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IMUNOLOGIA 04 Sistema Imune Inato

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Arlindo Ugulino Netto –IMUNOLOGIA I – MEDICINA P3 – 2008.2
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FAMENE
NETTO, Arlindo Ugulino.
IMUNOLOGIA
IMUNIDADE INATA
(Professora Karina Karla)
Como já sabemos, a resposta imune é divida em resposta imune inata e resposta imune adquirida que, embora 
ambas aconteçam simultaneamente, cada uma apresenta células específicas para cada tipo de resposta.
O sistema imune inato é a forma de imunidade que nasce com a pessoa, sem precisar de substâncias ou 
estruturas exteriores, ou seja, é a primeira resposta de defesa do organismo.
É a imunidade fornecida pelos macrófagos (células fagocitárias); pela pele, que é uma barreira de proteção 
contra microorganismos invasores; por substâncias químicas presentes no corpo (na pele principalmente); pelo sistema 
complemento (um complexo de proteínas que atuam na imunidade). Portanto, é uma imunidade nativa, natural e 
inespecífica, ou seja, não tem preferencia de qual microorganismo invasor esse tipo de sistema atua. Ele apenas 
defende o organismo de forma rápida, inespecífica e aguda.
Apesar de ser inespecífica e rápida (respostas agudas), a resposta imune inata ativa a imunidade adaptativa. 
Podemos indentificar, por tanto, algumas diferenças entre esses dois tipos de resposta imune:
 Especificidade: Os microorganismos apresentam estruturas comuns entre eles denominadas de padrões 
moleculares associados a patógenos (PAMPs), de modo que é por meio desses padrões que as células da 
resposta imune inata os reconhece. É por isso que não há diferença de especificidade pelo sistema imune inato, 
uma vez que os PAMPs são estruturas em comum a todos os microorganismos. Diferentemente da imunidade 
adaptativa, que reconhece peptídios específicos dos microorganismos, que serão degradados e apresentados, 
para serem reconhecidos especificamente por receptores dos linfócitos (TCR e BCR).
 Receptores: os receptores das células dos dois tipos de respostas são codificadas de maneira diferente. Os 
receptores da imunidade inata são representados por receptores da linhagem germinativa (lipopolissacarídeos, 
resíduos de N-formil metionina, receptores de manose e de scavenger), com uma diversidade limitada. Já a 
produção dos receptores da resposta imune adaptativa são sintetizados por recombinação somática de genes 
para que haja uma alta especificidade de receptores.
 Distribuição dos receptores: células do sistema imune inato apresentam receptores não-clonais (receptores 
idênticos em todas as células de uma mesma linhagem). Já as células do sistema imune adaptativo são da série 
clonal (clones de linfócitos com especificidades distintas expressam receptores diferentes).
 Discriminação entre peptídeos próprios e não-próprios: a imunidade inata é capaz de diferenciar as células 
do hospedeiro das do agente invasor, de modo que as células do primeiro não são reconhecidas. Bem como 
ocorre no sistema imune adaptativo, sendo que nesta, a diferenciação é baseada na seleção contra-linfócitos 
auto-reativos (que quando falha, dá origem a autoimunidade).
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COMPONENTES DA IMUNIDADE INATA
BARREIRAS
 Camadas epiteliais: impedem a entrada de microrganismos, atuando como barreira para entrada de 
componentes estranhos para o organismo.
 Defensinas: enzimas com fun€o microbicida (morte microbiana).
 Linf€citos intra-epiteliais: linf‚citos presentes no epitƒlio (que no t„m caracter…sticas de resposta adquirida) 
que causam a morte microbiana.
CLULAS EFETORAS CIRCULANTES
 Neutr€filos: fagocitose inicial e morte de microrganismos.
 Macr€fagos: fagocitose eficiente de microrganismos, secre€o de citocinas que estimulam a inflama€o. Caso 
seja necess†rio, ele serve como um apresentador de ant…geno, solicitando um outro tipo de resposta imune.
 C‚lulas NK: respons†vel pela lise de cƒlulas infectadas e ativa€o de macr‚fagos. ‡ um tipo de linf‚cito que, 
como exce€o, no participa da reposta imune adquirida por no possuir TCR ou BCR (receptores de alta 
especificidade).
