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UEM UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL GRUPO DE ENGENHARIA DE TRANSPORTES - GET DEC 712 – ESTRADAS PROJETO GEOMÉTRICO DE VIAS NOTAS DE AULAS PROFa DRa SANDRA ODA MARINGÁ, 2002 1 1 - ESTUDOS DE TRAÇADO 1.1 - INTRODUÇÃO O projeto geométrico consiste no processo de correlacionar os seus elementos físicos com as características de operação, segurança, conforto etc. A construção de uma estrada abre novos horizontes para o desenvolvimento de uma região e a ligação de pólos potencialmen- te ricos através de estradas permite a consolidação da economia regional. Estudos para construção de uma estrada As principais atividades para elaboração de um projeto viário são: • Projeto geométrico; de obras de terra; de terraplenagem; de pavimentação; de drena- gem; de obras de arte correntes; obras de arte especiais; de viabilidade econômica; de desapropriação; de interseções, retornos e acessos; de sinalização; de elementos de se- gurança. • Orçamento de obra e plano de execução • Relatório de impacto ambiental 1.2 - FATORES QUE INFLUEM NA ESCOLHA DO TRAÇADO • TOPOGRAFIA DA REGIÃO: regiões topograficamente desfavoráveis acarretam grandes movi- mentos de terra e consequentemente altos custos para a execução da infra-estrutura da estrada. • CONDIÇÕES GEOLÓGICAS E GEOTÉCNICAS LOCAIS: necessidade de obras adicionais de estabiliza- ção de cortes e aterros executados em terrenos desfavoráveis podem representar custos adicionais. • HIDROLOGIA DA REGIÃO: a escolha de um traçado ruim acarreta na necessidade de obras de arte e obras de drenagem a um custo elevado. • EXISTÊNCIA DE BENFEITORIAS NO LOCAL ESCOLHIDO: problema devido ao aumento dos custos de desapropriação da faixa para a construção da estrada (escolher terrenos de baixo valor). Muitas vezes, determinados traçados podem aumentar os benefícios conseqüentes da cons- trução da estrada, ou seja, pode-se dizer que o traçado é sempre resultado de uma análise de benefícios e custos. 1.3 - FASES DE ESTUDO DA ESTRADA O método clássico utilizado para a escolha do traçado envolve as seguintes fases: reconhe- cimento ou anteprojeto; exploração e projeto final ou definitivo. 2 1.3.1 - RECONHECIMENTO OU ANTEPROJETO Consiste no levantamento e análise de dados da região necessários à definição dos possíveis locais por onde a estrada possa passar: reconhecimento geográfico, topográfico, geológico, econômico e social da região. Nessa fase são definidos os principais obstáculos topográficos, hidrológicos, geológicos ou geotécnicos e escolhidos possíveis locais para o lançamento de ante-projetos. Nessa etapa deve-se estabelecer uma diretriz geral, ou seja, uma reta que liga os pontos extremos do traçado, escolhidos geralmente em função do planejamento. Muitas vezes a definição da diretriz geral é determinada em função de pontos obrigados de condição ou pontos obrigados de passagem (Figura 1.1). Os pontos obrigados de condi- ção são pontos de passagem obrigatório (existência de cidades, portos etc.). Os pontos obrigados de passagem são pontos de passagem mais “favoráveis”, definidos pela exis- tência de obstáculos entre os extremos. Figura 1.1: Pontos obrigados - garganta e obstáculos a contornar Para realizar essa etapa utiliza-se dados obtidos de levantamentos aerofotogramétricos de precisão: restituições aerofotogramétricas em escala 1:10000 (dados topográficos, econô- micos e sociais da região) e através de técnicas modernas de interpretação das fotografias disponíveis. 1.3.2 - EXPLORAÇÃO Consiste no estudo detalhado de uma ou mais faixas de terreno escolhidas para a passagem da estrada. Podem ser determinadas a partir de levantamentos aerofotogramétricos (escala 1:2000 ou 1:1000) e fotografias escala 1:8000 ou topográficos de maior precisão. 3 O resultado dos trabalhos de interpretação das fotografias aéreas fornece informações ge- rais sobre as condições hidrológicas, geológicas e geotécnicas das faixas escolhidas. A partir dessas informações inicia-se o lançamento dos ante-projetos das estradas sobre as plantas topográficas das faixas escolhidas. Geralmente, o lançamento do ante-projeto deve ser feito da seguinte forma: • escolha dos pontos de interseção das tangentes (PI) em planta; • definição das coordenadas dos PI; • marcação das tangentes entre os diversos PI, cálculo do comprimento das tangentes; • escolha dos raios mais convenientes para as curvas circulares, de forma a acomodar a estrada à topografia da faixa, evitando obstáculos conhecidos; • cálculo das coordenadas dos pontos de curva (PC) e pontos de tangência (PT); • cálculo do estaqueamento do traçado (distância entre estacas de 20 m ou 50 m); • levantamento do perfil do terreno sobre o traçado escolhido; • escolha dos pontos de interseção das rampas (PIV) em perfil; • determinação de cotas e estacas dos PIV escolhidos; • escolha das curvas verticais, cálculo de cotas e estacas dos PCV e PTV. 1.3.3 - PROJETO FINAL OU DEFINITIVO É a fase de detalhamento e eventual alteração do ante-projeto escolhido. O detalhamento do ante-projeto consiste na escolha e cálculo de todos os elementos necessários a perfeita definição do projeto em planta, perfil longitudinal e seções transversais. O conjunto desses desenhos finais, acompanhados das tabelas necessárias à locação do projeto no campo, formam o projeto geométrico final. Paralelamente à execução do projeto geométrico são executados projetos de infra-estrutura, super-estrutura da estrada, obras de arte, paisa- gismo, sinalização e serviços. O projeto final é o conjunto de todos os projetos complementares por memórias de cálculo, justificativa de solução e processos adotados, quantificação de serviços, especificações de materiais, métodos de execução e orçamento. 1.3.4 - REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO PROJETO A representação gráfica do projeto geométrico de uma estrada é feita por um conjunto de desenhos denominados: planta, perfil longitudinal e seções transversais. A planta é a re- presentação, em escala conveniente, da projeção da estrada sobre um plano horizontal (Figura 1.2). O perfil longitudinal é a representação, em escala conveniente, da interse- ção da estrada com a superfície cilíndrica vertical que contém o eixo da estrada (Figura 1.3). Seções transversais são representações, em escala conveniente, de cortes da estra- das feitos por planos verticais, perpendiculares ao eixo da estrada. São normalmente localizadas em escalas inteiras e outros pontos onde necessárias (Figura 1.4). 4 Figura 1.2: Planta Figura 1.3: Perfil longitudinal 5 Figura 1.4: Seções transversais - pista dupla 1.4 - CLASSIFICAÇÃO DAS RODOVIAS 1.4.1 - QUANTO À POSIÇÃO GEOGRÁFICA As estradas federais no Brasil recebem o prefixo BR, acrescido de três algarismos, sendo que o primeiro algarismo tem o seguinte significado: 0 → rodovias radiais 1 → rodovias longitudinais 2 → rodovias transversais 3 → rodovias diagonais 4 → rodovias de ligação Os dois outros algarismos indicam a posição da rodovia com relação à capital federal e aos limites extremos do País, de acordo com o seguinte critério: • RADIAIS: partem de Brasília, ligando as capitais e principais cidades. Apresentam numera- ção de 010 a 080, no sentido horário. Ex: BR-040 (Brasília-Rio de Janeiro). • LONGITUDINAIS: têm direção geral norte-sul, sendo que a numeração (de 100 a 199) varia da direita para a esquerda. Em Brasília o número é 150. Ex.: BR-116 (Fortaleza- Jaguarão). • TRANSVERSAIS:têm direção geral leste-oeste, sendo caracterizadas pelo algarismo 2. A numeração varia de 200 no extremo norte do País a 250 em Brasília, indo até 299 no ex- tremo sul. Ex.: BR-230 (Transamazônica). • DIAGONAIS PARES: têm direção geral noroeste-sudeste (NO-SE), sendo que a numeração varia de 300 no extremo nordeste do País a 398 no extremo sudoeste (350 em Brasília). O número é obtido de modo aproximado, por interpolação. Ex.: BR-316 (Belém-Maceió). 6 • DIAGONAIS ÍMPARES: têm direção geral nordeste-sudoeste (NE-SO), e a numeração varia de 301 no extremo noroeste do País a 399 no extremo sudeste. Em Brasília o número é 351. Ex.: BR-319 (Manaus-Porto Velho). • LIGAÇÕES: em geral essas rodovias ligam pontos importantes das outras categorias. A numeração varia de 400 a 450 se a ligação estiver para o norte de Brasília e, 451 a 499, se para o sul de Brasília. Embora sejam estradas de ligação, chegam a ter grandes ex- tensões, como a BR-407, com 1251 km. Já a BR-488 é a menor de todas as rodovias federais com apenas 1 km de extensão. Esta rodovia faz a conexão da BR-116 com o Santuário Nacional de Aparecida, no Estado de São Paulo. 