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EAD 335 ESTRUTURA DE CAPITAL E FONTES DE FINANCIAMENTO Profa. Rosana Tavares AULA 6 2º sem. 2016 rosana@usp.br FONE: 3091 6077 SALA: G-168 Atendimento extraclasse: quinta-feira, das 16 às 18h, na sala G-168. Atendimento em outros horários, mediante agendamento. 2 Leituras para as aulas 5 e 6: • Básica – ROSS, S; WESTERFIELD, R; JAFFE, J; e LAMB, R. Administração financeira: corporate finance. 10.ed. Porto Alegre: AMGH, 2015. Capítulo 16. Estrutura de capital: conceitos básicos Capítulo 17. Estrutura de capital : limites para o uso de dívida Ou – ROSS, S; WESTERFIELD, R; JORDAN, B; e LAMB, R. Fundamentos de administração financeira. 9.ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. Capítulo 16. Alavancagem financeira e política de estrutura de capital 3 Leituras para as aulas 5 e 6: • Complementar – BREALEY, R; MYERS, S; ALLEN, F. Princípios de finanças corporativas. 10.ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. Capítulo 17. A política de endividamento tem importância? Capítulo 18. Quanto uma empresa deve pedir emprestado? – BERK, Jonathan; DEMARZO, Peter. Finanças empresariais. Porto Alegre: Bookman, 2009. Capítulo 14. Estrutura de capital em um mercado perfeito Capítulo 15. Endividamento e impostos Capítulo 16. Dificuldades financeiras, incentivos gerenciais e informação O que falta na proposição de MM? • As proposições de Modigliani e Miller ajudam no entendimento de questões importantes, mas o que falta analisar? • Novamente – a proposição de irrelevância foi construída com a suposição de um mercado perfeito, isto é: – Ausência de impostos – Ausência de custos de falência e de transação – Eficiência de mercado e informações simétricas – A política de investimento permanece constante 4 O relaxamento dessas suposições leva à construção de algumas teorias importantes, discutidas na sequência... Agradecimentos ao Prof. Dr. Eduardo Kazuo Kayo. 5 Com mercados de capitais perfeitos, as transações financeiras nem criam, nem destroem valor, mas, em vez disso, representam uma distribuição do risco (e, portanto, do retorno). Qualquer transação financeira que parece ser um bom negócio em termos de agregar valor está explorando algum tipo de imperfeição de mercado. Imperfeição de mercado é a fonte do valor. Assim, a estrutura de capital ótima depende de imperfeições de mercado, como impostos, custos de dificuldades financeiras, custo de agência e informações assimétricas. A importância das proposições de MM 6 Imperfeições do mercado e relevância da estrutura de capital Teoria do trade-off Teoria de agência (ou agenciamento) Teoria do pecking order Folga financeira Teoria do trade-off As empresas buscam o equilíbrio entre dívidas (que produzem benefícios fiscais decorrentes da dedutibilidade de impostos) e dificuldades financeiras (que geram custos). O papel dos impostos • Primeira contraposição ao teorema de MM – As decisões de financiamento (estrutura de capital) afetam o valor da firma porque afetam o valor de imposto de renda a pagar – A princípio, quanto maior o endividamento (e as respectivas despesas financeiras com juros) maior o benefício fiscal • Nota: no curto prazo, se a empresa não for lucrativa esse benefício não existe 7 Agradecimentos ao Prof. Dr. Eduardo Kazuo Kayo. 8 Benefício fiscal da dívida Ativo 100.000 PL 100.000 Ativo 100.000 50.000 i = 5% a a 50.000 Receita (-) CPV Lucro Bruto (-) Desp. Comerc. (-) Desp. Administ. LAJIR (-) Desp. Financ. LAIR PIR 40% Lucro Líquido ROE 200.000 (-) 120.000 80.000 (-) 30.000 (-) 40.000 10.000 (-) 0 10.000 4.000 6.000 6% ROA = LAJIR x (1-IR) / Ativo = 6% 200.000 (-) 120.000 80.000 (-) 30.000 (-) 40.000 10.000 (-) 2.500 7.500 3.000 4.500 9% Mesmo projeto, com duas estruturas de capital diferentes: No segundo caso, paga-se menos imposto de renda. Há benefício fiscal por causa da dívida. Custo nominal da dívida: 5% a.a. Custo