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LIVRO - O PLANETA AZUL INTRODUÇÃO Os oceanos vêm sendo estudados desde muito cedo na história da civilização humana, mas somente há poucas décadas começou-se a estudá-lo de forma mais abrangente. A pesquisa do ambiente marinho que antes era localizada e pontual, hoje, devido ao uso principalmente de satélites e computadores potentes, pouco a pouco está propiciando uma visão mais ampla do oceano e de como ele afeta os continentes, a atmosfera e, conseqüentemente, os seres vivos do planeta. Acredita-se atualmente existirem grandes relações causais entre diversos fenômenos naturais, que aparentemente não possuem qualquer ligação. É o caso, por exemplo, da descoberta recente do regime das precipitações pluviais da cidade de fortaleza (CE) estar relacionado com as variações das manchas solares e com as variações do nível do mar da cidade de São Francisco (EUA). A oceanografia está procurando contribuir de forma decisiva para o entendimento dos mecanismos que geram tais fenômenos. O futuro do planeta talvez não esteja com os verdes, mas com os azuis. Os oceanos estão sendo cada vez mais examinados também sob o ponto de vista dos recursos biológicos. A pesca é, indiscutivelmente, fonte importantíssima de proteína animal para a população humana. Em alguns países, como a Indonésia e o Japão, o consumo de proteína animal marinha suplanta o de proteína animal terrestre, embora em alguns casos como o Brasil, o mar contribui com apenas 5% de toda proteína animal consumida. Assim como acontece com as florestas tropicais, os cientistas apenas começam a pesquisar as possibilidades de extração de drogas ou substancias químicas de organismos marinhos. Já foram comprovadas ações antivirais, antibacterianas e antitumorais, além de ações farmacológicas como antiinflamatórias, neurotrópicas ou cardiotrópicas, entre outras. Há também fármacos de origem marinha, que podem ser usados no controle de pragas na agricultura. A água é importante fonte de recursos químicos, como, por exemplo, o sal de cozinha, o bromo, iodo, potássio, magnésio, manganês, além de grande número de elementos químicos. A água potável, obtida através da água do mar, é valioso recurso para regiões áridas do planeta. Além disso, talvez em futuro muito próximo, se consiga retirar da água do mar, elementos hoje raros e valiosos como o ouro, o urânio, a prata, o lítio, o estrôncio, o vanádio e o césio, entre outros. Pode-se também retirar do assoalho marinho diversos minérios, como o cobre, o cobalto, o níquel nódulos de manganês, além de areia e cascalho. O acumulo de petróleo e gás no fundo marinho já supre mais de 25% das necessidades mundiais (no Brasil 75% de sua produção petrolífera é retirada da margem continental). Com relação a energia, há projetos inovadores que utilizam as forças de marés, ondas ou diferenças de temperaturas da água. Segundo a definição de Magliocca (1987), a oceanografia é “o estudo dos oceanos, abrangendo e integrando todo conhecimento pertinente aos limites físicos do oceano, a química e a física da água do mar, a biologia marinha e a geologia das margens e do fundo dos oceanos”. Pode-se dizer também que a oceanografia é a aplicação de todas as ciências para entender o fenômeno dos oceanos; é considerada uma ciência multidisciplinar. Costuma-se dividir a oceanografia em quatro subáreas: Oceanografia geológica, química, física e biológica. OCEANOGRAFIA GEOLÓGICA A oceanografia geológica tem como objetivo principal o estudo das rochas e sedimentos do fundo oceânico. Este material é estudado para melhor compreensão da história evolutiva dos oceanos (através de organismos fosseis, sentido de magnetização e idade dos sedimentos) e para identificação das correntes oceânicas, que podem transportar sedimentos, de um lugar para outro. Do ponto de vista da pesquisa aplicada, o geólogo marinho pode estudar depósitos minerais potencialmente ricos. A oceanografia geológica estuda também o substrato oceânico com relação aos aspectos profundos da crosta (estrutura e propriedades físicas através de características magnéticas e gravitacionais). A geologia marinha é uma disciplina muito interativa com a química (geoquímica) e com a física (geofísica). As ferramentas-chave para o estudo do assoalho oceânico são os métodos acústicos, que utilizam equipamentos geralmente muito sofisticados. OCEANOGRAFIA QUÍMICA Do ponto de vista da oceanografia química, o oceano é uma solução diluída e complexa, de volume extremamente grande, na qual ocorre ampla variedade de reações químicas. O primeiro desafio do oceanógrafo químico é identificar os componentes orgânicos e inorgânicos da água do mar, além de medir precisamente suas concentrações. O segundo desafio segue, então, três rotas principais: como os componentes entram no fluido oceânico, ou seja, quais são as suas fontes; como os componentes permanecem dissolvidos na água, ou quais são as reações químicas que ocorrem; e, por último, para onde os componentes eventualmente vão e quais as taxas destes processos. Entender como o ambiente químico do mar tem sido afetado pelas atividades humanas é também um importante desafio. Os oceanógrafos químicos valem-se de amostragens e técnicas de analises sofisticadas, pois alguns elementos ou substancias podem estar na água do mar em baixíssimas concentrações. OCEANOGRAFIA FÍSICA A oceanografia física estuda o movimento da água (correntes, ondas e marés) tanto em pequena quanto em escala global. As propriedades físicas-chaves da água do mar são a temperatura e a densidade, que podem levar a movimentos verticais e horizontais das massas de água. Estuda também as interações do oceano com a atmosfera e a transmissão da luz e som na coluna da água. A física é a área que mais se preocupa com a previsão dos fenômenos oceanográficos. É a área de maior desenvolvimento tecnológico, pois, com freqüência, os pesquisadores necessitam de equipamentos eletrônicos muito sensíveis. OCEANOGRAFIA BIOLÓGICA O trabalho dos oceanógrafos biológicos talvez seja o mais complexo dentre os das demais ciências marinhas, por ter grande área de atuação. Este profissional pesquisa os organismos que habitam o meio marinho, sua distribuição, ciclos de vida e respostas ao ambiente; procura entender os modelos de adaptação dos organismos ao ambiente. Para demonstrar a importância da oceanografia biológica, basta dizer que a diversidade de espécies existentes nos oceanos é impressionante. O reino animal pode ser subdividido em 33 filos, dos quais 32 ocorrem no mar e 15 são exclusivamente marinhos. Estima-se que as profundezas oceânicas, muito pouco exploradas, talvez abriguem centenas de milhares de espécies ainda sem nome, sugerindo que podem ser tão ricas em termos de diversidade quanto as florestas tropicais. INTER-RELAÇÃO ENTRE AS ÁREAS Há grande intercambio entre todas as áreas. Ao receber energia da atmosfera, são gerados padrões de circulação nos oceanos, transportando as massas de água, com seu material dissolvido, de um lugar para o outro. A distribuição da vida marinha e produtividade são determinadas pela circulação oceânica e pelas propriedades físicas da água. Além disso, as formas de vida dependem das propriedades químicas do meio e também o afeta. Dos restos de vegetais e animais são formados alguns dos sedimentos e rochas sedimentares marinhas. A poluição marinha é um dos problemas relacionados com a oceanografia contemporânea. É uma questão de ordem multidisciplinar de natureza muito complexa, uma vez que, virtualmente, qualquer substância liberada na biosfera acaba sendo levada ao mar. Os estudos sobre poluição no ambiente marinho requerem oceanógrafos físicos para mapearem as correntes. Oceanógrafos geológicos atuam nesse tipo de estudo por causa das partículas carregadas em suspensão pelos rios, parteimportante de reações químicas (oceanografia química) que extraem poluentes da água, concentrando-os em sedimentos costeiros. Os oceanógrafos biológicos estudam como os poluentes alteram o ciclo de vida dos organismos marinhos. Existe grande atraso mundial na proteção dos ambientes marinhos. Os esforços de conservação estão defasados em aproximadamente duas décadas com relação à conservação dos ecossistemas terrestres. OCEANOGRAFIA NO BRASIL O Brasil assume papel relevante na pesquisa oceanográfica do oceano Atlântico Sul. Com um litoral de 7408 km, cerca de 40% das regiões costeiras, do Atlântico Sul, pertencem ao Brasil. O oceano Atlântico Sul tem grande importância, devido ao significante fluxo de calor entre a Antártida e a região equatorial, desempenhado papel crucial no sistema climático do planeta. No Brasil, por exemplo, existem indicações de que o fenômeno cíclico das secas do nordeste está associadas às anomalias de temperatura superficial das águas da região equatorial do oceano Atlântico. Além disso, existem alterações atmosféricas no hemisfério sul ainda pouco conhecidas, que influem no clima brasileiro, como é o caso do El Niño que ocorre na costa oeste da America do Sul. Este fenômeno possivelmente é importante fator causador de secas no nordeste e chuvas abundantes no sul do país. Do ponto de vista da economia pesqueira, o ecossistema pelágico do extremo sul do Brasil é o mais produtivo, cujas variações, porém, estão ligadas às oscilações geográficas da convergência subtropical do Atlântico Sul, determinantes da distribuição das águas subtropicais, subantárticas e costeiras, ainda pouco conhecidas. Em algumas áreas do litoral sudeste e sul, periodicamente ocorre um importante fenômeno denominado ressurgência, que imprime à região tropical, características subtropicais e temperadas com a chegada à superfície de uma massa de água