Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CEDERJ - UFRRJ CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS INSTITUIÇÕES DE DIREITO PÚBLICO E PRIVADO PROFESSOR: Afranio Faustino de Paula Filho AULA 02 - NOTA DE AULA COMPLEMENTAR: PROCESSO LEGISLATIVO: As leis passam por um processo de elaboração a que denominamos processo legislativo. Este processo legislativo, sendo da lei ordinária, compreende as seguintes fases: Iniciativa; Aprovação; Sanção ou Veto; Promulgação; Publicação; e Vigência. I – Iniciativa – É o poder de dar a partida no processo legislativo. O das leis, com- plementares ou ordinárias, está previsto na Constituição Federal, art. 61. De acordo com este artigo, pode ter a iniciativa das leis, complementares ou ordinárias: - a qualquer membro da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; - a qualquer comissão da Câmara dos Deputados, Senado Federal ou Congresso Nacional; - ao Presidente da República; - ao Supremo Tribunal Federal (STF); - aos Tribunais Superiores: Superior Tribunal de Justiça (STJ), Superior Tribunal Militar (STM), Tribunal Superior do Trabalho (TST) ou Tribunal Superior Eleitoral (TSE); - ao Procurador-Geral da República; ou - aos cidadãos (iniciativa popular). Ao ter a iniciativa da lei, as comissões do Congresso e os Tribunais (STF e Su- periores), agem coletivamente, como um todo, deliberando antes no respectivo âmbito, sempre sobre matéria de sua competência, de modo que o STM não pode ter a iniciati- va de lei eleitoral, do mesmo modo que o TSE não pode ter a iniciativa de lei afeta aos militares. Iniciativa Popular: A iniciativa popular exige os seguintes requisitos: assinatura de 1% do eleitorado nacional (1.418.246 eleitores), cujo número total chegou em 2014 a 141.824.607 de inscritos, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral; distribuídas por 5 Estados, pelo menos; com não menos de O,3% (três décimos percentuais) dos eleitores de cada um de- les. Assim, considerando o número de eleitores, de cada um dos Estados abaixo, O,3% corresponderia, respectivamente a: - SP = 31.998.432 eleitores = 95.995 (O,3%) INSTITUIÇÕES DE DIREITO PÚBLICO E PRIVADO NOÇÕES DE DIREITO Prof. Afranio 3/8/2015 2 - RJ = 12.141.145 eleitores = 36.423 (O,3%) - MG = 15.248.681 eleitores = 45.746 (O,3%) - BA = 10.185.417 eleitores = 30.556 (O,3%) - PR = 7.865.950 eleitores = 23.957 (O,3%) Desta forma, apenas a titulo de exemplo, se um grupo de cidadãos desejasse ter a iniciativa de uma lei, teria que angariar, no mínimo em 5 Estados, 1.418.246 assinaturas, sendo que, em nenhum deles, o número de assinaturas poderia ser in- ferior a O,3% do eleitorado respectivo. Em consequência, apenas para tornar mais real o exemplo, consideremos os 5 Estados acima. Ali, temos o eleitorado respectivo e o mínimo necessário de assinatu- ras em cada um. Ressalte-se que de nada adiantaria ter muitas assinaturas em um Estado, se não se alcançasse o número mínimo de cada um ou o número mínimo global, correspondente ao eleitorado nacional. Portanto, é necessário que os requisitos se conjuguem para que tenhamos a iniciativa popular. Veja ao final desta nota de aula o material de um dos casos de iniciativa popu- lar ocorridos no Brasil. Se a iniciativa do projeto de lei foi do Presidente da Republica, do STF, dos Tribunais Superiores, ou dos cidadãos (iniciativa popular), o projeto é aprovado, em primeiro lugar na Câmara dos Deputados. Assim, a discussão e a votação desses projetos também ocorrerá primeiro na Câmara dos Deputados. A Casa do Congresso que primeiro examina o projeto de lei é denominada CÂ- MARA INICIADORA; a que examina o projeto aprovado na câmara iniciadora é a CÂMARA REVISORA. No caso da Câmara Iniciadora ser a Câmara dos Deputados, a Revisora será o Senado Federal, mas a recíproca é verdadeira, de modo que o Senado também pode ser a Câmara Iniciadora, enquanto a Câmara Dos Deputados será a Câmara Revisora. II – Aprovação – Tem três etapas: Instrução; Discussão; e Votação. a) Instrução: consiste no estudo do projeto de lei pelas comissões técnicas, que são órgãos fracionários colegiados, permanentes ou temporários. As comissões permanentes participam das funções legislativas e fiscaliza- doras do Congresso Nacional, seja na Câmara dos Deputados ou no Senado Fede- ral. Essas comissões permanentes, no âmbito da Câmara dos Deputados, hoje são as seguintes: Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional - CAINDR Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural - CAPADR Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática - CCTCI Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania - CCJC INSTITUIÇÕES DE DIREITO PÚBLICO E PRIVADO NOÇÕES DE DIREITO Prof. Afranio 3/8/2015 3 Comissão de Defesa do Consumidor - CDC Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio - CDEIC Comissão de Desenvolvimento Urbano - CDU Comissão de Direitos Humanos e Minorias - CDHM Comissão de Educação e Cultura - CEC Comissão de Finanças e Tributação - CFT Comissão de Fiscalização Financeira e Controle - CFFC Comissão de Legislação Participativa - CLP Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável - CMADS Comissão de Minas e Energia - CME Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional - CREDN Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado - CSPCCO Comissão de Seguridade Social e Família - CSSF Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público - CTASP Comissão de Turismo e Desporto - CTD Comissão de Viação e Transportes - CVT Já no Senado Federal, temos as seguintes: Comissão de Assuntos Econômicos - CAE Comissão de Assuntos Sociais – CAS Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania – CCJ Comissão de Educação, Cultura e Esporte – CE Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle - CMA Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa - CDH Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional – CRE Comissão de Serviços de Infraestrutura - CI Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo – CDR Comissão de Agricultura e Reforma Agrária – CRA Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática - CCT Portanto, de acordo com o assunto de que trate, o projeto de lei será exa- minado, pela comissão que seja responsável pelo assunto que lhe diga respeito, em cada uma das casas legislativas. Após o exame, pela respectiva comissão permanente, o projeto de lei, com o respectivo parecer (pronunciamento da comissão), será encaminhado à Mesa da casa legislativa, para que passe à etapa seguinte. Nenhuma proposição será submetida à discussão e à votação sem prévio parecer da Comissão competente. O parecer será escrito e constará de: - relatório, em que fará exposição circunstanciada da matéria em exame; - voto do relator, em termos objetivos, com a sua opinião da conveniência da aprovação ou rejeição, total ou parcial, da matéria, ou sobre a necessi- dade de dar-lhe substitutivo ou oferecer-lhe emenda; e - parecer da Comissão, com as conclusões desta e a indicação dos parla- mentares votantes e respectivos votos. OBSERVAÇÃO: Existem, também, comissões temporárias, criadas para apreciar determi- nado assunto, mas estas se extinguem ao término da legislatura (período de qua-INSTITUIÇÕES DE DIREITO PÚBLICO E PRIVADO NOÇÕES DE DIREITO Prof. Afranio 3/8/2015 4 tro anos correspondente ao do mandato dos parlamentares), quando alcançada a sua finalidade ou expirado seu prazo de duração. É o caso das Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI), que têm por finalidade apurar fato determinado, de relevante interesse para a vida pública e a ordem constitucional, legal, econômica e social do país, em prazo certo, possuindo poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, tais como: intimar, ex- pedir mandados etc. b) Discussão – é a fase dos trabalhos destinada aos debates em plenário. c) Votação – é a manifestação de vontade dos parlamentares sobre o projeto de lei. É também chamada deliberação. As deliberações de cada casa legislativa, bem como as de suas comissões, serão tomadas por maioria dos votos, presentes a maioria absoluta de seus membros, isto é, mais da metade (Constituição Federal, art. 47). Em se tratando de lei complementar, a votação ocorrerá por maioria ab- soluta (Constituição Federal, art. 69). Já para a Emenda à Constituição a maioria será qualificada, sendo exigi- dos 3/5 dos votos (Constituição Federal, art. 6O,§2º). Quando a câmara Iniciadora aprova um texto que é alterado pela câmara revisora, será necessária uma nova apreciação da Câmara Iniciadora, em relação às alterações introduzidas. Isto deve ocorrer num prazo máximo de 10 dias, ao fim dos quais ter-se-á chegado à redação final do projeto de lei aprovado. Os prazos, no âmbito do Poder Legislativo, não correm durante o recesso parlamentar (período que vai de 18 a 31 de julho e de 23 de dezembro a 1º de fe- vereiro), nem