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ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO IMPLEMENTAÇÃO DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO: DO PAPEL PARA A PRÁTICA Apoio: Realização: Em dezembro de 2003, após intensa pressão e mobilização popular, o Congresso Nacional aprovou a Lei 10.826, conhecida como Estatuto do Desarmamento, para aumentar o controle sobre as armas de fogo em circulação no Brasil. Os resultados foram imediatos: 5 mil vidas salvas apenas no primeiro ano de vigência da lei, o que significou a queda, pela primeira vez em mais de uma década, dos homicídios no país. Seis anos depois, o Instituto Sou da Paz apresenta pesquisa inédita que avalia a implementação das medidas previstas no Estatuto e traz recomendações para aprimorar sua implementação pelos órgãos responsáveis, garantindo que a lei seja colocada em prática na sua totalidade e evitando a morte de milhares de brasileiros. Apoio: Realização: ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTOIMPLEMENTAÇÃO DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO: DO PAPEL PARA A PRÁTICA ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTODO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO AGRADECIMENTOS Ford Foundation, Ana Toni, Gleice Sanches, Rede Desarma Brasil, Shelley Simis de Botton, Patrícia Henzell, Cel. Luiz Brenner Guimarães, Serguem Jessui Machado, Ademir Soares de Oliveira, Eduardo Teodósio Quadros, Everardo Aguiar, Irmã Marie Henriqueta, José Luis Ventura Leal. Cel. Clóvis E. Godoy Ilha, Edsom Ortega, Fernando Duran, General Pedroza Rêgo, Marcus Vinícius Dantas, Pedro Abramovay, Túlio Kahn, Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados (DFPC) do Exército Brasileiro, Diretoria de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal (DCOR) / Divisão de Repressão ao Tráfico Ilícito de Armas da Polícia Federal (DARM)/ Sistema Nacional de Registro de Armas (SINARM), DELEARM/PF da Bahia, DELEARM/ PF do Ceará, DELEARM/PF de Espírito Santo, DELEARM/PF de Minas Gerais, DELEARM/PF do Pará, DELEARM/PF do Paraná, Polícia Federal de Pernambuco, DELEARM/PF do Rio Grande do Sul, DELEARM/PF de São Paulo, DELESP/PF de São Paulo, Guarda Civil Metropolitana de São Paulo, Guarda Civil Municipal de Barueri, Polícia Civil do Ceará - DAME, Polícia Civil do Distrito Federal - DAME, Polícia Civil do Espírito Santo - DAME e Divisão de Homicídios, Polícia Judiciária Civil do Mato Grosso, Polícia Civil de Minas Gerais, Polícia Civil do Pará, Polícia Civil do Paraná - DEAM, Polícia Civil de Pernambuco, Polícia Civil do Rio Grande do Sul - DAME, Polícia Civil do Rio de Janeiro - DFAE, Polícia Civil de São Paulo – DPC, Polícia Militar do Espírito Santo, Polícia Militar de Minas Gerais, Polícia Militar de Pernambuco, Brigada Militar do Rio Grande do Sul, Secretaria de Defesa Social de Minas Gerais, Secretaria de Segurança Pública do Espírito Santo, Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, Sindicato das Empresas de Segurança e Transporte de Valores do Paraná, SFPC da 10ª Região Militar (Ceará e Piauí), SFPC da 7ª Região Militar (Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas), SFPC da 1ª Região Militar (Espírito Santo). Este relatório é dedicado ao saudoso Pablo Gabriel Dreyfus, figura chave em todos os estudos relevantes sobre controle de armas no país e um dos mais respeitados profissionais do mundo no tema. ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ÍNDICE INTRODUÇÃO | 070 Apresentação | 080 O Estatuto do Desarmamento | 090 Metodologia da pesquisa | 110 1. O QUE DIZ A LEI? | 170 1.1 Quem é responsável? Atribuições estatais no controle de armas | 180 1.2 Fluxo das armas e pontos de controle definidos no Estatuto | 240 2. COMO ESTÁ SENDO IMPLEMENTADO O | 630 ESTATUTO DO DESARMAMENTO? 2.1 Medidas e indicadores da implementação do Estatuto do Desarmamento | 640 2.2 O Estatuto do Desarmamento na prática | 6503. PRINCIPAIS OBSTÁCULOS PARA A | 129 PLENA IMPLEMENTAÇÃO DO ESTATUTO 3.1 O que não saiu do papel | 130 3.2 Informações não disponíveis ou inconsistentes | 136 3.3 Relação entre os órgãos de controle e fiscalização | 138 3.4 Inconsistência legislativa e jurídica: mudanças na lei | 141 4. O QUE FAZER – RECOMENDAÇÕES | 147 CONCLUSÕES | 161 REFERÊNCIAS | 181 GLOSSÁRIO | 193 ANEXOS | 199 1. O que diz a lei | 200 2. Atribuições determinadas pelo Estatuto | 203 3. Armas entregues na primeira campanha de recolhimento, por estado | 205 4. Resultados da Caravana da Polícia Federal em 2009 | 206 ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO INTRODUÇÃO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO IMPLEMENTAÇÃO DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO: DO PAPEL PARA A PRÁTICA Apresentação Como resultado de um processo histórico – após intenso diálogo entre Estado e organizações da sociedade civil –, o Congresso Nacional aprovou, em dezembro de 2003, o Estatuto do Desar- mamento, legislação com 37 artigos que prevê controle rigoroso de todas as fases do processo de circulação de armas e munição no Brasil – da produção até a destruição de armas recolhidas, passando pelos requisitos para posse e porte. Em meados de 2004, após a regulamentação da lei, as medidas previstas no Estatuto começaram a ser colocadas em prática e, em seu primeiro ano de vigência, estima-se que a lei evitou a morte de cinco mil pessoas (UNESCO, 2005, p. 15). Algumas das medidas previstas no Estatuto do Desarmamento, como a campanha de entrega vo- luntária de armas e o referendo popular, tiveram maior visibilidade, enquanto outras permanece- ram pouco conhecidas pela maioria da população. Tendo participado ativamente do processo que resultou na aprovação do Estatuto e lutado para defendê-lo no Congresso, o Instituto Sou da Paz percebeu a discrepância entre a letra da lei e a sua prática. Alguns artigos do Estatuto estavam sendo implementados, mas outros ainda não saíam do papel; em certos casos, a implementação parecia variar de um Estado para outro, em que pese o fato de a lei ser federal. Percebia-se, assim, que a aprovação do Estatuto e de seu rigoroso decreto regulamentador não bastou para que o sistema de controle de armas previsto por estes documentos vigorasse integral- mente. Para se ter uma exata noção de como está o controle de armas de fogo no Brasil, é preciso saber se os órgãos responsáveis pelas medidas previstas na lei e na sua regulamentação estão cumprindo com suas obrigações. O Estatuto é uma lei de aplicação e monitoramento difíceis, uma vez que suas normas determinam obrigações tanto para vários órgãos públicos (Polícias Federal, Civil e Militar, Poder Judiciário, Exército) como para pessoas jurídicas de direito privado (lojas e indústrias de armas e munição, empresas de segurança e clubes de tiro, por exemplo). Avaliar se o Estatuto está sendo respeitado em todo o país é uma tarefa de evidente dificuldade, mas imprescindível para que o Brasil se torne uma nação mais segura. Por estes motivos, em 2008 e 2009, o Instituto Sou da Paz se propôs a realizar uma pesquisa na- cional sobre a situação da implementação do Estatuto do Desarmamento e construir um conjunto de recomendações que ajudariam as instituições e instâncias responsáveis a efetuarem a imple- mentação da lei de forma mais eficaz. Nesse trabalho, foi importante a colaboração das organi- zações da Rede Desarma Brasil,1 que conhecem melhor as realidades e dinâmicas específicas dos órgãos envolvidos em cada Estado e podem constituir uma rede local de monitoramento. Assim, o Instituto Sou da Paz definiu a metodologia da pesquisa e realizou entrevistas com os principais atores responsáveis pela implementação do Estatuto do Desarmamento em dez Estados, sempre procurando envolver os parceiros da Rede Desarma Brasil. Esperamos, portanto, que o presente relatório não seja somente mais uma importanteferramenta de participação da população nas ro- tinas de um assunto que lhe é tão caro, mas que também ajude na elaboração de políticas públicas que visem tornar o controle de armas no país cada vez mais eficiente. 