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* Introdução à Economia Bernardo Guimarães Carlos Eduardo Golçalves Capítulo 12 – Moeda e Inflação * Moeda e Inflação Neste capítulo, veremos: • a diferença entre variáveis reais e nominais e o papel dos índices de preços; • as funções da moeda; • a relação entre a moeda e inflação; • a relação entre a taxa de juro real e a nominal; • a criação de moeda pelos bancos. * Valores nominais e valores reais • Considere um salário de R$10.000 por mês. • Esse salário equivale a 100 maçãs se uma maçã custa R$100; e 10.000 maçãs se o preço da maçã é R$1. • R$ 10.000 é o salário nominal. • O salário em termos de maçãs é o salário real. * Valores nominais e valores reais Denominando o salário nominal por WN, o salário real por WR e o preço da maçã por pm, temos que: Quando o preço da maçã passa de R$1 para R$2, o salário real de alguém que só consome maçãs reduz-se à metade. * Índice de preços • As pessoas consomem uma porção de coisas – não apenas maçãs. • Para transformarmos variáveis nominais em reais, consideramos um índice de preços, mais geral e abrangente. • Índice de preços ao consumidor: preço de um conjunto de bens e serviços que sintetiza o consumo aproximado de um cidadão com certa faixa de renda. • Há vários índices de preço: IPC, IGP, IGP-M, IPCA, etc. • Cada um considera um conjunto de bens diferente. * Produto real e produto nominal • Produto real, Y: medida de tudo que é produzido no país em um certo período de tempo, em termos reais. • Sendo P o índice de preços dos bens e serviços que constam no produto: Produto nominal = P.Y • Um aumento do produto nominal pode decorrer tanto de um aumento de P como de um aumento de Y. * Inflação • Inflação: aumento no índice de preços. • Quando o índice de preços sobe de R$100 para R$110, há inflação de 10%. •Há inflação quando o índice de preços como um todo sobe, não quando aumenta o preço de um produto ou outro. * As funções da moeda • Sem moeda, seria muito complicado trocar: • Os professores de economia precisaríamos, para comer pão, convencer o padeiro a nos dar pão em troca de aulas de economia. • O padeiro que quisesse comprar um sofá necessitaria achar alguém querendo vender um sofá e comprar muitos pães. • O artista querendo comer carne precisaria achar um açougueiro querendo ouvir sua música... (continua) * As funções da moeda • Com a moeda, esta dupla coincidência de desejos não é mais necessária. • Além disso, a moeda pode ser usada como reserva de valor. • A moeda tem também a função de unidade de conta. * As funções da moeda Resumindo, são três as funções da moeda: (1) Servir como meio de troca; (2) Servir como reserva de valor; (3) Servir como unidade de referência contábil. * A história da moeda • Passado remoto: moeda-mercadoria (grãos, sal e, mais comumente, prata e o ouro). • Com o tempo, a moeda-mercadoria foi sendo substituída pela moeda moderna, um simples pedaço de papel com uma cara pintada. • Inicialmente, esse pedaço de papel valia uma certa quantidade de ouro ou prata. • Hoje em dia, o valor da moeda repousa na firme garantia do governo de que ela será amplamente aceita por todos no país. * Teoria quantitativa da moeda • A quantidade de moeda na economia está associada ao preço dos bens e, consequentemente, à inflação. • Teoria quantitativa da moeda: vínculo entre a quantidade de moeda na economia e o produto nominal. • Como mostra o modelo do fluxo da renda, o fluxo monetário na economia é o espelho do fluxo real de bens. • Essa igualdade entre o fluxo monetário e o fluxo real estabelece uma ligação entre o produto e a quantidade de moeda. * Teoria quantitativa da moeda • Seja o total de unidades monetárias: M, • e a velocidade com que a moeda circula: v. • O fluxo monetário na economia é igual a M.v. • O produto real é Y, • e o índice de preços é P. • O valor nominal produzido pela economia é de P.Y unidades monetárias. • Com a igualdade entre os fluxos reais e monetários: M.v = P.Y * Teoria quantitativa da moeda M.v = P.Y • A