for seccionado. DIAGRAMA DE CORPO LIVRE Mantenha todas as cargas distribuídas, momentos de binário e forças que atuam sobre o membro em seus locais exatos, depois faça uma secção imaginária pelo membro, perpendicular ao seu eixo, no ponto onde as cargas internas devem ser determinadas. Depois que a secção for feita, desenhe um diagrama de corpo livre do segmento que tem o menor número de cargas sobre ele e indique as componentes das resultantes da força e do momento de binário na seção transversal que atua em suas direções positivas, conforme a convenção de sinal estabelecida. EQUAÇÕES DE EQUILÍBRIO Os momentos devem ser somados na seção. Desse modo, as forças normal e cortante na seção são eliminadas, e podemos obter uma solução direta para o momento. Se a solução das equações de equilíbrio der um número negativo, o sentido da força é contrário ao estabelecido do D.C.L. 57 EXEMPLO 1) Determine a força normal, o esforço cortante interno e o momento fletor nos pontos C e D da viga. Assuma que o apoio em B seja um rolete. O ponto C está localizado logo à direita da carga de 40 kN Figura 31: Exemplo 01 Fonte:http://www.eletrica.ufpr.br/ufpr2/professor/49/TE224/Aula%207%20Esfor%C3%A7os%20internos.p df 58 Solução: O primeiro passo é o desenho do D.C.L: Para este exemplo, necessariamente teremos que determinar as reaçõesde apoio antes de seccionar a viga, para isso temos que usar as equações de equilíbrio. Note que usamos primeiramente a equação de momento no ponto “A”, pois dispensa conhecer os valores das reações presentes neste ponto, isso ocorre porque a força não gera momento quando aplicada no ponto onde se calcula o momento, a distância entre ela e a origem vai ser zero. Dessa forma o valor de By passa a ser conhecido diretamente por esse cálculo. Após calculado um dos pontos, basta efetuar a aplicação das outras equações. 59 Determinação das cargas internas (Mc, Vc e Nc) no ponto “C”: Para o cálculo de Nc, se torna bem fácil, pois como não existe nenhuma força atuando nesta seção na horizontal, logicamente que seu valor não poderia ser diferente de zero. Para Vc, repare que entram na equação em “Y” somente os valores presentes na seção de “c” para a esquerda. O mesmo ocorre para o Mc, as forças que geram este momento, só podem ser consideradas as que estão presentes na seção, de modo específico, a força Vc não gera momento, pois está aplicada no mesmo ponto. 60 Determinação das cargas internas (Md, Vd e Nd) no ponto “D”: Para realizar os cálculos no ponto “D”, as etapas e considerações são as mesmas para o ponto “C”. Lembrando apenas que agora existe um momento de binário igual a 60 kN.m 61 v 1) Determine a força normal, o esforço cortante e o momento fletor nos pontos D e E da viga. O ponto D está localizado à esquerda do suporte de rolete em B, onde o momento de binário atua. Figura 32: Exercício 01 Fonte: Hibbeler 12° Edição Atividades 62 2) O guindaste da figura a seguir, consiste na viga AB, das roldanas acopladas, do cabo e do motor. Determine a resultante das cargas internas que atuam na seção transversal em C se o motor levanta a carga W de 500 lb com velocidade constante. Desprezar o peso das roldanas e da viga Figura 32: Exercício 02 Fonte: Hibbeler 5° Edição – Resistência dos Materiais 63 64 UNIDADE II – Tensão Normal, Tensão de Cisalhamento, Deformação e Diagrama Tensão X Deformação Objetivos desta unidade Aplicar os cálculos de carregamento interno para estabelecer as tensões oriundas a estes carregamentos. Entender e calcular as tensões normais, tensões de cisalhamento e as deformações em elementos. Compreender as propriedades dos materiais e suas reações quando são submetidos a tensões Introdução Vimos até agora que a força e o momento que atuam em determinado ponto na área da seção de um corpo representam os efeitos resultantes da distribuição de forças que atua na área secionada. Determinar a distribuição das cargas internas é de primordial importância na resistência dos materiais. Para resolver esse problema é necessário estabelecer o conceito de tensão. (HIBBELER, 5 ª Edição. Pg 24) Podemos fazer um comparativo entre tensão e pressão. Geralmente utilizamos os conceitos de Pressão em fluidos, e de Tensão para os sólidos. 65 Ambas obedecem a mesma fórmula: Para pressão: Para Tensão: Em relação a unidade de medida será Pa (Pascal) = . Como 1 Pascal, representa um valor muito pequeno, costuma-se utilizar prefixos do tipo “k” quilo ( ), “M” mega ( ) ou “G” giga ( ) Continuando com a comparação entre pressão e tensão, as vezes nos paramos diante de uma dúvida, por que existe pressão? A resposta é simples, sempre se movimenta um fluido e existem restrições ao deslocamento, surgem as pressões. No caso de uma panela de pressão, se não houvesse a tampa da panela exercendo essa restrição, a água evaporaria e com isso não teríamos pressão no interior do recipiente. Para trazer esse comparativo para o estudo de tensão, basta analisar a figura abaixo. Figura 33: Sólido com aplicação de força 66 Fonte: EEEP – Resistência dos Materiais Analisando este sólido com a força sendo aplicado, fica fácil entender que se este sólido de alguma forma oferecer resistência a deformação, ocasionada pela aplicação da