PROTEƒNAS EFETORAS CIRCULANTES
 Complemento: causam a morte de microrganismos, opsoniza€o (facilita€o da fagocitose) e ativa€o de 
leuc‚citos. Quando as cƒlulas do complemento so ativadas, geram uma cascata de ativa€ˆes que terminam na 
forma€o de um complexo de ataque ‰ membrana, que se liga ao microrganismo, na tentativa de causar lise no 
mesmo.
 Lectina de liga„…o † manose (colectina): opsoniza€o de microrganismos, ativa€o do complemento (via da 
lectina).
 Prote‡na C-reativa (pentraxina): 
opsoniza€o de microrganismos e
ativa€o do complemento. A 
presen€a da bactƒria ativa a PCR, 
servindo como um fator facilitador 
da fagocitose, se ligando a bactƒria 
e eliminando cargas que repelem a 
bactƒria e o macr‚fago. A PCR ƒ 
mensurada em processos de 
inflama€o aguda.
 Fatores da coagula„…o: bloqueio dos tecidos infectados.
CITOCINAS
 TNF, IL-1, quimiocinas: inflama€o;
 IFN-α, IFN-β: resist„ncia ‰ infec€o viral;
 IFN-γ: ativa€o de macr‚fagos;
 IL-12: produ€o de IFN-γ pelas cƒlulas NK e pelas cƒlulas T;
 IL-15: prolifera€o de cƒlulas NK;
 IL-10, TGF-β: controle da inflama€o.
RESISTNCIA NATURAL EXTERNA
PELE
A pele ƒ a principal barreira externa do sistema imune inato. A sua superf…cie lipof…lica ƒ constitu…da de cƒlulas 
mortas ricas em queratina, uma prote…na fibrilar, que impede a entrada de microorganismos. As secre€ˆes ligeiramente 
†cidas e l…pidicas das gl‹ndulas seb†cea e sudor…para criam um microambiente cut‹neo hostil ao crescimento excessivo 
de bactƒrias. Podemos destacar alguns componentes da mesma, como:
 Queratin‚citos: cƒlulas que formam uma placa protetora impedindo a entrada de agentes estranhos no 
organismo por meio da pele.
 Pelo: fun€o de controlar e limitar a entrada e contato de microrganismos com a superf…cie epitelial.
 Glandulas seb†cias e sebo
 Enzimas como defensinas, catalecidinas e lisosimas.
 Microbiota da pele
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EPITÉLIO RESPIRATÓRIO
Está em contato com o meio externo por meio da boca e nariz. Tem como mecanismos de resistencias naurais: 
 Microbiota
 Cílios 
 Muco 
 Enzimas (amilase, lisozima)
EPITÉLIO GASTRO-INTESTINAL
 Microbiota 
 Peristaltismo 
 Ác. Clorídrico 
 Saliva/ Enzimas (amilase, lisozima)
SISTEMA UROGENITAL
 Microbiota 
 Urina (pH e fluidez)
 Muco (canal endocervical)
 Enzimas (esperminas e espermidinas)
RESISTNCIA NATURAL INTERNA – C‚LULAS DO SISTEMA IMUNE INATO
A resistência natural interna do sistema imune inato reúne aquelas células que, sem uma avidez específica por 
antígenos, têm capacidade de fagocitá-los, produzir citocinas (e outros mediadores), além de apresentar esses 
antígenos, ativando o sistema imune adaptativo.
