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2012 Questionário I Respostas

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Questões de FES I:
 
 
1) A afirmação de Hobsbawm nos mostra que a história seria essencial ao desenvolvimento 
da teoria econômica pois esta guiaria o estudo em economia. Lembrando o perspectivismo 
da existência de Nietzsche (que afirma que o mundo tem uma pluralidade de interpretações e 
que toda e qualquer interpretação tem origem no próprio mundo) e o fato de a teoria tentar 
entender, explicar e, por vezes, intervir nos fenômenos econômicos percebemos que o estudo 
em economia nada mais é que o desenvolvimento de teorias sobre os fenômenos econômicos 
(que tem origem no mundo). Dessa forma é lógico que o economista deva entender a realidade 
para que então possa interpretá-la, e é nesse contexto que o estudo de história está inserido. 
Observa-se que aprender história é evoluir na compreensão do substrato do qual parte toda a 
teoria econômica e que a economia desligada da história perde relação com o próprio meio que 
ela deve explicar. Vira um “barco desgovernado” como diz Hobsbawm ou uma ciência autista 
como se afirma correntemente.
 
2) Para Gorender a interpretação de Formação do Brasil Contemporâneo significou 
um “salto qualitativo” no evolver da historiografia brasileiro pois é perceptível nessa obra 
um desenvolvimento à teoria de ciclos que havia sido criada por John Normano e havia 
com Simonsen atingido seu ápice. Prado Jr. consegue dar uma visão mais global do todo, ao 
contrário da teoria de ciclos onde a história de cada época não parece relacionada de forma 
alguma à dos outros ciclos econômicos brasileiros. Caio descobre na estrutura exportadora 
colonial o elo de ligação entre todos esses ciclos que até então eram como “compartimentos” 
separados e estanques, dando um sentido totalizante à história econômica brasileira.
 
3) Rostow em sua obra Etapas do Desenvolvimento Economico traça sua linha argumentativa 
no sentido de que todas as nações estão sujeitas ao mesmo caminho em direção ao 
desenvolvimento economico. Caio Prado questiona esse sentido linear e previsivel proposto 
por Rostow e assim como o trecho de Fernanda Cardoso afirma que as características 
particulares de cada sociedade, ou melhor a própria história do país estudado, deve ser 
seriamente levado em conta no momento de estabelecer planejamentos eficientes que 
objetivem o desenvolvimento economico.
 
4) O sentido da colonização seria o fato de a economia brasileira ter se constituido apenas 
como forma de enriquecer a metrópole europeia com a extração ou produção do que quer que 
fosse mais rentável a esta.
Esse sentido teria tido como consequências necessárias a organização dos segmentos 
produtivos entre o setor exportador-monocultor e ““Tudo mais que nela [em nossa economia] 
existe, e que é aliás de pouca monta, será subsidiário e destinado unicamente a amparar 
e tornar possível a realização daquele fim essencial [o sentido da colonização].” (p. 123)” 
ou “[As atividades que não têm por objeto o comércio externo] pertencem a outra categoria, 
e categoria de segunda ordem. (...) Não têm uma vida própria, autônoma, mas acompanham 
aquelas [de exportação], a que se agregam como simples dependências.”
 Além disso a organização interna também seria apenas resultado necessário desse sentido 
da colonização (objetivos que animam os colonizadores), do caráter tropical da terra e das 
condições da nova ordem econômica mundial:
- GRANDE PROPRIEDADE: O tipo de colono “não é o trabalhador, o simples povoador; mas o 
explorador, o empresário de um grande negócio. Vem para dirigir: e se é para o campo que se 
encaminha, só uma empresa de vulto, a grande exploração rural em espécie e em que figure 
como senhor, o pode interessar. Vemos assim que, de início, são grandes áreas de terras que 
se concedem no Brasil aos colonos. (...) Nenhum daqueles colonos que emigravam com vistas 
largas, e não entendia levar aqui vida mesquinha de pequeno camponês, aceitaria outra coisa.”
- MONOCULTURA: “A monocultura acompanha necessariamentea grande propriedade tropical; 
os dois fatos são correlatos e derivam das mesmas causas. A agricultura tropical tem por 
objetivo único a produção de certos gêneros de grande valor comercial e por isso altamente 
lucrativos. Não é com outro fim que se enceta (...). É fatal, portanto, que todos os esforços 
sejam canalizados para aquela produção (...).”
- TRABALHO ESCRAVO: “Com a grande propriedade monocultural instala-se no Brasil o trabalho 
escravo. Não só Portugal não contava população suficiente para abastecer sua colônia de mão-
de-obra, como também, já o vimos, o português, como qualquer outro colono europeu, não 
emigra para os trópicos, em princípio, para se engajar como simples trabalhador assalariado do 
campo. A escravidão torna-se assim necessidade”
 
5) Ainda que seja difícil não ver uma descrição preconceituosa de Caio Prado dos grupos que 
formam a sociedade brasileira em sua obra, o autor poderia se defender dizendo que uma 
descrição assim tão exagerada da “indolência” e de outros defeitos do povo brasileiro apesar 
de abrir um flanco para uma possível repressão, seria necessária para conclamar à sociedade 
a necessidade gritante de uma revolução que conseguisse finalmene romper com o “ranço 
colonial” no Brasil. Lembrando que Caio Prado tratou essa parte da população dessa forma, 
pois eles não são de fatos atores diretos do sentido da colonização, pois são trabalhadores 
livres e como tais, são minorias em seu modelo e portanto podem ser encarados como 
inorgânicos e marginais.
 
