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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA AULA 1 Prof. Pedro Salanek Filho 2 CONVERSA INICIAL O objetivo desta aula inicial é basicamente descrever a importância da função financeira dentro da gestão do negócio, bem como as principais atribuições do gestor financeiro. Será apresentado também o conceito básico da gestão financeira e sua integração com outras áreas do negócio. Dentro dessa linha de raciocínio, pode-se afirmar que boa parte das decisões tomadas nas atividades dos negócios, as quais ocorrem em diversos departamentos, influenciará (direta ou indiretamente) nos resultados financeiros da empresa. Uma boa gestão financeira é fundamental para a viabilidade do negócio como um todo. Não será suficiente ter uma equipe motivada, uma logística afinada ou uma produção estruturada se, no final de tudo isso, a empresa não for viável. Sempre que um empreendedor deseja iniciar uma empresa, ou mesmo avaliar sua continuidade, é fundamental efetuar frequentemente uma avaliação financeira do negócio. CONTEXTUALIZANDO Quando consideramos uma média ou grande empresa, geralmente existe um departamento financeiro estruturado, com profissionais capacitados para gerenciar os recursos financeiros. Esses profissionais utilizam ferramentas financeiras modernas e adequadas, desenvolvendo controles eficientes e monitoramento da empresa por meio de indicadores. Para uma micro ou pequena empresa, o cenário é bem diferente. Geralmente o próprio dono da empresa, que já executa várias outras atividades, exerce também essa função financeira. Na maioria das vezes mistura as contas da pessoa física com as da empresa e não efetua os controles necessários (e adequados) para avaliação e continuidade do negócio. Dessa forma, seja no pequeno ou no grande negócio, enfatizamos que a área financeira é imprescindível na gestão nos negócios, pois tem a finalidade de captação e destinação de recursos financeiros, por meio das movimentações entre recebimentos e pagamentos. As empresas são conduzidas com base na avaliação de indicadores. A evolução destes parâmetros irá demonstrar a condução de uma boa ou má gestão organizacional. Bons indicadores demonstram gestores preparados e que buscam constantemente a melhoria do negócio. Por outro lado, 3 indicadores negativos (para o negócio) demonstram que a empresa possui dificuldades e geram incertezas para sua continuidade. Diante de todo o contexto financeiro destacado anteriormente, fica o seguinte questionamento: Qual o principal objetivo financeiro que justifica a existência de um negócio? Provavelmente você responderá, até pelo tema desta disciplina, que a finalidade de um negócio é apenas ter lucro. Se pensou nisso, porém, recomendamos que você reflita um pouco melhor sobre essa resposta imediata. Sem dúvidas um negócio precisa ser lucrativo, mas ele também tem a necessidade de uma contrapartida com seu proprietário. Qual será então essa contrapartida? Salienta-se que será a mesma que contempla a finalidade de existência de um negócio, respondendo ao questionamento anterior. Para evoluirmos mais nessa reflexão inicial, vamos imaginar que, neste exato momento, um empreendedor está avaliando uma oportunidade de iniciar um negócio. Em suas pesquisas, verificou que existem demandas para aquela atividade, ou seja, o mercado consumidor está disposto a obter aquele produto ou serviço. Já está também sendo elaborado o plano de negócio, com o apontamento dos diversos riscos que a atividade contempla. Pelas projeções, esse empreendedor verificou que o negócio terá lucro. Mas como avaliar se esse lucro será satisfatório? Perceba que novamente estamos relacionando o resultado do negócio com o interesse do seu empreendedor, ou seja, do seu proprietário. TEMA 1 – PENSAMENTO FINANCEIRO 1.1 Introdução à gestão financeira Iniciaremos com uma reflexão das finanças na vida pessoal! A gestão financeira deve estar presente em várias atividades do nosso dia a dia. Podemos citar como exemplo as atividades básicas, como a compra mensal de mantimentos no supermercado ou até mesmo aquelas decisões que envolvem um grande volume de dinheiro, como a compra de um carro ou mesmo da casa própria. Nestas duas situações você terá que gerenciar muito bem seus recursos financeiros e realizar bons negócios, ou seja, precisa avaliar, pesquisar e realizar controles para gerir bem seu dinheiro. 