1 A Rede Desarma Brasil – Segurança, Justiça e Paz foi criada em 2005 com o objetivo de ampliar e melhorar a Cam- panha de Desarmamento no Brasil. Participam dela mais de 70 organizações que trabalham com temas relacionados à segurança pública, ao enfrentamento da violência e à promoção da cultura de paz. A Rede busca consolidar o Estatuto do Desarmamento informando a sociedade sobre o seu conteúdo e fiscalizando sua implementação. Para maiores infor- mações, ver <www.deolhonoestatuto.org.br>. | 08 | 2 A “bancada da bala” é o grupo de parlamentares contrários a um maior controle das armas de fogo no país. O Estatuto do Desarmamento Em nenhum país do mundo morrem mais pessoas vítimas das armas de fogo do que no Brasil. Apesar de abrigar somente 2,8% da população global, o Brasil é responsável por 13% das mortes por violência armada no mundo, com aproximadamente uma vítima fatal a cada 15 minutos. Na maior parte destas mortes, o perfil tanto da vítima como do homicida corresponde a jovens entre 15 e 24 anos, pobres e negros, que vivem nas favelas e periferias dos grandes centros urbanos brasileiros. De acordo com o Mapa da violência dos municípios brasileiros, mais de meio milhão de brasileiros perderam a vida por homicídios entre 1996 e 2006 (WAISELFISZ, 2008, p. 94). O fácil acesso às armas de fogo, uma legislação de controle deficiente e uma sequência de medidas pouco eficazes agravaram o quadro. Para se ter uma ideia, em 2003, cerca de 40 mil brasileiros morreram vítimas de armas de fogo (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007). Indignada com esta situação, a sociedade brasileira começou a se organizar intensamente, de- senvolvendo projetos e exigindo mudanças concretas do poder público. Em 1999, o Ministério da Justiça introduziu projeto de legislação no Congresso Nacional, visando banir a venda e o porte de armas de fogo no país, num esforço embriônico do que mais tarde viria a ser o Estatuto do Desarmamento. Nos anos seguintes, a sociedade civil teve papel fundamental em mobilizar par- lamentares para a causa do controle de armas, provendo o Congresso com um fluxo constante de pesquisas que confirmam que leis mais rígidas de controle de armas constituem componente essencial para diminuição dos níveis de mortalidade. Marchas e demonstrações aconteceram em todo o Brasil, mostrando que o acachapante apoio popular pelo controle de armas era mais pode- roso do que a pressão exercida pela chamada “bancada da bala” no Congresso Nacional.2 Em dezembro de 2003, este esforço conjunto trouxe resultados, com o Congresso Nacional apro- vando o Estatuto do Desarmamento, uma grande conquista da sociedade brasileira que tem dado importantes contribuições para a segurança pública. Trata-se de legislação que comprovadamen- te acarretou a diminuição do número de homicídios no Brasil e é elogiada internacionalmente por especialistas em segurança pública. O sucesso da campanha de entrega voluntária de armas – responsável por tirar de circulação quase 470 mil armas de fogo entre 2004 e 2005 –, aliada a outras medidas como a proibição do porte de armas, levou à primeira redução, em 13 anos, do número de mortes por armas de fogo no país (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007, p. 9). Segundo pesquisa do Ministério da Saúde (2007, p. 8), o “primeiro fator apontado pelas análises como significativo na redução dos homicídios no Brasil foi o impacto da criação do Estatuto do Desar- mamento e das ações de recolhimento de armas nos óbitos por arma de fogo”. O relativo sucesso da legislação, porém, não é suficiente. Menos de seis anos após a aprovação do Estatuto do Desarmamento, há um novo desafio: a defesa do seu espírito de controle efetivo de armas e munições e a implementação integral de todos os seus artigos, pois, apesar da melhoria recente, a situação do controle de armas no Brasil é crítica. De acordo com um detalhado estudo de 2005, aproximadamente 17 milhões de armas circulam no Brasil, entre as Forças de Segu- rança e Armadas, donos legais, civis sem registro e criminosos (FERNANDES, 2005, p. 123). Aproximadamente 90% destas armas estão em mãos de civis. | 09 | INTRODUÇÃO IMPLEMENTAÇÃO DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO: DO PAPEL PARA A PRÁTICA 3 O SINARM mudou recentemente de nome para SENARM– Serviço Nacional de Armas, mas nesta pesquisa será utilizada a nomenclatura antiga. 4 A maior campanha de recolhimento de armas do mundo acconteceu na Austrália, entre maio de 1996 e outubro de 1997, e recolheu 643.000 armas (THE ADVERTISER, 23/04/07). | 10 | O Brasil conta com uma considerável indústria de armas pequenas e leves, a qual, estima-se, produz cerca de 250.000 armas por ano. Das armas apreendidas pelas polícias no Brasil, mais de 70% são fabricadas no nosso país, muitas vezes compradas legalmente, mas eventualmente rou- badas dos seus donos ou desviadas dos arsenais das polícias ou Forças Armadas. Por exemplo, no Estado de São Paulo, 52% das armas apreendidas entre 2000 e 2003 haviam sido compradas e registradas legalmente (FERNANDES, 2005, p. 164). Além disso, um estudo feito sobre as armas apreendidas no Estado do Rio de Janeiro, entre 1950 e 2003, mostrou que 80% eram pistolas e revólveres, sendo a vasta maioria produzida no Brasil, especialmente pela Taurus e Rossi (BAN- DEIRA; BOURGOIS, 2005, p. 169). É exatamente este tipo de arma – “made in Brazil”, de ca- libre pequeno, “fornecido” ao mercado ilegal após venda legal – que é usado na maior parte dos homícidios no Brasil. Portanto, uma das tarefas mais importantes do Estatuto é melhor controlar esta sorte de armamento e seus efeitos nocivos. > Conteúdo do Estatuto Mas, afinal, o que dispõe o Estatuto? Algumas das medidas mais relevantes da lei são: sete requisitos mínimos para a compra de arma, incluindo aumento da idade mínima para com-• pra de armas, de 21 para 25 anos, estabelecimento de testes obrigatórios psicológico e de tiro (técnico), comprovação de legítima necessidade e ausência de antecedentes criminais; concentração dos registros, porte e autorização de compra com a Polícia Federal e melhoria • do SINARM - Sistema Nacional de Armas da Polícia Federal,3 uma base de dados nacional sob a tutela da Polícia Federal, que deve conter informações sobre todas as armas e donos de arma registradas no país; mais controle sobre a venda de munições, que só pode ser efetuada por lojistas registrados • e em caixas com código de barras para identificação de produtor e no limite máximo de 50 munições por ano para civis registrados; mais controle sobre as munições recebidas pelas forças de