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Introdução à Matemática Financeira v 1.0, pg. 1 9 TEMPO DE RETORNO TEMPO DE RETORNO DO INVESTIMENTO Conceito, equação e cálculo do tempo de retorno O tempo de retorno - pb (ou payback, ou payback simples, ou tempo de retorno simples,) é simplesmente quanto tempo leva até que todo o investimento inicial seja pago: ∑ O payback não é uma função normalmente pré-programada em planilhas ou calculadoras fi- nanceiras, devendo ser calculada manualmente. No caso geral, o somatório o payback é fracionário, devendo ser obtido por interpolação line- ar, como no Objeto 1 (Desafio 1: mostre que o método de interpolação apresentado é preci- so). Objeto 1. Payback simples. Fluxo de caixa acumulado: soma simples desde o instante zero. A interpolação da parte fracionária do payback divide o fluxo anterior ao zero pela distância entre o posterior e o anterior. Em uma perpetuidade, o tempo de retorno é a inversa da TIR (Desafio 2: mostre que esta últi- ma afirmação é verdadeira), portanto ordena os projetos da mesma forma: ano fluxo de caixa fluxo de caixa acumulado 0 -10.000 -10.000 1 2.100 -7.900 2 2.100 -5.800 3 2.100 -3.700 4 2.100 -1.600 5 2.100 500 6 2.100 2.600 7 2.100 4.700 8 2.100 6.800 9 2.100 8.900 10 21.191 30.091 interpolação 8 Introdução à Matemática Financeira v 1.0, pg. 2 Utilização do tempo de retorno enquanto método de avaliação da viabilidade econômica O critério de viabilidade do tempo de retorno é um prazo máximo (crítico), quase sempre arbi- trado a partir da experiência da empresa ou da pessoa que faz a avaliação. Um primeiro aspecto que chama a atenção é que ele não considera o valor do dinheiro no tempo, somando fluxos de datas diferentes. Essa limitação não é tão grave quanto parece, pois a aplicabilidade do método restringe-se a fluxos de caixa e tomadores de decisão simples. De qualquer forma, esta objeção é objeto de análise no item que lida com o método do payback descontado. Dos métodos de avaliação de investimentos, o tempo de retorno é claramente o mais fácil de compreender e usar. Como a TIR e o retorno contábil médio, ele não exige a predefinição de um critério viabilidade (é perfeitamente possível definir o retorno mínimo após calculadas as TIR dos projetos; já o cálculo do VPL e seus derivados exige uma TMA determinada a priori). Além disso, o tempo de retorno não inclui considerações quanto ao valor do dinheiro no tem- po. Por não exigir conhecimento de matemática financeira ou ferramentas como calculadoras e planilhas, pode ser usado muito rapidamente e por pessoas quase sem habilidade quantitati- va. O método do tempo de retorno é, entretanto, um grave problema: ele ignora o futuro além dele mesmo. Qualquer coisa, favorável ou desfavorável, que aconteça (ou possa acontecer) depois desse prazo não altera o tempo de retorno, portanto torna-se irrelevante, como mos- trado no Objeto 2. Objeto 2. Indiferença ao fluxo de caixa subsequente ao tempo de retorno. Fluxo de caixa de 3 projetos de investi- mento de mesmo payback simples (4 anos). O s 3 projetos são idênticos até o tempo de retorno e são radicalmente diferentes após ele. O Projeto A mantém o mesmo nível de geração de caixa anterior, o Projeto B torna-se espeta- cularmente favorável e o Projeto B entra em colapso desastroso. O método tempo de retorno não é capaz de dis- criminar esses projetos. Essa deficiência torna o método do tempo de retorno inadequado (e até perigoso) para a ava- liação de projetos que tenham grandes oscilações no seu fluxo de caixa. A sua aplicabilidade ano Projeto A Projeto B Projeto C 0 -10.000 -10.000 -10.000 1 2.500 2.500 2.500 2 2.500 2.500 2.500 3 2.500 2.500 2.500 4 2.500 2.500 2.500 5 2.500 30.000 -30.000 6 2.500 30.000 0 7 2.500 30.000 0 8 2.500 30.000 0 9 2.500 30.000 0 10 27.500 330.000 0 TIR 28,7% 68,6% não há Introdução à Matemática Financeira v 1.0, pg. 3 real enquanto método de avaliação de viabilidade econômica de investimentos, se concentra em projetos com fluxos relativamente