teoria quantitativa da moeda estabelece a ligação entre o nível de preços e a quantidade de moeda na economia. Ideia: • se há em um país 1000 moedas de cobre, • e cada moeda passa pela mão de 10 pessoas durante um ano, • o total de transações é de 10.000 moedas. • O valor total dos bens e serviços transacionados nessa economia é de 10.000 moedas de cobre. * Teoria quantitativa da moeda • Na prática, nem toda transação equivale a algo que consta no produto: • há transações de bens usados, bens intermediários. • Mas há uma ligação entre o produto, a quantidade de transações e a quantidade de moeda. • Se há mais moeda na economia "caçando" a mesma quantidade de bens, há um aumento do preço dos bens. • Ou seja, a moeda perderá valor. Isso é a inflação. * Teoria quantitativa da moeda e inflação • Escrevendo a equação M.v = P.Y para os períodos t = 1 e t = 2: • Subtraindo uma equação da outra, obtemos: • Assumindo que a velocidade de circulação da moeda é constante, v1 = v2 = v: • Aumentos em M equivalem a aumentos do produto nominal, PY . * Teoria quantitativa da moeda e inflação • No longo prazo, um aumento da moeda em circulação não afeta o produto real. Y é independente de M. • Fazendo Y1 = Y2 = Y : • Dividindo os dois lados da equação acima por M1 e por v, obtemos: pois pela teoria quantitativa, M1v/Y = P1. * Teoria quantitativa da moeda e inflação Onde o símbolo Δ representa variação. • Elevações na quantidade de moeda em circulação causarão aumentos dos preços. * Emissão de moeda e inflação no Brasil • A teoria diz que inflação e emissão de moeda estão fortemente associadas. • Mas o que dizem os dados? • Uma maneira de verificar essa associação é observar a inflação e a taxa de expansão monetária no Brasil em um longo período. * Emissão de moeda e inflação no Brasil Há uma forte associação entre inflação e expansão monetária. * Os custos da inflação • Quando a moeda se expande muito rapidamente, a inflação é alta. • Mas por que a inflação é um problema para a sociedade? • É comum ouvir que o problema da inflação é que ela deixa a todos nós mais pobres. Isso está errado. • Se sobe o preço de tudo na economia, o padeiro tem que pagar mais pelo seu aluguel, suas roupas, etc. • Mas por outro lado, ele também recebe mais pelo seu pão. • A inflação leva a preços maiores, mas também à renda nominal maior. * Os custos da inflação A inflação alta é um problema porque: • turva a comparação de preços entre bens, poluindo o sinal do sistema de preços. • faz com que empresas usem recursos para se proteger da inflação (recursos que poderiam estar produzindo). • com ela, as pessoas carregam menos moeda, a dificuldade de efetuar trocas cresce. • o ambiente macroeconômico fica conturbado. • piora a distribuição de renda, pois os mais pobres têm mais dificuldade de proteger seu dinheiro da inflação do que os mais ricos. * Os custos da inflação • Os custos da inflação são importantes se a inflação é alta, mas pouco significativos no caso de inflações de 2%, ou 3% ao ano. • Vários economistas argumentam até que uma inflação de 2% ao ano é melhor do que uma inflação de 0%. • Empresas têm dificuldade em cortar os salários nominais. • Numa recessão, uma inflação pequena ajuda a reduzir os salários reais, evitando um aumento maior do desemprego. • Fora da recessão, os empregados recebem o reajuste nominal dos salários para compensar a inflação. * Taxa de juros • No mercado financeiro, troca-se moeda hoje por moeda amanhã.