4 Saiba mais Para conferir algumas dicas do colunista Marcos Silvestre, acesse: <http://www.bandnewsfm.com.br/colunista/na-ponta-do-lapis-com-marcos- silvestre-e-felipe-bueno/>. Neste nosso módulo de Gestão Financeira e Orçamentária, para que uma empresa seja bem-sucedida e contemple todos seus objetivos, tanto no seu processo de planejamento como na execução, será fundamental que se desenvolvam também controles confiáveis da movimentação de todos os recursos financeiros. Sendo estes controles bem elaborados, podemos dizer que teremos uma boa gestão financeira no negócio. Saiba mais Sobre o tema, leia o artigo “O Conceito Financeiro de uma Empresa”, de Anderson Tonnera de Carvalho, disponível em <http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/o-conceito-financeiro-de- uma-empresa/50097/>. Na sequência serão citados diversos autores que apresentam conceitos gerais da área de finanças, os quais são essenciais para o nosso aprendizado. Para Lemes Junior (2002, p. 243) A administração financeira direciona a empresa e estabelece o modo pelo qual os objetivos financeiros podem ser alcançados. Em sua maioria, as decisões demoram bastante para ser implantadas. Numa situação de incerteza, isso exige que as decisões sejam analisadas com grande antecedência. Para o autor Gitman (2004), uma das principais referências na área financeira, a gestão financeira é a área de controle do negócio que visa à melhoria dos resultados, bem como suas responsabilidades e seus controles. Para os autores Ross, Westerfield e Jordan (2008), a área de finanças visa ao ganho financeiro e ao aumento do patrimônio dos proprietários do negócio. Podemos observar, na primeira definição, que é necessário existir uma relação muito clara com planejamento e previsões financeiras. Nas outras duas definições já estão destacadas a relação com a remuneração do investimento do proprietário e a geração de resultados. 5 Para controlar finanças de uma empresa, é possível ainda afirmar que guardada suas devidas proporções, é como controlar as nossas contas de finanças pessoais. Todos nós precisamos ganhar dinheiro para conseguir pagar nossas contas. Além disso, todos devemos gastar menos do que ganhamos, certo? Nessa condição, obtendo ganhos maiores do que gastos, iremos ter um saldo positivo (uma sobra de dinheiro), o qual poderemos poupar para adquirir futuramente outros bens. Saiba mais O site <www.contaazul.com> destaca dicas e controles para uma melhor gestão financeira de pequenos negócios. Muitas vezes achamos que o sucesso financeiro do negócio está apenas nas vendas. Muitos empreendedores afirmam que suas empresas serão bem- sucedidas se cada vez faturar mais. Isso, isoladamente, não é verdade. Para avaliar o sucesso da empresa, sem dúvida o faturamento é importante, mas precisamos saber e controlar os gastos para verificar se a empresa está sendo lucrativa e rentabilizando a expectativa de retorno do capital do seu proprietário, ou seja, do seu investidor. Outro ponto fundamental para aprendermos são as nomenclaturas utilizadas em finanças. Inicialmente serão comentadas as entradas e saídas de recursos financeiros. Quandorecebemos dinheiro, dizemos que temos um “crédito”. Quando desembolsamos dinheiro, temos um “débito”. Na segunda aula definiremos essas duas grandes contas financeiras. Saiba mais Leia o artigo “Especialistas dão 10 dicas para administrar as finanças da empresa”, de Larissa Coldibeli. Nele você encontrará dicas para a gestão financeira. Acesse: <http://economia.uol.com.br/empreendedorismo/noticias/red acao/2014/05/02/especialistas-dao-10-dicas-para-administrar-as-financas-da- empresa.htm>. 