constantes (ou que pelo menos não tenham grandes os- cilações após o tempo de retorno). Em resumo, o tempo de retorno tem a vantagem da simplicidade matemática, que torna o mé- todo especialmente ajustado para tomadores de decisão com restrição cognitiva (não conhe- cem matemática financeira), mas é limitado a investimentos que tenham fluxos de caixa relati- vamente pouco complexos. A sua aplicabilidade é concentrada em ambientes em que a vanta- gem seja muito importante e a desvantagem pouco provável: Nível hierárquico baixo. São cargos povoados (usualmente) por gerentes de baixo esca- lão, supervisores e líderes de turma, que rebem (usualmente) pouca ou nenhuma edu- cação formal em avaliação de investimentos. As decisões se referem (usualmente) a pro- jetos simples, com fluxos de caixa simples (usualmente com um investimento inicial úni- co e benefícios constantes ou levemente crescentes). Pequenos negócios, Aqui os projeto podem ser tão complexos quanto os das grandes empresas, o que recomenda o uso de técnicas com limitações mais aceitáveis. Entretan- to, a restrição cognitiva de muitos empreendedores os condena ao uso do tempod e re- torno, mesmo quando a técnica não for recomendável. Avaliações super-rápidas. Às vezes há projetos que são evidentemente viáveis, qualquer que seja o método de avaliação a ser utilizado. Nesses casos, uma avaliação muito rápi- da (com uma simples conta de cabeça) pode ser preferida, especialmente em um pro- cesso criativo, em que parar para fazer uma conta poderia esfriar um momento favorá- vel. Um caso adicional é o dos projetos que se pagam no próprio exercício. Às vezes, empresas en- tram em fases de dificuldade financeira, em que mesmo projetos altamente vantajosos devem ser postos de lado. Às vezes as metas financeiras são anuais, o que permite aprovar projetos desde que se paguem no mesmo ano. Por isso, empresas sob forte restrição orçamentária po- dem se restringir à aprovação de projetos com tempo de retorno de um ano ou até menos (pa- ra deixar uma margem de segurança). Nesse caso, há uma mescla das viabilidades econômica e a financeira podem se mesclar, levando à utilização do método do tempo de retorno simples. Utilização do tempo de retorno enquanto método de avaliação do risco Uma segunda aplicação do tempo de retorno é enquanto método (simples) para avaliação do risco de um investimento. Essa aplicação é especialmente relevante em casos em que há uma considerável probabilidade de colapso do projeto em um momento futuro desconhecido e é importante recuperar o máximo possível o quanto antes. A antecipação do fluxo de caixa (mesmo com redução do retorno do projeto) é uma forma de mitigação do risco a que o capi- tal está submetido, pois reduz-se o montante de dinheiro perdido no caso do evento negativo se materializar. O Objeto 3 traz um exemplo. Introdução à Matemática Financeira v 1.0, pg. 4 Objeto 3. Projeto com elevada probabilidade de colapso. Projeto base com investimento de $100, geração de caixa anual e perpétua de $50, e probabilidade de colapso em cada ano de 30%. São 11 cenários (A a J e OK) definidos em função do ano do colapso. Por exemplo, a probabilidade de ocorrência do cenário B (bom funcionamento no ano 1, seguido de colapso no ano 2 é a probabilidade de não ocorrer o colapso no ano 1 (70%) multiplicada pela probabili- dade de ocorrer no ano 2 (70%). A do cenário C é a probabilidade de o projeto sobreviver aos anos 1 e 2 (1-30%- 21%) multiplicada pela dele colapsar no 3 (30%). Ao último cenário (OK) foi atribuídoo restante das probabilidades. Note-se que, apesar do excepcional retorno do caso base (cenário OK, com TIR de 50% e payback de 2 anos), após considerado o risco, o projeto não é nada bom (Desafio 3: calcule o fluxo de caixa esperado pela soma dos fluxos multiplicados pelas respectivas probabilidades e calcule a sua TIR). Quando o futuro tem grande incerteza, a maior parte dos investidores prefere recuperar rapi- damente uma quantidade de caixa suficiente para descaracterizar