segurança pública, que devem • estar marcadas no culote, identificando a corporação que as usa; e o mais importante, a proibição do porte de armas para civis. A posse registrada e autori-• zada – ou seja, manter uma arma legalmente em sua residência – continua permitida, mas não se permite mais sair à rua armado. O Estatuto do Desarmamento também definiu dois processos que receberam atenção da opinião pública e da mídia: a campanha de entrega voluntária de armas e o referendo popular sobre a proibição do comércio de armas para civis. Durante a campanha do desarmamento, entre julho de 2004 e outubro de 2005, quase 470.000 armas foram entregues, com indenização de R$ 100 a R$ 300 por arma. Esse esforço conjunto de diversas instâncias governamentais e da sociedade civil organizada constituiu a segunda maior campanha de recolhimento de armas do mundo.4 | 11 | O resultado do referendo, por sua vez, foi uma derrota dos proponentes de mais rígido controle de armas, pois mais de 60% da população brasileira votou no dia 23 de outubro de 2005 pela continuação da venda legalde armas de fogo para civis. Entretanto, o impacto prático da manu- tenção do status quo não foi nem de perto tão desanimador quanto o resultado. Ao contrário, com os novos requisitos e medidas de controle do Estatuto, a venda legal de armas no Brasil sofreu abrupta queda, de mais de 90% – incluindo a falência da maioria das lojas deste comércio (CAM- POS, 12/03/2006). > O Estatuto do Desarmamento seis anos depois... O Estatuto do Desarmamento não foi desenvolvido para resolver sozinho o gravíssimo problema da violência armada no Brasil. A legislação de controle de armas, porém, tem provado ser fator importante na diminuição dos homicídios por armas de fogo. De acordo com o Ministério da Saúde (2007), entre 2003 (ano da promulgação do Estatuto) e 2006, os homicídios no país apresenta- ram uma queda histórica de 12%. Mesmo com este impacto tangível, o Estatuto ainda não atingiu todo o seu potencial de legislação modelo em matéria de controle de armas. Esta performance aquém do ideal não provém de limitações da lei em si, mas sim de sua imple- mentação na prática, ainda incompleta e imperfeita. Neste caso, usa-se “implementação” no sentido mais básico: todas as ações do poder público para fazer cumprir a lei. Infelizmente, com a tradição da “lei que pega” – ou não – no Brasil, nem sempre boas intenções e medidas acertadas saem do papel e impactam a realidade prática que dada legislação tenta melhorar. Esta situação é especialmente preocupante quando se considera que são justamente diversas instâncias do go- verno brasileiro, como o Comando do Exército, a Polícia Federal e as polícias estaduais, que têm deixado de cumprir alguns aspectos que a lei determina. É com o intuito de esclarecer as ações e responsabilidades determinadas pela lei – e trazer à tona quais não estão sendo devidamente cumpridas, para que a situação seja retificada – que o Institu- to Sou da Paz enveredou-se neste estudo sobre a implementação do Estatuto do Desarmamento. E foi com este objetivo que se definiu a metodologia do presente estudo. Metodologia da pesquisa Para definir a metodologia de pesquisa, foram estabelecidos os aspectos centrais da implementa- ção do Estatuto a serem enfocados, considerando-se o tempo previsto para realização do estudo e o fato de que certas áreas do controle de armas no Brasil ainda são pouco transparentes. Iniciou- se o trabalho com a análise de todos os artigos do Estatuto do Desarmamento – assim como de sua regulamentação – para identificar as atribuições de cada instituição e instância governamental e privada na implementação da legislação de controle de armas. Em seguida, foi feito levantamento detalhado dos dados básicos para análise da implementação – inclusive com informações da Polícia Federal –, identificando as informações existentes sobre o controle de armas no país e quais seriam necessárias conseguir por meio de pesquisa primária INTRODUÇÃO IMPLEMENTAÇÃO DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO: DO PAPEL PARA A PRÁTICA | 12 | (entrevistas com funcionários responsáveis, relatórios, informações oficiais, etc.) e secundária (le- vantamento de dados na imprensa e publicações). A partir destas informações, em grande parte quantitativas, pôde-se proceder à análise qualitativa da implementação do Estatuto. Para efetuar as entrevistas com os funcionários governamentais responsáveis pelas diversas fa- cetas do controle de armas no país, foram elaborados questionários com perguntas gerais e ou- tras específicas, dependendo do entrevistado (polícias estaduais, Polícia Federal, Exército, etc.), garantindo uniformidade e coerência às entrevistas, mesmo considerando-se que nem sempre os entrevistados forneceram respostas completas sobre determinados temas. As instâncias mais citadas neste relatório, a DFPC – Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados do exército e o SINARM, receberam uma primeira versão do relatório com o intuito de providenciar esclareci- mentos ou enviar comentários em relação às informações publicadas aqui. Os comentários foram levados em consideração no relatório final. Com o aspecto metodológico definido em suas linhas mestras (possibilitando pequenas correções de rumo no desenrolar das entrevistas), passou-se à definição dos Estados nos quais seriam re- alizadas as entrevistas. Para tal escolha, foram utilizados dois critérios: importância da unidade federal no cenário atual de segurança pública; e disponibilidade dos parceiros da Rede Desarma Brasil nos Estados. Adicionando-se a esses fatores aspectos de logística e custo, além de equilí- brio regional, chegou-se a dez Estados, que apresentavam maior probabilidade de lograr bons e expressivos resultados: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Es- pírito Santo, Ceará, Pernambuco, Pará e Distrito Federal. Evidentemente, o ideal seria promover a pesquisa em todas as unidades da federação, mas limites financeiros e de potencial retorno (já que em muitos Estados não seria possível colher dados aproveitáveis para a pesquisa) levaram a este foco. > Parceria com a Rede Desarma Brasil Desde o princípio, definiu-se-se que o envolvimento das organizações da sociedade civil local, que coletivamente formam a Rede Desarma Brasil, seria um alicerce central da pesquisa. Assim, ao escolher os dez Estados a serem abordados, identificamos os parceiros aptos a participar do pro- jeto. Estes realizaram trabalhos de preparação para as entrevistas, identificando os atores, mar- cando entrevistas e preenchendo um formulário de diagnóstico básico sobre a situação de controle de armas nos seus Estados, com dados sobre homicídios por arma de fogo, armas apreendidas, recolhidas, registradas e destruídas. Para garantir a coerência e homogeneidade das entrevistas e do relatório final, além do questio- nário padrão, seria importante que os questionários fossem aplicados sempre da mesma maneira e, por isso, todas as entrevistas foram conduzidas pela equipe do Instituto Sou da Paz, com apoio e acompanhamento das organizações da Rede. | 13 | Quadro 1 - Parceiros da Rede Desarma Brasil na pesquisa RJ Shelley de Botton Jornalista do site Comunidade Segura ES Patricia Henzel Coordenadoria de Segurança Urbana e Guarda Municipal de Vitória RS Cel.Luiz Brenner Guimarães