força “F”, então começa a surgir as tensões das quais iremos discutir neste momento. EXEMPLO DE TENSÃO: Considere a estrutura da figura abaixo, que consiste em barras AB e BC, nos propomos a verificar se essa estrutura pode suportar com segurança a carga de 30 kN, aplicada no ponto B. 67 Figura 34: Exemplo Fonte: Beer 5ª Edição Aplicando as regras da estática, obtemos: y x ∑ ∑ Fbc Fba 30 kN 68 Podemos concluir que as barras BC está sob tração e a barra BA está sob compressão. Além disso se cortar estas barras em um determinado ponto, iremos constatar que, para elas permanecerem em equilíbrio, é necessário que as mesmas forneçam uma reação, da qual a maio força será de 50 kN. Os dados encontrados até aqui, representam o primeiro passo para se determinar o projeto desta estrutura. O fato de encontrarmos os esforços interno não garante que a barra irá suportar o peso ou não, mas sim essa condição depende em muito da área transversal da barra e do material a ser utilizado na sua construção. Seguindo essa premissa, vamos imaginar que a barra em questão tem 20 mm e é feita de aço. Temos a seguinte condição para a fórmula de tensão: F = Força = A = Área = ( ) 69 Para efeito de entendimento, podemos comparar esse valor com o máximo aceitável pelo aço, se ele estiver abaixo do especificado, então a estrutura será aceita e suportará os efeitos da carga com segurança. Em tabelas que contenham as características dos materiais, podemos extrair a informação sobre a tensão máxima admissível para o aço, que é igual a . Como o valor encontrado nos cálculos foi de 159 Mpa, podemos afirmar que a estrutura não se romperá com o peso. Claro que estamos tratando para o momento, somente as barras, mas existem outros elementos que dever ser considerados, como a compressão da barra AB, e as tensões existentes nos pinos e suportes. 2. Tensão Normal Média em Uma Barra com Carga Axial Na maioria dos membros utilizados em elementos mecânicos ou estruturais possuem um comprimento maior do que a largura, ou diâmetro, que é o caso de eixos, parafusos e barras de treliças. Para que começamos o nosso estudo a cerca desse assunto, é importante analisarmos inicialmente duas hipóteses: 1ª. É importante que a barra fique reta durante todo o procedimento de aplicação e retirada de uma carga. Além desse critério, a barra também precisa permanecer com a sua seção transversal plana durante a deformação. Seguindo essas duas condições, as linhas de grade que estão inscritas na figura a seguir, permanecerão constantes durante a aplicação da carga, fazendo com que a deformação seja uniforme. Para tanto, devemos desconsiderar as extremidades das barras, pois essas deformam mais. 70 2ª. Para que se consiga uma deformação mais homogênea, é importante que a carga seja aplicada no centroide da seção transversal da barra. Além disse, é necessário que a barra a ser submetido a carga tenha na sua construção um material homogêneo* e isotrópico*. Hibbeler – Resistência dosMateriais Figura 35: Exemplo de Barra submetida a tração com as linhas de deformação Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais *Material Homogêneo: Possui as mesmas propriedades físicas e mecânicas. *Material Isotrópico. Possui as mesmas propriedades em todas as direções 71 EXEMPLO: 1) A barra da figura abaixo tem largura constante de 35 mm e espessura de 10 mm. Determinar a tensão normal média máxima na barra quando submetida ao carregamento mostrado. Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais 72 Solução: Cargas Internas: Podemos perceber nas seções acima, que os esforços internos, apesar de diferentes, são constantes. Podemos verificar no desenho do diagrama de esforço normal (c) que a maior carga está presente no segmento BC, visto que nesse trecho concentra-se a maior carga visto que a área da seção é a mesma. 2) A luminária de 80 kg é suportada por duas hastes AB e BC como mostra a Figura. Se AB tem diâmetro 10 mm, e BC tem diâmetro de 8 mm, determinar a tensão normal média em cada haste. Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais 73 Diagrama de Corpo Livre: Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Solução: Devemos inicialmente encontrar as cargas internas em cada membro proposto: Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Como é do conhecimento de todos, pela aplicação da terceira lei de Newton, essas barrar ofereceram uma reação de sentido oposto em todo o segmento da barra. Podemos assim calcular a tensa normal média pela fórmula: 74 Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais 3) O elemento AC mostrado na figura abaixo está submetido a uma força vertical de 3 kN. Determinar a posição x de aplicação da força de modo que a tensão de compressão médio no apoio C seja igual a tensão de tração no tirante AB. A haste tem uma área de seção transversal de , e área de contato em C é de Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais 75 Diagrama de Corpo Livre: Figura Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Solução: Note que para esse exemplo, temos três incógnitas, sendo Fab, x e Fc. Para tanto, necessitaremos de três equações para a resolução. Para isso podemos usar inicialmente as equações de ∑ ∑ : Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais 76 Como o exemplo pede que as tensões de compressão em C seja igual a tensão de tração em AB, podemos igualar as equações de tensão nestes dois pontos e com isso conseguir a terceira equação: Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Agora basta substituir na equação obtida através do ∑ para encontrar o valor de “x” 77 2.1. Tensão de Cisalhamento Média O que tratamos anteriormente era de tensões ocasionadas por esforços normais a uma seção transversal, ou seja, forças axiais. Porém quando duas forças são aplicadas na direção transversal a uma barra, produz um tipo de tensão que denominamos de tensão de cisalhamento. (Beer, Ferdinand 3 ed.) Figura 43: Exemplo de Tensão de Cisalhamento Fonte: Beer, Ferdinand 3 ed Se passarmos uma seção transversal no ponto C, iremos perceber que existem forças internas que devem-se igualar a P. Essas forças internas, levam o nome de forças cortantes, que já vimos anteriormente. A força cortante gera a tensão de cisalhamento, que é indicada pela letra grega (tau) 78 Figura 44: Força Cortante Fonte: Beer, Ferdinand 3 ed Onde: = Tensão de Média de Cisalhamento P= Carga A= Área da seção transversal Podemos citar ainda que esse tipo de cisalhamento é considerado simples, pois a carga está aplicada diretamente sobre a seção. Existem outros exemplos na engenharia que se assemelham com este tipo de cisalhamento, como o encontrado em juntas parafusadas, pinos, material soldado entre outros: 79 Figura 45: Cisalhamento Simples Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Outro exemplo: Figura 46: Cisalhamento simples em um parafuso Fonte: Escola de Engenharia Industrial de Volta Redonda 2.1.1. Cisalhamento Duplo Um exemplo que pode ser dado para cisalhamento duplo é o encontrado em juntas de dupla sobreposição, que constitui de duas superfícies de cisalhamento unidas por um elemento de fixação. 80 A imagem abaixo apresenta exemplos desta aplicação bem como as características da força cortante que está aplicada em cada elemento: Figura 47: Cisalhamento Duplo Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Por consequência a este cisalhamento duplo, teremos a força V=F/2. EXEMPLOS 1) A barra mostrada na imagem a seguir, tem seção transversal quadrada para a qual a profundidade e a largura são de 40 mm. Supondo que fosse aplicado uma força axial 800N ao longo do eixo do centroide da área da seção transversal da barra, determinar a tensão normal média e a tensão de cisalhamento média que atuam sobre o material. a) No plano a-a b) No plano da seção b-b 81 Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Diagrama de Corpo Livre – a) Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Solução a): A carga interna associada a seção a-a, está vinculada apensas na força axial de 800N, com isso pela 3ª lei de Newton, a força de axial que promoverá a tensão normal médias será a próprias de 800N Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais 82 Como não existe força cortante para esta seção, pode-se considerar que a tensão de cisalhamento é nula: Diagrama de Corpo Livre – b) Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Solução b): Neste caso, como a seção produz componentes de forças que irão gerar tanto a tensão normal como a de cisalhamento, a duas formas de calcularmos estas cargas, a primeira é utilizar o par de eixos y-x e a outras, que já nos mostra os valores diretamente, que é o par de eixos y’-x’. Vamos na primeira forma: 83 Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Pela segunda forma, usando o par de eixos y’-x’: Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Tensão média: Para esse corte, temos que nos atentar que, como ele está inclinado, a largura da barra até permanece a mesma, contudo o comprimento da seção irá aumenta, devido a inclinação. Podemos então definir esse novo comprimento como sendo: Dessa forma, a tensão norma média é: 84 E a tensão média de cisalhamento é: 2) A escora de madeira mostrada na figura a seguir, está suportada por uma haste de aço de 10 mm, de diâmetro, presa na parede. Se a escora suporta uma carga vertical de 5kN, calcular a tensão de cisalhamento média da haste na parede e ao longo das duas áreas sombreadas de escora, uma das quais está identificada como abcd. Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais 85 Diagrama de Corpo livre da Haste: Fonte: Hibbeler, 5ªEdição – Resistência dos Materiais Diagrama de Corpo Livre da escora: Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais 86 Solução: Primeiramente reparamos que existe uma diferença no esforço cortante que gera a tensão de cisalhamento em ambas as situações. Reparamos que na haste, a tensão de cisalhamento é gerada pela força de 5kN, mas na escora, essa força age nas duas áreas sombreadas do diagrama, isso ocorre, pois os dois planos em questão apresentados, geram resistência ao cisalhamento, com isso a força deve ser dividida por dois para que os cálculos sejam realizados, vejam: Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais 3) O elemento inclinado, conforme mostrado na figura, está submetido a uma força de compressão de 600lb. Determinar a tensão de compressão média ao longo das áreas de contato planas definidas por AB e BC e a tensão de cisalhamento ao longo do plano definido por EDB 87 Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Diagrama de Corpo Livre: Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais 88 Solução: Notemos que pelo diagrama de corpo livre a força de 600lb, é decomposta em duas componentes vertical e horizontal. A vertical gera tensão de compressão no plano BC e a horizontal gera tensão no plano BA. Para tanto precisaremos decompor essa força e descobrir suas componentes nos respectivos eixos Y e X. Repara que a direção do vetor força está escrita como semelhança de triângulos, onde se pode terminar as componentes tanto diretamente pelo triângulo, ou definindo o ângulo por alguma relação trigonométrica. Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Tensão média de Compressão nos Planos solicitados: Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Para determinarmos agora a tensão de cisalhamento, devemos identificar e entender que o plano que sofrerá essa tensão é o EDB, visto que é a única seção que está submetida a um esforço cortante, além disso, a força que irá colabora para isso é a Fab: 89 Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais 1) As barras da treliça têm uma área da seção transversal de 1,25 pol2. Supondo que a tensão normal média máxima em cada barra não exceda 20 ksi, determinar a grandeza máxima P das cargas aplicadas à treliça. http://www.engbrasil.eng.br/pp/mt/aula6.pdf Mecânica Técnica – Atividades 90 2.2. Tensão Admissível e Fator de Segurança Em projetos de engenharia, não se pode considerar, para efeitos de projetos, a tensão máxima que um determinado matéria e peça estão submetidos. Por questões de segurança o projeto deve ter um fator de segurança e trabalhar com uma tensão admissível. Seja para projetos de máquinas ou peças. Consiste basicamente em determinar uma carga segura em que o elemento possa estar submetido, logicamente essa carga deverá ser menor do que a carga que o elemento suportaria integralmente. Tal procedimento se faz necessário, pois não se pode garantir a integralidade de um material durante toda a sua vida útil. Ele pode sofrer avarias por corrosão, desgastes por agentes atmosféricos ou algo do tipo. Além disso o elemento pode vir a sofrer cargas acidentais, que não estão especificadas no projeto inicial. Todas essas variáveis não podem ser mensuradas, por isso se estipula um fator de segurança, afim de obter uma tensão admissível para o elemento garantindo maior segurança. Um método de definir o fator de segurança e fazer a razão entre a carga de ruptura pela carga admissível. Se a carga de ruptura estiver alinha na mesma direção do elemento, ela irá gerar uma tensão admissível normal ao elemento, e na direção perpendicular, irá gerar uma tensão de cisalhamento. Nesse conceito, podemos estender o fator de segurança para uma análise voltada as tensões: 91 Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Os valores dos fatores de segurança, estão associados em grande parte na utilização do elemento estrutural ou de máquinas, um exemplo são os carros de fórmula 1, seus fatores de segurança estão próximos de 1, o mínimo, pois quanto menor é o fator de segurança, menor é o peso destes componentes e assim aumenta o rendimento nas pistas. O que não ocorre numa usina hidrelétrica por exemplo, que precisa ter uma barragem muito resistente e está exposta a ação de vários fatores que causam deterioração e precisa ter um fator de segurança de aproximadamente 3. EXEMPLO 1) Os dois elementos estão acoplados por pinos em B, conforme figura. A figura também mostra o topo dos acoplamentos em A e B. Supondo que os pinos tenham tensão de cisalhamento admissível de e o esforço de tração admissível da haste CB seja , determinar o menos diâmetro dos pinos A e B, com aproximação de , e o diâmetro da haste CB necessário para suportar a carga. 92 Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Solução: Devemos observar que o segmento BC, possui duas componentes de força. Precisamos primeiramente calcular as reações de apoio e depois a carga que causa cisalhamento ao parafuso: D.C.L Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais 93 ∑ ( ) ( ) ∑ ( ( ) ) ( ) ∑ ( ( )) A força que causa cisalhamento em B é de 3,33kip, mas a que causa cisalhamento em A, será a somatória dos vetores das componentes Ax e Ay. E a direção será arcotangente da razão entre Ay e Ax. √ √ 94 ( ) Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Para determinarmos os diâmetros dos pinos em cada ponto, vasta analisar as forças que geram as tensões de cisalhamento. Perceba que em A, a um cisalhamento duplo, por isso utiliza-se a metade da força Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais 95 Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Conforme estabelecido no enunciado, os tamanhos dos pinos que mais se aproximam com os valores encontrados nos cálculos são: Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Para encontrarmos estes valores, basta pegar o valor encontrado e multiplicar por 16 e mantermos o denominador 16. Exemplo: Como é um elemento de carga, nunca podemos arredondar para baixo, sempre