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Toledo Prudente Centro Universitário DIREITO ECONÔMICO E EMPRESARIAL I – 2018 3- O ESTADO SOCIAL E A INTERVENÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIA Existe um paralelo óbvio entre o surgimento de Constituições Liberais e o capitalismo puro, assim como o surgimento de Constituições Sociais, e a intervenção do estado no domínio econômico, ou do Estado Social. Em um primeiro momento, o Estado era, então, absenteísta (não atuava), deixando livre para que o mercado se autorregulasse, não intervindo na Economia, pois reconhecia-se ser “um campo da iniciativa privada”. Após um florescimento econômico dos países com fundamento em ideias liberais, os Estados passaram a “rechear” suas constituições com vários direitos prestacionais, fazendo surgir o que se conhece por Estado Social. Considerando que TODA ação prestacional do Estado POSSUI UM CUSTO uma vez que “direitos não nascem em árvores” (GALDINO, Flávio. Introdução à teoria dos custos dos direitos – direitos não nascem em árvores. Rio de Janeiro: Renovar); considerando que qualquer gasto estatal é uma espécie de intervenção econômica; considerando que o agigantamento do Estado leva a distorções insustentáveis; considerando que a implementação eficaz de um direito é um caminho que espelha sua sustentabilidade; considerando que muitos direitos sociais são verdadeiros serviços (espécie de atividades econômicas) realizados em paralelo com a iniciativa privada; considerando que o Estado possui diversas maneiras de intervir na economia: convém estudarmos o modo básicos de intervenção do Estado no domínio econômico. 1 Fenômeno da Atuação do Estado na Economia: Premissa básica: as relações econômicas são eventos naturais que, em uma situação de ausência de regulação, ocorrem sem a intervenção do Estado. Com base neste pressuposto identificamos que o ambiente econômico é algo alheio ao Estado e, quando este ente intervém, está atuando em um cenário que, a priopi, não lhe é ínsito ou natural. Entretanto, a intervenção das Nações modernas no ambiente econômico é absolutamente predominante, gerando, na maioria das vezes, distorções neste ambiente natural. Ocorre que, em um ambiente de livre-iniciativa o Estado não pode, nem deve substituir o particular, o qual, naturalmente, é feito à exploração das atividades econômicas. Como é sabido, são pilares do capitalismo a propriedade privada e a liberdade de contratar. No entanto, é justamente nestes dois fatores que o Estado moderno vem intervindo, muitas vezes, exageradamente. Toda e qualquer atividade econômica (espécie de realização humana ou não com potencial de lucro), em tese, pode ser explorada pela iniciativa privada. Sendo assim, o Estado, quando intervém neste meio, deve fazer de maneira EXCEPCIONAL (de preferência, segundo as ideias liberais clássicas, não intervir), uma vez que se trata de campo que não lhe pertence. 2 Métodos de Intervenção: Imagine determinada atividade econômica (cortar cabelos, explorar jazidas, realizar cirurgias, construir aplicativos etc.): diante dela, o Estado pode tomar duas posturas básicas, ou seja, pode intervir ou não intervir, deixando, neste segundo caso, como é o desejado, que a iniciativa privada a explore. Em outras palavras, o Estado, preferencialmente, NÃO DEVE explorar uma atividade econômico. Entretanto, em nosso país, é comum que o Estado o faça. Desse modo, convém estudarmos os modos básicos de intervenção do Estado no domínio econômico. Um detalhe semântico deve ser observado, utiliza-se o termo intervenção e não ATUAÇÃO, porque o Estado está adentrando um campo que, em um modelo capitalista, é da iniciativa privada (até mesmo, por isso, a Constituição usa o termo “domínio econômico). Sendo o caso de intervenção do Estado, esta pode ser direta ou indireta, a depender se o Estado explora de fato determinada atividade econômica. Além disso, ela poderá ser concorrencial ou monopolística, considerando o fato de o Estado permitir, ou não, a concorrência da iniciativa privada. Por fim, poderá a intervenção ser, ainda, imperativa ou de postura facultativa, caso proíba ou permita que o particular assuma certas posturas econômicas. Assim, nos termos acima, a intervenção do Estado poderá se dar de quatro modos, com as seguintes denominações (Eros Grau): absorção, participação, indução ou, ainda, direção. Para gravar: ABSORÇÃO - INTERVENÇÃO DIRETA PARTICIPAÇÃO - INTERVENÇÃO DIRETA INDUÇÃO - INTERVENÇÃO INDIRETA DIREÇÃO - INTERVENÇÃO INDIRETA Ocorre a absorção: quando (o Estado) toma todo um setor econômico para si e passa a exercer a atividade econômica em prol da coletividade. Trata-se de uma hipótese onde ocorrerá o MONOPÓLIO. Ex.: petróleo. Por sua vez, na participação (que é uma forma mais moderada de absorção): o Estado atua ao lado da iniciativa privada. Ex.: Banco do Brasil, que atua no setor da oferta de crédito junto com a iniciativa privada. Na indução o Estado pratica o manejo de determinados instrumentos de política fiscal, de crédito, de política monetária, juros, câmbio etc., para fins de “empurrar” a economia para o rumo que o Estado deseja. Ex.: redução do IPI de carros; oneração das importações. E, por fim, no método da direção: o Estado ESTABELECE uma posição econômica, um comportamento econômico, sendo que o agente econômico não tem uma opção em adotá-lo ou não. Deve, obrigatoriamente, seguir o que foi imposto pelo Estado. Ex.: instalação de filtros antipoluentes nos veículos novos; proibição da importação de certo bem; controlar o preço de certo produto (prática que é, infelizmente, legítima, mas não poderá suprimir o lucro, sob pena de ser abusiva). Existe, finalmente, ainda outro tipo de atuação do Estado, a chamada atuação supletiva. Este tipo de atuação ocorre quando existe uma necessidade identificada, no entanto, a iniciativa privada, por várias questões, não possui o interesse de exploração. Ex.: a exploração de Petróleo, em um primeiro momento, não havia quem desejasse exercer, por ser extremamente onerosa, no início. Nestes casos, então, o Estado atua no setor visando suprir as necessidades da coletividade. ____________________ Legislação: Constituição Federal, arts. 170-181 (Ordem Econômica) Doutrina: Principal: Fábio Nusdeo. Curso de Economia - Introdução ao Direito Econômico. 3. ed. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2001, capítulos 1, 5 e 7. Secundária: Fábio Ulhoa Coelho, “Curso de Direito Comercial – Direito de Empresa”, São Paulo: Saraiva, vol. 1, Capítulo 1 a 3. Professor Guilherme Prado Bohac de Haro
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