6 TEMA 2 – MOVIMENTAÇÕES FINANCEIRAS: CRÉDITO E DÉBITOS 2.1 Conceitos de crédito e débito Você vai concordar conosco que esses dois termos, crédito e débito, já são bem conhecidos, certo? Um dos exemplos é quando acessamos nossa conta-corrente para observar a movimentação do nosso dinheiro. Sempre que fazemos um depósito, a conta-corrente registra um crédito. Por outro lado, quando emitimos um cheque ou utilizamos o cartão da conta, aparece o registro de um débito. Esses dois termos também são conhecidos como as famosas entradas de caixa (créditos) e as saídas de caixa (débitos). Na sequência, vamos abordar mais exemplos de créditos e débitos. Em nossa conta-corrente, quando recebemos dinheiro em forma de salário, por exemplo, podemos dizer que estamos recebendo um crédito. Dentro da estrutura empresarial, quando se concretiza um recebimento por uma venda, também podemos dizer que recebemos um crédito. Na área empresarial também chamamos essas várias entradas de recursos como vendas, receitas ou até mesmo faturamento. Quando realizamos um pagamento ou repassamos dinheiro para comprar algo ou para alguém, estamos fazendo um desembolso, que também é chamado de débito. Da mesma forma, a empresa também terá que pagar pelos seus gastos com impostos, salários, matéria-prima, telefone, energia elétrica etc. Na empresa podemos também denominar todas essas saídas de recursos como custos, despesas, gastos ou outros tipos de desembolsos. Saiba mais No link a seguir, você conhecerá as diferenças entre receitas e despesas e entradas e saída: <http://www.quickbooks.com.br/r/conceitos-financas/qual-a- diferenca-entre-receitas-despesas-e/>. Salienta-se que, na gestão empresarial, os recursos financeiros dizem respeito a todo o dinheiro que será movimentado durante o desenvolvimento da atividade do negócio. Esses recursos estarão ligados aos recebimentos e pagamentos. Estes conceitos serão fundamentais para compreender o conceito e a aplicabilidade do fluxo de caixa, ferramenta que será abordada em outras aulas. 7 É elementar na gestão financeira a questão dos créditos e dos débitos. Por se tratar do recurso financeiro e as respectivas movimentações, sempre falaremos de entradas e saídas destes recursos. Vale salientar que trataremos durante todo o módulo de um modelo denominado de regime de caixa. Neste regime, sempre que ocorre a realização do pagamento ou do recebimento, efetua-se o registro do débito ou do crédito. Este modelo diferencia-se do modelo contábil, que utiliza o regime de competência, o qual, obviamente, é diferente do regime de caixa. Pelo fato do nosso módulo não utilizar muitas ferramentas contábeis, não aprofundaremos aqui o regime de competência. Nas médias e grandes empresas existem softwares que gerenciam de forma integrada toda a movimentação financeira, gerando controles e indicadores de avaliação. Nestes sistemas estão integrados: compras, cadastro de fornecedores, controle de estoques, vendas, emissão de notas fiscais e boletos, controle de prazos, cadastro de clientes, emissão de relatórios, entre outros controles. Para o controle financeiro das micro e pequenas empresas, adota-se um documento de registro denominado livro-caixa. Neste documento são relatadas todas as movimentações ocorridas (pagamentos e recebimentos) em determinado período. Outra ferramenta muito utilizada nestes negócios são as planilhas eletrônicas (Excel). Saiba mais Neste link você encontra um texto sobre livro-caixa: <http://blog.xcm.com.br/livro-caixa/>. Já neste link você encontra um texto sobre controles aplicados nas micro e pequenas empresas: <http://projetodraft.com/sistemas-de-gestao-financeira- conheca-suas-vantagens-e-indicacoes/>. Recomendações de pesquisa Quais são os principais controles financeiros para a gestão de negócios? Quais os tipos de débitos e de créditos que encontramos no fluxo de caixa? 8 TEMA 3 – O GESTOR FINANCEIRO 3.1 O perfil profissional Em nosso primeiro tema desta aula, aprendemos o conceito da área de finanças, que, de forma bastante simples e prática, é definida como a área da empresa que visa gerir recursos financeiros. Na segunda aula compreendemos os conceitos de crédito e débito na movimentação dos recursos na empresa. Agora abordaremos o perfil profissional do gestor que irá administrar essa área. Em outra publicação realizada sobre a gestão financeira, relatamos os principais pontos do perfil do gestor financeiro e destacamos de forma mais profunda o seguinte: Para que essa gestão seja eficaz, é fundamental que a área tenha profissionais capacitados na gestão de toda essa movimentação financeira. Essa pessoa é o administrador ou gestor financeiro, que terá a responsabilidade de controlar estes recursos, buscando as melhores opções e tomando as decisões mais oportunas para obter o melhor resultado possível. Vale ressaltar que, muitas