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Direito Administrativo - Aula 07 Servem de diretriz de orientação para o funcionamento do Estado, com base nesses princípios a falta da lei é suprida na aplicação concreta do Direito a cada dia. É com base nos poderes que nós vamos ver o Estado usando prerrogativas, ou seja, vamos observar o Poder Público utilizando essas prerrogativas para atingir a força necessária para impor sua disciplina jurídica a todos aqueles que estão sobre sua tutela direta, que são os servidores e fornecedores da administração pública, e aqueles que estão sobre tutela indireta do Estado, que somos todos nós, cidadãos, sujeitos ao Poder de Polícia do Estado e com isso, sujeitos a uma tutela que disciplina nossa liberdade. A divisão estabelecida pelo Direito Administrativo, que entende que a administração pública não possui um único poder, mas um conjunto de poderes, parte da premissa de que dependendo do conteúdo da prerrogativa, é possível identificar poderes distintos, ou seja, o Direito encontrou uma forma de classificar o uso de poder observando o conteúdo, o fim a ser cumprido pela prerrogativa nas situações em concreto em que o Estado atua fazendo uso da sua posição de supremacia. As prerrogativas são indispensáveis para o interesse público porque coloca o Estado diante da possibilidade de impor sua força, impor sua tutela. Vamos perceber que os agentes públicos dotados de prerrogativa de poder não pode renunciar esse poder que o foi conferido, razão pela qual os poderes se tornam para o gestor público verdadeiros deveres, sendo assim, poderes-deveres. A partir das características apresentadas por cada poder, ou seja, a partir do conteúdo observado na imposição realizada pelo Estado, seja no conjunto de suas relações específicas entre servidores e fornecedores, seja na manutenção de suas relações inespecíficas em relação aos particulares, vamos perceber que a doutrina faz uma lista de poderes, sendo eles: Poder Hierárquico; Poder Disciplinar; Poder Regulamentar e Poder de Polícia. Alguns entendem que os poderes são seis, acrescentando: Poder Vinculado e Poder Discricionário. Os poderes da Administração Pública são reconhecidos pela doutrina por meio do seu conteúdo, ou seja, o efeito promovido pela prerrogativa denota-se do Estado. Observando o conteúdo das ações do Estado, baseadas no uso de força e desenvolvendo atividades de supremacia jurídica, propõe essas categorias. Primeiramente, será observado os poderes que incidem especificamente no âmbito interno das instituições, ou seja, esses poderes tornam a atuação daqueles agentes que trabalham para o Estado, que são submetidos a uma disciplina jurídica específica em função de um vínculo trabalhista, estando falando especificamente dos poderes Hierárquico e Disciplinar. 1. Poder Hierárquico A hierarquia é um pilar fundamental do modelo de gestão burocrático e determina que a administração pública tem a obrigação de realizar um processo de repartição, divisão, escalonamento de competência de órgãos e agentes públicos. Lembram da ideia de racionalidade associada a administração pública? Por meio de lei serão criadas instituições públicas, ou seja, por meio de lei serão criadas os postos de trabalho, as vagas dos servidores públicos. Para que a administração pública consiga conduzir de forma apropriada todas as atribuições que a lei imputa a entidades e órgãos, é necessário que as atribuições sejam repartidas/escalonadas. A lei atribui competências específicas a cada instituição e a cada posto de trabalho que será preenchido pelos servidores vinculados. O Poder Hierárquico tem como objetivo realizar um processo de organização da função administrativa e viabilizar através da criação de laços de subordinação, que estarão estabelecidos entre os órgãos, por exemplo Ministério da Justiça é órgão superior a Secretaria de Direitos Humanos, onde esses laços de subordinação estarão sendo observados no quadro de agentes públicos, onde dentro do quadro de pessoal nós teremos, por exemplo, o Diretor de Recursos Materiais de determinada instituição como superior hierárquico de um agente de