fria e rica em nutrientes proveniente de águas profundas. Tal fenômeno provoca grandes perturbações hidrológicas e nas comunidades biológicas. Ainda não se consegue fazer a previsão deste fenômeno por fazerem parte dele diversos fatores abióticos não totalmente conhecidos. O Brasil assinou em 1982 e ratificou em 1988, a Convenções das Nações Unidas sobre o direito do Mar, estabelecendo a Zona Econômica exclusiva (ZEE). Nesta região, o pais tem direito de soberania quanto a exploração e gerenciamento dos recursos vivos e não vivos. Tal Convenção entrou em vigor no final de 1994. AZEE situa-se além das 12 milhas náuticas (cerca de 22 km) do Mar Territorial, estendendo- se até o limite de 200milhas (cerca de 370 km). No Brasil, essa área abrange cerca de 2,7 milhões de km2. Fig 1.2 Assim, uma das razões importantes para o desenvolvimento da oceanografia brasileira baseia-se no fato de que o país assumiu o compromisso de inventariar, catalogar e calcular a abundancia dos recursos vivos na ZEE. Além disso, para poder exercer jurisdição sobre os recursos não vivos do leito marinho terá que fazer a delimitação detalhada de sua margem continental e apresentar os resultados à Comissão de Limites das Nações Unidas. Sem estes levantamentos, o Brasil não poderá fixar um limite para sua exploração e, não poderá, portanto, determinar quais são os recursos excedentes. Isto é muito importante, pois a Convenção prevê que o país costeiro deve ceder a outros países, por meio de acordos, o acesso a estes recursos que sobram. Com sua extensão continental e grande área em contato com o mar, o Brasil deverá ampliar a médio e longo prazos a sua participação na pesquisa oceanográfica mundial, colaborando para o maior entendimento dos fenômenos não apenas locais, mas dos que regem o funcionamento do globo terrestre. HISTÓRICO DA OCEANOGRAFIA Precursores Pescadores e comerciantes provavelmente foram os primeiros investigadores do oceano. Representações de embarcações já aparecem em túmulos egípcios em 4000 a.C. embora se acredite que o comercio utilizando-se de embarcações seja bem mais antigo. Desde cerca de 2000 a.C. os Fenícios, considerados os primeiros marinheiros do mundo, já exploravam o mar Mediterrâneo e possivelmente até algumas regiões do oceano Atlântico (poderiam inclusive ter circunavegado a África, embora não haja comprovação científica de tal fato). Um dos primeiros estudiosos do ambiente marinho foi o grego Heródoto (495-428 a.C.). Ele já acreditava que a terra era redonda e conduziu diversos estudos sobre o mar Mediterrâneo, que auxiliaram os navegantes daquele tempo. O conhecido filósofo Aristóteles (384 – 322 a.C.), pupilo de Platão e tutor de Alexandre, O Grande, descreveu a estrutura e hábitos de 180 espécies de animais marinhos, mostrando como eles podiam ser agrupados, além de ter levantado questões sobre a origem das marés, das ondas e do sal encontrado na água do mar. Na Grécia antiga, enquanto comercializavam e guerreavam pelo Mediterrâneo, diversos gregos estudaram os muitos aspectos do ambiente marinho. Durante mais de mil anos obteve-se pouco avanço nos estudos do mar. Deste período, vale mencionar os Vikings, excelentes construtores de barcos e navegadores, que exploraram muito do Atlântico Norte, possivelmente chegando até a America, por volta do ano 900 d.C. Em 1417, o príncipe D. Henrique de Portugal fundou a Escola de Sagres, reunindo em Algarve sábios, cartógrafos, astrônomos e astrólogos. Esta escola talvez tenha existido muito mais no sentido filosófico da palavra do que num espaço físico real. De qualquer forma, nesta época em Portugal, formaram-se muitos cartógrafos, arquitetos navais e exploradores importantes como Cristovão Colombo e Vasco da Gama. Colombo, além de ser excelente navegador, estudava as correntes marinhas, meteorologia e ainda coletava a fauna e flora marinhas enquanto navegava; foi o descobridor do mar dos Sargaços, região no Atlântico Norte onde acumula grandes quantidades de algas assim denominadas. Um dos primeiros exploradores de real sucesso foi o velejador, astrônomo e matemático inglês, capitão James Cook. Em 1768, com o navio Endeavour, fez diversos estudos astronômicos no Pacífico Sul, considerada como a primeira expedição marítima de exploração científica. Foi o primeiro explorador a utilizar instrumentos para estabelecer acuradamente a sua posição geográfica. Mediu ventos, correntes, mapeou ilhas do Pacífico Sul, realizou sondagens de profundidade e obteve informações sobre os recifes de corais. Depois de sua terceira e última viagem (1776-1779), as linhas gerais dos oceanos tornara-se mais conhecidas e, embora tenha sido o primeiro homem a cruzar o Circulo Polar Antártico, não chegou até o continente gelado (este foi descoberto por Fabian Von Bellingshausen mais de 40 anos depois). Pelas valiosas informações obtidas através das suas observações, Cook é considerado um dos fundadores da Oceanografia. Fig 2.1 O norte-americano Benjamin Franklin, de grande atuação em varias áreas do conhecimento científico, também deu a sua contribuição para a oceanografia. Foi diretor geral dos Correios das Colônias, tendo se preocupado com o fato de que, para ir dos Estados Unidos à Europa, os navios moviam-se mais rapidamente do que em sentido inverso. Assim, estudando o problema e medindo sistematicamente a temperatura da água quando as embarcações cruzavam o Atlântico, foi o primeiro que plotou o curso da corrente do golfo em 1768. É considerado como um dos primeiros cientistas que se dedicaram ao estudo da oceanografia física descritiva. Fig 2.2 O alemão Alexander Von Humboldt fez uma viagem de cinco anos (1799-1804) a Cuba, México e a outros países da America latina, descrevendo a corrente fria do oceano pacífico que banha a America do Sul e hoje leva o seu nome. Este explorador é considerado como um dos maiores contribuidores científicos do período nasáreas da geografia, meteorologia e oceanografia. Entre 1831-1836ocorreu a viagem do HMS Beagle, na qual Charles Darwin coletou informações que o levaram a desenvolver sua revolucionaria teoria sobre a origem das espécies. Embora não possa ser considerada estritamente oceanográfica, foi muito importante como estimulo a novas explorações. Uma das conseqüências oceanográficas dessa viagem foi a descoberta por ele da origem dos atóis. Fig 2.3 Outro importante pesquisador foi o cientista inglês e professor de história natural, Edward Forbes (1815-1845), considerado o iniciador do campo da oceanografia biológica, embora tenha proposto algumas hipóteses logo após desmentidas como a de que abaixo dos 450 metros de profundidade não haveria mais vida. Thomas Huxley, amigo de Darwin, sugeriu também idéias interessantes sobre os oceanos. Juntamente com Forbes, gerou considerável interesse pelos oceanos, sendo ambos responsáveis por muitas expedições posteriores. Em 1842, Matthew F. Maury iniciou, a bordo de navios, grande coleta de dados sobre ventos, correntes e temperaturas. Com esse material, produziu, em 1855, o primeiro atlas das condições do mar e direção dos ventos, denominado The Physical geography of the sea, considerado por muitos como o primeiro livro-texto em oceanografia. Maury é considerado o pai da oceanografia moderna. Diversas expedições oceanográficas ocorreram entre 1850-1870, mas a pesquisa mais importante do mar profundo foi iniciada com a expedição britânica do navio HMS Challenger (1872-1876). O navio, com 243 tripulantes e 6 cientistas, cobriu cerca de 60.000milhas náuticas (cerca de 112.000 km), realizando 492 medidas de profundidade, 133 dragagens e 362 estações oceanográficas. Nestas, coletaram-se dados climáticos, correntes temperaturas e composição da água, organismos (4.417 espécies novas) e sedimentos do assoalho marinho. Essa expedição encontrou ainda uma fossa submarina com 8.190 metros de profundidade na região das ilhas marianas, hoje conhecida como fossa de Challenger. De todas essas informações produziram-se 29.500 páginas de trabalhos científicos (50 volumes), que levaram 23 anos para se completar. Fig 2.4 A expedição do Challenger trouxe milhares de contribuições para diversas ciências como oceanografia, meteorologia, geologia, botânica, zoologia e geografia. Ainda hoje são considerados os dados coletados por essa expedições em estudos de oceanografia. Século XX Sem dúvida devido ao sucesso da expedição do Challenger, muitas outras foram feitas, e criadas instituições para o estudo dos oceanos. Já no século XX, uma expedição em particular deve ser citada: a viagem do navio alemão Meteor (1925-1927) realizada para refinar o conhecimento da circulação oceânica no Atlântico Sul. Nesta expedição se fez medidas ao longo de 14 transversais America de Sul- África durante 25 meses, utilizando-se um ecossonar eletrônico (inventado em 1921) e obtendo-se mais de 7.000 leituras de profundidade. A partir daí, a oceanografia foi realmente aceita e se firma como ciência. Na década de 50, a oceanografia progrediu muito, principalmente devido a Segunda Guerra Mundial, quando foram desenvolvidos diversos equipamentos para a utilização na guerra e que puderam ser aperfeiçoados e utilizados na pesquisa oceanográfica. Depois da viagem do submarino nuclear Nautilus sob o Pólo Norte em 1958, e do mergulho do batiscafo Trieste a 10.850 metros em 1960, constatou-se que todas as partes dos oceanos poderiam ser exploradas. O engenheiro Auguste Piccard, que projetou o primeiro balão de exploração da estratosfera, projetou também, no inicio de 1950, os primeiros batiscafos. Assim surgiram sucessivamente o FNRS2, o FNRS3, e o Trieste, atualmente desativados. Seus sucessores aperfeiçoados são hoje muito utilizados no estudo da vida marinhas