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Caderno de Fundamentos do Direito Penal

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Fundamentos do Direito Penal
LER BECKARIA – dos delitos e das penas , A SENTEÇA DE TIRADENTES
Rogério Greco - 
Cesar Roberto Bittencourt -
08/08/2016
Desvio, crimes e criminosos
Conceito formal de crime: aquilo que está proibido pela lei sob ameaça de pena. É o que está previsto no CP.
Conceito material de crime: não basta estar previsto na lei, a violação tem que ser significativa, importante; é a violação de um bem jurídico penalmente tutelado.
O crime é um fenômeno natural, social ou legal?
O que é o direito e o que é o crime estão vinculados. E depende do que nós sociedade queiramos que seja. 
Direito natural – vinculado a vontade de Deus, ou à razão do homem. 
O crime é um fenômeno e algumas sociedades classificam algumas condutas como criminosas e outras não. 
O Crime não é natural. Depende da gente querer criminalizar ou não. 
Por que algumas pessoas praticam condutas consideradas delituosas? 
Por quanto tempo um criminoso é criminoso?
DESVIO x CRIME
Desvio – aquilo que não é crime, como por exemplo uso de drogas lícitas, como o álcool e o cigarro. 
Alguns afirmam que quem é desviante pode se tornar um criminoso.
O crime é um nível acima do desvio. O crime é comum. 
PICHAÇÃO, GRAFITE E PIXO:
Muro de Berlim – maior painel de grafites. Era todo pichado como forma de protesto. 
Pixo – grafia usada pelos praticantes da pichação. 
Lei 9605/98 (meio ambiente) – artigo 65. Inicialmente inclui
13 anos depois retirou o grafite do texto da lei e incluíram o parágrafo 2º.
CP, artigo 165.
Dentro da ideia do que é crime ainda:
Sedução 
Rapto de mulher honesta REVOGADOS
Prostituição 
Adultério
O crime acontece em todas as sociedades.
O crime é comum a todo grupo social – Durkheim -> existe um número aceitável de crime para cada sociedade, quando deixa de ser aceitável era chamado de ANOMIA. O crime é normal e nós temos que conviver com ele.
O crime acontece em todos os segmentos da sociedade e não apenas nas ruas.
As pessoas percebem o crime como um grande problema social.
As pessoas são fascinadas pelo crime. Ou pela violência. 
A sociedade cria uma perspectiva de que os criminosos são outsiders, desviantes.
Os criminosos nem sempre são diferentes de nós.
O crime é normal -> Durkheim
Como que os desvios se transformam em crime?
Modelos consensuais: pessoas concordam sobre o que deve ser criminoso. Atos considerados ameaçadores para a sociedade são designados crimes. Leis servem para o bem da sociedade e se aplicam a todos igualmente. 
Manuais de direito penal adotam os modelos consensuais.
Modelos conflitivos: pessoas não concordam sobre o que deve ser criminoso. Sociedade está em permanente conflito. As leis expressam valores dominantes e servem aos interesses dos poderosos. 
Modelo conflitivo é adotado pelos críticos. 
“El derecho penal es el termómetro de la libertad política” (Manzini apud LANGLE, 1927)
15/08/2016
História do Direito Penal
IMPORTÂNCIA DO BECKARIA
Transição do direito penal do terror para o iluminismo, ele que disse que as pessoas devem ter direito, que o estado não pode fazer o que quisesse. 
“Embora a história do Direito Penal tenha surgido com o próprio homem, não se pode falar em um sistema orgânico de princípios penais nos tempos primitivos.” (Mirabete).
O direito penal surgiu, entendido como normas estatais, quando surgiu o Estado, no final da idade média, com a revolução francesa. 
O direito penal não surge com o próprio homem, porque para ter dto penal é necessário ter princípios. Havia, naquela época, vingança.
vingança privada
vingança divina – para saciar os deuses
vingança pública – começa a ter uma organização:
(Mirabete): “Com a maior organização social. Atingiu-se a vingança pública. No sentido de se dar maior estabilidade ao Estado, visou-se à segurança do príncipe ou soberano através da aplicação da pena, ainda severa e cruel. Ainda em obediência ao sentido religioso, o Estado justificava a proteção ao soberano que, na Grécia, por exemplo, governava em nome de Zeus, e era o seu intérprete e mandatário. O mesmo ocorreu em Roma, com a aplicação da Lei das XII Tábuas. Em fase posterior, porém, libertou-se a pena de seu caráter religioso, transformando-se a responsabilidade do grupo em individual (do autor do fato), em positiva contribuição ao aperfeiçoamento de humanização dos costumes penais.”
A regra hoje é a responsabilidade individual, cada um responde apenas por aquilo que faz.
Lei de Talião:
(Código de Hamurabi na Babilônia; Livro “Êxodo” entre os judeus; Lei das Doze Tábuas em Roma) 
A seqüência de versículos que diz: “olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, estigma por estigma, ferida por ferida, chaga por chaga” é o maior exemplo que a Torá escrita, sem a regulamentação da Torá oral, recebe interpretações inconvenientes. Uma primeira leitura do texto acima pode nos levar a uma interpretação de que um crime cometido deve ser vingado na mesma moeda. Porém a intenção é outra. Uma tradução mais fiel da idéia contida nesse versículo viria a partir de um texto como “olho na reposição de um olho, dente como reposição de um dente”, mostrando que a Torá fala de uma indenização a ser paga na medida do crime cometido, ou seja, uma pessoa que causa um dano a um outro individuo deve ser castigada com uma multa que corresponda ao dano, à dor, aos gastos médicos, a humilhação que causou, isto é trata-se mais de um castigo financeiro que algo físico.
Trata-se da humanização dos direitos penais. A lei de talião humaniza porque ela limita, se alguém te fez o mal, não se pode retribuir mais do que o mal que a pessoa te fez
FOUCAULT (La verdad y las formas jurídicas)
História do direito penal processual: três fases
Primeira: da indagação
... Direito pode ser considerado uma forma regulamentada de fazer a guerra. Matar o assassino significa matá-lo de acordo com determinadas regras.
Grécia e Roma:
Processo é relação entre homens livres. Que se pauta com:
Juramentos – os homens livres dizem as verdades, e assumem as consequências dos seus atos.
Testemunhas 
Ordálios – ou provas divinas. 
Direito Penal do Terror - Foucault (vigiar e punir – livro)
Direito medieval (séculos X a XV): 
caráter público
pena de morte sob formas cruéis
composição - excepcionalmente não se aplicava a pena de morte sob a forma cruel
antigo direito germânico: dinheiro resgata paz (não sofrer vingança)
Idade Média:
Falsos Fredericos – era crime se apresentar como frederico
“[...] innumerables historias de fabricantes de oro, que empiezam generalmente como comedia de maleantes para acabar al fin en tragedia [...]” (Radbruch: 207)
Mendicância – era crime 
Ciganos (morenos, miseráveis, nômades, estranhos) – era crime
Alemanha Ordenação de 1714: 
sem processo 
mortos na roda – morrer na roda: prendiam as pessoas na roda, batiam com facão, de prancha ou de talho, depois colocavam o cara vivo em cima da roda e deixavam pros cachorros comer.
1718: 
Mortos por decapitação 
mulheres e crianças: açoitadas, marcadas e expulsas
Idade Média: Estado (o soberano) exige reparação pelo crime: surgimento dos confiscos.
No brasil é autorizado o confisco, exato em caso de tráfico de drogas, em que não se fala em confisco.
Direito Penal Canônico (Idade Média, século XII): humaniza o DP e produz a Inquisição. A inquisição humaniza os costumes penais.
Porque se queimavam os hereges na fogueira? Para limpar os pecados, limpar o corpo e salvar a alma. É na inquisição que começa a ideia que se deve salvar os criminosos, para salva-los, por isso surgiu as mortes nas fogueiras.
Pluralismo jurídico – vários códigos regendo uma sociedade, ex na idade média em que existiam leis do rei, dividas, dos grandes senhores...
Thomas Hobbes (1588/1679) – defendia o absolutismo, porém, o rei também devia obedecer a regras.
Leviathã (1651)
Princípios gerais do direito:
legalidade
proporcionalidade e humanidade das penas – o rei tinha que ser forte,mas as penas deviam ser proporcionais, humanas...
Cesare, BECCARIA:
1764: Dos delitos e das penas 
[...] qual a origem das penas, e em que se funda o direito de punir? Quais as punições que se devem aplicar aos diferentes crimes? A pena de morte será, realmente, útil, necessária, imprescindível para a segurança e a estabilidade social? Serão justos os tormentos e as torturas? Levarão ao fim proposto pelas leis? Quais são os meios mais apropriados para prevenir os delitos? As mesmas penas serão, igualmente úteis em todas as épocas? Qual a influência que exercem sobre os costumes?
A única vez que o beccaria fala em pena de morte é quando for crime contra o rei.
O rei fazia as leis na idade média, o rei era o representante de deus na terra. Todos os crimes eram crimes contra deus. E, portanto, só havia uma punição plausível: pena de morte.
