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Livro Texto Unidade I

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Falência e Recuperação 
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© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
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APRESENTAÇÃO
Caro aluno,
Seja bem-vindo!
Nesta disciplina de Direito Empresarial trataremos de assuntos pertinentes à falência e à recuperação 
judicial e extrajudicial por meio dos módulos 1 a 8.
Estudaremos acerca da falência, a função da falência, passaremos pela classificação na execução, 
pela recuperação judicial, também pela recuperação extrajudicial, até a satisfação de credores, extinção 
de obrigações, ou plano de recuperação.
Para o estudo dessa disciplina é muito importante que você realize a leitura fundamental exigida e a 
leitura complementar sugerida. No mínimo, você deverá buscar entender bastante o conteúdo da leitura 
fundamental, só que essa compreensão será maior se você acompanhar também a leitura complementar. 
Você mesmo perceberá isso ao longo dos estudos.
Lembrando que sempre haverá ao final de cada módulo exercícios para fixação do conteúdo 
aprendido e teste de seus conhecimentos.
Bons estudos!
Bibliografia básica
BEZERRA FILHO, Manoel Justino. Lei de Recuperação de Empresas e Falências Comentada. 10. ed., 
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
FAZZIO JUNIOR, Waldo. Manual de Direito Comercial. 15. ed., São Paulo: Atlas, 2014.
GOMES, Fábio Bellote. Manual de Direito Empresarial. 5. ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Bibliografia complementar
ALMEIDA, Amador Paes de. Curso de Falência e Recuperação de Empresa. 27. ed., São Paulo: Saraiva, 2013.
CAMPINHO, Sérgio. Falência e Recuperação de Empresa. 6. ed., Rio de Janeiro: Renovar, 2012.
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. vol. 3, 15. ed., São Paulo: Saraiva, 2014.
NEGRÃO, Ricardo. Manual de Direito Comercial e de Empresa. vol. 3, 9. ed., São Paulo: Saraiva, 2014.
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FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESA
Unidade I
MÓDULO 1 – TEORIA GERAL DO DIREITO FALIMENTAR
1. CONCEITO DE FALÊNCIA
A falência é uma execução concursal dos bens do devedor empresário, pela qual concorrem todos os 
credores para o fim de arrecadar o patrimônio disponível, verificar os créditos, liquidar o ativo e solver 
o passivo, em rateio, observadas as preferências legais.
2. FORMAÇÃO HISTÓRICA DO PROCESSO FALIMENTAR
O instituto da falência e o processo de execução têm origem remota, cujos princípios surgiram no 
Direito Romano. O instituto era no Direito Romano, um castigo para quem faltasse com suas obrigações. 
Assim, tinha um caráter punitivo e extremamente pessoal, já que o devedor, ao assumir uma dívida, 
comprometia sua própria vida, caso não a pagasse na data combinada.
A pessoa do devedor era a única garantia do credor e, caso o compromisso não fosse honrado, era a 
pessoa do devedor que respondia com a própria vida pelo ato, e não o seu patrimônio.
O texto n. 6, da Lei das XII Tábuas, previa que, em caso de pluralidade de credores, o corpo do devedor 
poderia ser retalhado para entrega das partes aos credores.
Em decorrência da rigidez das leis de execução, no Império Romano, tornou-se comum a elaboração 
de um contrato denominado nexus. Por intermédio desse contrato, o devedor que não pudesse saldar 
suas dívidas, antes de ser iniciada a execução, comprometia-se a prestar serviços ao credor, para pagar 
a dívida. Tal sistema ocasionou abusos e distorções.
Dessa forma, chegou-se ao consenso de que não a pessoa do devedor, mas sim os seus bens é que 
deveriam responder por suas dívidas. Assim, no ano de 428 a.C. foi criada a Lex Poetellia que determinou 
a proibição do encarceramento, a venda como escravo e a morte do devedor.
Apesar dos progressos, foi no Direito Estatutário italiano, nas cidades do norte da Itália (Gênova, Veneza, 
Florença e Milão), que surgiu o instituto da falência da maneira que mais se assemelha às normas atuais.
3. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL – LEI N. 11.101, DE 9 DE FEVEREIRO DE 2005
A falência é um processo judicial de execução concursal do patrimônio do devedor empresário, 
que, normalmente, é uma pessoa jurídica sob a forma de sociedade por quotas de responsabilidade 
limitada ou anônima.
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Unidade I
Para os considerados não empresários sem recursos para cumprir com suas obrigações, há um processo 
distinto da execução concursal, que é a insolvência civil disciplinada nos arts. 748 e segs. do CPC.
Entre as diferenças que separam esses dois regimes, duas merecem ser destacadas. A recuperação 
judicial ou extrajudicial somente é admitida para o empresário e existe tratamento diferente entre os 
dois regimes de execução concursal referente à extinção das obrigações.
A recuperação judicial ou extrajudicial é medida que possibilita ao devedor empresário se reorganizar 
para cumprir, em parte pelo menos, as suas obrigações. Na recuperação judicial ou na homologação 
judicial da recuperação extrajudicial, todos os credores se submetem ao plano aprovado pela maioria, 
podendo ocorrer a remissão parcial de dívidas ou a prorrogação dos prazos de pagamento.
O devedor que não explora empresarialmente nenhuma atividade econômica não goza de favor 
legal semelhante.
No que tange à extinção das obrigações, o devedor empresário em regime de execução concursal tem 
as suas obrigações extintas se ocorrer o rateio de mais de 50% dos créditos devidos aos quirografários, 
após a realização de todo o ativo (art. 158, II, da LF).
Na falência, após a satisfação integral do devido aos credores com preferência (trabalhista, credor 
com garantia real etc.), se os recursos restantes forem suficientes para pagar mais da metade dos créditos 
quirografários, o que não for pago será considerado extinto.
Por sua vez, as obrigações do devedor civil em regime de execução concursal somente se extinguem 
com o pagamento integral do valor devido (art. 774, do CPC).
Logo, se a sociedade empresária entra em falência com patrimônio suficiente para atender à 
condição do artigo 158, II, da LF, poderá obter a declaração de extinção das obrigações. Se, por ventura, 
reconstituir o seu patrimônio, os credores existentes ao tempo da falência não poderão comprometê-lo.
4. DISPOSIÇÕES GERAIS
4.1 Pessoas submetidas e não submetidas à lei
Pelo sistema falimentar adotado, a concessão da falência e da recuperação da empresa é limitada 
apenas aos devedores exercentes de atividade econômica de forma empresarial, ou seja, os empresários.
Segundo a lei, empresário é o exercente de atividade econômica organizada para a produção ou 
circulação de bens ou serviços (art. 966, do Código Civil).
Embora como regra todo sujeito considerado empresário, tanto pessoa jurídica como física, possa 
ser executado no regime de execução concursal falimentar, o ideal é que se faça referência exclusiva à 
sociedade empresária.
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FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESA
A sociedade anônima sempre estará sujeita à falência, uma vez que esse tipo societário é sempre 
consideradomercantil independente de seu objeto (art. 2o, § 1o, da LSA); ao contrário da sociedade por 
quotas de responsabilidade limitada, que pode ser sociedade simples e, assim, não sujeita à falência.
Quando a sociedade limitada exerce atividade civil, por exemplo, uma sociedade de dentistas, de 
advogados ou outros profissionais liberais, estará sujeita à insolvência civil.
Existem alguns empresários que a lei excluiu totalmente do regime jurídico-falimentar: a) são as 
empresas públicas e as sociedades de economia mista (art. 2o, I, da LF). Os credores dessas sociedades 
poderão cobrar da pessoa jurídica de direito público controladora (União, Estados, Distrito Federal ou 
Município); b) as câmaras ou prestadoras de serviços de compensação e de liquidação financeira. Esses 
sujeitos de direito terão suas obrigações ultimadas e liquidadas de acordo com os seus regulamentos, 
aprovados pelo Banco Central (art. 194, da LF).
Para outras sociedades, a lei exclui parcialmente: (i) As companhias de seguro (art. 26, do Decreto-lei n. 
73/66), que estão sujeitas ao procedimento de execução concursal denominado liquidação extrajudicial, 
promovida pela Susep – Superintendência de Seguros Privados. Contudo, quando a liquidação 
extrajudicial se frustra porque o ativo da companhia não é suficiente para o pagamento de, pelo menos, 
metade do passivo quirografário, o liquidante nomeado pela Susep poderá requerer a falência. Frise-
se que as sociedades seguradoras não podem falir em nenhuma circunstância a pedido de credor. Em 
idêntica situação se encontram as entidades abertas de previdência complementar (Lei Complementar 
n. 109/01, art. 73); (ii) As operadoras de planos privados de saúde estão sujeitas à falência quando, no 
curso da liquidação extrajudicial decretada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), verifica-
se que o ativo não é suficiente para pagar, pelo menos, metade do passivo quirografário, as despesas 
administrativas e operacionais inerentes ao regular processamento da liquidação extrajudicial ou se 
houver fundados indícios de crime falimentar (art. 23, da Lei n. 9.656/98 e Medida Provisória 2.177-
44/01); (iii) As instituições financeiras, às quais estão submetidas ao processo de liquidação extrajudicial 
previsto na Lei n. 6.024/74. A exclusão dessas sociedades, no entanto, é parcial, quando se encontram 
no exercício regular da atividade financeira, sujeitando-se, assim, à decretação da falência. Convém 
mencionar, se o Banco Central decreta a intervenção ou liquidação extrajudicial da instituição, ela não 
poderá mais falir a pedido de credor, devendo ser feito o pedido de falência pelo próprio interventor 
ou liquidante, devidamente autorizados pelo Bacen. Do mesmo modo, as sociedades empresárias 
arrendadoras dedicadas à exploração de leasing.