Guayí - Democracia, Participação e Solidariedade MG Serguem Jessui Machado ACODES - Agência de Cooperação e Desenvolvimento Social PE Ademir Soares de Oliveira Delegados pela Cidadania CE Duda Quadros Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza DF Everardo Aguiar Amigos da Paz PA Irmã Henriqueta CNBB - Comissão de Justiça e Paz PR José Luis Ventura Leal IDDEHA - Instituto de Defesa dos Direitos Humanos > Realização de Entrevistas Entre agosto e dezembro de 2008, foram visitados os seguintes Estados: São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Minas Gerais, Pernambuco, Ceará, Pará e o Distrito Federal. Em 2009, o roteiro foi concluído com novas visitas a São Paulo, Rio Grande do Sul e Distrito Federal e visita ao Rio de Janeiro. Em cada Estado, tentou-se realizar entrevistas com todos os órgãos relevantes ao controle de armas, a saber: Polícia Federal, Polícia Civil, Polícia Militar, Comando do Exército (por meio dos SFPC – Serviço de Fiscalização de Produtos Controlados). Dada a im- portância do nexo central destas instâncias, também foram realizadas entrevistas com autorida- des federais em Brasília, como os responsáveis pelo SINARM na Polícia Federal e pela Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados do Comando do Exército, assim como figuras centrais no âmbito da segurança pública do Ministério da Justiça.5 Como esperado, diante das dificuldades que certas instâncias governamentais ainda têm em dialogar de maneira produtiva e transparente com a sociedade civil brasileira, raro foi o Estado no qual se conseguiu falar comtodos os atores mencionados anteriormente e/ou que todos os entrevistados tenham respondido de maneira aberta a todos os questionamentos levantados. Dessa forma, um esforço comparativo Estado por Estado – ou uma apresentação de todos os dados considerados essenciais dos dez Estados – mostrou-se impossível. A análise, portanto, busca demonstrar as tendências globais da implementação do Estatuto sem jamais dar-se a generalizar por completo, já que a ausência de informações muitas vezes é debilitante neste sentido. Infelizmente, no Rio de Janeiro, as polícias se negaram sistematicamente a receber os pesquisadores do Instituto Sou da Paz. No entanto, recebemos um questionário respondido pela Polícia Civil daquele Estado e ainda contamos com informações levantadas pelo parceiro local, 5 Ver referências para detalhes das visitas e entrevistas realizadas e questionários enviados. INTRODUÇÃO IMPLEMENTAÇÃO DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO: DO PAPEL PARA A PRÁTICA | 14 | o que ajudou a ter uma noção da situação do controle de armas ali, certamente menos completa do que em outros Estados pesquisados. Tendo demonstrado a importância do Estatuto do Desarmamento e de uma melhor compreensão de como a lei vem sendo implementada no país – assim como os aspectos centrais da metodologia e logística da pesquisa –, apresenta-se, a seguir, um panorama da legislação. Primeiramente, será explicitado, em detalhes, o conteúdo do Estatuto, mostrando todas as instâncias responsáveis pelo controle de armas no Brasil e os diferentes “percursos” das armas de fogo entre sua produção e os diferentes usuários finais. | 15 | ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO 1. O QUE DIZ A LEI? ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO ESTATUTO DO DESARMAMENTOESTATUTO DO DESARMAMENTO IMPLEMENTAÇÃO DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO: DO PAPEL PARA A PRÁTICA A apresentação pormenorizada do que define a legislação de controle de armas, ou seja, o deta- lhamento de todas as possibilidades de fluxo – e portanto pontos de controle – de armas de fogo no Brasil, de acordo com as categorias que as possam obter legalmente, constitui um mapeamen- to imprescindível para – após comparação da letra da lei com a realidade prática descoberta pela presente pesquisa – discernir quais aspectos do Estatuto estão sendo devidamente implementados pelas autoridades responsáveis e quais estão sendo, parcial ou totalmente, ignorados. Vale ressaltar que a legislação de controle de armas inclui, além do Estatuto, seu decreto regula- mentador e dezenas de portarias, decretos, instruções normativas e outras normas legais, que em muitas instâncias determinam detalhes práticos não abarcados na legislação principal. De maneira simplista, pode-se dizer que leis determinam o que deve ser feito e quem é respon- sável por estas ações e por sua fiscalização. Assim, antes de adentrar na arena do que “pode ser feito” pelos diversos atores, serão apresentados os atores governamentais envolvidos no sistema de controle de armas e as atribuições que eles devem por lei implementar independentemente (e na maioria das vezes antes) de qualquer fluxo de armas.6 1.1 Quem é responsável? Atribuições estatais no controle de armas Além das concessões e responsabilidades outorgadas a pessoas físicas e jurídicas pelo Estatuto do Desarmamento e sua legislação complementar, para aferir a real implementação da lei de contro- le de armas é essencial analisar também aquelas atribuições de responsabilidade do Estado que impactam o fluxo de armas no Brasil. Entre as responsabilidades dos órgãos de controle, a maioria recai sobre o Executivo federal, notadamente Exército Brasileiro e Polícia Federal. > Exército O Exército pode ser descrito como o principal ator no sistema de controle de armas nacional. Vá- rios aspectos primordiais para assegurar que armas não entrem na ilegalidade – ou para permitir seu rastreamento se caírem em mãos erradas – sãode responsabilidade exclusiva do Comando do Exército. Por exemplo: destruição de armas entregues e apreendidas. O Comando do Exército deve receber as ar-• mas apreendidas em até 48 horas da apreensão, após laudo pericial e se não interessarem a processo judicial;7 6 Ver anexo 5. 7 As determinações técnicas de como devem ser feitas as destruições constam no R-105 (Decreto nº 3.665, de 2000 - Regulamento para Fiscalização de Produtos Controlados), que também estabelece que a “destruição de armas deverá ter prioridade sobre as outras destinações”. | 18 | 8 Os procedimentos das atividades de vistoria do Comando do Exército são detalhados em anexos à Portaria n°. 05 (2006) do D Log (“Normas Reguladoras para Vistorias em Atividades com Produtos Controlados pelo Exército”), dis- ponível em: <http://www.2rm.eb.mil.br/sfpc/legislacao/normas_reguladoras_vistorias/Port%2005-DLog,%202%20 Mar%2006%20-%20Vistorias.pdf>. Entre os mais relevantes estão o Anexo D (Termo de Vistoria de Fábricas de Armas e Munições), o Anexo L (Termo de Vistoria de Empresas que exercem atividades com Armas e Munições) e o Anexo N (Termo de Vistoria de Colecionadores, Atiradores e Caçadores). transporte de armas das fábricas até revendedores, polícias e portos para exportação, além • de ser responsável por autorizar e fiscalizar toda a produção e comércio de armas e muni- ções, bem como categorias que têm suas armas registradas no SIGMA – Sistema de Geren- ciamento Militar de Armas;8 processo de importação de armas e munições de uso restrito e uso permitido, seja para for-• ças de segurança pública, seja para colecionadores, atiradores e caçadores; exportações de armas e munições. • Rastreamento de armas e munições Entre as atribuições do Exército, uma das mais relevantes é assegurar a marcação de armas e munições conforme determinado pela lei, medida primordial para controle e rastreamento de armas desviadas ou usadas criminalmente. A marcação obrigatoriamente deve ser feita pelas fá- bricas de armamentos, mas é o Exército que verifica o cumprimento da lei. A Portaria n°. 