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Estresse e qualidade de vida:
O trabalho do jornalista no universo do jornalismo corporativo
Relatório escrito
O objetivo
Contribuir para o estudo sobre a qualidade do trabalho dos jornalistas diante das novas práticas político-econômicos e culturais, focalizando as problemáticas e o estudo dos sintomas de ordem física e psicológica na nova dinâmica da reestruturação produtiva.
Contexto:
Sociedade onde as máquinas cada vez mais substituem os homens e estes tem que se adaptar ao novo perfil que lhe é exigido, sendo a educação sua maior ferramenta de atualização e definidora do seu salário.
Nesse contexto, o estado com sua ideologia neoliberal vem para retirar e diminuir os direitos antes conquistados pelos trabalhadores, alterando as relações capital-trabalho, como a diminuição dos salários e criação de contratos de trabalho por tempo indeterminado que, estimulam o subemprego e o trabalho informal.
Surgem pessoas para tentar conciliar as relações entre o capital e o trabalho, mas alguns elementos têm sido invariantes, e de fato na era da globalização e do regime de acumulação flexível  o principal elemento invariante tem sido o papel crucial da inovação organizacional e tecnológica.
Harvey, também considera outros dois elementos invariantes: o capitalismo orientado para o crescimento e; a exploração do trabalho vivo. Ele também salienta que, o surgimento de novas tecnologias se dá em processo produtivos que retomam as estratégias de extração da mais-valia absoluta, através dos sistemas de trabalho doméstico, familiar e paternalista.
Práticas antigas vem passando por mudanças político-econômicas e culturais. Entretanto, Harvey considera que essas novas regras básicas de acumulação capitalista tem se mostrado mais como transformações superficiais do que como o uma sociedade pós-capitalista ou pós-industrial.
Portanto, não há exatamente uma mudança total, mas apenas uma reedição dos elementos existentes através de novas linguagens tanto econômicas, quanto produtivas e estéticas.
Qualidade de Vida no Trabalho (QVT)
Nos anos 50/60 acreditava-se que a busca por uma melhora na qualidade de vida no trabalho levaria a maior produtividade, mas acabou tomando direções opostas: enquanto QVT tem se encaminhado para a deterioração, a produtividade nunca esteve tão alta.
Moscovici, afirma que há um imenso descompasso entre progresso tecnológico e progresso social, em termos de qualidade de vida nas organizações modernas.
Definição de qualidade de vida no trabalho
Walton propõe a definição da QVT em oito fatores, certas mudanças têm influenciado cada um deles.
1 - Remuneração justa e adequada
2 - Oportunidade de crescimento na carreira
3 - Condições de trabalho
4 - Desenvolvimento de capacidades
5 - Equilíbrio entre vida e trabalho
6 - Integração social
7 - Relevância social do trabalho na vida
8 - Constitucionalismo
Mais trabalho na vida e a mesma remuneração
Numa tentativa de cortas custos, as empresas têm submetido os trabalhadores a downsizings, que seria a prática de poucos trabalhadores fazem o trabalho de muitos e também trabalhar muito mais horas por dia.
Isso vem sendo potencializado com o avanço das tecnologias. O surgimento dos notebooks, laptops, celulares e afins cada vez mais as pessoas têm levado trabalho para casa e acabando por trabalhar mais horas do que as determinadas no contrato e sem receber nenhuma remuneração a mais por isso.
Ambiente de trabalho seguro e saudável  e espaço total de vida
Os espaços de trabalho têm ficado cada vez menores, as empresas fazem isso para reduzir seus custos de instalação, mas isso compromete as condições de trabalho. Além disso com as novas tecnologias, o monitoramente da produtividade tem sido cada vez mais incisivo.
Isso tem levado a invasão das vidas pessoais dos executivos e essas excessiva carga de trabalho gera efeitos colaterais como olhos irritados, dores nos pescoço e nas costas e até lesões por esforços repetitivos.
Crescimento, confiança e integração social
Com a excessiva necessidade de as empresas contarem custos, os sucessivos downsizing têm posto em risco a estabilidade dos trabalhadores. A tendência é que não haja critérios pré-definidos de promoção, carreira e até mesmo de demissão, o que enfraquece  as relações de longo prazo entre trabalhador e empresa, reduzindo a confiança, lealdade e comprometimento mútuo.
Isso deixa bem claro que as empresas não são responsáveis pela vida profissional de seus funcionários.