Porém, beccaria levantou a questão de que se são crimes diferentes, deve haver punições diferentes.
Os códigos do século XVIII e XIX tiveram a influência direta do beccaria.
É o mais importante dos reformadores.
2º reformador - John Howard “The state of the prisons in England and Wales” (1776) – algumas ideias: separar os presos por idade, por sexo, por crimes, oferecer aos presos educação, religiosa por exemplo. 
3º reformador - Jeremias Bentham (1748/1832) – teoria das penas legais (livro) – o professor considera ele o mais genial dos reformadores. Bentham criou o PANÓPTICO – vigiar é a punição da revolução francesa, da modernidade. 
PANÓPTICO – círculo como uma torre no meio de onde se pode vigiar todas as celas, e não se consegue ver quem está na torre. O preso sabe que pode ser vigiado, mas não sabe quando está sendo realmente. Ideia: controlar as ações das pessoas, o preso tem que ser controlado permanentemente. 
O Foucault diz que os reformadores não são bonzinhos, nos manuais de direito penal eles dizem que os reformadores reformaram positivamente, o Foucault diz justamente o contrário, que isso foi uma forma de extremo controle, e isso é mais terrível do que a situação que estava anteriormente. 
As prisões federais são limpas e não são lotadas, onde tudo funciona, no entanto, os presos ficam em celas isolados 22h por dia. No entanto, um preso prefere ficar no presídio central do que em prisões federais. A questão prisional é muito mais complexa do que se pensa.
Passagem do direito penal do terror para um direito iluminista, com o beccaria.
Tudo se transforma a partir da revolução francesa, a partir dos pensadores que deram base para essa revolução.
(1789) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
I - Os homens nascem e ficam iguais em direitos. As distinções sociais só podem ser fundamentadas na utilidade comum
Art. 7.º - Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos determinados pela lei e de acordo com as formas por esta prescritas. Os que solicitam, expedem, executam ou mandam executar ordens arbitrárias devem ser punidos; mas qualquer cidadão convocado ou detido em virtude da lei deve obedecer imediatamente, caso contrário torna-se culpado de resistência.
Art. 8.º - A lei só deve estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias e ninguém pode ser punido senão por força de uma lei estabelecida e promulgada antes do delito e legalmente aplicada.
Art. 9.º - Todo acusado é considerado inocente até ser declarado culpado e, caso seja considerado indispensável prendê-lo, todo o rigor desnecessário à guarda da sua pessoa deverá ser severamente reprimido pela lei.
Art. 12 - A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita da força pública; esta força é instituída pela vantagem de todos e não para a utilidade particular daqueles aos quais foi confiada. -> lei que fundamenta o moderno estado de direito que diz que para termos segurança precisamos de policiais.
Art. 13 - Para a manutenção da força pública e para as despesas de administração é indispensável uma contribuição comum que deve ser dividida entre os cidadãos de acordo com suas possibilidades.
Código Penal francês de 1791 – construído tendo como fundamento o código de 1789
Artigo 1 - As penas que serão pronunciadas contra os acusados julgados culpados pelo júri serão a pena de morte, os ferros, a reclusão em casa de força, a detenção, a deportação, a degradação cívica e o carcan. 
Artigo 2 – A pena de morte consistirá na simples privação de vida, sem que se possa jamais exercer tortura contra os condenados. -> marca a superação do direito penal do terror.
Artigo 3 – Todo condenado terá a cabeça cortada. -> todos os condenados justamente porque todos são considerados iguais. 
Artigo 11 – O homicídio cometido com premeditação será chamado de assassinato e punido de morte.
Artigo 22 – Quando, em consequência de ferimentos a pessoa maltratada tiver tido um braço ou uma perna quebrada, a pena será de três anos de detenção. -> a pena era fixa, não gradual, chamado de juiz boca da lei (o juiz só pode dizer o que estava na lei). 
Guilhotina na França:
1792: primeira execução
1977: última execução
1981: abolição
No Brasil...
“Nas aldeias do gentio, a legislação criminal era criação dos missionários, especialmente os jesuítas.” (Thompson, 1976: 90)
Ordenações Filipinas – século XVI:
Direito penal de origem e conteúdo medievais (penas cruéis)
Penas: pena de morte natural (enforcamento no pelourinho, seguido de sepultamento)
Pena de morte natural cruelmente (dependia da imaginação do executor e dos juízes) 
Pena de morte natural pelo fogo (queima do réu vivo, passando pelo garrote) 
Pena de morte natural para sempre (enforcamento, cadáver pendurado até o apodrecimento) – ex: Tiradentes, foi condenado por discursos sediciosos.
A revolução francesa culminou em um novo estado:
Século XIX: um novo Estado
Uma nova polícia, prisão e direito e processo penal
Escolas penais
(Reformadores) – antecedentes disso tudo
Escola Clássica 
Escola Positiva
Escolas Ecléticas ou Mistas
Escola Clássica
Influenciada pelos iluministas 
Francesco Carrara (1805-1888) - Programa de Direito Penal:
Crime é um ente jurídico – algo criado pelo homem
Direito penal deve ser estudado segundo um método lógico-dedutivo. 
Responsabilidade do criminoso - Responsabilidade penal (responsabilidade moral, com base no livre arbítrio) e pena (como retribuição). A pena é uma retribuição de um mal causado a outrem, a sociedade.
É chamada de clássica como uma crítica, como uma ironia, é ultrapassada, vai a falência, porque propõe medidas legais como controle da criminalidade e, no entanto, a criminalidade não diminuiu.
Escola Positiva
Contexto histórico-social do positivismo criminal:
• Falência das expectativas otimistas criadas pelas reformas penais avançadas pelo Iluminismo 
• O aumento da criminalidade leva a questionar-se sobre a natureza e causas do crime 
• Influência de Darwin (The origin of species, 1859 e Descent of man, 1871)
Postulados do positivismo:
• Negação do livre-arbítrio (determinismo)
• Crença nos métodos experimentais e empiricismo 
Cesare Lombroso (1835-1909) - Médico do exército italiano.
Descobriu que tudo há uma lógica, um motivo. Revolucionou o pensamento penal de uma médica. Escreveu um livro chamado homem delinquente. 
1) César Lombroso (1836-1909)
médico militar 
método científico 
frenologia (estudava os crânios) – criou tipos de criminosos:
criminoso nato (ser degenerado, atávico) 
determinismo/rejeição do livre arbítrio 
ideologia do tratamento 
Lombroso
• criminosos possuem traços de “atavismo” físico e psíquico (reminiscentes de estágios mais primitivos da evolução humana)
• O atavismo traduz-se em formas e dimensões anormais do crânio e mandíbula e assimetrias da face
Anomalias ou «estigmas físicos» do criminoso nato:
• forma ou dimensão «anormal» da calota craniana e da face; • fartas sobrancelhas; • molares proeminentes; • orelhas grandes e deformadas; • dessimetria corporal; • grande envergadura de braços, mãos e pés. 
• Sensibilidade diminuída à dor (eis porque, os criminosos frequentemente se tatuariam)• crueldade, leviandade, aversão ao trabalho, instabilidade, vaidade, tendências a supertições e precocidade sexual. • Os criminosos formavam um tipo antropológico unitário • O verdadeiro criminoso é nato (já nasce com predisposição para o crime).
2) Enrico Ferri (1856-1929) – aluno do lombroso 
antropólogo 
trinômio causal do delito -> fatores antropológicos, sociais e físicas 
esses três fatores que vão influenciar um criminoso nato. Não apenas os fatores físicos como lombroso afirmava. 
Delinquentes: natos (aquele que nasce criminoso), loucos (se confundia com os epilépticos da época), habituais (aquele que estão acostumados a cometer crimes), de ocasião e por paixão.
3) Rafael Garófalo (1851-1934)
jurista
Crime é a “violação dos sentimentos altruísticos fundamentais de piedade e probidade, na medida média em que se encontram na humanidade civilizada, por meio de ações nocivas à coletividade” – CONCEITO NATURAL DE CRIME 
Nullum crimen, nulla poena sine praevia lege poenali
(Paul Johann Anselm Ritter von Feuerbach, Código Criminal da Bavária, 1813)
“Não há crime, não há pena, sem lei prévia, determinada, atual e necessária.” Luiz Luisi
1º código criminal - Código Criminal do Império (1830)
Constituição de 1824 – 6 anos antes 
fundado nas idéias de Beccaria, Bentham, Código penal francês de 1810 e outros
influenciou o CP espanhol (1848) e português (1852)
sistema de dias/multa – aplicado até hoje 
pena de morte – inclusão como uma das sanções 
Esse código teve vigência durante todo o império
Abolição da pena de morte no Brasil 
11 de setembro de 1852: Macaé/RJ
um agricultor, sua mulher e 6 filhos são mortos 
Manoel da Motta Coqueiro, dono das terras, foi julgado pelo crime
"a fera de Macabu”
Depois que ele foi morto, descobriu-se que ele era inocente. Dom Pedro resolveu então abolir a pena de morte, e comutou todos os condenados a pena de morte a prisão perpétua.