1.4.2 - QUANTO À FUNÇÃO A classificação funcional rodoviária é o processo de agrupar rodovias em sistemas e classes, de acordo com o tipo de serviço que as mesmas proporcionam e as funções que exercem. Quanto à função, as rodovias classificam-se em: • ARTERIAIS: proporcionam alto nível de mobilidade para grandes volumes de tráfego. Sua principal função é atender ao tráfego de longa distância, seja internacional ou interesta- dual. • COLETORAS: atende a núcleos populacionais ou centros geradores de tráfego de menor vulto, não servidos pelo Sistema Arterial. A função deste sistema é proporcionar mobili- dade e acesso dentro de uma área especifica. • LOCAIS: constituído geralmente por rodovias de pequena extensão, destinadas basica- mente a proporcionar acesso ao tráfego intra-municipal de áreas rurais e de pequenas localidades às rodovias mais importantes. 1.4.3 - QUANTO À JURISDIÇÃO • FEDERAIS: é, em geral, uma via arterial e interessa diretamente à Nação, quase sempre percorrendo mais de um Estado. São construídas e mantidas pelo governo federal. • ESTADUAIS: são as que ligam entre si cidades e a capital de um Estado. Atende às necessidades de um Estado, ficando contida em seu território. Têm usualmente a função de arterial ou coletora. • MUNICIPAIS: são as construídas e mantidas pelo governo municipal. São do interesse de um município ou de municípios vizinhos, atendendo ao município que a administra, prin- cipalmente. • VICINAIS: são em geral estradas municipais, pavimentadas ou não, de uma só pista, lo- cais, e de padrão técnico modesto. Promovem a integração demográfica e territorial da região na qual se situam e possibilitam a elevação do nível de renda do setor primário. Podem também ser privadas, no caso de pertencerem a particulares. 1.4.4 - QUANTO ÀS CONDIÇÕES TÉCNICAS As principais características geralmente consideradas nesse tipo de classificação são aquelas 7 que se relacionam diretamente com a operação do tráfego (velocidade, rampas, raios. lar- guras de pista e acostamento, distância de visibilidade, níveis de serviço etc.). Estas por sua vez, são restringidas por considerações de custos, condicionados especialmente pelo relevo. O tráfego, cujo atendimento constitui a principal finalidade da rodovia, é um ele- mentos fundamentais a considerar. Recomenda-se adotar, como critério para classificação técnica de rodovias, o volume de tráfego que deverá utilizar a rodovia no 10o ano após sua abertura ao tráfego. Além do tráfego, a importância e a função da rodovia constituem elementos para seu en- quadramento em determinada classe de projeto. As classes de projeto recomendadas encontram-se resumidas na Tabela 1.1 a seguir. Tabela 1.1 - Classes de Projeto (Áreas Rurais) (Fonte: DNER, 1979) CLASSES DE PROJETO CARACTERÍSTICAS CRITÉRIO DE CLASSIFICAÇÃO TÉCNICA Via Expressa 0 Controle total de acesso Decisão Administrativa Pista dupla A Controle parcial de acesso Os volumes de tráfego previstos ocasionarem níveis de serviço em rodovia de pista simples inferiores aos níveis C ou D Pista simples Volume horário de projeto > 200 I B Controle parcial de acesso Volume médio diário (VDM)> 1400 II Pista simples VDM entre 700 e 1400 III Pista simples VDM entre 300 e 700 A Pista simples VDM(2) entre 50 e 200 IV B Pista simples VDM(2) < 50 1. Os volumes de tráfego bidirecionais indicados referem-se a veículos mistos e são aqueles previstos no 10o ano após a abertura da rodovia ao tráfego. 2. Volumes previstos no ano de abertura ao tráfego. 1.5 - ELEMENTOS BÁSICOS PARA PROJETO GEOMÉTRICO Objetivo: construir uma estrada segura, confortável e eficiente, atendendo os objetivos para os quais foi projetada, comportando um volume e dando condições de escoamento de tráfego que justifiquem o investimento feito. 1.5.1 - VELOCIDADE A velocidade com a qual um determinado veículo percorre a estrada depende das condições e características do veículo, capacidade e vontade do motorista e qualidade da estrada (su- perfície de rolamento), assim como das condições climáticas do momento, volume e condições de escoamento de tráfego do momento, características geométricas do traçado, restrições relativas a velocidades máximas e mínimas da estrada, policiamento e sistema de controle de velocidade dos veículos. 8 a) Velocidade de Projeto (Vp): ou velocidade diretriz, segundo a American Association of State Highway and Transportation Officials (AASHTO), é a máxima velocidade que um veí- culo pode manter, em um trecho da estrada, em condições normais, com segurança. A Vp é fator decisivo na definição do padrão da estrada. A escolha de um maior valor para a Vp irá proporcionar uma estrada de melhor padrão e consequentemente de maior custo, princi- palmente em locais de topografia acidentada. Todas as características geométricas mínimas terão que ser definidas de forma que a estrada em todos os pontos ofereça segurança ao motorista que a trafegue na velocidade de projeto. A velocidade de projeto deve ser coeren- te com a topografia da região e classe de rodovia (Tabela 1.1). Tabela 1.1: Valores de velocidade de projeto recomendados pelo DNER VELOCIDADE DE PROJETO (km/h) CLASSES DE PROJETO PLANA 0NDULADA MONTANHOSA 0 100 100 80 A 100 80 60 I B 100 80 60 II 80 70 50 III 70 60 40 A 60 40 30 IV B 60 40 30 b) Velocidade de Operação (Vo): é a média de velocidade para todo o tráfego ou parte dele, obtida pela soma das distâncias percorridas dividida pelo tempo de percurso. Pode variar com as características geométricas, condição e característica do veículo e motorista, com as condições do pavimento, policiamento e clima. 1.5.2 - VEÍCULOS DE PROJETO A escolha do veículo de projeto deve considerar a composição do tráfego que utiliza ou utili- zará a rodovia, obtida de contagens de tráfego ou de projeções que considerem o futuro desenvolvimento da região. Esses veículos são divididos em quatro grupos básicos (Tabela 1.2), sendo que o predominante no Brasil é o tipo CO: • VP: veículos de passeio, incluindo utilitários, pick-ups, furgões e similares; • CO: veículos comerciais rígidos, incluem os caminhões e ônibus convencionais (de 2 ei- xos e 6 rodas); • O: veículos comerciais rígidos de dimensões maiores que o CO, incluindo os caminhões longos e os ônibus de turismo; • SR: veículo comercial articulado, incluindo o semi-reborque. Tabela 1.2: Dimensões dos veículos de projeto adotados pelo DNERVEÍCULO DE PROJETO CARACTERÍSTICAS DO VEÍCULO VP CO O SR LARGURA TOTAL (m) 2,1 2,6 2,6 2,6 9 COMPRIMENTO TOTAL (m) 5,8 9,1 12,2 16,8 RAIO MÍNIMO DA RODA EXTERNA DIANTEIRA (m) 7,3 12,8 12,8 13,7 RAIO MÍNIMO DA RODA INTERNA TRASEIRA (m) 4,7 8,7 7,1 6,0 1.5.3 - DISTÂNCIA DE VISIBILIDADE A estrada tem que oferecer condições de visibilidade suficientes para que o motorista possa desviar ou parar diante de qualquer obstáculo que possa surgir no seu percurso, ou seja, a segurança da estrada está diretamente relacionada às condições de visibilidade. Alguns va- lores devem ser respeitados para atender essas condições: distância de frenagem (Df) ou distância de visibilidade de parada e distância de ultrapassagem (Du). a) Distância de Frenagem (Df) É a distância mínima para que um veículo que percorre a estrada, na Vp, possa parar, com segurança, antes de atingir um obstáculo em sua trajetória. Para se determinar a distância de frenagem deve-se considerar o tempo de percepção e o tempo de reação do motorista. • Tempo de percepção é o lapso de tempo entre o instante em que um motorista perce- be um obstáculo a sua frente e o instante em que decide iniciar a frenagem (~ 0,7s). • Tempo de reação é o intervalo de tempo entre o instante em que o motorista decide frenar e o instante em que efetivamente inicia a frenagem (~ 0,5 s). Recomenda-se adotar valores para tempo de reação e percepção com um certo fator de segurança: tempo de percepção de 1,5 s, tempo de reação de 1 s, resultando um tempo tr de 2,5 s. onde: D1 = distância percorrida pelo veículo no intervalo de tempo entre o instante em que o motorista vê o obstáculo e o instante em que inicia a frenagem (m) D2 = distância percorrida pelo veículo durante a frenagem (m) Df = D1 + D2 D1 = V.tr = 2,5.V = 2,5. V/3,6 D1 = 0,7V, onde V = velocidade de projeto (km/h) A energia cinética do veículo no início do processo de frenagem deve ser anulada pelo tra- balho da força de atrito ao longo da distância de frenagem. 2 m.V2 = P.f.D2 = m.g.f.D2 ∆Ec = τ.Fa → D1 D2 Df obstáculo 10 2. 9,8. f (V/3,6)2 2.g.f V2 D2 = = 255.f V2 → D2 = 255.f V2 Df = 0,7V + 255.(f+i) V2 Efeito da rampa: D2 255.(f+i) V2 Efeito das rampas sobre a distância de frenagem: Df = 0,7V + O coeficiente de atrito (f) não é o mesmo para todas as velocidades, diminuindo a medida que a velocidade aumenta. As Tabelas 1.3 e 1.4 apresentam os valores de distância de frenagem e coeficiente de atri- to, respectivamente, recomendados pelo DNER (1975). Tabela 1.3: Distância de frenagem Velocidade de projeto (km/h) 50 60 70 80 90 100 110 Distância de frenagem, Df (m) 50 65 81 98 118 138 162 Tabela 1.4: Valores de coeficiente de atrito (f) adotados para projeto Velocidade de projeto (km/h) 50 60 70 80 90 100 110 120 130 Pavimento seco 0,62 0,60 0,59 0,58 0,57 0,56 0,55 0,54 0,53 Pavimento molhado 0,36 0,34 0,32 0,31 0,31 0,30 0,30 0,29 0,28 b) Distância de Visibilidade para Ultrapassagem (Du) Consiste no comprimento de estrada necessário para que um veículo possa executar a ma- nobra de ultrapassagem de outro veículo com segurança. O valor mínimo para Du indica a condição mínima de visibilidade a ser respeitada em alguns trechos da estrada. 