das profundezas, na procura de riquezas no fundo oceânico como nódulos metálicos ou mesmo na busca de restos de naufrágios, como o do Titanic. Em 1957/1958 ocorreu o Ano Geofísico Internacional, quando delimitaram-se propostas de pesquisas em basicamente três temas: utilização das grandes profundidades para a eliminação de resíduos radioativos; estudos sobre o potencial oceânico de proteínas para sustentar a população mundial e o papel dos oceanos nas mudanças do clima. As pesquisas realizadas nas décadas 60 e 70 foram designadas como a Década Internacional de Exploração dos Oceanos. Nos anos 80, os principais conhecimentos dos oceanos ocorreram devido aos satélites, que permitiram a rápida obtenção de grandes quantidades de informações oceanográficas globais ou localizadas. Atualmente, a crescente consciência a nível internacional, da importância dos oceanos, tem gerado grandes programas internacionais que procuram responder perguntas de qual é o papel do transporte do calor pelo oceano no balanço térmico terrestre, o fenômeno do El Niño, o papel dos oceanos na absorção de gás carbono atmosférico e no controle do efeito estufa e a influencia dos processos biológicos oceânicos nos processos de escala global no planeta. Brasil Logo após a descoberta do Brasil, seu território já começou a ser representado em cartas náuticas ou constou de postulados (espécie de roteiro náutico) que permitiram aos colonizadores retornarem aos locais desejados da costa. Assim, pode- se afirmar que a oceanografia brasileira iniciou-se com a cartografia náutica. Em 1500 já aparecia a representação de um trecho do litoral brasileiro em desenho de Juan de La Cosa; 2 anos depois, o país aparecia representado no planisfério de Cantino e, em 1508 o roteiro de Duarte Pacheco Pereira trazia valiosas informações sobre a costa brasileira. As primeiras pesquisas sobre organismos marinhos iniciaram-se por volta da primeira metade do século XIX, principalmente através de naturalistas europeus que aqui chegavam para estudar e coletar animais e vegetais para os museus de seus países de origem. O primeiro estudo importante das costas brasileiras ocorreu em 1857, quando a marinha fez um levantamento hidrográfico entre a foz do rio Mossoró(RN) e a foz do rio São Francisco (AL/SE). Este trabalho foi feito pelo capitão-de-fragata Manuel Antonio Vital de Oliveira, morto depois durante a guerra do Paraguai e hoje considerado patrono da hidrografia brasileira. A institucionalização de um serviço hidrográfico no país data de 1876, quando foi criada a Repartição da Carta Marítima, hoje Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha (DHN). A pesquisa oceanográfica acadêmica, originou-se com o pesquisador francês Wladimir Besnard (1890-1960), convidado pelo governo do estado de São Paulo para organizar o Instituto Paulista de Oceanografia sendo então a primeira instituição nacional dedicada à investigação dos recursos vivos, minerais e energéticos do mar brasileiro. Em 1950, foi publicado pelo Instituto recém criado, o primeiro periódico nacional na área da oceanografia. Em 1951, o Instituto Paulista de Oceanografia foi incorporado à Universidade de são Paulo (USP), recebendo o nome de Instituto Oceanográfico. Dois anos após, foi contratado pelo Instituto, o islandês Ingvar Emilsson, considerado o primeiro oceanógrafo físico acadêmico brasileiro. Em 1967, chegou ao Brasil o navio oceanográfico da USP Professor Wladimir Besnard, construído na Noruega. Outro importante personagem que contribuiu para o desenvolvimento da oceanografia nacional foi o almirante Paulo Moreira da Silva, que transformou o navio-escola Almirante Saldanha no primeiro navio oceanográfico brasileiro, em 1964. No dia 5 de janeiro de 19836, o Brasil chegou pela primeira vez na Antártida a bordo do navio oceanográfico Professor W.Besnard e com o navio de apoio oceanográfico Barão de Teffé, primeiro navio polar brasileiro pertencente à Marinha. O objetivo principal dessaprimeira viagem foi iniciar o cumprimento das condições estipuladas pelo tratado da Antártida de 1959, para que o Brasil passasse da posição de país aderente, a membro ativo da comunidade Antártida, com direito a voz e voto.neste tratado estabeleceu-se que nenhum país se tornaria proprietário do lugar. Em 1991, uma clausula a este tratado designou a região como “Reserva natural e Patrimônio da Humanidade” destinada à paz e à ciência por 50 anos. Em 1998 começou a vigorar um acordo de proteção ambiental que proíbe por também 50 anos, a exploração das reservas minerais deste continente. A estação brasileira, fundada em fevereiro de 1984, foi denominada Comandante Ferraz em homenagem ao já falecido comandante da marinha, Luiz Antonio de Carvalho Ferraz, que teve um importante papel no desenvolvimento do PROANTAR (programa Antártico Brasileiro). Ela foi instalada na baía do Almirantado, junto à ilha Rei George, próxima à península Antártida aos 62°05’ de latitude sul. A Comissão Interministerial para Recursos do Mar (CIRM) criou a subcomissão PROANTAR com representantes de varias entidades. Ela elaborou o Programa, baseado em projetos recebidos de varias instituições. TÉCNICAS DE ESTUDO E EQUIPAMENTOS OCEANOGRÁFICOS Os instrumentos oceanográficos são meios para se ver, tocar e amostrar os oceanos. Sem tais equipamentos, muito pouco ter-se-ia aprendido sobre o ambiente marinho. A obtenção de informações sobre o meio ambiente marinho consiste, na maior parte das vezes, em ir a campo, geralmente em um navio oceanográfico e proceder as medidas e /ou coletas. Isso envolve grande quantidade de equipamentos, de forma a obter medidas in situ. Muitas vezes as amostras são coletadas e analisadas em laboratórios da própria embarcação, de bases situadas no litoral ou da própria instituição de pesquisa. Muitos dados oceanográficos podem também ser obtidos através de satélites, com a grande vantagem de, com estes, poder-se amostrar grandes áreas em pouco tempo. NAVIO OCEANOGRÁFICO Pode-se dizer que o navio é o instrumento oceanográfico mais importante. Sem ele os oceanógrafos não têm uma plataforma para carregar e utilizar seus instrumentos no mar. Embarcações de pesquisa podem variar muito de tamanho: de grandes navios transoceânicos até pequenas embarcações oceanográficas para uso em regiões costeiras. O Brasil, atualmente, conta com dois navios oceanográficos pertencentes a duas instituições de pesquisa: a USP (Universidade de São Paulo) com o nome de Professor Wladimir Besnard e a FURG (Fundação Universidade do Rio Grande) com o nome de Atlântico Sul. Existem ainda alguns navios de pesquisa da Marinha, como o Almirante Saldanha, o mais antigo navio oceanográfico brasileiro. Embora não estritamente um navio oceanográfico, em 1982 a Marinha adquiriu o primeiro navio polar do Brasil, o Barão de Teffé, que permitiu a realização da primeira operação na Antártida no verão de 1982/1983. SATÉLITE A grande vantagem do uso de satélites é o fato de se poder amostrar grandes áreas em um tempo muito curto: 2 milhões de km2 em apenas 2 minutos, coisa que um navio demoraria 11 anos se navegasse a 20 km/h. Os satélites de pesquisa estão sendo continuamente aplicados em conjunto com uma vasta organização de meios processadores e interpretadores de informações, envolvendo desde microcomputadores até analisadores automáticos de imagem. Os satélites dispõem de sensores capazes de obter medidas relativas a topografia da superfície do assoalho oceânico, correntes marinhas, temperatura da água, distribuição das camadas de gelo, os movimentos das marés, produtividades biológicas e dados meteorológicos. As potencialidades do uso de satélites em oceanografia foram primeiramente demonstradas em 1978, quando a NASA (EUA) lançou o SEASAT-A em missão de 105 dias, na qual importante informações foram obtidas dos oceanos. Atualmente dispõe-se de diversos satélites à serviço da oceanografia, entre eles o NOAA, o LANDSAT, o GOES, o DMSP e o NIMBUS. Em fevereiro de 1993 foi lançado o primeiro satélite brasileiro, o SCD1 programado para durar apenas 1 ano, foi desenvolvido para transmitir dados sobre as condições ambientais terrestres e oceânicas. Além do fornecimento de imagens, os satélites podem prover dados do oceano através da telemetria (medições à distancia), utilizando transmissores eletrônicos instalados no mar. Estes transmissores podem ser fixados ou instalados em bóias oceanográficas de deriva, que transformam medidas de velocidade e de direção de correntes, temperatura e outras informações, em sinais eletrônicos de alta freqüência, enviando-os ao satélite, que retransmitem às estações receptoras em terra. Fig 19.2 OCEANOGRAFIA GEOLÓGICA Podemos separar as técnicas de estudo da oceanografia geológica em duas: os métodos diretos ou aqueles baseados na obtenção de amostras in situ e os métodos indiretos, ou baseados na detecção da propagação das propriedades físicas da crosta. Métodos Diretos Para se coletar os sedimentos do assoalho marinho existem basicamente três tipos de instrumentos: pegadores de fundo, testemunhadores de tubo e dragas. Há grande variedade de pegadores de fundo, também chamados de amostradores de mandíbula, mas o seu funcionamento geral é mais ou menos o mesmo: o pegador é abaixado verticalmente de uma embarcação parada e coleta amostras do sedimento de até cerca de 15 centímetros, dependendo do tipo de fundo;cobre geralmente uma área de 0,1 a 0,2 metros quadrados. Após as coleta é suspenso fechado de volta à embarcação. Fig 19.3 Os testemunhadores de tubo amostram seções verticais do sedimento. O mais simples é chamado de testemunhador de tubo por gravidade, penetrando de 1,8 até 3 metros, conforme o tipo de sedimento. O testemunhador de