MACRÓFAGOS (MØ)
São células de grandes dimensões do tecido conjuntivo, ricos em lisossomos, que
fagocitam elementos estranhos ao corpo. Os macrófagos derivam dos monócitos do sangue
(que se direcionam aos tecidos e se denominam como macrófagos) e de células conjuntivas 
ou endoteliais. Intervêm na defesa do organismo contra infecções. Possuem duas grandes 
funções na resposta imunitária: fagocitose e destruição do microrganismo; e apresentação 
de antigénios a linfócitos T. Suas funções mais relevantes são:
 Fagocitose
 APC (apresentação de antígenos para os linfócitos)
 Secreção de citocinas e mediadores
NEUTRÓFILOS
Os neutrófilos são uma classe de células sanguíneas leucocitárias, que fazem parte do 
sistema imunitário do corpo humano. São leucócitos polimorfonucleados, têm um tempo de vida 
médio de 6h no sangue e 1-2 dias nos tecidos e são os primeiros a chegar às áreas de inflamação, 
tendo uma grande capacidade de fagocitose. Estão envolvidos na defesa contra bactérias e 
fungos. Os neutrófilos possuem receptores na sua superfície como os receptoresde proteínas do 
complemento, receptores do fragmento Fc das imunoglobulinas e moléculas de adesão. Tem 
como funções:
 Fagocitose: Ao fagocitar forma-se o fagossomo onde os microrganismos serão mortos pela liberação de enzimas 
hidrolíticas e de espécie reativa de oxigénio. O consumo de oxigênio durante a reação de espécies de oxigênio é 
chamado de queima respiratória que nada tem a ver com respiração celular ou produção de energia;
 Secreção de Citocinas e Mediadores;
 Degranulação: liberam grânulos específicos ou "secundários" (Lactoferrina e Catelicidina); Grânulos azurófilos ou 
"primários" (Mieloperoxidase, Proteína de aumento da permeabilidade /bactericida (BPI), Defensina e Serino 
protease neutrófilo elastase e Catepsina G); Grânulos terciários (Catepsina, Gelatinase).
CÉLULAS NK
As células exterminadoras naturais ou células NK (do inglês Natural Killer Cell) são um tipo de linfócito (
glóbulos brancos do sangue) e naturais do sistema imunológico de defesa. Elas são activadas em resposta a vários 
diferentes estímulos, nomeadamente por citocina produzidos por outros elementos do sistema imunitário, por 
estimulação dos receptores FcR, presentes na sua membrana celular, que reconhecem a porção Fc das imunoglobulinas 
e pelos receptores de ativação ou inibição, específicos das células NK.
As células NK são citotóxicas (tóxicas para a célula) e identificam as células que estão com vírus 
(consequentemente comprometidas) e as destroem.
As células NK são componentes importantes na defesa imunitária não especifica. Partilham um progenitor 
comum com os linfócitos T. São originárias da medula óssea e são descritos como grandes e granulares. Estas células 
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no destroem os microorganismos patogƒnicos diretamente, tendo uma fun€o mais relacionada com a destrui€o de 
cƒlulas infectadas ou que possam ser cancer…genas. No so cƒlulas fagoc…ticas. Destroem as outras cƒlulas atravƒs do 
enfraquecimento da membrana plasm†tica, causando difuso de †gua e …ons para o interior da cƒlula e aumentando o 
seu volume interno atƒ um ponto de ruptura no qual ocorre a lise. So quimicamente caracterizadas pela presen€a de 
CD56 e aus„ncia de CD3.
Podemos destacar as seguintes fun€ˆes: 
 Vigil‹ncia
 Apoptose
OBS1: PAMPs e PRRs. Os pat‚genos 
possuem molƒculas altamente conservadas 
presentes em suas cƒlulas. Essas molƒculas 
so chamadas de PAMPs (padrˆes 
moleculares associados aos pat‚genos). O 
S.I. Inato reconhece esses PAMPs por meio 
dos PRRs (receptores de reconhecimento de 
padrˆes; Ex: receptores Toll-like ou TLRs).
 Receptor Toll-like  LPS, RAS, 
bactƒrias GRAM negativas;
 Receptor Manose  manose 
presente nos microrganismos.
 Receptor Transmembrana 7 α-h‚lice
 pept…deos N-formil metionil.
OBS‹: Fun„…o microbicida dos fag€citos - Fagocitose
1. Reconhecimento: reconhecimento dos padrˆes (PAMPs) 
pelos PRRs.
2. Emisso dos pseud‚podes para que ocorra o 
envolvimento dos microrganismos
3. Forma€o da ves…cula endoc…tica (fagossoma) ou 
engolfamento.
4. Fuso do lisossomo com o fagossoma, formando o 
fagolisossomo, no qual ocorre a libera€o de enzimas 
lisossŒmicas
5. Morte do microrganismos: os mecanismos de morte 
interacelular, induzidos nos neutrofilos e nos macr‚fagos, 
podem ser de dois tipos:
 Mecanismo de morte intracelular independente de oxig„nio: o microrganismo morre devido ao acmulo 
de †cido l†ctico produzido pela pr‚pria cƒlula hospedeira, proveniente do metabolismo anaer‚bio da 
glicose. O acumulo desse acido causa diminui€o do pH intracelular, criando um abiente bactericida ou 
bacteriost†tico, dependendo da bactƒria em questo.