1 2 2 2 2 3 3 1 1 1 d1 d2/3 2d2/3 d3 d4 d2 Du Obs: trechos com mais de 2 km sem visibilidade mínima para ultrapassa- gem reduzem a segurança e a capacida- de de tráfego. Hipóteses (AASHTO): V2 = constante V1 = V2 + (m = 16 km/h) 11 Definições: t1 = tempo da manobra inicial t2 = tempo de ocupação da faixa oposta a = aceleração média (km/h/s) d1 = durante o tempo de reação e aceleração inicial d2 = durante o tempo de ocupação da faixa oposta d3 = distância de segurança entre os veículos (1) e (3) d4 = distância percorrida pelo veículo (3), que aparece no instante em que o veículo (1) acha que não tem mais condição de desistir da ultrapassagem Expressões: [Du = d1 + d2 + d3 + d4] onde: d1 = 0,278 . t1 (V1 - m + (a . t1 / 2)) d2 = 0,278 . V1 . t2 d3 = tabelado d4 = (2 . d2) / 3 Tabela 1.5: Valores adotados para cálculo de Du pela AASHTO (1994) Grupo de velocidades (km/h) 50-65 66-80 81-95 96-110 Vel. média de ultrapassagem (km/h) 56 70 84 99 Manobra inicial a (km/h/s) 0,88 0,89 0,92 0,94 t1 (s) 3,6 4,0 4,3 4,5 d1 (m) 45 65 90 110 Ocupação da faixa da esquerda t2 (s) 9,3 10,0 10,7 11,3 d2 (m) 145 195 205 315 Espaço de segurança d3 (m) 30 55 75 90 Veículo que trafega no sentido oposto d4 (m) 95 130 165 210 Du = d1 + d2 + d3 + d4 (m) 315 445 580 725 c) Distância de Segurança entre Dois Veículos (Ds) Sempre que dois veículos estiverem percorrendo a mesma faixa de tráfego no mesmo sen- tido deverá existir entre eles uma distância mínima, de forma que se o veículo da frente frear haja espaço suficiente para que o outro veículo possa também frear e parar sem peri- 12 go de colisão com o veículo da frente. O valor do tempo de percepção e reação (tr) é da ordem de 0,75 s. [Ds = Vp . tr + K . Vp2 + c] onde: tr = 0,75 s (motorista atento, próximo ao veículo da frente) k = 0,003 (diferentes desacelerações: o veículo detrás não percebe, de imediato, a intensidade da frenagem do veículo que vai à frente) c = 8 m (comprimento dos veículos) [Ds = 8 + 0,2 . Vp + 0,003 . Vp2] 1.6 - EXEMPLOS a) Calcular a distância de visibilidade de parada recomendada numa estrada cuja velocida- de de projeto é 100 km/h. b) Calcular a distância de visibilidade de parada excepcional numa estrada cuja velocidade de projeto é 100 km/h. 13 2 - CURVAS HORIZONTAIS CIRCULARES 2.1 - INTRODUÇÃO O traçado em planta de uma estrada deve ser composto de trechos retos concordados com curvas circulares e de transição. • Curvas horizontais: usadas para desviar a estrada de obstáculos que não possam ser vencidos economicamente • Quantidade de curvas: depende da topografia da região, das características geológicas e geotécnicas dos terrenos atravessados e problemas de desapropriação. Para escolha do raio da curva existem dois fatores que limitam os mínimos valores dos raios a serem adotados: • estabilidade dos veículos que percorrem a curva com grande velocidade • mínimas condições de visibilidade tangente tangente AC Rc circular D T PI PT PC AC o 20 m G PONTOS NOTÁVEIS DAS CURVAS HORIZONTAIS Estaca do PC = estaca do PI – T Estaca do PT = estaca do PC + D onde: PI = ponto de interseção das tangentes = ponto de inflexão AC = ângulo central das tangentes = ângulo central da curva T = tangente da curva D = desenvolvimento da curva = comprimento do arco entre PC e PT 2.2 - CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS DAS CURVAS HORIZONTAIS • Grau da Curva (G): ângulo com vértice no ponto o que corresponde a um D de 20 m (uma estaca). 14 G = , para G em graus e Rc em metros = 20x360 2πRc 1146 Rc • Tangente da Curva AC 2 T = Rc .tg , para T em metros e AC em graus • Desenvolvimento (D) da curva circular: comprimento do arco de círculo compreendido entre os pontos PC e PT. 20.AC G D = , para AC e G em graus e D em metrosou π.Rc.AC 180o D = , para AC em graus e D em metros ou D = AC.Rc para Rc e D em metros e AC em radianos 2.3 - ESTABILIDADE DE VEÍCULOS EM CURVAS HORIZONTAIS SUPERELEVADAS α P X Fa R o N Y α superelevação = e = tg α Fc [Fc = (m . V2) / Rc] [Fa = N . ft] [P = m . g] Equilíbrio em X: [Rc = V2 / 127 (e + ft)] [Fa = Fc . cos α] = P . sen α + ft (P. cos α + Fc. sen α)] [Rc = V2 / g (e + ft)] SUPERELEVAÇÃO (e) de uma curva circular é o valor da inclinação transversal da pista em relação ao plano horizontal, ou seja, e = tang α, onde α = ângulo de inclinação transversal do pavimento. • Fc = (m . V2) / Rc • Fa = N . ft (onde ft = coeficiente de atrito transversal) • N = P cos α + Fc sen α • P = m . g Equilíbrio em X: Fa = Fc cos α = P sen α+ ft .N Fc cos α= P sen α + ft (P cos α + Fc sen α) 15 = m.g. tg α + ft .tg α + m.g Rc mV2 Rc mV2 mV2 = Rc.m.g.tg α + f t.m.V2.tg α + f t.m.g.Rc mV2 - f t .m.V2.tg α = Rc.m.g (tg α + f t) mV2 (1 - f t .tg α) = Rc.m.g (tg α + f t) g (tg α + f t) V2. (1 - f t .tg α) Rc = No caso normal da estrada, os valores e=tg α e ft são pequenos e considera-se ft.tg α=0. Rc = V2 (1-0) g (e + ft) Rc = V2 g (e + ft) Adotando-se g = 9,8 m/s2 Rc = V2 9,8 x 3,62 (e + ft) Rc = V2 127 (e + ft) onde: Rc = raio da curva em metros V = velocidade de percurso em km/h e = superelevação ft = coeficiente de atrito transversal pneu-pavimento 2.3.1 - VALORES MÁXIMOS DA SUPERELEVAÇÃO (e) Superelevação excessivamente alta: deslizamento do veículo para o interior da curva ou mesmo tombamento de veículos que percorram a curva com velocidades muito baixas ou parem sobre a curva por qualquer motivo. Os valores máximos adotados para a superelevação no projeto de curvas horizontais (AASHTO, 1994) são determinados em função dos seguintes fatores: • condições climáticas (chuvas, gelo ou neve) • condições topográficas do local • tipo de área: rural ou urbana • freqüência de tráfego lento no trecho considerado Estradas rurais: valor máximo de 12% Vias urbanas: valor máximo de 8% O DNER (1975) recomenda o uso de emáx = 10%. 16 2.3.2 - VALORES MÁXIMOS DO COEFICIENTE DE ATRITO TRANSVERSAL (ft) O máximo valor do coeficiente de atrito transversal é o valor do atrito desenvolvido entre o pneu do veículo e a superfície do pavimento na iminência do escorregamento sempre que o veículo percorre uma curva horizontal circular. Para este veículo, a relação entre a superelevação, coeficiente de atrito e raio é feita com base na análise da estabilidade do veículo na iminência do escorregamento. É usual adotar para o coeficiente de atrito transversal máximo valores bem menores do que os obtidos na iminência do escorregamento, isto é, valores já corrigidos com um coeficiente de segurança. Determinar o ft correspondente à velocidade de segurança das curvas, isto é, a menor velocidade com a qual a força centrífuga criada com o movimento do veículo na curva cause ao motorista ou passageiro a sensação de escorregamento. [ft máx (AASHTO) = 0,19 - V/1600] Valores máximos de coeficiente de atrito transversal, ft máx Velocidade (km/h) 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 ft máx 0,20 0,18 0,16 0,15 0,15 0,14 0,13 0,13 0,12 0,11 Fonte: DNER, 1975 2.4 - RAIO MÍNIMO DAS CURVAS CIRCULARES (Rcmín) As curvas circulares devem atender as seguintes condições mínimas: • garantir a estabilidade dos veículos que percorram a curva na velocidade diretriz; • garantir condições mínimas de visibilidade em toda a curva. RAIO MÍNIMO EM FUNÇÃO DA ESTABILIDADE • relação entre o raio da curva e a superelevação de um veículo que trafega por uma curva circular de raio Rc: Rc = V2 127 (e + ft) Na iminência do escorregamento, o menor raio adotando-se para a superelevação e o coeficiente de atrito lateral seus valores máximos admitidos: 127 (emáx + ftmáx) V2 Rcmín = onde: Rcmín = raio mínimo V = velocidade diretriz emáx = máximo valor da superelevação ftmáx = máximo valor do coeficiente de atrito lateral 17 2.5 - CONDIÇÕES MÍNIMAS DE VISIBILIDADE NAS CURVAS HORIZONTAIS Todas as curvas horizontais de um traçado devem necessariamente assegurar a visibilidade a uma distância (Figura 2.1) não inferior à distância de frenagem (Df). Distância de frenagem (Df) é a mínima distância necessária para que um veículo que percorra a estrada na velocidade de projeto possa parar, com segurança, antes de atingir um obstáculo na sua trajetória. f ± i V2 Df = 0,69V + 0,0039 onde: Df = Distância de frenagem em metros V = velocidade de projeto em km/h ft = coeficiente de atrito longitudinal pneu x pavimento i = inclinação longitudinal do trecho (rampa) A A M Pista Talude Rc B C 0,75 m M Seção Transversal AA M > Rc [1 - cos(Df / 2 Rc)] Arco BC > Df Figura 2.1: Condições mínimas de visiblidade em curvas 2.6 – LOCAÇÃO DE CURVAS CIRCULARES POR DEFLEXÃO Figura 2.2: Deflexões e cordas 18 2.6.1 – DEFLEXÃO SUCESSIVA É o ângulo que a visada a cada estaca forma com a tangente ou com a visada da estaca anterior. A primeira deflexão sucessiva (d1 ou ds1) é obtida pelo produto da deflexão por metro (dm) pela distância entre o PC e a primeira estaca inteira dentro da curva (20 – a), de acordo com a seguinte expressão: ds1 = (20 – a) . G 2c A última deflexão sucessiva (dsPT = dPT) é calculada multiplicando-se a deflexão por metro pela distância entre o PT e a última estaca inteira dentro da curva: dsPT = b . G 2c As demais deflexões são calculadas pela seguinte expressão: ds = d = G 2 Figura 2.3: Locação de curva circular simples 2.6.2 – DEFLEXÕES ACUMULADAS da1 = ds1 = (20 – a) . G 2c da2 = ds1 + ds2 = (20 – a) . + G 2c G 2 da3 = ds1 + ds2 + ds3 = (20 – a) . + + G 2c G 2 G 2 M dan-1 = ds1 + ds2 +...