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 Prof. ANDERSON PINHO
FILOSOFIA
PARA O
ENEM
2015
 
FILOSOFIA PARA O ENEM www.andersonpinho.com.br 
Página | 1 
 
SUMÁRIO 
 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS...................................02 
UNIDADE I – FILOSOFIA ANTIGA......................03 
Capítulo 1 – Origem da Filosofia..................................03 
Contexto histórico..............................................................03 
O Mito..................................................................................04 
A pólis e o surgimento da Filosofia...................................04 
Pré-socráticos – Os primeiros filósofos...........................05 
Capítulo 2 – Filosofia Clássica......................................07 
Atenas em questão..............................................................07 
Os Pluralistas.......................................................................09 
Sofistas..................................................................................10 
Sócrates................................................................................10 
Platão....................................................................................11 
Aristóteles............................................................................13 
Capítulo 3 – Filosofia Helenística................................16 
Contexto histórico - Alexandre o Grande.......................16 
Epicurismo..........................................................................17 
Estoicismo...........................................................................17 
Ceticismo/Pirronismo.......................................................17 
Cinismo................................................................................17 
Questões...............................................................................17 
 
UNIDADE 2 – FILOSOFIA MEDIEVAL...............20 
Capítulo 4 – A Patrística e Santo Agostinho..............20 
Capítulo 5 – Escolástica e São Tomás de Aquino....21 
 
UNIDADE 3 – FILOSOFIA MODERNA...............22 
Capítulo 6 – Renascimento............................................22 
Contexto histórico..............................................................22 
Galileu Galilei e o início da ciência experimental..........24 
Maquiavel e o dilema do príncipe.....................................24 
Capítulo 7 – Formação e consolidação do Estado...26 
Thomas Hobbes e a mecânica do Estado........................29 
Questões...............................................................................30 
Capítulo 8 – Empirismo e Racionalismo..................33 
Descartes e o Grande Racionalismo.................................33 
Francis Bacon – Conhecimento (empírico) é poder.......35 
Isaac Newton e o Grande Relógio Celeste.......................36 
Questões...............................................................................37 
Capítulo XX – Iluminismo............................................39 
Iluminismo na Inglaterra....................................................39 
John Locke: empirismo e liberalismo..................39 
George Berkeley....................................................41 
David Hume e o poder do hábito........................42 
Adam Smith e o livre mercado.............................43 
Iluminismo na França.........................................................44 
 Voltaire e a tolerância............................................44 
 Montesquieu e os três poderes ............................44 
 Rousseau e a vontade geral...................................45 
 Enciclopédia...........................................................46 
Iluminismo na Alemanha...................................................46 
Immanuel Kant......................................................46 
Questões...............................................................................49 
GABARITO.......................................................................51 
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Bons estudos e até mais!!! 
 
 
FILOSOFIA PARA O ENEM www.andersonpinho.com.br 
Página | 2 
 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
 
Sobre o ENEM. 
Que o ENEM não é um vestibular tradicional 
você já está cabeludo de saber. Ele não aborda os 
conteúdos das disciplinas como fins em si mesmos. O 
que o Ministério da Educação quer saber é se você 
consegue compreender, avaliar e ter um posicionamento 
crítico sobre a realidade que o rodeia. 
 Para isso, mais do que testar sua decoreba, o 
governo quer saber se você tem as competências e 
habilidades necessárias para entender o seu contexto 
sócio-histórico-cultural, fundamentado nos conteúdos 
adquiridos no ensino médio. Ele quer saber se você é um 
cidadão crítico e consciente. Pelo menos, essa é a ideia. 
 Mas para se ter uma compreensão desse nível 
sobre a realidade é necessário uma visão, não 
multidisciplinar, mas interdisciplinar e 
contextualizada sobre a mesma. Esses são os conceitos 
chaves desse exame. 
Tanto é que não há no edital o conteúdo das 
disciplinas da Área de Humanas divididos da forma 
tradicional em Português, Literatura, História, Geografia, 
Filosofia e Sociologia. Linguagens, Códigos e suas 
Tecnologias e Ciências Humanas e suas Tecnologias são 
a forma que esses conteúdos aparecem. E isto é assim 
para que se possa, por meio dos conhecimentos dessas 
disciplinas, ter uma visão da realidade como um todo 
inter-relacionado e contextualizado. 
Por isso, o estudo de Filosofia é tão importante 
para esse exame, mas contraditoriamente relegado a um 
segundo plano, seja nos colégios ou nos cursinhos 
preparatórios. 
Não é sem propósito que a Filosofia vem 
ganhando destaque nesse exame, a ponto de ter 18 
questões com conteúdo filosófico na última prova. Isso 
equivale a 40% da prova de Ciências Humanas, e 10% de 
todo o ENEM. 
A Filosofia é a única disciplina que nos possibilita 
ter uma visão de conjunto interdisciplinar sobre a nossa 
realidade. E não estou falando aqui do estudo de mais 
uma disciplina escolar em que se tem de aprender mais 
conteúdos dissociados de nossa vivencia diária. 
Não é a simples leitura do pensamento de 
determinado filósofo que viveu numa época totalmente 
diferente da nossa e que por isso não pode nos dar 
nenhuma lição para os nossos problemas atuais. 
Nesse e-book vamos ver como as respostas às 
perguntas formuladas sobre os problemas de sociedades 
tão distintas da nossa podem nos ajudar a superar muitos 
dos nossos problemas atuais. 
E para isso não podemos estudar o pensamento 
de determinado filósofo dissociado de seu ambiente 
social, alheio à sua história. Somente com a consciência 
de que todo grande pensador formula suas teorias a partir 
de seu meio social e dentro de seu contexto histórico, 
podemos entender melhor todo e qualquer filósofo. 
Todos nós temos uma história, mas somente 
tendo consciência da teia, dos enredos das diversas 
histórias das instituições que nos cercam e que formam o 
contexto em que nossa própria história vai se desenrolar, 
é que poderemos tomar consciência dela e, por 
conseguinte, de nós mesmos. 
Dessa maneira, vamos fazer uma viajem 
histórico-filosófica das ideias que formaram a nossa 
sociedade e suas instituições para que posamos assim,compreendermos como e por que nossa situação atual 
chegou a ser o que é hoje. Somente dessa maneira 
teremos um melhor embasamento para fazermos 
julgamentos sobre o sentido de alguma coisa. 
Creio que abordar o conhecimento filosófico 
dessa maneira seja a melhor forma para você desenvolver 
as competências e habilidades exigidas pelo ENEM. 
Por que estudar por esse e-book? Ele é voltado 
especificamente para o ENEM, abordando os conteúdos 
como o edital exige. Esse material está escrito em 
linguagem fácil, prática, direta, e bem descontraída. Além 
de trazer, divididas por assunto, todas as questões de 
filosofia que já caíram no ENEM. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FILOSOFIA PARA O ENEM www.andersonpinho.com.br 
Página | 3 
 
IDADE 1 – FILOSOFIA ANTIGA 
 
CAPÍTULO 1 – ORIGEM DA FILOSOFIA 
 Para uma melhor compreensão da matéria, é 
importante deixar bem claro que é um erro chamar as 
póleis gregas de cidades-estados, dentre tantos motivos 
destacarei apenas dois. O primeiro é a imprecisão 
histórica; o termo cidade é romano (civitas em latim), e o 
Estado é invenção da modernidade, ainda não existindo 
nesse tempo. 
Alguns podem retrucar e argumentar que isso não 
tem importância. Para eles eu destaco o segundo 
motivo, que é a carga de preconceitos que esses termos 
carregam. E quando uso o termo preconceito não estou 
usando-o de forma pejorativa, mas em seu sentido literal, 
isto é, de ideias preconcebidas, sem reflexão. 
Quando se fala em “cidade” imaginamos nossas 
formas de aglomeração humana em um mesmo espaço, 
uma arena em que cada indivíduo procura o seu bem, se 
dar bem sem prejudicar a busca do bem do outro, estejam 
esses bens correlacionados ou não. O termo “bem”, aqui, 
não está sendo usado no sentido metafísico, mas no 
sentido de propriedade mesmo, seja ele (bem) posses 
materiais, fama, dinheiro ou poder. 
Noutra vertente, quando usamos o termo 
“estado” vem à nossa cabeça um poder exterior a nós que 
por meio de um governo, quer se intrometer em nossas 
vidas, quer seja positivando/regulando nossas relações 
sociais, quer seja tributanto nossos salários ou negócios, 
quer seja ditando quando, onde, e como será gasto nossas 
riquezas. 
Quando se fala em estado, temos um governo, 
uma sociedade civil (organizada ou não) e uma 
democracia representativa. Uns que comandam e outros 
que são comandados. 
Como veremos a seguir, a Grécia, melhor 
dizendo, a Atenas da época clássica, gerou uma forma de 
organização da vida humana que serviu de base durante 
esses milênios para nossas sociedades. Mas é importante 
deixar claro que usar o termo “cidade-estado” para 
designar essa forma de organização político-social dos 
gregos é uma monstruosidade que precisa ser corrigida 
pelos manuais do ensino médio. 
Continuar com isso é permanecer no erro de 
olhar o outro pelo nosso umbigo, querer entender suas 
formas de expressão a partir das nossas. Esse tipo de 
pensamento é que causa discórdia e não aceitação do 
outro, o que gera guerras e mais guerras. 
CONTEXTO HISTÓRICO 
Na antiguidade a região conhecida como Grécia 
não era um estado unificado, com poder centralizado, 
governo único, e suas cidades-estados (póleis) obedecendo 
a esse poder. Era na verdade, uma região que por suas 
peculiaridades históricas e geográficas abrigava povos de 
origem, costumes e crenças comuns, unidos por uma 
mesma língua. 
 