4.2 Foro competente
A competência para a apreciação dos processos de falência, de recuperação judicial e homologação de 
recuperação extrajudicial é o local onde se encontra o principal estabelecimento do devedor (art. 3o, da LF).
Por principal estabelecimento entende-se aquele em que a devedora concentra o maior volume 
de seus negócios (é o mais importante no ponto de vista econômico). Eventualmente, não coincide 
com a sede estatutária ou contratual da sociedade devedora, mencionada no ato constitutivo, nem o 
estabelecimento maior física ou administrativamente.
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Unidade I
Nas comarcas em que houver mais de um juízo com competência para pedido de falência ou 
recuperação de empresa, a distribuição do primeiro pedido de falência ou de recuperação judicial previne 
a competência para a apreciação dos pedidos seguintes.
Na comarca de São Paulo, os foros regionais não têm competência para a falência, mas as Varas 
Cíveis do foro central são todas competentes. Por exemplo, a distribuição do primeiro pedido de falência 
contra determinada sociedade, para a 28a Vara Cível, torna-a competente, por prevenção, para todos os 
pedidos de falência posteriormente requeridos contra essa mesma sociedade.
4.3 Universalidade do juízo falimentar
O juízo da falência é universal. Todas as ações referentes a bens, interesses e negócios da massa 
falida serão processadas e julgadas pelo juízo perante o qual tramita o processo de falência. Exemplo: 
acidente de trânsito envolvendo veículo de propriedade da sociedade falida, a ação de indenização a ser 
promovida pelo proprietário do outro veículo correrá perante o juízo universal da falência.
Exceções ao princípio da universalidade do juízo falimentar: (i) As ações em que a massa falida for 
autora ou litisconsorte ativa; (ii) Ações que demandam quantia ilíquida, independentemente da situação 
da massa falida na relação processual; (iii) As reclamações trabalhistas, para as quais é competente a 
Justiça do Trabalho; (iv) As execuções tributárias não estão sujeitas a concurso de credores ou habilitação 
em falência (art. 187, do CTN); (v) As ações de conhecimento de que é parte ou interessada a União, 
entidade autárquica ou empresa pública federal, hipótese em que a competência é da Justiça Federal 
(art. 109, I, da CF).
4.4 Verificação de crédito, habilitação de crédito e quadro geral de credores 
(art. 7º e segs. da Lei 11.101/2005)
Compete ao administrador judicial a verificação dos créditos. Para cumpri-la, deve levar em conta 
não só a escrituração e os documentos do falido como todos os elementos que lhe forem fornecidos 
pelos credores. Havendo divergência entre o administrador judicial e um ou mais credores acerca dos 
próprios créditos que titularizam ou o de outros, cabe ao juiz decidir o conflito.
O ponto de partida da verificação dos créditos é a publicação da relação de credores. Quando se trata 
de autofalência, entre os documentos que a lei determina sejam apresentados pelo devedor requerente 
encontra-se a lista dos credores com discriminação do valor do crédito e a classificação de cada um 
deles. Na falência decretada a pedido de credor ou sócio dissidente, ao falido é determinado que elabore 
e apresente a relação dos credores nos 5 dias seguintes, sob as penas do crime de desobediência. Se o 
falido deixar de entregá-la (preferir responder pelo crime de desobediência), o administrador judicial 
deverá providenciá-la.
Juntada aos autos a relação dos credores, providencia-se sua publicação no Diário Oficial. Se no 
momento da publicação da sentença declaratória, a relação já estiver nos autos, ambas serão publicadas 
simultaneamente, por edital, na íntegra.
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FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESA
Nos 15 dias seguintes à publicação da relação, os credores devem conferi-la. De um lado, os que não 
se encontram relacionados devem apresentar a habilitação de seus créditos perante o administrador 
judicial. Estão dispensados de habilitação apenas o credor fiscal (porque não participa do concurso) e 
os titulares de crédito remanescente da recuperação judicial, se tinham sido definitivamente incluídos 
no quadro geral de credores quando da convolação em falência. De outro lado, os que se encontram na 
relação publicada, mas discordam da classificação ou do valor atribuído aos seus créditos devem suscitar 
a divergência também junto ao administrador judicial.
A apresentação da habilitação ou divergência deve ser feita por escrito e conter o nome e a 
qualificação do credor, a importância exata atribuída ao crédito, a atualização monetária até a data da 
decretação da falência, bem como sua origem, prova, classificação e eventual garantia. Na habilitação 
de crédito ou apresentação da divergência não é exigida a intervenção de advogado, podendo o credordirigir-se diretamente ao administrador judicial por escrito.
O administrador judicial, diante da habilitação ou divergência, pode convencer-se ou não das razões 
do credor (por exemplo, na relação apresentada pelo falido constava certo credor como quirografário, 
mas esse credor na divergência exibe documento com o objetivo de provar a sua condição de privilegiado). 
O administrador, a par disso, pode convencer-se ou não da existência de erro na relação publicada. Se 
entender que a divergência procede, ele retifica na republicação da relação de credores; caso contrário, 
faz a republicação sem corrigi-la. O administrador não precisa dar qualquer resposta aos credores que 
apresentaram divergência, nem a levar ao juiz. Com a simples republicação da relação, com a correção 
ou não, os habilitantes e os suscitantes de divergência saberão se o seu pedido foi acolhido ou não pelo 
administrador judicial.
A republicação da relação dos credores também é feita por edital, devendo o administrador judicial 
providenciá-la. Nele, serão indicados local e horário em que qualquer credor (incluindo os membros 
do comitê), o representante legal da sociedade falida, seus sócios ou acionistas e o representante do 
Ministério Público poderão ter acesso aos documentos que fundamentaram a elaboração e a revisão, se 
houve, da relação de credores. O prazo para a republicação da relação é de 45 dias, contados do término 
do prazo para habilitação ou apresentação de divergências; isto é, 60 dias após a primeira publicação.
Nos 10 dias seguintes à republicação, os sujeitos legitimados podem apresentar a impugnação da 
relação elaborada pelo administrador judicial. Estão legitimados para impugnar a relação qualquer 
credor, o Comitê, a sociedade falida, o sócio ou o acionista dela ou o promotor de justiça.
O credor que apresentou divergência e não teve o seu pedido acolhido, ao verificar a relação 
republicada, deve apresentar a impugnação. Esse é o instrumento processual adequado para sustentar 
judicialmente a pretensão de ingressar no quadro de credores ou ver o valor do crédito ou sua classificação 
alterada. A impugnação será submetida ao juiz.
O credor que discorda da classificação dada a crédito alheio pode também impugnar. Ele tem 
legitimidade para impugnar a admissão, a quantificação ou a classificação do crédito de outrem 
porque eventual pagamento indevido implica na redução dos recursos da massa e maior risco de não 
recebimento. Também estão legitimados, pela mesma razão, a sociedade falida ou qualquer dos seus 
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Unidade I
membros (sócio ou acionista). Se houver pagamento a crédito já satisfeito, inexistente, viciado ou 
excessivo, reduzem-se por óbvio os recursos que comporiam eventual saldo remanescente a ser-lhes 
devido, no final do processo de falência.
Por fim, têm legitimidade para a impugnação o Comitê (pelo voto da maioria de seus membros) e o 
promotor público, que deve atuar no sentido de buscar consistência da relação dos credores. Eles estão 
diretamente postulando a prevalência das regras do direito falimentar que visam à tutela dos interesses 
transindividuais da comunhão.
A impugnação é feita por petição instruída com os documentos que o impugnante tiver. Nela, devem 
ser indicadas as provas que pretende produzir para sustentação do alegado. Trata-se de postulação judicial, 
ato privativo de advocacia. Ao contrário da apresentação de divergência, portanto, a impugnação não 
pode ser feita pelo próprio credor. Ela deve ser obrigatoriamente elaborada e subscrita por advogado. 
Enquanto pendente a impugnação, será feita reserva do valor para seu eventual atendimento, e se for 
parcial, a parte incontroversa do crédito pode ser satisfeita independentemente de sua tramitação.