+ dsn-1 = (20 – a). + +...+ = (20 – a) . + (n – 2) . G 2c G 2 G 2 G 2 G 2c dan = daPT = (20 – a) . + (n – 2) . + b . G 2c G 2 G 2c 19 Tabela de Locação de curvas circulares simples ESTACAS DEFLEXÕES SUCESSIVAS DEFLEXÕES ACUMULADAS PC = x + a 0o 0o 1 ds1 da1 2 ds2 da2 3 ds3 da3 M M M PT = y + b dsPT daPT = AC/2 2.7 - EXEMPLO Numa curva horizontal circular simples temos: estaca do PI = 180 + 4,12 m, AC = 45,5o e Rc = 171,98 m. Determinar os elementos T, D, G20, d, dm e as estacas do PC e do PT. Construir a tabela de locação da curva. 20 EXERCÍCIOS SOBRE CURVAS HORIZONTAIS 1) Calcular o menor raio que pode ser usado com segurança em uma curva horizontal de rodovia, com velocidade de projeto igual a 60 km/h, em imediações de cidade. 2) Calcular a superelevação, pelo método da AASHTO, no trecho circular das seguintes curvas, sendo Vp = 100 km/h e emáx = 10%. R1 = 521,00 m R2 = 345,00 m R3 = 1.348,24 m 3) Para a curva 1 do exercício anterior, calcular: a) o coeficiente de atrito que efetivamente está sendo "utilizado";b) a superelevação e o coeficiente de atrito quando da operação na condição de maior conforto. 4) Em uma curva circular são conhecidos os seguintes elementos: PI = 148 + 5,60 m, AC = 22° e R = 600,00 m. Calcular a tangente, o desenvolvimento, o grau e as estacas do PC e PT, sendo uma estaca igual a 20 metros. PC PT PI AC 5) Calcular a tabela de locação para a curva do exercício anterior. 6) Em um trecho de rodovia tem-se duas curvas circulares simples. A primeira começando na estaca (10 + 0,00 m) e terminando na estaca (20 + 9,43 m), com 300,00m de raio, e a segunda começando na estaca (35 + 14,61 m) e terminando na estaca (75 + 0,00 m), com 1.500 m de raio. Desejando-se aumentar o raio da primeira curva para 600,00 m, sem alterar a extensão total do trecho, qual deve ser o raio da segunda curva? 7) No traçado abaixo, sendo as curvas circulares, calcular a extensão do trecho, as estacas dos PI’s e a estaca final do traçado. 21 R1 = 1.200,00 m R2 = 1.600,00 m 46o est. Zero 1.080,00 m 30o 2.141,25 m 1.809,10 m 8) Em um traçado com curvas horizontais circulares, conforme esquema abaixo, considerando R1 = R2: a) qual o maior raio possível? b) qual o maior raio que se consegue usar, deixando um trecho reto de 80 metros entre as curvas? AC1 = 40o AC2 = 28o 720,00 m 9) Deseja-se projetar um ramo de cruzamento com duas curvas circulares reversas, conforme figura abaixo. A estaca zero do ramo coincide com a estaca 820 e o PT2 coincide com a estaca (837 + 1,42 m) da estrada tronco. Calcular os valores de R1, R2, PI2 e PT2. R1 PT2 PC1 = 0+0,00 m PT1 = PC2 AC1 = 45 o Estaca 820 Estaca 837 + 1,42 m R2 AC2 = 135 o Estrada Tronco 10) A figura abaixo mostra a planta de um traçado com duas curvas circulares. Calcular as estacas dos pontos notáveis das curvas (PC, PI e PT) e a estaca inicial do traçado, sabendo que a estaca do ponto F é 540 + 15,00 metros. 22 F A R2 = 1500,00 m AC2 = 35o R1 = 1100,00 m 1000,00 m 2200,00 m 1800,00 m AC1 = 40o PI1 PI2 23 3 - CURVAS HORIZONTAIS COM TRANSIÇÃO 3.1 - INTRODUÇÃO A descontinuidade da curvatura que existe no ponto de passagem da tangente para a circular (ponto PC) ou da circular para a tangente (ponto PT) não pode ser aceita em um traçado racional. Na passagem do trecho em tangente para o trecho circular e vice-versa, deverá existir um trecho com curvatura progressiva para cumprir as seguintes funções: • permitir uma variação progressiva da superelevação, teoricamente nula nos trechos retos e constante no trecho circular; • possibilitar uma variação contínua de aceleração centrípeta na passagem da tangente para o trecho circular; • proporcionar um traçado fluente, sem impressão de descontinuidade da curvatura e esteticamente agradável, graças à variação suave da curvatura. Essas curvas de curvatura progressiva são chamadas de curva de transição e são curvas cujo raio instantâneo varia em cada ponto desde o valor Rc (na concordância com o trecho circular de raio Rc) até o valor infinito (na concordância com o trecho em tangente). Os principais tipos de curvas usadas para a transição são: Y X 45º θ P R L O [R . L = K] Clotóide ou Espiral (Raio Variável) Lemniscata [R . p = K] p Y X Parábola Cúbica [y = a . x3] variação linear da curvatura única que possibilita giro constante do volante: C = L / K 24 Embora mais trabalhosa, a espiral é a curva que melhor atende as exigências de um traçado racional. A espiral é a curva descrita por um veículo que trafega a uma velocidade constante, enquanto o motorista gira o seu volante a uma velocidade angular constante. Y 45o R L P θ o X Equação da Espiral RL = N Para um ponto P genérico: L = comprimento da curva desde a origem até o ponto P. R = raio instantâneo no ponto P N = parâmetro da espiral (constante) 3.2 - COMPRIMENTO DA TRANSIÇÃO (Ls) O valor da constante N está relacionada ao valor do comprimento de transição (Ls) a ser adotado para a curva. A condição necessária à concordância da transição com a circular impõe: RcLs = N. Com o valor do raio da curva circular (Rc) e o valor adotado para o comprimento de transição (Ls), define-se o valor da constante N. O valor do comprimento de transição Ls a ser adotado será necessariamente um valor compreendido entre os limites: Lsmin e Lsmáx. 3.2.1 - VALORES MÍNIMOS E MÁXIMOS DO COMPRIMENTO DE TRANSIÇÃO a - Valor Mínimo do Comprimento de Transição (Lsmín) A determinação do Lsmín é feita de forma que a variação da aceleração centrípeta (ac) que atua sobre um veículo que percorra a transição com uma velocidade (V) constante, não ultrapasse valores confortáveis. A variação confortável da aceleração centrípeta por unidade de tempo (J) não deve ultrapassar o valor de 0,6 m/s3. Para um veículo que percorra a curva de transição com velocidade constante em um tempo ts, a variação da aceleração centrípeta será: J.Rc V = Ls ou Ls / V /Rc V ts ac J 3 2 = = Adotando-se Jmáx=0,6 m/s 3, determina-se o valor do comprimento de transição correspondente a essa variação máxima de aceleração centrípeta: Ls = V 0,6.Rc ou min 3 Ls = 0 , 036 V Rc min 3 onde Lsmín = mínimo comprimento de transição em metros Rc = raio do trecho circular em metros V = velocidade em km/h 25 O valor de Ls está sujeito à limitações superiores: • quando existem outras curvas horizontais nas proximidades da curva estudada, o Ls adotado deverá ser tal que não interfira com as curvas imediatamente anterior e/ou posterior. • para que as curvas de transição não se cruzem, o valor adotado de Ls não pode ultrapassar o valor de Lsmáx correspondente ao valor nulo do desenvolvimento do trecho circular, isto é, quando os pontos SC e CS são coincidentes. b - Valor Máximo do Comprimento de Transição (Lsmáx) Condição de máximo comprimento de transição (δ = 0) δ = AC - 2θs para δ = 0 → AC = 2θs ou θsmáx = AC/2 onde θsmáx = máximo valor do ângulo de transição Lsmáx = 2 Rc. θsmáx → Lsmáx = Rc. AC (em metros) Rc = raio do trecho circular em metros AC = ângulo central em radianos 3.2.2. - ESCOLHA DO VALOR DE Ls A escolha de comprimento de transição (Ls) muito grandes, geram grande valores de p (afastamento da curva circular), criando um deslocamento do trecho circular em relação à sua posição primitiva, excessivamente grande. Por isso é recomendado o uso de um valor mínimo para a variação da aceleração centrípeta (Jmín) e um comprimento de transição que não ultrapasse ao valor (Ls) obtido com o uso desse Jmín. Geralmente, recomenda-se adotar um valor para Ls igual a duas vezes o valor do Lsmín calculado, ou seja Ls = 2.Lsmín. 3.3 - ESPIRAL DE TRANSIÇÃO (Clotóide) Cálculo dos elementos necessários à definição da curva SC θ y d θ L dL x dy Y X dx ESPIRAL TS 26 Sendo Ls o comprimento de transição e Rc o raio do trecho circular temos: RL = N = RcLs dL = R dθ R = N/L N L dL = dθ ⇒ 2Rc Ls L = 2N L = 2 2 θ dx = dL.cos θ dy = dL.sen θ Desenvolvendo-se sen θ e cos θ em série e integrando: θ θ ....... - + 10 - 1 L = X 216 4 2 θ θ θ .......