• Quem poupa troca consumo presente por consumo no futuro; • e quem se endivida faz o contrário. • O preço dessa troca é a taxa de juros. • Se a taxa de juros é de 10% ao ano, R$1.000 são trocados por R$1.100 daqui a um ano. * Juro nominal e juro real • Se R$1.000 são trocados por R$1.100 daqui a um ano, a taxa de juros nominal é 10% ao ano, i = 10%. • Para se chegar à taxa de juros real (r) é preciso saber a variação dos preços das coisas neste ínterim. * Juro nominal e juro real Exemplo: • o indivíduo consome apenas livros; • o preço médio dos livros era R$50 no momento do empréstimo: os R$ 1.000 compravam 20 livros; • se a inflação dos livros é zero, depois de um ano eles custam R$50, os R$1.100 agora compram 22 livros. O juro real foi: • Se o preço dos livros sobe 10% (de R$ 50 para R$55), os R$1.100 compram apenas 20 livros. O juro real foi: * Juro nominal e juro real • Como não compramos apenas livros, é preciso considerar a variação no índice de preços P. • O juro real r associado a um juro nominal i é: • Quando não há inflação, o juro real e o nominal se equivalem. • Quando a inflação é igual ao juro nominal, o juro real é zero. * Moeda e bancos • Bancos intermedeiam operações de empréstimo: • O banco capta recursos de quem quer consumir menos do que a renda permite no momento, • e empresta os recursos para os que querem consumir ou investir mais do que tem no momento. • O banco se especializa em analisar potenciais devedores, buscar alternativas de empréstimo e minimizar riscos. • Além disso, os bancos também criam moeda. * Moeda e bancos • Os economistas classificam a moeda em várias categorias: M1, M2, M3 e M4. • Os números indicam liquidez, em ordem decrescente. • M1: papel moeda em circulação, as reservas dos bancos e os depósitos dos correntistas. • Quando pensamos na relação entre moeda e inflação, normalmente estamos pensando em M1. • M3, M4 incluem aplicações financeiras. * Criação de moeda O governo e os bancos criam moeda. • O governo altera a oferta de moeda na economia via operações de mercado aberto. • Troca de títulos do governo por moeda. (continua) * Criação de moeda • Bancos também criam moeda. • Um cidadão deposita R$1.000 em sua conta corrente. • O banco empresta parte desses recursos (digamos, R$300).a uma outra pessoa. • Agora, há R$1.300 de moeda em circulação: R$1.000 na conta do primeiro cliente, e R$300 na conta do segundo. • O banco criou R$ 300 de moeda. * Multiplicador bancário • O multiplicador bancário mostra quanto o banco expande a oferta de moeda a partir da quantidade inicialmente depositada. Modelo: • Total de dinheiro emitido pelo governo, B. • Fração desse total que as pessoas depositam nos bancos: b. • Parte dos recursos depositados nos bancos é emprestada a outros, parte fica guardada sob a forma de reservas. • Fração dos depósitos que o banco não empresta: a. * Multiplicador bancário • bB é a parcela depositada inicialmente no sistema bancário. • abB é o total de reservas bancárias, enquanto o total emprestado é: • (1 – a) bB é moeda emitida pelo sistema bancário. • Desta parcela, uma fração b volta aos bancos, que voltam a emprestar uma fração (1 – a). • Essa nova rodada de empréstimos gera adicionalmente : * Multiplicador bancário • Somando-se as duas rodadas de empréstimo, chega-se a um total emprestado igual a: • Refazendo o raciocínio para as próximas rodadas, chega-se a um montante de moeda na economia: • Esta é a expressão da soma de uma progressão geométrica de razão (1 – a) b, e é igual a: * Multiplicador bancário • O termo que multiplica B é o multiplicador, e é maior que 1. • Quando a exigência de reservas em caixa imposta pelo governo (a) se reduz, o volume de moeda na economia (M) cresce. • Quanto maior a parcela do dinheiro depositada nos bancos (b), maior será o multiplicador. * Recapitulando • Variáveis reais capturam a ideia de quantidade, e variáveis nominais de valor monetário destas quantidades. • A moeda tem três importantes funções: facilitar trocas, servir de unidade de conta e servir de reserva de valor. • Moeda e nível de preços estão intimamente relacionados: quando a taxa de expansão da moeda na economia é alta, a inflação também é alta. * Recapitulando • Os juros são o preço que se paga para "trazer recursos do futuro para hoje". • Os juros reais são os juros nominais descontados da inflação. • O setor bancário cria moeda ao emprestar para outras pessoas uma parte do dinheiro nele depositado. Controle Estatístico de Qualidade Robert Samohyl, PhD. Capítulo 1 Introdução ao CEQ
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