tubo a pistão reduz a fricção utilizando-se da pressão hidrostática, podendo penetrar até mais de 20 metros no substrato. Fig 19.4 As dragas possuem uma borda pesada de metal e seu corpo é geralmente constituído por correntes ou por tecidos muito resistentes. São arrastadas por uma embarcação, coletando principalmente rochas e grandes detritos. Métodos Indiretos A ecossondagem é um método indireto que fornece o perfil ao longo de uma extensão do fundo e tem como princípio a emissão de um pulso sonoro e recepção do eco proveniente da reflexão do assoalho oceânico. As freqüências do pulso sonoro podem variar de dois quilohertz, quando ocorre uma penetração maior no substrato, a até 400kHtz, quando se obtém grande detalhamento da superfície do assoalho marinho. Da integração de vários perfis se constroem as cartas batimétricas. Fig 19.6 Para a observação de configurações topográficas do fundo marinho utiliza-se um sonar de varredura, no qual o pulso sonoro é emitido pelos dois lados do transmissor, cobrindo faixas que podem variar de 200 a 1.000 metros de largura. O método indireto de maior aplicação na pesquisa geológica é o da refração sísmica, principalmente em trabalhos de prospecção. O método baseia-se na geração e detecção de ondas acústicas refletidas em camadas de diferentes impedâncias acústicas (produto da densidade do substrato pela velocidade de propagação da onda). A fonte sonora pode ser a explosão de dinamite, ar comprimido, descarga elétrica ou vibração de uma mola. Para pesquisas de estruturas profundas e obtenção de dados de velocidade sísmica utiliza-se o método da refração sísmica, baseado na Lei de Snell (refração das ondas luminosas e sonoras), que analisa o caminho da energia ao longo das varias camadas subsuperficiais. Fig 19.7 e 19.8 Existem ainda dois métodos importantes, apesar de menos utilizados na pesquisa geológica: a magnetometria e a gravimetria. Estes não necessitam a geração ou recepção de sinal; medem as variações do campo magnético egravitacional. O magnetômetro, conduzido por navio ou avião, fornece a composição das rochas das partes superiores da crosta. O gravímetro, constituído de um sistema de pêndulos utilizados abaixo da superfície oceânica, é utilizado para a interpretação de grandes configurações estruturais do fundo oceânico. OCEANOGRAFIA QUÍMICA Para estudar a água do mar, principal objeto de estudo da oceanografia química, são necessárias a obtenção de amostras e o desenvolvimento de técnicas de análises sofisticadas, pois alguns elementos químicos ou substâncias podem estar dissolvidos na água do mar em baixíssimas concentrações. Coleta de Água Amostras de água são necessárias em muitos estudos, principalmente na oceanografia química, mas também na oceanografia física e na oceanografia biológica. Para se obter amostras de águas, utilizam-se as garrafas de coleta, sendo a mais conhecida a Garrafa de Nansen. Esta é abaixada por um cabo resistente até atingir a profundidade desejada, lança-se, então, uma peça de metal relativamente pesada e ligada ao cabo denominada de mensageiro, que desliza pelo cabo até alcançar a garrafa na profundidade de coleta e acionar um dispositivo que permite o fechamento da mesma e o aprisionamento da porção de água que será posteriormente analisada. Na garrafa é também acoplada termômetros especiais capazes de fixar a temperatura da profundidade da água coletada. Salinidade Para se determinar a salinidade da água do mar, o primeiro método imaginado seria o de se evaporar toda a água e pesar os sais que restassem. Na pratica, este método mostra-se inviável devido a muitos problemas metodológicos, mas, existem diversos métodos usados para se determinar efetivamente a salinidade, onde os mais comuns são o de Knudsen, o baseado na condutividade elétrica, na densidade e no índice de refração. O método de Knudsen, é o um método químico em que se mede a quantidade de cloro (clorinidade) presente em uma determinada amostra de água. Uma vez obtida a clorinidade, pode-se calcular a salinidade multiplicando a mesma por uma constante equivalente a 1,8065. Assim, a salinidade pode ser obtida utilizando-se de uma simples fórmula matemática empírica (S‰ = 1,8065 x clorinidade). A grande vantagem do método é a simplicidade da técnica analítica utilizada e da boa precisão alcançada de ± 0,02. O método baseado na condutividade elétrica é o mais utilizado atualmente, pois em laboratório fornece grande precisão ( ± 0,003). Utiliza-se de salinômetro em laboratório e de termossalinômetros quando em campo, onde no mesmo aparelho se obtêm, além da condutividade, a temperatura e a salinidade. Os termossalinômetros apresentam um sensor disposto na ponta de um cabo e é baixado até a profundidade que se deseja medir tais parâmetros, sendo, portanto, um método muito prático para as mensurações da água quando em campo. O método que mede a densidade da água do mar, o faz através de densímetros com diferentes precisões e utilização de tabelas para correção, conforme a temperatura da água. Estes densímetros são recipientes de vidro lacrados, que possuem uma escala que fornece diretamente a salinidade da água. O princípio é simples: ao ser colocado na superfície da água, se o densímetro afundar mais, significa que a água é menos densa e, portanto menos salgada; se flutua mais, a água é mais densa e, portanto de maior salinidade. A pequena desvantagem do método é a necessidade de se obter um volume de água necessário para que o densímetro flutue livremente. A medida de salinidade através do índice de refração é um método muito usado pelos oceanógrafos, que necessitam de grandes precisões (± 0,5). O índice de refração é obtido utilizando-se refratômetros manuais, que medem o desvio da luz ao passar por uma fina camada de água. Quanto maior o desvio, maior a salinidade da amostra. Os melhores refratômetros são aqueles termocompensados, que não precisão ser calibrados a cada medição, conforme a temperatura da água. OCEANOGRAFIA FÍSICA Esta é a área da oceanografia onde se encontra a o maior desenvolvimento tecnológico. Freqüentemente se tem estudado em escala global os movimentos da água, necessitando-se para isso, da analise de grandes quantidades de dados em pouco tempo, já que tais fenômenos são bastante dinâmicos. Além disso, em diversos estudos do ambiente, utilizam-se equipamentos eletrônicos muito sensíveis. Temperatura A temperatura, na oceanografia física, provavelmente é o parâmetro mais importante a ser medido, pois juntamente com a salinidade determinará a densidade e, assim, os padrões de circulação oceânicos, além de caracterizar as massas de água. Para a oceanografia biológica, a temperatura também é um parâmetro muito importante por influir na distribuição e comportamento dos organismos marinhos. A necessidade de precisão nas medidas, porém, é muito menor do que a exigida pela oceanografia física: um simples termômetro de álcool pode caracterizar o ambiente do ponto de vista biológico. Por muitas décadas, termômetros precisos de mercúrio, acoplados a garrafa de coleta d’água mediam com boa precisão a temperatura da água. Atualmente, embora menos usual no Brasil devido a problemas de disponibilidade e custo do equipamento, a medição é feita na coluna d’água, através de um conjunto de sensores de registro contínuo denominado CTD que é lançado da embarcação. O batitermógrafo ou simplesmente BT é um equipamento muito utilizado, que baixado por um cabo, mede continuamente a temperatura. Seu funcionamento baseia- se na existência, em seu interior, de um líquido termométrico que ao alterar seu volume em função das diferenças de temperatura, move um estilete sobre uma pequena lâmina de vidro esfumaçada. Este aparelho fornece também a profundidade. Fig 19.10 Luz Um equipamento muito simples para obter-se informações relacionadas à luz no ambiente aquático é o disco de Secchi, composto de um disco branco com cerca de 30 cm de diâmetro que é baixado por um cabo graduado até uma profundidade limite para a sua visualização. Quando o disco “some” se registra pelo cabo graduado a profundidade em que isso ocorreu. Essa profundidade limite pede ser usada para se estimar, através de equações ou tabelas especiais, a quantidade de luz que chega às várias camadas da coluna d’água. Fig 19.11 O disco de Secchi pode também ser usado como um padrão branco, para a descrição da cor da água, quando comparado com uma tabela de cores como a de Forel-Ule, uma das mais usadas na oceanografia. Tal analise fornece uma das caracterizações importantes do ambiente marinho, pois a cor da água do mar pode indicar o tipo de material em suspensão ou organismos além das suas concentrações de cores. Correntes marinhas Um equipamento muito importante para a oceanografia física é aquele que mede as movimentações horizontais da água. Os correntômetros ou correntógrafos, além de medirem a velocidade das correntes em qualquer profundidade, medem também sua direção, pois contém uma bússola em seu interior. Estes equipamentos são baixados na coluna d’1agua através de um cabo e enviam os dados coletados diretamente ao navio ou armazenam as informações em seu interior para que sejam lidos após serem içados. Outro método utilizado para medir as correntes superficiais usa os chamados corpos de deriva, ou seja, objetos que flutuam (uma simples garrafa de vidro). Estes são soltos em grande quantidade em alguma região oceânica e, posteriormente, recolhidos quando chegam às praias. Esse procedimento permite estimar a velocidade e direção das correntes na área estudada. Geralmente é colocada uma mensagem dentro das garrafas, visando à pessoa que a encontrar ter condições de entrar em contato com a instituição de pesquisa