Cada impugnação é autuada em separado. As autuações serão feitas em função dos objetos 
impugnados, de modo que se reúnam nos mesmos autos todas as impugnações referentes ao mesmo 
crédito, independentemente de quem seja o impugnante. Após autuar as impugnações, o cartório 
providencia a intimação dos credores impugnados. Eles terão 5 dias para contestar a impugnação, juntar 
documentos e indicar as provas que pretendem produzir. Em seguida, intimam-se a sociedade falida e o 
Comitê, se existente, para, no prazo comum de 5 dias, se manifestarem sobre as matérias litigiosas. Em 
seguida, o administrador judicial deve dar o seu parecer, em 5 dias contados da respectiva intimação. O 
parecer deverá ser instruído por todas as informações existentes nos livros e nos demais documentos da 
sociedade falida e pela parte relevante do laudo de auditoria, se levantado. Retornando com o parecer 
do administrador judicial, cada auto de impugnação de crédito é encaminhado à conclusão. Aquelas 
em que não há dilação probatória são julgadas desde logo. Em relação às demais, o juiz fixa os aspectos 
controvertidos, decide as questões processuais pendentes e determina as provas a serem produzidas 
(nomeia perito, designa audiência de instrução e julgamento etc.). Concluída a dilação probatória, o juiz 
julga a impugnação, acolhendo-a ou rejeitando-a.
Contra a sentença proferida na impugnação de crédito cabe agravo.
Com o trânsito em julgado de todas as sentenças, o administrador judicial, com base na relação 
republicada e no resultado das impugnações, consolida o quadro geral de credores e o submete à 
homologação do juiz. O quadro geral de credores assinado pelo juiz e pelo administrador judicial será 
juntado aos autos da falência e publicado nos 5 dias seguintes ao último trânsito em julgado de sentença 
proferida em impugnação de crédito.
Se não houve impugnação, o juiz homologa a republicação como quadro geral de credores e 
determina nova publicação.
Com a publicação do quadro geral de credores, encerra-se o procedimento de verificação de crédito.
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FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESA
No procedimento de verificação de crédito, a relação de credores será publicada três vezes.
4.5 Habilitação de crédito retardatária (art. 10, da Lei 11.101/2005)
Os credores que não habilitarem seus créditos no prazo podem fazê-lo posteriormente. Serão 
processados os respectivos créditos como habilitação retardatária.
Em qualquer caso, as consequências da intempestividade da apresentação são quatro: 
a) os rateios já realizados não serão revistos para atender o retardatário; 
b) ele perde o direito aos consectários (correção monetária, por exemplo) incidentes entre o término 
do prazo de apresentação e sua efetivação; 
c) são devidas custas judiciais; 
d) o retardatário não tem direito de voto na Assembleia de credores na hipótese de recuperação 
judicial e, em caso de falência, não tem esse direito enquanto seu crédito não for incluído no 
quadro geral homologado (a menos que titule crédito trabalhista, quando participa dos eventos 
desde a habilitação).
5. CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS
Os credores da sociedade falida se classificam segundo a ordem estabelecida no art. 83, da Lei n. 
11.101/2005.
6. PAGAMENTOS NA FALÊNCIA
O dinheiro obtido com a realização do ativo (venda dos bens e cobrança dos devedores) deverá ser 
depositado pelo administrador judicial, em 24 horas, em instituição financeira. Enquanto não iniciado o 
pagamento, o dinheiro deve ser aplicado em algum tipo de investimento para preservação de seu valor.
As quantias depositadas só poderão ser movimentadas por intermédio de cheques nominativos, 
assinados pelo administrador judicial. Outra alternativa de movimentação é a que se verifica relativamente 
aos processos cíveis em geral, isto é, as movimentações dos recursosdepositados em conta de depósito 
bancário vinculada à falência podem também se realizar por mandado do juiz.
São quatro as espécies de credores na falência. Em primeiro lugar, devem ser pagos pelo administrador 
judicial, os credores da massa falida; em segundo, os titulares de direito à restituição em dinheiro; em 
terceiro, os credores da falida; por último, restando recursos, os sócios. Dentro de cada espécie existem 
classes e subclasses de beneficiários.
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6.1 Credores da massa falida
Os créditos extraconcursais são aqueles a que o administrador judicial deve atender antes do 
pagamento dos credores da sociedade falida. São duas as espécies de créditos extraconcursais: os 
relacionados à administração da falência e as restituições em dinheiro. A primeira espécie tem preferência 
sobre a segunda, de modo que somente são atendidos os titulares de direito às restituições em dinheiro 
depois do pagamento dos credores da massa caso sobrem recursos. Não há rateio entre os credores 
da massa, mas, se não houver recursos suficientes para atender às restituições em dinheiro, deve-se 
proceder à divisão das disponibilidades entre os titulares do direito, proporcionalmente ao crédito de 
cada um, e isso correspondente a um concurso.
Os bens da sociedade falida, após a arrecadação, precisam ser administrados para a otimização do 
produto de sua futura venda judicial. A administração da falência é feita por profissionais (contador, 
leiloeiro, advogado e outros), contratados pelo administrador judicial. Assim, tais profissionais precisam 
ser remunerados.
As despesas com a administração da falência, inclusive a remuneração do administrador judicial, são 
créditos extraconcursais no sentido de que devem ser satisfeitos antes do pagamento dos credores da 
sociedade falida.
Toda e qualquer despesa com a administração da falência ou o andamento do processo falimentar tem 
a natureza de crédito extraconcursal com absoluta preferência. A lei contempla elenco exemplificativo 
dessas despesas: a) remuneração do administrador judicial e seus auxiliares, inclusive obrigações 
trabalhistas e decorrentes de acidente de trabalho quando referentes a serviços prestados após a 
decretação da falência; b) quantias fornecidas à massa pelos credores; c) despesas com arrecadação, 
administração, realização do ativo e distribuição de seu produto, além das custas judiciais; d) obrigações 
resultantes de atos jurídicos válidos praticados no âmbito da recuperação judicial ou da falência. Além 
dessas despesas listadas na lei, podem ser lembradas ainda: disponibilização de páginas na rede mundial 
de computadores, organização e realização da Assembleia dos Credores ou de reunião do Comitê, 
publicação de aviso em jornal de grande circulação, pagamento de tributos e contribuições cujos fatos 
geradores se verifiquem durante a tramitação do processo de falência etc.
Entre os créditos extraconcursais de prioridade absoluta encontram-se também alguns dos 
constituídos durante o processo de recuperação judicial. Os créditos negociais não quirografários 
contraídos pela sociedade empresária no curso da recuperação judicial (por exemplo: fornecimento 
a crédito mediante hipoteca, financiamento com caução de títulos etc.) são reclassificados, em caso 
de falência, como extraconcursais. São aqueles que fornecem insumos a prazo ou financiamento ao 
empresário em estado de recuperação judicial (mediante garantia real). Com a definição de extraconcursal 
desses direitos creditórios, confere-se maior garantia de recebimento a quem vier a conceder crédito ao 
empresário em recuperação, contribuindo para o sucesso dela.
Os credores da massa devem ser pagos pelo administrador judicial assim que vencerem seus 
respectivos créditos. Não há concurso entre eles, exceto se faltarem recursos para o pagamento integral 
dos titulares de créditos autorizados. Nesse caso, atendidos integralmente os demais credores da massa, 
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divide-se o saldo de caixa remanescente entre os credores por crédito, autorizado proporcionalmente 
ao valor de cada um.
6.2 Restituições em dinheiro (art. 85, da LF)
A arrecadação compreende todos os bens encontrados no estabelecimento comercial da falida, 
inclusive aqueles em que ela é comodatária, depositária ou locatária. Como tais bens não são de 
propriedade da falida, não integram a garantia dos credores e devem ser destacados da constrição 
judicial. Um dos objetivos do pedido de restituição é justamente a lapidação da massa, isto é, a devolução 
ao proprietário do bem que se encontrava no estabelecimento empresarial da falida.
O segundo objetivo é a coibição da má-fé presumida da falida, na medida em que seus representantes 
legais, mesmo tendo conhecimento da situação econômica e financeira da sociedade, não recusaram 
novas remessas de mercadorias. Dessa forma, a lei determina a restituição aos vendedores de mercadorias 
entregues à falida nos 15 dias antecedentes ao pedido de falência.
O terceiro objetivo é o estímulo às exportações. Relaciona-se ao pedido de restituição de importâncias 
adiantadas ao exportador com base em um contrato de câmbio.
Por fim, o quarto objetivo é a proteção do contratante de boa-fé que tiver sofrido prejuízo em razão 
da declaração de ineficácia subjetiva ou objetiva de ato praticado pela falida. Ao prestigiar o interesse 
desse sujeito de direito, a lei evita enriquecimento indevido da comunhão dos credores.
Em duas hipóteses, as restituições são feitas em dinheiro: a) quando o bem na posse da sociedade 
falida é dinheiro (exemplo: contribuição do empregado devida à Seguridade Social descontada do 
salário, mas depositada na conta bancária da falida). Outro exemplo de restituição que tem por objeto 
dinheiro é a de adiantamentos ao exportador ou a destinada a compensar o contratante de boa-fé pelos 
prejuízos derivados da declaração de ineficácia de ato da falida; b) se o bem a ser restituído não mais 
existir quando da restituição, porque foi roubado ou furtado após a arrecadação ou se perdeu.