22 execuções em 1839
(equivalente a, em 1998, 12 mil execuções por ano)
Sentença: "De conformidade com a decisão do júri, condemno aos réus Manoel da Motta Coqueiro, Florentino da Silva, Faustino Pereira da Silva e Domingos de nação Cabinda, escravo de réo Manoel da Motta Coqueiro, pelo crime que foram acusados, na pena de morte, gráo maximo do art. 192 do Código Criminal; com referencia ao artigo 61 do referido Código, 2ª parte, e nas custas em proporção. Appelo desta decisão, na forma da lei para o Superior Tribunal da Relação. O escrivão tire, por certidão, a parte de fls. 2, do Inspetor de Quarteirão André Ferreira dos Santos etc. Macahé, sala da sessão do júri, 19 de janeiro de 1853".
Decisão no Superior Tribunal de Justiça: "Vistos, expostos e relatados os presentes autos de revista crime entre as partes. Recorrente Manoel da Motta Coqueiro e recorrido o juiso: negão a pedida revista por não haver injustiça notoria, nem nulidade manifesta no Acordão de que se recorre. Regresse por tanto os autos ao juiso onde foram sentenciados. Pagas pelo recorrente as custas. Rio de Janeiro, 1º de maio de 1854. Nabuco presidente interino, Pinto Peçanha, Carneiro, Cerqueira Lima, Siqueira, Almeida, Perdigão Malheiros, Veiga Pinheiro. Excelentíssimo Senhor Conselheiro Corenelio Ferreira França não votou por impedido. Rio de Janeiro, 12 de maio de 1854."
“[...] Eram duas horas da tarde, pontualmente. O escrivão de execuções, seguindo os meneios da cabeça do juiz, perguntou a Coqueiro por sua última vontade [...] Com voz trêmula, gritou o mais que pôde outra coisa em resposta, para que o maior número de pessoas possível o ouvisse: - Eu sou inocente. Minha maldição é que esta cidade vai pagar cem anos de atraso pelo que me fez [...] O corpo projetou-se no espaço vazio e ficou balançando de um lado para o outro, como um metrônomo invertido, mas o pescoço não quebrou. O carrasco percebeu isso e ainda hesitou por uns segundos. Depois, num gesto felino e estúpido, resolveu repetir uma ação que aprendera alguns anos antes, numa execução em Minas Gerais, inventada pela criatividade macabra do conhecido carrasco cearense Pareça: pendurou-se à trave superior, escalou-a para frente, até chegar no ponto de onde a corda pendia; agarrou-se a ela, posto seus pés imensos sobre os ombros de Coqueiro e começou um balanceio macabro, jogando seu peso sobre aquele corpo inerte e imobilizado, semi-escondido no buraco do estrado de madeira; demorou uma eternidade até que se ouvisse um estalo formidável que atravessou o silêncio repugnado da multidão - e a coluna se rompeu".
“Desde que se convenceu do erro de não ter concedido a graça a Coqueiro, Pedro II passou a comutar todas as sentenças de enforcamento, incluindo as de escravos, em geral revertidas em prisão perpétua. Oficialmente, a pena capital só foi abolida em 1890, no primeiro ano da República, fato que deixou o imperador ainda mais amargurado. Nos seus cadernos de notas, Pedro II reivindicava, no exílio, o fato de não ter tido aqui nenhuma execução nos 30 anos que precederam a extinção legal da forca. Na prática, o imperador transformou o Brasil no primeiro país a abolir a pena de morte, sete anos antes de Portugal e bem à frente dos Estados Unidos, da Inglaterra ou da França.”
Frégier - Das classes perigosas da população das grandes cidades - 1840
Buret - Da miséria das classes trabalhadoras na Inglaterra e na França – 1840
MALINOWSKI – início do século XX
“Crime e costume na sociedade selvagem”
legislações primitivas não dependem do arbitrário, de paixões ou acidentes: possuem tradição e ordem
suicídio é meio de controle social (punitivo)
“[...] O crime na socidade trobriandaise não se deixa facilmente definir: ele consiste tanto da explosão de uma paixão, quanto na violação de um tabu definido, tanto em um atentado contra as pessoas ou a propriedade (homicídio, roubo, ataque), quanto em uma ambição desmedida ou uma acumulação de riquezas que a tradição não justifica e que engendra conflitos com as prerrogativas do chefe ou de certos notáveis. 
Nós percebemos que as proibições, mesmo as mais categóricas, são elásticas, pois existem sistemas metódicos que permitem escapar das conseqüências de sua violação.” 
MALINOWSKI (1884-1942)
LÉVI-STRAUSS (Tristes trópicos)
os povos canibais e o dilema do punir: antropofagia “[...] absorção de certos indivíduos detentores de forças tremendas o único meio de neutralizá-las, e até de se beneficiarem delas [...]”
os povos “civilizados” e o dilema do punir: antropemia (do grego emein, “vomitar”) sociedade contemporânea expulsa, isola, do corpo social os “párias”
Nós punimos com a antropemia – colocando-os em lugares afastados. Toda a prisão é deslocada, afastada. 
Os povos não civilizados ingerem o criminoso, inserem.
22/08/2016
Émile Durkheim (1859-1917)
• De la division du travail social (1895) 
• Les régles de la méthode sociologique (1895)
• Le suicide (1897)
Les Regles de la méthode sociologique (1895)
“O crime não se observa somente na maior parte das sociedades desta ou daquela espécie, mas em todas elas. Não existe lugar onde não existe criminalidade. [...] O que é normal, em efeito, simplesmente, é que haja uma criminalidade, desde que ela não atinja ou ultrapasse para cada tipo social, um certo nível que não é, talvez, possível de fixar conforme as regras precedentes.”
...
O crime é o resultado normal do funcionamento do sistema e da necessidade de atualização da força normativa dos seus valores
Conceito de anomia
• Propriedade de um sistema social e não um «estado de espírito» deste ou daquele indivíduo, dentro do sistema. • Ruptura dos padrões sociais, revelando pouca ou insuficiente coesão social. • As regras que antes comandavam as condutas perdem legitimidade.
Críticas a Durkheim
• Não explica porque é que algumas pessoas cometem crimes e outras não
• Pressupõe que a lei reflete os interesses e ideias da maioria da população, ignorando os processos de poder inerentes às instâncias de controle.
1º Código penal republicano: 1890
Proclamação: 1889 
Constituição: 1891
Projetospara substituí-lo: 1893, 1913, 1928
Em 1932 surge a Consolidação das Leis Penais de Vicente Piragib
O código penal da república foi feito antes da Constituição. Foi feito rapidamente, mal feito na verdade. Em 1932 surgiu a CLP porque o CP era tão ruim que foram feitas outras leis para tapar os buracos, a CLP veio para dizer quais leis eram válidas e quais não eram.
Declaração dos Direitos Humanos de 1948
Artigo 5 Ninguém será submetido a tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.
Artigo 9 Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
O direito penal tutela os direitos de 1º geração .
O professor acredita que só existem 3 gerações de direitos humanos.
Artigo 11 I) Todo o homem acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias a sua defesa. II) Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Também não será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso
CÓDIGO PENAL (07/12/1940)
A CLP TEVE VIGÊNCIA ATÉ SURGIR O CP. 
Narcélio de Queiroz, Nelson Hungria, Roberto Lyra e Vieira Braga 
Projeto de Alcântara Machado
NOVO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL (1941
Lei Afonso Arinos, Lei nº 1.390/51 Racismo = contravenção penal
Lei nº 7.437/85 - nova redação 
CF/88 – art. 5º, III
Lei nº 7.716/89 - define crimes resultantes preconceito raça/cor
Lei nº 8.081/90 acrescentou o art. 20 à lei anterior: Define os Crimes Resultantes de Preconceitos de Raça ou de Cor. Art. 20 - Praticar, induzir ou incitar, pelos meios de comunicação social ou por publicação de qualquer natureza, a discriminação ou preconceito de raça, cor, religião, etnia ou procedência nacional (grifo nosso). Pena: reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
Superior Tribunal Federal (2003) Siegfrid Ellwanger
Convenção Americana de Direitos Humanos (1969) (Pacto de San José da Costa Rica)
22 de novembro de 1969, ratificada pelo Brasil em 25 de setembro de 1992
Lei nº 7.209/84 – REFORMA DO CP
Francisco de Assis Toledo, Miguel Reale Júnior, Francisco Serrano Neves, Renê Ariel Dotti, Ricardo Antunes Andreucci,Rogério Lauria Tucci e Helio Fonseca
O CP se divide em duas partes:
Parte geral – art 1º ao 120
Parte especial – art 121 em diante.
Em 1984 se modificou toda a parte geral, toda ela foi substituída, colocaram outros 120 artigos.