almoxarifado. Estabelecerá uma orientação, fiscalização e revisão de órgão para órgão, de servidor para servidor, no âmbito dos três poderes (legislativo, executivo e judiciário) que realizam esse processo permanente de controle. OBS - Sobre a hierarquia no âmbito do executivo e do judiciário: o juiz na sua seção é superior hierárquico de todos os serventuários da justiça; a hierarquia não se apresenta entre os membros desses poderes, mas se apresentam no gabinete de cada membro do poder legislativo e na seção judiciária de cada juiz. Ex: o juiz é chefe do analista judiciário. Quem exerce o título de chefia, tem a obrigação de dar ordens. O chefe pode dar qualquer ordem que esteja vinculada às atribuições do servidor, considerando o posto de trabalho que ele está. Nenhuma ordem pode ser desobedecida. A ordem impõe a você uma necessidade de sujeição (subordinação). A pessoa que está no título de chefe tem a prerrogativa de dar ordens, fiscalizar, ter um monitoramento da sua atividade, inclusive indicando metas de produtividade; tem, também, a prerrogativa de rever (aprecia algo que você realizou - se for lícito e a autoridade quer confirmar tal coisa: ela emite um ato de homologação quando se está de acordo com a lei; quando o ato está eivado de vício - sendo o vício insanável, quando ocorre desvio de função, haverá uma revogação; quando se é possível corrigir o ato eivado de vício - terá convalidação; quando se tem uma proposta inexequível - anulação). Cabe ao chefe, ainda, avocar e delegar, ou seja, transferir 1 1 Quando uma obra é orçada pelo Estado em 70x e uma empresa, por meio de licitação, a faz por x. Não poderá aceitar essa obra. competências. Na avocação, você transfere uma competência de terceiro a você, e na delegação, você transfere uma competência sua a alguém. Por meio de ato administrativo você pode fazer essa transferência, devendo especificar as atribuições, o terceiro, o prazo de tempo que funcionará e o motivo para isso. 2. Poder Disciplinar Todo servidor público, no ato de posse dele é informado de que ingressar no serviço público implica sujeição a determinado regime disciplinar, ou seja, existem deveres específicos que decorrem da sua posição de agente da administração pública. É informado, também, de que é ilícito violar essa disciplina, e sendo violada, implica em Processo Administrativo Disciplinar. Tem a prerrogativa de punir internamente quando o servidor não segue as regras impostas, ou seja, seus deveres. Se um servidor público realiza ato ou abstenção que colide contra o estatuto do servidor público, a autoridade que tomar ciência por ofício ou por meio de denúncia, tem a obrigação de abrir expediente para investigar e punir o servidor. Trata de apuração vinculada, que está relacionada ao controle da administração pública. A administraçãopública vai abrir a sindicância toda vez que for necessário verificar se realmente aconteceu ilícito e quais são os indícios de autoria para sustentar a abertura do Processo Administrativo Disciplinar. 3. Poder Regulamentar A administração pública toda dia se depara com leis que determinam expedientes baseados, muitas vezes, em uma carga que não comporta a atuação em concreto dos agentes públicos. Por exemplo, em 2002 foi criada uma lei que determinava que a administração pública fizesse licitação eletrônica. A lei não estabeleceu nenhum critério específico, só sendo feito isso anos depois por meio de decreto. O Poder Regulamentar diz respeito a prerrogativa de autoridades públicas expedir regulamentos, que tem como objetivo fixar o alcance das leis, indicando posições para que o Direito possa ser cumprido. O Poder Regulamentar tem a prerrogativa de expedir atos normativos de caráter geral complementar a lei, sendo uma função normativa da administração pública. Os meios pelos quais o Poder Regulamentar podem ser exercidos são os regulamentos, que podem ser expedidos pelo Presidente da República, Governador, Prefeito, Ministro, Secretário de Governo... São os regulamentos: decreto (apenas expedido pelo chefe do Poder Executivo), resolução, portaria e instrução normativa.
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