07 (2006) do D Log rege as “Normas Reguladoras para Definição de Dispositivos de Segurança e Identificação das Armas de Fogo Fabricadas no País, Exportadas ou Importa- das”, determinando como deve ser a marcação das armas fabricadas no país (para detalhes sobre este processo, consultar a seção Regulamentação da fabricação de armas e munições). No caso da marcação de munições (embalagens e cartucho/culote), o Comando do Exército é responsável pelo estabelecimento de normas para que todas as munições entregues às forças de segurança pública no país estejam marcadas com o nome do fabricante, lote de venda e adqui- rente. O Exército também determinou que fabricantes e importadores devem criar e manter um banco de dados com informações que permitam o rastreamento das armas. Para controle das vendas e estoque de munições, a Portaria Normativa 581 (2006) do Ministério de Defesa definiu o Sistema de Controle de Venda e Estoque de Munições (SICOVEM), que deve possibilitar o “controle eletrônico e informatizado de vendas do fabricante para os estabelecimen- tos comerciais e, destes, para o consumidor final, que será controlado”. O SICOVEM, que deve ter sido implementado pelo Comando do Exército até 180 dias após a publicação da portaria, deve incluir todas as munições de uso permitido e restrito, para armas curtas e longas. O Departamento de Polícia Federal, por sua vez, somente tem acesso ao SICOVEM como usuário. Os poderes do Exército na arena do controle de armas são extensos. O R-105 (Decreto nº 3.665, de 20/11/2000, Regulamento para a Fiscalização de Produtos Controlados) garante ao Exército as seguintes “atribuições privativas”, entre muitas outras: fiscalizar a fabricação, a recuperação, a manutenção, a utilização industrial, o manuseio, a exportação, a importação, o desembaraço al- | 19 | 1. O QUE DIZ A LEI? IMPLEMENTAÇÃO DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO: DO PAPEL PARA A PRÁTICA | 20 | O Estatuto do Desarmamento e o Decreto 5.123, que o regulamenta, transferem para a Polícia Federal a responsabilidade de registrar e fiscalizar posse e porte de armas de civis (excluindo as categorias de CAC), de empresas de segurança privada, da Polícia Civil e Federal e das Guardas Municipais. Porém, o Decreto regulamentador do Estatuto mantém a maioria das atribuições do Exército conforme detalhadas no R-105. De- termina, por exemplo, que o Comando do Exército seja responsável pela fiscalização das lojas e indústrias de armamento, bem como pela aquisição de armas direto da fábrica e importação e exportação de armamento. O Comando do Exército continua sendo responsável pela autorização e registro (no SIGMA) de armas de uso restrito, bem como todas as armas de fogo dos integrantes das Forças Armadas, da Agência Brasileira de Inte- ligência e do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, bem como as categorias de CAC (mais detalhes no Quadro 2). Assim, a definição de quão bem está sendo implementado o Estatuto do Desarmamento na prática passa, inexoravelmente, pela análise da eficiência do Exército na execução de suas responsabili- dades, determinadas por lei. > Polícia Federal O outro principal órgão do sistema de controle de armas no Brasil é a Polícia Federal. Mesmo sem jurisdição sobre uma série de aspectos importantes do controle de armas, a Polícia Federal tem a primazia no que diz respeito a todo o fluxo e controle de armas nas mãos da população brasileira. É de sua competência, por meio do SINARM, a emissão de autorizações de compra, porte e registro de armas para civis – alicerce central do sistema de controle. Vale dizer que, antes do Estatuto do Desarmamento, isso era feito de forma descentralizada pelas Polícias Civis dos Estados brasileiros. A centralização e unificação do processo junto à Polícia Federal certamente constituem um avanço trazido pelo Estatuto. Além de registrar e autorizar posse e porte para o cidadão comum, a Polícia Federal é responsá- vel por registrar os acervos das Polícias Civil e Federal e Guardas Municipais no SINARM e pela autorização de porte para as Guardas Municipais. A PF também é responsável pelo registro das armas e funcionários das empresas de segurança privada, bem como pela sua fiscalização e autorização de porte e compras. Hoje as informações das armas e funcionários autorizados a portar armas de fogo estão registradas no SINARM, sendo fandegário, o armazenamento, o comércio e o tráfego de produtos controlados (incluindo armas e munições);9 decidir sobre armas e munições e outros produtos controlados que devam ser conside- rados de uso permitido ou de uso restrito; fixar as quantidades máximas de produtos controlados que as empresas registradas podem manter em seus depósitos; decidir sobre a exportação de pro- dutos controlados; decidir sobre as quantidades máximas, que pessoas físicas e jurídicas possam possuir em armas e munições e outros produtos controlados, para uso próprio; e regulamentar as atividades de atiradores, colecionadores, caçadores ou de qualquer outra atividade envolvendo armas ou produtos controlados. 9 No caso do comércio, a PF tem algumas atribuições de âmbito fiscalizatório – vide artigos 20 e 21 do Decreto 5.123/04 –, mas não com a abrangência do Exército. | 21 | que o registro e a fiscalização das empresas são realizados pela DELESP - Delegacia de Seguran- ça Privada da Polícia Federal. Finalmente, com o advento do Estatuto do Desarmamento e para estimular a retirada de circu- lação de milhares de armas de fogo, o governo federal criou as já mencionadas campanhas de entrega voluntária de armas. Nesse processo, a Polícia Federal assumiu um papel central, sendo a responsável por receber e cadastrar as armas entregues(em alguns casos, em parceria com polícias estaduais ou guardas municipais), além de encaminhar ao Ministério da Justiça os dados para o pagamento da indenização prevista para os cidadãos que entregaram armas. Porém, como visto anteriormente, todos os aspectos de fiscalização da indústria e de importação são de competência do Exército, como determinado no artigo 24 do Estatuto do Desarmamento, “Compete ao Comando do Exército autorizar e fiscalizar a produção, exportação, importação, de- sembaraço alfandegário e o comércio de armas de fogo e demais produtos controlados, inclusive o registro e o porte de trânsito de arma de fogo de colecionadores, atiradores e caçadores.” > Polícias estaduais e Secretarias de Segurança Pública Apesar de não mais contarem com a primazia no sistema do controle de armas – agora federali- zado –, as polícias e autoridades de segurança pública estaduais mantêm papel fundamental em alguns aspectos, especialmente aqueles que ocorrem após a apreensão de armas ilícitas. Espe- cificamente, as polícias têm o dever de informar as características e circunstâncias de todas as armas retiradas de circulação, ou seja, alimentar o SINARM com dados destas armas, conforme determinado pelo Estatuto. Esta obrigação é primordial, pois, somente com um banco de dados constantemente atualizado, as investigações