A história desse povo na antiguidade é dividida 
em quatro períodos. A sua formação se dá pela união das 
civilizações Cretense e Micênica no período que ficou 
convencionado chamar de pré-homérico (Secs. XX a 
XII a. C.), cujo fim ocorre com a invasão dórica que 
ocasionou a primeira diáspora grega, quando eles 
ocuparam todas as áreas banhadas pelo mar Egeu na 
forma de pequenos núcleos rurais. 
 Começa a partir de então o período 
homérico (Secs. XII a VIII a. C.), que leva esse nome 
por causa das obras do grande poeta Homero, que nos 
conta, por meio da Ilíada e Odisseia, como foi essa época. 
Os pequenos núcleos 
rurais deram origem aos genos 
que, comandado por um pater, 
eram formados por pessoas que 
acreditavam ser de uma mesma 
descendência. Apesar de terem 
um líder, a terra era de 
propriedade de todos. 
 Nesse período, houve um grande 
aumento populacional que não foi acompanhado pela 
produção de alimentos, pois haviam poucas terras férteis. 
 Muitos genos se dividiram, houve disputas e 
distribuição desigual de terras que passaram a ser 
propriedade privada. Foi um período de turbulência e 
muitas pessoas ficaram marginalizadas. 
Desse modo, a sociedade, que era essencialmente 
agrária e patriarcal, ficou estruturada da seguinte forma: 
 
FILOSOFIA PARA O ENEM www.andersonpinho.com.br 
Página | 4 
 
1) Eupátridas = os paters e seus parentes mais 
próximos que detinham as maiores e melhores 
terras; 
2) Demiurgos = trabalhadores livres 
3) Georgoi = pequenos proprietários de terras; 
4) Thetas = homens livres, mas marginalizados por 
que sobraram na divisão e disputas por terras; 
5) Escravos 
Essa instabilidade gerou a necessidade de alguns 
genos se aliarem. Dessas alianças resultaram as fratrias, 
e da união destas, as tribos. O poder do pater passou a 
ser exercido por grupos de latifundiários bem nascidos 
conhecidos como eupátridas. Até que finalmente foram 
formados os demos que tinha como líder o basileu 
(rei), que era o mais fodão dos eupátridas. 
Para sobreviver, muitos gregos tiveram que 
buscar terras férteis para o cultivo de alimentos. Eles se 
lançaram ao mar à procura dessas regiões e se 
estabeleceram, além do Mar Egeu, por quase toda região 
europeia banhada pelo Mar Mediterrâneo 
(principalmente no sul da península itálica e na região da 
Sicília, que ficou conhecida como Magna Grécia), 
adentrando também na região do Mar Negro fundando 
apoikias (novos demos - colônias) em todos esses 
territórios. Essa busca de novas terras foi Segunda 
Diáspora grega. 
 
Foi basicamente nessa época que houve o 
ressurgimento da escrita entre os gregos, quando eles 
adaptaram o alfabeto fenício à sua língua. 
A Ilíada e a Odisseia descrevem vários aspectos 
da cultura e as diversas formas de relacionamento social 
dessa época, e mais importante, influenciaram muito as 
várias gerações gregas que tiveram o guerreiro bom e 
belo como um ideal de formação a ser alcançado. 
O MITO 
 Antes mesmo do advento da Filosofia o homem 
tinha já possuía a curiosidade de saber sobre a origem das 
coisas, e mesmo sem ter a tecnologia de que dispomos 
hoje, eles tinham a imaginação trabalhando a todo vapor. 
Com ela criaram diversas histórias que foram 
passadas de forma oral por várias gerações. A palavra 
grega mythos significa contar, narrar, conversar. 
O mito é uma narrativa fantasiosa que visa dar 
uma explicação para a origem de determinada coisa, seja 
ela o homem, o amor, a doença, o mundo, os deuses, etc. 
Mas além disso, é também uma forma de 
justificação da estrutura social da época. Dito de outro 
jeito, o mito é uma forma de ver não só o mundo natural, 
como também de entender e aceitar a divisão e 
funcionamento da sociedade. 
Tanto é que os mitos se sustentam apenas na 
autoridade de quem os conta. O poeta-rapsodo, tem 
autoridade inquestionável, seja porque recebeu a 
narrativa de uma tradição oral respeitada, seja porque é 
considerado alguém escolhido pelos deuses para receber 
uma revelação e passá-la aos outros. Esses devem receber 
a informação como verdade inquestionável. 
Desse modo, os mitos não dão espaço para 
questionamentos e nem reflexão,perpetuando a forma 
de ver e entender tanto o mundo natural quanto o social. 
Perceba que os grandes reis (basileu) são protegidos ou 
escolhidos pelos deuses e os grandes guerreiros, como 
Aquiles, possuem vínculos com eles. Você se atreveria a 
discutir com eles, ou questionar sua autoridade? Fica 
difícil, não é? 
 Os mitos sobre a origem do mundo são as 
cosmogonias (cosmos = mundo ordenado + gonia = 
gerar), já os que narram a origem dos deuses são as 
teogonias (theos = seres divinos + gonia = gerar. 
Admitem incoerências, contradições e são muito 
limitados deixando vários questionamentos em aberto. 
No entanto, sucessivos acontecimentos acabaram 
derrubando muitas dessas explicações e uma nova forma 
de ver o mundo (incluindo a sociedade) precisava ser 
criada. 
 
A PÓLIS E O SURGIMENTO DA FILOSOFIA 
Com a segunda diáspora, começa o período 
arcaico (Sécs. VIII a VI a. C.), quando tivemos a 
formação de vários demos espalhados por todo o 
mediterrâneo, intensificando as trocas de mercadorias e 
fazendo florescer novamente o comércio. É importante 
destacar que nessa época surge a moeda como um meio 
de facilitar as transações comerciais. 
 
FILOSOFIA PARA O ENEM www.andersonpinho.com.br 
Página | 5 
 
A partir daí, foi só questão de tempo para que os 
demos se unissem e formassem as póleis (eram mais de 
1000), que foram governadas por conselhos de 
eupátridas (proprietários de terras) dando início aos 
regimes oligárquicos (governo de poucos). Eles 
desenvolveram leis, distribuíam a justiça, e ditavam a 
divindade a ser cultuada. 
Agora, com um número muito maior de póleis, e 
várias delas sendo importantes centros comerciais e 
portos estratégicos para a navegação, a principal atividade 
econômica deixou de ser a agricultura, e o comércio passa 
a ser o seu principal fator de desenvolvimento 
econômico. 
Esse desenvolvimento econômico proporcionou 
uma melhora significativa na qualidade de vida material 
da população. A partir daí os gregos passaram a ter tempo 
para fazer algo além de comercializar, eles agora iriam 
pensar. 
A consolidação das póleis seguido de uma relativa 
estabilidade política e econômica, e um longo período de 
prosperidade foi o terreno fértil para o nascimento da 
Filosofia. Algumas invenções e atividades que se 
desenvolveram, ou foram criadas, juntamente com a polis 
foram cruciais para o seu surgimento. São elas: 
 As navegações – ao desbravarem os mares os 
gregos iriam realmente descobrir se existiam os 
monstros e sereias que os mitos contavam. 
 A invenção do calendário – isso proporcionou 
aos gregos verem que as estações do ano não 
eram vontade dos deuses mas fenômenos 
naturais que podiam ser previstos. 
 A moeda – Você certamente sabe quanto custa 
uma caneta, um caderno ou uma meia. Mas você 
sabe quanto vale um real? Sabe porque um real 
vale um real, e cem reais vale cem reais? Pois é, 
esse é um exercício de abstração que requerem 
cálculos complexo. Os gregos deixaram de trocar 
as coisas e passaram a usar a moeda quando 
adquiriam essa capacidade de abstração. 
 A escrita alfabética – se eu desenhar um 
homem e te mostrar, você vai saber que aquilo 
representa um homem. Mas se eu te mostrar esse 
símbolo 
A política – Esse ponto é bastante importante 
porque marca uma ruptura no modo de encarar a 
organização social. A pólis é um lugar onde os 
homens decidem o seu próprio destino, e não 
mais os deuses. 
E esse governo dos homens só era possível 
porque eles eram livres para criarem suas próprias 
leis, que eram fruto do debate público, ou seja, da 
palavra que era posta sob questionamento. 
E esse tipo de discurso proporcionado pela 
atividade política foi fundamental para o 
surgimento do discurso filosófico, que nasceu 
como diálogo. A palavra que sempre pode ser 
debatida e questionada. Lembrem-se que no 
mito, a palavra era inquestionável. 
 
