Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
12/05/2014 1 Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências Biológicas Departamento de Fisiologia e Farmacologia Disciplina de Farmacologia NEUROLÉPTICOS Odair Alves da Silva Recife 2014 Introdução Os fármacos neurolépticos (antipsicóticos ou antiesquizofrênicos) são fármacos utilizados no tratamento de distúrbios psiquiátricos graves como as psicoses e manias. Trazem efeitos benéficos sobre o humor e pensamento. O termo Psicose (e sintomas psicóticos) é empregado para se referir à perda do juízo da realidade e um comprometimento do funcionamento mental, social e pessoal, normalmente levando a um prejuízo no desempenho das tarefas e papéis habituais. 12/05/2014 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO 2 DSM-IV (Diagnostic and Statatistical Manual of Mental Disorders) • (Eixo II) • Transtornos invasivos do desenvolvimento, • Esquizofrenia, • Transtorno esquizofreniforme, • Transtorno esquizoafetivo, • Transtorno delirante, • Transtorno psicótico breve, • Transtorno psicótico compartilhado, • Transtorno psicótico devido a uma condição médica geral, • Transtorno psicótico induzido por substância CID-10 (Classificação Internacional das Doenças) • (F20-F29) • F20 - Esquizofrenia • F21 - Transtorno esquizotípico • F22 - Transtornos delirantes persistentes • F23 - Transtornos psicóticos agudos e transitórios • F24 - Transtorno delirante induzido • F25 - Transtornos esquizoafetivos • F28 - Outros transtornos psicóticos não-orgânicos • F29 - Psicose não-orgânica não especificada Fisiopatologia da Esquizofrenia Os transtornos esquizofrênicos se caracterizam, especialmente, por distorções do pensamento e da percepção, além de afetos inapropriados ou embotados. É uma doença crônica que se inicia normalmente no fim da adolescência e que apresenta forte componente genético e ambiental. Estudos da OMS estimam uma prevalência de 1% na população mundial. 12/05/2014 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO 3 Principais sinais e sintomas Sintomas Positivos Desenvolvimento de funções anormais - Delírios - Alucinações - Fala desorganizada - Comportamento catatônico. Sintomas Negativos Redução ou perda das funções normais. - Afeto embotado, - Alogia - Avolição Classificação (CID-10) Esquizofrenia F20.0 - Esquizofrenia paranoide F20.1 - Esquizofrenia hebefrênica F20.2 - Esquizofrenia catatônica F20.3 - Esquizofrenia indiferenciada F20.4 - Depressão pós-esquizofrênica F20.5 - Esquizofrenia residual F20.6 - Esquizofrenia simples Fisiopatologia da Esquizofrenia A fisiopatologia da esquizofrenia se baseia principalmente na observações 12/05/2014 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO 4 • Alterações na densidade neuronal de áreas como sistema límbico, córtex frontal e pré-frontal, núcleos da base e diencéfalo. • Dilatação dos ventrículos cerebrais. Alterações morfológicas • Teoria Dopaminérgica – hipofunção dopaminérgica na via mesocortical (sintomas negativos) e hiperfunção na via mesolímbica (sintomas positivos). [Receptor D2] • Teoria Glutamatérgica – hipofunção glutamatérgica resultando em alterações nas vias dopaminérgicas. [Receptores NDMA] • Teoria Serotoninérgica – alteração da sinalização serotoninérgica. [Receptor 5-HT2A] Alterações da neurossinalização Sinalização Dopaminérgica 12/05/2014 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO 5 Fármacos Antipsicóticos A clorpromazina foi o primeiro neuroléptico desenvolvido e tornou-se disponível a partir de 1952 na Europa e 1955 nos EUA. Os antipsicóticos podem ainda ser divididos em: – Antipsicóticos típicos - fármacos mais antigos com ações proeminentes no receptor D2 – Antipsicóticos atípicos - constituem uma nova geração com antagonismo D2 menos proeminente. O termo neuroléptico foi proposto por Delay e Deniker em 1995. Dois anos depois, esses dois autores caracterizaram 5 propriedades dos antipsicóticos, ainda válidas: 12/05/2014 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO 6 • Criação de estado de indiferença psicomotora; • Diminuição da agressividade e agitação; • Redução gradativa dos distúrbios psicóticos agudos e crônicos; • Produção de síndromes diencefálicas e extrapiramidais secundárias; • Efeitos subcorticais aparentemente predominantes. Antipsicóticos Típicos Mecanismo de ação – Bloqueiam os receptores D2 pré e pós-sináptico em todas as vias dopaminérgicas do SNC. – Seu mecanismo de ação como agentes antipsicóticos parece envolver o antagonismo dos receptores D2 pós-sinápticos mesolímbicos, visto que são mais eficientes no tratamento dos sintomas positivos. – Também bloqueia outros receptores, especialmente α-adrenérgicos, muscarínicos, H1, 5-HT2 e dopaminérgicos de outras vias. Responsável pelos principais efeitos colaterais. Farmacocinética – Tanto os fármacos típico