vezes, a área financeira é percebida apenas como uma área que elabora tabelas de controles, onde o administrador financeiro é um profissional que está envolvido em um emaranhado de “planilhas” de cálculos. Entretanto, devemos deixar claro que a área financeira é bem mais extensa do que apenas esta parte de controle. O gestor financeiro deverá trabalhar muito com a parte “estratégica”, buscando acima de tudo a viabilidade do negócio, atuando de forma que o total dos créditos seja acima dos débitos, obtendo assim resultados positivos, ou seja, que os negócios gerem lucro para a empresa. (SALANEK FILHO, 2012, p. 17). Saiba mais Para obter mais informações sobre a atuação do gestor financeiro, acesse: <https://www.youtube.com/watch?v=RSlmO3Lo8h8>. 3.2 Atribuições do administrador financeiro Para os autores Berk, Demarzo e Harford (2010), o administrador financeiro é o profissional que gerencia a movimentação dos recursos financeiros para as decisões de investimentos e financiamentos. Além dos controles internos, que incluem os aspectos operacionais da empresa, o gestor financeiro deverá preocupar-se também com o ambiente externo. Esse ambiente basicamente é influenciado por fatores econômicos, que também interferem na viabilização dos negócios, influenciando, assim, 9 diretamente a área de finanças. Entre eles podemos exemplificar as taxas de juros e os indicadores de inflação. O acompanhamento das variáveis econômicas e a boa compreensão da influência sobre a viabilidade dos negócios irão contribuir para a tomada das decisões financeiras mais adequadas. O gestor financeiro deverá realizar uma análise conjuntural, verificando os riscos que poderão comprometer a empresa. O administrador financeiro também precisa tomar outras decisões. Observe as perguntas a seguir e perceba como esse profissional tem grandes responsabilidades na empresa: a. A empresa necessita comprar novas mesas, cadeiras e computadores para ampliar sua estrutura. Esses bens devem ser comprados à vista ou a prazo? b. A empresa tem uma dívida com fornecedores (débito) para quitar e não possui recursos suficientes (crédito) em seu caixa. O administradorfinanceiro deverá fazer um empréstimo no banco ou renegociar a dívida? Nestas duas situações fica muito clara a responsabilidade que o gestor financeiro possui dentro da empresa. Na primeira situação, poderão ser utilizados os recursos para a compra dos utensílios e faltar dinheiro para outros gastos importantes. Na segunda situação, o grande problema serão os custos financeiros com o pagamento de juros. Alguns questionamentos também poderão ser feitos como reflexão mais aprofundada para esse caso. É possível que os recursos tenham sido insuficientes porque o administrador financeiro direcionou recursos de uma finalidade para outra, usou o dinheiro que era para pagar fornecedores para comprar os móveis e equipamentos. Então, com a apresentação dessas duas situações, temos uma ideia muito clara da responsabilidade que é gerenciar a área de finanças. Esse profissional deverá estar sempre focado nas contas da empresa e tomar as decisões que não comprometam o caixa. O gestor financeiro precisa também ter uma visão do todo. Necessita ter uma relação direta com a área de compras (que negocia os prazos com os fornecedores), com a área de gestão de pessoas (que programa investimentos em treinamentos e contratação de pessoas – salários), com a área comercial (que negocia as vendas e os prazos com os clientes) e diversas outras áreas que necessitam de recursos financeiros. Observe que o gestor financeiro 10 precisa ter uma visão do todo, e não apenas ficar restrito às movimentações financeiras do caixa e da conta-corrente do banco. TEMA 4 – VISÃO SISTÊMICA DA ÁREA DE FINANÇAS 4.1 Visão financeira do negócio No tópico anterior foi mencionada a importância de o gestor financeiro observar o todo em que está inserido. Dessa forma, a área financeira deverá contemplar uma visão sistêmica para verificar os impactos de suas decisões em outras áreas e na continuidade da empresa. Para isso ocorrer, devemos compreender que uma gestão bem afinada, conjugada com um planejamento bem direcionado, será componente fundamental para uma gestão de sucesso, permitindo assim atingir um de seus principais objetivos, que é agregar valor para o