Nas póleis gregas não havia muita diferença de 
riqueza entre os cidadãos e a monarquia não era a forma 
de governo predominante entre eles. 
Todos eram responsáveis pela defesa da pólis, 
então, não fazia sentido não terem participação na 
tomada de decisões sobre os rumos da mesma. Foi assim 
que nasceu a política na forma de democracia. 
Os gregos acreditavam que um homem livre que 
vivia em pleno gozo de suas faculdades mentais e 
corporais deveria viver em uma comunidade política que 
se autodeterminava por leis que ela mesma criava por 
meio do debate, e não por um homem (rei) ou alguma 
divindade. 
A vida na pólis era voltada para que eles 
desenvolvessem plenamente suas capacidades humanas, 
fruto de sua natureza. Cada cidadão era estimulado a 
exercitar as virtudes e reprimir os vícios. E a justiça 
necessária para controlar esse lado ruim só pode ser 
encontrada em uma comunidade bem ordenada, de 
homens virtuosos, justos e livres, que governam a si 
mesmos, ou seja, na pólis. 
Essa visão histórica da formação da sociedade 
grega desde os núcleos rurais até a formação das póleis, 
nos ajuda a entender não apenas o surgimento da 
filosofia, mas o por que dela ter sido uma invenção grega. 
Ela não foi um “milagre” repentino desse povo, mas o 
resultado de uma gestação que vinha acontecendo no 
seio das transformações ocorridas na sociedade grega 
durante séculos. 
PRÉ-SOCRÁTICOS – OS PRIMEIROS 
FILÓSOFOS 
 Tendo Sócrates como a grande referência na 
filosofia antiga, os historiadores consentiram em chamar 
esse primeiro período filosófico de pré-socrático. 
É de se ressaltar que essa convenção tem como 
critério não apenas uma ordem cronológica, mas a linha 
de investigação filosófica, pois ao tempo de Sócrates 
ainda haviam pré-socráticos. 
 Esses primeiros filósofos se preocuparam em 
tentar explicar a physis (natureza/mundo/universo) de 
 
FILOSOFIA PARA O ENEM www.andersonpinho.com.br 
Página | 6 
 
uma forma racional (cosmologia), dando uma explicação 
diferente da dos mitos, que recorriam aos deuses. 
Diferentemente da explicação mítica que dizia 
que o universo havia sido criado do nada, para eles o 
universo havia sido gerado de um princípio universal. E 
descobrir essa arché seria a chave para entender todas as 
coisas. 
 Eles acreditavam que a physis apesar de estar em 
constante movimento (devir) possuía um elemento de 
permanência e que este seria o seu princípio originador, 
seu fundamento, e explicaria a causa da mudança. 
 Dentre esses filósofos haviam os que acreditavam 
que a arché era um único elemento, estes eram os 
monistas. Mais tardiamente, outros pré-socráticos 
começaram a defender que eram vários, e ficaram 
conhecidos como pluralistas. 
 Tales de Mileto (640-546 a. C.), 
que talvez tenha sido o primeiro 
filósofo, e estava na lista dos sete 
sábios da Grécia, acreditava que a 
água era a origem de tudo. 
 
 
Anaximandro (610-547 a. 
C.) dizia que o princípio criador 
não poderia ser conhecido pelos 
sentidos, mas somente pelo 
intelecto já que ele é o apeiron 
(indeterminado). 
 
 
Anaxímenis (588-524 a. 
C.) argumentava que o ar seria esse 
princípio originador de tudo. 
 
 
Pitágoras de Samos 
(570-490 a. C.) creditava aos 
números a origem de tudo, mas 
desde que entendidos como 
harmonia e proporção. Ou seja, 
tudo na natureza é proporcional 
e harmônico. 
 
Heráclito de Éfeso 
(535-475 a. C.), um dos filósofos 
mais importantes desse período, 
atribuía ao fogo a origem das 
coisas, já que para ele a 
realidade/physis é uma eterna 
luta de contrários que tem esse 
elemento como sua causa. 
 Autor da famosa frase que caracteriza bem o seu 
pensamento: “Umhomem não pode se banhar duas vezes no 
mesmo rio, porque na segunda vez o rio e o homem não serão os 
mesmos.” 
 Para ele, o universo está em constante mudança, 
tudo flui, tudo está em transformação constante. E isso é 
assim porque todas as coisas possuem os oposto em 
constante guerra. O real é a mudança e a permanência é 
ilusória. 
Você já não é tão jovem quanto quando começou 
a ler essas palavras, mas ainda é jovem, mas está 
envelhecendo, mas ainda é jovem, mas está 
envelhecendo, mas ainda é jovem, mas está 
envelhecendo, mas ainda é jovem, mas está 
envelhecendo. 
 Parmênides (510-470 a. 
C.) de Eleia, rompe com os 
filósofos que o precederam na 
maneira de pensar o mundo. E 
por isso não se adequa a 
classificação de monista ou 
pluralista. 
Ele afirmava que o 
elemento de permanência, de 
origem, de fundamento, das coisas/mundo (physis) não 
pode ser encontrado na sua mutabilidade constante. 
Melhor dizendo, não se pode encontrar o 
princípio (arché) imutável do universo na sua própria 
mudança, ainda mais quando a investigação é conduzida 
pelos sentidos. 
 Para ele a mudança seria apenas uma ilusão dos 
sentidos, e o que é essencial nas coisas só pode ser 
captado pelo pensamento. Por esse motivo, é que haviam 
tantas opiniões contrárias sobre o Ser das coisas, porque 
os filósofos estavam trilhando um caminho errado que 
só os levava à ilusão. 
 A mudança (devir) não existe, é uma ilusão dos 
sentidos, Heráclito estava errado. “O Ser é e o não ser 
não é”. O Ser é o Logos (razão), a permanência, é 
imutável e sem contradições. 
 
FILOSOFIA PARA O ENEM www.andersonpinho.com.br 
Página | 7 
 
 Continuaremos a estudar os outros filósofos pré-
socráticos (pluralistas) quando adentrarmos no período 
clássico, por que contextualizando-os socialmente 
poderemos entender melhor suas teorias e a influência 
delas em seu meio social. 
 
CAPÍTULO 2 – FILOSOFIA CLÁSSICA 
 A maturação e desenvolvimento da filosofia 
clássica ocorre em Atenas devido a uma série de 
acontecimentos que passaremos a analisar a seguir. 
É importante entendermos o contexto histórico 
para que as teorias filosóficas desse período possam fazer 
sentido, pois a Filosofia como construção humana está 
limitada a seu tempo e contexto social, embora muitos 
queria fazer parecer que não. 
 
ATENAS EM QUESTÃO 
Atenas foi fundada pelos jônios na região da 
Ática. Inicialmente esteve sob o regime monárquico, e 
depois oligárquico. Era governada pelos Eupátridas 
(bem nascidos), que além de possuírem as maiores e 
melhores terras, ainda tinham como escravos outros 
atenienses, que foram pequenos proprietários de terras 
que não conseguiram saldar suas dívidas. 
Sem um solo propício para agricultura, e com um 
porto (Pireu) estrategicamente localizado no 
Mediterrâneo, os Atenienses se lançaram ao mar. 
Tornaram-se grandes marinheiros e desenvolveram o 
comércio de forma significativa. 
 O comércio enriqueceu muitos atenienses que 
não tinham o sangue azul dos eupátridas e estavam 
doidos por participação política. A isso, some a 
insatisfação dos escravizados por dívidas, dos 
potencialmente escravos, e ainda, rebeliões provocadas 
por estes. Pronto, o barril de pólvora estava cheio e 
prestes a explodir. 
 Dracon em 620 a. C., tentou acalmar os ânimos 
tornando públicas por meio da escrita, as leis da pólis, 
que antes eram conhecidas só pelos eupátridas. Não 
adiantou muita coisa. 
 Agora pasmem, em 594 a. C., os grupos 
dominantes da época, decidiram eleger um homem sábio 
para fazer reformas que pudessem colocar fim ao clima 
de guerra que afligia a sociedade ateniense. 
 Escolheram Sólon, um dos sete sábio da Grécia, 
que instituiu profundas reformas na sociedade. Dentre as 
quais podemos citar: 
 Perdoou a dívida dos atenienses escravizados, e 
acabou com a escravidão por dívidas; 
 Limitou o tamanho da propriedade; 
 Modificou o critério de classificação social, do 
nascimento para a riqueza; 
 Com isso, modificou o critério para participação 
nos cargos públicos (magistraturas), permitindo 
a participação dos comerciantes na política; 
 Permitiu a participação de todos os atenienses na 
Assembleia (Eclésia), mesmo o mais pobre; 
 Criou a boulé, que era um conselho de 400 
membros escolhidos pela Eclésia, e que tinha a 
função de criar projetos de leis para serem 
votados por esta; 
 Deu cidadania a todo aquele que contribuísse 
com a pólis. 
Ficou decidido que, o que Sólon fizesse não 
poderia ser modificado por 10 anos. Então, depois de 
fazer essas reformas Sólon deixou Atenas, tanto para não 
perder sua vida, quanto para não usar de seu prestígio e 
tornar-se um tirano. 
Apesar de profundas, essas reformas trouxeram 
ainda mais tensões. E de toda insatisfação emergiu em 
546 a. C. o primeiro tirano de Atenas, Pisístrato. 
Nessa época o termo tirano não tinha toda a carga 
negativa que tem hoje, e designava apenas uma forma 
ilegítima de governo. Não é que o tirano fosse cruel e 
mandasse cortar a cabeça de quem olhasse torto pra ele, 
é que ele não chegou ao poder com o apoio dos que 
detinham o poder. 
Pisístrato foi até um bom governante, manteve 
inalteradas as leis de Sólon, construiu grandes obras, 
patrocinou as artes, os jogos e os festivais, e projetou 
Atenas como grande centro comercial e cultural da 
Grécia. 
Seus sucessores foram uns bocós e não souberam 
se manter no poder, abrindo espaço novamente para 
conflitos internos, quando Clístenes toma o poder em 
510 a. C. 
 