O pagamento das restituições em dinheiro não integra a massa falida, não compõe a garantia 
dos credores. Além disso, os titulares de direito à restituição em dinheiro não são classificados como 
credores nem da massa e nem da sociedade falida; constituem uma espécie de beneficiário de 
pagamento na falência.
6.3 Credores da sociedade falida (art. 83, da LF)
O tratamento paritário dos credores é o principal objetivo do processo falimentar. O princípio do 
tratamento paritário, ao mesmo tempo em que garante aos credores com título de mesma natureza 
tratamento igualitário, estabelece hierarquias em favor dos mais necessitados (os empregados) e 
do interesse público (representado pelos créditos fiscais), deixando para o final a generalidade dos 
empresários. O tratamento privilegiado dispensado aos credores com garantia real, em sua maioria 
bancos (empresários), visa a criar as condições para o barateamento da economia nacional.
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A ordem de classificação dos credores da falida distingue essa espécie de beneficiários de pagamento 
na falência em oito classes: empregados e equiparados; credores com garantia real, fico, credores 
com privilégio especial, com privilégio geral, quirografários, titulares de crédito derivados de multas 
contratuais e penas pecuniárias e, por fim, os credores subordinados. 
a) Empregadosequiparados
Na classe dos empregados e equiparados existem duas subclasses. A mais alta, na escala das 
preferências, é a dos titulares de direito à indenização por acidente de trabalho, ocorrido antes da 
decretação da quebra (art. 102, § 1o, da LF).
Trata-se do direito que o empregado tem à indenização pelo acidente causado por culpa ou dolo 
do empregador, isto é, direito constitucional (art. 7o, XXVIII, da CF). Esse crédito não se confunde com o 
benefício, devido pelo INSS, em razão do mesmo acidente.
A segunda subclasse na escala de preferências dos credores da falida é o crédito trabalhista de 
qualquer natureza (art. 449, § 1o, da CLT). Apurados pela Justiça do Trabalho, devem ser pagos pelo 
administrador judicial no atendimento a essa ordem de classificação.
Entretanto, nem todos os créditos de natureza trabalhista gozam desse grau de preferência no 
concurso falimentar. A lei estabelece um limite de valor, ao definir os créditos dessa classe. O limite é 
de 150 salários mínimos por credor. Isso significa que o empregado com crédito inferior ou igual a esse 
limite concorre nessa classe preferencialmente pela totalidade de seu direito; mas aquele que possui 
crédito maior que o teto indicado participa do concurso em duas classes: pelo valor de 150 salários 
mínimos na de empregados e equiparados, e pelo que exceder, na dos quirografários.
Outra medida de amparo do pequeno assalariado adotada pela lei é a antecipação de parte do crédito 
titulado. Diz a lei que o administrador judicial, assim que houver disponibilidade em caixa, pagará os saldos 
salariais em atraso vencidos nos 3 meses anteriores à decretação da falência, até o limite de 5 salários 
mínimos por trabalhador. Cuida-se de mera antecipação, cujo valor atualizado deve ser deduzido quando 
de pagamento final do crédito. Além disso, não representa uma preferência, mas mera antecipação. Se o 
administrador judicial puder calcular que os recursos da massa não serão suficientes para o atendimento da 
classe de empregados e equiparados (porque os credores extraconcursais tendem a consumi-los, por exemplo), 
não deverá fazer a antecipação, sob pena de responder perante os beneficiários que restarem desatendidos.
Existem outros credores que concorrem com os trabalhistas na mesma subclasse: os representantes 
comerciais autônomos, pelas comissões e pela indenização devidas pela representada falida (art. 44, da 
Lei n. 4.886/45) e a Caixa Econômica Federal, pelo FGTS (art. 2o, § 3o, da Lei n. 8.844/94). São equiparados 
aos empregados para fins de falência.
Assim, se realizado todo o ativo e feitos os pagamentos anteriormente assinados (credores da massa, 
restituições em dinheiro e acidentes de trabalho), os recursos disponíveis não forem suficientes para 
a integral satisfação dos credores dessa subclasse, deve o administrador judicial proceder ao rateio 
proporcional ao titularizado por cada um.
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Segundo Fábio Ulhoa Coelho, a equiparação da Caixa Econômica Federal, no tocante ao crédito 
do FGTS, até se pode entender, na medida em que os beneficiários desse fundo são, em última 
instância, os empregados. Não se entende, contudo, o concurso dos representantes comerciais 
autônomos, que são empresários. Estabelecer o concurso desses credores com os trabalhistas é um 
despropósito da lei. Enquanto vigorar o dispositivo, convém ao administrador judicial observá-lo 
para não ser responsabilizado.
b) Credores com garantia real (não sujeitos a rateio)
A intenção última da lei é criar as condições para o barateamento dos juros bancários, medida destinada 
a acentuar o desenvolvimento econômico do país, em atendimento, portanto, ao interesse público.
Os titulares de garantia real integram a categoria dos credores não sujeitos a rateio. Essa categoria 
está dividida em duas classes: os titulares de garantia real e os de privilégio especial. De comum entre 
eles é a vinculação entre o produto da venda de determinado bem da falida e a satisfação do crédito 
garantido ou privilegiado. Na hipótese de credor com garantia real, o produto da venda do bem onerado 
(hipotecado, empenhado, caucionado etc.) é destinado prioritariamente ao pagamento do crédito 
garantido em decorrência de ato de vontade das partes. Já na hipótese de credor com privilégio especial, 
a vinculação é determinada pela lei, independente de ato de vontade das partes.
Não há hierarquia entre as classes dos credores não sujeitos a rateio. Se o produto da venda do bem 
vinculado à satisfação de certo crédito supera o valor dele, o administrador judicial deve utilizar os 
recursos correspondentes à diferença para atender os demais credores, segundo a ordem de preferência. 
Na situação inversa, o saldo credor – a parte do crédito não coberta pelo produto da venda do bem 
correspondente – é imediatamente reclassificado como quirografário, concorrendo aos rateios com os 
demais créditos dessa natureza.
Quando o bem dado em garantia é vendido em separado, não há dificuldade para mensurar as 
parcelas do crédito que concorrerão com os fiscais ou com os quirografários. Na hipótese de alienação 
da empresa ou venda de bens englobados, pode ser impossível identificar o específico valor alcançado 
pelo objeto da garantia. Se for esse o caso, o administrador judicial deverá considerar o valor de avaliação 
do bem onerado. Esse valor, contudo, deverá ser aumentado ou diminuído na mesma proporção em que 
variou o bloco de bens com o qual foi vendido. Assim, se o preço pago por todos os bens do bloco foi, 
por exemplo, 20% superior à soma da avaliação deles, o administrador judicial deve majorar no mesmo 
percentual o valor atribuído especificamente ao bem onerado; se tiver sido 15% inferior, deve reduzi-lo 
nesse percentual, e assim por diante.
Há uma hipótese em que o credor com garantia real, mesmo tendo sido vendido o bem onerado 
por valor que supera seu crédito, não é pago na falência. Isso ocorre quando o produto da venda 
dos bens foi inteiramente consumido no atendimento dos créditos extraconcursais e de empregados e 
equiparados. Nessa situação, em razão da preferência desses beneficiários de pagamento, o crédito com 
garantia real não é satisfeito.
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Os credores com garantia real são o hipotecário, o pignoratício (cuja garantia, o penhor, recai sobre 
bem móvel) e os caucionados (que têm por garantia títulos de créditos transmitidos por endosso-
caução). Também fazem parte as instituições financeiras titulares de cédula de crédito (rural, industrial, 
comercial ou exportação) e dos debenturistas com garantia real (LSA, art. 58, caput).
c) Fisco
A terceira classe dos credores da falida é a dos créditos públicos, isto é, disciplinada pelo direito 
público. São créditos titularizados pelo Estado ou por ente ao qual a lei estende as garantias e as 
prerrogativas deste. Engloba os créditos fiscais e os parafiscais (são os de entidades privadas que prestam 
serviços de interesse público, como Sesc, Senai, Pis etc.).
Os créditos fiscais são divididos em tributários e não tributários, ou seja, os direitos creditícios 
titularizados pelo Estado podem decorrer de inadimplemento pela sociedade falida de obrigação relativa 
a tributo (impostos, taxas e contribuições) ou relacionada a qualquer outra causa (exemplo: indenização 
por acidente de trânsito, descumprimento de contrato de fornecimento de bens ou serviços, prejuízos 
decorrentes da má execução de obra etc.).
Os créditos fiscais podem ser inscritos na dívida ativa, nos termos da Lei n. 6.830/80 (Lei de Execuções 
Fiscais). A União,os Estados, o Distrito Federal, os Territórios, os Municípios e as autarquias podem 
inscrever na dívida qualquer crédito que titularizem.