realizadora do estudo, informando o local e o diaem que foi achada. Maré Para se registrar a altura da maré em determinado ponto, usa-se um equipamento denominado marégrafo. O modelo mais utilizado é o marégrafo de flutuador. Fig 19.13 Este sistema é fixo, composto de um flutuador que se movimenta dentro de um tubo vertical submerso; o movimento do flutuador é transmitido através de engrenagens para uma pena que registra este movimento em um tambor, o qual, por sua vez, se movimenta através de um mecanismo de relojoaria; a curva obtida para cada dia é chamada de curva de maré ou maregrama. Existem outros tipos de marégrafos mais modernos, capazes de registra as alterações no nível do mar a partir do leito oceânico; possuem sensores de pressão que medem a altura da coluna d’água. OCEANOGRAFIA BIOLÓGICA Como a oceanografia biológica estuda os seres vivos, as ferramentas-chave são equipamentos relacionados à captura de organismos marinho, que podem variar de bactérias aos grandes cetáceos. Os tipos de equipamentos variam, portanto, em grande extensão. Plâncton Os organismos planctônicos são geralmente coletados com o auxilio de uma rede de plâncton. Existem diversos tipos, variando em forma, tamanho e malhagem. Fig 19.14 As mais comum têm a forma cônica, com um aro metálico fixo na extremidade mais larga (entrada da rede) e um copo coletor na outra extremidade; é no copo coletor que os organismos ficarão retidos. Para a coleta do fitoplâncton, a rede possui malhagem que varia entre 30 e 60 micrometros. Já para a coleta do zooplâncton, o tamanho de malha é maior, geralmente entre 100 a 300 micrometros. O tamanho de malha depende do tipo de animal que se deseja capturar e da quantidade de detritos em suspensão existentes na coluna d’água: se estes forem muitos e a malhagem pequena, pode haver colmatação ou entupimento dos poros da rede impedindo, assim, a boa filtração. A rede, de forma geral, é arrastada horizontalmente com o auxilio de uma embarcação, embora possa também ser movimentada verticalmente para amostrar a coluna d’água. Quando se necessita amostrar o plâncton quantitativamente, pode-se utilizar um equipamento chamado de flow-meter ou medidor de fluxo, que quantifica o volume de água que entrou na rede. Produção primária A medida da produção primária pode ser obtida considerando-se a taxa de consumo de gás carbônico ou de produção de oxigênio de uma amostra de água. O método clássico utilizado é chamado de método das garrafas claras e escuras. Nele, duas garrafas idênticas são empregadas, sendo uma delas completamente transparente, enquanto a outra totalmente escura. As duas garrafas devem ter o mesmo volume de água do mar, obtido do local onde se deseja estimar a produtividade. A água, desta forma, contém todos os organismos planctônicos existentes no local da coleta. O oxigênio é determinado para se conhecer a sua concentração inicial. Posteriormente, as garrafas são postas em quarentenas para encubar, em seu próprio meio ou em incubadoras. Após determinado período de tempo, o teor de oxigênio das garrafas é novamente medido, geralmente pelo método de Winkler (método químico que usa a titulação com nitrato de prata). Os organismos fotossintetizantes da garrafa escura não fizeram a fotossíntese; tanto os animais quanto os vegetais respiraram o oxigênio disponível quando da coleta da água. E, assim, a concentração do gás diminuiu. Na garrafa clara houve a fotossíntese e a conseqüente produção de oxigênio, além, é claro do consumo pela respiração. Se for descontado o oxigênio usado na respiração ( conteúdo da garrafa clara menos o conteúdo da garrafa escura)ter-se-á a produção de oxigênio pela fotossíntese e, dessa forma, através de uma equação simples, chegar-se-á ao valor da produção primária para aquele período e local de coleta. O segundo método utilizado, geralmente preferido para se medir a produção primária, é o do carbono-14. Neste método, o carbono radioativo é introduzido em uma garrafa contendo uma amostra da água do mar. O carbono é introduzido na forma de bicarbonato. A garrafa também fica um período de tampo incubada e no final deste período, a água é filtrada em uma fina membrana (Millipore) para se coletar todos os organismos presentes. Posteriormente os filtros são secos e a quantidade de radioatividade neles presente é medida com um contador Geiger. A quantidade de carbono-14 que aparece no filtro, comparada à quantidade inicial, é a medida da taxa de produtividade, pois o Carbono-14 foi fixado em compostos orgânicos nos tecidos vegetais e animais presentes na amostra. ORIGEM DA TERRA, DA ATMOSFERA E DOS OCEANOS ORIGEM DA TERRA No inicio de sua formação, o sistema solar era um anel rotatório de gás e poeira. Em determinado instante, começou a haver um colapso deste anel formando-se, em sua porção central, uma estrela que se conhece hoje como Sol, que se aqueceu muito. A partir daí, reações nucleares auto-sustentáveis mantiveram o calor do Sol, embora outras regiões externas do anel rotatório começassem a esfriar. Os gases e poeira desta região começaram a colidir e a interagir quimicamente. Tal fato propiciou a formação de partículas de matéria que foram crescendo, tornando-se grandes a ponto de terem gravidade necessária para atraírem mais partículas. Depois de milhões de anos, o Sol era orbitado por 09 planetas, originando o sistema solar. Tal hipótese, conhecida como NEBULAR, parece explicar bem a origem do sistema solar, apesar de ainda gerar controvérsias, não tanto pela idéia geral, mas com relação aos mecanismos que explicam cada etapa da formação dos planetas. ORIGEM DA ATMOSFERA E DOS OCEANOS A idade da terra é estimada em cerca de 4,6 bilhões de anos, mas a rocha mais antiga aqui encontrada tem cerca de 3,5 bilhões de anos. Ora, sabendo-se que o sistema solar tem cerca de 1,1 bilhões de anos a mais do que essa rocha - os meteoritos, que caem na superfície do planeta, comprovam essa idade – como explicar a ausência de rochas mais antigas? Há ainda outra grande indagação: a proporção dos constituintes da atmosfera terrestre são diferentes do esperado; o nosso planeta deveria possuir 1 milhão de vezes mais gases nobres como neônio, argônio e criptônio que os existentes atualmente. A atmosfera e a superfície da Terra são diferentes das existentes à época de sua formação. A única explicação possível para tal fato é que deve ter havido uma enorme catástrofe. Não somente o planeta perdeu todas as rochas que existiam em sua superfície nos seus primeiros 1,1 bilhões de anos como, mas, também, toda a atmosfera primitiva. De fato, no início de sua formação, o planeta foi se aquecendo até seu interior atingir o ponto de fusão do ferro e do níquel. O material do interior moveu-se para cima, espalhando-se pela superfície, resfriando-se e se solidificando. Fusões e solidificações provavelmente ocorreram repetidamente, separando os compostos mais leves (como o quartzo, que é o mineral mais abundante da superfície terrestre) dos mais densos (como o ferro e o níquel), que migraram para o centro do planeta; a Terra emergiu desse período completamente reorganizado. Essa catástrofe, chamada de fenômeno da diferenciação, fez também com que a atmosfera primitiva escapasse do planeta em formação, devido ao excessivo calor gerado pelas reações nucleares. A superfície terrestre e a atmosfera atual são resultantes desse aquecimento e reorganização. Os materiais voláteis do interior do planeta escaparam para o espaço, até chegar o momento em que esses gases começaram a se acumular na atmosfera em uma taxa maior que a sua perda. A segunda atmosfera começou a aumentar e, a partir de certo instante, os gases que escapavam em quantidade significante eram apenas os mais leves, como o hidrogênio e o hélio. A contínua perda desses gases resultou emquantidades relativas cada vez maiores de outros gases um pouco mais pesados, como vapor de água, nitrogênio e gás carbônico. À época, não havia ainda o oxigênio livre na atmosfera, pois qualquer molécula deste elemento ter-se-ia combinado com minerais da crosta, não se acumulando na atmosfera até a chegada dos primeiros seres fotossintetizantes, centenas de milhões de anos depois. Devido à alta temperatura do planeta, a nova atmosfera também permanecia aquecida, evitando uma possível condensação do vapor de água. Tal fato ocorreu até o momento em que a temperatura média da Terra permitiu que a água retornasse na forma liquida, indo acumular-se nas depressões. Desde a formação dos oceanos, a atmosfera continuou a se alterar; muito do gás carbônico dissolveu-se na água liquida, sendo que hoje, 99% da quantidade desse gás existente no planeta encontra-se nos oceanos. COMPARAÇÃO COM OUTROS PLANETAS A Terra é diferente dos demais planetas do sistema solar devido principalmente ao seu tamanho. A radiação nuclear existente no interior do planeta é causada principalmente por três elementos químicos: o potássio, o urânio e o tório (usualmente chamado pelos seus símbolos químicos, ou seja, KUTh). Assim, o aquecimento do interior do planeta é função da quantidade de KUTh, isto é, do tamanho do planeta. Se a Terra tivesse grande dimensão, haveria maior quantidade de KUTh que a aqueceria por muito tempo e a água seria retirada totalmente dos minerais, impedindo sua captura pela atmosfera; a água escaparia com os gases nobres da primeira atmosfera. Quando o ferro e o níquel se fundissem, o núcleo do planeta se formaria em seu interior, mas a superfície tornar-se-ia completamente seca porque não haveria mais água disponível a ser expelida para formar um oceano. Ao contrário, se a Terra tivesse proporções menores, não se aqueceria suficientemente para que ocorresse o fenômeno da