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 Clístenes governou 
Atenas de 510 a 507 a. C, e ousou 
muito ao dividir o território da 
Ática em 10 tribos, e cada tribo 
em 03 DEMOS. Com isso ele 
queria acabar com a influência 
das tradicionais famílias 
nobres aristocráticas. 
É claro que para ocupar cargos públicos ainda era 
necessário ter uma certa quantidade de riqueza, como 
Sólon havia estipulado. Mas cada vez menos isso 
dependia da família a que se pertencia. 
A boulé (que criava projeto de lei) passou a ter 
500 membros. Cada DEMO elegia 50, e cada tribo a 
presidia sucessivamente durante o ano. Perceba o salto 
qualitativo nesse regime de participação política que mais 
tarde viária a ser chamado de DEMOCRACIA. 
A Eclésia (assembleia popular) passou também a, 
além de votar, discutir os projetos de lei. Provavelmente 
a boulé tinha mais poderes que a Eclésia no início do 
processo de construção desse novo regime, mas com o 
tempo a situação se inverteu. 
O OSTRACISMO foi uma instituição muito 
famosa criada também por ele. Não era uma pena, mas 
uma forma de defender o novo regime contra 
levantes tirânicos. Se uma pessoa estava se tornando 
demasiadamente famosa, prestigiada, e influente, ela era 
banida da pólis por um período de 10 anos e depois 
retornava como se nada tivesse acontecido. 
Pense bem. Num regime onde todos devem ser 
iguais, não deve haver essas grandes personalidades, 
senão, não haveria isonomia, que era a base do sistema. 
 As reformas de Clístenes no sistema político de 
Atenas acabou influenciando toda a Grécia, e seu 
governo foi a transição entre o período arcaico e o 
clássico. 
 No período clássico (Sec. V ao IV a. C.), as 
Guerras Médicas (os medos faziam parte do povo Persa, 
daí o nome) foram o pano de fundo para um maior 
destaque de Atenas dentre todas as póleis gregas. Eles já 
estavam se sentido os maiorais por terem suas 
instituições como modelo do que de melhor se poderia 
ter. Agora, iam colocar os músculos para trabalharem. 
 Diante dessas invasões as póleis gregas,persuadidas por Atenas, fizeram uma aliança militar 
conhecida como Liga de Delos. Claro que isso tinha um 
custo, e que ninguém era obrigado a participar. No 
entanto, seria bom contar com uma certa segurança não 
é mesmo? 
 Inicialmente os recursos obtidos ficaram na ilha 
de Delos (por isso o nome), mas com o tempo foram 
transferidos para Atenas. Mesmo com o fim das ameaças 
externas a Liga permaneceu, e ninguém mais poderia dela 
se desligar, pois Atenas logo interferia. O que antes não 
era obrigação, tornou-se submissão. 
Dessa maneira, portanto, Atenas, sob a liderança 
de um líder democrático, construiria com as riquezas dos 
outros a sua ERA DE OURO. Foi nessa época que a 
cidade foi embelezada com grandes templos e obras 
públicas. Só para se ter uma ideia, o Partenon, um dos 
maiores feitos de arquitetura da humanidade, foi erguido 
nesta época. 
 
 É inegável que toda a glória alcançada por Atenas 
teve como sustentação material a submissão das outras 
póleis. 
No entanto, deve-se deixar bem claro que apesar 
da relação dos atenienses com os outros fosse de 
hostilidade, entre eles, imperava os ideais mais nobres 
como igualdade, liberdade e justiça. Em virtude disso, a 
forma de governo que tem por base esses ideais pôde 
florescer em sua plenitude. 
Em Atenas o exercício da atividade política era 
básico, algo comum na vida de seus habitantes. A 
participação na tomada de decisões dos assuntos que 
dizem respeito à administração da pólis era a principal e 
mais nobre atividade que um homem livre poderia se 
dedicar. 
Foi nessa época que surgiu na cena política 
ateniense um grande orador, de família aristocrática, e 
excelente estrategista militar. 
Péricles (495 – 429 a.C.) liderou Atenas em seu 
esplendor (não é à toa que esse século recebeu seu nome), 
quando na assembleia, juntamente com seus 
concidadãos, aprimorou o regime democrático a ponto 
de afirmar o seguinte em seu discurso fúnebre: 
 
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 “Nosso regime político 
não se propõe tomar como modelo as 
leis de outros: antes somos modelos 
que imitadores. Como tudo nesse 
regime depende não de poucos, mas 
da maioria, seu nome é democracia. 
Nela, enquanto no tocante às leis 
todos são iguais para a solução de 
suas divergências particulares, no 
que se refere à atribuição de 
honrarias o critério se baseia no 
mérito e não na categoria a que se 
pertence...” 
O primeiro cidadão ateniense instituiu a 
mistoforia, que era uma justa quantia em dinheiro para 
que mesmo o mais lascado dos homens livres pudesse 
participar diretamente da administração da cidade. Agora, 
não precisava mais nem ser de família nobre, e nem ter 
riqueza suficiente para ocupar determinado cargo. 
Tal salário era necessário porque esses gregos 
acreditavam que todos os cidadãos eram iguais 
(isonomia) e por esta razão, tinham direito de se 
expressar (isegoria) na assembleia, e de ter participação 
no poder (isocracia). Para eles não havia outra maneira, 
a única forma de DEMOCRACIA era a DIRETA. 
Basicamente, a estrutura política estava 
arquitetada da seguinte forma: 
ASSEMBLÉIA – Conselho de cidadãos que 
tomavam as decisões mais importantes da pólis. Eles se 
reuniam no monte Pnyx (imagem abaixo). Claro que não 
tinham essas cadeiras, mas olhe a vista que eles tinham da 
acrópole. Imagine os atenienses tomando as decisões da 
pólis com a vista das maravilhas que eles foram capazes 
de fazer. Era mesmo algo grandioso. 
 
BOULÉ – Conselho de 500 cidadãos que 
propunham as leis. 
ESTRATEGO – 10 generais com mandatos de 
01 ano. 
Para todos os cargo públicos uma pessoa só 
podia ser eleita uma única vez na vida, para dar 
oportunidade para outros participarem do poder. Na 
boulé podia-se eleger duas vezes, e para estrategos podia 
ser indefinidas vezes, isso por que esse cargo exigia 
habilidades especiais de guerra. 
 Somente podiam participar desses cargos os 
homems filhos de pais atenienses maiores de 20 anos, 
pois apenas eles eram considerados Zoôn politikons. Eram 
membros de famílias aristocráticas, pequenos 
proprietários de terras, comerciantes e artesãos. 
 Mas a sociedade ateniense não era formada 
apenas por eles; haviam também os que eram excluidos 
da cidadania. Nesse grupo temos os metecos, que eram 
os estrangeiros residentes ou não na pólis; as mulheres, 
que serviam basicamente para cuidar da casa e 
reproduzir; e finalmente os escravos, que eram os 
prisioneiros de guerra. 
 Não por coincidencia, os escravos começaram a 
aumentar quando a democracia estava em seu auge. Ora, 
para haver tempo livre para os cidadãos se dedicarem à 
política alguem tinha que ficar trabalhando. Estimasse 
que eles fossem ¼ da popolação, no máximo. 
 Em Atenas não havia tratamento duro com os 
escravos, não existiam pessoas acorrentadas andando 
pelas ruas, chicotadas e esquartejamentos em praça 
pública. Pelo contrário, era muito comum os escravos 
serem libertados. 
Habitantes de outras póleis estranhavam quando 
andavam nas ruas de Atenas e viam escravos andando na 
rua como se fossem livres. 
 Nas fazendas e no mercado eles trabalhavam lado 
a lado com o seu senhor. Não há nenhum registro de 
rebeliam de escravos em Atenas. A possibilidade de 
conquista da liberdade que estava no horizonte, 
abrandava a relação entre senhor e escravo. 
 
OS PLURALISTAS 
 Nesse período a filosofia 
continuou progredindo com os 
filósofos pré-socrático. O próprio 
Péricles tinha um desses sábios 
como mestre, seu nome era 
Anaxágoras (499-428 a. C.). Ele 
defendia que o princípio gerador 
de todas as coisas não é único, que 
a physis era formada de várias partículas (sementes – 
espermatas) ordenadas por uma inteligência universal. 
 
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Diferentemente dele, 
Empédocles (490-430 a. C.) 
acreditava que os elementos 
água, terra, ar e fogo eram os 
princípios criadores, que 
formavam as coisas pela 
união e repulsão, pelo amor e 
ódio. 
Demócrito (460-370 
a. C.) era contemporâneo de 
Sócrates, mas como o objeto 
de sua investigação ainda era 
a physis, ele é considerado um 
pré-socrático. 
Segundo ele, o mundo 
é formado por partículas invisíveis e indivisíveis 
chamadas átomos, que se chocavam ao acaso no vazio 
para formar os corpos percebidos pelos nossos sentidos. 
Percebam que esses pré-socráticos do período 
clássico, defendem não um, mas vários os elementos 
criadores do universo. 
Será coincidência eles defenderem isso no tempo 
em que a constituição da pólis, ou seja, do mundo social, 
dependesse de muitos e não de um só? Ou terá sido essa 
forma de organização social fundamentada nessa nova 
visão da constituição do universo? 
Independentemente da resposta, o fato é que 
havia agora uma nova visão do mundo, seja ele físico ou 
social, e em ambos não havia mais o predomínio de uma 
arché que a tudo governava, mas, a relação entre vários 
elementos que regidos por leis constituíam o cosmos. 
No mundo da physis cabia aos homens 
descobrirem essas leis, no mundo da pólis cabia a eles 
criarem-na. E essa atividade divina de criarem as leis, que 
trariam ordem ao caos, era feita no espaço público da 
pólis, na ÁGORA (praça central onde se discutiam 
diversos assuntos), por meio da palavra, através do 
discurso. 
 
SOFISTAS 
É também nesse contexto de valorização do 
humano, da palavra, de se expressar bem e de convencer 
o público por meio da oratória para se sair bem no 
cenário político, que surgiram os sofistas, um conjunto 
de sábios que ensinavamretórica (arte de falar bem e 
persuadir o público). 
A palavra sofista vem do grego sophós e quer dizer 
sábio. Eles eram homens que viviam viajando entre as 
póleis vendendo seu conhecimento, pois não eram ricos 
para se manter no ócio intelectual. 
Protágoras (480-410 a. C.) foi o primeiro e mais 
ilustre dos sofistas. Nascido em Abdera, mudou-se para 
Atenas onde se tornou muito famoso e requisitado pelas 
famílias ricas. 
 Defendia que não havia um conhecimento e uma 
verdade absolutas sobre as coisas, e que o mundo era 
relativo ao que os homens percebiam dele. Daí sua 
famosa frase: “o homem é a medida de todas as coisas”. 
Sua doutrina relativista impossibilitava a 
construção de um saber objetivo no qual se pudesse 
chegar a critérios que estabelecessem e diferenciassem o 
verdadeiro do falso, o certo do errado. Tudo dependia de 
quem ou que grupo estava falando. As regras sociais, bem 
como a própria pólis são convenções, e como tal, mudam 
de acordo com que as convencionou, sendo, portanto, 
relativas. 
O maior crédito que se deve atribuir aos sofistas 
foi o de ter voltado o debate filosófico da cosmologia, 
para a área do humano, da pólis, da ética, da política. Pois 
foi por se contrapor a eles que Sócrates deu início ao 
conhecimento filosófico herdado pelo ocidente. 
 