a perda com o investimento. Essa é uma situação comum em pequenos negócios, sujeitos a ganhar bem por alguns anos pa- ra ter de fechar em seguida devido à instalação de um concorrente mais forte. Outra situação típica em que há substancial risco de fracasso abrupto é o investimento em países ou setores em que as instituições são frágeis e podem sofrer alterações drásticas de comportamento. Isso explica (há outros fatores) a elevada taxa de retorno dos projetos básicos necessária à viabili- zação de investimentos em pequenas empresas e em países com instituições claudicantes. PAYBACK DESCONTADO Conceito, equação e cálculo do payback descontado O tempo de retorno descontado - pbd (ou discounted payback) é quanto tempo leva até que todo o investimento inicial seja pago, se cada fluxo de caixa for trazido a valor presente: ∑ ( ) A B C D E F G H I J OK prob. 30,0% 21,0% 14,7% 10,3% 7,2% 5,0% 3,5% 2,5% 1,7% 1,2% 2,8% 0 -100 -100 -100 -100 -100 -100 -100 -100 -100 -100 -100 1 0 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 2 0 0 50 50 50 50 50 50 50 50 50 3 0 0 0 50 50 50 50 50 50 50 50 4 0 0 0 0 50 50 50 50 50 50 50 5 0 0 0 0 0 50 50 50 50 50 50 6 0 0 0 0 0 0 50 50 50 50 50 7 0 0 0 0 0 0 0 50 50 50 50 8 0 0 0 0 0 0 0 0 50 50 50 9 0 0 0 0 0 0 0 0 0 50 50 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 150 CENÁRIO ano Introdução à Matemática Financeira v 1.0, pg. 5 Alternativamente, pode ser definido como o tempo necessário para que o valor futuro líquido se torne nulo (Desafio 4: mostre que estas duas definições são equivalentes): ∑ ( ) Novamente, normalmente deve ser calculado manualmente. A interpolação da parte fracioná- ria pode ser obtida por interpolação linear, como mostrado no Objeto 4. No caso do payback descontado, essa forma de interpolação é razoavelmente precisa, embora inexata (Desafio 5: como fazer uma interpolação mais precisa que a linear?). Objeto 4. Payback descontado. Fluxo de caixa acumulado: soma simples desde o instante zero. A interpolação da parte fracionária do payback divide o fluxo anterior ao zero pela distância entre o posterior e o anterior. No limite da viabilidade econômica, o VPL é zero (o projeto ainda é viável). Nesse caso, o payback descontado será igual ao horizonte do projeto, porque o VPL só se torna nulo se todo o fluxo de caixa projetado for considerado. No caso de perpetuidades (em que todo o fluxo de caixa considerado significa para sempre) o payback descontado (do projeto com VPL nulo) é in- finito. Utilização do payback descontado Uma crítica óbvia ao payback simples é que ele não leva em conta o valor do dinheiro no tem- po, ou seja, ele comete o sacrilégio de somar fluxos de caixa de tempos diferentes. Essa crítica é pouco relevante quando o tempo e retorno é utilizado para avaliar a viabilidade econômica de um investimento (em substituição à TIR, ao VPL/I ou à TIR-M). Afinal, a simplicidade que é tão importante aos aplicadores típicos se perderia se houvesse necessidade de trazer valores ao presente e o método seria dominado pelos outros. Por outro lado, enquanto método de estimação do risco de investimentos, o payback descon- tado tem seu sentido. O payback simples refere-se ao tempo necessário para por em seguran- ano fluxo de caixa fluxo de caixa acumulado 0 -10.000 -10.000 1 2.100 -7.900 2 2.100 -5.800 3 2.100 -3.700 4 2.100 -1.600 5 2.100 500 6 2.100 2.600 7 2.100 4.700 8 2.100 6.800 9 2.100 8.900 10 21.191 30.091 interpolação 8 Introdução à Matemática Financeira v 1.0, pg. 6 ça o valor investido; o descontado refere-se ao valor investido mais o retorno mínimo que teria sido obtido nos investimentos descartados. Em qualquer dos casos (exceto se a taxa de juros for negativa, o que não é realista) , o payback descontado é mais longo que o simples (Desafio 6: mostre que esta última afirmação é verda- deira). É natural que o prazo crítico (se o payback do projeto for menor que o crítico, o projeto é viável) do payback simples seja mais curto que o do descontado (que mesmo infinito ainda