- 1320 + 42 - 3 L = Y 5 3 No ponto SC quando L = Ls (ponto de concordância da espiral com a circular) θ 2Rc Ls = s θ θ ....... - s + 10 s - 1 Ls = Xs 216 4 2 θ θ θ ....... - 1320 s + 42 s - 3 s Ls = Ys 5 3 Resta o problema da localização da espiral na curva de forma que haja concordância da transição com o trecho reto (tangente) no ponto TS e com o trecho circular no ponto SC. 3.4 - LOCALIZAÇÃO DA TRANSIÇÃO NA CURVA HORIZONTAL Para isso há necessidade do afastamento da curva em relação à tangente, para a introdução da espiral. Esse afastamento que tem um valor determinado (p) pode ser obtido de três maneiras diferentes: • com a redução do raio Rc da curva circular para o valor (Rc - p), mantendo-se o mesmo centro (o) da curva circular (método do centro conservado). • mantendo-se a curva circular na sua posição original e afastando-se a tangente a uma distância (p) da curva circular (método do raio e centro conservados). • afastando-se o centro (o) da curva circular para uma nova posição (o'), de forma que se consiga o afastamento (p) desejado, conservando-se o raio Rc da curva circular (método do raio conservado). 27 PI PC PT O p Rc PI PC PT O Rc - p p Rc método do centro conservado método do raio e centro conservados PI PC PT O O' Rc Rc método do raio conservado PI p (só o centro desloca-se) O método do raio conservado é geralmente o mais usado, pois apresenta as vantagens de não alterar o raio (Rc) pré-estabelecido para a curva circular e de não alterar a posição das tangentes (traz como conseqüência a modificação do traçado e a alteração das curvas imediatamente anterior e posterior à curva estudada). Com os valores de Xs, Ys e θs e escolhido o método de afastamento, define-se a posição da transição em relação à curva circular. Para isso, determina-se o valor do afastamento da curva circular (p) e a distância dos pontos TS e ST ao PI (TT). 3.5 - CURVAS HORIZONTAIS COM TRANSIÇÃO AC PI Y p SC AC E k Xs Ys TT A ST CS TS X δ θ s AC/2 O’ Rc 28 O’ = centro do trecho circular afastado p = afastamento da curva circular PI = ponto de interseção das tangentes δ = ângulo central do trecho circular Xs = abscissa dos pontos SC e CS X = abscissa de um ponto genérico A Ys = ordenada dos pontos SC e CS Y = ordenada de um ponto genérico A k = abscissa do centro (O’) da curva circular θs = ângulo da transição TT = distância do TS ou ST ao PI = tangente total AC = deflexão das tangentes = ângulo central p = Ys – Rc (1 – cos θs) pontos de concordância: TS = tangente-espiral k = Xs – Rc sen θs SC = espiral-circular TT = k + (Rc + p) tang AC/2 CS = circular-espiral E = [(Rc + p) / cos AC/2] – Rc ST = espiral-tangente 3.6 - ESTAQUEAMENTO E LOCAÇÃO DAS TRANSIÇÕES TS ST TT K PI AC δ θ s θ s Ls Dc O O' AC SC CS p E Rc TS SC s θ Ls Xs Ys Estacas: {[SC] = [TS] + Ls} {[CS] = [SC] + Dc} {[ST] = [CS] + Ls} {[TS] = [PI] - TT} Aproximações: [K ≅ Ls / 2] [Xs ≅ Ls] [TT ≅ Ls / 2 + Rc . tg (AC / 2)] [p ≅ Ys / 4] [dL = R . dθ] [dL = (K / L) . dθ] [dθ = dL . L / K] [θ = L2 / 2 K] [θ = L2 / 2 (Ls . Rc)] 3.6.1 - CÁLCULO DAS ESTACAS DOS PONTOS TS, SC, CS E ST Definida a estaca do ponto de interseções das tangentes (PI) teremos: estaca do TS = estaca do PI - TT estaca do SC = estaca do TS + Ls estaca do CS = estaca do SC - D estaca do ST = estaca do CS + Ls onde D = desenvolvimento do trecho circular D = Rc. δ no caso de espirais simétricas (mesmo comprimento Ls) δ = AC - 2θs D = Rc (AC - 2θs) obs: necessariamente D ≥ 0 29 3.6.2 - EXECUÇÃO DE TABELA DE DADOS PARA A LOCAÇÃO DAS ESPIRAIS Ys p js PI SC X Xs TT TS Y θ s c is i θ θ ....... - + 10 - 1 L = X 216 4 2 θ θ θ ....... - 1320 + 42 - 3 L = Y 5 3 i = arc tang Y/X is = arc tang Ys/Xs c = Xs / cos is js = θs – is TABELA DE LOCAÇÃO ESTACA INTEIRA FRAÇÃO L X Y i TS : SC Ls Xs Ys is 30 EXERCÍCIOS SOBRE CURVAS HORIZONTAIS COM TRANSIÇÃO 1. Projeta-se uma rodovia para Vp = 100 km/h . Calcular os comprimentos de transição mínimo, máximo e desejável para uma curva horizontal cujo raio no trecho circular é 600,00 m, sendo a superelevação de 9% e o ângulo central igual a 60°. 2. Com os dados do exercício anterior e adotando-se Ls = 120,00 m, calcular os elementos da curva, fazendo um croquis para indicar: θs, Xs, Ys, K, p e TT. 3. Ainda com os dados do exercício anterior e sabendo-se que a estaca do PI é igual a 847+12,20 m, calcular as estacas do TS, SC, CS e ST. 4. Fazer a tabela de locação para a primeira espiral do exercício anterior. 5. Em uma curva de trevo, conforme esquema abaixo, tem-se Rc = 50,00 m e Ls = 60,00 m. A estaca da estrada A no cruzamento é 122+15,54 m. Calcular os quatro pontos notáveis, adotando-se estaqueamento em continuação à estrada A e até o ST da curva. [122 + 15,54] A Ls 120 122 121 110o 70o Ls B 31 4 – SEÇÃO TRANSVERSAL 4.1 – ELEMENTOS BÁSICOS – DIMENSÕES Perpendicularmente ao eixo, a estrada pode ser constiutída pelos seguintes elementos: faixa de tráfego, pista de rolamento, acostamentos, taludes laterais, plataforma, espaços para drenagem, separador central, guias, faixa de domínio, pistas duplas independentes. 4.1.1 - FAIXAS DE TRÁFEGO E PISTAS DE ROLAMENTO Faixa de tráfego é o espaço destinado ao fluxo de uma corrente de veículos. Pista de rolamento é o conjunto de duas ou mais faixas de tráfego. A largura de uma pista é a soma das larguras das faixas de tráfego que a compõe, a largura de cada faixa deverá ser a largura do veículo padrão acrescida de um espaço de segurança. Tabela 4.1 - Largura das faixas de tráfego (m) – DNER, 1975 Classificação das Rodovias TERRENO Classe 0 Classe I Classe II Classe III Classe IV Plano 3,75 3,60 3,60 3,60 3,50 – 3,30 Ondulado 3,75 3,60 3,50 3,50 3,50 – 3,30 Montanhoso 3,60 3,60 3,50 3,30 3,30 – 3,00 4.1.2 - ACOSTAMENTOS São faixas laterais, do lado externo das pistas, destinadas a paradas de emergência dos veículos. A inclinação transversal deve variar de 3 a 5% dependendo do tipo de revestimento do acostamento. Trechos em tangente: inclinação deve ser sempre maior que a da pista contígua. Trechos em curva superelevada: o acostamento do lado interno da curva pode manter a inclinação normal e do lado externo da curva deve ser inclinado para fora com inclinação mínima de 2%. Quando a diferença algébrica de inclinação entre acostamento e pista ultrapassar 7%, isto é, quando a superelevação da pista for maior que 5% o acostamento externo deve ser inclinado no mesmo sentido da pista. Trechos de pista superelevada: inclinação transversal de acostamento e pista com sentidos opostos é recomendado o arredondamento do bordo do acostamento de forma a evitar a configuração de um vértice acentuado. 32 Tabela 4.2 - Largura do acostamentodireto (m) – DNER, 1975 Classificação das Rodovias TERRENO Classe 0 Classe I Classe II Classe III Classe IV Plano 3,50 3,50 3,00 2,50 2,00 Ondulado 3,00 2,50 2,50 2,00 2,00 – 1,50 Montanhoso 3,00 2,50 2,00 2,00 1,50 – 1,20 Tabela 4.3 - Largura do acostamento esquerdo (m) – DNER, 1975 Pistas de mão única – Classe 0 ou I Número de faixas TERRENO 2 3 4 Plano 0,60 3,00 – 2,50 3,00 Ondulado 0,60 2,50 – 2,00 3,00 Montanhoso 0,50 2,50 – 2,00 3,00 – 2,50 4.1.3 – TALUDES LATERAIS Em taludes pequenos deve-se usar inclinações suaves, acomodando os taludes ao terreno natural de forma contínua, sem variações bruscas de declividade. Quando os cortes ou os aterros são baixos, menores que 5 m, o uso de inclinações suaves nos taludes não implica aumentos significativos no movimento de terra, mas aumenta a segurança da estrada, melhora as condições de visibilidade nas curvas em corte e oferece melhores condições para o plantio de grama e o paisagismo na faixa de domínio. Os taludes com inclinação 1:4 arredondados nas concordâncias com a plataforma da estrada e com o terreno natural são uma boa solução (Figura 4.1 – PIMENTA e OLIVEIRA, 2001). Figura 4.1: Esquema de talude (Fonte: PIMENTA e OLIVEIRA, 2001) No entanto, quando os taludes de corte e aterro são altos, o uso de taludes suaves acarreta aumento significativo do movimento de terra e conseqüente aumento no custo de construção da estrada. Nesses casos, é necessária uma análise especifica para a escolha de uma inclinação adequada. No caso de taludes de corte, a inclinação deve ser definida em função das características do solo a ser escavado; no caso de aterros, em função do material e do grau de compactação adotado. Em ambos os casos, deve ser garantida a estabilidade da estrada sem criar custos desnecessários (PIMENTA e OLIVEIRA, 2001). 33 4.1.4 - PLATAFORMA Denomina-se plataforma o espaço compreendido entre os pontos iniciais dos taludes, isto é, a base do talude no caso de corte e o topo do talude no caso de aterro. A plataforma contém pistas, acostamentos, espaços para drenagem e separador central no caso de pistas duplas. 