SÓCRATES 
Sócrates (470 – 399 a. 
C.) foi um marco na filosofia 
grega. Não deixou nada escrito 
e o que sabemos de seu 
pensamento é o relatado por 
seu discípulo Platão. Ele 
nasceu em Atenas, foi 
contemporâneo de Péricles, e 
crítico do regime democrático. 
Ele viveu na época da GUERRA DO 
PELOPONESO (431-404 a. C.), que foi motivada pela 
forma autoritária e abusiva com que Atenas tratava os 
seus aliados. 
Um grupo de póleis cansada da tirania Ateniense, 
sob a liderança de Esparta, formaram a Liga do 
Peloponeso, para enfrentá-la. Essa guerra foi o grande 
motivo da decadência das póleis gregas, pois elas foram 
se destruindo e abrindo espaço para que inimigos 
externos pudessem conquista-las. 
Sócrátes participou de algumas batalhas, sendo 
condecorado por bravura. 
 
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O Oráculo de Delfos o celebrou como o mais 
sábio dos homens por ele ter consciência de sua própria 
ignorância. 
 Ele travou um grande embate com os sofistas ao 
dizer que estavam errados, que poderíamos sim obter um 
conhecimento objetivo, um saber verdadeiro. Sustentava 
que o homem poderia conhecer a essência das coisas e 
que a primeira pergunta a ser respondida era qual a sua 
própria essência. 
 Para ele, a essência do homem é a sua alma, 
entendida como consciência de si. É isso que distingue o 
homem dos outros animais. Não é à toa que ele instigava 
seus discípulos a terem esse conhecimento, pois era isso 
que os tornavam humanos. “Conhece-te a ti mesmo” 
estava escrito no pórtico do oráculo que afirmou ser ele 
o mais sábio dos homens. 
 Mas essa consciência de si não era só o simples 
saber de um eu individual. Era a consciência de que 
somos parte integrante de um conjunto de relações que 
formam um todo maior, e que por fazer parte desse todo 
é que temos o poder e o dever de conhecer sua essência. 
 Desse modo, temos o poder de ter essa 
consciência moral que nos guia na interação com nossos 
semelhantes. Nessas relações só podemos agir 
conscientes se tivermos conhecimento da essência das 
coisas, sejam elas o bem, a amizade, a virtude, ou até 
mesmo a democracia. 
 O interessante é que Sócrates não trazia respostas 
prontas. Por meio do diálogo, ele se posicionava como 
um ignorante e começava a questionar as pessoas sobre 
o que eles pensavam saber, mostrando-lhes que nada 
sabiam, e que o que sabiam eram crenças que lhes foram 
passadas como verdades sem nenhum tipo de reflexão 
crítica. E ao final, ele fazia a própria pessoa chegar à 
verdade. 
 Talvez se ele aparecesse com verdades prontas 
não teria sido Sócrates, mas apenas mais um sabichão 
metido a besta. No entanto, como ele fazia a pessoa ver 
a verdade pro si própria, por meio da maiêutica, ele foi 
o mais sábio dos homens e por isso um perigo para o 
sistema. 
 Ora, pensemos um pouco. No auge do 
imperialismo ateniense, quando eles eram tomados como 
modelos pelas outras pólis (como o próprio Péricles 
afirmou acima); quando eles tratavam seus “aliados” da 
Liga de Delos como bem entendiam, usando os recursos 
da Liga para tornar Atenas a mais bela e poderosa pólis 
que já existira; quando eles estavam maravilhados com 
seu regime político, que eles próprios criaram; vem um 
cara e começa a botar caraminholas na cabeça dos jovens 
perguntando: “será mesmo que vivemos uma 
democracia, quando temos um regime político que 
permite a um bom orador ir à assembleia e fazer um 
discurso bonito e pomposo que leve o povo a aprovar o 
que ele quer sem o mínimo de reflexão?”, “será que é 
certo tratarmos nossos aliados com toda essa arrogância, 
e usando mais a força que a justiça em nossas relações?”, 
“será mesmo bom essa democracia onde qualquer um 
possa influir nos destinos da pólis, mesmo não tendo 
conhecimento do que seja bom e justo?”. 
 Entendem agora porque Sócrates era um perigo 
a ser exterminado o mais rápido possível? Era um traidor, 
um corruptor da juventude. 
A Guerra do Peloponeso durou 27 anos e 
terminou com a vitória de Esparta, no entanto, acabou 
deixando as partes envolvidas enfraquecidas. 
Desde a derrota de Atenas nessa guerra, o regime 
democrático ficou desacreditado pelos próprios 
ateniense, e muitos deles começaram a criticá-lo. Eles 
argumentavam que em momentos cruciais da guerra, 
foram tomadas muitas decisões estúpidas por que foi 
colocado para a maioria decidir, e isso levou à derrota de 
Atenas. 
O regime democrático ateniense foi substituído 
por uma oligarquia comandada por 30 tiranos indicados 
por Esparta. Nesse tempo ficou proibido o debate em 
público e o ensino de retórica. Mas, alguns anos depois a 
democracia foi restaurada e Sócrates voltou a 
importunar. 
Ele foi acusado e, por mais forte que fossem seus 
argumentos de defesa, foi condenado, porque sua 
condenação já era certa desde antes mesmo do 
julgamento começar. Bebeu cicuta mas não renunciou ao 
que disse. O cara era macho, que nem outro barbudo que 
vocês ouvem falar desde criancinha. 
 
PLATÃO 
Platão (427 – 347 a. C.) foi 
o maior discípulo de Sócrates, e 
era um homem de família 
aristocrática e influente na 
política. Como todo jovem 
ateniense, era um entusiasta do 
regime democrático até conhecer 
seu mestre aos vinte anos de 
idade. 
Sob influência de Sócrates passou a ser também 
crítico do regime, e depois de sua morte deixou de 
 
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acreditar na possibilidade de uma vida justa e feliz. 
Deixou Atenas para fazer uma longa viagem, quando 
voltou e fundou a Academia, onde pôde desenvolver suas 
teorias e repassá-las a seus vários discípulos. 
Na busca de um conhecimento verdadeiro, 
buscou um meio de contornar o beco sem saída deixado 
por Heráclito e Parmênides. Grande parte de suas ideias 
estão escritas em sua mais famosa obra, a República. 
Metafísica 
O constante devir que Heráclito afirmava ser a 
realidade foi chamado de mundo sensível (material) 
por Platão. Esse mundo captado pelos sentidos, a causa 
de nossos erros e ilusões, era uma cópia imperfeita do 
mundo das ideias (inteligível), que correspondia à 
permanência de Parmênides, um mundo captado apenas 
pelo pensamento, e, portanto, perfeito. 
 
Tudo que existe nesse mundo material é porquetem sua ideia no mundo superior. Apesar da 
multiplicidade com que ela possa aparecer no mundo 
sensível, a ideia é uma só, indestrutível e eterna. Segundo 
Platão, apesar de existirem 
diferentes tipos de cavalo, a 
ideia de cavalo é uma só. 
Quando pensamos em 
cavalo, pensamos a ideia e 
não determinado cavalo. 
Mas como foi que aconteceu essa cópia? Platão 
nos diz que foi um demiurgo (construtor) que plasmou 
do mundo das ideias esse mundo imperfeito. Tudo que 
existe nesse mundo em que vivemos, já existe no mundo 
superior das ideias. 
Seguindo esse raciocínio, a pólis deveria ser 
organizada de acordo com a pólis ideal, para que seus 
cidadãos pudessem viver de acordo com o supremo bem 
e a justiça. 
Mas como fazer isso? Como conhecer esse 
mundo ideal e verdadeiro para viver de acordo com o que 
é bom e justo nesse mundo de erros, se eu estou nesse 
segundo e tudo que percebo vem dele? 
Platão afirma que somente pela dialética é 
possível alcançar gradativamente o que é verdadeiro, e 
passar das ilusões ao real. Importante deixar claro que a 
dialética Platônica é o que a etimologia da palavra sugere, 
um diálogo crítico em busca da verdade que se passa do 
senso comum ao conhecimento verdadeiro. 
Ele explica essa passagem do falso ao real pela 
alegoria do mito da caverna, ilustrada na figura abaixo. 
 
Aqueles caras deitados no chão nasceram e 
cresceram ali, e a única coisa que eles viam eram aquelas 
sombras. Por nunca terem visto outra coisa, eles 
julgavam que aquelas sombras eram os objetos 
verdadeiros. 
Só que um dia, um deles consegue se soltar e sair 
da caverna. Lá fora, ele não consegue enxergar nada 
porque é quase cegado pela luz do sol. Aos poucos ele 
vai conseguindo ver as coisas e se dá conta que aquilo que 
viam na caverna eram apenas as sombras, que eles 
tomavam por verdadeiro aquilo que era falso. 
Depois, ele volta para alertar os outros de sua 
condição, mesmo sabendo que eles podem não acreditar 
no que ele estava dizendo. Alguns dizem que ele está 
louco e outros decidem acompanhá-lo. 
Política 
Platão não via a democracia como um bom 
regime, foi a democracia que matou o mais sábio dos 
homens. E foi a democracia que levou Atenas à guerra e 
à ruía. Como é que pessoas não instruídas sobre valores 
como o bem comum, amizade, virtudes, justiça, podem 
governar? Já imaginou dar poder de governar àqueles 
caras acorrentados na caverna que só veem sombras? 
Seria um desastre. Como de fato foi. 
Por isso que ele defende que quem deve governar 
a cidade são os filósofos, aqueles que saíram da caverna 
(mundo sensível) e conheceram a realidade (mundo das 
ideias). Só eles possuem as virtudes e o conhecimento 
necessário (as ideias) para dar à pólis uma estrutura bem 
ordenada de forma que o bem e a justiça possam reger as 
relações entre seus cidadãos. 
 
