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COMPARAÇÃO ENTRE OS TRÊS PRINCIPAIS MODELOS LINGUISTICOS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA 
INSTITUTO DE LETRAS E LINGUÍSTICA 
 
Aluna: Gabriela Lima de Oliveira 
 
COMPARAÇÃO ENTRE OS TRÊS PRINCIPAIS MODELOS LINGUÍSTICOS 
MODERNOS 
 
Já não é novidade que os estudos sobre a língua fazem parte da ciência desde muito tempo, 
no entanto estes estavam sempre ligados à outras ciências de modo que não tinham o 
devido reconhecimento no mundo mesmo que os estudiosos soubessem de sua 
importância na sociedade. No entanto, após estudos filológicos focados na diacronia dos 
textos escritos, ou seja, suas mudanças e influências no mundo com o decorrer dos anos, 
houve a primeira manifestação da Linguística como ciência e consequentemente os três 
modelos teóricos usados até os dias atuais (separados ou em conjunto) para que os textos 
sejam analisados: Estruturalismo, Gerativismo e Funcionalismo. 
 Em 1916, dois alunos de Ferdinand Saussure publicaram uma obra póstuma com 
as ideias e teorias dele sobre a língua, denominado Cours de Linguistique Générale. Esse 
feito marca o início da Linguística no mundo como uma ciência. Segundo, Saussure o seu 
objeto de estudo seria a língua por ela mesma e suas propriedades estruturais. 
Trabalhando a partir de dicotomias, ele tornou claras as suas ideias. Sua primeira 
distinção está entre a língua (langue) e a fala (parole), a língua é definida com um tendo 
um caráter social, ou seja, algo comum a todos os membros de uma sociedade, logo, 
passível de análise uma vez que se é comum é também possível que se construa um padrão 
estrutural sobre seu funcionamento, a contraposto está a fala que é de caráter individual, 
isso pois cada ser humano tem sua maneira de falar além de suas motivações, 
conhecimento de mundo, região em que vive, intenção de discurso, etc. por não haver 
meios de se padronizar a fala, Saussure optou por estudar apenas a língua em sua forma. 
Além desta dicotomia, ele também demonstrou sua preferência pela sincronia ao invés da 
diacronia; a diacronia era a opção trabalhada pelos cientistas filólogos até então, onde as 
características dos textos (e consequentemente a língua usada neles) eram analisados 
conforme suas transformações no decorrer do tempo e segundo o momento histórico em 
que foram encontrados. Quanto a sincronia, opção de Saussure, essa se delimitava a 
estudar a língua apenas na época em que o cientista vive e suas propriedades na sociedade 
no momento do estudo. Esta opção pela sincronia justifica também sua teoria sobre a 
imutabilidade da língua, ele tem consciência das mudanças históricas pela qual passa a 
língua devido a continuidade temporal que provoca um deslocamento entre o conceito e 
a palavra em si, porém prova que por ser uma representação da comunidade, um produto 
social, não é possível que apenas uma pessoa possa mudar o sistema linguístico de acordo 
com sua vontade momentânea. Não é algo que dependa de uma vontade aleatória e 
momentânea uma vez que a língua é uma herança e a sociedade a conhece a partir de seu 
precedente histórico. 
Com suas preferências estabelecidas, Saussure é responsável então pela Teoria 
dos Signos, utilizada até os dias atuais. Segundo essa teoria, o signo é a junção do 
significado com o significante. Como em uma folha, o signo tem duas faces opostas e 
diferentes, porém unidas e impossível de serem separadas. O significado é o conceito de 
uma palavra, o que ela representa em nossa realidade, a que se refere, por exemplo, a 
palavra gato em uma sociedade, já o significante é a imagem acústica formada na mente 
de quem fala ou ouve, é importante ressaltar que a imagem acústica não tem a ver com 
uma imagem realmente e sim com o som que a palavra representa, por exemplo /gatu/. 