se aplicam aos projetos de Código. III - Sanção ou Veto: a) Sanção – é a aquiescência do chefe do Executivo à lei (Constituição Fede- ral, art. 66), devendo dar-se no prazo de 15 dias úteis, após o seu recebi- mento, em caso de sanção expressa. Decorrido este prazo de quinze dias úteis, o silêncio do Presidente da República importará em sanção tácita, passando a lei à fase seguinte: a promulgação. Na hipótese de sanção tácita, se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo próprio Presidente da República, cabe ao Presi- dente do Senado, ou, no seu impedimento, ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo. b) Veto – é a negativa de sanção, podendo referir-se a todo o texto do projeto de lei (veto total) ou a parte dele (veto parcial). Se o veto for parcial, somente poderá abranger texto integral de ar- tigo, parágrafo, inciso ou alínea. O Chefe do Executivo tem 15 dias úteis para oferecer o veto, nas seguintes hipóteses: Inconstitucionalidade; ou INSTITUIÇÕES DE DIREITO PÚBLICO E PRIVADO NOÇÕES DE DIREITO Prof. Afranio 3/8/2015 5 Falta de interesse público. Decidindo-se pelo veto, o Chefe do Executivo tem o dever de comu- nicá-lo, em 48 horas, ao Presidente do Senado Federal, apresentando os motivos ou razões do veto. O veto será apreciado em sessão conjunta do Congresso Nacional, dentro de até trinta dias a contar de seu recebimento, só podendo ser rejei- tado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores, em sessão secreta. IV - Promulgação: É o ato pelo qual se atesta a existência da lei. Consiste na atribuição de um número à nova lei, que passa então a fazer parte do conjunto das leis brasileiras. É feita pelo Chefe do Executivo. Se, por qualquer motivo, o Chefe do Executivo se recusar a fazê-lo, a atribuição passa ao Presidente e ao Vice-Presidente do Senado, da mesma forma como acontece na sanção tácita. V - Publicação: É o ato pelo qual se divulga a lei. É feita no órgão oficial (normalmente o Diário Oficial), onde houver, ou em órgão da imprensa local, bem como por afixação em local público habitual, onde não houver, como ocorre em pequenos Municípios. Uma vez publicada, para que possa produzir seus efeitos a lei deverá entrar em vigor. Isto significa que a lei, em algumas ocasiões, embora publicada não tem ainda eficácia, ou seja, não pode ser aplicada. Denomina-se vacatio legis (vácuo legal) a esse período em que a lei, embora publicada não tem ainda eficácia. Na prática, o objetivo da vacatio legis é permitir a adaptação da sociedade aos termos da nova lei. O momento em que a lei entra em vigor é denominado vigência, que pode ser: expressa (quando vier declarada no texto da lei); ou tácita (quando a lei silencie sobre o início da vigência). No caso de vigência tácita, de acordo com o art. 1º e §1º da LINDB – Lei de In- trodução às Normas do Direito Brasileiro, ela passará a vigorar nos seguintes prazos: 45 dias, após a publicação, no território nacional; e 3 meses, no estrangeiro. EXEMPLO DE ESTRUTURA DA LEI ORDINÁRIA: LEI N.º ________, DE ___ DE ___________________ DE _________. (1) Dispõe sobre ___________________________________ (2) O Presidente da República, INSTITUIÇÕES DE DIREITO PÚBLICO E PRIVADO NOÇÕES DE DIREITO Prof. Afranio 3/8/2015 6 Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: (3) Art. 1º. ................................................................................................ (4) Art. 2º. ................................................................................................ (4) Art. 3º. Esta Lei entrar em vigor na data de sua publicação. (5) Art. 4º. Revogam-se as disposições em contrário. (5) Brasília, _____ de ________________ de ________; _____.º da Independência e ______.º da República. (6) (assinatura do Presidente da República) (6) (assinatura dos Ministros de Estado, cujas pastas sejam relacionadas com a lei) (7) As partes de uma lei são, portanto, as seguintes: (1) n.º e data; (2) ementa; (3) preâmbulo; (4) texto; (5) fecho; (6) data e assinatura; e (7) referendum. INSTITUIÇÕES DE DIREITO PÚBLICO E PRIVADO NOÇÕES DE DIREITO Prof. Afranio 3/8/2015 7 ANEXO: EXEMPLO DO MATERIAL DE INICIATIVA POPULAR INSTITUIÇÕES DE DIREITO PÚBLICO E PRIVADO NOÇÕES DE DIREITO Prof. Afranio 3/8/2015 8 INSTITUIÇÕES DE DIREITO PÚBLICO E PRIVADO NOÇÕES DE DIREITO Prof. Afranio 3/8/2015 9 INSTITUIÇÕES DE DIREITO PÚBLICO E PRIVADO NOÇÕES DE DIREITO Prof. Afranio 3/8/2015 10
Compartilhar