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Esses filósofos não pertenceriam a classe social 
alguma. Em, A República, ele apresenta um processo de 
educação que começa aos 07 e vai até os 30 anos, sendo 
que todos participam, independente da classe social e do 
sexo. Isso mesmo, Platão defendia que as mulheres 
poderiam ser educadas para participar da vida pública. 
Platão entendia o homem como sendo corpo e 
alma. Esta, que antes era livre no mundo das ideias, 
agora vive prisioneira no corpo, esquecendo-se de tudo 
que já havia contemplado. Ela seria composta por três 
partes: a racional, representada pela inteligência; a 
emotiva, representada pelas emoções; e a apetitiva, 
representada pelos desejos carnais de sobrevivência e 
reprodução. Se livrar das emoções e desejos carnais era 
necessário para contemplar o mundo das ideias, porque 
eles não fazem parte daquele mundo. 
Esse processo educacional, serviria para fazer a 
alma atingir o mundo das ideias, ou seja, relembrar 
(processo de reminiscência da alma) do lugar de onde 
veio. Por isso, só completariam todo o percurso 
educacional aqueles que adquirissem e exercitassem as 
virtudes necessárias a fazer com que a parte racional de 
sua alma se sobrepusesse acima das partes emotiva e 
apetitiva que o deixa preso nesse mundo de aparências. 
Somente esses seriam filósofos. 
Em uma pólis bem ordenada os seus habitantes 
seriam divididos em três grupos, de acordo com suas 
virtudes, assim como a alma. Os que cuidam da 
subsistência (agricultores, comerciantes, artesão, etc), os 
que a defendem (guerreiros), e os que a governam (os 
filósofos). Cada um, ao exercitar suas virtudes, 
desempenha um papel na sociedade, contribuindo como 
podem para o seu bom funcionamento. 
 
ARISTÓTELES 
 Juntamente com Platão, 
Aristóteles (384 – 322 a. C.) é a 
grande referência da filosofia 
grega antiga que vai influenciar 
na construção do mundo 
ocidental. Dante Alighieri dizia 
que ele foi o mestre dos 
mestres, e São Tomaz de 
Aquino se referia a ele como 
“o” filósofo. 
Ele foi o pensador que analisou todo o 
pensamento grego e o melhorou; escreveu sobre quase 
tudo, de metafísica à biologia. Em resumo, ele foi “o 
cara”. Por isso, devemos estudar Aristóteles como o 
porta-voz dos gregos instruídos, pois era assim que ele se 
considerava. 
 Apesar de ter sido um dos maiores pensadores 
que Atenas produziu, ele era um meteco, e como tal, sem 
direitos políticos. 
De Estagira, na Macedônia, Aristóteles sai aos 18 
anos para estudar na Academia de Platão em Atenas. 
Isso, provavelmente, uns 10 anos antes do domínio 
macedônico sobre a Grécia. Com uma mente notável, 
permanece por lá durante 20 anos até a morte de Platão. 
Após a morte do mestre, a quem Aristóteles era 
muito amigo e admirador, não vê mais motivos de 
continuar na academia e sai de Atenas para viajar por um 
bom tempo. 
Em 335 a. c., o rei Felipe II o chama para morar 
em Pela, capital do império macedônico, e ser professor 
de seu filho Alexandre, condição na qual permaneceu até 
este assumir o poder. Essa proximidade com a corte 
macedônica se dava pelo fato de Nicômaco, seu pai, ter 
sido o médico do rei Amintas, pai de Felipe. 
Aristóteles foi um grande pensador sistemático, 
que dividiu os saberes em: 
Produtivos – que se destinam a produção das 
coisas que são úteis aos homens. Ex: artes, arquitetura, 
carpintaria, etc. 
Práticos - que tratam das práticas que os homens 
mantem entre si. Ex: política, ética, economia, etc. 
Teóricos – dispõem sobre os conhecimentos 
contemplativos da realidade, das coisas que existem 
independentes do homem. Ex: física, matemática, 
astronomia, etc. 
Metafísica 
Segundo ele, enquanto os saberes particulares 
refletem sobre os seres particulares sujeitos ao 
movimento (devir), existe um saber que reflete sobre 
todos esses seres em conjunto, que estuda o que há de 
comum a todos eles, e que os estruturam em um todo 
organizado. 
Esse saber ele chamou de Filosofia Primeira, que 
mais tarde ficou conhecida como Metafísica (meta + 
físico = além do físico). É ela que analisa os princípios e 
a essência última do mundo, do universal, contida em 
todos os seres. É ela que diz se o objeto (esse mundo que 
nos rodeia) dos saberes particulares é real e verdadeiro. 
Na sua investigação do que seja a realidade, afim 
de fundar um conhecimento verdadeiro das coisas, 
 
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Aristóteles superou Heráclito, Parmênides, e deu uma 
resposta diferente da de Platão, criticando a posição de 
seu mestre. 
Para ele, esse mundo material que nos envolve e 
que é mutável, não é uma ilusão ou cópia imperfeita de 
algo (Parmênides e Platão),mas também não é toda a 
realidade (Heráclito). 
A mudança não é algo que torne as coisas 
ilusórias ou imperfeitas, mas é na realidade a sua essência. 
E se Parmênides e Platão dizem que não dá para 
construir um conhecimento verdadeiro sobre ela, 
Aristóteles afirma que eles estão errados, que dá para 
obter um conhecimento verdadeiro desse mundo, esse 
conhecimento é a Física. 
Crítico do dualismo platônico, ele não acreditava 
que deveríamos conhecer primeiro um mundo intelectual 
para só assim conhecermos o mundo material. 
Aristóteles voltou a investigação filosófica para a matéria 
afirmando que o ser (o real/inteligível) encontra-se nela, 
na matéria, e que a possibilidade de compreensão e 
apreensão do real (ser) deve-se dar a partir dela. Essa 
discordância com Platão ficou bem retratada na obra do 
renascentista Rafael Sanzio. 
 
Ele acreditava que existe uma ordem 
(inteligência) regendo todos os seres (matéria). Cada 
objeto que existe possui essa ordem dentro de si, que o 
constitui, que o faz ser como ele é, e que pode fazer ele 
se tornar algo melhor, sempre almejando uma finalidade. 
Ou seja, o inteligível está nas coisas e não separado 
dela em um mundo exterior. 
O que faz cada ser, ser o que é, Aristóteles 
denominou de Substância/essência, e pelo fato do 
homem ser dotado de consciência (racional), ele pode 
conhecer a essência/substância das coisas. 
Esse conhecimento se dá, segundo ele, quando 
investigamos vários particulares até abstrairmos uma 
essência comum a todos, na qual podemos generalizar 
através do conceito geral/universal. Esse método de ir do 
particular ao geral é a indução. 
Para Aristóteles, os seres se diferenciam pela 
quantidade de movimento a que estão sujeitos, e a 
depender dessa quantidade existe um conhecimento 
próprio ao seu estudo. 
De acordo com a metafísica aristotélica, todo ser 
físico possui uma matéria de que é feito e uma forma que 
o individualiza. Essa matéria possui a capacidade de se 
tornar algo diferente, de assumir outra forma, 
atualizando-se. E é o movimento que lhe é inerente, 
essencial, que faz acontecer essa mudança. 
Desse modo, os conceitos que Aristóteles 
desenvolveu em sua metafísica para entender a realidade 
são: 
Matéria – é aquilo do que o ser é feito. 
Forma – é o que o individualiza, tornando-o o 
que ele é. 
Potência – é capacidade/possibilidade que a 
matéria tem de mudar. 
Ato – é a forma que ele está assumindo agora. 
Substância – é a essência do ser, aquilo que o faz 
ser o que é. 
Acidente – são as características não essenciais 
do ser, que, caso ele tenha ou não, não o impede de ser o 
que ele é. Exemplo: grande/pequeno, amarelo/azul, 
leve/pesado, etc. 
Mas quais são as causas dessa mudança, do 
movimento. Aristóteles diz que são quatro, a saber: 
Causa material – refere-se à sua matéria. Uma 
pedra nunca vai ser um homem adulto 
Causa eficiente/motora – refere-se àquilo que 
age sobre a matéria para que ela adquira outra forma. 
Causa formal – refere-se àquilo que a matéria 
tende a se tornar. 
Causa final – refere-se ao propósito ao qual a 
matéria sofreu todo o movimento para se tornar o que é. 
Lembre-se sempre que no pensamento 
aristotélico, TODAS as coisas tem uma finalidade, tudo 
tem um propósito e uma função. A causa final é a causa 
mais importante de todas, é a inteligência (o logos) 
 