Assim, os créditos de natureza tributária contra a falida sempre estarão inscritos na dívida ativa e 
deverão ser pagos pelo administrador judicial logo após os trabalhistas e equiparados e os credores com 
garantia real (art. 186, do CTN). Quanto aos créditos fiscais não tributários, o Poder Público pode optar 
por inscrevê-los ou não na dívida ativa. Quando inscrito na dívida ativa, o crédito não tributário tem a 
mesma classificação do tributário (art. 4o, § 4o, da Lei n. 6.830/80) e deve ser pago igualmente após os 
trabalhistas e equiparados e os credores com garantia real; mas, quando não inscrito, sua classificação 
correta é a dos quirografários.
Na classe dos credores públicos há três subclasses. O Código Tributário Nacional (CTN, art. 187, 
parágrafo único; LEF, art. 29, parágrafo único) estabelece uma ordem interna de pagamento entre os 
titulares de crédito fiscal ou parafiscal. Primeiramente, o administrador judicial deve pagar o devido à 
União e às suas autarquias (impostos, taxas federais, contribuição devida pelo empregador à Seguridade 
Social e as anuidades cobradas por órgão profissional). Os créditos parafiscais também devem ser pagos 
nessa oportunidade (Sesc, Sesi, PIS etc.). Se não houver recursos suficientes para o pagamento do devido 
a esses credores, o administrador judicial deverá realizar rateio proporcional ao valor do crédito. A 
segunda subclasse dos credores públicos na ordem de pagamento abrange Estados, Distrito Federal, 
Territórios e suas autarquias, conjuntamente e pro rata. Os impostos estaduais, portanto, devem ser 
pagos pelo administrador judicial depois de totalmente quitados os credores da primeira subclasse e 
suas autarquias, conjuntamente e pro rata. A última subclasse é a dos municípios, conjuntamente e pro 
rata. Exemplo: se a sociedade falida era proprietária de dois imóveis, situados em municípios diferentes 
e devia IPTU relativo aos dois, o administrador judicial, se não tiver como pagar a totalidade desses 
tributos, deve proceder ao rateio.
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Os tributaristas questionam a constitucionalidade dessa ordem de preferência dos créditos públicos, 
sustentando a paridade constitucional dos entes da Federação. Entretanto, enquanto não for declarada 
a inconstitucionalidade dos arts. 187, parágrafo único, do CTN, e 29, parágrafo único, da Lei n. 6.830/80, 
o administrador judicial deve respeitar essa ordem para não ser responsabilizado.
Há de se ressaltar que o crédito fiscal goza da garantia de não participar do concurso de credores 
(art. 187, do CTN, e art. 4o, § 4o, da Lei n. 6.830/80). Dessa forma, a execução fiscal ajuizada antes da 
decretação da falência não se suspende, nem se encontra o fisco inibido de promovê-la mesmo após 
a quebra. Assim, pode ocorrer de o credor público ser atendido antes dos trabalhistas, dependendo da 
tramitação do feito ou da execução fiscal do município concluir-se anteriormente à ajuizada por uma 
autarquia federal.
Note-se que o administrador judicial não pode fazer nenhum pagamento para credor da falida 
sem observar estritamente as hierarquias e as preferências entre as classes e as subclasses, mas, se 
algum credor, por força das garantias de seu crédito, acabar recebendo em desacordo com essas 
hierarquias e preferências, essa inversão não repercute na falência e não importa responsabilidade para 
o administrador judicial.
O administrador deve se relembrar também que o administrador judicial não deve pagar na classe 
dos créditos fiscais, mesmo inscrito na dívida ativa. O crédito fiscal é o valor correspondente a penas 
pecuniárias por infração administrativa ou desrespeito à lei penal impostas por autoridade federal, 
estadual ou municipal, inclusive as multas tributárias. Esse crédito não pode ser reclamado na falência, 
por expressa exclusão da lei (art. 23, parágrafo único, III, da LF). Classifica-se essa parcela do crédito do 
sujeito público como subquirografário. A jurisprudência entende estarem incluídas também as multas 
fiscais moratórias (Súmula 565, do STF).
Estão excluídas dessa regra as penalidades impostas pela União, as quais o administrador judicial 
deve proceder ao pagamento, tendo em vista o diploma legal extravagante que definiu o crédito como 
encargo da massa (art. 9o, do Decreto-lei n. 1.893/81). As multas devidas à Fazenda Nacional devem 
ser pagas após a integral satisfação dos créditos fiscais (art. 102, caput, da LF), não sendo justificável 
o desembolso antecipado, porque, embora chamado encargo, o crédito da União por multa imposta 
à falida não se refere à despesa com a administração da massa. Exemplo: se a sociedade falida era 
devedora de duas multas de trânsito, uma decorrente de infração cometida no perímetro urbano e 
outra em rodovia federal, o administrador judicial não paga a primeira, mas deve pagar a segunda após 
o pagamento integral das três subclasses de crédito público.
d) Credores com privilégio especial (não sujeitos a rateio)
Esses credores não estão sujeitos a rateio. Na classe dos credores não sujeitos a rateio há duas 
subclasses: os titulares de garantia real e os credores com privilégio especial. Esses credores terão seu 
crédito satisfeito preferencialmente com o produto da venda de determinados bens da sociedade 
falida com garantia real. Se o pagamento dos credores com preferência (extraconcursais, empregados e 
equiparados, com garantia real e fiscais) consumir todos os recursos da massa, os credores com privilégio 
especial não terão seus direitos satisfeitos. De outro lado, se o produto da venda dos bens sobre os 
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quais recai o privilégio não for bastante para a integral satisfação do crédito privilegiado, a diferença é 
imediatamente reclassificada como crédito quirografário.
O que existe de comum entre eles é a vinculação entre o produto da venda de determinado bem da 
falida e a satisfação do crédito garantido ou privilegiado. A diferença entre os credores de cada subclasse 
diz respeito à origem da vinculação. Na hipótese de credor com garantia real, o produto da venda do 
bem onerado (hipotecado, empenhado, caucionado) é destinado prioritariamente ao pagamento do 
crédito garantido em decorrência de ato de vontade das partes. Já na hipótese de credor com privilégio 
especial, a vinculação é determinada pela lei, independente de ato de vontade entre as partes.
Na definição do valor do bem sobre o qual recai o privilégio, o administrador judicial deve observar os 
mesmos parâmetros ditados pela lei para os créditos com garantia real. Assim, se o bem sobre o qual recai 
o privilégio é vendido junto com outros, não será possível identificar o preço por ele alcançado. Nesse 
caso, leva-se em consideração o valor da avaliação, aumentando ou diminuindo proporcionalmente em 
função da variação apresentada pelo bloco como um todo. Não há hierarquia entre as subclasses dos 
credores não sujeitos a rateio. Se o produto da venda do bem vinculado à satisfação de certo crédito 
supera o valor dele, o administrador judicial deve utilizar os recursos correspondentes à diferença para 
atender os credores não sujeitos a rateio. Na situação inversa, o saldo credor, a parte do crédito coberta 
pelo produto da venda do bem correspondente é imediatamente reclassificado como quirografário 
(art. 125, § 2o, da LF), concorrendo aos rateios com os demais créditos dessa natureza. Em suma, não 
há concurso entre credores com garantia real ou privilégioespecial, nem entre as subclasses, nem no 
interior delas.
Os credores com garantia real são o hipotecário (seu crédito é atendido com o produto da venda do 
imóvel hipotecado), o pignoratício (cuja garantia, o penhor, recai sobre bem móvel) e os caucionados 
(que têm por garantia títulos de créditos transmitidos por endosso-caução). Também as instituições 
financeiras titulares de cédula de crédito (rural, industrial, comercial ou à exportação) e os debenturistas 
titulares de debêntures com garantia real.
São credores com privilégio especial (art. 102, § 2o): (i) o credor por benfeitorias necessárias ou úteis 
sobre a coisa beneficiada (art. 1.566, III; 964, III, do Código Civil); (ii) o autor da obra, pelos direitos 
do contrato de edição, sobre os exemplares dela, na falência da sociedade editora (art. 1.566,964, VII, 
do Código Civil); (iii) os credores titulares de direito de retenção sobre a coisa retida, por exemplo, 
os armazéns-gerais; (iv) os subscritores ou candidatos à aquisição de unidade condominial sobre as 
quantias pagas ao incorporador falido (art. 43, III, da Lei n. 4.591/64); (v) o titular de nota de crédito 
industrial (art. 17, do Decreto-lei n. 413/69); (vi) a seguradora, pelo prêmio devido em razão de seguro 
marítimo, sobre o navio de propriedade da sociedade armadora (art. 475, do Código Comercial); (vii) o 
comissário, pelas comissões devidas pelo comitente falido (art. 707, do Código Civil); (viii) o locador do 
prédio onde se encontrava o estabelecimento comercial da falida sobre o mobiliário nele existente (art. 
102, § 2o, II, da LF), (ix) os microempreendedores individuais, as microempresas e as empresas de pequeno 
porte de que trata a LC 123/2006, com as alterações da LC 147/2014.