6) Ambos autores criam uma teoria pautada no pensamento para a ação. A teoria de Caio 
Prado Jr. é ligada a um pensamento marxista, e como tal, nunca poderia ter se transformado 
em pauta de ação para a burguesia, enquanto Furtado, apesar de ser bastante independente 
dos poderes econômicos, acaba tendo sua obra convertida em arma da nova burguesia 
industrial brasileira. Caio Prado portanto através de suas obras tentaria conclamar a revolução 
que, para ele, seria a única capaz de livrar o Brasil de seu ranço colonial. Já Furtado, que para 
Francisco de Oliveira se esquece em sua teoria das questões sociais no Brasil e as submete aos 
interesses da classe dominante, é partidário de um espírito reformista para mudar as estruturas 
econômicas do país. Ele acreditava que uma revolução não se fazia necessária e poderia colocar 
em risco os avanços que já haviam sido conquistados.
 
7) Para Caio Prado Jr. o ranço colonial se fazia presente, ainda em 1942, em diversos aspectos 
da sociedade brasileira. A orientação do sistema colonial para desenvolver ao máximo as 
nações europeias no contexto do desenvolvimento comercial das mesmas seria o principal 
ponto, para o autor, que explicaria a forma como se deu todo o desenvolvimento econômico 
brasileiro. Na mesma linha, Novais evolui o argumento de Caio Prado, afirmando que este 
não teria tido total compreensão do fenômeno (ficando no meio do caminho) e mostra 
que essa colonização estaria contida não apenas no desenvolvimento mercantil europeu 
mas também seria responsável pela acumulação primitiva de capital essencial à conclusão 
do desenvolvimento capitalista (que não teria forças endógenas capazes de realizar essa 
acumulação primitiva): o capitalismo industrial.
 
8) Para eles o fato de ver o subdesenvolvimento brasileiro como culpa da forma como se deu 
nossa colonização e seu sentido (como Caio Prado Jr. faz) acaba tirando a culpa das elites 
nacionais. Além disso a visão de longo prazo de Caio Prado acaba inevitavelmente dando uma 
visão abstrata e rígida e coloca a realidade à margem da interpretação.
João Fragoso e Manolo Florentino demonstram a importância da atividade comercial dentro 
do Brasil colonial e seu papel na formação e uma elite brasileira e seus valores presentes na 
sociedade até os dias de hoje; As criticas feitas pelos dois a Caio Prado, giram em torno da não 
importância que Caio Prado demonstra para coma relações comerciais internas da colônia, 
somente salientando o caráter exportador que segue o “sentido da colonização”
 
9) “A constituição do Brasil como uma economia reflexa e dependente não decorreu 
meramente da exploração metropolitana ou do fato da colônia ter se voltado para o 
fornecimento de produtos para o comércio europeu [como em Caio Prado Jr.], mas derivou, 
essencialmente, da forma de capital que marcou nossa história até 1888: o capital escravista.” 
A medida que se ampliava a produção escravista-mercantil, maiores eram suas exigências em 
termos de suprimento de cativos e de escoamento da produção efetuada.
 
10) pgs.76 e 77 do Novais: A riqueza flamenga a muito advinha de sua condição de entreposto 
comercial, centro de transferência e redistribuição dos produtos (carrying trade) daí advinha 
sua política pautada pelo liberalismo. Criaram-se entre 1595 e 1602 diversas companhias na 
tentativa de comercializar produtos orientais, havendo porém resultados desastrosos pois as 
companhias acabavam competindo entre si agravando os problemas trazidos por um comércio 
a longa distãncia. Em 1602 porém impõe-se uma orientação monopolista com a criação da 
Cia. das Índias Orientais, que garantia exclusividade das operações no oriente. Analisando o 
episódio percebemos que eram necessárias as garantias de uma operação monopolista para 
que as necessidades do capitalismo mercantil fossem atendidas, somente dessa forma era 
viável a realização de um comércio lucrativo com o oriente que garantisse uma acumulação de 
capital da burguesia comercial holandesa.
 