EFETIVO da dívida: 3% a.a. Custo efetivo = C. Nominal (1-IR) 0,03 = 0,05 (1 - 0,40) 000.50 500.2 000.50 000.1500.2 -1.000 Número de Ações 1.000 500 LPA $ 6,00 $ 9,00 9 Benefício fiscal da dívida Ativo 100.000 PL 100.000 Ativo 100.000 50.000 i = 5% a a 50.000 Mesmo projeto, com duas estruturas de capital diferentes: 100% Capital Próprio 50% Capital Próprio e 50% Dívida FC para os credores 0 2.500 FC para os acionistas 6.000 4.500 FC TOTAL 6.000 7.000 Supor Ke = 10% Fluxo descontado 6.000/0,1 (2.500/0,05)+(4.500/0,1) Valor da empresa $60.000 $95.000 Quanto maior o Fluxo de Caixa (FC), maior será o valor da empresa (ou projeto). O papel dos impostos (cont.) • Dessa forma, na presença de impostos de renda (pessoa jurídica) o valor da firma alavancada seria: – VL = VU + Valor presente dos benefícios fiscais • Onde VL = valor da firma alavancada (com dívidas) • VU = valor da firma não alavancada (só capital próprio) • Assim, o valor da empresa aumentaria com o endividamento... 10 Valor Alavancagem VL = valor da firma alavancada Agradecimentos ao Prof. Dr. Eduardo Kazuo Kayo. 11 WACC sem IR MODIGLIANI, Franco; MILLER, Merton. Corporate income taxes and the cost of capital: a correction.. American Economic Review. June 1963. MM reconhecem que a dedutibilidade dos juros na apuração do IR a pagar favorece a dívida em relação ao capital próprio. Ao elevar o endividamento, a empresa reduz o custo total da dívida e, consequentemente, maximiza seu valor. P/PL (Risco Financeiro) Custo (%) ke k0 WACC com IR Benefício Fiscal ki Teoria de Modigliani e Miller (MM) – COM impostos 12 P/(P+PL) PL/ (P+PL) Ki (antes do IR) Ki (1-IR) P/PL Ke WACC 0 100 0,08 0,0528 0 0,1000 0,100 10 90 0,08 0,0528 0,111 0,1022 0,097 20 80 0,08 0,0528 0,250 0,1050 0,095 30 70 0,08 0,0528 0,429 0,1086 0,092 40 60 0,08 0,0528 0,667 0,1133 0,089 50 50 0,08 0,0528 1,000 0,1200 0,086 60 40 0,08 0,0528 1,500 0,1300 0,084 70 30 0,08 0,0528 2,333 0,1467 0,081 80 20 0,08 0,0528 4,000 0,1800 0,078 90 10 0,08 0,0528 9,000 0,2800 0,076 O valor da empresa cresce com a alavancagem, e... de kWACC PL P WACCk Ke é função linear do WACC de uma empresa sem dívida acrescido de um prêmio. Teoria de Modigliani e Miller (MM) – COM impostos Risco de dificuldades financeiras (-) (+) Valor (-) (+) 13 O limite para o endividamento - Dificuldades Financeiras Toda decisão de financiamento cria uma obrigação para a empresa e também um risco de tornar-se inadimplente. Os encargos da dívida têm maior exigibilidade do que os dividendos. O risco do capital de terceiros na estrutura de financiamento de uma empresa é o risco das dificuldade financeiras. Esse risco gera tipos de custos: DIRETOS - contratação de consultorias - serviços advocatícios - serviços de auditoria - despesas de reestruturação financeira e de reorganização. INDIRETOS – difíceis de medir!! - perda de clientes e de mercado - perda de fornecedores - perda de pessoal qualificado - perda de oportunidades de investimento - desvalorização de ativos, etc. O aumento do endividamento leva ao aumento dos custos com dificuldades financeiras. Endividamento ótimo pela trade-off 14 Fonte: Adaptado de Myers (1984) Valor presente dos custos (diretos e indiretos) das dificuldades financeiras Valor presente do benefício fiscal das dívidas Agradecimentos ao Prof. Dr. Eduardo Kazuo Kayo. 15 Imperfeiçõesdo mercado e relevância da estrutura de capital Teoria do trade-off Teoria de agência (ou agenciamento) Teoria do pecking order Folga financeira Teoria de agência (ou agenciamento) A teoria de agência apoia-se nos conceitos de eficiência de mercado e informações simétricas. O endividamento, para essa teoria, pode exercer efeitos positivos ou negativos sobre o valor, dependendo da fase do ciclo de vida da empresa e do seu fluxo de caixa líquido. A empresa do ponto de vista financeiro 16 [1] Empreendedores aportam capital e recebem os lucros [2] recursos são investidos