As relações de subjetividade humana no trabalho, estão cada vez mais comprometidas, isso leva a exposição dos trabalhadores a situações por vezes humilhantes e constrangedoras 
As relações de subjetividade humana no trabalho, estão cada vez mais comprometidas, isso leva a exposição dos trabalhadores a situações por vezes humilhantes e constrangedoras, como abusos de autoridade e alta competitividade externa. Além de medidas voltadas somente para o aumento da produtividade e deixando de lado as questões relacionadas a QVT.
Quando a ênfase a produtividade levam a exclusão do sujeito, algumas situações como:
- Disseminação de práticas agressivas e naturalização do abuso de autoridade, o que leva a indiferença com relação ao sofrimento do outro.
- Desmotivação no trabalho.
- Danos a saúde física e mental.
- Sensação de inutilidade, junto com uma progressiva deterioração da identidade do profissional
O que é Estresse
Duas definições de estresse
(Selye) Estado manisfestado por um síndrome especifico, constituída toda alteração de forma desregulada produzidas num sistema biológico. 
(Lipp e Malagris) É uma reação do organismo. com componentes físicos e/ou psicológicos, causadas pelas alterações  psicofisiologicas que ocorrem quando uma pessoa se confronta com uma situação que, de alguma forma a irrite. amedronte, excite ou confunda, ou até mesmo que a faça feliz
Assim sendo, o estresse é uma reação do organismo diante de uma solicitação ou demanda excessiva, seja ela boa ou ruim.
A pesquisa
Os motivos dessa pesquisa se originaram da necessidade de se constatar as mudanças no ambiente de trabalho, frente as novas tecnologias, a interferência do estresse e a sua manifestação. Descobriram as características, as condições de trabalho e como eles reagem ao trabalho.
Algumas características convencionalmente consideradas subjetivas, como estrutura da personalidade e a realidade psíquica, foram igualmente consideradas de modo a configurar um compreensão mais precisa de suas diversas causas agora são tratadas como particularidades que estão presentes no dia a dia do jornalista.
Questionamentos:
A saúde dos jornalistas estão relacionadas com diversas causas que não somente a estrutura do trabalho. As alterações nos resultados são divido ao parâmetros usados serem ora a realidade psíquica ora social.
A pesquisa procura medir a produtividade dos jornalistas e seu desgaste de acordo com seu esforço e sua disposição. A pesquisa procura também relacionar o trabalho à vida pessoal dos entrevistados, como ele afeta suas relações amorosas, seu tempo, seu humor fora do ambiente de trabalho e seu lazer.
A pesquisa também analisa a evolução do trabalho e da carga horária no ramo do jornalismo, e sua transformação ao longo do tempo.
Método
Foram entrevistados com profundidade 44 jornalistas, 24 homens e 20 mulheres, entre 20 e 60 anos, escolhidos por amostragem intencional por conveniência, e das mais diversas áreas do jornalismo – profissionais da mídia impressa, rádio e TV.
Foi elaborado um questionário, com perguntas abertas e fechadas, contendo 27 questões referentes a informações pessoais, profissionais e à vida familiar. As perguntas tiveram por objetivo obter dados sobre local, carga horária, tipo de trabalho que desenvolvem, etc.
Foi elaborado também um roteiro de entrevista com três questões abertas sob forma de relato oral, no qual o profissional pode falar livremente sobre a sua formação profissional, trabalho e família.
Tambémfoi utilizado o “Manual do Inventário de Sintomas de Stress para adultos de Lipp”, que tem por objetivo avaliar se o sujeito tem ou não estresse, o tipo de sintoma (somático ou psicológico) e em que fase se encontra. Foi utilizado também o Inventário de Qualidade de Vida – IQV. Para verificar a presença de fontes externas de estresse foi utilizada a Escala de Reajustamento Social, Holmes e Rahe 1967.
Resultados
Para a esmagadora maioria dos entrevistados, falta tempo para dedicar-se à família ou vida afetiva. As longas jornadas de trabalho impostas a eles mantêm-os longe do(a) marido(esposa), dos(as) filhos(as), amigos, etc... eis um trecho que ilustra bem esta situação:
“O meu trabalho é que determina quanto tempo eu vou ter para a minha filha”
O resultado disto é um quadro de fracasso no quadro afetivo destas pessoas, e dificuldade para se livrar do estress do dia-a-dia.