negócio. Isso somente será possível se o gestor financeiro controlar os gastos que agregam e não agregam valor ao processo. A gestão financeira tem por responsabilidade principal administrar os recursos financeiros dentro das expectativas definidas anteriormente, geralmente na elaboração da projeção orçamentária. Esta etapa é fundamental para o sucesso do negócio. Uma empresa bem gerenciada financeiramente começa com um bom orçamento; posteriormente, por meio do fluxo de caixa, com o registro dos gastos (custos, despesas e investimentos) e das receitas (vendas). Tendo o registro das receitas e dos gastos, o gestor poderá apurar os resultados (lucros) e finalmente mensurar a remuneração dos investidores, que é a razão de existência de um negócio. Reforçamos aqui que a definição a seguir apresentada, de forma bastante simples e prática, descreve novamente a principal atribuição da área de finanças, ou seja, gerir recursos financeiros. Para que essa gestão seja eficaz, o profissional responsável terá a responsabilidade de controlar esses recursos, buscando as melhores opções e tomando as decisões mais oportunas para remunerar, da melhor forma possível, o capital aplicado. 11 Figura 1 – Visão simplificada da área financeira Para atingir esse “melhor resultado”, alguns controles são imprescindíveis de serem elaborados: orçamento, fluxo de caixa, apuração de resultados (por meio da DRE: Demonstração de Resultados do Exercício), gestão dos custos e análise do retorno dos investimentos. A palavra-chave desta etapa da aula é conexão. É fundamental compreendermos a inter-relação que existe entre as ferramentas financeiras, por exemplo a relação entre o planejamento estratégico da empresa e o orçamento. Se o orçamento não respeitar o que o planejamento direcionou, a empresa não vai conseguir atingir seus objetivos. Quando o planejamento começar a transformar objetivos em metas, naturalmente já começar a emergir os primeiros dados de orçamento. Por exemplo: a empresa deseja crescer (objetivo) e busca um crescimento de 10% (meta). Logo, ela terá que determinar o que precisa ser feito para que essa meta seja atingida... O lançamento de um novo produto pode ser a possibilidade de atingir esse objetivo. Ou seja, é preciso elaborar um orçamento para determinar como será vendido (orçamento de venda), quanto custará (orçamento de custos e produção), qual a estrutura necessária (orçamento de custos indiretos e despesas) e quando é preciso ampliar o negócio para conseguir esse volume de vendas (orçamento de investimentos). Outro exemplo é a conexão do orçamento com o fluxo de caixa. Espera- se que tudo o que foi orçamento (previsto) se realize no fluxo de caixa 12 (realizado). Dessa forma será possível efetuar um comparativo entre previsto x realizado. Outra questão fundamental será a sincronia entre os pagamentos e os recebimentos no fluxo de caixa, para que os valores a pagar ocorram o mais próximo possível dos dias dos valores a receber. A consolidação das informações dos fluxos de caixa vai reunir muitos dados para a elaboração da DRE, entre elas como foi a gestão dos custos, que é um dos grandes desafios dos negócios atualmente. Saiba mais Para obter mais informações sobre o fluxo de caixa e orçamento, acesse: <https://www.youtube.com/watch?v=ELAigis8c8w> e <https://www.youtube.com/watch?v=0CxG5MZusjE>. Para saber mais sobre a DRE, confira o link: <https://www.youtube.com/watch?v=YDkLY2bN8eo>. Além dos controles acima mencionados, nos quais se incluem aspectos operacionais e internos do negócio, o gestor financeiro deverá preocupar-se com o ambiente externo, basicamente com alguns fatores econômicos que interferem no ambiente em que a empresa atua, influenciando, assim, diretamente a área de finanças. Desta forma, podemos considerar que existe uma afinidade considerável entre a área de finanças e as variáveis econômicas. Entre essas variáveis podemos citar: a taxa básica de juros do governo – taxa Selic, a inflação, o câmbio e os juros bancários (limites de crédito, contratos de financiamento, juros sobre atraso etc.). O acompanhamento das variáveis econômicas e a boa compreensão da influência sobre o negócio irão contribuir para a tomada das decisões financeiras. O gestor financeiro deverá, inicialmente, realizar a análise marginal, que