4.1.5 - ESPAÇO PARA DRENAGEM A vida do pavimento está intimamente ligada a existência de uma drenagem eficiente que escoe para fora da estrada a água superficial em razão das chuvas e impeça a eventual chegada de águas subterrâneas à base do pavimento. É necessário que haja espaços suficientes na plataforma para a implantação de dispositivos adequados de drenagem. Nas estradas de pista simples é recomendado que sejam deixados espaços de 1,0 m adjacentes aos acostamentos. Nas de pista dupla, além dos espaços laterais, são colocados dispositivos de drenagem ao longo do canteiro central (PIMENTA e OLIVEIRA, 2001). 4.1.6 - GUIAS As guias são usadas para auxiliar a drenagem, delinear e proteger as bordas do pavimento, melhorando a estética da estrada e reduzindo os custos de manutenção. São recomendadas para rodovias em áreas urbanas, onde a execução de valetas laterais é inviável. Nas áreas rurais, não é aconselhável o uso de guias. Dependendo do tipo e da posição, podem afetar a segurança e prejudicar o uso da estrada, pois, muitas vezes, dificultam o escoamento da água superficial. Em estradas com guias, as curvas verticais convexas deverão ter no máximo 5.000 m de raio para garantir o adequado escoamento de água nas proximidades do vértice da curva (PIMENTA e OLIVEIRA, 2001). 4.1.7 - SEPARADORES CENTRAIS A função dos separadores centrais é isolar as correntes de tráfego opostas. Devem ter largura suficiente (no mínimo de 1,5 em regiões montanhosas e de 3,0 m em regiões onduladas ou planas, Tabela 4.4) para a construção de dispositivos de separação de tráfego e redução dos efeitos do ofuscamento noturno. Devem ser analisados os custos de implantação dos separadores centrais, muitas vezes são economicamente inviáveis. O tipo de seção transversal do separador depende de alguns fatores: largura disponível, tráfego, necessidade de dispositivos de drenagem e de defensas etc. Tabela 4.4 - Larguras dos separadores centrais (m) – DNER, 1975 LARGURA TIPO até 3 m em nível, pavimentado ou gramado com meio-fio elevado e defensa de 3 a 5 m abaulado ou com depressão, pavimentado ou gramado de 5 a 20 m com depressão, inclinação transversal 4-1, gramado, drenagem central 34 4.1.8 - FAIXAS DE DOMÍNIO É a faixa de terra destinada à construção, operação e futuras ampliações da estrada. Deve ser definida de forma a oferecer o espaço necessário à construção da estrada, incluindo saias de cortes e aterros, obras complementares etc e uma folga mínima de 10 m de cada lado da estrada. As faixas devem ter larguras constantes para cada trecho da estrada e respeitar os valores mínimos estabelecidos pelas “Normas de Projeto das Estradas de Rodagem” (Tabela 4.5). Tabela 4.5 - Faixas de domínio mínimas (m) – DNER, 1975 Classificação das Rodovias TERRENO Classe Especial Classe I Classe II Classe III Plano - 60 30 30 Ondulado - 70 40 40 Montanhoso - 80 50 50 4.1.9 - PISTAS DUPLAS INDEPENDENTES Em estradas projetadas em regiões onduladas ou montanhosas, a execução de um traçado para cada pista reduz problemas de ofuscamento e o custo de infra-estrutura, pois proporcionam maior liberdade para escolha de soluções mais econômicas para cada pista. 4.2 – SEÇÃO TRANSVERSAL Seção transversal é o corte da estrada feito por um plano vertical ao eixo, define e posiciona os diversos elementos que compõem a estrada. Os elementos geométricos que compões a seção transversal de uma estrada e suas dimensões são escolhidos e determinados em função do volume e características do tráfego, classe e importância da estrada e condições mínimas de segurança. Os elementos básicos são: faixas de tráfego, pistas, acostamentos, separadores centrais e faixas para drenagem formando a plataforma da estrada, além de taludes dos cortes e aterros e faixa de domínio. 4.3 - INCLINAÇÃO TRANSVERSAL DAS PISTAS Nos trechos em tangente, as pistas devem ter uma inclinação transversal mínima de 2% para escoamento de águas superficiais (chuvas), a partir do eixo, caindo para os dois lados de forma a reduzir a distância de percurso das águas superficiais (Figura 4.2). Nos trechos em curva a pista deverá ter a superelevação de projeto (Figura 4.3). 35 Figura 4.2: Rodovia de pista única – seção tipo (Fonte: PIMENTA e OLIVEIRA, 2001) Figura 4.3: Rodovia de pista dupla – seção tipo (Fonte: PIMENTA e OLIVEIRA, 2001) Os acostamentos devem, sempre que possível, ter inclinação transversal major que a da pista, de forma a colaborar com a saída das águas pluviais (Figura 4.4). Acostamentos pavimentados devem ter inclinação (e) entre 2 e 5% e os não-pavimentados, entre 4 e 6% (Figura 4.5). Figura 4.4: Inclinação transversal dos acostamentos (Fonte: PIMENTA e OLIVEIRA, 2001) A inclinação do acostamento interno pode ser de duas formas: acompanhar a mesma inclinação da pista, respeitando o valor mínimo estabelecido para o trecho em tangente (normalmente 5%) ou manter a inclinação utilizada nos trechos em tangente. A primeira alternativa apresenta a vantagem de proporcionar um melhor escoamento de águas pluviais, porém pode comprometer o conforto ou ate mesmo a segurança de veículos altos que eventualmente parem no acostamento. A segunda alternativa é menos eficiente quanto ao escoamento de águas superficiais, porém mais eficiente quanto à segurança. O acostamento externo normalmente deverá ter inclinação oposta a da pista, não inferior aos valores mínimosestabelecidos, criando um adequado escoamento das águas pluviais, evitando que a água que cai sobre o acostamento corra sobre a pista. Nesse caso, o 36 acostamento deverá ter um trecho arredondado de aproximadamente 1,20 m para eliminar a brusca mudança de inclinação na passagem da pista para o acostamento (Figura 4.5). Figura 4.5: Seção inclinada – pista simples – e ≤ 4% (Fonte: PIMENTA e OLIVEIRA, 2001) Quando a diferença algébrica entre as inclinações da pista e do acostamento externo for maior que 8%, é melhor que as inclinações tenham o mesmo sentido. Dessa forma, parte da água da chuva que cai no acostamento escoará sobre a pista, o que não é desejável, mas essa alternativa evita a grande mudança de inclinação que pode comprometer a segurança (Figura 4.6). Figura 4.6: Seção inclinada – pista simples – e ≤ 6% (Fonte: PIMENTA e OLIVEIRA, 2001) Estradas com pista dupla Nos trechos em tangente, uma possibilidade é adotar para cada pista uma das alternativas propostas para o caso de pista simples (Figura 4.7). Essa alternativa proporciona maior rapidez no escoamento de águas da chuva e menor diferença entre cotas da pista, sendo indicada, principalmente, para áreas sujeitas a muitas chuvas ou chuvas fortes. Figura 4.7: Seção tipo – pista dupla (Fonte: PIMENTA e OLIVEIRA, 2001) Outra alternativa é o uso de pistas com declividade única (Figura 4.8). Como nas pistas com sentido único de tráfego, os veículos mudam constantemente de faixa, essa alternativa elimina a mudança de inclinação transversal na passagem de uma faixa para outra. 37 Figura 4.8: Seções normais – pista dupla (Fonte: PIMENTA e OLIVEIRA, 2001) Pistas com mais de duas faixas de tráfego com inclinação para o mesmo lado devem ter, nos trechos em tangente, inclinação de 2% nas duas primeiras faixas (no sentido do escoamento de água) e um acréscimo de 0,5% a 1% para cada conjunto de duas faixas, de forma a facilitar o escoamento das águas pluviais (Figura 4.9). Nos trechos em curva, além desse acréscimo, poderá ser aumentada a inclinação das faixas da esquerda, considerando que, normalmente, são ocupadas pelos veículos mais rápidos. Figura 4.9: Seção inclinada – pista de múltiplas faixas (Fonte: PIMENTA e OLIVEIRA, 2001) Nas estradas com pista dupla também são necessárias faixas de segurança junto as faixas de tráfego mais a esquerda (no sentido do tráfego). Pistas com mais de duas faixas podem ter acostamentos no lugar das faixas de segurança. Esses acostamentos destinam-se ao uso dos veículos que trafegam pela faixa da esquerda. A Tabela 4.3 propõe valores para a largura desses acostamentos (PIMENTA e OLIVEIRA, 2001). 