para casa inteira superior, no caso 7. Cálculo na haste: 96 Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais 2) Uma carga axial no eixo mostrado na figura abaixo, é suportada pelo colar em C, que está preso ao eixo e localizado à direita do mancal em B. Determinar o maior valor de P para as duas forças axiais em E e F de modo que a tensão no colar não exceda uma tensão de apoio admissível em C de , e que a tensão normal média no eixo não exceda um esforço tração admissível de Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais 97 Diagrama de corpo Livre: Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Para começarmos está análise, vamos primeiramente determinar onde a carga será máxima, ou seja, onde teremos uma maior tensão na barra, pode perceber no diagrama de corpo livre que se fizermosum corte na seção A-E, a força interna será de 2P, porém na seção E-F, a carga interna será de 3P. Como todo o eixo tem a mesma área, pode-se definir que a tensão máxima será em E-F. Tensão norma no eixo: Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Tensão de Apoio: Para determinar a área do colar que sofre a tensão, deve-se desconsiderar a área do eixo, ( ( ) ( ( ) )] : Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais 98 Para finalizar, a maior carga que pode ser aplicada nesse conjunto, será a menor encontrada, no caso, 51,8kN, pois qualquer carga acima desta gera insegurança para o projeto. 2.3. Deformação Vamos entender o conceito de deformação segundo Hibbeler. Quando uma força é aplicada a um corpo, tende a mudar a forma e o tamanho dele. Tais mudanças são denominadas deformação e podem ser perfeitamente visíveis ou praticamente imperceptíveis sem o uso de equipamento para fazer medições precisas. Por exemplo, uma tira de borracha sofre deformação muito grande quando esticada. Por outro lado, ocorrem apenas pequenas deformações de membros estruturais quando um edifício é ocupado por pessoas movimentando-se. O corpo também pode sofrer deformação quando sua temperatura muda. Um exemplo típico é a expansão ou a contração de um telhado provocadas pelas condições atmosféricas. 99 Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais 100 Conceito: Quando se pretende fazer análises em um material quando é submetido a uma carga, é necessário que se tenha equipamentos que façam as medições de maneira cada vez mais precisas. Deformação Normal – Segundo Hibbeler, a deformação normal é a deformação do segmento de reta AB, conforme figura, Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Devemos considerar a reta AB, quando o corpo é submetido a uma força, essa linha se tona curva, originando um deslocamento A’ até B’, em que podemos perceber que A’ era se aproximar de B’. Podemos perceber que iremos gerar um comprimento final A mudança de comprimento pode da reta, dar-se-á por . A deformação normal média, será escrita com a letra grega epsílon ( ) 101 Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais DEFORMAÇÃO POR CISALHAMENTO: Consideremos os dois segmentos de retas da imagem abaixo. Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Quando as retas estão perpendiculares e deformam criando um ângulo entre elas, isso gera a deformação por cisalhamento. Este ângulo é denominado (gama) e medido em radianos. 102 EXEMPLOS 1) Uma força que atua no cabo da alavanca mostrada na figura a seguir, provoca uma rotação de na alavanca no sentido horário. Determinar a deformação normal média desenvolvida no arame BC. Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais 103 Diagrama de Corpo Livre: Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais 2.4. Tensão x Deformação Após utilizarmos os conceitos de tensão e deformação, vamos analisarmos como a tensão pode causar no material e como ele se deforma. Através de testes experimentais, pode-se obter dados que são necessários para os estudos da resistência dos materiais. 104 2.5. Diagrama Tensão Deformação Segundo Beer 2012, a relação entre tensão e deformação de um certo material é uma característica importante para se determinar se um material pode ser utilizado em um projeto. Essas características são obtidos através de ensaios de tração e compressão. O ensaio de tração consiste em um corpo de prova construído com o mesmo material a ser utilizado. No corpo de prova são feitas marcações afim de obter a real deformação quando a carga vai aumentando, e a partir daí o diagrama de tensão x deformação é construído. 105 Figura: Maquina de ensaio de materias Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais 106 Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Os corpos de provas devem possuir o diâmetro inicial de aproximadamente 13mm e comprimento de 50 mm. Percebem que o corpo de prova de ver ter um diâmetro reduzido na região onde está instalado o extensômetro, isso porque a ruptura deve ocorrer nessa região, como sabemos, onde a seção tem área reduzida, a tensão ali será maior. Além disso, a máquina que realiza a tração no corpo de prova, deve aplicar uma carga crescente até o corpo de prova romper, o correto é que essa carga seja aplicada lentamente, para garanti que o corpo se deforme de maneira mais homogênea. 