é um princípio econômico segundo o qual devem ser tomadas decisões financeiras e realizadas ações somente quando os benefícios adicionais superarem os custos adicionais. Além disso, como já descrito anteriormente, o gestor financeiro terá uma afinidade grande também com a área contábil, visto que todas as decisões financeiras serão registradas em documentos e posteriormente contabilizadas. Entre as ferramentas de análise, a contabilidade elabora a DRE (Demonstração 13 de Resultados do Exercício) e a estrutura do Balanço Patrimonial (ativos e passivos). TEMA 5 – PLANEJAMENTO FINANCEIRO 5.1 Planejando finanças nos negócios Planejar é fundamental para qualquer área do negócio, e com a parte de finanças isso não é diferente. Observe como a área de planejamento financeiro é relevante: Em todas as áreas de negócios as melhores decisões sempre são aquelas que foram tomadas de forma planejada. Uma decisão que foi pensada com antecedência terá uma menor probabilidade de dar errada do que aquela tomada por impulso e sem nenhum tipo de planejamento. Na áreafinanceira isso não é diferente. Podemos até afirmar que nesta área o risco é ainda maior, pois envolve recursos financeiros, podendo assim gerar grandes ‘prejuízos’. Uma decisão financeira sem uma análise preliminar, sem uma reflexão de suas consequências, poderá gerar impactos negativos e dependendo do volume de dinheiro, envolvido nessa decisão, comprometer seriamente a empresa podendo levá-la a insolvência. (Salanek Filho, 2012, p. 21). Dica Confira o que é insolvência acessando o link: <http://www.todoscontam.pt/pt- PT/Principal/CriarEmpresa/EmpresasDificuldades/Paginas/ProcessoInsolv%C3 %AAnciaRecuperacao.aspx>. Um dos grandes riscos ligados diretamente à área financeira é o aumento do endividamento da empresa junto a seus fornecedores e, principalmente, aos bancos. Uma empresa que efetua muitas compras de forma não planejada e busca muitos recursos financeiros, aplicando de forma equivocada no negócio, terá uma grande probabilidade de gerar prejuízos no decorrer de sua atividade. Essas decisões erradas, conjugadas com o volume de juros pagos pelos empréstimos e possíveis atrasos nos pagamentos de outras contas, impactam de forma significativa no resultado e absorvem uma parcela deste lucro. 14 Saiba mais Conheça os riscos dos juros altos acessando: <http://destinonegocio.com/br/financas/entenda-como-lidar-com-os-juros-altos- na-sua-empresa/>. Vamos aprofundar um pouco mais a importância deste planejamento financeiro na condução dos negócios: Um planejamento financeiro pode começar a qualquer momento. Pode ser feito no instante que a empresa está sendo criada, pode ser durante a execução de suas atividades e também pode ser feito quando começam as dificuldades financeiras. É fundamental que no momento do planejamento sejam levados em conta todos os aspectos financeiros que são visíveis e também observar se não existem aspectos financeiros que são invisíveis. Como assim? Aspectos visíveis e invisíveis, você pode estar se perguntando! É muito comum em finanças você não lembrar de tudo que irá gastar. Geralmente são lembrados dos gastos mais comuns e evidentes, ficando esquecidos aqueles gastos que você somente irá lembrar na hora de pagar. Outro ponto também que devemos sempre tomar cuidado é que, na hora de pesquisar e planejar fica estabelecido um determinado valor e na hora de pagar acabam aparecendo outros valores... Por que isso acontece? A resposta é simples! Foi por falta de planejamento. (Salanek Filho, 2012, p. 22) Agora vamos acompanhar a definição de planejamento financeiro apontada por outros autores. Mandelli (2009) faz uma correlação entre as palavras planejamento e finanças. Ele destaca que planejar tem relação com determinar metas, elaborar planos para serem executados e avaliar fatores-chave do negócio. Já para o termo finanças, o autor diz que é a relação com a gestão de recursos e as respectivas aplicações. Para Santos (2011), a utilização do planejamento financeiro empresarial pode iniciar em qualquer momento do negócio. Ele destaca que o mais recomendado é desenvolvê-lo antes de iniciar a empresa e levar em conta os diversos aspectos financeiros para o acompanhamento. Para fecharmos essa etapa fundamental, que é o conhecimento do planejamento financeiro, observe