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AGENCIAS REGULADORAS AULA 3

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AGÊNCIAS REGULADORAS
Independência financeira
Vinculação ao Poder Legislativo e Judiciário
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O sistema de atribuição de receitas mostra-se aspecto fundamental à independência financeiras das agências Reguladoras, pois evita que todo o orçamento da instituição reguladora advenha da previsão orçamentária do Poder Executivo.
Isso ocorre por meio da taxa de regulação, devida pelo concessionário diretamente à agência, em valores proporcionais ao proveito financeiro obtido com a exploração do serviço/bem concedido.
Essa taxa de regulação é de prestação pecuniária obrigatória, instituída por lei e cobrada mediante atividade administrativa vinculada, que não constitui sanção por ato ilícito.
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Existem entendimentos que a qualificam como tributo, pois tem como fato gerador a própria relação contratual de concessão/permissão e como base de cálculo a receita auferida pela concessionária, além de ser cobrada em razão do exercício do poder de polícia pelo estado.
Contudo, não é esse o entendimento majoritário. Diversos autores apontam que a taxa de regulação tem natureza contratual, pois é do contrato de concessão de serviços firmado entre o poder concedente e a concessionária que se origina a cobrança de tal taxa, que é fixada como forma de contrapartida para contratação da concessão.
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NOSSO TEMA NOS TRIBUNAIS:
“(...) A alegação de inexigibilidade da taxa em referência, sob o fundamento de possuir o mesmo fato gerador do valor da concessão previsto nos contratos não prospera, vez que não se trata de tributo, mas do valor contratual previsto em cláusula essencial do instrumento de concessão (...)” (STJ - Ag 1345841, 04/11/2010) – destaquei.
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Assim, trata-se de pagamento contratualmente estipulado, para que o controle dos serviços concedidos seja exercido autonomamente, como determina a legislação, o que é de interesse não somente do poder concedente como também do concessionário, pois assegura a segurança jurídica dos investimentos.
Oriundas dessas taxas contratuais (taxa de regulamentação), afirma-se que as receitas auferidas pelas agências reguladoras constituem fundo gerido com autonomia financeira, não de confundindo com as demais receitas orçamentárias, provenientes do orçamento geral do Poder Executivo.
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Com relação ao Poder Legislativo, não que se falar em qualquer autonomia da agência reguladora, que conduz o exercício de suas atividades em estrita observância aos ditames legais.
Sua capacidade normativa não é ilimitada, não podendo conflitar com as normas constitucionais ou legais, por força do princípio da legalidade a que se submete qualquer órgão das Administração direta ou pessoa da Administração indireta.
Além disso, a agência reguladora está submetida à fiscalização do Congresso Nacional (art. 49, X, CF) e ao controle financeiro, contábil e orçamentário exercido pelo TCU (art. 70, CF).
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NOSSO TEMA NOS TRIBUNAIS:
“(...) Ação objetivando a declaração de ilegalidade da Portaria ANP 201/99, que proíbe o Transportador-Revendedor-Retalhista - TRR - de transportar e revender gás liquefeito de petróleo - GLP-, gasolina e álcool combustível. (...) O ato acoimado de ilegal foi praticado nos limites da atribuição conferida à ANP, de baixar normas relativas ao armazenamento, transporte e revenda de combustíveis, nos moldes da Lei 9.478 /97. (...) "Ao contrário do que alguns advogam, trata-se do exercício de função administrativa, e não legislativa, ainda que seja genérica sua carga de aplicabilidade. Não há total inovação na ordem jurídica com a edição dos atos regulatórios das agências. Na verdade, foram as próprias leis disciplinadoras da regulação que, como visto, transferiram alguns vetores, de ordem técnica, para normatização pelas entidades especiais” (CARVALHO FILHO, José dos Santos. "O Poder Normativo das Agências Reguladoras" / Alexandre Santos de Aragão, coordenador - Rio de Janeiro: Editora Forense, 2006, págs. 81-85). (STJ - REsp 1101040 PR, 16/06/2009).
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José Afonso da Silva: “O Congresso ou qualquer de suas Casas podem instaurar de ofício o procedimento de fiscalização e controle. A iniciativa pode ser de qualquer congressista ou de qualquer das Comissões do Legislativo. Não se indica a forma de como a fiscalização e controle se instauram. Embora a competência exclusiva do Congresso se dê por meio de elaboração de decreto legislativo, aqui não parece que esse seja o meio adequado. Em geral, na verdade, a fiscalização e controle se dão por meio de instauração de comissão parlamentar de inquérito, ...” (2006, p. 406) – destaquei.
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Com relação ao Poder Judiciário também não há autonomia. Em pese seja atribuição da agência dirimir o conflito de interesse em última instância administrativa, suas decisões podem ser objeto de controle pelo Poder Judiciário (art. 5º, XXXV, CF), ó que reforça que o Brasil adotou o sistema da unicidade da jurisdição, contrário ao sistema francês de dualidade de jurisdição, admitindo uma jurisdição administrativa e outra comum.
Ressalta-se, porém, que essa possibilidade de controle judicial está limitada à legalidade, proporcionalidade e razoabilidade da medida administrativa examinada, não se podendo admitir que o Judiciário adentre questão meritória, sob pena de ofensa à independência dos Poderes.

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