107 Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Conforme cita o livro do Hibbeler, os dados da carga aplicada são registrados a intervalos frequentes à medida que são lidos no mostrador da máquina ou em mostrador digital. Além disso, mede-se o alongamento entre as marcas de punção no corpo de prova por meio de um 108 calibre ou dispositivo óptico, denominado de extensômetro. O valor (delta) é então usado para calcular a deformação normal média do corpo de prova. Com os dados extraídos destes testes, pode-se então construir um gráfico que identifica todas as regiões e as respectivas tensões e deformações aplicadas ao corpo de prova, através deste diagrama, pode por exemplo, identificar se o material quando exposto a uma tensão X, se comportará numa região elástica ou plástica, que discutiremos posteriormente. Desse modo, quando dividimos a carga aplicada na máquina, pela área da seção do corpo de prova, adotando que essa seção se permanecerá a mesma, então podemos medir a tensão como: Assim como, para identificar a deformação basta visualizar no extensômetro ou dividir a variação do comprimento pelo comprimento inicial Lo. Se adicionarmos essas duas grandezas em eixos cartesianos, onde o eixo X seria a deformação e o eixo Y fosse . E a partir daí traçarmos um gráfico, a curva deste gráfico é o chamado diagrama de tensão por deformação. Temos que considerar que para todo material, submetido a um ensaio de tração ou compressão, possuirá um gráfico deste, mas como a 109 nossa finalidade é o estudo em torno do aço, que é um material utilizado tanto para elementos estruturais, quanto de máquinas. Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Comportamento Elástico: Na região 1, podemos perceber que não se trata tecnicamente de uma curva, mais sim de uma reta, isso ocorre porque nessa região o tratamento da tensão e formação, se comporta linearmente, ou seja, toda vez que o material for submetido a uma tensão, dentro dessa região, ela se deformará, mas quando a carga for retirada, o material volta as condições normais. 110 Podemos perceber que logo no fim dessa reta inclinada, existe um limite de proporcionalidade, ou seja, mesmo que a tensão ultrapasse um pouco o limite de proporcionalidade, o material pode se comportar como elástico, mas tenderá a uma curva que indica o início do regime plástico. REGIME DE ESCOAMENTO: Quando a tensão ultrapassa o limite de elasticidade, ele começa a iniciar um processo em que a sua forma não voltará mais ao do inicial, esse comportamento é registrado na região 2, a de Regime de escoamento. Nessa região de escoamento, o corpo de prova irase deformar de 10 a 40 vezes mais do que no regime elástico, quando ele está nessa região, podemos dizer que o material está perfeitamente plástico. ENDURECIEMTO POR DEFORMAÇÃO: Quando o corpo de prova para de se deformar, ele começa a entrar na região 3 de endurecimento por deformação, neste estágio, o material começa a ficar mais resistente a tensão, deformando-se menos, contudo essa característica vai a um limite, o que denomina-se de limite de resistência, qualquer carga acima desse ponto, levará o corpo de prova a ruptura. ESTRICCÇÃO: Ao atingir o limite de resistência, o corpo de prova começa a ter sua área de seção transversal reduzida, com isso o corpo de prova não pode resistir mais as tensões que eram impostas, e começa a diminuir a tensão e fazer com que o gráfico decresça ao limite de ruptura. 111 Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais 112 EXEMPLO DE APLICAÇÃO: O diagrama de tensão por deformação que veremos a seguir resumi os conceitos apresentados até o momento. Neste exemplo, foi usado um aço doce (baixo teor de carbono) e o diagrama pode ser observado abaixo: Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Observe que a região de endurecimento por deformação é muito extensa, essa característica confere a este material uma gama de finalidades. Este aço pode ser usado em várias situações que exige deformação do material, exemplo encontrado em lataria de carros, portões de garagem e outros, a facilidade a deformação é obtida graças ao baixo teor de carbono. 113 2.5.1. Materiais Dúcteis e Frágeis MATERIAIS DUCTEIS: Todos os materiais se comportam bem a grandes deformações antes da ruptura, são materiais dúcteis. O aço apresentado no exemplo anterior é um bom material dúctil. Vários profissionais da área de engenharia, escolhem este tipo de material, pois resistem bem a deformação, choques ou energia. Podem apresentar grande deformação antes da falha ou ruptura. Existem duas maneiras em geral de especificar se um material é dúctil. A primeira é a relação de alongamento do corpo de prova, do instante em que inicia o teste, até a ruptura. Esse cálculo deve ser expresso como porcentagem: Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais A outra forma e a relação de redução da área transversal do corpo de prova no regime de estricção. Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais MATERIAIS FRAGEIS: São o outro extremo dos materiais dúcteis. Os frágeis suportam pouquíssima deformação, ou quase nenhuma. O ferro fundido é um exemplo claro desse tipo de material. Geralmente os materiais frágeis são 114 extremamente duros, porém quebradiços, por isso o ferro fundido entra nessa classe, além dele o vidro também é um material frágil. Podemos ainda chegar a uma conclusão sob análise do diagrama tensão –deformação do ferro fundido, que ele se comporta muito melhor sobre compressão do que com tração, observe: Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Na engenharia a procura do maior ideal é o que se comporte bem sob ambas as situações, de modo que o aço pode ser submetido a estas situações e reage bem. Um aço com teor de carbono alto, pode resistir vem a ensaios de dureza, material com menor teor de carbono são mais dúcteis e fáceis de serem conformados. Além disso, o aço pode varias a suas propriedades quando são expostos a grandes temperaturas. 115 2.6. Lei de Hooke É a Relação linear entre tensão e deformação na região de elasticidade. Foi descoberta por Robert Hooke, em 1676, com o auxílio de molas. (UFF-Volta Redonda) Robert Hooke percebeu, com o auxílio de molas, que quando o material estava na região elástica, sua deformação era linear em relação a tensão aplicada. Tal regra obedece a seguinte regra: Onde E é a constante de proporcionalidade, módulo de elasticidade ou módulo de Young, nome derivado de Thomas Young que explicou a Lei em 1807. Um material é chamado de linear-elátisco se a tensão for proporcional a deformação dentro da região elástica. Essa condição é denominada Lei de Hooke e o declive da curva é chamado de módulo de elasticidade E. (Hibbeler). Para entender melhor vamos analisar novamente o diagrama de tensão-deformação do aço: 116 Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Repare que a Sabemos, entretanto, que a forma como o material reage nas regiões elástica e plástica, está vinculada na composição neste material em relação ao teor de carbono, isso para os aços. Observe o diagrama a seguir: 117 Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais 2.7. Energia de Deformação Energia por deformação representa a energia que um material pode armazenar quando é deformado. Podemos definir como a força que promove um deslocamento no material, quando multiplicados, gera o trabalho externo, esse trabalho é igual ao interno. 118 Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Pela definição de trabalho, chegamos na seguinte equação: Se a região em questão, for linear e elástica, então podemos aplicar a lei de Hooke para estes casos, onde Quando a tensão no material atinge a região de proporcionalidade, a energia acumulada no material passa a ser denominada como módulo de resiliência: Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais 119 Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais MÓDULO DE TENACIDADE: Consiste em toda a área sob o gráfico, uma propriedade muito importante para as análises. Ela indica toda a energia absorvida pelo material imediatamente antes da ruptura. Essa informação é muito importante quando se pensa que cargas acidentais podem atuar nesses materiais, com o valor do módulo de tenacidade é possível mensurar como o material se comportará até a ruptura. Por exemplo, materiais com módulo de tenacidade alto, distorcem muito com a sobre carga. No entanto, ainda sim são preferidos em relação a materiais com pouca tenacidade, isso porque como possui pouca tenacidade, eles rompem subitamente, sem apresentar falhas. 120 Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais EXEMPLO 1) O teste de tração para uma liga de aço resulta no diagrama tensão- deformação da figura abaixo. Calcular o módulo de elasticidade e a resistência ao escoamento com base em uma deformação residual de 0,2%. Identificar no gráfico o limite de resistência e a tensão de ruptura. 121 Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais 122 SOLUÇÃO: Devemos encontrar o módulo de elasticidade, aplicando a fórmula abaixo. Além disso vamos traçar um outro gráfico utilizando escalas ampliadas, como já está descrito no próprio diagrama, de modo que as coordenadas que vamos extrair no gráfico será da escala ampliada Para isso basta identificar no gráfico os valores das coordenadas da reta: Limite de escoamento: Para isso utilizaremos a deformação de 0,2%, ou 0,002, e traçamos uma reta tracejada até que ela intercepte o gráfico, lembrando que essa reta deve ter a mesma inclinação da reta OA no desenho. O limite de escoamento é de aproximadamenteLimite de Resistência: Definido como a maior tensão no diagrama tensão-deformação, este pico ocorre no ponto B 123 Tensão de Ruptura: Ocorre na maior deformação, a tensão chega no ponto de ruptura em C: 2.8. Coeficiente de Poisson Quando aplicamos uma carga de tração em um corpo, ele tende a se deformar. Essa deformação é percebida principalmente na diminuição da largura e espessura e alongamento do comprimento. No caso da compressão, a deformação é percebida ao contrário aumentando-se a largura e diminuindo o comprimento. Repare a imagem a seguir: 124 Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Quando é aplicado o carregamento, a barra muda o seu comprimento na quantidade e se raio na quantidade . (HIBBELER 12° edição) 125 Dessa forma pode-se definir a equação como sendo a razão entre a quantidade alongada pelo comprimento, com isso se obtém a deformação na direção analisada. O Cientista que conduziu estes estudos, descobriu que na região elástica, a razão entre as deformações era sempre constante. Essa constante então foi chamada de coeficiente de Poasson (Nu), e terá valor exclusivo se o material for homogêneo e isotrópico. Veja a expressão: O sinal negativo é indicado para as deformações negativas, que podem ocorrer tanto para o alongamento do comprimento diminuindo a largura, ou vice-versa. O valor indicado para sólidos não porosos é de 1/4 a 1/3 para o coeficiente de Poasson, que é adimensional. Além disso iremos verificar que o valor máximo do coeficiente é 0,5. 