11) Para os autores, o sistema colonial, ou seja, a forma pela qual se deu e os interesses que 
guiaram a colonização das terras americanas a partir do século XVI é o principal agente que 
explica a forma pela qual se deu o desenvolvimento da economia colonial. O fato de toda a 
estrutura econômica estar voltada para o abastecimento das metrópoles teria causado danos 
profundos que até a época que os autores escreveram seriam sentidos. A própria dificuldade 
em se desenvolver do país estaria em boa medida ligada a esse sistema colonial que para 
Novais estaria ligado à acumulação primitiva de capital do sistema capitalista. Dessa forma 
percebemos que para os autores a colonização era o principal fato da história do Brasil e seria 
ao redor dele que tudo o resto orbitaria.
 
12) Há enorme discordância entre Gorender e Furtado no que tange ao entendimento de 
quais foram os interesses dominantes e vitoriosos com a revolução de Avis em 1395. Enquanto 
Furtado acredita que houve uma completa e definitiva ascensão da burguesia sem ligação com 
um passado feudal ao poder (rev. de Avis como rev. burguesa), Gorender coloca esta como 
uma Rev. Nacional que leva somente a uma renovação da burguesa portuguesa. Elementos da 
burguesia se enobrecem e substituem membros da antiga nobreza que haviam apoiado D.João 
de Castelo na disputa sucessória, ele acredita portanto na existência de certa continuidade 
nessa dinastia em relação à situação anterior.
 
13) A referida frase é de autoria do historiador Fernando Novais. Para tal autor, como 
explicitado na citação, o sistema colonial mercantilista foi um dos pilares da acumulação 
primitiva, ao estilo marxista, que proporcionou a transição do mercantilismo para o capitalismo 
moderno. Diferente deste, Gorender argumenta que a contribuição do colonialismo foi 
importante para a acumulação primitiva de capital e o consequente desenvolvimento 
capitalista na Europa, porém, tal ocorrência foi sucedida nos países cuja estrutura 
socioeconômica já vinha sendo antes trabalhada por fatores revolucionários internos – a 
exemplo dos “cercamentos” e revoluções Inglesas – são tais fatores, portanto, os fundamentais 
para a transição. O Estado Português teria praticado, em suas palavras, um “mercantilismo 
inferior” em cuja exploração colonial bastava, sem ter se desenvolvido no sentido do 
protecionismo da indústria nacional, caso do Estado Inglês.
 
14) A discussão entre Gorender e Faoro se dá especialmente no ponto que cada um dos autores 
vê como sendo fundamental e caracterizador do feudalismo. Faoro prova que não existem 
as relações de suserania e vassalagem em Portugal, como havia no resto da Europa pois os 
nobres não tinham as prerrogativas das outras regiões, eles apenas dominavam as terras. 
Gorender argumenta porém que não é a vassalagem o ponto fundamental e caracterizador do 
feudalismo, usando a caracterização de Dobb, Gorender afirma que o essencial são as relações 
de produção e portanto o fato de haverem servos com obrigações ligadas à tradição em 
portugal caracteriza por si só a existência de um feudalismo: o feudalismo de tipo português.
 
15) A interpretação sobre “Mercantilismo Inferior” de Jacob Gorender, se baseia no 
contentamento português da exploração colonial que não evoluía no sentido do protecionismo 
da indústria nacional, como fizeram outros países (Inglaterra e França). Isto ocorreu 
devido a persistência de uma sociedade arcaica, onde existia a convergência de interesses 
entre “nobreza e burguesia”, e na qual a nobreza havia se renovado mas continuava 
identificando-se com as característucas próprias dessa elite. O pioneirismo na expansão 
ultramarina e o sucesso e lucros inicias podem ter tornado os portugueses “acomodados”, 
o que culminou no não desenvolvimento do capital industrial e continua dependência da 
colônia-metrópole. Teve como consequências o esfacelamento econômico de Portugal, logo em 
seguida no decorrer da historia, e o triunfo dos países industriais, principalmente a Inglaterra. 
Portanto, a afirmação de Iraci Del Nero, tem em sua primeira parte as consequências das 
medidas não tomadas por Portugal e criticadas por Gorender. Já a segunda parte da afirmação 
fica na retaguarda, “se ela não viesse a obter êxito”, pois obteve.
 
16) Nota-se a presença da teses de Caio Prado Jr. no trecho, Ceuta tornou-se centro produtor de 
cereais para abastecer as necessidades portuguesas. O resto = ?????????
 
17) A afirmação que segue é do escritor Caio Prado Junior, que passa a visão do colono europeu 
(português no nosso caso) que viria para colonizar a America. Como explicado na citação, o 
colonizador só desbravaria natureza hostil aqui existente caso fosse senhor de uma quantia 
relevante de terras, em que não precisasse trabalhar e para produzir algo lucrativo. Essa visão 
pradiana vai de encontro com a análise realizada por Godinho sobre a expansão quatrocentista 
portuguesa. Pois, a sociedade expansionista portuguesa, subdividida em nobres (com anseios 
territoriais) e burguesa (com anseios comercias) - formavam as camadas privadas com capitais 
suficientes para financiar projetos como a colonização brasileira - dificilmente se lançaria além-
mar para trabalhar. A solução era a existência de senhores e escravos, pois mesmo os homens 
portugueses sem capitais prefeririam continuar em Portugal ou seguir para as “Índias Orientais” 
do que vir para America à trabalho.
 