sobre a origem e o potencial uso criminoso das armas podem acontecer de maneira eficiente. Além disso, o R-105 estabelece que as Secretarias de Segurança Pública “prestarão aos ór- gãos de fiscalização do Exército toda a colaboração necessária”. Existe uma série de atribui- ções genericamente expressas com “deve colaborar com o Exército”, tais como fiscalização do comércio de produtos controlados, identificação de pessoas físicas e jurídicas que estejam exercendo qualquer atividade com produtos controlados sem registro, assim como a elaboração de inquéritos ou perícias em caso de acidentes ou explosões provocadas por armazenagem ou manuseio de produtos controlados. > Judiciário As atribuições do Judiciário em relação ao controle de armas ocorrem a partir da apreensão de arma em situação ilegal. De acordo com o artigo 25 do Estatuto, “quando não mais interessarem à persecução penal serão encaminhadas pelo juiz” ao Comando do Exército em no máximo 48 horas. Se houver decisão para doar a arma aos órgãos de segurança (dependendo de critérios do Ministério da Justiça e opinião do Exército) – mudança ao Estatuto determinada pela Lei n. 11.706 de 2008 –, o juiz competente também “determinará seu perdimento em favor da instituição beneficiada”. 1. O QUE DIZ A LEI? IMPLEMENTAÇÃO DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO: DO PAPEL PARA A PRÁTICA | 22 | É também atribuição do Poder Judiciário instituir “instrumentos para o encaminhamento ao SI- NARM ou ao SIGMA semestralmente, da relação de armas acauteladas em juízo, mencionando suas características e o local onde se encontram”. Além daquelas atribuídas a órgãos específicos, a legislação prevê responsabilidades compartidas entre os principais atores, partilha que, por vezes, acarreta dificuldades na implementação da lei. Quadro 2 - Resumo das atribuições dos órgãos de controle Órgãos Atribuições Exército Destruição de armas entregues e apreendidas: o Comando do Exército deve receber as ar-• mas apreendidas em até 48 horas da apreensão, após laudo pericial e se não interessarem a processo judicial. Transporte de armas das fábricas até revendedores, polícias, portos para exportação. • Autorizar e fiscalizar toda a produção e comércio de armas e munições.• Autorizar e fiscalizar as categorias que têm suas armas registradas no SIGMA.• Autorizar a compra de armas direto das fábricas (inclusive para as polícias, Guardas Muni-• cipais e C.A.C.). Todas as atividades de vistoria: em atividades com produtos controlados pelo Exército; em-• presas que exercem atividades com armas e munições; em colecionadores; atiradores e caçadores. Controlar o processo de importação de armas e munições de uso restrito e uso permitido, • seja para forças de segurança pública, seja, para colecionadores, atiradores e caçadores. Decidir e controlar as exportações de armas de fogo. • Assegurar a marcação de armas e munições conforme determinado pela lei. • Fiscalizar a fabricação, a recuperação, a manutenção, a utilização industrial, o manuseio, a • exportação, a importação, o desembaraço alfandegário, o armazenamento, o comércio e o tráfego de armas e munições. Decidir sobre armas e munições que devam ser consideradas como de uso permitido ou de • uso restrito. Fixar as quantidades máximas de armas e munições que as empresas registradas podem • manter em seus depósitos. Decidir sobre as quantidades máximas que pessoas físicas e jurídicas possam possuir em • armas e munições, para uso próprio. Regulamentar as atividades de atiradores, colecionadores, caçadores ou de qualquer outra • atividade envolvendo armas. | 23 | Polícia Federal Responsável por todo o fluxo e controle de armas nas mãos da população brasileira: emis-• são de autorizações de compra, porte e registro de armas para civis. Integrar no SINARM os acervos das Polícias Civis e Guardas Municipais.• Além de autorizar porte de armas de fogo para as Guardas Municipais, a Polícia Federal • deve: fiscalizar cursos, fiscalizar armamento e munição utilizados. Autorização de porte e compras das empresas de segurança privada, bem como sua fisca-• lização e registro das armas e funcionários. Responsável junto às polícias estaduais pelo registro, no SINARM, de armas apreendidas • e roubadas. Autorizar e registrar a comercialização de armas de fogo, acessórios e munições entre • pessoas físicas. Certificar psicólogos e instrutores de tiro autorizados para realizar testes. • Cadastramento de impressões de raiamento do projétil em cada arma de fogo produzida, • conforme marcação e testes obrigatoriamente realizados pelo fabricante. Cadastrar os produtores, atacadistas, varejistas, exportadores e importadores autorizados • de armas de fogo, acessórios e munições. Repressão do porte, posse e tráfico ilícito de armas de fogo e assesórios.• Responsável pelas campanhas de entrega voluntária de armas: implementação, cadastro • das armas entregues, envio ao Exército para destruição e pagamento de indenização. Polícias estaduais Informar as características e circunstâncias de todas as armas retiradas de circulação, ou • seja, alimentar o SINARM com os dados destas armas. Prestar aos órgãos de fiscalização do Exército toda a colaboração necessária, como na fis-• calização do comércio de armas e munições, na identificação de pessoas físicas e jurídicas que estejam exercendo qualquer atividade com armas sem registro, assim como efetuar inquéritos ou perícias em caso de acidentes ou explosões provocadas por armazenagem ou manuseio de armas de fogo. Apreender armas envolvidas em crimes ou situações ilegais e encaminhar para o judiciário • ou destruição. Judiciário Julgar casos de porte, posse, venda, compra ilegal e aplicar as penas previstas na lei.• Encaminhar ao Comando do Exército armas que não mais interessarem à persecu-• ção ao penal. Semestralmente, fazer relação de armas acauteladas em juízo, mencionando suas carac-• terísticas e onde se encontram. 1. O QUE DIZ A LEI? IMPLEMENTAÇÃO DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO: DO PAPEL PARA A PRÁTICA | 24 | 10 Estas categorias são as mais relevantes no que concerne o controle de armas, mas não constituem lista exaustiva da- queles que podem possuir ou portar armas legalmente no Brasil. Por exemplo, entre os casos não contemplados, estão agentes da Abin, fiscais da Receita Federal, juízes e procuradores, agentes e escoltas prisionais, guardas portuários, entre outras categorias, numericamente pequenas.11 Essa classificação segue as especificações técnicas determinadas pelo R- 105. 