126 Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Para diversos materiais já existem o coeficiente de Poasson tabelado, bem como pra outros dados: Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais 127 Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais EXEMPLO 1) Uma barra feita de aço A-36 tem as dimensões mostradas na figura abaixo. Supondo que uma força axial de P=80kN, seja aplicada a ela, determinar as mudanças em seu comprimento e nas dimensões de sua seção transversal e depois de aplicada a carga. O material comporta-se elasticamente.(E = 200GPa, para o aço A-36) 128 Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Solução: Devemos calcular inicialmente a tensão norma na barra: ( ) ( ) ( ) Para o cálculo da deformação na direção de z, devemos utilizar a divisão da tensão pelo módulo de elasticidade: 129 O alongamento da barra na direção de z, será: Para determinar a deformação na seção temos que considerar a seguinte expressão: Podemos considerar que essas deformações, é a quantidade alongada na direção radial da barra. Com isso a expressão fica: Pela tabela de propriedades dos materiais, podemos extrair a constante de Poasson, sendo . 130 Para calcular as mudanças nas dimensões ( ) da seção transversal será: ( ) ( ) 2.9. Diagrama Tensão-Deformação de Cisalhamento Como no teste de tração, o material, quando submetido a cisalhamento, exibirá comportamento linear-elástico e terá limite de proporcionalidade bem definido. 131 O diagrama também possuirá um limite de resistência , causa pelo endurecimento por deformação. E por fim chegará a um ponto que o material se romperá que é a tensão de ruptura (HIBBELER 12° edição) Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais 132 Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Para a maioria dos materiais na engenharia o comportamento elástico é linear e, desse modo, a lei de Hooke para cisalhamento é expressa como: Nesse caso, G é o módulo de elasticidade ao cisalhamento, ou módulo de rigidez e possui as mesmas unidades de E, seu valor é medido pelo declive da reta do diagrama . Ou seja, . O é o ângulo gerado pelo cisalhamento, medido em radianos. Com a aplicação dos experimentos, foi possível criar uma equação que possui as três variáveis, e com isso facilitar na definição de alguns dados, sem a necessidade dos experimentos: ( ) 133 Como E e G são conhecidos, o valor de pode ser determinado por essa equação. Por exemplo, no caso do aço A-36, de modo que, por essa equação EXEMPLO 1) O corpo de prova de alumínio mostrado na figura abaixo, tem diâmetro e comprimento de referência de . Supondo que uma força de 165 kN alongue o comprimento de referência em 1,2 mm, determinar o módulo de elasticidade. Determinar também quanto o diâmentro de corpo de prova contrai- se. Supor . Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais 134 Solução: Para o modo de elasticidade devemos primeiramente determinar a tensão média normal ao corpo de prova: Deformação normal média (Longitudinal) será: Podemos verificar que como é menor que 440Mpa, podemos afirmar que o corpo de prova se comporta elasticamente. 135 Contração do diâmetro: Devemos encontrar o coeficiente de Poisson, para depois aplicar nas fórmulas: ( ) ( ) 136 137 UNIDADE III – Cargas Axiais, Tensão Térmica, Torção e Flexão Objetivos desta unidade Determinação dos deslocamentos através das cargas internas. Solução de problemas estaticamente indeterminados. Cálculo do deslocamento por variação da temperatura Torção Flexão Introdução Nessa etapa dos nossos estudos, iremos estudar quais são os efeitos das cargas axiais e como elas podem nos auxiliar para determinação de várias coisas, como por exemplo as reações de apoio em que as equações de equilíbrio não podem ser usadas. Iremos estudas também os efeitos térmicos e suas consequências nos elementos de máquinas ou estruturais. 138 3. Princípio de Saint-Venant Esse Princípio foi observado por um francês chamado Barré de Saint-Venant em 1855. Esse princípio nos remete um pouco no estudo do efeito de Poisson. Vejamos as imagens abaixo: Fonte: Hibbeler, 5ª Edição – Resistência dos Materiais Já sabemos que a região onde uma carga “P” é aplicada, terá deformações e tensões diferentes do que se encontra a uma distância considerável do ponto de aplicação, podemos dizer que essas linhas distorcem mais do que no centro do elemento. Toda via, o cientista observou e determinou que a região em que essas linhas se estabilizam seria a região onde a tensão seria adequada para o material,
Compartilhar