Não existe, pois, signo sem o significante ou sem o significado. A principal propriedade 
do signo, segundo Saussure, está em sua arbitrariedade, ou seja, ele não é motivado, uma 
vez que as palavras e a realidade em nada se relacionam, existem por uma convenção 
humana que definiu em comunidade o significado de cada signo em cada diferente 
idioma, por exemplo “céu” em português e “sky” em inglês, as duas palavras nada têm 
em comum, mas são usadas para designar o mesmo referente. Além desta teoria, há 
também a Teoria do Valor que estabelece que um signo é entendido a partir do que ele 
não é, ou seja, seu significado existe para demonstrar a diferença entre um gato e um 
cachorro, por exemplo, um cachorro é um cachorro porque não é um gato, os dois são 
mamíferos quadrupedes, mas suas diferenças designam signos diferentes para representar 
cada um. Se não fosse notada uma diferença entre um cachorro e um gato, os dois 
receberiam signos iguais, logo o valor de um termo está onde ele se contrapõe a outro. 
O Estruturalismo é ainda extremamente importante uma vez que deu início a 
muitas teorias e muitas vertentes do mesmo fora da Europa. Abriu oportunidade para 
pensadores de todo o mundo darem atenção a característica humana que nos diferencia 
de animais e existe desde os primórdios históricos: a língua. 
A partir desta abertura de possibilidades, na América do Norte, Estados Unidos, 
surge um novo modelo teórico que se contrapõe ao Estruturalismo Americano da época: 
o Gerativismo. Esse modelo tem seu início marcado em 1957 com o professor Instituto 
de Tecnologia de Massachussets, Noam Chomsky. O professor e autor, a princípio faz 
uma crítica ao Behaviorismo de Bloomfield, este diz que a aquisição da fala se dava a 
partir de um hábito, uma repetição das palavras que foram ouvidas na infância, um fator 
totalmente externo ao ser humano. Em sua crítica, Chomsky alega que se essa teoria 
estivesse correta, nenhum individuo seria capaz de criar sentenças jamais ditas antes, para 
ele nós geramos sentenças criativas e essa é a maior propriedade da fala humana e a base 
teórica para essa corrente da Linguística. 
Segundo este modelo, essa capacidade criativa é resultado de uma faculdade 
natural de todo ser humano, denominada como faculdade da linguagem. A existência 
dessa faculdade é argumentada a partir da característica que diferencia os homens de 
outros animais, a capacidade de dominar com facilidade uma língua materna com poucos 
anos de vida. O Gerativismo então, busca entender e explicar essa capacidade inata 
humana. 
Considerado o mais formal dos movimentos, tem suas ideias direcionadas 
unicamente a análises sintáticas e a um ideal de sentenças que não se baseia na realidade 
falada, mas sim nas possibilidades de sentenças. O primeiro instrumento criado para a 
explicação do sistema de regras gerativista foi a Gramática Transformacional, com ideias 
desenvolvidas entre as décadas de 60 e 70 defende que toda sentença possui constituintes 
principais que estariam armazenados na faculdade linguística ao aprender a língua 
materna, e a partir deles é possível transformar qualquer frase inicial, chamada de 
estrutura profunda, em outra, por exemplo uma negativa ou interrogativa, esta segunda 
chamada de estrutura superficial. A sentença é desmembrada em um diagrama arbóreo 
que apresente as estruturas detalhadamente e as regras que podem e como podem ser 
transformadas. Além da Gramática Transformacional, o Gerativismo formulou, a partir 
da década de 80 uma substituta: a Gramática Universal (GU). Baseada no fato de que 
todo ser-humano possui a faculdade linguística, a GU busca encontrar os pontos comuns 
entre todos os idiomas diferentes e para isso se aplica a sintaxe como centro dos estudos, 
que se interseciona com outros módulos, porém é independente e passível de análise 
separada, tal análise classifica as propriedades gramaticais válidas para todas as línguas 
naturais, como a existência do sujeito nas sentenças de todos os idiomas (Principio)e a 
possibilidade do sujeito ser nulo em algumas sentenças em determinados idiomas 
(Parâmetro). 