18) Para Godinho a afirmação do romancista Martim Page não é correta. O historiador, 
baseado em sua analise sobre a expansão quatrocentista portuguesa, afirma ser esta uma 
particularidade da Coroa Lusitana, que em principio era a única a ter capital suficiente para 
financiar tais projetos. Tal política expansionista era, portanto, monopólio do Reinado, o qual 
concedia muitas vezes à particulares a autorização para lançarem-se aos mares. O autor chega 
a citar as ordens religiosas - como a Ordem de Cristo de Page – mencionando sua concentração 
fundiária (de capitais) e suas expansões marítimas, mas sempre como um grupo particular o 
qual recebeu doações da Coroa Portuguesa.
 
19) O Reinado de Dom João II que vai de 1481-1495, trás a tona o objetivo português de 
alcançar o Oriente. Tal Rei sedimenta a hegemonia marítima portuguesa no Atlântico 
Meridional. Cria redes comerciais inter-oceânicase deixa a territorialidade secundarizada. 
Seu sucessor, o Rei Dom Manuel, governa de 1495-1521, sendo sua prioridade é o Oriente. 
Em seu reinado o Brasil é descoberto. O reinado de Dom João III (1521-1557) é marcado por 
vetores geopolíticos e econômicos que desfavorecem Portugal no Oriente. Com a diminuição 
da comercialização no Oriente, Dom João III incentiva a colonização do Brasil no intuito de 
defendê-lo de estrangeiros e com objetivos auríferos, tendo como exemplo o rico Império 
Colonial da America de seus vizinhos espanhóis.
 
20) O sucesso do empreendimento lusitano no Brasil é explicado por uma confluência da 
fatores, que possibilitaram a instalação e expansão da industria açucareira na região do atual 
nordeste. As técnicas de produção adquiridas pelos portugueses na implantação do sistema 
açucareiro das ilhas atlânticas supriram as necessidades dos métodos de produção. Os vínculos 
criados com os Holandeses, que financiaram grande parte do processo produtivo, 
encarregaram-se de criar o mercado demandante (melhorando a distribuição e atingindo novos 
mercados), fizeram a grande parte dos transportes e o refinamento do produto, foram outros 
fatores de grande relevância para o sucesso lusitano. O antigo contato Português com o tráfico 
de mão de obra Africana para outras regiões, incluindo a Europa, foi outro fator ao suprir o 
empreendimento brasileiro com trabalhadores escravos – tem-se que a escassez de aborígenes 
locais (que logo cedo veio a faltar), a diminuta população metropolitana e a imprevisibilidade 
de estes (trabalhadores português) virem ao Brasil à trabalho prejudicaria a implantação do 
sistema canavieiro. E por fim, outro importante fator foi a descoberta precoce de ouro na 
America Espanhola e a consequente inércia econômica da metrópole. A qual se estagnou 
economicamente, formando uma classe parasitaria que viviam das remessas de moedas 
preciosas da colônia, importando tudo que lhe era necessário, impedindo o desenvolvimento 
metropolitano. Este é um fator relevante, pois analisando a América Espanhola, esta possuía 
terras (tão qualificadas para a cana-de-açúcar como o Brasil), mão de obra abundante 
(aborígenes locais) e capital para financiar seu empreendimento (dado a quantidade de ouro 
encontrado), sua estagnação, portanto, foi importante para o sucesso do açúcar brasileiro. 
 
21) Valendo-se da argumentação de Celso Furtado e de Charles Boxer, percebemos que estes 
historiadores enxergam a colonização brasileira, assim como a afirmativa de Freyre, dividida 
em um inicio desestimulante e um decorrer extremamente interessante para a metrópole 
colonizadora no jogo das competições imperialistas europeias. Em principio, a ocupação 
econômica do território brasileiro é em boa medida uma consequência da pressão política 
exercida sobre Portugal pelas demais nações europeias. E tendo em vista este ser o período 
de exploração portuguesas no Oriente, percebe-se o desapontamento e o desinteresse pelo 
domínio das terras de pau-de-tinta. Porém, dada a queda do Império Português do Oriente 
devido a motivos específicos e ao mesmo tempo o encontro de uma forma de utilização 
econômica das terras americanas que justificaram sua ocupação e cobririam os gastos de 
defesa das terras, o açúcar. O que caracteriza uma nova fase de atividade portuguesa, a 
colonização passa a ser algo de grande interessante ao Reino Lusitano. Ou seja, em um primeiro 
momento temos a colonização brasileira como algo necessário, caso contrário seria perdido, e 
nesse mesmo período tem-se o lucrativo comércio com o oriente. Em seguida, tem-se a queda 
do império do oriente e o concomitante desenvolvimento americano de uma atividade que 
justificaria sua exploração, além de suprir a metrópole com um novo centro explorador (dada a 
queda do oriente).
 