38 5 – SUPERELEVAÇÃO 5.1 - INTRODUÇÃO Superelevação é a inclinação transversal necessária nas curvas a fim de combater a força centrífuga desenvolvida nos veículos e dificultar a derrapagem. É função do raio de curvatura e da velocidade do veículo. A velocidade V, o raio R, a superelevação e, bem como o coeficiente de atrito f constituem um conjunto de valores interrelacionados, cuja inclinação é expressa pela seguinte fórmula: - ft g.Rc V2e = Dada uma velocidade V e escolhido o raio R o valor para a superelevação e deverá estar compreendido entre os seguintes valores (obedecendo a relação emáx > e1 > e2 > 0): 127.Rc V2e1 = ft = 0: o veículo é equilibrado exclusivamente pelo efeito da superelevação, não existindo atrito lateral 127.Rc V2 e2 = - fmáx ft = fmáx: o veículo é equilibrado com a contribuição de todo o atrito lateral possível Conforto máximo (para V=Vp), mas ft cresce bruscamente para Rc< Rr ft = 0 veículos lentos ft = ft máx [Gr] Rr = Vo 2/g.emáx Parábola da AASHTO emáx e G [e = (V2/g).G - ft Dessa forma, pode-se concluir que existe uma faixa de valores da superelevação (entre e1 e e2) que satisfazem as condições de segurança quanto a estabilidade. Qualquer variação da superelevação em função do raio da curva que fique dentro dos limites estabelecidos na figura acima, atende às exigências mínimas de estabilidade dos 39 veículos na curva. Para escolher a melhor curva que relacione a superelevação com a curvatura (ou com o raio) deve ser considerado um novo fator, o conforto. g (e + ft) = V 2/Rc V2/Rc = g.e + g.ft, para V = velocidade diretriz, o termo ge representa a aceleração centrípeta compensada pela superelevação e o termo gft representa a aceleração centrípeta não compensada. O conforto máximo será atingido no limite ft = 0 (para V = velocidade diretriz), quando toda a aceleração centrípeta for compensada pela aceleração devido à componente da reação normal, quando este percorre a curva sem precisar contar com nenhum atrito. Importante: para velocidade inferior à velocidade diretriz, essa condição causa desconforto, gerando insegurança para o motorista que percorre a curva. Portanto, a escolha da superelevação está ligada à análise das condições de segurança e conforto dos veículos que percorrem a estrada nas mais variadas velocidades, e na decisão da relação entre a superelevação e o coeficiente de atrito a ser adotado. 5.1.1 - Método adotado pelo DNER .C CR emáxe = e’ = k.(C’)2 (Cmáx)2 emáx k = emáx - e = k.(Cmáx - C)2 (Cmáx)2 emáx emáx – e = .(Cmáx - C) 2 emáx - e 2 Cmáx Cmáx - C = emáx 22 R Rmín1 - Cmáx C 1 - = emáx e 1 - = R2 Rmín2 - R 2Rmíne = emáx . 5.1.2 - Método da AASHTO As figuras 1 a 5 fornecem as curvas da AASHTO definidas para alguns valores de superelevação máxima (emáx) e alguns valores de velocidade diretriz. 40 Figura 5.1: curvas de velocidade da AASHTO para valores de emáx igual a 0,04. Figura 5.2: curvas de velocidade da AASHTO para valores de emáx igual a 0,06. Figura 5.3: curvas de velocidade da AASHTO para valores de emáx igual a 0,08. 41 Figura 5.4: curvas de velocidade da AASHTO para valores de emáx igual a 0,10. Figura 5.5: curvas de velocidade da AASHTO para valores de emáx igual a 0,12. 42 5.2 - VARIAÇÃO DA SEÇÃO TRANSVERSAL PARA OBTENÇÃO DA SUPERELEVAÇÃO Variação da superelevação: processo de variação da seção transversal da estrada entre a seção normal, adotada nos trechos em tangente, e a seção superelevada adotada nos trechos circulares. e% circular transição transição tangente tangente a% a% a% a% nível e% e% e% a% a% nível PROCESSOS DE VARIAÇÃO: . giro em torno do eixo da pista . giro em torno do bordo interno . giro em torno do bordo externo (mais usado) E BE BI 5.3 - ESCOLHA DO COMPRIMENTO (LR) DO TRECHO DE VARIAÇÃO DA SUPERELEVAÇÃO A variação da superelevação (desde 0 à e%) deve ser feita dentro da curva de transição, isto é, a medida que o raio da transição vai diminuindo a superelevação deverá ir aumentando até atingir o valor de e% no ponto SC do raio Rc, onde a transição concorda com a curva circular. Assim o comprimento (LR) do trecho de variação da superelevação deverá ser o próprio comprimento (Ls) da transição. Determinação do LRmín do trecho de variação da superelevação • LRmín - função da máxima inclinação relativa (α) • quando LRmín calculado < Ls (comprimento de transição), adota-se LR = Ls, isto é, a variação da superelevação é feita junto com a transição. • quando LRmín> Ls, deve-se analisar a possibilidade de aumentar o Ls para o valor Ls = LR ≥ LRmín de forma a ter toda a variação da superelevação dentro da transição, quando isso não for possível ou quando a curva não tiver transição a variação da superelevação deve ser feita parte no trecho em tangente e parte no trecho circular. 43 Tabela 5.1 - Comprimento mínimo LR dos trechos de variação da superelevação, para estradas de pista única, 2 faixas de tráfego de 3,6 m. Velocidade (km/h) superelevação 50 60 70 80 90 100 110 120 (e) máxima inclinação relativa entre o perfil dos bordos do pavimento e o eixo da pista (α) 0,66% 0,60% 0,54% 0,50% 0,47% 0,43% 0,40% 0,37% Valores de LR (m) 0,02 11 12 13 14 15 17 18 19 0,04 22 24 27 29 31 33 36 39 0,06 33 36 40 43 46 50 54 58 0,08 44 48 53 58 61 67 72 78 0,10 55 60 67 72 77 84 90 97 0,12 65 72 80 86 92 100 108 117 LRmín 28 33 39 44 50 56 61 67 Obs: a Tabela 1 deve ser usada apenas quando Ls < LRmín e o valor de LR estiver abaixo da linha cheia, caso contrário deve-se adotar o valor da linha (LRmín). Para pistas com número de faixas maior que duas ou com faixas de tráfego de largura maior que 3,6 m, a AASHTO aconselha o uso das seguintes relações empíricas: • 3 faixas de tráfego: L'R = 1,2 LR • 4 faixas de tráfego: L'R = 1,5 LR • 6 faixas de tráfego: L'R = 2,0 LR 5.4 - PROCESSOS DE VARIAÇÃO DA SUPERELEVAÇÃO • giro em torno do bordo interno da pista • giro em torno do bordo externo da pista • giro em torno do eixo da pista TS Ls SN SP 0% 2%2% 2% 2% e%2% e% LtLt SC 44 M tangente seção normal circulartangente eixo perfil de referência bordo externo comprimento de variação da superelevação comprimento de transição espiral bordo interno perfil de referência TS SC esquema das seções transversais αmax 1:200 αmax 1:200 GIRO AO REDOR DO EIXO Na escolha do processo de variação da superelevação devem ser consideradas as características específicas da curva: perfil longitudinal da estrada de forma que o bordo externo não ultrapasse o greide máximo, estética da curva e condições de drenagem, de forma que o processo escolhido não prejudique a drenagem longitudinal do pavimento. O mais usado é o processo de giro em torno do eixo da pista (altera pouco o greide do bordo externo, leva a menores distorções do pavimento dando uma boa estética à curva). Qualquer que seja o processo adotado, sempre o giro do pavimento é feito em duas etapas: a) eliminação da superelevação negativa, feita antes do início da transição b) obtenção da superelevação e estabelecida para o trecho circular, feita dentro do trecho de transição. O método do giro em torno do eixo da pista apresenta como peculiaridade a adoção de um valor constante para a variação do ângulo de giro dos bordos ao longo da transição. Quando o giro não é feito ao redor do eixo, o método produz uma descontinuidade na inclinação dos bordos, na passagem pelo ponto M, quando o centro de giro do pavimento deixa de ser o eixo da pista e passa a ser o bordo fixo. 5.5 - VARIAÇÃO DA SUPERELEVAÇÃO EM ESTRADAS COM PISTA DUPLA Estradas com canteiro central, depende da largura e forma do canteiro central: • toda seção transversal, incluindo o canteiro central gira ao redor de um ponto, deixando as duas pistas em um mesmo plano (só é usado para canteiros estreitos e valores baixos da superelevação e). 45 • canteiro central é mantido em um plano horizontal e as duas pistas giram separadamente ao redor dos bordos do canteiro (canteiros com qualquer largura, mantendo os bordos do canteiro no mesmo nível, obtendo a superelevação das pistas só com o giro do pavimento). • as duas pistas são tratadas separadamente resultando uma diferença de cotas entre os bordos do canteiro (canteiros largos, quando seus bordos em cotas diferentes podem ser unidos por rampas suaves). Atualmente o projeto de estradas com mais de uma pista trata essas pistas como estradas independentes. Exemplo 1: Numa rodovia de Classe I, tem-se: emáx = 10%; Vp = 80 km/h; Rc = 500,00 m; largura da faixa de rolamento = 3,5 m; Ls = 120,00 m; e = 6%. As estacas dos pontos notáveis são: TS = [217+19,00 m], SC = [223+19,00 m], CS = [233+4,43 m] e ST = [239+4,43 m]. Construir a tabela de variação da superelevação considerando o giro em torno do eixo. TS Ls = 120,00 m SN SP 0% 2%2% 2% 2% 6%2% 6% Lt = 40,00 mLt = 40,00 m SC Variação da seção normal até a estaca do TS: Ls → 6% (Ls = 120,00 m) Lt → 2% ∴Lt = 40,00 m Variação da estaca do TS até a seção plena: Lt → 2% (Lt = 40,00 m) 20,00 → i% ∴i = 1% a cada 20,00 m 46 ESTACA COTA BE (m) INCLINAÇÃO BE (%) COTA DO EIXO (m) INCLINAÇÃO BI (%) COTA BI (m) SN 215 + 19,00 800,000 -2 800,070 +2 800,000 216 + 19,00 800,035 -1 800,070 +2 800,000 TS 217 + 19,00 800,070 0 800,070 +2 800,000 218 + 19,00 800,105 +1 800,070 +2 800,000 SP 219 + 19,00 800,140 +2 800,070 +2 800,000 220 + 19,00 800,175 +3 800,070 +3 799,965 221 + 19,00 800,210 +4 800,070 +4 799,930 222 + 19,00 800,245 +5 800,070 +5 799,895 SC 223 + 19,00 800,280 +6 800,070 +6 799,860 224 800,280 +6 800,070 +6 799,860 225 800,280 +6 800,070 +6 799,860 226 800,280 +6 800,070 +6 799,860 227 800,280 +6 800,070 +6 799,860 228 800,280 +6 800,070 +6 799,860 229 800,280 +6 800,070 +6 799,860 230 800,280 +6 800,070 +6 799,860 231 800,280 +6 800,070 +6 799,860 232 800,280 +6 800,070 +6 799,860 233 800,280 +6 800,070 +6 799,860 CS 233 + 4,43 800,280 +6 800,070 +6 799,860 234 + 4,43 800,245 +5 800,070 +5 799,895 235 + 4,43 800,210 +4 800,070 +4 799,930 236 + 4,43 800,175 +3 800,070 +3 799,965 SP 237 + 4,43 800,140 +2 800,070 +2 800,000 238 + 4,43 800,105 +1 800,070 +2 800,000 ST 239 + 4,43 800,070 0 800,070 +2 800,000 240 + 4,43 800,035 -1 800,070 +2 800,000 SN 241 + 4,43 800,000 -2 800,070 +2 800,000 47 EXERCÍCIOS SOBRE VARIAÇÃO DA SUPERELEVAÇÃO 1. Com o perfil calculado no exercício 3 da lista de exercícios sobre curvas verticais, supondo-se que o alinhamento horizontal é representado no esquema abaixo e conhecendo-se ec = 8% e a largura da pista igual a 7,00 m, calcular as cotas do eixo e dos bordos em todo o trecho onde há influência da superelevação, aplicando giro em torno do eixo. Curva 1 Curva 2i1 = -2,0% i2 = 4,0% PTV1 = 103 + 0,00 m PCV2 = 109 + 0,00 m PTV2 = 121 + 0,00 m PIV2 = 115 + 0,00 m 542,48 m SN TS SC CS NSST 108 112 119 123 Ls LsDc 2. Resolver o exercício anterior considerando giro ao redor do bordo externo. 