Assim como no Estruturalismo, os gerativistas têm a consciência de que a fala 
individual é afetada por fatores externos como atenção, memória, conhecimento de 
mundo, etc. Mas optam pelos estudos do que é comum a todos pela impossibilidade de se 
estudar a fala individual de cada um e obter um padrão. A diferença está no fato de que 
para o modelo Gerativista, o que é comum a todos é denominado Competência 
Linguística, que é regido pela Faculdade Linguística, essa competência seria o que nos 
permite distinguir uma frase gramatical de uma frase agramatical e formular apenas 
sentenças com sentido na língua. Quando há algum erro na frase que não afete o sentido 
da sentença é uma manifestação do Desempenho Linguístico, que seria exatamente as 
influências exteriores agindo sobre a fala de um indivíduo. 
A extrema formalidade gerativista e sua aplicação em frases que não são reais, são 
na verdade apenas possibilidades, despertou uma necessidade por mudanças e um modelo 
mais flexível baseado em observações. O total oposto do Gerativismo foi então criado: o 
Funcionalismo. 
O termo Funcionalismo, deriva da palavra Função que, no âmbito da Linguística 
é usado como em álgebra na matemática, ou seja, significa uma relação. Esse modelo 
busca estabelecer uma relação entre a forma e a forma (denominada função interna), entre 
a forma e o significado (denominada função semântica) e entre a forma e o contexto 
(denominada função externa). O modelo funcionalista, possui diversos submodelos, uma 
vez que não há uma teoria em comum que baseie os autores, mas sim autores que se 
destacam por criarem modelos que diferem tanto do Estruturalismo quanto, 
principalmente, do Gerativismo. O que une esses autores que se destacam no 
funcionalismo é exatamente a oposição aos modelos formalistas anteriores, uma vez que 
que analisam a linguagem a partir de seu uso pelo indivíduo. 
Dentre os modelos que se destacaram, é defendido o interesse pela forma que a 
língua é usada no meio interativo entre dois ou mais indivíduos (Martinet), como uma 
expressão linguística é interpretada pelo destinatário e a intenção do falante com essa 
mesma expressão (Dik), a valorização do contexto do discurso ao ser proferido 
(Beaugrande), etc. Não apenas a oposição ao formalismo caracteriza o Funcionalismo, é 
comum, dentre as teorias moderadas estabelecer relação entre a gramática e o discurso, 
tendo em vista que a estrutura gramatical está presente na fala natural de cada indivíduo 
para que haja uma interação entre ambos. No entanto o falante deve ter liberdade de se 
expressar conforme suas necessidades pessoais dentro de tais estruturas, distribuindo as 
informações de acordo com o que considera mais relevante expressar ao destinatário. 
A Gramática Funcional procura ser acessível às precisões do uso, uma descrição 
do que é dito realmente por diferentes indivíduos ou pequenos grupos, buscando 
evidenciar a capacidade linguística que, não se detém apenas na forma de um discurso, 
mas também nas possibilidades de interpretação de acordo com os acontecimentos 
extralinguísticos, pois para um formalista, a língua é um sistema de meios apropriados ao 
fim, não um sistema que possui fins em si mesmo. 
Por possuir diversos modelos dentro de si mesmo, o gerativismo possui três 
vertentes de pensadores principais: aqueles denominados conservadores que acreditam 
que há um erro nos modelos anteriores, mas não propões novos modelos ou teorias para 
que os erros sejam separados. Há também os pesquisadores extremistas que nega a 
existência de estruturas sintáticas, alegando que a fala se cria internamente a partir da 
relação com o mundo exterior do indivíduo no momento. 
Os três modelos, no entanto, são relevantes e possuem estudos importantes para a 
análise de um discurso, e isso é o que defendem os funcionalistas moderados. Para eles, 
é preciso haver uma relação entre a estrutura sintática e a fala no contexto externo para 
que se possa analisar uma frase com total compreensão de suas propriedades.

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