diferenciação. Assim, basicamente por causa de seu tamanho, o planeta possui mais de 70% de sua superfície recoberta de água, e, provavelmente devido a isso, a vida pôde surgir. INTERIOR E SUPERFÍCIE DA TERRA O interior da Terra A grande massa continental formada principalmente por rochas graníticas, contém alta quantidade de silicatos de alumínio e magnésio; quartzo e feldspato são seus principais componentes minerais. A crosta abaixo dos oceanos é basáltica, rica em ferro e magnésio, possuindo menor teor em sílica que a granítica. A crosta continental tem densidade de 2,8 gramas por centímetro cúbico (g/cm3), sendo sua espessura média de 55 km; já a crosta oceânica é muito mais fina, com 10 km em média de espessura, porém é mais pesada, com densidade de 3,0 g/cm3. Imediatamente abaixo da crosta continental e oceânica, encontra-se a camada superior do manto. No limite entre a crosta e o manto encontra-se uma região na qual ocorre rápida mudança na composição química e na velocidade de propagação de ondas sísmicas, chamada de descontinuidade de Mohorovicic (ou simplesmente Moho). Considera-se que o manto abaixo da crosta seja rígido, solidificado, basáltico e fundido com a crosta, mas, ao mesmo tempo, separado dela pelo Moho. Essa camada de crosta e do manto superior que contém o Moho é conhecida como litosfera e possui, em média, 100 km de espessura. A região do manto abaixo da litosfera é a astenosfera. Acredita-se que esta camada esteja parcialmente em estado de fusão. A litosfera é menos densa, e ambas as litosferas, a continental e a oceânica, flutuam na astenosfera. Fig 4.1 O manto, com 2.800 km de profundidade e densidade média de 4,5 g/cm3, pode ser subdividido em três regiões principais: manto superior (onde estão a litosfera e a astenosfera), manto intermediário e manto inferior. Abaixo, tem-se a camada denominada de núcleo externo, com 2.300 km de profundidade, constituída por uma mistura de ferro e enxofre, com densidade média de 11,8 g/cm3; nessa região encontra- se a origem do campo magnético da Terra. Por último, no centro do planeta, tem-se o núcleo interno, com 1.140 km de espessura, densidade de 17,0g/cm3, constituído por uma mistura de ferro e níquel. Fig 4.2 MOVIMENTAÇÃO DA SUPERFÍCIE TERRESTRE De modo geral, há a tendência de se pensar que o planeta é estável, que todas as feições, como as montanhas e os vales que existem em sua superfície, por exemplo, foram criadas em tempos remotos e hoje, à exceção de alguns terremotos e erupções vulcânicas, dos quais se tem noticias, a superfície da terra não mais se movimenta. Tal fato realmente não é verdadeiro se for levado em conta, por exemplo, que as posições relativas dos continentes e oceanos têm-se modificado em ritmo bastante significativo: às taxas de centímetros por ano. Montanhas continuam crescendo e vales aparecendo. O nível do mar também tem subido e descido dezenas de meros nos últimos poucos milhares de anos. O conhecimento desses fenômenos ocorre através de estudos geológicos detalhados da história do planeta, preservada nos sedimentos e rochas do oceano. GLACIAÇÃO O período quaternário, que cobre os últimos 2 milhões de anos, é caracterizado por profundas mudanças climáticas. Estudos dos depósitos glaciais, os tipos de solo e os sedimentos dos oceanos têm mostrado que houve diversas ocorrências de glaciação nesse período. Não existe ainda uma teoria definitiva para explicar este fenômeno – a mais aceita envolve mudanças no eixo de rotação da Terra e na órbita em torno do sol. O eixo de rotação da Terra sofre alterações devido à influência da força da gravidade dos outros planetas do sistema solar. Este eixo de rotação sofre ainda mudanças, oscilando sobre si como se fosse um pião girando após ser lançado, devido a influência da atração gravitacional do Sol e da Lua. Por último, o movimento terrestre em torno do Sol (movimento de translação)sofre alterações devido também à força de gravidade dos planetas. A união destes três fatores causa, em certos períodos, uma redução na quantidade de energia proveniente do Sol, causando o resfriamento do planeta. Embora com grandes variações, em épocas de glaciação as geleiras passam a ocupar 30% da superfície do planeta em vez dos 10% atuais. No hemisfério sul, as geleiras geralmente atingem a região da Patagônia na Argentina e no hemisfério norte, alcançam a região dos Grandes Lagos entre os estados Unidos e o Canadá e o sul da Inglaterra; há uma redução média de 6°C na temperatura da terra. Nos oceanos ocorrem três efeitos principais devido a este fenômeno: há uma redução do nível do mar, pois parte da água disponível do planeta se solidifica, principalmente sobre as porções norte e sul dos continentes; ocorre também diminuição da temperatura superficial da água do mar em vários graus, além do aumento de sua salinidade, já que ocorre a solidificação de parte da água doce disponível. Tais alterações são detectadas em trabalhões geoquímicos de águas profundas e micropaleontologia, pois a quantidade de certos isótopos na água e nos organismos pode ser função da temperatura ambiente (em alguns animais planctônicos como os foraminíferos, podem ocorrer alterações nas características de suas conchas em respostas à mudanças de temperatura ambiente). O último grande período glacial teve seu máximo há aproximadamente 18.000anos, quando o nível do mar no litoral brasileiro encontrar-se-ia a cerca de 100 metros abaixo do nível atual. Nas costas brasileiras, após esse máximo regressivo, segui-se um processo de subida do nível do mar, que teria atingido seu máximo há cerca de 5.100 anos, quando o nível estaria de 4,5 a 5 metros acima do nível atual. Medições em diferentes partes do mundo mostram sensível aumento de altura do nível do mar. Um relatório da Academia de Ciências dos Estados Unidos, estima atualmente uma elevação global média do nível do mar em cercade 30 centímetros por século. A razão para isto é, entretanto, desconhecida. Admite-se a ocorrência de um conjunto de fenômenos que, teoricamente, poderiam alterar o nível do mar, como os movimentos verticais da crosta ou as alterações climáticas, talvez inclusive causadas pelo homem (efeito estufa). Para o Brasil, estimativas indicam que entre Pernambuco e o Rio Grande do Sul, deve estar ocorrendo um aumento do nível do mar na mesma razão do nível global, ou seja, de 30 centímetros por século. DERIVA CONTINENTAL Os primeiros geólogos ao observarem dobras, principalmente notadas nas cadeias de montanhas, sugeriram que a Terra estaria se contraindo. Segundo eles, estas dobras seriam resultado de um processo de contração de sua camada externa, tornando a crosta enrugada. Posteriormente, notaram a presença de fendas no assoalho marinho ou mesmo nos continentes, concluindo que somente uma expansão poderia forma esses feições. Outro aspecto muito interessante que logo se percebeu, foram as formas similares dos contornos das costas dos continentes em ambos os lados do Atlântico. Em 1912, o astrônomo e explorador alemão Alfred Wegener forneceu bons argumentos para uma teoria que conseguia unir todas essas observações. Sugeriu que a principio não haveria o oceano Atlântico, e as Américas estavam unidas à Europa, Ásia, África, Austrália e Antártica em um grande continente. Denominou de Pangéia esse supercontinente de 225milhões de anos e suas idéias ficaram conhecidas como teoria da Deriva Continental. Fig 4.4 A teoria mostra que os continentes podem se mover horizontalmente. O maior argumento de Wegener foi a notável similaridade das margens continentais nos lados opostos do Atlântico Sul (América do Sul e África). Também encontrou semelhança em certas estruturas geológicas e fósseis em ambos os continentes, confirmando a sua teoria. Esta provocou controvérsias, pois a maioria dos geólogos da época acreditava não ser possível a movimentação das massas continentais. Após a Segunda Grande Guerra, munidos de sofisticados instrumentos desenvolvidos durante a guerra, os cientistas voltaram a estudar a crosta terrestre. Uma das descobertas, que deu maior suporte à teoria da Deriva Continental, veio do campo da paleomagnetismo, que é o estudo das propriedades magnéticas das rochas antigas. Virtualmente toda a crosta tem origem vulcânica ou plutônica, ou seja, o material da crosta é proveniente do manto. Enquanto ainda em forma pastosa ao chegar à superfície, os minerais magnéticos orientam-se conforme o campo magnético da Terra. Quando o magma se solidifica, a orientação permanece gravada na rocha. Obtendo-se amostras de varias idades e medindo-se a direção de magnetização de cada uma, pode-se saber como as suas magnetizações se alteraram com o passar do tempo. Essa descoberta teve enorme importância para os geólogos, pois se observou que o campo magnético do planeta se alterna de tempos em tempos. O campo magnético da Terra já teve a sua polaridade invertida pelo menos 170 vezes nos últimos 100 milhões de anos. A última delas ocorreu há cerca de 700 mil anos. Ainda não se consegue explicar satisfatoriamente o porquê desta inversão, pois teoricamente a Terra deveria girar em sentido inverso para que houvesse a inversão magnética. A201611485 Realce A201611485 Realce A201611485 Realce A201611485 Realce A partir deste conhecimento, ao mapear magneticamente o assoalho marinho, percebeu-se que os terrenos localizados em cada lado das cadeias ou cordilheiras mesoceânicas (conjunto de montanhas localizadas no assoalho marinho) possuem o mesmo sentido de magnetização. Conforme a distancia do centro da cordilheira, as alterações das magnetizações variam igualmente dos dois lados. Em 1960 descobriu-se que na astenosfera há correntes de material fundido, aquecido pela radioatividade