48 6 – SUPERLARGURA 6.1 - INTRODUÇÃO Geralmente o alargamento da pista em certas curvas é necessário devido aos seguintes motivos: • quando o veículo percorre uma curva circular e o ângulo de ataque de suas rodas diretrizes é constante, a trajetória de cada ponto do veículo é circular. O anel circular formado pela trajetória de seus pontos externos é mais largo que o gabarito transversal do veículo em linha reta. • quando o motorista tem uma maior dificuldade em manter o veículo sobre o eixo de sua faixa de tráfego. Estradas com pistas estreitas e/ou com curvas fechadas precisam de um alargamento de suas pistas nos trechos em curva, mesmo que a velocidade do veículo seja baixa. C U L C U C C∆U C C C C U CIRCULAR TRANSIÇÃO TANGENTEZU ∆F Lc U S F VEÍCULO PADRÃO a b S F U∆U∆F oc . variação suave e contínua (dentro da transição) . no bordo interno ou igualmente nos dois bordos ∆L = 2∆U+ ∆F + Z = Lc - L ∆U = Rc - Rc2 - S2 (anel mais largo) ∆F = Rc2 + F (2S + F) - Rc (frente do veículo) Z = V / (10 Rc ) (maior dificuldade de operação nas curvas) ∆U 6.2 - CÁLCULO DO ALARGAMENTO (∆L) Estrada de pista única, duas faixas de tráfego com largura (L) no trecho tangente e largura Lc > L no trecho circular: ∆L = Lc - L L = 2U + 4C 49 onde: L = largura da pista em tangente em metros U = largura do veículo padrão em metros C = espaço de segurança em metros A largura da estrada no trecho circular será: Lc = 2 (U + ∆U) + 4C + ∆F + Z ou Lc = L + 2∆U + ∆F + Z onde: Lc = largura da pista no trecho de curva circular em metros ∆U = acréscimo de largura do veículo devido à diferença de trajetória das rodas dianteiras e traseiras ∆F = acréscimo de largura devido à frente do veículo Z = espaço de segurança para compensar a maior dificuldade de operação do veículo nas curvas ∆L = Lc - L = L + 2∆U + ∆F + Z - L ∆L = 2∆U + ∆F + Z ∆U = Rc – √Rc2 – S2 ∆F= √Rc2 + F(2S+F) - Rc onde: Rc = Raio da curva circular em metros S = distância entre os eixos do veículo padrão F = distância entre o eixo dianteiro e a frente do veículo padrão Rc10 V Z = onde: V = velocidade de projeto em km/h Rc = Raio da curva circular em metros Z = espaço de segurança em metros Valores de U • caminhões e ônibus convencionais de dois eixos e seis rodas, não articulados (CO) = 2,60 m • veículos comerciais articulados (SR) = 2,60 m Valores de L (m) 6,00 – 6,40 6,60 – 6,80 7,00 – 7,20 Valores de C (m) 0,60 0,75 0,90 50 Valores de S • caminhões e ônibus convencionais de dois eixos e seis rodas, não articulados (CO) = 6,10 m • veículos comerciais articulados (SR) = 10,00 m Valores de F • caminhões e ônibus convencionais de dois eixos e seis rodas, não articulados (CO) = 1,20 m • veículos comerciais articulados (SR) = 1,20 m Valores dos raios acima dos quais é dispensável o alargamento V (km/h) 30 40 50 60 70 80 90 100 Tipo de veículo R (m) 130 160 190 220 260 310 360 420 CO R (m) 270 300 340 380 430 480 540 600 SR Largura básica da pista em tangente = 7,20 m Fonte: DNER Valores dos raios acima dos quais é dispensável o alargamento V (km/h) 30 40 50 60 70 80 Tipo de veículo R (m) 340 430 550 680 840 1000 CO Largura básica da pista em tangente = 6,60 m Fonte: DNER Exemplos: 1. Calcular o alargamento necessário para uma curva com as seguintes características: Raio = 400 m; Largura básica = 7,20 m; V = 100 km/h Raio = 300 m; Largura básica = 7,20 m; V = 90 km/h 51 7 – PERFIL LONGITUDINAL 7.1 - INTRODUÇÃO O perfil de uma estrada deve ser escolhido de forma que permita, aos veículos que a percorrem, uma razoável uniformidade de operação. A escolha do perfil ideal está intimamente ligado ao custo da estrada, especialmente ao custo da terraplenagem. As condições geológicas e geotécnicas das áreas atravessadas pela estrada vão ter grande influência na escolha do perfil, pois envolvem a execução dos cortes e aterros e de serviços especiais de alto custo, como escavações em rocha, obras especiais de drenagem ou de estabilização de cortes e aterros. Nem sempre é possível reduzir a altura de um corte ou de um aterro, pois existem características técnicas mínimas que devem ser respeitadas (concordância com outras estradas, gabaritos mínimos de obras civis, cotas mínimas de aterros necessárias à colocação da estrada acima dos níveis de enchentes do local etc). Analogamente ao projeto em planta é sempre desejável que o perfil seja razoavelmente homogêneo, isto é, que as rampas não tenham grandes variações de inclinação e que as curvas de concordância vertical não tenham raios muito diferentes. Muitas vezes a existência de variações acentuadas na topografia da região atravessada obriga a execução de trechos de perfil com características técnicas bem diferentes. O perfil é representado sobre o desenvolvimento de uma superfície cilíndrica gerada por uma reta vertical, superfície essa que contém o eixo da estrada em planta. O perfil do terreno representa a interseção da superfície cilíndrica referida com a superfície do terreno. A linha que define o perfil do projeto é denominada greide, ou seja, é a linha curva representativa do perfil longitudinal do eixo da estrada acabada, composto de trechos retos denominados rampas concordadas entre si por trechos denominados curvas de concordância vertical. Linha Tracejada: perfil do terreno Greide: perfil do eixo da estrada rampas e curvas de concordância verticais 7.2 - COMPORTAMENTO DOS VEÍCULOS NAS RAMPAS Rampas: 7 a 8%: pouca influência sobre carros até 3%: operação praticamente igual à dos trechos em nível 52 Nas rampas ascendentes a velocidade desenvolvida por caminhões dependem de alguns fatores como: inclinação e comprimento da rampa, peso e potência do caminhão, velocidade de entrada da rampa, habilidade e vontade do motorista. O tempo de percurso dos caminhões em uma determinada rampa cresce a medida que decresce a relação potência/peso. 7.3 - CONTROLE DE RAMPAS PARA PROJETO 7.3.1 - INCLINAÇÕES MÁXIMAS E MÍNIMAS DAS RAMPAS Rampas Máximas: 3 a 9% = f (condições topográficas locais e Vp) • inclinação até 3%: alta velocidade de projeto, permitem o movimento dos veículos sem restrições, afetam muito pouco a velocidade dos caminhões leves e médios. • inclinação até 6%: baixa velocidade de projeto, tem pouca influência sobre os veículos de passageiros, mas afetam bastante o movimentos dos caminhões pesados. • inclinação superior a 6%: estradas secundárias de baixo volume de tráfego ou para estradas para tráfego exclusivo de veículos de passageiros. Pistas com um único sentido de tráfego: rampas 1% maiores TABELA 7.1 - Rampas Máximas (%) – DNER Classificação das Rodovias TERRENO Classe Especial Classe I Classe II Classe III Plano 3 3 4 4 Ondulado 4 4,5 5 6 Montanhoso 5 6 7 8 Condições de drenagem: estrada sem condições de retirada de água no sentido transversal recomenda-se o uso de rampas com inclinação não inferior a 0,5% para estradas com pavimento de alta qualidade e não inferior a 1% para estradas com pavimento de média e baixa qualidade. Rampa Mínima: 1% (drenagem) 7.4 - COMPRIMENTO CRÍTICO DAS RAMPAS Trechos de estrada com sucessão de rampa muito curtas devem ser evitadas. O termo comprimento crítico de uma rampa é usado para o máximo comprimento de uma determinada rampa ascendente, na qual, um veículo padrão pode operar sem uma excessiva perda de velocidade. 53 • sucessão de rampas curtas: problemas de visibilidade para ultrapassagem • rampas com grande extensão: problemas de capacidade de tráfego (redução da velocidade) • caminhões • velocidade nos aclives = f (inclinação, comprimento, peso/potência, velocidade de entrada na rampa) i (%) Lcrítico (m) 5 km/h 40 km/h 25 km/h (valor mais utilizado) Perda de Velocidade nos Aclives = f (caminhão) . alterar "i" . faixa adicionalL > Lcrítico 7.5 - CURVAS DE CONCORDÂNCIA VERTICAIS Objetivo: concordar as rampas projetadas e atender às condições de segurança, boa aparência, boa visibilidade e permitir a drenagem adequada da estrada. As curvas mais utilizadas são: circunferência e parábolas (boa
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