o que o blog Sicoob Credipit destaca sobre este tema: O planejamento financeiro também pode ser definido como um processo de desenvolvimento e implementação de um plano personalizado para evitar ou resolver problemas financeiros com objetivo de alcançar metas previamente determinadas. Esta forma sistemática de se planejar pode ser empregada tanto na nossa vida pessoal como em ambientes empresariais. Um planejamento 15 financeiro eficiente inclui a elaboração e cumprimento das metas de forma disciplinada. De fato, não é fácil criar metas ambiciosas e ao mesmo tempo realistas, muito menos conseguir cumpri-las dentro dos prazos estabelecidos, e por isso a proposta deste site é ajudar a todos que buscam um planejamento financeiro de sucesso. Saiba mais Acesse em <http://www.blogsicoobcredpit.com.br/financas/o-que-e- planejamento-financeiro/> um artigo sobre planejamento financeiro. 5.2 Gestão financeira: enfoque operacional e estratégico Podemos dividir também a gestão financeira em dois enfoques: um operacional e outro estratégico. A etapa operacional diz respeito às atividades do dia a dia, por meio da movimentação dos recursos com as negociações com clientes, fornecedores, bancos etc. A etapa operacional contempla basicamente “contas a pagar” e “contas a receber”. Outra forma de citar o operacional é a representação daquilo que ocorre no curto prazo. Na etapa estratégica, está o planejamento financeiro. É a etapa que antecipamos o futuro. Tudo o que se busca avaliar com antecedência, como uma espécie de previsão, podemos classificar como estratégico. A antecipação de uma decisão financeira que será tomada no futuro é uma espécie de demonstração deste enfoque estratégico. Na etapa estratégica, podemos destacar as decisões de médio e longo prazo. Saiba mais Neste link você encontra um texto sobre a importância da gestão financeira nas empresas: <http://revistaunar.com.br/cientifica/documentos/vol5_n1_2011/5_a_importanci a_da_gestao.pdf>. De forma ilustrativa e por analogia, podemos comparar o operacional como se dirigíssemos um carro (ou seja, a empresa) à noite com o farol baixo ligado. Já o estratégico é como se acionássemos o farol alto na condução do veículo. Outra demonstração mais profunda dessas duas visões diz respeito ao olhar cartesiano e ao olhar sistêmico. 16 Caso a visão seja mais cartesiana, acreditaremos que a finalidade da área financeira é apenas a geração de cálculos e a fórmula para a criação de indicadores. Essa percepção deixaria a área extremamente linear e mecânica. Uma visão mais sistêmica da gestão financeira questionaria o que fazer com os números, ou seja, desenvolver uma análise crítica e seus impactos diante das decisões que serão tomadas. Geralmente quando observamos uma empresa, temos uma percepção linear de seu funcionamento. Para o entendimento disso, somos levados a fragmentá-lo e entender cada uma das suas partes. Caso isso ocorra, quebramos correlações que são fundamentais para o entendimento do todo. Diante disso, a visão cartesiana não é a mais recomendada pelo simples fato da necessidade da observação do todo. Para Salanek Filho (2009, p. 5) A relação entre as partes e os componentes, ou seja, as suas inter- relações são fundamentais. No modelo sistêmico o resultado do todo é superior ao resultado da análise individual. A visão linear é comum no modelo cartesiano, enquanto que a visão panorâmica é fundamental no modelo sistêmico. TROCANDO IDEIAS Estamos caminhando para o final da nossa primeira aula! A ideia agora é consolidarmos nosso conhecimento sobre essa etapa mais introdutória da gestão financeira. Falamos nesta primeira aula sobre: conceitos de gestão financeira; entradas e saídas de caixa; perfil do profissional de finanças; visão sistêmica da área e suas correlações; e o planejamento financeiro. Nesta atividade de fórum, você deverá elaborar uma breve opinião sobre as conexões entre o planejamento estratégico, o orçamento, o fluxo de caixa e a demonstração dos resultados. Demonstre como você compreendeu essas conexões e a importância de elas existirem. NA PRÁTICA Chegamos agora em uma atividade prática. Após todas as leituras das cinco aulas e os vídeos a que você assistiu, vamos praticar um pouco. Por ainda ser uma aula introdutória, não faremos nenhum cálculo,mas vamos