No mesmo dia em que foi reformado o CP, criou-se uma Lei de Execução Penal (lei 7.210/84)
CF 1988
Sequestro dos empresários Abilio Diniz e Roberto Medina (1990):
Lei nº 8.072/90 lei que tornou crime hediondo a extorsão mediante sequestro, lei criada para proteger os ricos. Lei dos crimes hediondos.
Assassinato de Daniela Perez (1992):
Lei nº 8.930/94 Glória Perez descobriu que o homicídio não era crime hediondo, essa lei tornou o homicídio crime hediondo. Lei dos crimes mais hediondos ainda.
A CF é de 88, desde então ela afirma que a tortura era crime, porém somente em 97 a lei nº 9455/97 define os crimes de tortura, foi criada com o intuito de proteger os cidadãos contra as arbitrariedades do Estado. 
TORTURA: É QUANDO UM AGENTE PÚBLICO MALTRATA, MATA ALGUÉM. (DEFINIÇÃO DA ONU)
TORTURA: É QUANDO UM AGENTE PÚBLICO MALTRATA, MATA ALGUÉM. (DEFINIÇÃO DA LEI 9455/97)
O STF declarou inconstitucional, em 2006, o artigo 2º, §1º da LEI 8.072/90 – lei de crimes hediondos – que não dava progressão de regime para crimes hediondos. 
Em 2001 – rebelião em 30 presídios simultaneamente – PCC
Em 2006 – rebelião em 74 presídios simultaneamente – PCC -> 493 mortes por armas de fogo entre os dias 12 e 21 de maio, 16 PM mortos, 11 agentes penitenciários mortos, 7 PC mortos ISSO É UM EXEMPLO DE ANOMIA PARA O PROFESSOR. 
MODELOS CONSENSUAIS: pessoas concordam sobre o que deve ser criminoso, atos considerados ameaçadores para sociedade são designados crimes. Leis servem para o bem da sociedade de se aplicam a todos igualmente
MODELOS CONFLITIVOS: pessoas não concordam sobre o que deve ser criminoso. Sociedade está em permanente conflito. As leis expressam valores dominantes e servem aos interesses dos poderosos. faz a gente não saber quem são os criminosos. 
CONTROLE SOCIAL: é tudo aquilo que nos empurra para algum lugar, o controle social cria conformidade.
É a pressão de alguma autoridade, que modela a personalidade e cria solidariedade, conformidade e continuidade. Por exemplo: a linguagem.
	O controle social formal é aquele que emana do Estado como o direito, os tribunais, a força policial, etc. Já o controle social não formal é aquele que emana das famílias, clubes, organizações sociais, mídia, religião, mercado de trabalho, sansões privadas, etc.
	Em razão disso, o controle social pode criar o delito (poder legislativo), criar a delinquência ao selecionar casos (cifras ocultas da criminalidade), criar o delinquente (ao incriminar uma pessoa e não outra que praticou a mesma conduta – polícia e judiciário).
CONTROLE SOCIAL NÃO FORMAL: é o grupo, a escola, a família,..
CONTROLE SOCIAL FORMAL: se confunde com o sistema penal, polícia, justiça, prisão..
SISTEMA PENAL
Sistema estrito, fechado
Polícia – Justiça – Presídios
Outros doutrinadores acrescentam:
criminosos – vítimas – esquadrão da morte
Controle social informal – tem menos tendência a cometer crimes
Poder legislativo – deveria estabelecer uma política criminal, qual o problema para o p. legislativo estabelecer uma política criminal no brasil: falta de conhecimento dos legislativos, além do mais, quem faz as leis no brasil é o executivo, e não o legislativo, ele não é autônomo, seguem o posicionamento do executivo. Falta uma politica criminal no brasil e isso justamente é uma politica criminal. 
Não comete crimes pelo sistema informal do que o formal.
Todo sistema criminal é pautado por uma política criminal, isto porque depende de decisões políticas.
TEORIAS PENAIS CONTEMPORÂNEAS – POLÍTICA CRIMINAL CONTEMPÔRANEA: 
São tipos ideais. 
De Direita: o estado deve se afastar da gerencia da coisa pública, salvo na segurança. visa o indivíduo. Há mais rigor na punição.
De Esquerda: o estado deve dar suporte a todos. Há menos rigor na punição. Quanto mais interferência do estado melhor. 
Todas essas escolas são de direito penal tratando desde criminologia até direito penal e filosofia. O direito penal do inimigo.
DIREITA ------------------------------------------------------------------------------------- ESQUERDA
	DTO PENAL DO INIMIGO
	LEI E ORDEM
	DTO PENAL ILUMINISTA
	DTO PENAL TRADICIONAL
	JANELAS QUEBRADAS
	GARANTISMO
	MINIMALISMO
	ABOLICIONISMO
	Dto penal
	Criminologia
	Filosofia do dto penal
	Dto penal
	Criminologia
	Dto penal
	Criminologia
	Criminologia
	MAIS DO QUE DP: GUERRA
	DP MAXIMO
	DP
	DP
	DP
	DP MINIMO
	DP MINIMO
	SEM DP
	EX: LEI DO ABATE
RDD – regime disciplinar diferenciado
	EX: LEI DOS CRIMES HEDIONDO
	EX: CP
CPP
	
	
	EX: CONSTITUIÇÃO 
	EX: JUIZADOS ESPECIAIS
	
	Polícia e exército
	Polícia como instrumento que cura o crime.
	
	Polícia como orgão repressivo, investigativo
Prevenção da criminalidade
	Presença intensa da polícia no cotidiano, ex: azulzinho
	Polícia como aparelho repressivo do Estado, 
Policiamento comunitário 
	
	Polícia rotuladora, polícia como órgão mediador de problemas
	Prisão de Guantánamo (considerada a melhor do Brasil)
	Sistema Federal
	
	Presídio Central
	Penitenciária Modulada
	Penitenciária Modulada
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
Direito penal do inimigo: depois do 11 de setembro que passa a ser conhecida e polemica, existem pessoas que tem direitos às garantias fundamentais e outras não tem direito. Garantias para todos os cidadãos e sem garantias para quem é inimigo. 
Existem pessoas que respeitam o estado (cidadãos, os contraventorese os criminosos são cidadãos, respeitam o estado, eles apenas desrespeitam a lei) e existem aqueles que não respeitam (inimigo -> aquele que quer destruir o estado, ele não quer praticar um crime apenas, ele quer destruir o estado, essas pessoas são inimigas do estado). 
Como existem esses dois tipos de pessoas é necessário ter dois tipos de legislação, uma para cada, para os cidadãos o ordenamento jurídico deve ser pautado nas garantias processuais, se um de nós pratica um crime deve haver a presunção de inocência, deve ter o devido processo legal. Para os inimigos a legislação deve ser mais dura, porque ele não tem medo de morrer, ele não respeita o estado, então não se deve respeitas as garantias dele
Lei e ordem: surgiu na década de 80 nos EUA. Prega tolerância zero. Porque criminalizar o uso da maconha? não se deve tolerar nenhuma atividade criminosa. Deve haver mais efetividade policial e penas.
Prega que nenhum crime deve ser tolerado, para que não surjam os crimes maiores. Tolerância zero é intolerável, porque todo mundo justifica o seu, mas não tolera o do outro. 
Diz que a causa do crime é o livre arbítrio.
Tem apenas 1 ordenamento jurídico, todos devem obedecer a lei, ela é dura, quanto mais dura melhor.
Direito Penal Iluminista: Passagem do dto penal do terror para o dto contemporâneo. 
são os ensinamentos do Beccaria. A base do direito penal é abrir mão de parte da liberdade e deixa-la em favor do estado. Ideia do contrato social pra estabelecer as bases do moderno direito penal, a partir de uma nova filosofia calcada no subjetivismo.
Direito penal tradicional: Legalidade. É o que está nos manuais de dto penal. Deve-se obedecer a lei, surge com a ver. Francesa. Crime é aquilo que está previsto em lei, não depende da vontade do rei. MODELO CONFLITIVO DE SOCIEDADE – sociedade na qual existem disputas, conflitos. Objetivismo: crime, juiz, lei penal modelo da legalidade. É o que estudamos na faculdade.
Janelas quebradas: aqui há políticas públicas de segurança pública e inclusão social estado presente. As pessoas respeitam o que já está em ordem e não o que está quebrado. Não deixar o espaço público sem condições. 
Garantismo: parte da mesma base do iluminismo, porém ele resgata a questão dos princípios. Afirma que os princípios devem ser aplicados acima de tudo. Acima de tudo o dto penal deve respeitar as garantias das pessoas, todos têm garantias. Antes de aplicar o código penal temos que ver a constituição federal. O crime tem que ser uma exceção e não a regra. Surge na Itália e na Espanha, após viverem grandes ditaduras. 
Minimalismo: Crime é aquilo contra a vida e contra a liberdade sexual. Restante não é crime, é problema cível, tributária, etc. porque os efeitos do direito penal não são bons. Ex.: Juizados Especiais. Descriminalização radical, quanto menos tipos penais, quanto menos pessoas presas, melhor. 
ideia dos juizados especiais – desafogar a justiça. É um processo rápido, mas que no entanto não tem garantias. 