O administrador, para atender aos direitos dos credores não sujeitos a rateio, deve, inicialmente, 
providenciar para que os bens onerados ou sobre os quais recai o privilégio especial sejam vendidos em 
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separado, em leilão próprio (art. 119, da LF). A venda desses bens junto com outros é possível apenas 
na realização do ativo de modo extraordinário, deliberada pelos credores na forma do art. 123, da LF. 
O montante do preço global que corresponde ao produto da venda dos bens onerados ou objeto de 
privilégio deve ser arbitrado, aproveitando-se a avaliação feita no ato da arrecadação, se compatível 
com os valores de mercado.
Feita a avaliação judicial em separado, devem ser contabilizados a cada bem onerado ou objeto de 
privilégio os preços pagos pelos respectivos adquirentes. Esse é o produto bruto da venda judicial. Em seguida, 
o administrador judicial deve descontar as custas e as despesas de arrecadação, administração, venda e 
depósito, além de sua remuneração (art. 125, da LF). O resultado é o produto líquido da venda judicial deles.
Obtido o produto líquido da venda dos bens onerados ou objeto de privilégio, o administrador 
judicial deve verificar se os beneficiários de pagamento de espécie e classe anteriores (credores da 
massa, titulares de direito à restituição, empregados e equiparados e fiscais) aos credores não sujeitos a 
rateio foram ou não integralmente satisfeitos, bem como se restam, na massa ativa, dinheiro ou outros 
bens para atendê-los. Em caso negativo, o produto da venda dos bens onerados ou objeto de privilégio 
será utilizado para pagamento desses beneficiários com preferência. Se necessário, o administrador 
judicial utilizará o total do produto da venda em separado, hipótese em que os credores com garantia 
real ou privilégio especial não recebem nada. Em caso positivo, isto é, existindo outros recursos na 
massa para pagamento daqueles beneficiários com preferência em relação aos credores não sujeitos 
a rateio, o administrador judicial terá duas alternativas: a) se o valor do crédito com juros e correção 
monetária supera o produto líquido, ele deve pagar o credor e utilizar o resto do dinheiro para rateio dos 
quirografários; b) se o valor do crédito com juros e correção monetária é inferior ao produto líquido da 
venda do bem onerado ou objeto de privilégio, o administrador judicial deve pagar o que for possível ao 
credor e reclassificar o saldo em aberto como crédito quirografário.
e) Credores com privilégio geral e credores quirografários (sujeitos a rateio)
Os credores sujeitos a rateio se dividem em duas classes: a primeira, na ordem de preferência nos 
pagamentos, é a dos credores com privilégio geral; a segunda, a dos quirografários.
Estão compreendidos na subclasse dos credores com privilégio geral: os debenturistas titulares de 
debêntures com garantia flutuante, na falência da sociedade emissora (art. 58, § 1o, da LSA); o advogado 
que goza de privilégio geral na falência da devedora dos seus honorários, seja ela sua cliente com quem 
contratou honorários, seja a parte sucumbente na ação em que ele patrocinou os interesses da parte 
vencedora (art. 24, da Lei n. 8.906/94).
Por fim, são credores titulares de privilégio geral na falência os que, durante a recuperação judicial da 
sociedade empresária falida, haviam-lhe concedido crédito sem garantia. Ocorre aqui a reclassificação de 
um crédito originariamente quirografário em razão da convolação da recuperação judicial em falência.
A subclasse dos quirografários é a mais extensa de todas. Nela encontram-se os credores a título 
negocial cujo direito é documentado em um título de crédito (nota promissória, letra de câmbio, cheque 
ou duplicata), em uma debênture sem garantia (art. 58, caput, da LSA), ou em um contrato desprovido 
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de garantias reais. Também se acham os credores por obrigação extracontratual, ou seja, os titulares de 
indenização por ato ilícito. Igualmente se encontram nessa subclasse as reclassificações: os credores não 
sujeitos a rateio, pelo saldo não satisfeito com o produto líquido da venda do bem onerado ou objeto de 
privilégio especial e os créditos públicos não inscritos na dívida ativa. De um modo geral, também fazem 
parte todos os credores não classificáveis em qualquer categoria da ordem de pagamentos na falência. 
Trata-se a subclasse dos quirografários da instância residual dos credores da falida.
Apenas após a integral satisfação do valor devido aos credores de uma classe é que o administrador 
judicial pode, se sobraram recursos na massa, pagar os da classe subsequente na ordem de preferências. 
O credor sujeito a rateio está integralmente pago quando recebe o principal do título, acrescido de 
juros até a decretação da falência e correção monetária, esta incidente até o pagamento. Assim, o 
administrador judicial deve pagar os credores com privilégio geral, se houver dinheiro em caixa, após 
o pagamento da totalidade do devido aos credores da massa, aos titulares de direito à restituição em 
dinheiro, aos empregados, aos equiparados e ao fisco e após o exaurimento do produto líquido da 
alienação do bem onerado ou objeto de privilégio especial, no pagamento aos credores não sujeitos 
a rateio. O saldo credor dos titulares de garantia real ou privilégio especial não coberto pelo produto 
líquido da venda do bem onerado ou objeto do privilégio constitui crédito quirografário e, portanto, só 
participa do rateio depois da integral satisfação dos credores com privilégio geral. Uma vez verificada 
essa condição, o administrador judicial passa ao pagamento dos credores quirografários, considerando 
o valor de cada crédito acrescido de juros até a quebra e de correção monetária integral.
Satisfeitos todos os quirografários, se restar ainda dinheiro em caixa, o administradorjudicial 
paga os créditos subquirografários, que compreendem, inicialmente, as multas contratuais e as penas 
pecuniárias e, depois, os credores subordinados.
Se, no momento em que o administrador judicial for dar início aos pagamentos relativos à determinada 
classe de credor sujeito a rateio, o dinheiro existente em caixa for insuficiente à satisfação do total devido 
aos admitidos ou reclassificados na classe em questão, deverá fazer pagamento parcial em favor de cada 
credor, proporcional ao crédito (principal mais juros até a quebra e a correção monetária integral). É o rateio. 
Os credores com privilégio geral, os quirografários e os subquirografários são pagos, sucessivamente, por 
dividendos, cabendo ao administrador judicial efetuar o rateio relativo à classe que está sendo atendida.
f) Credores subquirografários
A terceira subclasse é a dos credores subquirografários, compreende duas subclasses: a os créditos 
por ato ilícito e a dos credores subordinados, cujo pagamento somente pode ser feito após a satisfação 
integral dos credores da falida, inclusive dos juros posteriores à massa. Entre essas subclasses, há 
hierarquia, em razão da qual devem ser atendidos, inicialmente, os créditos por ilícito. Assim, depois de 
pagos os credores quirografários e antes de começar a atender os subordinados, o administrador judicial 
deve proceder ao pagamento das multas contratuais e penas pecuniárias.
Do crédito dos sujeitos privados deve sempre ser destacada a multa contratual para ser atendida 
apenas na subclasse dos subquirografários por ilícito. Imagine que certo fornecedor de insumos da 
sociedade falida mantinha com esta um contrato de fornecimento que estipula multa de 10% sobre o 
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valor devido em caso de inadimplência. Considere que a sociedade não havia pago uma duplicata de R$ 
80,00. Nesse caso, o crédito total do fornecedor – abstraídos outros consectários eventualmente devidos, 
como juros ou correção monetária – é de R$ 88,00. Esse crédito será classificado como quirografário 
na parte correspondente à duplicata que não foi paga. Na parte correspondente à multa contratual, 
não se classifica como tal, mas sim como subquirografário, porque o seu pagamento só deve ocorrer se 
restarem recursos após a quitação de todos os quirografários.
Também integram essa classe de subquirografários por ilícito os créditos de sujeitos públicos 
correspondentes a penas pecuniárias por infração à lei penal ou administrativa, inclusive multas 
tributárias. Desse modo, o administrador judicial deve, por exemplo, pagar o principal devido a título de 
imposto na classe dos créditos fiscais e deixar a multa pelo atraso para pagar apenas após a satisfação 
dos credores quirografários, se tiver sobrado recurso para tanto.
Não são atendidos os créditos derivados de multa contratual ou pena pecuniária se constituídos em 
razão da falência.
A segunda subclasse dos credores subquirografários é a dos subordinados. Ela abrange os créditos cujo 
pagamento somente pode ser feito após a satisfação integral dos credores da falida, inclusive dos juros 
posteriores à massa. Pertencem a essa categoria os debenturistas titulares de debêntures subordinadas, 
na falência da sociedade anônima emissora (art. 58, § 4o, da LSA) e os diretores ou administradores da 
sociedade falida sem vínculo empregatício, bem como sócios da sociedade limitada ou acionista da 
anônima por créditos de qualquer natureza. Por exemplo, se quem titulariza o poder de controle de 
uma companhia, em vez de aportar nela, como capital social, os recursos necessários à exploração do 
objeto social, opta por emprestá-los, em sobrevindo a falência da mutuária, o crédito do controlador é 
classificado como subordinado.