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ordenando o mundo, e todos os seres estão sujeitos a ela, 
sejam eles animados ou inanimados. Tudo tem seu 
propósito e fim. Por essa razão é que o pensamento 
aristotélico é chamando de teleológico (telos + lógico = 
fim ordenado). 
E quando ele investiga a causa das causa ele se 
depara com o princípio causador de todas as causas, qual 
seja, o Primeiro Motor Imóvel. Ele é ato puro, não sujeito 
a nenhum tipo de movimento, é o incausado que é a 
causa de todas as causas. 
Política 
 Assim como o próprio Platão percebeu mais 
tarde que seu projeto de funcionamento de uma pólis 
ideal governada por reis filósofos não era viável, 
Aristóteles também sabia que esse projeto nunca daria 
certo. 
Tendo isso em mente, ele elaborou um projeto 
político que fosse viável, e desenvolveu uma política para 
o homem comum. Mas não entenda esse homem como 
qualquer um. É o homem bem instruído, e de 
determinadas posses, que o permitisse ter ócio suficiente 
para se voltar aos estudos e à política. 
Nessa linha de raciocínio, a polis que esse homem 
habitaria seria a melhor possível. Ela teria sua 
constituição como sendo um reflexo desse tipo de 
homem. E como seria essa polis? 
Para dar essa resposta, Aristóteles analisou 158 
constituições diferentes, e definiu os tipos possíveis de 
governo conforme o quadro abaixo: 
 BOM RUIM 
UM MONARQUIA TIRANIA 
POUCOS ARISTOCRACIA OLIGARQUIA 
MUITOS REPÚBLICA DEMOCRACIA 
 
A corrupção de um regime a outro, acontece 
quando quem governa se desvia do objetivo de atingir o 
bem comum, e passa a governar de acordo com seus 
interesses. 
Quanto à melhor forma de governo, Aristóteles 
diz que vai depender do tipo de povo. Segundo ele, existe 
uma disposição natural em cada povo que o torna 
propício a determinada forma de governo. 
Particularmente, ele prefere a monarquia, e argumenta 
que dentre as formas corrompidas de governo, a 
democracia é a melhor. 
Para compreendermos bem o pensamento 
aristotélico sobre a política e a ética é importantíssimo 
sabermos que ele não entendia as duas separadamente. 
Isso porque ele, assim como os gregos instruidos, não 
entendia um modo de ser, um comportamento do 
ánthropos (homem) que não fosse o mesmo do zoôn 
politikon (animal político). Ser homem para ele era ser 
cidadão. 
 Tanto é que a palavra ética vem de ethos que de 
forma abrangente quer dizer modo de ser, e a palavra 
política vem de polis + ética, ou seja, o modo de ser da 
pólis. Não existe comportamento racional/inteligível que 
não seja dentro da pólis. 
Segundo ele, um homem que não vivesse em 
comunidade, ou era um deus, ou uma fera. E se vivesse 
em comunidade que não fosse uma pólis, seria inferior. 
Por isso que um estrangeiro era inferior a um grego e era 
legítimo que ele fosse escravizado. Por isso, Aristóteles 
condenava a escravidão entre homens livres, por ser 
contrário à natureza das coisas. 
 Aí você pode pensar, mas não é todo mundo 
gente do mesmo jeito? Nananinanan, não. Vamos botar 
os pingos nos ís. Aristóteles tinha em mente que todos 
nós, gregos ou não, somos zoôn (animais), mas apenas os 
que vivem numa comunidade política, numa pólis, são 
zoôn polítikon, são ánthropos (ανθρώπου). 
Ora, nós vimos acima que o pensamento racional 
surgiu com a pólis. A racionalidade, que é uma descoberta 
grega, que era, portanto, grega, é uma racionalidade 
política, no sentido de comunitária, e o que faz o ánthropos 
(homem) ser superior aos outros animais é justamente 
isso, ser racional. Mas ele só pode ser racional se fizer 
parte dessa comunidade política que é a pólis, pois 
somente nela, ele pode desenvolver a sua natureza 
racional. E se é assim, a pólis também é algo natural ao 
homem. 
As leis que regem a pólis são criações da palavra 
(logos/razão), que não é mais ditada pelos deuses a um 
sacerdote que a transmite aos homens. Ela é 
genuinamente humana, fruto do debate, da dialética, 
expressão do logos (razão) que organiza a pólis e reina 
sobre os homens, não todos os homens, mas sobre os 
gregos. 
É essa palavra (logos) que é o conhecimento do 
que é útil, do bem e do mal, do justo e do injusto; e viver 
de acordo com a justiça é viver a boa vida, permitida 
apenas na pólis. É isso que faz de um grego, um zoôn 
 
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(animal) politikon (superior), e somente este é ánthropos 
(ανθρώπου). 
Repito, tudo isso de que estamos falando foi 
construído por eles, por isso, não é obra do homem em 
geral, mas dos gregos em particular. Aristóteles está 
falando para os gregos, ele está ensinando a eles, e não a 
todos os homens do planeta. E por que não? 
Por que ele acreditava que só os gregos eram 
capazes de entender o que ele estava dizendo, e é aqui 
que reside o preconceito que não é só de Aristóteles, mas 
dos gregos em geral. 
Ética 
Como viver essa boa vida, que só era possível 
participando da pólis? Aristóteles deixou essa resposta 
em sua obra Ética a Nicômaco. Como já vimos, ele 
concebia que tudo tem um fim, e não seria diferente com 
as ações humanas, que devem ser realizadas objetivando 
atingir o bem supremo que é a eudaimonia, comumente 
traduzida por felicidade. 
 Não devemos entender essa felicidade como uma 
emoção que temos quando algo bom nos acontece. Ela 
está mais para um estado de plenitude, uma forma de 
viver plena, voltada para o bem, para o saber, para a 
justiça, no aperfeiçoamento constante do caráter. E viver 
dessa forma não é possível sem as virtudes. 
 As virtudes são as qualidades do caráter que 
nos permitem conseguir os bens necessários 
(materiais e imateriais) para viver plenamente, ou seja, 
ter uma vida feliz. E a principal delas é a phronesis, a 
nossa conhecida prudência. 
 Ela é a sabedoria, o saber prático necessário, a 
chave da felicidade, para viver moderadamente. É a 
prudência que nos permite viver sem exageros e nem 
deficiências, ou seja, no meio termo. É essa virtude que 
nos permite saber como agir moderadamente em cada 
situação particular. 
 
CAPÍTULO 3 – FILOSOFIA HELENISTICA 
CONTEXTO HISTÓRICO - ALEXANDRE O 
GRANDE 
 Enfraquecidos pela Guerra do Peloponeso, os 
gregos não resistiram ao ataque macedônico na 
BATALHA DE QUERONEIA (338 a. C.) e 
sucumbiram diante do rei Felipe II. 
 O domínio macedônico não ficou só na Grécia. 
Com a morte do rei Felipe II, seu filho Alexandre (336 – 
323 a. C.) de apenas 18 anos, assume o poder e conquista 
os grandes domínios do Império Persa, expandindo o 
poderio macedônico até a Índia. 
Alexandre foi 
educado nos costumes 
gregos, teve Aristóteles como 
seu professor, e espalhou a 
cultura grega por um 
vastíssimo território. A 
expansão e mistura da cultura 
grega com a dos povos 
orientais originou o que foi 
conhecido de Helenismo. 
Seu império não resistiu à sua morte, foi dividido 
entre seus generais, e foi conquistado pelos romanos. No 
entanto, as cidades fundadas por ele continuaram 
transmitindo a cultura grega pra diversos povos ao longo 
de séculos. Como exemplo, podemos citar Alexandria no 
Egito, Pérgamo na Ásia Menor, e a Ilha de Rodes no Mar 
Egeu. 
Alexandria foi a que mais se destacou ao possuir 
a maior biblioteca do mundo de sua época, e por ter 
formado uma escola com grandes pensadores. 
 Abaixo, mapa indicando o tamanho da expansão 
do Império Macedônico. 
 
Alexandre com suas expansão promove 
gradualmente a queda da pólis. Ele dá início ao primeiro 
projeto de globalização, com a convivência de povos de 
diferentes costumes vivendo sob um mesmo território e 
domínio. 
 Esse novo mundo que Alexandre estava criando 
requeria um novo homem, que deixaria de ser um 
cidadão da pólis para ser um cidadão do mundo, da 
cosmopólis, ou seja, um cosmopolita. 
 
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 Dessa maneira, todo aquele corpo teórico 
sustentado pelos filósofos gregos, que concebia a pólis 
como sendo o único lugar onde o homem poderia 
exercitar suas virtudes e fazer florescer suas 
potencialidades, foi perdendo sentido, pois a pólis estava 
deixando de existir em seu formato original. 
 Essas mudanças na forma de ver o mundo 
colocava novas questões que não podiam ser respondidas 
pelos escritos filosóficos já existentes. 
É nesse contexto que surgem novas correntes de 
pensamento filosóficas, como respostas às novas 
questões postas por essas transformações. 
Epicurismo 
 Fundada por Epicuro (341 – 271 a. C), o 
epicurismo ensinava que os homens devem se libertar 
dos medos e viver uma vida voltada para os simples 
prazeres (hedonismo), como beber quando se tem sede, 
comer quando se tem fome, aproveitar a presença dos 
amigos e familiares. Tudo com moderação. 
Estes prazeres seriam entendidos como a 
superação dos desejos estimulados em sociedade, como 
a busca por fama, riqueza e poder. A felicidade seria, 
portanto, essa libertação dos desejos e prazeres, com o 
objetivo de se levar uma vida serena e simples, própria de 
um sábio. 
Estoicismo 
 Outra doutrina foi a de Zenão de Cício (336 – 
263 a. C.), que ficou conhecida por estoicismo. Segundo 
ela, o homem deveria viver indiferente aos problemas da 
vida. Teria que desprezar totalmente qualquer tipo de 
prazer, pois os entendia como a causa dos males. 
Para esse filósofo, o homem deveria dedicar-se 
apenas à sabedoria sobre a ordem do cosmo para viver 
de acordo com ele, pois o homem não pertence a lugar 
nenhum, mas ao mundo. 
Ceticismo 
 Pirro de Élida (360-270 a.C.) foi o maior nome 
dessa corrente filosófica. Ele tirou suas conclusões 
depois de participar das expedições de Alexandre o 
Grande, onde percebeu, ao ter contato com diversas 
culturas, que não há como se ter conhecimento do que 
seja verdadeiro ou falso, e que a maior sabedoria que o 
homem poderia alcançar é a aceitação desse fato. E negar 
isso é a causa de todos os males e infelicidades. 
 