Abolicionismo: antilegalismo, anarquismo, religiosidade, humanismo. 
Propõe o fim da lei penal, propõe para o futuro o fim de uma política criminal nacional, cada estado irá criar a sua política criminal, a cada novo governo se começa tudo novamente.
Prega que tem que descriminalizar tudo. Baratta dizia que tudo que um tribunal penal faz, um tribunal cível pode fazer. Ele é contra a legalidade, contra a persepctiva do direito. Tem uma ideia religiosa, humanista e anarquista. Acredita no homem, que o homem é bom e pode deixar de fazer as coisas ruins que está fazendo, sem utilizar o CPP. Utiliza uma visão subjetiva, focada nas pessoas, fevem-se olhar as pessoas envolvidas, pois ele dizia que tem um problema e não um crime. Se propoe uma solução extrajurídica
Não é objetivista, é subjetivista -> não há um crime, há problemas. Não é pra chamar um terceiro que dirá quem tem razão, as pessoas mesmas devem resolver seus problemas. Não adianta prender aquele que furta, porque depois ele sairá e furtará novamente. É uma solução extrajurídica, porque não há uma sentença, é uma solução entre as partes. 
29/08/16
O direito penal é o termômetro da liberdade política. (Manzini apud LANGLE, 1927)
Quanto mais direito penal menos liberdade política, o direito penal e a política são inversos. 
Quando menos direito penal, melhor, mais liberdade política.
 TÍTULO DA AULA – DIREITO PENAL
Conceitos:
Damásio (3): “O fato social que se mostra contrário à norma de Direito forja o ilícito jurídico, cuja forma mais séria é o ilícito penal, que atenta contra os bens mais importantes da vida social. Contra a prática desses fatos o estado estabelece sanções, procurando tornar invioláveis os bens que protege. Ao lado dessas sanções o Estado também fixa outras medidas com objetivo de prevenir ou reprimir a ocorrência de fatos lesivos dos bens jurídicos dos cidadãos. A mais severa das sanções é a pena, estabelecida para o caso de inobservância de um imperativo.” 
Damásio (3): “(...) o Estado estabelece normas jurídicas com a finalidade de combater o crime. A esse conjunto de normas jurídicas dá-se o nome de Direito Penal.”
Tipos de ilícitos:
Ilícito administrativo – ilícito civil – ilícito penal 
Mirabete, 22: “Arma-se o Estado, então, contra os respectivos autores desses fatos [ilícitos jurídicos graves], cominando e aplicando sanções severas por meio de um conjunto de normas jurídicas que constituem o Direito Penal.”
“[...] o jurista não pode deixar de formular algumas indagações, a saber: existirá de fato uma guerra de todos contra todos, ou, pelo contrário, uma guerra de alguns contra outros? Que guerra é essa? Por que alguns desejam guerrear contra outros? Se o direito não cai do céu, mas é elaborado por homens, qual a posição dos homens que o editam nessa guerra? Só o direito penal evita que se prorrompa tal guerra? Não prorromperá ela apesar do direito penal? Evitada a guerra, quem ganha e quem perde com essa ‘paz’ que o direito penal assegurou? Essas e outras perguntas poderão aproximar-nos, até sem que o percebamos, de certas chaves centrais no afazer jurídico: jusnaturalismo e positivismo jurídico, interpretação da lei, fins da pena, política criminal, etc.” (NB, 20)
H + C (122): 
“El derecho penal debe proteger a través del control formalizado, los intereses humanos fundamentales que no pueden ser defendidos de outra manera”
Direito penal ou direito criminal? Tanto faz, são sinônimos, por tradição utilizados 
Pena ou crime?
1) Direito criminal é mais antiga. DP somente se populariza após o Código Penal francês (1810). 
2) Império: Constituição mandava elaborar Código Criminal (1830). Na República, em 1890, ele passa a se chamar Código Penal (mas a CF/1891 continuava a se referir a direito criminal). 
3) DP para acentuar o caráter sancionador deste ramo (crítica: e as medidas de segurança?) 
Hoje: Código Penal 
Disciplina: Direito Penal 
Mas: advogado CRIMINAL
4º andar do Foro Central: VARA CRIMINAL 
Acepções da expressão “Direito penal” PERGUNTA CERTA DE PROVA!
PRINCIPAL DIFERENÇA ENTRE O DIREITO PENAL E O DIREITO CIVIL – o direito penal é público (regula a relação entre o Estado e o indivíduo) e o direito civil é privado (regula as relações entre indivíduos). Os princípios e a lógicas são completamente diferentes. 
No direito penal existe uma desigualdade, o Estado é superior.
Direito civil objetivo – normas civis 
Direito civil subjetivo – o que as partes querem.
1) Direito penal subjetivo - É o direito de punir – ius puniendi. (faculdade do Estado para aplicar as normas penais: possibilidade do Estado criar tipos e sanções e aplicá-las)
Atenção: o cidadão tem direito subjetivo à liberdade – esse é o limite do DP subjetivo
O limite do subjetivo é, pois, o DP Objetivo, pois o direito à liberdade não é absoluto.
2) Direito penal objetivo - normas penais - jus poenale - DP objetivo é direito público (Estado monopoliza o uso da pena; serve para defesa da comunidade.
3) Terceira acepção do termo direito penal- ciência do direito penal - dogmática penal 
A dogmática é o mais prestigiado método utilizado hoje pela ciência do direito. (Método é um caminho, uma forma de se alcançar um fim que se pretende atingir.)
O crime é uma:
Conduta – ação ou omissão
Típica – prevista na lei
Antijurídica – que vai contra a lei
Culpável – a pessoa tem mais de 18 anos, e sã, sabe o que está fazendo.
Para ser crime tem que ter esses quatro elementos. Faltando qualquer um deles não é crime.
LIMITES DA DOGMÁTICA:
Mirabete (25): Como ciência jurídica, o Direito Penal tem caráter dogmático, já que se fundamenta pelo direito positivo, exigindo-se cumprimento de todas suas normas pela sua obrigatoriedade. (...) Deve o estudioso de Direito Penal, contudo, evitar o excesso de dogmatismo, já que a lei e a sua aplicação, pelo íntimo contato com o indivíduo e a sociedade, exigem que se observe a realidade da vida, suas manifestações e exigências sociais e a evolução dos costumes.”
FONTES DO DIREITO PENAL:
Damásio (9): 
1) fonte “remota” (o direito é construído pela consciência do povo) 
2) fonte “de produção” ou “substancial” (o direito é construído pelo estado brasileiro)
Constituição Federal Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
DIVISOES DO DIREITO PENAL:
1. DP Comum e DP especial
DP comum: Justiça comum – direito penal do nosso cotidiano. 
DP especial: Justiça especial – Exemplo de DP especial: DP militar CPM, TJM
DP eleitoral é comum ou especial?
Justiça Penal Eleitoral - Juízes são juízes “comuns” investidos em uma jurisdição especial.
Para Damásio é comum, para Bitencourt é especial. O que sabemos é que o direito eleitoral é especial, isso não há dúvidas.
Caracteres do Direito Penal:
Direito público – estado x indivíduo – relação desigual – o direito penal tenta igual os desiguais através por exemplo da presunção de inocência e do in dubio pró réu.
Cultural (“dever ser” e não “ser”) – depende das culturas e dos valores - diferença entre o direito penal e os 10 mandamentos, os mandamentos dizem para não fazer, o direito penal diz que tu podes matar, mas que será punido por isso.
Normativo – não há crime sem lei penal anterior, é todo baseado em leis, a lei penal não pode surgir do costume.
Valorativo – os crimes têm penas diferentes, conforme a gravidade do crime.
Sancionador – o direito penal sanciona condutas de forme complementar, primeiro tem o ilícito administrativo, depois o ilícito civil e por fim o ilícito penal, ou seja, começa-se pelo menos grave para depois chegar no mais grave, via de regra, não se começa pelo direito penal. 
05/09/2016
CIÊNCIAS PENAIS NORMATIVAS:
O direito penal é normativo porque é baseado em leis.
Direito Penal - Código penal - GERAL E ESPECIAL
Direito Processual Penal – Código de Processo Penal
Direito de Execução penal – LEP (LEI 7210/94) – diz como dever ser a execução das penas. (execução da sentença civil – muito mais simplificado x criminal – muito mais complexo, pq tem que controlar as intercorrências que se tem durante a execução da pena)
Direito contravencional - O delito se diferencia da contravenção por ser a ordem contravencional um “direito penal de menor importância”. Lei das Contravenções Penais, Dec.-lei 3.688/41. Aplica-se às contravenções o CP, pois Legislação especial Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso.
A pena da contravenção é sempre a prisão simples, nunca superior a 1 ano. 
Já a pena dos crimes será a detenção ou a reclusão.
Lei 7209/94 – lei que reformou a parte especial do CP.
CIÊNCIAS PENAIS NÃO NORMATIVAS:
Uma ciência penal não normativa, é uma ciência que não segue nenhuma norma, nenhuma lei. É um conjunto de conhecimento que versam sobre um determinado assunto para se atuar no DP.