indica um investimento viável) (Desafio 7: mostre que esta última afirmação é verdadeira; di- ca: o projeto é viável ou não, portanto, se for viável ou inviável, o será nos dois métodos). Acontece que os prazos críticos geralmente são definidos arbitrariamente, com base na expe- riência dos tomadores de decisão, é esperado que o prazo crítico do payback descontado seja substancialmente mais longo que o do simples (Desafio 8: em uma perpetuidade constante, expresse o tempo crítico do payback descontado em função do simples). Com essa adequada escolha dos prazos críticos, fica fortemente atenuada a ausência de uso de juros no método do tempo de retorno simples. EXERCÍCIOS, PROBLEMAS E CASOS Os casos são retirados da realidade e escritos de modo a trazer uma forte visão do contexto em que ocorrem e permitir fazer os cálculos necessários. Exercícios Calcule o payback simples e o payback descon- tado dos seguintes fluxos de caixa. 307. 308. 309. 310. 311. início -1.000 -1.000 -1.000 -1.000 -1.000 ano 1 150 150 0 250 400 ano 2 200 200 0 -400 400 ano 3 150 150 150 250 400 ano 4 180 180 200 300 400 ano 5 220 220 150 450 400 ano 6 250 250 180 0 400 ano 7 200 200 220 450 400 ano 8 120 120 250 300 400 ano 9 150 150 200 150 400 ano 10 200 1.400 120 200 400 TMA 9,0% 4,0% 9,0% 11,0% 7,5% Em cada um dos exercícios anteriores, in-312. terprete a diferença entre ambos os indi- cadores. Problemas Qual o tempo de retorno simples de um 313. investimento de $3.000 que rende $600 por mês? Qual a TIR desse projeto? 314. Qual o payback descontado caso anteri-315. or, à taxa de 25% a.a.? Qual o VPL relativo ao investimento des-316. se projeto? O projeto é viável? 317. Qual o tempo de retorno simples de um 318. investimento de $15.000 que rende $250 por mês? Qual a TIR desse projeto? 319. Qual o payback descontado caso anteri-320. or, à taxa de 11% a.a.? Qual o VPL relativo ao investimento des-321. se projeto? O projeto é viável? 322. Qual o tempo de retorno simples de um 323. investimento de $120.000 que rende $20.000 por ano? Qual a TIR desse projeto? 324. Qual o payback descontado caso anteri-325. or, à taxa de 18% a.a.? Introdução à Matemática Financeira v 1.0, pg. 7 Qual o VPL relativo ao investimento des-326. se projeto? O projeto é viável? 327. Casos Metalúrgica. Uma empresa média (200 empre- gados) do ramo metalúrgico tinha um dilema. Como motivar os supervisores (produção A, produção B, turno noturno, qualidade, manu- tenção mecânica, manu- tenção elétrica e expe- dição) a gerar ideias que, mesmo com pe- quenos e médios inves- timentos, fossem capa- zes de gerar ganhos para a empresa? São esses profissionais que conhecem todos os detalhes do dia-a-dia, as suas ideias de melhoria podem gerar milhões em melhorias de produtividade e qualidade. Essas pessoas conhecem a sua téc- nica e não têm dificuldade em comunicar suas ideias, desde que não tenham que escrevê-las. O ladodo incentivo foi facilmente resolvido com um esforço da direção que incluía uma postura proativa (criação de instâncias de apre- sentação de sugestões) e receptiva (receber a sugestão com um elogio ao invés de uma críti- ca), temperada por um par de conversas ami- gáveis (“estamos todos no mesmo barco”, “vo- cê é uma pessoa muito importante”, “vamos crescer juntos”, “você é uma pessoa de muito futuro aqui dentro”). O problema era como fa- zer eles entenderem quais os investimentos que gerariam ganhos suficientes e quais não. A primeira sugestão foi ensinar técnicas como VPL e TIR para eles (métodos que se mostraram de difícil compreensão). A segunda foi alocar parte do tempo de um estagiário de engenharia para ajuda-los nas contas (ele não tinha dificul- dades, mas os supervisores se sentiram humi- lhados de ter que pedir ajuda de um menino e pararam de levar ideias). A terceira foi trocar o método de avaliação pelo payback simples, mas havia dúvidas sobre a qualidade da seleção de investimentos que ele geraria. Para ajudar nes- sa decisão foram utilizados 8 projetos de pe- quenas melhorias que trazem um aumento de produtividade (independentes, não excluden- tes, não fracionáveis), avaliados a uma TMA de 14% a.a. Naquele ano, havia apenas $100.000 para esse tipo de investimento. Calcule o VPL de cada projeto. 