desenvolver o raciocínio sobre a elaboração de um planejamento. Por se tratar 17 ainda de uma primeira etapa, essa atividade prática será bem voltada à sua percepção de planejamento. Reúna o conhecimento que você adquiriu nessas aulas e descreva o que é planejamento, respondendo obrigatoriamente às perguntas norteadoras que estarão dispostas após o texto a seguir. O que é planejamento financeiro? Já vimos que planejamento financeiro é entendido como um processo de desenvolvimento de uma decisão financeira antecipada. No planejamento busca-se que as metas financeiras sejam alcançadas e objetiva-se evitar que grandes problemas financeiros ocorram no futuro. Podemos entender também que um planejamento eficiente contempla a determinação de metas financeiras possíveis de serem alcançadas, dentro de períodos previamente estabelecidos. Outro ponto fundamental para que o planejamento financeiro apresente os resultados esperados é que seja seguido de forma disciplinada. Diante dessa abordagem, responda aos seguintes questionamentos: Por onde você começaria a planejar as finanças de uma empresa, pelas saídas ou entradas de caixa? Descreva etapas que você entende como fundamentais para esse bom planejamento. Saiba mais Utilize como base de leitura para essas respostas o artigo disponível no link: <http://nc- moodle.fgv.br/cursos/centro_rec/docs/planejamento_financeiro.pdf>. FINALIZANDO Estamos finalizando esta primeira aula. Tivemos um primeiro contato com alguns conceitos e algumas ferramentas financeiras. Nas próximas aulas serão aprofundados conceitos e a aplicabilidade de ferramentas como o fluxo de caixa e o orçamento (nos seus diversos tipos). A ideia era criar um primeiro contato com essa área tão relevante na gestão dos negócios. No princípio do módulo foi destacado que todas as decisões irão impactar no caixa da empresa, e isso realmente é um fato. 18 Decisões tomadas de forma equivocada poderão comprometer consideravelmente o bom andamento do negócio. Outra questão importante para destacarmos no final desta primeira aula diz respeito à finalidade financeira de uma empresa. Além de dar lucro, essa empresa precisa remunerar de forma satisfatória seu investidor, principalmente quando este investidor apenas direcionou o recurso para o negócio, em vez de aplicar em outra atividade, naquela situação de sócio-investidor. Ele espera que o retorno seja em um volume maior do que alguma outra oportunidade, até mesmo aplicações financeiras nos bancos. Tivemos também uma última atividade, que era descrever fatores relevantes no planejamento financeiro. Uma empresa somente irá se desenvolver se um bom planejamento for feito. É obrigatório antecipar os resultados que são pretendidos no negócio. O gestor financeiro precisa ter essa percepção. É possível elaborar um planejamento efetivo com a projeção de possíveis cenários que aquele negócio enfrentará no futuro. 19 REFERÊNCIAS BERK, J.; DEMARZO, P.; HARFORD, J. Fundamentos de finanças empresariais. São Paulo: Artmed, 2010. GITMAN, L. J. Princípios da administração financeira. São Paulo: Harbra, 2004. LEMES JUNIOR, A. B.; CHEROBIM, A. P.; RIGO, C. M. Administração financeira: princípios, fundamentos e práticas brasileiras. Rio de Janeiro: Campus, 2002. MANDELLI, P. Planejamento financeiro. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/planejamento- financeiro/29100/>. Acesso em: 28 ago. 2017. O QUE é planejamento financeiro. Disponível em: <http://www.blogsicoobcredpit.com.br/financas/o-que-e-planejamento- financeiro/>. Acesso em: 28 ago. 2017. ROSS, S.; WESTERFIELD, R.; JORDAN, B. Princípios de administração financeira. São Paulo: McGraw-Hill Brasil, 2008. SALANEK FILHO, P. Gestão financeira para eventos. Disponível em: <http://documentslide.com/documents/gestao-financeira-para-eventos.html>. Acesso em: 28 ago. 2017. _____. Administração financeira. Disponível em: <http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:6OUg33gPOo0J:xa. yimg.com/kq/groups/25056476/154558051/name/apostila_finan%25C3%25A7a s_jun2009.pdf+&cd=3&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br>. Acesso em: 28 ago. 2017. SANTOS, I. Disponível em: <http://casadaconsultoria.com.br/planejamento- financeiro-empresarial/>. Acesso em: 28 ago. 2017.
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