em ativos que geram fluxos de caixa [3] caixa é reinvestido ou distribuído aos sócios Agradecimentos ao Prof. Dr. Eduardo Kazuo Kayo. Mercado Primário [1] Quando a empresa necessita de capital para crescer, ela pode vender ações no mercado primário; os investidores tornam-se sócios Mercado secundário [3] Por meio da Bolsa de Valores, esses investidores podem revender suas ações no mercado secundário a outros investidores O papel do mercado de capitais [2] Empresa usa os recursos em novos investimentos Empresa recebe recursos e investidor recebe ações (que gera dividendos e ganhos de capital) Agradecimentos ao Prof. Dr. Eduardo Kazuo Kayo. A separação entre propriedade e controle • “Quando o gato sai, os ratos fazem a festa” – Os agentes nem sempre atuam para maximizar o valor do acionista – Os agentes estão preocupados em maximizar sua utilidade 18 Gestores Acionistas A separação entre propriedade e controle causa o conflito de agência entre acionista (chamado principal) e gestor (chamado agente) Agradecimentos ao Prof. Dr. Eduardo Kazuo Kayo. Custos de agência do capital próprio externo • Custos de agência do capital próprio externo – Cenário: pulverização do capital próprio – Conflitos entre gestores e acionistas • Potenciais problemas – Mordomias – Risco moral (moral hazard) ou negligência: falta de esforço do agente – Seleção adversa (adverse selection) ou maus investimentos: perdas de valor decorrentes de projetos com VPL negativo • “Construção de impérios” (ex.: aumento do poder do gestor em função do porte da empresa), etc. – Esses problemas aumentam quando o fluxo de caixa livre é elevado 19 Agradecimentos ao Prof. Dr. Eduardo Kazuo Kayo. O problema do fluxo de caixa livre • Fluxo de caixa livre – Fluxo de caixa acima do necessário para financiar todos os projetos com VPL positivo • O problema de fluxo de caixa livre é grave quando – A empresa gera alto fluxo de caixa – Mas não possui muitas oportunidades de investimentos • Nesse caso, o ideal é devolver o dinheiro aos acionistas • Entretanto, os gestores resistem a devolver o dinheiro – Para “construir seu império” com aquisições e/ou investimentos que não agregam valor – Para aumentar suas mordomias 20 Agradecimentos ao Prof. Dr. Eduardo Kazuo Kayo. Acionistas vs. Gestores: Possíveis soluções • Soluções para alinhar os interesses entre acionistas e gestores (“O olho do dono é que engorda o boi”) – Mecanismos internos de governança • Monitorar as ações do gestor (ex.: conselho de administração independente) • Conceder ou aumentar a participação acionária dos gestores • Política de dividendos consistente, etc. – Mecanismos externos de governança • Ameaça de aquisições • Mercado de trabalho – Alterar a estrutura de capital, aumentando o endividamento • Fluxo de caixa livre e incentivo do gestor a sobreinvestir diminuem • O endividamento compromete parte do fluxo de caixa futuro, obrigando o gestor a adotar políticas mais adequadas • Entretanto, o aumento exagerado do endividamento leva ao surgimento do custo de agência da dívida 21 Agradecimentos ao Prof. Dr. Eduardo Kazuo Kayo. Custos de agência da dívida • Custos de agência da dívida – Cenário: aumento do nível de endividamento – Conflitos entre acionista (agente) e credor (principal) – Pode levar a um aumento das dificuldades financeiras • Potenciais problemas: incentivo a estratégias egoístas por parte dos acionistas – Assumir riscos elevados – Subinvestimento – Esvaziamento da propriedade • Possíveis soluções para reduzir os custos de agência da dívida – Adoção de cláusulas protetoras nos contratos, como por exemplo • Limitação do pagamento de dividendos • Restrições quanto à venda dos ativos, etc – Redução do endividamento 22 Agradecimentos ao Prof. Dr. Eduardo Kazuo Kayo. Endividamento ótimo pela teoria de agência 23 Custo de Agência Endividamento Custo de agência do capital próprio externo Custo de agência da dívida Custo de