natural do interior do planeta. Quando essas correntes ascendentes atingem a litosfera, movem-se ao longo delas até se resfriarem, quando então afundam em direção ao centro da Terra. Esse padrão de movimentação de material é chamado de células de convecção. Quando este magma ascendente atravessa a crosta do assoalho marinho ao invés de fluir embaixo dele, formam-se vulcões submarinos e montanhas ao longo da região. Assim, acrescenta-se novo material à superfície terrestre, na forma de crosta oceânica basáltica. Fig 4.5 O material não expelido empurra a crosta lateralmente para fora das fendas. Este movimento, chamado de Expansão do Assoalho Oceânico, mostra um processo no qual novo fundo marino é criado quando a crosta adjacente se movimenta. Esta teoria foi proposta como complemento à teoria de Wegener. Uma vez que uma nova crosta é produzida e o tamanho do planeta não se altera, há um mecanismo pelo qual antigas crostas são destruídas. Tal mecanismo baseia-se simplesmente no fato de que em certas regiões, principalmente no Pacífico, crostas antigas desaparecem sob as crostas adjacentes, dirigindo-se ao interior do planeta, sendo novamente fundidas pelo calor interno. Fig 4.6 TECTÔNICAS DE PLACAS Ambas as teorias descritas foram reunidas em um modelo unificado de desenvolvimento da crosta terrestre, denominado de Tectônica de Placas. Uma série de evidências geofísicas coletadas no curso das últimas quatro décadas tem dado à teoria firme suporte científico. Em sua essência ela diz que a litosfera é composta de placas rígidas. Cada uma delas se move em diferentes direções e, assim, as fronteiras das placas são locais de atividades tectônicas, onde ocorrem terremotos, vulcanismos e crescimento de montanhas. Conhecem-se sete grandes placas: a do Pacífico, a Euro- asiática, a Africana, a Indo-australiana, a Norte e Sul-americana e a da Antártica; A201611485 Realce além dessas, temos como importantes a de Cocos, a Caribenha e a de Nazca, entre numerosas outras menores. Fig 4.7 Quando essas placas se encontram, podem ocorrer três coisas: ao se moverem em direção uma à outra, destruindo a crosta antiga, forma-se uma junção convergente, e a região é denominada de zona de subducção. As fossas submarinas do Pacífico são exemplos desse tipo de junção, formando, como característica, arcos insulares (cadeia de ilhas em forma de curva). O arquipélago japonês é um exemplo de arco insular. Placas que se movem afastando-se uma da outra, criando, portanto, nova crosta, denomina-se junção divergente. Nesse tipo de junção há expulsão de material magmático e, conseqüentemente, formação de cadeia montanhosa, denominada, quando no assoalho marinho, cadeia ou cordilheira mesoceânica. Esta feição tem o comprimento total de cerca de 65.000 km, largura média de 1.000 km e cobre aproximadamente 23% da superfície terrestre. Embora tal sistema de cadeias montanhosas atravesse todos os maiores oceanos, ramificações invadem o leste africano e o golfo da Califórnia. A cadeia mesoceânica leva nomes mais específicos conforme o oceano em que se encontra como, por exemplo, cadeia Meso-Atlântica, cadeia Atlântica-Índica e assim por diante. Quanto mais distantes os terrenos da linha central das cordilheiras, mais antiga é a região, já que há liberação de magma e deslocamento das placas tectônicas em direção oposta. Assim, as margens continentais e os próprios continentes são muito mais antigos que as bacias oceânicas. Quando placas se movem lateralmente, uma com relação à outra, temos uma falha transformante ou direcional. A San Andreas Fault (Falha de Santo André) na região da Califórnia é um bom exemplo do encontro de placas que se movem lateralmente. Devido a essa movimentação, são freqüentes os terremotos nas cidades mais próximas. Os deslocamentos das placas tectônicas podem variar de 1 a 10 centímetros por ano, alcançando até 18,3 centímetros anualmente no caso da costa oeste da America do Sul(placa de Nazca com a placa Sul-americana). Fig 4.8 Assim como um iceberg no oceano, a crosta encontra-se flutuando em um meio mais denso e parcialmente fundido. Tal característica da superfície do planeta gera A201611485 Realce uma condição de equilíbrio chamada isostasia, fato este que explica muitos fenômenos geológicos observados, como elevações ou subsidências dos terrenos de certas regiões do planeta. Fig 4.8 GEOMORFOLOGIA DOS OCEANOS Os oceanos cobrem quase 3/4 da superfície terrestre, mais especificamente 70,8% da superfície ou 362 milhões de km2. Mas a água não se distribui de modo homogêneo: no hemisfério sul a relação entre água e terra é de 4:1, enquanto no hemisfério norte essa relação é de apenas 1,5: 1. Fig 5.1 Enquanto a elevação média dos continentes é de 840 metros (a maior elevação em terra é de 8.848 metros no monte Everest, no Nepal), a profundidade média dos oceanos atinge 3.729 metros (a maior depressão nos oceanos é de 11.035 metros na fossa das Marianas, no oceano Pacífico Norte). Didaticamente, podem-se dividir os oceanos em três: o Pacífico, o Atlântico e o Índico, embora o Ártico e o Antártico possam também ser considerados como oceanos à parte. OCEANO PACÍFICO O pacífico é o maior dos oceanos, ocupando mais de 1/3 da superfície terrestre; contém mais da metade do volume de água do planeta. É também o mais profundo, possuindo forma circular. Têm numerosas fossas submarinas e ilhas associadas ao longo de sua margem, além de suas plataformas continentais serem bastante estreitas, feições estas características de zonas de subducção.O perímetro do oceano Pacífico é a região geologicamente mais ativa do planeta, conhecido como cinturão de fogo. Fig 5.3 Tabela 1 – Área, volume e profundidade média dos principais oceanos Á R E A ( 1 0 6 Km2) VOLUME (106 Km2) PROFUNDIDADE MÉDIA (m) Pacífico 181 714 3940 Atlântico 107 351 3575 Índico 74 285 3840 Total 362 135 3729 OCEANO ATLÂNTICO O oceano Atlântico é o segundo em tamanho, estendendo-se como uma bacia relativamente estreita (largura de 5.000 km em média) da região Ártica à região Antártica. Este oceano é um pouco mais raso que o Pacífico (a maior profundidade de uma de suas raras fossas submarinas, a de Porto Rico, no Mar do Caribe, é de 9.219 metros). Ao contrário do Pacífico, o Atlântico possui grandes áreas de plataforma continental e poucas ilhas vulcânicas. Outra característica distinta deste oceano é que ele recebe grande descarga de água doce proveniente de grandes rios. A soma de todos os rios que desembocam no Atlântico atinge 600 mil metros cúbicos por segundo, sendo o rio Amazonas responsável por 1/3 dessa quantidade. Ele e o Congo (África), cujas águas também desembocam no Atlântico, são responsáveis por 1/4 do de águas doce proveniente de rios no planeta. Entre outros rios importantes que nele deságuam incluem-se o Mississipi (EUA), o Paraná-Rio da Prata (Argentina-Uruguai) e Orinoco (Venezuela). Uma das maiores conseqüências desse fato refere-se à quantidade de sedimentos de origem continental ser muito superior à do Pacífico. Diversos mares são vizinhos ou mesmo fazem parte do Atlântico, como o mar do Caribe, o mar Mediterrâneo, o mar do Norte e o mar Báltico. O oceano Ártico, às vezes é caracterizado como um oceano à parte, entretanto, pode ser considerado como pertencente ao Atlântico. Está ligado a este por uma passagem estreita entre a Groelândia e a Islândia e entre esta e o norte da Europa. É levemente circular em sua forma e muito raso quando comparado aos demais (profundidade média de 1.020 metros). Este oceano marginal permanece coberto por uma crosta de gelo com espessuras que variam entre 3 e 4 metros durante a maior parte do ano. O OCEANO ÍNDICO O oceano Índico pode ser considerado como um oceano levemente triangular na forma, situando-se principalmente no hemisfério sul. Sua fronteira com o Atlântico se dá ao sul da África do Sul (meridiano 20°leste), enquanto seu limite com o pacífico segue as ilhas da Indonésia, Austrália e do sul da Tasmânia em direção à Antártica. Este oceano, como o Atlântico, contém poças ilhas e é marcado por numerosos platôs submarinos e grandes sopés continentais. Sua fossa mais profunda é a de Java, com 7.450 metros. Embora tenha sido um dos primeiros oceanos a serem explorados, principalmente por comerciantes europeus em busca de uma rota alternativa ao mar mediterrâneo – mar Vermelho para chegarem às Índias orientais, é um dos menos conhecidos na atualidade. Três grandes rios – o Indo, o Ganges e o Brahmaputra – nele desembocam, todos em sua porção norte. O golfo de Bengala é um importante mar marginal na porção nordeste, enquanto o mar vermelho e o golfo Pérsico são importantes na parte noroeste. O oceano Antártico pode ser considerado como um oceano à parte. Possui características oceanográficas muito particulares, com a formação de diversas massas de água subsuperficiais que fluem em direção a regiões equatoriais, como também ocorre no Ártico. Como não possui barreiras continentais em seu sentido leste-oeste, propicia fluir uma corrente denominada Corrente Circumpolar Antártica, que dá a volta por todo o planeta. Além disso, do ponto de vista da oceanografia biológica, encontra-se formas de vida muito características em seu ambiente. Os oceanos podem ser divididos em três províncias batimétricas maiores: as margens continentais, as bacias oceânicas e os sistemas de cordilheiras mesoceânicas. Fig 5.4 MARGEM CONTINENTAL A margem continental é aquela região mais próxima às terras emersas e é formada por um acúmulo de sedimentos de origem continental levados principalmente pelos rios e em menor escala pela erosão causada pelo próprio mar no ambiente costeiro. A201611485 Realce Os geólogos marinhos e oceanógrafos reconhecem dois tipos