Somente após integral satisfação do valor devido aos credores de uma subclasse é que o 
administrador judicial pode, se sobrarem recursos na massa, pagar os da subclasse subsequente na 
ordem de preferências.
O credor sujeito a rateio está integralmente pago quando recebe o principal do título, acrescido de 
juros até a decretação da falência (art. 26, da LF).
Em resumo, após o pagamento da totalidade do devido aos credores da massa, aos titulares de 
direito à restituição em dinheiro, aos empregados, aos equiparados e ao fisco e após o exaurimento do 
produto líquido da venda do bem onerado ou objeto de privilégio especial, no pagamento dos credores 
não sujeitos a rateio. Lembre-se de que o saldo credor dos titulares de garantia real ou privilégio especial 
não coberto pelo produto líquido da venda dos bens constitui crédito quirografário. O administrador 
judicial deve pagar os credores com privilégio geral, se houver dinheiro em caixa (art. 126, da LF). 
Verificada essa condição, o administrador judicial passa ao pagamento dos credores quirografários, 
considerando o valor de cada crédito acrescido de juros até a quebra e de correção monetária integral. 
Satisfeitos todos os quirografários, se restar ainda dinheiro em caixa, o administrador judicial paga 
os subquirografários.
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Se, no momento em que o administrador judicial for dar início aos pagamentos relativos à 
determinada subclasse de credor sujeito a rateio, o dinheiro existente em caixa não for suficiente à 
satisfação do total devido aos admitidos ou reclassificados, deverá fazer pagamento parcial em favor de 
cada credor, proporcional ao crédito (principal mais juros até a quebra e a correção monetária integral). 
Tal procedimento é considerado rateio (art. 127, da LF).
Juros e correção monetária
A decretação da falência suspende a fluência dos juros, legais ou contratuais (art. 26, da LF). 
Assim, os vencidos até a data da sentença declaratória da falência somam-se ao principal do 
crédito para fins de habilitação. Os juros posteriores à falência ficam suspensos e somente serão 
pagos se sobrarem recursos na massa ativa, depois que todos os credores subordinados da falida 
estiverem integralmente satisfeitos. Isso pressupõe o pagamento integral de credores da massa, 
titulares de direito à restituição em dinheiro, empregados e equiparados, credores com garantia real, 
fisco, privilegiados, quirografários e subordinados. Admitido o credor à falência, seu crédito será 
considerado integralmente pago, em princípio, pelo recebimento do valor habilitado devidamente 
corrigido até a data do pagamento.
Os juros posteriores à falência ficam suspensos e somente serão pagos se sobrarem recursos na 
massa falida, depois que todos os credores quirografários da falida estiverem satisfeitos. Em suma, para 
que o administrador judicial possa fazer o pagamento dos juros posteriores à quebra é necessário que 
todos os credores da falida, exceto os subquirografários, tenham recebido o que lhes é devido com juros 
até a falência e correção monetária até o pagamento.
Diferentemente é a situação do credor com garantia real. Se o produto líquido da venda judicial 
do bem onerado (hipotecado, emprenhado ou caucionado) for suficiente para o pagamento não só do 
principal, acrescido dos juros anteriores e correção monetária, mas também do valor correspondente 
aos juros posteriores à quebra, o administrador judicial deve pagá-los (art. 26, parágrafo único, da LF). 
Contudo, na reclassificação para a classe dos quirografários do saldo do credor do titular de direito 
real de garantia, são excluídos os juros posteriores à decretação da falência. Esses juros passam a ter 
tratamento dispensado aos dos demais credores da falida, ou seja, serão atendidos apenas se houver 
recursos na massa depois de integralmentesatisfeitos os credores quirografários.
g) Sócios ou acionistas
Pagos os credores da falida, no principal corrigido e nos juros, inclusive os posteriores à falência, se 
ainda houver recursos na massa, eles serão entregues aos sócios ou aos acionistas da sociedade falida 
(art. 129, da LF).
Trata-se de hipótese raríssima. É o pagamento na falência que esvazia por completo o caixa da massa. 
Esse desembolso deve ser considerado como partilha judicial do acervo remanescente da sociedade 
dissolvida, tendo em vista que a falência é uma espécie de dissolução. Assim, cada sócio ou acionista 
recebe parcela do saldo de caixa proporcional à participação no capital social da falida.
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Não se confunde o devido aos sócios e aos acionistas em função de sua participação na falida 
com eventual crédito subordinado que titularizasse. Esse último integra o passivo da sociedade falida, 
enquanto o devido em função da participação societária correspondente ao seu patrimônio líquido.
Exercício resolvido:
O que vem a ser falência?
A falência é uma execução concursal dos bens do devedor empresário, pela qual concorrem todos os 
credores para o fim de arrecadar o patrimônio disponível, verificar os créditos, liquidar o ativo e solver 
o passivo, em rateio, observadas as preferências legais.
MÓDULO 2 – ADMINISTRAÇÃO DA FALÊNCIA
1. ADMINISTRAÇÃO DA FALÊNCIA
Compete ao juiz presidir a administração da falência, supervisionando as ações do administrador 
judicial. O juiz é o administrador dos bens da falida, cabendo-lhe autorizar a venda antecipada dos 
bens de fácil deterioração ou custosa conservação, aprovar a prestação de contas do administrador 
judicial, fixar o pagamento dos salários dos auxiliares do administrador judicial, autorizar o aluguel de 
bem arrecadado para renda da massa (quando inexistente o Comitê) etc. Na administração dos bens da 
massa, o juiz é auxiliado por dois agentes: o promotor de justiça e o administrador judicial.
O representante do Ministério Público intervém no concurso de credores como fiscal da lei, por 
exemplo, no pedido de restituição não contestado, como titular de legitimidade ativa para impugnar 
crédito, bem como propor ação revocatória ou rescisória de crédito admitido, como destinatário de 
obrigatória intimação no ato de alienação judicial dos bens da massa etc., ou como parte, por exemplo, 
no oferecimento de denúncia por crime falimentar. Por vezes, aparece na falência como auxiliar do 
juiz na administração dos bens da sociedade falida, ou seja, na manifestação acerca das contas do 
administrador judicial, se houve impugnação por algum interessado.
2. ADMINISTRADOR JUDICIAL
O administrador judicial (pessoa física ou jurídica) é o agente auxiliar do juiz que, em nome próprio 
(tem responsabilidade), deve cumprir com as funções que lhe forem determinadas pela lei.
Além de auxiliar o juiz na administração da falência, o administrador judicial é o representante dos 
interesses dos credores (massa falida subjetiva). Para fins penais, o administrador judicial é considerado 
funcionário público. No plano dos direitos civil e administrativo, ele é agente externo colaborador da 
justiça, da confiança pessoal e direta do juiz que o investiu na função.
De acordo com o art. 21, da lei, o administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente 
advogado, economista, administrador de empresas, contador ou pessoa jurídica especializada.
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Na realidade, deve ser profissional com condições técnicas e experiência para bem desempenhar as 
atribuições cometidas por lei. O ideal é a escolha recair sobre pessoa com conhecimentos ou experiência 
na administração de empresa do porte da falida e, quando necessário, autorizar a contratação de 
advogado para assistir a massa.
O administrador judicial é escolhido pelo juiz e será sempre uma pessoa de sua confiança com a 
incumbência de o auxiliar na administração da massa falida.
Não pode ser nomeado administrador judicial a pessoa impedida por lei especial (juiz, promotor de 
justiça, delegado de polícia, funcionários públicos etc.). Também está impedido aquele que tiver sido 
nomeado administrador judicial ou membro de Comitê em uma outra falência ou recuperação judicial 
nos 5 anos anteriores e foi destituído da função, não prestou as contas nos prazos devidos ou teve 
qualquer uma delas desaprovada. A lei, por fim, impede que seja administrador judicial aquele que tiver 
relação de parentesco ou afinidade até terceiro grau com os administradores da sociedade empresária 
falida, ou deles for amigo, inimigo ou dependente. 
O administrador judicial pode contratar profissionais para auxiliá-lo, solicitando prévia aprovação 
do juiz relativamente à sua remuneração (salário ou honorários). O administrador judicial pode ser 
pessoa física ou jurídica. Trata-se de profissional da inteira confiança do juiz e por ele nomeado com 
observância dos impedimentos legais (parente de administrador da sociedade falida, pessoa condenada 
por crime falimentar ou que não cumpriu a contento a mesma função em outra falência).
Ele tem direito à remuneração arbitrada pelo juiz, geralmente, com base em percentual do valor do 
ativo realizado. Na fixação da remuneração do administrador devem ser levados em conta quatro fatores: 
a) diligência demonstrada pelo administrador e pela qualidade do trabalho devotado ao processo; b) 
importância da massa, isto é, o valor do passivo e a quantidade de credores; c) os valores praticados no 
mercado para trabalho equivalente; d) limite máximo previsto na lei, fixado em percentual de 5% sobre 
o valor de venda dos bens na falência (§ 1o, do art. 24).