agência total Endividamento com o menor custo de agência Fonte: Adaptado de Jensen e Meckling (1976) Agradecimentos ao Prof. Dr. Eduardo Kazuo Kayo. 24 Sobre- investimento Overinvestment Quando a empresa está em dificuldade financeira, os acionistas realizarão projetos de investimento de alto risco e com VPL baixo ou negativo (fazendo baixar o valor da empresa), pois deste modo aumentariam o valor do capital próprio (passa de praticamente zero para positivo) e diminuem o valor da dívida; Sub- investimento Underinvestment Quando a empresa está em dificuldade financeira, os acionistas não realizam projetos de investimentos com VPL positivo (que fariam aumentar o valor da empresa), pois teriam que injetar fundos próprios na empresa para realizar o projeto (a empresa tem capacidade de endividamento esgotada) e apenas os credores se beneficiariam com os fluxos de caixa do projeto. Esse conflito entre credores e acionistas tenderá a se agravar se a empresa está em situação de dificuldade financeira (financial distress), pois o acionista poderá adotar estratégias que não maximizam o valor da empresa, mas maximizam o valor do capital próprio (promovem a transferência de valor do credor para o acionista). As situações comuns de custos de agência são as seguintes: Custos de agência da dívida Conflitos de agência, ciclo de vida e dívidas 25 Fonte: Kayo Dívidas nessa fase restringem o crescimento; Predominância é de capital próprio Dívidas nessa fase disciplinam os gestores; Predominância é de capital de terceiros Agradecimentos ao Prof. Dr. Eduardo Kazuo Kayo. 26 Imperfeições do mercado e relevância da estrutura de capital Teoria do trade-off Teoria de agência (ou agenciamento) Teoria do pecking order Folga financeira Teoria do pecking order: A teoria do pecking order decorre do relaxamento da eficiência de mercado e informações simétricas. Para o pecking order, a assimetria informacional provoca uma preferência por recursos gerados internamente. Ao contrário das teorias de trade-off e de agência, o pecking order não prevê um nível ótimo de endividamento. 27 Informações Assimétricas Efeitos da sinalização e seleção adversa: Como a falência é custosa para gestores, aumentar o endividamento pode sinalizar a confiança da administração na capacidade da empresa de cumprir suas obrigações. Informação Assimétrica é a situação na qual os gerentes possuem mais informação sobre as operações e perspectivas futuras da empresa do que os investidores. Sinalização Uma ação financeira por parte da administração, que julga refletir sua visão do valor da ação da empresa; em geral, o uso de financiamento com capital de terceiros é tido como um sinal positivo de que a administração acredita que a ação está sub-avaliada, enquanto a emissão de novas ações é tida como um sinal negativo de que a administração acredita que a ação está superavaliada. Entendendo o mecanismo do pecking order 28 Gestores tendem a emitir ações quando os preços estãosobrevalorizados (beneficiando os acionistas antigos) Sabendo dessa tendência, novos acionistas exigem um desconto sobre o preço da ação para adquiri-la Como os gestores sabem que pode haver esse desconto, eles deixam de emitir novas ações. Por isso, a emissão de novas ações é o último recurso na hierarquia do pecking order Agradecimentos ao Prof. Dr. Eduardo Kazuo Kayo. Pecking Order – Teoria da Hierarquização das Fontes de Financiamento desenvolvida por Stewart Myers. MYERS, Stewart. The capital structure puzzle. Journal of Finance, 39 (1984, pp. 575-592) Pecking order (hierarquização) • Reações do mercado – Emissão de ações são consideradas notícias ruins – Emissão de dívidas são consideradas notícias boas – Por que? Principalmente por causa da sinalização: • Emissão de ações sinaliza que preços das ações estão sobrevalorizados • Emissão de dívidas (ou recompra de ações) sinaliza subvalorização 29 Agradecimentos ao Prof. Dr. Eduardo