 Mecanismos de morte intracelular dependente de oxig„nio: a endocitose de microrganismos aumenta o 
consumo de oxigenio nas cƒlulas fagoc…ticas, o que desencadeia o chamado desvio da hexose 
monofosfato (“exploso respirat‚ria”) e a forma€o de intermedi†rios reativos de oxig„nio (ROI, reactive 
oxygen intermediates). A ativa€o desses mecanismos envolve a participa€o de duas enzimas 
principais:
o A NADPH oxidase (fag‚cito oxidase), que remove um hidrogenio do NADPH para formar 
NADP+, convertendo simultaneamente o O2 e, radical super‚xido. O radical super‚xido, pela 
presen€a de um elƒtron no partilhado, torna-se extremamente reativo e ƒ toxico para v†rias 
espƒcies bacterianas.
o A super€xido dismutase (SOD), que catalisa a rea€o na qual radicais de super‚xidos so 
convertidos em per‚xido de hidrog„nio (H2O2) e O2. O H2O2, produzido pela a€o super‚xido 
dismutase, ƒ degradado pela mieloperoxidase, na presen€a de …ons cloro e iodo para produzir 
hipoclorito ou hipoiodeto, tambƒm t‚xicos para espƒcies bacterianas. Esses produtos gerados 
pela a€o da mieloperoxidase so t‚xicos para uma sƒrie de microrganismos incluindo 
bactƒrias, v…rus, fungos, Mycoplasma, Chlamydia, Leishmania donovani e Schistossoma 
mansoni.
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 Mecanismo de morte intracelular dependente de nitrog„nio (RNI): uma via de morte intracelular 
dependente de oxigenio leva a produ€o de intermedi†rios reativos de nitrog„nio. A principal molƒcula 
produzida por esta via ƒ o oxido n…trico (NO), uma molƒcula diatomica sintetizada e a partir do 
amino†cido L- arginina, t‚xica para bactƒrias, protozo†rios e cƒlulas tumorais. A produ€o de NO por 
macr‚fagos depende da expresso da enzima iNOS (sintase induzida de ‚xido n…trico), cuja a produ€o 
ƒ estimulada por molƒculas como o LPS (em bactƒrias gram-negativas). O iNOS catalisa a rea€o que 
remove de forma oxidativa o †tomo de nitrogenio guanidino terminal da L-arginina para formar o NO e L-
citrulina. O NO, em meio l…quido, ƒ altamente reativo e inst†vel. Essa alta instabilidade faz essas 
molƒculas reagirem entre si, com †gua e oxigenio, gerando outro radial, o di‚xido de nitrogenio (NO2), 
nitrito e nitrato.
OBS³: Função das células NK. As NK cells so respons†veis por eliminar cƒlulas infectadas com v…rus e cƒlulas 
tumorais. O macr‚fago infectado produz citocinas (como a IL-12) que servem como mediadores para as cƒlulas NK (que 
possuem receptores para a IL-12), que, quando estimuladas por esta interleucina, passam a produzir o IFN-γ, que tem a 
fun€o de estimular a lise do macr‚fago. De forma mais detalhada, h† duas formas de as cƒlulas NK reconhecerem 
macr‚fagos infectados e macr‚fagos normais:
 Os macr‚fagos normais expressam um MHC 
de receptor de cƒlulas pr‚prias. A cƒlula NK 
apresenta dois receptores: um receptor que 
ativa e outro que inativa a sua a€o. Quando 
ocorre a liga€o NK-macr‚fago, o receptor 
ativante se liga com o MHC espec…fico do 
macr‚fago e o receptor inativante se liga com 
o MHC da classe I pr‚prio (presente em 
organelas pr‚prias do organismo). Agindo 
simultaneamente, o receptor inibit‚rio 
predomina, realizando a remo€o de fosfatos 
da NK, induzindo a sua inibi€o.
 Macr‚fagos infectados apresentam o seu 
MHC da classe I inativado, o que impede o 
reconhecimento inibit‚rio pela NK, ativando a 
a€o citot‚xica da NK.