22) A política espanhola estava orientada no sentido de transformar as colônias em sistemas 
econômicos o quanto possível autossuficientes e produtores de um excedente líquido, na forma 
de metais preciosos, que se transferia periodicamente para a metrópole. Esse afluxo metálico 
para a metrópole fez com que o poder econômico do Estado crescesse demasiadamente, 
causando uma crônica inflação e uma persistente balança comercial deficitária, ou seja, 
um aumento das importações e uma diminuição das exportações. Gerando uma camada de 
pessoas economicamente inativas, vivendo de subsídios do governo. A decadência econômica 
da Espanha prejudicou enormemente suas colônias americanas. Fora da exploração mineira, 
nenhuma outra empresa econômica de envergadura chegou a ser encetada. Podemos, 
portanto, caracterizar esse período econômico vivido pela Espanha, como um típico caso de 
Doença Holandesa, que ocorre quando uma nação se depara com algo extremamente rentável 
e de grandes proporções e devido a isso involução econômica, devido à estática e retrocesso 
da produção e o parasitismo que se cria. A decadência econômica espanhola favoreceu 
demasiadamente o êxito da empresa colonizadora agrícola portuguesa nas Américas. Pois a 
proximidade e fecundidade das terras espanholas na America, a abundancia de mão de obra 
local e a facilidade de capital que poderia ser oferecido à colônia, permitiria o surgimento de 
uma empresa agrícola espanhola mais lucrativa que a portuguesa.
 
23) a) As duas primeiras etapas estavam adequadas à política colonial então vigente, ou seja, 
obedeciam ao “sentido da colonização”, atendendo aos anseios metropolitanos, produzindo 
aqui algo que interessava economicamente ou comercialmente a Europa, criando um 
excedente líquido ao respectivo Reino. A terceira etapa não se adequava à política colonial, 
pois surgiu como uma economia similar a europeia, dirigida de dentro para fora, produzindo 
principalmente para o mercado interno, sem uma separação fundamental entre as atividades 
para exportação e aquelas ligadas ao mercado interno, ou seja, não obedecia mais ao “sentido 
da colonização”.
b) Ao inverso dos interesses metropolitanos, as duas primeiras etapas, as quais obedeciam 
a uma lógica externa, foram pouco frutíferas para o desenvolvimento da própria colônia. 
Pois todo excedente gerado tinha como destino o exterior, não se criava, portanto, relações 
econômicas internas que gerasse o desenvolvimento das colônias. Diferente da terceira etapa, 
que surgiu como uma econômica colonial similar à europeia, articulando o mercado interno da 
colônia e permitindo seu desenvolvimento.
 
24) Schwartz ressalta o caráter “moderno” do empreendimento colonial açucareiro, que 
era dispendioso, complexo (com divisão do trabalho e “ciência” no refino) e relativamente 
grande para os padrões contemporâneos. Ainda, na comparação do processo de trabalho num 
engenho escravista com uma grande fábrica inglesa do início do séc. XIX, feita pelo mesmo 
Barros de Castro, temos a dimensão da sofisticação da economia açucareira para sua época.
Por outro lado, o escravo se apresenta como uma antecipação do moderno proletário 
– nesse caso, coerção que age sobre ele é extra-econômica. Assim, é impossível considerar a 
existência de um sistema econômico moderno como a economia açucareira sem considerar a 
importância da escravidão para seu desenvolvimento.
Ainda, segundo Gorender, o mercantilismo praticado em Portugal não era voltado a um 
protecionismo que garantisse um fortalecimento da indústria (à época, manufatura) interna, 
mesmo porque isto não atendia aos interesses das duas principais classes sociais, e também 
porque o setor manufatureiro era de fato pouco desenvolvido ali. Tal política econômica revela 
as razões por trás da futura dependência de Portugal perante a Inglaterra, oficializada pelo 
Tratado de Methuen, que sepulta a nascente indústria lusitana. Assim, fica evidente o sentido 
das palavras de A.J. Saraiva quando este afirma que “o Estado português no século XVI oferece 
exteriormente umaaparência ‘moderna’, (...) [mas] por outro lado, ele assegura, no interior do 
País, a persistência de uma sociedade arcaica”.
Dessa forma percebemos que ambas as frases estão completamente relacionadas. 
Enquanto na indústria açucareira uma estrutura muito moderna de produção, com divisão 
do trabalho e características industriais, garantia a permanência de uma estrutura arcaica de 
exploração da mão-de-obra (o trabalho escravo), em Portugal o Estado também conciliava um 
lado extremamente moderno (de grande empresa econômica) com uma faceta absolutamente 
arcaica, já que esta empresa garantia a manutenção de uma sociedade feudal através da 
repartição de seus lucros entre os funcionários e acionistas dessa “empresa” que era o governo.
 