quantos os atípicos são altamente lipofílicos, a maioria é metabolizados no fígado (CYP2D6, CYP1A4 e CYP3A4), exibem uma alta ligação às proteínas plasmáticas (92 a 99%) e apresentam uma longa meia-vida. 12/05/2014 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO 7 D2 D2 Antipsicóticos Típicos Principais Agentes - Os antipsicóticos típicos são divididos em várias classes estruturais, das quais as mais proeminentes são: 12/05/2014 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO 8 Fenotiazinas (Tricíclicos) • Alifáticas • Clorpromazina • Triflupromazina • Levomepromazina • Piperidínicas • Tioridazina • Periciazina • Piperazínicas • Flufenazina, • Trifluperazina • Perfenazina Tioxantenos (tricíclicos) • Tiotixeno • Flopentixol • Flupentixol • Clopentixol Butirofenonas • Haloperidol • Bemperidol • Droperidol Difenilbutilpiperidinas • Pimozida • Penfluridol • Fluspirileno Antipsicóticos Típicos Efeitos colaterais – Muitos dos efeitos adversos dos antipsicóticos típicos são provavelmente mediados pela ligação desses fármacos aos receptores D2 nos núcleos da base (via nigroestriatal) e na hipófise. – Os efeitos adversos dos agentes antipsicóticos típicos podem ser divididos em duas amplas categorias: 12/05/2014 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO 9 Efeitos sobre o alvo • Resultado do antagonismo D2 • Sintomas parkinsonianos (extrapiramidais) - rigidez muscular, bradicinesia/acinesia, tremor de repouso e instabilidade postural. • Acatisia – parestesia, incapacidade de se manter imóvel. • Síndrome maligna neuroléptica - catatonia, estupor, febre e instabilidade autônoma. • Discinesia tardia - movimentos estereotipados involuntários e repetitivos da musculatura facial, braços e tronco. • Efeitos sobre a prolactina - amenorreia, galactorréia, ginecomastia. Efeitos não-pretendidos para o alvo • Resultado do antagonismo em outro receptores • Antagonismo das vias muscarínicas periféricas - provoca efeitos anticolinérgicos, incluindo boca seca, obstipação, dificuldade na micção e perda da acomodação visual. • Antagonismo α-adrenérgico - pode causar hipotensão ortostática e, nos homens, ausência de ejaculação. Além de sedação. Antipsicóticos Típicos Uso terapêutico 12/05/2014 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO 10 Antipsicóticos Atípicos São fármacos mais recentes e com maiores ações sobre os sintomas negativos da esquizofrenia. Possuem afinidade relativamente baixa pelos receptores D2 e seu mecanismo de ação está baseado em três hipótese: 12/05/2014 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO 11 Mecanismo de ação dos antipsicóticos atípicos Hipótese 5-HT2 Ação antagonista no receptor 5-HT2 de serotonina ou a ação antagonista em ambos os receptores 5-HT2 e D2 Hipótese D4 Antagonismo D4 seletivo ou uma combinação de antagonismo D2 e D4. Hipótese da dissociação rápida do D2 Ligam-se mais transitoriamente aos receptores D2 de dopamina do que os antipsicóticostípicos Antipsicóticos Atípicos Principais agentes – Os antipsicóticos atípicos são divididos em várias classes estruturais, das quais as mais proeminentes são as: 12/05/2014 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO 12 Dibenzodiazepinas • Clozapina • Olanzapina Benzamidas • Sulpirida • Tiaprida • Racloprida Dibenzotiazepinas • Quetiapina • Metiapina Benzisoxazol • Risperidona Diidroindolona • Ziprazidona Diidrocarbostirila • Aripiprazol (Agonista parcial) Antipsicóticos Atípicos Efeitos colaterais 12/05/2014 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO 13 •É um achado incomum e de apresentação variável de paciente para paciente. Efeitos extrapiramidais • O tratamento com clozapina é apontada como causa de leucopenia. Agranulocitose • Olanzapina, clozapina e risperido estão associados a aumento de apetite e ganho de peso. Ganho de peso • Existem evidências sobre a indução de diabetes pelo uso de olanzapina e clozapina. Diabetes SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES (2008) Antipsicóticos Típicos Uso terapêutico 12/05/2014 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO 14 Ações sobre receptores 12/05/2014 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO 15 Evidências 12/05/2014 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO 16 WANNMACHER, L. (2004) Referências bibliográficas › PENILDON SILVA, Tratado de Faromacologia. 8.ed Guanabara Koogan. 2010, pp. 474-491. › HARDMAN, J.G.; LIMBIRD, L.E. Goodman & Gilman As Bases Farmacológicas da Terapêutica. McGraw Hill, 11ª ed. › FARMACOLOGIA - RANG, DALE & RITTER (4a e 5a ed) Português. › FARMACOLOGIA - KATZUNG (9ª ed) Português. › GOLAN D.E. PRINCÍPIOS de FARMACOLOGIA - A Base Fisiopatológica da Farmacoterapia, 2ª edição. Guanabara Koogan. 2009, pp 131-145. 12/05/2014 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO 17
Compartilhar