Criminologia –
Medicina Legal – aplicação de conhecimentos médicos para verificar a existência, extensão e natureza de danos à saúde e à vida (exames de lesões corporais e necropsias), a ocorrência de atentados sexuais (exames de conjunção carnal), toxicologia (envenenamento, intoxicação alcoólica ou por tóxicos).
Criminalística – Também chamada de polícia científica, é a técnica de investigação criminal de casos concretos. Estuda provas periciais (pegadas, impressões digitais, projéteis, local do crime, etc).
Psiquiatria forense - Verifica imputabilidade. Estudo dos distúrbios mentais frente a problemas judiciais (verifica imputabilidade do autor a vítima para verificar se sofre de alienação mental – o que é relevante em crimes contra os costumes, por exemplo.) Quando o advogado argui a inimputabilidade de alguém, o juiz suspende o processo e abre um outro processo para verificar realmente se é imputável ou não. 
RAMOS COM OS QUAIS O DIREITO PENAL MANTÊM RELAÇÕES:
Direito constitucional:
A principal relação é a hierarquia, subordinação, o DP deve se subordinar aos princípios e direitos constitucionais.
Mirabete (29): “O Direito Penal, como os demais ramos das ciências jurídicas, relaciona-se com o Direito Constitucional, em que se definem o Estado e seus fins, bem como os direitos individuais, políticos e sociais. Diante do princípio de supremacia da Constituição na hierarquia das leis, o Direito Penal deve nela enquadrar-se e, como o crime é um conflito entre os direitos do indivíduo e a sociedade, é na Carta Magna que se estabelecem normas específicas para resolvê-lo, de acordo com o sentido político da lei fundamental, exercendo-se, assim, influência decisiva sobre as normas punitivas. (...)” Mirabete e o artigo 3º do CP
CF/88, artigo 5º - princípios penais.
Direito da Criança e do Adolescente:
Direito Penal da Criança e do Adolescente
1ª relação: o direito da criança e do adolescente é feito para proteger a criança e o adolescente, os crimes são punidos mais severamente quando envolvem crianças, por exemplo. 
2ª relação: quando um adolescente pratica um crime é considerado um “ato infracional análogo a um crime de homicídio”. Medida socioeducativa é de até 3 anos (mínimo 6 meses). Internação é a maior medida.
Criança pode praticar a conduta descrita como crime, mas isso não será considerado crime. Não acontece absolutamente nada com a criança, ela é apenas encaminhada para um tratamento psicológico. Sempre que uma criança pratica um crime ela deve ser assistida e não punida. 
Direito Administrativo
a lei penal é aplicada através dos agentes da Administração (Juiz, Promotor, Delegado, etc). 
“As relações entre o direito penal e o direito administrativo tornaram-se problemáticas. Uma tendência – no geral autoritária – pretende ampliar o campo da atuação do direito administrativo às expensas do direito penal; outra tendência, ao contrário, penaliza verdadeiras questões administrativas. Dentro da primeira propensão encontra-se a tentativa de levar para o âmbito do direito administrativo, o direito penal militar e o direito contravencional. Problemas semelhantes encontramos nas propostas do direito disciplinar, do chamado ‘direito penal administrativo’, do direito penal fiscal e do direito penal econômico. [...]’”.
Direito Civil
Ilícito cível e criminal.
Em um determinado momento o ilícito civil deixa de ser suficiente e passar a ser crime. Há algumas condutas que configuram prisão civil, como o não pagamento da pensão alimentícia. 
Direito Empresarial
Crime falimentar. 
Direito do Trabalho
Proibição da greve.
Em alguns momentos esses outros ramos falham e pedem auxilio ao direito penal.
Direito Internacional –
Direito penal internacional – DPI – lei penal de cada pais e competência dos tribunais. 
Direito internacional penal – DIP – são os tribunais penais internacionais. É quando uma pessoa comete crimes contra humanidade, são crimes extremamente graves. 
Normas penais. 
O que são normais jurídicas?
Bobbio – teoria do ordenamento jurídico
Norma jurídica é o que pertencea um ordenamento jurídico
Norma Penal= preceito primário (conduta) + preceito secundário (sanção)
A norma penal não proíbe, mas diz que o preceito deve ser obedecido, sob pena de sanção.
Características da norma penal:
Exclusividade – só a norma penal define o que é crime.
Imperatividade – o sistema deve imperativamente perseguir quem pratica a conduta prevista na norma penal e faze-la cumprir o preceito secundário (senção)
Generalidade – deve valer para todos. 
Abstratividade – deve ser aplicada apenas para o futuro.
Classificação das normas penais:
Norma penal em sentido estrito – normas penais incriminadoras. - não entendi isso.
Norma penal em sentido amplo - normas penais não incriminadoras - são os artigos que definem os princípios, o que são crimes, é do art 1º ou 120 do CP. 
NP não incriminadoras permissivas – exclusão de ilicitude - artigo 23, 24, 25 e 26
NP não incriminadoras explicativas – apenas explicam um conceito
NP Comuns (código penal) 
NP especiais (legislação esparsa)
Leis penais ordinárias – NP comuns e especiais
Leis excepcionais ou temporárias – lei da copa, por exemplo. 
19/09/2016 – continuação da aula de cima que ele passou mal.
NORMA PENAL EM BRANCO – É UMA NORMA INCRIMINADORA – NO ENTANTO ELA TEM UMA DIFENÇA PORQUE É UMA NORMA INCOMPLETA. 
Ela é aceita no ordenamento jurídico. 
A lei de drogas é uma norma penal em branco pois ela não diz o que é droga, não diz o que é proibido usar, transportar, dar... ela apenas diz que não poder usar drogas, transportar drogas, mas não diz quais são essas drogas.
Drogas sintéticas – feitas em laboratório. 
Drogas naturais – maconha.
A norma penal em branco surge como um instrumento que dá agilidade para a lei, uma vez que é demorado produzir uma norma jurídica. 
Mesmo com a norma penal em branco é necessário que haja precisão. Ela deve ser precisa. Uma portaria da ANVISA traz o que é droga. 
Quando se trata de drogas naturais é mais fácil de precisar, no entanto, quando se trata de drogas sintéticas é difícil, pois surgem novas drogas todas as semanas, o que torna difícil precisar numa lei o que é proibido. 
Ex: ecstasy é proibido, no entanto não existe apenas um ecstasy, apenas uma fórmula, desse modo se eles mudarem a fórmula e ela não bater com a que tem na portaria da ANVISA, em tese, não pode ser considerada droga.
Demora muito tempo entre a apreensão, os estudos e a colocação na portaria da anvisa como uma droga nova, no entanto, ainda sim é muito mais rápido do que criar uma lei.
BINDING - A NORMA PENAL EM BRANCO É UM CORPO SEM ALMA. A norma penal em branco é lacunosa ou incompleta, precisa de complementação.
A norma penal em branco é constituída de duas partes:
Primeira (preceito primário) – lei comum incompleta. EX: LEI DE DROGAS
Segunda (preceito secundário) – é o complemento. Caráter de excepcionalidade ou temporariedade. Norma de mesma hierarquia ou inferior da norma comum primária. EX: PORTARIA DA ANVISA (portaria é uma lei de algum setor do governo, ou de uma empresa, é de inferior hierarquia)
Art 273, CP – lei penal em branco – contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta. é norma penal em branco porque não diz quais são os impedimento.
1548, CC – complementa o artigo 273, CP porque traz quais são esses impedimentos norma de mesma hierarquia. 
Esse caso acima não é tão utilizado, pois o CC também é extremamente demorado para ser elaborado, desse modo, não condiz com a finalidade da norma penal em branco, que justamente a agilidade.
Por isso que usa-se muito mais a portaria, pois ela pode ser criada e alterada rapidamente.
A norma penal em branco ofende a legalidade?
Luis Luisi: a norma penal em branco deve ser “DETERMINADA”
A lei deve deixar claro o que não se pode fazer para poder ser considerado crime.
A lei deve trazer certezas. A norma penal em branco, no entanto, traz incertezas. 
INTERPRETAÇÃO DA NORMA PENAL
Para alguns interpretar a norma penal é descobrir a VONTADE DA LEI, o que o legislador quis dizer, mas importa o que ele quis dizer quando criou ou deve-se interpretar contemporaneamente (hermenêutica).
Quanto ao sujeito:
Autêntica – realizada pelo órgão do qual a norma emana - artigo 327 do CP – conceito de servidor público
Doutrinária – pensadores do direito. 
Judicial – feita pelo juiz – antigamente existia o juiz boca da lei, onde não se queria que os juízes interpretassem a lei, apenas reproduzissem, hoje é ao contrário, há a necessidade dos juízes interpretarem as leis. 
Quanto aos meios:
Gramatical, literal ou sintática (objetiva; dura lex; sed lex) – interpretação letra da lei.