Kazuo Kayo. Os gerentes que perceberem que as ações da empresa estão subvalorizadas darão preferência para financiar investimentos utilizando lucros retidos ou capital de terceiros, em vez de ações. O oposto é verdadeiro: ações supervalorizadas = preferência pela emissão de ações para financiar investimentos. • Portanto, em função do problema de assimetria informacional, essa teoria sugere que os gestores tenham a seguinte ordem de preferência na utilização de recursos financeiros – Financiamento interno >>> menos sujeito a problemas de assimetria – Dívidas – Novas ações >>> mais sujeitas a problemas de assimetria • Resultados – o endividamento varia pela necessidade de recursos externos e não pela busca de uma estrutura de capital ótima – Quanto maior a geração de recursos internos (ou rentabilidade) menor a utilização de recursos externos (ex.: endividamento) • Mas será que essa ordem é sempre adequada??? 30 Agradecimentos ao Prof. Dr. Eduardo Kazuo Kayo. Pecking order (hierarquização) 31 Imperfeições do mercado e relevância da estrutura de capital Teoria do trade-off Teoria de agência (ou agenciamento) Teoria do pecking order Folga financeira Folga Financeira (financial slack) Financial slack (folga financeira) • Folga financeira – conjunto de ativos líquidos (caixa, aplicações financeiras e outros títulos negociáveis) e de capacidade de empréstimo além do necessário para atender ao pagamento de dívidas e gastos operacionais (isto é, baixo nível de endividamento) • A folga financeira é importante para assegurar – que os investimentos em P&D sejam feitos de maneira contínua e ininterrupta – que haja recursos disponíveis para o lançamento de novos produtos – que as empresas tenham recursos disponíveis para adquirir outras empresas com o propósito de expandir sua base de conhecimento • Por isso, pesquisas recentes mostram que empresas intangível-intensivas apresentam predominância de capital próprio 32 Agradecimentos ao Prof. Dr. Eduardo Kazuo Kayo. Resumo das principais teorias • Irrelevância da estrutura de capital – Premissa: mercado perfeito – Decisões de investimento (e não de financiamento) é que criam valor • Teoria do trade-off – Benefícios fiscais incentivam o uso de dívidas (capital de terceiros) – Dificuldades financeiras limitam o uso de dívidas – Ponto ótimo de endividamento em função da compensação entre esses dois fatores 33 Agradecimentos ao Prof. Dr. Eduardo Kazuo Kayo. Resumo das principais teorias • Teoria de agência – Separação entre propriedade e controle leva aos custos de agência do capital próprio externo (endividamento pode ajudar a reduzir esse conflito) – Por outro lado, o endividamento crescente pode levar aos custos de agência da dívida – Ponto ótimo de endividamento: onde custos totais de agência são minimizados • Teoria do pecking order – Não prevê um ponto ótimo de endividamento – Ordem de preferência: financiamento interno, dívidas, novas ações 34 Agradecimentos ao Prof. Dr. Eduardo Kazuo Kayo. O processo de criação de valor • Acontece a criação de valor quando, na equação abaixo, o numerador aumenta ou quando o denominador diminui • Isto é, quando existir um incremento de fluxo de caixa ou uma redução do custo de capital (i) 35 1 )1(n n n i FC VP Criação de valor com fluxo de caixa: - Aumento das receitas - Redução de custo ou despesa - Redução do capital de giro - Redução de investimentos (com o cuidado de não comprometer a capacidade de produção) Criação de valor com custo de capital : - Redução do custo do capital próprio - Redução do custo do capital de terceiros - Estrutura de capital ótima (nível de endividamento que seja adequado) Agradecimentos ao Prof. Dr. Eduardo Kazuo Kayo. O processo de criação de valor (cont.) • Em outras palavras, a pergunta central que devemos nos fazer como gestores financeiros é: – Como podemos criar valor com as nossas decisões de investimento e de financiamento • Algumas dúvidas comuns entre os gestores financeiros quando sua empresa precisa de recursos para novos investimentos – Devemos emitir títulos de dívida (debêntures), ações ou contrair empréstimos bancários? – Devemos emitir ações ordinárias ou preferenciais? – Minha empresa é de capital aberto: como o mercado reagirá à minha decisão? 