328. Calcule o VPL relativo ao investimento de 329. cada projeto. Calcule o tempo de retorno simples de 330. cada projeto. Quais os projetos a serem selecionados 331. pelo critério do VPL/I. Qual o VPL total desses projetos? Quais os projetos a serem selecionados 332. pelo critério do tempo de retorno? Qual o VPL total desses projetos? Qual a perda de VPL se for utilizado o 333. método do tempo de retorno? Considere que apenas os projetos assina-334. lados com teriam sido apresentados se os supervisores fossem obrigados a calcu- lar o VPL (impossível!) ou a se submeter à avaliação do tal do estagiário (oh, hor- ror!!!). Para apenas esses projetos, quais seria selecionados pelo critério do VPL/I e qual o seu VPL total. E pelo método do tempo de retorno? 335. Como perder menos dinheiro: usar o mé-336. todo do tempo de retorno ou deixar de estimular a apresentação de sugestões potencialmente valiosas? Melhoria de processo. Em pauta um projeto de melhoria em uma metalúrgica média (a mesma anterior, embora os casos não sejam relaciona- dos, exceto pelo fato de a ideia ter sido trazida por um dos superviso- res). O projeto é instalar alguns durômetros (aço mais duro é aço mais re- sistente) para controlar a qualidade da produ- ção. A rápida identificação de falhas recorren- tes permite ajustar as máquinas da produção com maior frequência, reduzindo perdas de investi- mento inicial caixa gerado por mês vida útil esperada (meses) A 30.000 6.000 18 B 20.000 7.500 24 C 20.000 12.500 60 D 36.000 3.200 60 E 24.000 4.700 18 F 54.000 9.000 24 G 24.000 4.500 60 H 27.000 1.800 36 projeto Introdução à Matemática Financeira v 1.0, pg. 8 material e aumentando a qualidade do produ- to. O investimento inicial é de $140.000, que gera um ganho de 80.000 por mês pelos próxi- mos 5 anos. Após isso, espera-se trocar as má- quinas da produção por outras automatizadas, o que deverá tornar obsoleta a solução dos du- rômetros. Calcule o tempo de retorno do projeto. 337. Calcule a TIR anual do projeto. 338. O projeto é viável? 339. O Diretor Financeiro viu o projeto e falou: 340. “Algo está errado. Não existem taxas de retorno tão altas. Nunca vi algo assim na aminha vida. Isso é melhor do que o ren- dimento de qualquer ação na bolsa em qualquer ano. Melhor refazer essas con- tas.” Comente a fala desse Diretor. Lançamento de carro. Uma montadora multi- nacional no Brasil precisou lançar um novo mo- delo de carro em tempo recorde para salvar seus lucros. Era 2001 e a economia argentina havia entrado em colapso. Eles haviam escrito na constituição que 1 austral (a moeda da época) equivaleria sempre a 1 dólar es- tadunidense. Foi tudo muito bem, até que a inflação ressurgiu (no final, várias províncias começaram a emitir as suas próprias moedas, o que destruiu a moeda de vez). A pa- ridade com o dólar não pôde ser mantida e o austral entrou em colapso. Os argentinos man- tinham depósitos bancários em dólares (no próprio país), acreditando estar protegidos, mas foram surpreendidos pela transformação compulsória na desvalorizada moeda nacional. O que se seguiu foi uma paralização econômica, com direito à derrubada do governo e à mora- tória da dívida externa. Em princípio, a monta- dora no Brasil não seria severamente atingida pela perda de vendas ao país Hermano. Entre- tanto, na matriz, a diretoria responsável pela América Latina percebeu que a crise argentina faria com que as suas metas não fossem atingi- das. A solução foi exigir um sacrifício das uni- dades nos demais países comandados pelo mesmo Diretor, dentre eles o Brasil. Foi um ano de aperto de cintos geral, de cancelamento de projetos, de corte de despesas, de arroxo de fornecedores, de demissão de pessoas que não tinham nada a ver com a questão. Uma das or- dens era cancelar todos os investimentos que