Lógica ou sistêmica (subjetiva) – interpretação subjetiva de quem está lendo.
Quanto ao resultado:
Extensiva – art 235 (bigamia, mas apesar do artigo não falar, também se aplica a poligamia)
Declarativa – apenas esclarece dúvida – art 141, III – várias pessoas mas quantos são várias pessoas?? Três ou mais pessoas. 
Restritiva – diminui o alcance das palavras - art 28 – a emoção e a paixão não excluem a penalidade e art 26, CP – se eu doente de paixão matar alguém eu sou isento de penal 
CRIMINOLOGIA 
Sociologia criminal:
Tarde e Durkhein – escola francesa
Crime é percebido como fenômeno coletivo. Durkheim afirma ser o suicídio um fenômeno coletivo.
Método: estatística (inclusive cartografia) e análise.
“o crime é resultado normal do funcionamento do sistema e da necessidade de atualização da força normativa dos seus valores” Durkhein
Toda sociedade tem criminalidade, no entanto, esses crimes devem estar em níveis normais.
Teorias contemporâneas:
Teorias biológicas
O homem delinquente é diferente do homem não delinquente – LOMBROSO DIZ ALGO PARECIDO COM ISSO, QUANDO FALA DO CRIMINOSO NATO (o criminoso nato tem muito pelo)
Causas do crime são biológicas, genéticas. 
Paradigma radical: do ponto de vista político a teoria permite o surgimento de uma visão arrogante da ordem social (sentimento de superioridade)
Hoje: buscam paradigmas moderados eles não afirmam mais o que dizia o paradigma radical, buscam uma moderação nessa corrente. 
Escola criminológica norte-americana:
Tipo físico x tipo caracterológico – analisaram durante 30 anos um grupo de jovens para ver as características de quem cometeu mais crimes.
67 traços de personalidade x 42 fatores socioculturais – analisaram diferentes tipos de personalidades cruzando com dados culturais para ver as características de quem cometeu os crimes.
Genética criminal – vinculado as escolas biológicas acima citadas
Síndrome de Klinifelter (XXY) – todos que tem cromossomo XXY devem ser presas, porque tem QI baixo, baixa afetividade.
Teorias psicológicas 
Comportamento delitivo decorre de processos psíquicos normais ou patológicos. 
No entanto, quem sabe definir o que é normal e o que não é. É muito subjetivo.
Teorias sociológicas
A criminalidade está dentro da sociedade.
Sociologia norte americana:
Escolas:
Chicago – criou-se um mapa da criminalidade no centro das grandes cidades, pois as pessoas querem ir morar no interior, não há solidariedade nos grandes centros, desse modo há maior criminalidade nesses centros – formação das metrópoles. 
Culturalista – formação da personalidade (interiorização de padrões culturais), urbanização = “gueto” (os guetos fazem os criminosos) X área de colarinho branco = fim da ideologia do igualitarismo
Sutherland – crime do colarinho branco – em certas áreas não há certos tipos de crimes. traz a ideia de que o crima também é praticado pelos ricos
Funcionalista – anomia de Parsons (1938) – ideia de que as pessoas querem ter, consumir. Se o cara é um fracasso ele será um bandido. Trabalham com a analisa de sociedade para ver como é a funcionalidade da sociedade e tentar entender os padros do surgimento de criminalidade.
Anos 60 – ênfase no sistema de controle social e na seleção de condutas e pessoas, como o direito penal funciona para prender os pobres, SELETIVIDADE. Propõem abandono do paradigma etiológico-deterministapor um modelo dinâmico.
CONCEITO DE CRIMINOLOGIA:
Ciência dedicada ao estudo do crime e dos criminosos conceito ultrapassado
Objeto: pressupunha a lei penal
Criminologia radical ou crítica hoje
Objeto: processo de criação das normas penais. Investigação das condutas desviantes, verifica o “real” funcionamento do sistema penal. Estuda o porquê o sistema penal atinge os pobres.
A criminologia é uma ciência. Criminologia é o acumulo de conhecimento de várias disciplinas (biologia, medicina, psicologia) 
A criminologia estuda a polícia, os presídios, a justiça, a política criminal, como o legislativo cria o que é crime, o comportamento do judiciário. 
É uma ciência empírica interdisciplinar que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo. Trata-se da gênese (começo do crime, origem, da onde vem o crime) e variáveis (quem comete o crime, se ele acontece mais no inverno ou no verão) do crime – contemplando este como problema individual e como problema social, assim como sobre os programas de prevenção do mesmo e técnicas de intervenção positiva no homem delinquente.
É a ciência que estuda o crime, o criminoso e a vítima, a fim de definir os fatores que estão na origem do comportamento antissocial, de encontrar os melhores meios de lutas contra este comportamento e as medidas aptas para prevenir, bem como os métodos eficazes para ressocializar os delinquentes 
Criminologia é o estudo sócio cientifico do crime como fenômeno individual ou social. A pesquisa criminológica inclui a incidência e as formas do crime, bem como as causas e consequências. Ela também inclui as regulações governamentais e reais sociais ao crime, o campo de estudos criminológicas é transdisciplinar, destacando-se sociólogos, psicólogos e juristas.
Agencias repressoras: policia, justiça, ministério público. 
YOUNG – A CRIMINALIDADE DECORRE DA EXCLUSÃO.
BAUMAN – TEM A MESMA IDEIA. 
COLOCAR A TABELA DO YOUNG QUE TIREI FOTO AQUI.
12/09/2016 – aula dada pela Joana – substituta. 
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL
LICC
Art. 4º - Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
Os princípios penais são fundamentos do sistema penal (política criminal de controle social, polícia, etc) e está regulado no art 5º da CF e foram esses princípios que fizeram a passagem do direito penal do terror para o direito penal iluminista. 
	São conquistas históricas incorporadas aos ordenamentos.
	Primeiro se garantiu a liberdade, direitos de primeira geração, e depois se garantiu os de segunda geração, escola educação, saúde, trabalho, etc. Os direitos humanos, o direito penal civilizado surge junto com os direitos humanos. As declarações dos direitos humanos garantem as nossas liberdades e também o trato correto como cidadão que infringe a lei.
	Os princípios penais transitam pela política criminal. Como funciona o ordenamento? através de uma política criminal. Existem princípios penais ao movimento de lei e ordem, direito tradicional, e ao minimalismo, cada um tem uma llógica e tem seus princípios e outros que permeiam todos, como o princípio da legalidade e do abolicionismo.
	Essas escolas compartilham alguns valores que são os do iluministas, porque dão uma base de garantia democrática.
	Os princípios são meios de organizar a política criminal, os presídios, etc.
	
Violar um princípio é mais grave que violar uma norma? Não, porque princípio é uma norma, e como norma ele também deve ter aplicabilidade imediata.
Os princípios na CF: entre os incisos 37 a 69 do art. 5º.
Função dos Princípios: Como é o Estado que detém o poder de punir, os princípios servem também como forma de garantir contra os arbítrios do Estado, é uma forma de limitar esse poder, para que ele não se torne ilimitado.
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONALIZADOS – ESTÃO EXPRESSOS NA CF:
Legalidade: o professor Dani irá tratar depois especificadamente. 
Humanidade: ele é aplicado tanto no momento da cominação (que é a criação da lei), da aplicação e da execução da pena, devem atender critérios humanos. Deve ser racional e proporcional, não existe pena de morte. ou seja, na cominação das penas o legislador não pode prever uma pena de morte, por exemplo, já que a constituição limita o podes de legislar, bem como o juiz, pois este deve trabalhar com humanidade, ele deve ser racional e proporcional. Quando vai calcular a pena de uma pessoa deve aplicar a lei seguindo uma lógica. Então, a humanidade esta no momento de legislar, julgar e executar a pena. se a pessoa é condenada a uma pena restritiva de liberdade, basta apenas a restrição de liberdade, pois o presidio tem que ser apropriado pra uma pessoa viver.
	Esse princípio está previsto no art. 5 da declaração de direitos humanos do homem, decreto 1948:
Nadie será sometido a torturas ni a penas o tratos crueles, inhumanos o degradantes. 
Essa previsão é igual ao que está previsto no artigo 5º, III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
Está previsto também no artigo 5º, inciso XLVII - não haverá penas: 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados; (seria aquele que é duro e inútil, mas é discutível)
d) de banimento;
e) cruéis;
A ONU entende que interrogatório que dura mais de 6 horas é considerado tortura.
CF art. 5º incisos III E XLVII. São cláusulas pétreas, imutáveis. Apenas com o rompimento da ordem constitucional podem ser mudadas essas cláusulas.
	Art. 59 CP e 1º LEP: cálculo de direito penal.
	
A pena não deve trazer sofrimento, no entanto, não existe pena sem sofrimento, apesar do princípio da humanidade dispor justamente ao contrário. O sofrimento é tanto do preso como da família. Alimentação, lazer e trabalho – era isso que deveria ter dentro do presidio.