25) “(...) o fabrico do açúcar já apresentava características nitidamente manufatureiras 
de divisão do trabalho. O açúcar já era, nos primeiros engenhos brasileiros, produto 
do ‘trabalhador coletivo’. Isto, para a época, era um progresso extraordinário, como forma de 
trabalho em cooperação, e uma antecipação da total ruptura das formas de divisão profissional 
do trabalho prevalecente na produção artesanal. (...)” - Ruy Gama.
 
 
26) Segundo Furtado: “Pode-se admitir, como ponto pacífico, que a economia açucareira 
constituía um mercado de dimensões relativamente grandes, podendo, portanto, atuar como 
fator altamente dinâmico do desenvolvimento de outras regiões do país. Um conjunto de 
circunstâncias tenderam, sem embargo, a desviar para o exterior em sua quase totalidade esse 
impulso dinâmico.”
O trecho acima deixa claro que, apesar da capacidade teórica de prover um 
desenvolvimento econômico fantástico, a economia do açúcar acabou, basicamente, enviando 
renda ao exterior. O próprio autor explica o fato no seguinte trecho: “Tudo indica, destarte, 
que pelo menos noventa por cento da renda gerada pela economia açucareira dentro do país 
se concentrava nas mãos da classe de proprietários de engenhos e plantações de cana. (...) A 
parte dessa renda que se despendia com bens de consumo importados - principalmente artigos 
de luxo - era considerável. (...) parte substancial dos capitais aplicados na produção açucareira 
pertencia aos comerciantes. Sendo assim, uma parte da renda, que antes atribuímos à classe de 
proprietários de engenhos e de canaviais, seria o que modernamente se chama renda de não-
residentes, e permanecia fora da colônia. Explicar-se-ia assim, facilmente, a íntima coordenação 
existente entre as etapas de produção e comercialização, coordenação essa que preveniu a 
tendência natural à superprodução.”
Quanto à economia do ouro, o autor assinala: “A causa principal [para a ausência do 
desenvolvimento endógeno] possivelmente foi a própria incapacidade técnica dos imigrantes 
para iniciar atividades manufatureiras em escala ponderável. (...) O acordo de 1703 com a 
Inglaterra (Tratado de Methuen) destruiu [o] começo de indústria e foi de consequências 
profundas tanto para Portugal quanto para sua colônia. Houvessem chegado ao Brasil 
imigrantes com alguma experiência manufatureira, e o mais provável é que as iniciativas 
surgissem no momento adequado, desenvolvendo-se uma capacidade de organização e 
técnica que a colônia não chegou a conhecer. (...) Se o ouro criou condições favoráveis ao 
desenvolvimento endógeno da colônia, não é menos verdade que dificultou o aproveitamento 
dessas condições ao entorpecer o desenvolvimento manufatureiro da metrópole.”
Nota-se, assim, que ambas as economias estavam fadadas à, na visão furtadiana, pouco 
colaborar para o desenvolvimento consiste e duradouro do Brasil. Em relação à renda gerada 
pelo ouro, o autor evidencia sua semelhança ao observado com os lucros do açúcar: “Em 
Portugal compreendeu-se claramente que a única saída [para a crise do açúcar] estava na 
descoberta de metais preciosos. Retrocedia-se, assim, à ideia primitiva de que as terras 
americanas só se justificavam economicamente se chegassem a produzir os ditos metais”. É 
perceptível, portanto, que a mesma mentalidade que levou os espanhóis à extraírem o ouro da 
América Central tão logo alcançaram o continente ressurgia em Portugal, séculos mais tarde. As 
consequências para as colônias, porém, eram idênticas: mera extração de metais, cujo elevado 
valor de mercado era imediatamente transportado para Europa.
 
27) Furtado utiliza estimativas que apontam para lucros extraordinários, da ordem de 80%, 
enquanto Mauro obtém números próximos de 4%. São dois extremos baseados em métodos 
diversos de análise dos precários dados disponíveis sobre a época, e o lucro real provavelmente 
se encontra entre os dois extremos.
 