básicos de margens continentais: pacífica e atlântica. A do tipo pacífica é típica do oceano que lhe dá o nome e é caracterizada por ser estreita e possuir fossas submarinas em sua base com a bacia oceânica; é característica de regiões de subducção, nas quais há o encontro convergente das placas litosféricas. Fig 5.5 Já o tipo atlântica, característica do oceano atlântico, é mais larga, típica de regiões com pouca atividade sísmica, formadas quando os continentes foram separados para formar novo assoalho oceânico. Dessa forma, o continente e a bacia oceânica adjacente fazem parte da mesma placa tectônica. O oceano Índico possui principalmente margens do tipo atlântica, exceto em sua porção nordeste, onde se localiza a fossa de Java. Outros fatores podem influenciar na largura da margem continental. A proximidade com fontes geradoras de sedimentos (como desembocaduras de rios) ocasionam margens largas, ou se houver fortes correntes podem tornar a margem estreita, já que impedem o estabelecimento dos sedimentos. Ela costuma ser dividida em três províncias: a plataforma continental, o talude continental e o sopé continental, este último também conhecido como elevação continental. A característica principal que diferencia esses três setores é o ângulo médio no qual eles se inclinam em direção ao fundo abissal. Fig 5.6 Plataforma Continental Saindo da região costeira em direção ao oceano aberto, a primeira região submersa é chamada de plataforma continental. Estende-se da costa em direção à bacia oceânica, com a declividade média de 1 :1000 (a cada metro que desce na profundidade, desloca-se 1.000 metros na horizontal); sua largura média é de cerca de 40 milhas náuticas (75 km), embora possa variar muito, atingindo até 550 milhas náuticas (mais de 1.000 km) na região siberiana do oceano Ártico. A plataforma compreende cerca de 7,5% do total da área oceana. No Brasil, em sua maior largura, na foz dorio Amazonas, a plataforma atinge cerca de 330 km com declive médio de 1:3.143 e apenas 8 km nas proximidades da A201611485 Realce A201611485 Realce A201611485 Realce A201611485 Realce cidade de salvador, com declive máximo de 1:160. No litoral de São Paulo, atinge sua maior largura ao sul da cidade de santos, com 230 km de extensão. Fig 5.7 Seu limite mais externo, denominado borda da plataforma, encontra-se em média a cerca de 130 metros de profundidade. Na margem continental brasileira, a borda da plataforma varia sua profundidade entre 40 metros nas proximidades da cidade de Natal (RN), nas proximidades das desembocaduras dos rios São Francisco (AL/SE) e Paraíba do Sul (RJ), atingindo a profundidade máxima de 180 metros ao sul da cidade de Santos (SP) e próximo à cidade de Tramandaí (RS). Por ser relativamente pouco profunda, há grande penetração de luz solar, de modo que a produção primária (acumulação de matéria orgânica por organismos fotossintetizantes) pode ser alta em praticamente toda coluna d’água. Além deste fator, sua proximidade com as regiões continentais, que fornecem nutrientes em abundância, assegura a formação de biomassas de animais e vegetais muitas vezes superiores às de outras regiões oceânicas. Como ilustração, podemos dizer que cerca de 90% da produção pesqueira mundial é de organismos capturados nas plataformas continentais. Ao mesmo tempo em que esta região é uma das mais ricas do ambiente marinho, sofre pesada influência antrópica, pois 4/10 da população do planeta vive dentro de um raio de 60 km da área costeira e 2/3 das cidades com mais de 2,5 milhões de pessoas estão nestas áreas. Talude Continental O talude é a região externa da plataforma continental e é marcado por uma mudança abrupta em sua inclinação. Nesta região, a declividade passa de 1:1.000 da plataforma para 1:40. Os sedimentos do talude são mais finos que os da plataforma, compostos principalmente por lamas. Longe de possuir superfícies planas e regulares, quando considerados em detalhes, os taludes continentais apresentam freqüentemente depressões e promontórios. A descontinuidade mais impressionante do talude são os chamados cânions submarinos, que são vales profundos e relativamente estreitos em forma de U ou V, cujas paredes são muito inclinadas. Muitas destas feições são comparáveis ou mesmo maiores que o maior cânion continental (Grand Canyon, localizado no estado do A201611485 Realce Arizona, nos EUA). Os maiores cânion submarinos podem atingir mais de 370 km de comprimento (mar de Bering), e a inclinação média das paredes pode atingir 1:17 para os pequenos cânions (os maiores possuem uma inclinação média menor). Estas depressões profundas na margem continental têm um importante papel no transporte de sedimentos de regiões costeiras para o oceano profundo. Estes sedimentos acumulam-se na base dos cânions, originando um leque aluvial. A explicação para a existência da maioria dos cânions é a seguinte: as porções superiores devem ter sido erodidas por rios durante uma época de baixo nível do mar, em uma das diversas glaciações que ocorreram no passado. Quando submersos, os cânions submarinos mantêm-se, ou seja, continua servindo ativamente para o transporte de sedimentos, provavelmente devido a uma combinação de processos submarinos, tais como: correntes de turbidez ou de densidade, corridas de lama e desmoronamentos. As correntes de turbidez são correntes de alta turbulência e ocorrem quando sedimentos se movem através de uma região de grande inclinação, como as paredes dos cânions. Se a velocidade e turbulência da corrente são grande magnitude ou a inclinação da parede do cânion acentuada e suficiente para impedir o estabelecimento das partículas de sedimento, esta corrente pode percorrer longas distâncias, alcançando muitas vezes mais de 1.500 km. A corrida de lama é um fenômeno espasmódico que se constitui na movimentação de um fluxo de material detrítico homogêneo como areia, argila e até seixos. Estes detritos, envoltos por um grande volume de água que os saturam, movimentam-se declive abaixo, como as paredes inclinadas do cânion, indo depositar-se no leque aluvial. Fig 5.8 No Brasil, há grande abundância de pequenos cânions submarinos, principalmente nas regiões norte e nordeste. Para se ter uma idéia da abundância de cânions nessas regiões, basta dizer que na margem continental do estado do Pará, em 126 km em linha de navegação ocorrem 23 cânions. Na região norte existem também três grandes cânions: o cânion do Amazonas, o cânion do Gurupi e o cânion do Pará. O cânion do Amazonas é o maior deles e forma um gigantesco leque aluvial conhecido como cone do Amazonas. Na região nordeste encontra-se uma dúzia de cânions principais no talude continental, entre os quais se destacam: o de Natal, o Oceânico de Alagoas, os de São Francisco, Japaratuba, Salvador e Belmonte. Já no litoral sudeste e sul, o número de cânions é bastante reduzido e apresentam menores dimensões. Os maiores encontram-se ao norte de região, valendo mencionar o de Cabo Frio e o de Macaé. No litoral de São Paulo os mais importantes são os de São Sebastião e São Paulo. Elevação ou Sopé Continental Os sedimentos depositados na base do talude formam uma elevação continental. Parte desta feição é formada por sedimentos em suspensão, que fluem contínua e lentamente pela plataforma, caindo pelo talude em direção ao sopé ou elevação continental. A declividade do sopé é muito menor do que a do talude e sua largura pode variar significativamente, entre 100 e 1.000 km; o sopé ocorre em geral a partir da profundidade de 1.500 metros, alcançando até cerca de 6.000 metros, dependendo da sua localização. No Brasil, o sopé continental atinge 850 km em sua maior largura nas proximidades do banco de Abrolhos, no estado do Espírito Santo. BACIA OCEÂNICA A porção do assoalho marinho, que se estende do sopé continental até a cordilheira mesoceânica ou até a outra margem continental, é chamada de bacia oceânica. Embora em geral não sejam características apenas da bacia oceânica, ocorrem aí diversas feições batimétricas tais como: as planícies abissais, os platôs submarinos, as ilhas vulcânicas, os guyots, os atóis, os montes marinhos e as fossas submarinas. Planícies Abissais – Normalmente nas bacias oceânicas predominam as planícies abissais, nas quais o fundo é exageradamente plano, mais do que em qualquer planície continental. Em algumas regiões de planície abissal do Atlântico ocidental, por exemplo, encontram-se extensões de mais de 100 km onde o fundo não varia mais de 2 metros na vertical. Na bacia oceânica brasileira encontra-se uma planície abissal na região nordeste, denominada de planície abissal de Pernambuco, com a profundidade média de mais de 5.600 metros. No extremo sul do país encontra- A201611485 Realce A201611485 Realce se o limite norte de uma grande planície abissal, conhecida com planície abissal da Argentina. Platôs Submarinos – Há numerosas regiões na bacia oceânica ou mesmo na margem continental que se elevam por 1 ou 2 km, mas não alcançam a superfície do nível do mar e nem fazem parte das cordilheiras mesoceânicas. Estas configurações peculiares, chamadas de platôs submarinos, são constituídas de material mais leve que o do assoalho oceânico, provavelmente originárias de fragmentos continentais ou como resultado de atividade vulcânica. Na margem continental brasileira encontram- se dois platôs submarinos principais: o de Pernambuco e o de São Paulo. O primeiro possui área de quase 3.000 km2 e é composto por dois patamares, o norte, de maior tamanho e profundidade que variam entre 1.000 e 1.200 metros; e o patamar sul, com profundidade entre 2.400 e 2.500 metros. O platô de São Paulo é uma província
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