Desse modo, no cotidiano da aplicação da pena, o princípio da humanidade obriga a tratar as pessoas como pessoas, mesmo que tenham eles praticado um delito. A pena é restritiva de liberdade, não infamante ou cruel. Ela obriga a pessoa a perder a liberdade, não a dignidade. O estado, pode, pois, encarcerá-la, mas não submete-la a condições desumanas.
Culpabilidade: CF, 5º, “XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido.”
A culpabilidade traz essa questão da responsabilidade subjetiva. Que a pena não irá passar da pessoa do condenado, não existe sucessão nessa responsabilidade. Não há também concorrência, como por exemplo, se uma criança mata um colega, nem ele, nem os pais irão responder (serem presos), porque os pais não concorreram para isso. Agora, se o pai tivesse dado uma arma para o filho levar para a colega, dai sim ele irá responder, porque terá concorrido para isso.
Culpabilidade: fundamentação da pena, individualização da pena e proibição da responsabilização objetiva.
Direito Penal antigo: responsabilidade objetiva (produção de resultado) – a pena ultrapassada da pessoa condenada. 
Código de Hammurabi:
Hoje: responsabilidade subjetiva 
O sujeito é responsável por seus atos, somente ele. 
A pena não ultrapassa a pessoa do agente - 
Individualização da pena: cada um irá responder na medida da sua culpa, do crime que cometeu. Deve ser levado em conta também a reincidência ou não. Não é porque duas pessoas cometeram o mesmo crime, juntos, que receberão a mesma pena.
Auxílio reclusão: quando alguém comete crime a família da pessoa fica assistida, desde que o condenado seja segurado da previdência social. Ou seja, tinha que estas contribuindo para o INSS. Não pode deixar desassistida a família. 
A culpabilidade justifica o auxílio reclusão, bem como a individualização da pena, pois cada pessoa recebe uma pena de acordo com sua participação no fato, não é igual paratodos. 
O doutrinador Zafaroni criou a ideia da co-culpabilidade: o sujeito é responsável pelos seus atos, pelo que escolhe fazer, no entanto, ele define a questão no sentido de que algumas pessoas não podem ser responsabilizadas por seus atos, porque elas não teriam outra escolha, ou seja, traz a questão de que a sociedade pode ser culpada pelos atos de uma pessoa. Traz a questão do porque algumas pessoas progridem e outras não, a questão das oportunidade que surgem para alguns e para outros não, ou seja, a sociedade como co-culpada pelos crimes que essas pessoas sem chances cometem. Traz também a discussão da reincidência, porque a pessoa não se torna uma pessoa melhor dentro da prisão, porque ela comete novamente crimes? Não deveria existir a ressocialização, reabilitação? a pena tem quer ser aumentada ou diminuída? a lei manda aumentar, mas ele diz que não é certo, pois a culpa não é do prasomas daquele que é responsável por re-socializar a pessoa.
OBS: livro de Roberto Lyra – Como julgar, como defender, como acusar). Filme: O cabo do medo.
Igualdade: todos são iguais, caput do art. 5º: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes
No direito penal esse princípio é relativizado, pois a igualdade do caput é formal, e não material. Há uma gigantesca diferença no âmbito do direito penal, uma vez que a classe social e outros aspectos são levados em consideração, o fato da pessoa ser defendida por advogado particular ou pela defensoria também retrata uma desigualdade.
Deveria ser igual, mas não é. O que se faz pra minimizar essa falta de igualdade? in dubio pro reo, eu não preciso provar minha inocência, mas tão somente gerar uma dúvida. Num processo crime, a vantagem do réu é essa: gerar dúvida, pois o ônus da prova é do MP.
Individualização da penal: a culpabilidade leva à individualização da penal. 
Este princípio se vincula à noção de cálculo da pena, teoria da pena, e está previsto no art. 5, XLVI e na LEP no art. 5º. 
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
LEP, art 5º - os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da execução penal. esse caso não se olha mais quanto tempo ficará preso, a LEP traz como será a execução da pena, ou seja, a pessoa já foi condenada e na sua execução também deve ser observada a individualização de cada um. Como por exemplo, a separação de homens e mulheres, separação por idade nos presídios, pelo tipo de crime cometido, etc... 
PRINCÍPIOS SELECIONADOS PELO PROFESSOR COMO NÃO CONSTITUCIONALIZADOS, CONFORME art. 5º, §2º 
Art. 5º:
§ 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte
Princípio da Intervenção mínima: diz que a pena do direito penal deveria ser a última ratio. Ou seja, a pena deveria ser a última alternativa. 
Montesquieu: “quando um povo é virtuoso, bastam poucas penas”
Beccaria: “proibir uma enorme quantidade de ações indiferentes não é prevenir os crimes que delas possam resultar, mas criar outros novos”
Toda ideia da intervenção mínima, vem do iluminismo, pela declaração de 1789 no art. 8º (traz o princípio da intervenção mínima e da legalidade).
Não se pode sair criminalizando todas as condutas, isso não é a solução. Aqui não deve ser criado crimes que são irrelevantes.
Direito penal é complementar, subsidiário, extremo, e só deve ser utilizado quando outros ramos do direito civil não cobrirem tal situação. Isso acaba superlotando os presídios e não resolvendo os reais problemas da sociedade.
Fragmentariedade: o direito penal não está ai para proteger todos os bens jurídicos, apenas alguns considerados mais importantes.
Subsidiariedade: o direito penal deve ser a última alternativa para proteger esses bens jurídicos. 
Serve para impedir que o estado, respeitando o princípio da legalidade, crie crime iníquos: pichação?
Consequências de não se aplicar esse princípio: banalização. Uma das consequências da banalização da aplicação do DP é a perda da credibilidade do Estado na aplicação do DP.
Quando ocorreu a passagem do direito penal do terror para o iluminista, Focault diz que as pessoas estavam acostumadas com a barbárie, pois eram tão frequentes que as pessoas achavam que era normal, isso acabou com a credibilidade do direito penal, pois as pessoas não deixavam mais de praticar os atos por serem considerados crimes, porque isso tornou-se normal na sociedade.
Princípio da lesividade: influencia muito a atitude do legislador, pois este so pode prever como crime condutas externas, que lesionem o poder jurídico. aqui tem que ser avaliado se a conduta praticada fere o direito de alguém. Aqui o comportamento tem que lesionar o bem jurídico, dependendo quem furtou e de quem foi furtado. 
Tem três funções relativas à lesividade:
Proíbe incriminação de atitudes internas: não pode ter a criminalização da atitude interna, o que é o pensamento. Enquanto for uma conduta interna está liberado, o problema é que não pode ser exteriorizado, pois daí se tipifica uma conduta criminosa.
Proíbe incriminar conduta que não exceda o âmbito do autor: o crime de tentativa de suicídio não é punido, pois não excede o âmbito do autor. Agora, o induzimento ao suicídio é crime, porque excede esse âmbito. Aqui há vedação da autopunição. A tipificação do consumo de drogas não seria contraditória a esse principio? quem defende diz que quem usa drogas prejudica a sua própria saúde.
Proíbe incriminação de estados ou condições existenciais, bem como de condutas desviadas que não afetem qualquer bem jurídico: isso garante a igualdade. 
Tudo isso nos leva a uma questão “eu posso ser quem quiser sem ser perseguido”, eu não posso ser julgado pelo que eu sou, mediante o direito penal do autor, mas sim pelo direito penal do fato, ou seja, condenado apenas pelo ato criminoso que cometi, não interessando quem a pessoa é. Isso porque o direito penal se baseia no fato, e não na pessoa. 
Princípio da proporcionalidade entre o fato e a pena: parte da ideia de que se a pena for proporcional isso será bom porque as pessoas não cometerão crimes, isso porque é o fruto da razão. Não pode levar à radicalidade do castigo, como pena de morte, por exemplo, pois a pessoa nessa condição não tem nada a perder. Então, praticar mais um homicídio não mudará em nada.
Princípio da insignificância: é o mais utilizado pelo judiciário e fonte de inúmeras polemicas. Ainda que uma conduta se amolde ao tipo penal, pode não apresentar relevância material. Significa que se a conduta, ainda que descrita no tipo penal, não é relevante materialmente falando, não vamos considerar fato como crime. Ou seja, se subtrair coisa alheia móvel e essa coisa for insignificante, isso não é crime. Esse princípio não está na lei. 
Magnaud, o bom juiz:
Descriminalizar condutas que não lesionam o bem jurídico de forma significativa, exige que a ofensa ao bem jurídico tenha gravidade. Ainda que uma conduta se amolde ao tipo penal, pode não apresentar relevância material e neste caso se afasta a tipicidade por que o bem não chegou a ser lesado. 
Para aplicar esse princípio tem que ser analisado 4 vetores: mínima ofensividade da condutado agente (grau da lesão é mínimo), nenhuma periculosidade social da ação, reduzidíssimo grau de reprovação do comportamento envolvido e a inexpressividade da lesão jurídica provocada.
Nunca se admite insignificância em lesão corporal, pois a integridadefísica é bem maior contra o qual nenhuma ofensa deve ser tolerada.

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