A remuneração do administrador judicial ficará reduzida ao limite de 2% (dois por cento), no caso 
de microempresas e empresas de pequeno porte (art. 24, § 5o).
A remuneração do administrador judicial deve ser paga em duas parcelas, a primeira de 40% quando 
do atendimento dos créditos extraconcursais; e a segunda, correspondente a 60%, após a aprovação 
das contas. O administrador judicial tem perante a massa falida crédito extraconcursal, que deve ser 
satisfeito antes das restituições em dinheiro e do pagamento dos credores da sociedade falida. No 
ato em que se procede ao pagamento da primeira parcela da remuneração devida ao administrador 
judicial também se faz a reserva do valor correspondente à segunda parcela. A remuneração não é 
devida ao administrador que renunciar sem relevante razão ou for destituído por desídia, culpa, dolo ou 
descumprimento de suas obrigações. Também não terá direito de ser remunerado se suas contas não 
forem aprovadas (art. 24, § 3o). 
O administrador judicial deve prestar contas de sua administração em duas hipóteses: ordinariamente, 
a cada mês e ao término do processo, e, extraordinariamente, quando deixa as suas funções por 
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substituição ou destituição (art. 22, III, r). Quando deixar de fazê-lo nessas situações, será intimado para 
cumprir a obrigação legal no prazo de 5 dias, sob pena de desobediência (art. 23, caput).
A prestação de contas será autuada em separado e julgada após aviso aos credores e interessados, 
para eventual impugnação em 10 dias. Caso haja impugnação, o juiz determina a realização das 
diligências que considerar cabíveis. Segue-se a oitiva do Ministério Público em 5 dias e a resposta do 
administradorjudicial. Após, o juiz julga as contas apresentadas. Se verificar a ocorrência de desfalque, 
o juiz, na sentença, pode decretar o sequestro de seus bens para garantir indenização à massa. Contudo, 
se não houver impugnação, o juiz julga as contas independente de oitiva do MP e de nova manifestação 
do administrador judicial.
3. ATRIBUIÇÕES DO ADMINISTRADOR JUDICIAL (ARTS. 23 E 33, DA LF)
Cabe ao administrador judicial auxiliar o juiz na administração da falência e representar os interesses 
dos credores. Como auxiliar do juiz, ele deve manifestar-se nos autos sempre que determinado, bem 
como tomar a iniciativa de propor medidas úteis ao bom andamento do processo falimentar. Como 
representante dos credores, deve administrar os bens da massa visando obter a otimização dos recursos 
disponíveis. Sua missão é tentar maximizar o resultado da realização do ativo, ou seja, quanto mais 
dinheiro ingressar na conta da massa falida em função da cobrança dos devedores e venda dos bens do 
falido, maiores serão os recursos disponíveis para o pagamento dos credores. Entretanto, o administrador 
não goza de absoluta autonomia (não pode transigir sobre direito da massa falida sem autorização do 
juiz); mas, nos limites dos atos a ele cometidos pela lei, tem plena responsabilidade. 
Dentre os atos processuais de responsabilidade do administrador judicial, devem ser destacados 
quatro de importância para o desenvolvimento do processo falimentar:
a) Verificação dos créditos (arts. 7o a 20, da LF). A verificação dos créditos na falência é feita pelo 
administrador judicial, cabendo ao juiz decidir apenas as impugnações apresentadas pelos credores 
ou interessados.
b) Relatório inicial (art. 22, III, da LF). Deve ser apresentado nos 40 dias seguintes à assinatura do 
termo de compromisso. Destina-se a examinar as causas e as circunstâncias que acarretaram a 
falência, bem como apresentar uma análise do comportamento do falido com vistas a eventual 
caracterização de crime falimentar, por ele ou outra pessoa, antes ou depois da decretação da 
quebra.
c) Contas mensais (art. 22, III, p, da LF). O administrador judicial deve, até o décimo dia de cada mês, 
apresentar ao juiz para juntar aos autos a prestação de contas relativa ao período mensal anterior. 
Nela devem estar especificadas com clareza a receita e a despesa da massa falida.
d) Relatório final (art. 155, da LF). Deve ser elaborado pelo administrador judicial no prazo de 10 dias 
contados do término da liquidação e do julgamento de suas contas. Contém o valor do ativo e 
do produto de sua realização, bem como o do passivo e dos pagamentos feitos e, se não foram 
totalmente extintas as obrigações do falido, o saldo cabível a cada credor. O relatório final é o 
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documento básico para a extração das certidões com força de título executivo que representam o 
crédito remanescente para o credor exercer seu direito contra codevedores (avalistas ou fiadores 
da sociedade falida).
4. NA RECUPERAÇÃO JUDICIAL
As funções do administrador judicial variam de acordo com dois fatores: caso o comitê, que é órgão 
facultativo, exista ou não; e caso tenha sido ou não decretado o afastamento dos administradores da 
empresa em recuperação.
De acordo com o primeiro fator, instalado o comitê, caberá ao administrador judicial basicamente 
proceder a verificação dos créditos, presidir a assembleia dos credores e fiscalizar a sociedade empresária 
devedora. Não havendo comitê, o administrador assumirá também a competência reservada pela lei a 
esse órgão colegiado, exceto se houver incompatibilidade.
Pelo segundo fator, o administrador judicial é investido no poder de administrar e representar a 
sociedade empresária requerente da recuperação judicial quando o juiz determinar o afastamento dos 
seus diretores, enquanto não for eleito o gestor judicial pela assembleia geral. Não tendo o juiz afastado 
os diretores ou os administradores da sociedade empresária requerente da recuperação judicial, o 
administrador judicial será mero fiscal dela, o responsável pela verificação dos créditos e o presidente 
da assembleia dos credores. 
5. SUBSTITUIÇÃO E DESTITUIÇÃO DO ADMINISTRADOR JUDICIAL
O administrador pode ser substituído ou destituído. No primeiro caso não existe sanção imposta a 
ele, tratando-se de providência imposta pela lei. Já a destituição é sanção imposta ao administrador 
judicial que não cumpriu a contento com suas obrigações inerentes à função ou passou a ter interesses 
conflitantes com os da massa.
São hipóteses para a substituição a renúncia motivada: morte, incapacidade civil ou falência. São 
causas de destituição a inobservância de prazo legal ou o interesse conflitante com o da massa. O 
legislador considera como causa de substituição a recusa em aceitar a nomeação ou a falta de 
compromisso no prazo da lei.
O administrador substituído em razão de renúncia pode ser nomeado para a função em outra 
falência; já a pessoa destituída não poderá mais ser escolhida para o cargo de administrador judicial em 
qualquer outra falência nos 5 anos seguintes (art. 30, da LF).
6. RESPONSABILIDADE DO ADMINISTRADOR JUDICIAL
O administrador responde civilmente por má administração ou infração à lei. Até o término do 
processo falimentar, somente a massa tem legitimidade ativa para responsabilizá-lo, após a sua 
substituição ou destituição.
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FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESA
Durante o processo de falência, o credor não pode isoladamente acionar o administrador judicial, 
já que não é possível separar o seu interesse dos interesses dos demais credores. Até o fim do processo 
de falência, o credor pode apenas requerer a destituição do administrador judicial, tal procedimento 
permite que a massa de credores possa demandar contra o administrador destituído.
Após o processo de falência, qualquer credor que tenha sido prejudicado por má administração 
ou infração à lei, poderá demandar o administrador judicial, desde que tenha requerido, no momento 
oportuno, a sua destituição. Trata-se de requisito indispensável para que o credor individualmente tenha 
legitimidade ativa contra o administrador judicial.
7. ASSEMBLEIA GERAL DOS CREDORES
7.1 Convocação
A assembleia geral de credores é um órgão colegiado de existência obrigatória nos processos de 
recuperação judicial e facultativa nos processos de falência com o objetivo de deliberar sobre qualquer 
matéria que possa afetar os interesses dos credores.
O art. 36, da LF, disciplina sua convocação, mediante edital, pelo juiz, ou por credores, desde que 
a soma de seus créditos represente, pelo menos, 25% do total do passivo da sociedade. A convocação 
deve ser feita por edital no órgão oficial e em jornal de grande circulação nas localidades da sede e 
filiais, com a indicação da ordem do dia, local, data e hora da assembleia, bem como o local em que os 
interessados poderão obter cópia dos documentos a serem votados. Determina a lei também que extrato 
da convocação seja afixado nos estabelecimentos do devedor. Em primeira convocação, o anúncio da 
convocação da assembleia deve ser publicado com a antecedência mínima de 15 dias da data de sua 
realização e, em segunda convocação, deverá ser publicado com a antecedência mínima de 5 dias da 
data programada para a realização da reunião.
As despesas com a convocação e a realização da assembleia correm por conta do devedor ou da 
massa falida.
7.2 Instalação
Em primeira convocação exige-se como quórum de instalação a presença de credores titulares de 
mais da metade do passivo do devedor (em cada classe).

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