não se pagassem no mesmo ano. Ainda assim, a montadora resolveu lançar um novo modelo de automóvel, pois a concorrência estava ganhan- do terreno rapidamente. Conseguiram uma proeza: criar um novo produto e lança-lo de forma que o investimento se pagasse em um ano (na verdade, o payback foi de 8 meses). Pa- ra tanto, criaram um modelo que era o sonho da equipe de marketing (tinha tudo que o con- sumidor tanto queria) e o pesadelo da enge- nharia (havia vários problemas no projeto e na durabilidade do produto). Foi um sucesso de mercado e financeiro instantâneo e até hoje o é. Qual a TIR (anual) de um investimento 341. (considere-o investimento integralmente no instante zero) que gera um fluxo de caixa perpétuo e tem um retorno simples de 8 meses? Como muda a TIR se o fluxo de caixa gera-342. do crescer 30% a.a. até o 3º ano, 15% a.a. até o 6º e 5% a.a. em diante até o 20º ano, quando o modelo deve ser substituí- do e o fluxo de caixa torna-se nulo. O modelo é viável? 343. Dito de outra forma, há algum motivo pe-344. lo qual o modelo seria inviável? Risco político. Uma construtora conseguiu um bom contrato na Venezuela. Desde 1999, o país é governado por uma coalizão socialista. Foi mais uma opereta latino-americana com direito a golpe fracassado por parte do futuro presidente, eleição do próprio, constituinte, nova consti- tuição com poderes ditatoriais para o presidente, importação de médicos cubanos, protestos em massa com mortes, golpe de estado da oposição, abando- no do golpe da oposição, financiamento e ou- tras ajudas a grupo guerrilheiro colombiano, re- ferendo para tentar remover o presidente, elei- ção sem presença da oposição, desapropriação de empresas privadas, eliminação da imprensa livre, tentativa fracassada de reforma constitu- cional centralizante e morte do presidente logo após ele assumir o seu quarto mandato. Tudo isso em um país regado a petrodólares, mas que, no período, se viu reduzido de 5º para 12º exportador de petróleo. Em 2014, seu sucessor enfrentava graves protestos, novamente com mortes. Diante desse cenário, a construtora es- tava considerando duas formas alternativas de entrar no país: Alugar boa parte dos equipamentos neces- sários de terceiros locais. Nesse caso, ter- minará a obra em 2 anos e poderá perma- necer no país, mas com obras menores. Introdução à Matemática Financeira v 1.0, pg. 9 Adquirir todos os equipamentos necessá- rios. A manifestação de confiança nopaís, associada à boa performance na obra e a um trabalho de lobby que ressalte tudo isso, será (provavelmente) recompensada com mais obras no futuro. Naturalmente, isso se o governo não for derrubado ou resolver se tornar subitamente hostil. Os fluxos de caixa são apresentados a seguir. O custo do capital real é estimado em 18% a.a.. Calcule o tempo de retorno (payback 345. simples) de ambas as alternativas. Segundo esse critério, qual delas é a pre-346. ferida? Calcule o payback descontado de ambas 347. as alternativas. Segundo esse critério, qual delas é a pre-348. ferida? Por que ocorre essa discrepância entre 349. ambos os métodos? Calcule o VPL, o VPL/I, a TIR e a TIR-M de 350. ambas as alternativas. Segundo esses métodos, qual a alternati-351. va a ser escolhida? Considerando o retorno e o risco das al-352. ternativas, qual delas você escolheria. ano compra aluguel 0 -350.000 -100.000 1 90.000 52.500 2 90.000 52.500 3 135.000 8.750 4 135.000 8.750 5 180.000 8.750 6 180.000 8.750 7 180.000 8.750 8 137.143 1.607 9 137.143 1.607 10 899.048 10.536 Introdução à Matemática Financeira v 1.0, pg. 10 BIBLIOGRAFIA ----------. (1990). Código de Defesa do Consumidor (Lei Nº 8.078). Allen, F., Myers, S. C., & Brealey, R. A. (2013). Princípios de Finanças Corporativas. MsGraw-Hill (10ª ed.). Assaf Nº, A. (2010). Finanças Corporativas e Valor. São Paulo: Atlas (5ª ed.). BIS. (2014). Debt securities statistics. Acesso em 2014, disponível em BIS: www.bis.org/statistics/secstats.htm BNDES. (n/d). tjlp.pdf. 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