 
Cinismo 
 Figura emblemática do cinismo é Diógines de 
Sínope (400-325 a. C.), mais conhecido como Diógines o 
cão. Ele viveu em Atenas de acordo com o que 
acreditava, morando em um barril e comendo apenas o 
os outros lhe davam, pois o cinismo pregava que as 
pessoas deveriam viver da forma mais simples possível, 
como um cão, desprezando todas as convenções sociais. 
 Tudo que era natural deveria ser feito aos olhos 
de todos, e considerava coisas tolas a riqueza, fama, 
poder, e honras. 
Em busca de uma pessoa que não fosse corrupta, 
ele andava com uma lanterna interpelando a todos que 
encontrava. 
Certa vez o imperador Alexandre foi ao seu 
encontro e disse que lhe daria qualquer coisa que ele 
pedisse, quando então, Diógenes pediu apenas que eles 
saísse da frente do sol, pois estava impedindo-o de 
receber sua luminosidade. 
 
QUESTÕES 
 
1. (2012) 
TEXTO I 
Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento 
originário de tudo o que existe, existiu e existirá, e que 
outras coisas provêm de sua descendência. Quando o ar 
se dilata, transforma-se em fogo, ao passo que os ventos 
são ar condensado. As nuvens formam-se a partir do ar 
por feltragem e, ainda mais condensadas, transformam-
se em água. A água, quando mais condensada, 
transforma-se em terra, e quando condensada ao máximo 
possível, transforma-se em pedras. 
BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de 
Janeiro: PUC-Rio, 2006 (adaptado). 
 
TEXTO II 
Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: 
“Deus, como criador de todas as coisas, está no princípio 
do mundo e dos tempos. Quão parcas de conteúdo se 
nos apresentam, em face desta concepção, as 
especulações contraditórias dos filósofos, para os quais o 
mundo se origina, ou de algum dos quatro elementos, 
como ensinam os Jônios, ou dos átomos, como julga 
Demócrito. Na verdade, dão impressão de quererem 
ancorar o mundo numa teia de aranha.” 
GILSON, E.: BOEHNER, P. Historia da 
FilosofiaCrista. São Paulo: Vozes, 1991 (adaptado). 
 
Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolveram 
teses para explicar a origem do universo, a partir de uma 
explicação racional. As teses de Anaxímenes, filósofo 
 
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grego antigo, e de Basílio, filósofo medieval, têm em 
comum na sua fundamentação teorias que 
 
a) eram baseadas nas ciências da natureza. 
b) refutavam as teorias de filósofos da religião. 
c) tinham origem nos mitos das civilizações antigas. 
d) postulavam um princípio originário para o mundo. 
e) defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas. 
 
2. (2012) Para Platão, o que havia de verdadeiro em 
Parmênides era que o objeto de conhecimento é um objeto 
de razão e não de sensação, e era preciso estabelecer uma 
relação entre objeto racional e objeto sensível ou material 
que privilegiasse o primeiro em detrimento do segundo. 
Lenta, mas irresistivelmente, a Doutrina das Ideias 
formava-se em sua mente. 
ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da 
filosofia. São Paulo: Odysseus, 2012 (adaptado). 
 
O texto faz referência à relação entre razão e sensação, 
um aspecto essencial da Doutrina das Ideias de Platão 
(427 a.C.-346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão 
se situa diante dessa relação? 
 
A) Estabelecendo um abismo intransponível entre as 
duas. 
B) Privilegiando os sentidos e subordinando o 
conhecimento a eles. 
C) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e 
sensação são inseparáveis. 
D) Afirmando que a razão é capaz de gerar 
conhecimento, mas a sensação não. 
E) Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação 
é superior à razão. 
3. (2014) 
 
No centro da imagem o filósofo Platão é retratado 
apontando para o alto. Esse gesto significa que o 
conhecimento se encontra em uma instância na qual o 
homem descobre a 
 
A) suspensão do juízo como reveladora da verdade. 
B) realidade inteligível por meio do método dialético. 
C) salvação da condição mortal pelo poder de Deus. 
D) essências das coisas sensíveis no intelecto divino. 
E) ordem intrínseca ao mundo por meio da sensibilidade. 
 
 
4. (2009.2) Segundo Aristóteles, “na cidade com o 
melhor conjunto de normas e naquela dotada de homens 
absolutamente justos, os cidadãos não devem viver uma 
vida de trabalho trivial ou de negócios — esses tipos de 
vida são desprezíveis e incompatíveis com as qualidades 
morais —, tampouco devem ser agricultores os 
aspirantes a cidadania, pois o lazer é indispensável ao 
desenvolvimento das qualidades morais e a pratica das 
atividades políticas”. 
VAN ACKER, T. Grécia. A vida cotidiana na 
cidade-Estado. São Paulo: Atual, 1994. 
 
O trecho, retirado da obra Política, de Aristóteles, 
permite compreender que a cidadania 
 
A) possui uma dimensão histórica que deve ser criticada, 
pois é condenável que os políticos de qualquer época 
fiquem entregues a ociosidade, enquanto o resto dos 
cidadãos tem de trabalhar. 
B) era entendida como uma dignidade própria dos grupos 
sociais superiores, fruto de uma concepção política 
profundamente hierarquizada da sociedade. 
C) estava vinculada, na Grécia Antiga, a uma percepção 
política democrática, que levava todos os habitantes da 
pólis a participarem da vida cívica. 
D) tinha profundas conexões com a justiça, razão pela 
qual o tempo livre dos cidadãos deveria ser dedicado as 
atividades vinculadas aos tribunais. 
E) vivida pelos atenienses era, de fato, restrita aqueles que 
se dedicavam a política e que tinham tempo para resolver 
os problemas da cidade. 
 
5. (2013) A felicidade é, portanto, a melhor, a mais nobre 
e a mais aprazível coisa do mundo, e esses atributos não 
devem estar separados como na inscrição existente em 
Delfos “das coisas, a mais nobre é a mais justa, e a melhor 
é a saúde; porém a mais doce é ter o que amamos”. Todos 
estes atributos estão presentes nas mais excelentes 
atividades, e entre essas a melhor, nós a identificamos 
como felicidade. 
 
ARISTOTELES. A Politica. São Paulo: Cia das Letras, 2010. 
 
 
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Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais 
excelentes atributos, Aristóteles a identifica como 
a) busca por bens materiais e títulos de nobreza. 
b) plenitude espiritual e ascese pessoal. 
c) finalidade das ações e condutas humanas. 
d) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas. 
e) expressão do sucesso individual e reconhecimento 
público. 
 
 
6. (2014) 
TEXTO I 
 Olhamos o homem alheio às atividades públicas 
não como alguém que cuida apenas de seus próprios 
interesse, mas como um inútil; nós, cidadãos atenienses, 
decidimos as questões públicas por nós mesmos na 
crença de que não é o debate que é o empecilho para à 
ação, e sim o fato de não se estar esclarecido pelo debate 
antes de chegar a hora da ação. 
 
TUCÍDIDES. História da guerra do Peloponeso. Brasília: UnB, 1987 (adaptado). 
 
TEXTO II 
 Um cidadão integral pode ser definido por nada 
mais anda menos que pelo direito de administrar justiça 
e exercer funções públicas; algumas destas, todavia, são 
limitadas quanto ao tempo de exercício, de tal modo que 
não podem de forma alguma ser exercidas duas vezes 
pela mesma pessoa, ou somente podem sê-lo depois de 
certos intervalos de tempo prefixados. 
ARISTÓTELES. Política. Brasília: UnB, 1985. 
 
Comparando os textos I e II, tanto para Tucidides (no 
século V a.C.) quanto para Aristóteles (no século IV a.C.), 
a cidadania era definida pelo(a) 
 
A) prestígio social. 
B) acúmulo de riqueza. 
C) participação política. 
D) local de nascimento. 
E) grupo de parentesco. 
 
7. (2014) Alguns dos desejos são naturais e necessários; 
outros, naturais e não necessários; outros, nem naturais 
nem necessários, mas nascidos de vã opinião. Os desejos 
que não nos trazem dor se não satisfeitos não são 
necessários, mas o seu impulso pode ser facilmente 
desfeito, quando é difícil obter sua satisfação ou parecem 
geradores de dano. 
 
EPICURO DE SAMOS. Doutrinas principais. In: SANSON, V.F. Textos de 
filosofia. Rio de Janeiro: Eduff, 1974. 
 
No fragmento da obra filosófica de Epicuro, o homem 
tem como fim 
 
A) alcançar o prazer moderado e a felicidade. 
B) valorizar os deveres e as obrigações sociais. 
C) aceitar o sofrimento e o rigorismo da vida com 
resignação. 
D) refletir sobre os valores e as normas dadas pela 
divindade. 
E) defender a indiferença e a impossibilidade de se atingir 
o saber. 
 
8. (2014) Compreende-se assim o alcance de uma 
reivindicação que surge desde o nascimento da cidade na 
Grécia antiga: a redação das leis. Ao escrevê-las, não se 
faz mais que assegurar-lhes permanência e fixidez. As leis 
tornam-se bem comum, regra geral, suscetível de ser 
aplicada a todos da mesma maneira. 
 
VERNANT, J. P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Bertrand 
Brasil, 1992 (adaptado). 
 
Para o autor, a reivindicação atendida na Grécia antiga, 
ainda vigente no mundo contemporâneo, buscava 
garantir o seguinte princípio: 
 
A) Isonomia – igualdade de tratamento aos cidadãos. 
B) Transparência – acesso às informações 
governamentais. 
C) Tripartição – separação entre os poderes políticos 
estatais. 
D) Equiparação – Igualdade de gênero na participação 
política. 
E) Elegibilidade – permissão para candidatura aos cargos 
públicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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