No quadro social, a maioria dos jornalistas obtém bastante sucesso. A provável causa é o constante contato com diversas outras pessoas que a profissão propicia, e a habilidade social desenvolvida que a profissão exige do trabalhador. Esse constante contato permite que o jornalista sempre tenha as necessidades sociais(neste caso necessidades de interação com outros) satisfeitas e impede que se sinta sozinho ou isolado.
Por outro lado, muitos reclamam do sentimento de fracasso profissional que assola o ramo. “A valorização que nós tínhamos no início dos anos 70, ela não existe mais”, diz um entrevistado. Realmente, o trabalho da maioria dos jornalistas têm virado uma espécie de commodity, facilmente substituíveis, e isto têm causado um quadro de maus-tratos, remuneração abaixo do esperado, e por consequência níveis elevados de turnover(um dos entrevistados chegou a ter 8 empregos) e uma carreira relativamente curta(< 20 anos). Maioria sabe que única maneira de mudar esse quadro para si mesmo é sendo mais qualificado, obtendo certificados, diplomas e afins, mas a falta de tempo e dinheiro impede-os de buscar esse sonho e os mantêm presos à realidade onde se encontram.
Como dito anteriormente, a maioria leva uma carreira curta e turbulenta, e os dados mostram que realmente, o índice de turnover em jornalismo é muito grande. Em busca(muitas vezes frustrada)de melhores condições, o profissional pula de um emprego a outro, às vezes mudando até de função, como ilustra este exemplo: “Já fiz muita coisa. Comecei fazendo revista(...) Depois fiz revisão(...) Me tornei repórter(...) Saí e fui trabalhar no sindicato(...)”.
Os downsizings praticados na indústria resultou num acúmulo de funções do trabalhador. O profissional hoje é repórter, redator, editor, revisor, e até motorista. Isso é obvio pois cortar custos e pessoal é possível, mas não cortar funções e trabalho. Tudo isso sobrecarrega ainda mais o trabalhador, que gasta entre 41 a 60 horas semanais em média no trabalho.
O trabalho persegue o jornalista todo tempo, com a maioria dizendo que já foram contatados de alguma maneira(pager, celular, e-mail) nos dias de folga, feriados e afins com coisas relacionadas a trabalho. Isso dificulta a prática de qualquer outra atividade e contribui para o crescente stress.
Anos de exploração levou os profissionais a considerarem natural essa precarização das condições. Todos procuram soluções particulares e individuais, mas poucos acreditam em soluções coletivas como movimento sindical, pois acreditam (com razão) que a classe é por natureza desunida, egoísta e antiética. “Há ciúmes de um lado e intrigas do outro (...) Todo ambiente tem competição, arrogância e inveja (...) Ética? Não tem nenhuma” diz um entrevistado. A fraca coletividade leva a baixo poder de negociação frente às corporações e não há um avanço significativo nesse quadro.
Todos os fatores acima resultam num quadro de stress grave entre os profissionais de jornalismo, e este se manifesta de várias formas, físicas(olhos irritados, dores nos músculos ou juntas, lesões, etc) e psicológicas(apatia, depressão, irritabilidade, síndrome do pânico, etc).
Conclusão e soluções propostas
A globalização é um fenômeno real de dimensões extremamente abrangentes, e o seu impacto nas condições de trabalho do jornalista é significativo. A deterioração da qualidade de vida no trabalho está se tornando banal e os efeitos na mente e no corpo dos jornalistas pelo stress resultante é preocupante. Os profissionais buscam por si soluções adaptativas, mas descrêem na força coletiva. Apesar de tudo, amam o seu trabalho e não buscam outras carreiras na grande parte das vezes.
Uma sugestão para uma melhora neste quadro seria uma nova forma de organização do trabalho. A formação de pequenos núcleos de trabalho, onde os profissionais participantes possam achar estabilidade, lealdade, sinergia e identificação. Isso diminuiria a carga horária individual através de divisão de tarefas e amenizaria o ambiente de competição acirrada que diminui confiança entre os peers. Obviamente isso exigiria da parte das corporações algumas concessões, como contratação de mais funcionários e contratos mais favoráveis aos trabalhadores.
Para atingir isso, precisamos da segunda sugestão, que é o fortalescimento do coletivo através da crescente conscientização pelos formadores de opinião e figuras representativas (professores, acadêmicos, líderes sindicais). É preciso que se coloque na mente de cada membro da classe que a união representa maior força de negociação.

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