28) Segundo Schwartz, a principal parcela do capital dos engenhos encontrava-se nas terras, 
seguida pelos investimentos em mão-de-obra escrava. A importância das terras para a 
composição do capital coloca em questionamento a idéia de que nos engenhos a mão-de-
obra era o fator produtivo crucial, que é a visão também de Gorender: os dados certamente 
questionam tal posicionamento, embora seja também inegável a importância do total de 
escravos na composição do capital dos engenhos.
As despesas com força de trabalho eram, de longe, as mais significativas, seja 
pela necessidade de reposição do estoque de escravos (observar aqui que este peculiar 
investimento em estoque era, como as demais formas de investimento, observado como 
despesa corrente, conforme salientado há pouco), seja pelos salários pagos a trabalhadores 
livres, contratados para serviços esporádicos ou enquanto profissionais especializados 
necessários à produção. Embora os custos com mão-de-obra tenham diminuído ao longo do 
tempo, o que se deveu principalmente pela substituição de assalariados por escravos treinados 
para funções mais específicas, as despesas com mão-de-obra permaneceram ainda como as 
mais significativas.
Vale ressaltar o caráter destes dispêndios com mão-de-obra. Todo o custo despendido 
na aquisição de escravos na verdade era investimento em capital, ou seja, custo fixo, ao 
passo que a força de trabalho assalariada forma, como hoje, custos variáveis. A grande 
importância que possuía a força de trabalho na composição dos custos evidencia ainda mais 
fortemente que a indústria açucareira estava ancorada em grandes custos fixos; isso a fazia 
particularmente “robusta” diante de alterações de preços, de modo que podia operar com 
prejuízo no curto prazo, contanto que as receitas auferidas ainda pudessem compensar os 
custos fixos.
Apesar dos pesados custos com a escravaria, dados referentes à produtividade do 
escravo revelam que as rendas geradas pelo trabalho desses eram suficientes para compensar 
as despesas de aquisição e manutenção em cerca de três anos e meio.
Para Schwartz, o que explica o grande desenvolvimento da economia açucareira 
no período inicial, sobretudo no século XVI, foi a concessão de terras pela Coroa. Como já 
observado, as terras formavam a parcela principal do capital de um engenho; se não houvesse 
dispêndios para adquiri-la, tinha-se a oportunidade de obter grandes retornos, de tal forma que 
a concessão das sesmarias proporcionou um motor para a expansão da indústria. Além disso, o 
aumento da riqueza por parte dos senhores de engenho não se deu fundamentalmente através 
de aumentos sucessivos na renda, mas no estoque de ativos da economia. Isto significa que as 
taxas de retorno sobre o capital na forma de rendimentos efetivos não precisavam ser muito 
elevados para que a atividade fosse extremamente atraente: obtida uma terra por concessão, 
os senhores de engenho investiam na infra-estrutura necessária à produção; o resultado era 
que o estoque de capital da economia crescia muito e de modo realmente rápido. A demanda e 
os preços em ascensão aumentaram ainda mais a atratividade da indústria.Ao fim do século XVI, a disponibilidade de terras para concessão havia chegado 
ao esgotamento. Agora obter a terra implicava a necessidade de um capital muito mais 
considerável. Some- se a isto a crise decorrente da queda dos preços e ter-se-á o panorama da 
retração da indústria açucareira.
 
 
29) Crise do açúcar resulta em menos ouro em Portugal, que por sua vez causa desvalorização 
cambial, prejudicando as importações e beneficiando as exportações. Em tese isso melhora a 
renda no Brasil porque as importações seriam mais baratas para nós, mas como na verdade 
importávamos produtos ingleses (indiretamente), nada se modifica de fato, dado que o 
ouro era a moeda comum. Assim, a crise do açúcar poderia beneficiar Brasil, mas na prática 
beneficia só os exportadores portugueses.
 
30) Sobre o surgimento e características da economia nordestina, diz Furtado: “A economia 
criatória [transformou-se] num fator fundamental de penetração e ocupação do interior 
brasileiro. Deve-se ter em conta, entretanto, que essa atividade, pelo menos em sua etapa 
inicial, era um fenômeno econômico induzido pela economia açucareira e de rentabilidade 
relativamente baixa. (...) Sendo a criação nordestina uma atividade dependente da economia 
açucareira, em princípio era a expansão desta que comandava o desenvolvimento daquela. (...) 
A criação de gado também era em grande medida uma atividade de subsistência, sendo fonte 
quase única de alimentos e de uma matéria-prima (o couro) que se utilizava praticamente para 
tudo. Essa importância relativa do setor de subsistência na pecuária será um fator fundamental 
das transformações estruturais por que passará a economia nordestina em sua longa etapa de 
decadência.”
Sobre a crise do açúcar com enfoque no Nordeste, o autor escreve: “
 
31) O pacto colonial estabelecia que a colônia somente poderia adquirir manufaturas de sua 
metrópole, como forma de incentivar esse setor produtivo, enquanto só poderia vender sua 
matéria-prima e recursos naturais para a mesma metrópole. A intenção do pacto é clara: 
fornecer metais preciosos (renda em si) ou artigos tropicais para produção manufatureira 
ou revenda da metrópole, enriquecendo-a às custas da colônia. Nas Antilhas, porém, em 
determinados momentos observa-se uma inversão: em situações de crise por falta de 
demanda, as metrópoles (França e Inglaterra) tornam-se reservas de mercado, que se vêem 
obrigadas à adquirir o açúcar da sua colônia e não da outro local que eventualmente apresente 
um preço mais competitivo, como ocorreria no livre mercado. Nesse caso, temos um sacrifício 
involuntário metropolitano em benefício da colônia, por isso o nome ‘pacto colonial às avessas’. 
No Brasil, porém, as consequências são negativas, dado que os importantes mercados inglês 
e francês se viam blindados por o que pode-se chamar de ‘exclusivo colonial’ em relação às 
Antilhas.
 
