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Estrutura da norma jurídica (Reale p. 93-104)

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FACULDADE DE DIREITO DA FUNDAÇÃO ESCOLA SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO
CREDENCIADA PELA PORTARIA MEC N.º 3.640, DE 17/10/2005 – DUO DE 20/10/2005
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
AUTORIIZADDO PELA PORTARIA MECN.º846, DE 4 DE ABRIL DE 2006 – DUO DE 05/04/2006
Estrutura da norma jurídica (Reale p. 93-104)
A Ciência do Direito tem por objeto a experiência social na medida em que esta é regulada por normas ou regras jurídicas.
Sendo a norma jurídica como que a célula do organismo jurídico, caracteriza-se ela por sua natureza objetiva ou heterônoma e por sua exigibilidade ou obrigatoriedade. 
Hanz Kelsen, o positivista mais notável, autor da Teoria Pura do Direito, afirmou certeiramente "que a norma jurídica é sempre redutível a um juízo ou proposição hipotética, na qual se prevê um fato (F) ao qual se liga uma conseqüência (C) em conformidade com o seguinte esquema: 
Se F é, deve ser C.
Segundo essa concepção, toda regra de direito material contém a previsão genérica de um fato, com a indicação de que, toda vez que um comportamento corresponder a esse enunciado, deverá advir uma conseqüência" que, na teoria de Kelsen corresponde sempre a uma sanção, compreendida apenas como pena.
Todavia "essa estrutura lógica corresponde apenas a certas categorias de normas jurídicas, como, por exemplo às destinadas a reger os comportamentos sociais, mas não se estende a todas as espécies de normas, como, por exemplo, às de organização, às dirigicas aos órgãos do Estado ou as que fixam atribuições na ordem pública ou privada. Nestas espécies de normas nada é dito de forma condicional ou hipotética mas sim categórica, excluindo qualquer condição".
Com efeito não há qualquer relação condicional ou hipotética em normas jurídicas como estas: 
Compete privativamente à União legislar sobre o serviço postal (art. 22, V da CF);
Brasília é a capital federal (art. 18, § 1º da CF);
Os filhos estão sujeitos ao poder familiar enquanto menores (Código Civil, art. 1630).
Só por um artifício verbal se poderá dizer que o art. 18, § 1º da CF, quer dizer: se uma cidade for Brasília deverá ser considerada capital federal.
Na realidade, não se apresentam como juízos hipotéticos as normas que dispõem sobre a organização dos poderes do Estado, sobre os órgãos em que estes se estruturam, as que distribuem competências e atribuições, as que disciplinam a identificação, modificação e aplicação de outras normas (as normas que regulam a aplicação da lei no tempo, ou no espaço - DIP, etc. - ver Lei de Introdução ao Código Civil).
O que caracteriza tais regras "é a obrigação objetiva de algo que deve ser feito, sem que o dever enunciado fique subordinado à ocorrência de um fato, do qual possam ou não resultar determinadas conseqüências".
Uma norma jurídica enuncia sempre um dever ser. Não descreve algo que é, mas algo que deve ser.
Estrutura das regras jurídicas de conduta ou comportamentais
As regras de conduta ou normas substanciais são aquelas que contêm a previsão abstrata de fatos, tendo os indivíduos como seus destinatários. São estas regras que se estruturam como juízos hipotéticos, segundo o esquema referido: 
Se F é, C deve ser
Estas regras se estruturam de maneira binada, compreendendo logicamente dois elementos: 
hipótese ou fato tipo dispositivo ou preceito
fattispecie (em italiano) disposizione
Tatbestand (em alemão) rechtsfolge
A previsão do legislador raro é de um fato ou evento particular e único, mas sim de uma "espécie de fato" ou de um "fato-tipo", ao qual poderão corresponder com maior ou menor rigor múltiplos fatos concretos. Quando, na experiência social, se verifica uma correspondência razoável entre um fato particular e o fato-tipo F, a norma de conduta em questão resulta potencialmente aplicável a esta situação. Isto significa que, em sendo ela aplicada, verifica-se a conseqüência pré-determinada no dispositivo ou preceito.
A conseqüência ou efeito jurídico não deriva de uma relação de "causa ou efeito", mas de uma subordinação ou subsunção lógico-axiológica do fato particular à regra. 
O legislador, ao enunciar uma regra jurídica de conduta ou comportamento: 
prefigura a ocorrência de um fato-tipo isto é, uma classe ou série de situações de fato (se F é ...);
liga a essa classe ou espécie de fatos uma determinada conseqüência jurídica, também predeterminada, com as características de objetividade e obrigatoriedade (...C deve ser).
Por que a norma jurídica de conduta tem esta estrutura? É que o direito ordenando os comportamentos sociais, "só pode fazê-lo partindo do pressuposto da liberdade do homem de cumprir ou descumprir o previsto na regra". 
A hipoteticidade ou condicionalidade da regra de conduta, não tem apenas um aspecto lógico, tendo também caráter axiológico, uma vez que indica um valor a ser atingido. Ao mesmo tempo não ignora o valor da liberdade do destinatário, que pode não cumprir ou violar a regra. 
Do exposto decorre que toda regra jurídica de conduta se desdobra em duas normas que se conjugam e se complementam, como segue: 
Se F é... C deve ser 
Se não C... SP deve ser.
SP significa a sanção punitiva para o caso da lei ser infringida. 
Exemplo: art. 121 do Código Penal: 
"Matar alguém: pena - reclusão de 6 a 20 anos". 
Esta regra jurídica não enuncia apenas um juízo de natureza hipotética (se alguém matar injustamente outrem deverá ser punido com reclusão de 6 a 20 anos) porque nesse juízo está implícito o valor da vida, que está implícito na hipótese da norma jurídica em questão, como seu fundamento moral. 
Editado por FERREIRA, MARCOS VINICIUS VIEIRA, aluno FMP-insc.2014/1
	
	
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