36 Agradecimentos ao Prof. Dr. Eduardo Kazuo Kayo. 37 Alguns determinantes da estrutura de capital: Impostos Quanto mais alta a alíquota de imposto, maior o benefício da dívida e, consequentemente, maior a tendência de contratação de dívida. Tipos de ativos A possibilidade de dificuldades financeiras e, portanto, custos de financial distress, influenciam a contratação de dívida. As empresas com ativos tangíveis, em caso de liquidação têm um valor maior. Nas empresas com ativos intangíveis o valor de liquidação é menor. Volatilidade do resultado operacional Empresas com elevado risco operacional (incerteza grande quanto a resultados operacionais) têm maior probabilidade de enfrentar dificuldades financeiras e não terem capacidade de dedução fiscal de juros, logo trabalham com grau de endividamento mais baixo. Empresas com baixo risco operacional podem utilizar maior endividamento. Pecking order theory As empresas tendem a preferir fontes de financiamento internas (autofinanciamento) a externas (dívida e capital próprio, nesta ordem), pois o recurso do exterior tem custos de emissão e pode sinalizar ao mercado que a empresa pensa que seus títulos (obrigações e ações) estão sobreavaliados. A pecking order theory explica porque as empresas mais lucrativas e de maior sucesso num setor tendem a ter menor endividamento e também porque as empresas tendem a acumular caixa. (financial slack). 38 Uma empresa tem R$60.000 em caixa e R$100.000 em dívida com vencimento em 1 ano. O valor de mercado do imobilizado é zero e o fluxo de caixa esperado para o próximo ano também é zero. A empresa está isenta de impostos e atualmente está analisando um projeto de investimento de R$60.000 com fluxo de caixa no primeiro ano será zero (80% de probabilidade) ou R$250.000 (20% de probabilidade). A taxa de desconto adequada para esse investimento é de 30%. a) Determine os fluxos de caixa disponíveis para os credores e os acionistas em 1 ano, sem o projeto e admitindo que a posição de caixa não será aplicada. Qual o valor de mercado do capital próprio? b) Determine o VPL do projeto. c) Determine os fluxos de caixa disponíveis para os credores e para os acionistas daqui a 1 ano, com e sem o projeto. Uma situação de Overinvestment – Exercício: 39 a) Como não é esperado fluxo de caixa no primeiro ano, a empresa poderá reembolsar apenas R$60.000milhõesaos credores (posição de caixa) e não distribuirá aos acionistas. Fluxo de caixa aos credores: D = 60.000 Fluxo de caixa aos acionistas: E = 0 Assim, o valor de mercado do capital próprio será ZERO b) VPL = -60.000 + [(0,8 x 0 + 0,2 x 250.000) / 1,3] = -21.538 Como o VPL é negativo, não é interessante. c) Cenário Favorável (20% de probabilidade) Cenário Desfavorável (80% de probabilidade) Fluxo de caixa esperado ao final do 1º ano SEM projeto Credores 60.000 60.000 60.000 Acionistas 0 0 0 COM projeto Credores 100.000 0 20%x100.000 = 20.000 Acionistas 250.000-60.000+60.000- 100.000=150.000 0-60.000+60.000=0 (20%x150.000)+(80%x0)=30.000 Os acionistas tenderão a realizar o projeto pois obtém um fluxo de caixa sempre superior ao que obteriam sem o projeto. Os credores são prejudicados pois receberão um fluxo de caixa inferior e de montante incerto. Embora com VPL<0 para a empresa, o projeto oferece VPL>0 para os acionistas e VPL<0 para os credores. Essa situação é chamada de OVERINVESTMENT Overinvestment – Resposta do Exercício: 40 Overinvestment X Underinvestment – Exercício: ATIVO PASSIVO Caixa 200 Dívida 400 Imobilizado 600 Pat. Líquido 400 TOTAL 800 TOTAL 800 Considere o seguinte balanço (em R$ milhões): a) Determine os FC disponíveis para os credores e acionistas daqui a um ano, admitindo que a posição de caixa não será aplicada. Qual o valor de mercado do capital próprio? b) Considere que essa empresa pode realizar um projeto de investimento de R$200milhões, utilizando o caixa atual. Neste caso, o FC para o primeiro ano será zero (80% de probabilidade) ou R$1 bilhão (20% de probabilidade). A taxa de desconto adequada para o risco operacional é de 30%. Qual o VPL desse projeto? Determine os FC disponíveis para os credores e acionistas daqui a um ano. c) Considere que essa empresa pode realizar um projeto de investimento de R$400milhões, financiado em 50% com o caixa atual e 50% com aumento de capital. Neste caso, o FC para o primeiro ano será R$400milhões (50% de probabilidade) ou R$530milhões (50% de probabilidade). A taxa de desconto adequada para o risco operacional é de 10%. Qual o VPL desse projeto? Determine os FC disponíveis para os credores e acionistas daqui a um ano. A dívida vencerá em um ano. No próximo ano o fluxo de caixa operacional será zero e a empresa está isenta de impostos. 41 a) Como não é esperado fluxo de caixa no primeiro ano, a empresa poderá reembolsar apenas R$200milhões aos credores (posição de caixa) e não distribuirá aos acionistas. Fluxo de caixa aos credores: D = 200 e Fluxo de caixa aos acionistas: E = 0 Assim, o valor de mercado do capital próprio será ZERO. b) VPL = -200 + [(0,8 x 0 + 0,2 x 1.000) / 1,3] = -46 Como o VPL é negativo, não é interessante. Qualquer que seja o valor da empresa antes do projeto, irá se reduzir em R$46 após sua implantação. No caso de uma empresa sem endividamento (unlevered), os acionistas nunca iriam aceitar o projeto, o que pode não acontecer se houver dívida na estrutura de capital da empresa (caso em que os acionistas poderiam obter algum benefício “prejudicando” os credores). Essa situação é chamada de OVERINVESTMENT. Cenário Favorável (20% de probabilidade) Cenário Desfavorável (80% de probabilidade) Fluxo de caixa esperado ao final do 1º ano SEM projeto Credores 200 200 200 Acionistas 0 0 0 COM projeto Credores 400 0 80 Acionistas 1000-200+200-400=600 0-200+200=0 120 Overinvestment X Underinvestment – Resposta do Exercício: Claramente compensará aos acionistas realizar o projeto pois obtém um fluxo de caixa mais elevado e nunca inferior às situações SEM projeto. Os credores seriam prejudicados com o projeto. Embora com VPL negativo, esse projeto tem VPL positivo para os acionistas e negativo para os credores. 42 c) VPL = -400 + [(0,5 x 400 + 0,5 x 530) / 1,1] = 23 Como VPL>0, o projeto deve ser implantado. Cenário Favorável (50% de probabilidade) Cenário Desfavorável (50% de probabilidade) Fluxo de caixa esperado ao final do 1º ano SEM projeto Credores 200 200 200 Acionistas 0 0 0 COM projeto Credores 400 400 400 Acionistas 530-400+200-400=-70 400-400+200-400=-200 -135 No caso de a empresa ter dívida em sua estrutura de capital pode ser ótimo para os acionistas NÃO implantarem projetos com VPL>0, prejudicando os credores (que seriam os únicos beneficiários do fluxo de caixa do projeto, reembolsados na totalidade em qualquer cenário). É uma situação de UNDERINVESTMENT, quando a empresa não realiza projetos com VPL>0 que aumentariam seu valor. Note-se que para o projeto ser realizado a empresa necessita de recursos adicionais de R$200MM (investimento é de R$400MM e só há R$200MM em caixa). Assim, os acionistas deveriam fazer aporte de R$200MM. Apesar de VPL>0, os acionistas optariam por não realizar esse projeto que lhes traria FC negativo em qualquer cenário. Os acionistas teriam que aportar capital e os credores teriam prioridade no recebimento do FC. Embora com VPL positivo, esse projeto resulta em FC negativo aos acionistas e positivo aos credores. Overinvestment X Underinvestment – Resposta do Exercício:
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