32) Ver questão 26, mesma pergunta e mesma resposta.
 
333) A faiscação era a pequena extração representada pela iniciativa do próprio garimpeiro, um 
homem livre de poucos recursos que excepcionalmente poderia contar com alguns ajudantes. 
No mundo do garimpo o faiscador é considerado um nômade, reunindo-se às vezes em grande 
número, num local franqueado a todos. Tal atividade se realizava principalmente em regiões 
ribeirinhas e em áreas em que a lavra já não se mostrava produtiva, cenário comum pelos em 
fins do século XVIII, quando a mineração entra num processo de franca decadência.
Tendo em vista a definição acima, nota-se que o faiscador era um membro do que Caio 
Prado classificaria como inorgânico, ou seja, parcela da sociedade brasileira absolutamente 
minoritária e portanto insignificante para compreender o sentido da colonização, baseado no 
entendimento dos grandes grupos sociais (principalmente senhores de engenho e escravos). 
Com esse modelo pradiano em mente, fica previsível a significação que o autor atribui ao 
faiscador: seria sinal de decadência da região mineratória, pois apareceria apenas quando o 
local já estivesse e vias de esgotar-se em termos de extração do ouro.
Furtado, por sua vez, viu no faiscador uma inédita possibilidade de ascenção social, 
ao observar que pela primeira vez na história do país um homem livre com poucas posses 
poderia tentar a sorte nas minas e, eventualmente, enriquecer e adquirir escravos. Por esse 
prisma, o sentido da colonização de Caio Prado seria abalado, dado que seria atribuída alguma 
importância à um segmento social que, no modelo em questão, havia sido desprezado.
 
 
34) O Regimento de 1700 estabelecia, via sorteio, um montante de terra à ser extraído por 
particulares, proporcional ao número de escravos possuídos, mas de forma que os ‘brancos 
pobres’, mesmo sem escravos, recebessem uma quantidade de terra. Essa característica 
possibilitava certo grau de mobilidade social, ao menos muito superior ao obervado durante o 
ciclo do açúcar. Em 1702, porém, os não-proprietários deixam de receber terras para extração 
individual, vendo-se obrigados à associar-se à um detendor de datas para conseguir algum 
rendimento. Nesse sentido há estreitamento do campo social que podia usufruir da renda do 
ouro brasileiro.
Caio Prado (sentido da colonização) falaria que essa medida visava atender ao interesse 
colonizador de Portugal, e o Novais (sentido profundo) iria além e argumentaria que esse 
ouro era essencial para o desenvolvimento posterior do capitalismo por ser uma forma de 
acumulação primitiva, de acordo com o modelo marxista.
 
35) Ver questão anterior (34).
 
36) Furtado afirma, ainda sobre o ciclo do açúcar: “A economia criatória [transformou-se] num 
fator fundamental de penetração e ocupação do interior brasileiro. Deve-se ter em conta, 
entretanto, que essa atividade, pelo menos em sua etapa inicial, era um fenômeno econômico 
induzido pela economia açucareira e de rentabilidade relativamente baixa. (...) Sendo a criação 
nordestina uma atividade dependente da economia açucareira, em princípio era a expansão 
desta que comandava o desenvolvimento daquela. (...) A criação de gado também era em 
grande medida uma atividade de subsistência, sendo fonte quase única de alimentos e de uma 
matéria-prima (o couro) que se utilizava praticamente para tudo. Essa importância relativa do 
setor de subsistência na pecuária será um fator fundamental das transformações estruturais 
por que passará a economia nordestina em sua longa etapa de decadência.”
A importância da pecuária é reforçada quando o autor trata do contexto mineratório: “A 
pecuária, que encontrara no sul um habitat excepcionalmente favorável para desenvolver-se, 
(...) passará por uma verdadeira revolução com o advento da economia mineira. Se se 
considera em conjunto a procura de gado para corte e de muares para transporte, a economia 
mineira constituiu, no século XVIII, um mercado de proporções superiores ao que havia 
propiciado a economia açucareira em sua etapa de máxima prosperidade. Destarte, os 
benefícios que dela se irradiam para toda a região criatória do sul são substancialmente 
maiores do que os que recebem o sertão nordestino.”
 
 
37)
 
38)
 
39)
 
40)

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