1.2 Fluxo das armas e pontos de controle definidos no Estatuto Tendo delineado as responsabilidades das diversas instâncias do Estado, apresentam-se, agora, os procedimentos que devem ser adotados de acordo com cada categoria interessada em comprar, possuir ou portar armas. As categorias definidas originalmente pelo Estatuto ou agregadas duran- te os seus seis anos de vigência são as seguintes:10 Cidadão• Polícia Militar (institucional e pessoal)• Polícia Civil (institucional e pessoal)• Polícia Federal (institucional e pessoal)• Guarda Civil Metropolitana (institucional e pessoal)• Forças Armadas (institucional e pessoal)• Empresas de Segurança Privada• Colecionador• Atirador • Caçador Desportivo• Para cada uma destas categorias, o fluxo foi determinado analisando-se as seguintes ações e possibilidades: Compra e registro• Renovação do registro e recadastramento da arma • Posse ou porte • Aquisição de munição• Casos de venda, roubo, perda • Paradeiro final: posse legal, entrega, ilegalidade (apreensão e destruição)• Antes de abordar cada categoria, cabe esclarecer uma importante diferenciação determinada pela lei:11 a classificação de armas de “uso permitido” e de “uso restrito”. As armas e munições de uso restrito são: aquelas iguais ou semelhantes ao material bélico usado pelas Forças Armadas ou que tenham características que só as façam aptas para emprego militar ou policial: armas de fogo automáticas de qualquer calibre; armas curtas (como, por exemplo, os calibres .357 Magnum, 9 Luger, .38 Super Auto, .40 S&W, .44 SPL, .44 Magnum, .45 Colt e .45 Auto); armas longas raiadas (por exemplo, .22-250, .223 Remington, .243 Winchester, .270 Winchester, 7 Mauser, .30-06, .308 Winchester, 7,62 x 39, .357 Magnum, .375 Winchester e .44 Magnum); e armas de alma lisa de calibre superior ao 12. | 25 | As armas de uso permitido para civis no Brasil são: armas de fogo curtas, de repetição ou semi-automáticas (como por exemplo, os calibres .22 LR, .25 Auto, .32 Auto, .32 S&W, .38 SPL e .380 Auto); armas de fogo longas raiadas, de repetição ou semi-automáticas (como por exemplo, os calibres .22 LR, .32-20, .38-40 e .44-40); e armas de fogo de alma lisa, de repetição ou semi-automáticas, calibre 12 ou menor. Vale ressaltar que, no Brasil, a quase totalidade das armas em circulação inicia sua vida útil como produtos legais, em fábricas regularizadas e monitoradas pelas autoridades. Assim, um eficiente controle de todas as etapas da “vida” de uma arma, de seu “nascimento” (fabricação) até sua “morte” (destruição ou obsolescência), pode evitar a maioria das possibilidades de mau uso ou desvios (durante transporte, de fóruns judiciais, dos estoques das polícias e das Forças Armadas, etc.). > Regulamentação da fabricação e marcação de armas e munições O número de fábricas de armas e munições no país é reduzido (com destaque quase monopólico para a Forjas Taurus e a Companhia Brasileira de Cartuchos em seus segmentos), mas o volume de produção é considerável, fazendo do Brasil o sexto maior produtor de armas pequenas e leves no mundo (SMALL ARMS SURVEY, 2004, p. 21-22). Obrigações como marcação, fiscalização pelo Exército e outras responsabilidades das fábricas foram mencionadas anteriormente, mas é importante ressaltar que fábricas precisam ser autorizadas e registradas pelo Exército e tal regu- lamentação é estabelecida em detalhes no R-105. A importação constitui outra fonte importante de armas no Brasil, sobretudo para as forças de segurança, mas, como esta não é diretamente regulada pelo Estatuto, foge do escopo deste relatório. A Portaria n. 07 (2006) do D Log rege as “Normas Reguladoras para Definição de Dispositivos de Segurança e Identificação das Armas de Fogo Fabricadas no País, Exportadas ou Importadas” e determina que as armas devem apresentar as seguintes marcações: nome ou marca do fabri- cante; nome ou sigla do país; calibre; número de série impresso na armação, no cano e na culatra, quando móvel; e o ano de fabricação (quando não incluído no sistema de numeração). Outras determinações técnicas também fazem parte da normativa: a marcação de armas pode ser feita a laser (“com exceção do número de série nas armas fabricadas com materiais metálicos e nas armações feitas em polímero o sistema de marcação deverá ser previamente submetido à aprovação da fiscalização militar”); as marcações devem ter profundidade entre 0,08mm e 0,12mm; e o número de série deve ser impresso nos componentes metálicos por deformação me- cânica, com profundidade entre 0,08mm e 0,12mm. 1. O QUE DIZ A LEI? IMPLEMENTAÇÃO DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO: DO PAPEL PARA A PRÁTICA | 26 | Marcação das armas A norma prevê marcações distintas de acordo com quem irá utilizar as armas. Armas adquiridas por órgãos públicos (Forças Armadas, Departamento de Polícia Federal, Departamen- to de Polícia Rodoviária Federal, Polícias Militares, Corpos de Bombeiros Militares e outros órgãos públicos federais) devem ser marcadas com as Armas da República e com o nome por extenso do órgão adquirente, ou por sua sigla, quando o espaço não for suficiente. Armas adquiridas pelas Polícias Civis e outros órgãos públicos estaduais devem ser marcadas com bra- são do Estado ou do Distrito Federal e com o nome do órgão adquirente. Armas adquiridas pelas prefeituras para equipar as Guardas Municipais devem ser marcadas com o “nome por extenso do órgão adquirente, ou por sua sigla, quando o espaço disponível não for suficiente, sendo facultativa a marcação do brasão municipal”. Armas de uso permitido para venda, importadas por empresas registradas no Comando do Exército, devem ser marcadas pelos fabricantes com o nome do importador. Se a vistoria determinar descumprimento desta norma, o armamento deve ser reexportado ao país de origem. A marcação pode ser feita também no Brasil, “desde que solicitado e justificado previamente pelo importador ao Departamento Logístico e o serviço seja executado em empresa autorizada”. Armas importadas por órgãos de segurança pública e Forças Armadas devem receber, no país de origem, as mesmas marcações que receberiam se fabricadas no Brasil, também com descumprimento causando devolu- ção ao país produtor e a possibilidade de marcação justificada no Brasil – neste caso, a liberação alfandegária depende de verificação pela fiscalização militar. A Portaria n. 16 (2004) do D Log estabelece a “Norma Reguladora da Marcação de Embalagens e Cartuchos de Munição” e determina que toda munição comercializada no Brasil, por fabricante ou importador, deve estar “acondicionada em embalagens marcadas com sistema de código de barras, gravado na caixa, que permita identificar de maneira unívoca, a partir da caixa de en- trega, o fabricante, o comerciante-adquirente, o produto e o lote de entrega, não sendo aceitas etiquetas ou rótulos adicionados”. A norma também determina que toda a munição para armas de alma raiada (dos calibres .380, .38, .357, 9mm, .40, .45, 5,56mm, .30, 7,62mm e .50) e de alma lisa (calibre 12) destinada às forças de segurança pública deve ser gravada na base dos estojos (culote) com a identificação do lote da munição e do adquirente. A lei prevê que tanto os fabricantes quanto os importadores devem criar e manter banco de dados para rastreamento de munições, com as seguintes informações mínimas: nome do adquirente; autorização de venda pelo Comando do Exército; código do produto; descrição da munição; lote de entrega; nota fiscal (número, série, data e quantidade); e guia de tráfego (número e data). O lote padrão de comercialização para pessoas jurídicas é de 10 mil cartuchos. A normativa legal estipulou que estes bancos de dados fossem disponibilizados à DFPC, para acessoem tempo real (somente leitura), a partir de janeiro de 2005, e seus dados mantidos por dez anos. Igualmente, determinou o acesso em tempo real (somente leitura) do Departamento de Polícia Federal aos bancos de dados com informações sobre munições dos órgãos de segurança pública. | 27 | > Regulamentação do comércio de armas e munições Como a continuidade do comércio de armas de fogo para civis seria decidida no referendo popular de 2005 (previsto no próprio Estatuto), o Estatuto do Desarmamento não especifica as diretrizes para a comercialização de armas em lojas. O R-105 determina que as empresas devem ser autorizadas e registradas pelo Exército a co- mercializar armas. Para obter o registro, é exigida uma extensa documentação.12 O registro é concedido pelo comandante da Região Militar de vinculação, sendo arquivado no SFPC, que, por sua vez, deve manter atualizado o catálogo das empresas registradas na área de jurisdição da Região Militar. O registro das lojas tem validade de três anos e pode ser revalidado, bastando que o interessado reenvie um requerimento (Anexo XVI) ao comandante da Região Militar, com uma série de do- cumentos (os mesmos listados para obter o registro). Lojas especializadas também devem estar de acordo com uma série de determinações do R-105 em relação à armazenagem, construção dos depósitos, segurança do local e exposição dos mostruários de armas e munições. A fiscalização das lojas de armas e munições é de responsabilidade do Exército. Os estabelecimentos que comercializam armas de fogo respondem legalmente pelas mercadorias, que ficam registradas como de sua propriedade enquanto não forem vendidas. As lojas são obriga- das a comunicar ao SINARM, mensalmente, as vendas que efetuarem e a quantidade de armas em estoque. Cada loja é obrigada a manter um banco de dados com todas as características da arma vendida e cópia dos documentos, pelo período de cinco anos, para eventual consulta da Polícia Federal ou Comando do Exército. > Fluxo das armas: cidadão Compra e registro Os cidadãos brasileiros têm o direito de possuir armas de fogo. Porém, dada a extrema pe- riculosidade destes artefatos, a lei prevê uma série de restrições e regulamentações para assegurar que somente aqueles com capacidade comprovada e em circunstâncias adequadas possam comprar armas. Segundo o artigo 5º da portaria 36-DMB (1999), do Departamento de Material Bélico do Exército, cada cidadão pode possuir no máximo seis armas de fogo, sendo duas armas cur- tas (revólver ou pistola), duas de caça de alma raiada (como fuzil) e duas de caça de alma 12 É necessário enviar requerimento para concessão de certificado de registro (Anexo XVI ao R-105) ao comandante da Região Militar, qualificando a pessoa física ou jurídica interessada e especificando as atividades pretendidas; decla- ração de idoneidade do diretor que representa a empresa judicial e extrajudicialmente, quando se tratar de sociedade anônima ou limitada; cópia da licença para localização, fornecida pela autoridade estadual ou municipal competente, se for o caso; prova de inscrição no CNPJ; ato de constituição da pessoa jurídica (cópia do contrato social, no caso de firma limitada; publicação da ata que elegeu a diretoria, no caso de sociedade anônima e outras empresas; cópia do registro da firma na junta comercial, no caso de firma individual; e ata da reunião que elegeu a Diretoria, registrada em cartório); plantas das edificações e fotografias elucidativas das dependências, para o caso de depósitos de fábricas que utilizem industrialmente produtos controlados; compromisso para obtenção de registro, Anexo VI, e aceitação e obediência a todas as disposições do R-105 e sua legislação complementar, bem como subordinar-se à fiscalização do Exército; e questionário, corretamente preenchido (Anexo XIX). 1. O QUE DIZ A LEI? IMPLEMENTAÇÃO DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO: DO PAPEL PARA A PRÁTICA | 28 | lisa (espingarda). Dentro deste limite, o cidadão poderá adquirir o máximo de três armas no período de um ano. Para uma pessoa adquirir uma arma de fogo de uso permitido para civis, a lei prevê o seguinte procedimento: o interessado pede autorização da Polícia Federal para a aquisição (“Autorização para • Aquisição de Arma de Fogo de uso Permitido por Pessoa Física”), por meio de pre- enchimento do formulário SINARM com a opção “aquisição”, incluindo os seguintes documentos e condições: > declarar efetiva necessidade, explicitando os fatos e circunstâncias justificadoras do pedido, que serão examinados pela Polícia Federal; > ter, no mínimo, 25 anos; > apresentar cópia autenticada da carteira de identidade; > comprovar idoneidade e inexistência de inquérito policial ou processo criminal; > apresentar documento comprobatório de ocupação lícita e de residência certa; > comprovar a capacidade técnica para o manuseio de arma de fogo atestada por empresa de instrução de tiro registrada no Comando do Exército por instrutor de armamento e tiro das Forças Armadas, das Forças Auxiliares ou do quadro da Po- lícia Federal, ou por esta habilitado;13 > comprovar aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo, atestada em laudo conclusivo fornecido por psicólogo do quadro da, ou credenciado pela, Po- lícia Federal; após a apresentação dos documentos, a autorização para aquisição da arma de fogo é • expedida pelo SINARM em nome do interessado (e intransferível), no prazo máximo de 30 dias; com a Autorização em mãos, o interessado pode adquirir a arma de fogo. A loja deve, • em 48 horas, encaminhar os dados que identifiquem a arma e o comprador à Polícia Federal (e deve manter a documentação sobre a venda, para eventuais consultas da PF ou do Exército). 13 A capacidade técnica deve necessariamente incluir: conhecimento dos conceitos e normas de segurança sobre armas de fogo; conhecimento básico dos componentes e partes da arma de fogo; e habilidade de uso demonstrada em estande de tiro credenciado pelo Comando do Exército. Importante: o cidadão tem direito à POSSE de uma arma de fogo, mas não ao PORTE. Todas as armas de fogo no Brasil devem ser registradas com as autoridades competentes; no caso de civis, o registro da arma junto à Policia Federal é obrigatório, tem validade em todo o territó- rio nacional e autoriza o proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou no seu local de trabalho, desde que seja ele o responsável legal do estabelecimento ou empresa. Após a compra, com a nota fiscal em mãos, o cidadão vai à PF para fazer o registro, e só retira a arma da loja com o CRAF (Certificado de Registro da Arma de Fogo) e uma Guia de Trânsito que o autoriza a transportar sua arma até a residência ou local de trabalho. | 29 | 1. O QUE DIZ A LEI? 1º PASSO: Ir até a PF para pedir autorização (preencher formulário, entregar documentos exigidos e pagar taxa). 2º PASSO: Em 30 dias - Se o cidadão tiver preenchido todos os requisitos, a autorização é expedida pelo SINARM. 3º PASSO: Com a autorização em mãos: O cidadão vai até a loja comprar sua arma, mas não retira. LOJA: Tem 48 horas, após a compra, para enviar os dados da arma e do comprador para PF. A loja deve: manter por 5 anos os dados da arma e do comprador para consulta da PF ou do Exército. 4º PASSO: ANTES DE RETIRAR A ARMA: O cidadão deve ir à PF com nota fiscal da arma, registrar sua arma e retirar uma guia de trânsito. Com o registro e a guia de trânsito: O cidadão volta à loja para retirar a arma. CIDADÃO INTERESSADO EM COMPRAR UMA ARMA Para ter uma arma, é preciso cumprir os requisitos legais. IMPLEMENTAÇÃO DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO: DO PAPEL PARA A PRÁTICA | 30 | O cadastro no SINARM contém as seguintes informações: Do interessado:
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