PROTEƒNAS
PROTEÍNAS DO SISTEMA COMPLEMENTO
So proteases que se tornam ativas na presen€a 
do microorganismo, e passam a atuar em cascata e 
culminam com a lise do mesmo, formando uma estrutura 
protƒica chamada de MAC (complexo de ataque † 
membrana). Em s…ntese, o sistema complemento ƒ 
formado por um conjunto de prote…nas ativadas em 
cascata, sendo suas fun€ˆes: lise celular, a opsoniza€o, o 
desenvolvimento do processo inflamat‚rio e a retirada de 
complexos imunes (complexos ant…geno-anticorpo) da 
circula€o. As molƒculas desse sistema, produzidas na sua 
grande maioria no f…gado, esto presentes no plasma 
sangu…neo na forma ativa ou em baixo n…vel de ativa€o 
espont‹nea.
A ativa€o dasmolƒculas do sistema complemento 
pode ocorrer pela via clássica (ativada pela associa€o de 
ant…genos a molƒcula de IgG ou IgM), via alternativa 
(ativada diretamente por alguns tipos de ant…genos sem a 
participa€o de molƒculas de imunoglobulinas) e via da 
lectina.
Com a presen€a do anticorpo, a via cl†ssica, de 
maneira espec…fica, ƒ ativada (por tanto, faz parte do 
sistema imune adaptativo). J† a via alternativa se inicia 
sem ser necess†ria a presen€a do anticorpo (inespec…fica).
O modo de como se inicia a ativa€o de cada via ƒ a nica 
diferen€a entre elas.
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Cabe a nós iniciarmos a cascata de ativações do sistema complemento a partir da via alternativa, que está 
enquadrada no sistema imune inato, que é mais antiga, em termos evolucionários, que a via clássica. Na ativação do 
complemento pela via alternativa, há algumas moléculas comuns à via clássica, como C3, C4, C5, C6, C7, C8 e C9.
A ativação da via alternativa ocorre porque, no sangue, há sempre uma concentração de C3, protease que na 
forma íntegra, fica inativa, sendo classificada como uma pró-enzima. Ao dar-se início na via alternativa, ocorre hidrólise 
da C3, quebrando-a em duas proteases: C3b e C3a. A primeira é responsável por se depositar na membrana da 
bactéria, com função de opsonização e fagocitose. A segunda está envolvida no processo de inflamação. Quando a C3b 
se dissocia da membrana do microorganismo, esta se liga e ativa a enzima C5 convertase, que cliva outra protease C5 
em C5a (também relacionada com o processo inflamatório) e C5b (associa-se às moléculas C6, C7, C8 e C9, formando 
um poro na membrana celular chamado de MAC, levando-a à lise, de forma similar ao que ocorre na ativação pela via 
clássica).
PROTEƒNAS DE FASE AGUDA
São proteínas que se ativam na presença de 
microrganismo (principalmente de bactérias, que 
possuem em sua parede estruturas que ativam as 
mesmas), aumentando a sua concentração na corrente 
sanguínea. São sintetizadas normalmente pelo fígado, 
determinando uma concentração basal no sangue. Mas 
na presença do microrganismo, o fígado intensifica a 
produção das mesmas.
Todas elas servem como opsoninas que 
facilitam a fagocitose.
 Proteína C Reativa: se liga, principalmente, à 
fosforilcolina presente na membrana das 
bactérias, facilitando a fagocitose das mesmas.
 Lectina (proteínas que se ligam a manose): 
realizam a mesma função da PCR, mas se ligam 
a manose da membrana bacteriana.
 Fibrinogênio
 Proteína amilóide do soro
OBS4: As estruturas com as quais as proteínas de fase aguda se ligam são classificadas como PAMPs, uma vez que 
são estruturas comuns nas bactérias patogênicas.
CITOCINAS
 IFN- α: infecção viral.
 IFN- β: infecção viral.
 TNF- α: inflamação; atua no hipotálamo para desencadear a febre.
 IL-1: inflamação; atua no hipotálamo para desencadear a febre.
 IL-6: estimula o fígado a produzir mais citocinas.
 IL-12: + NK.
 IFN- γ: + macrófagos; estimula o fígado a produzir mais citocinas; 
induz o macrófago à lise; estimula a medula óssea para produzir mais 
células.
 IL-6: + Proteínas C Reativa, PMN.
 IL-10: controle.
OBS5: Corticoides inibem a secreção de algumas citocinas, 
diminuindo a sintomatologia do processo inflamatório.
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INFLAMA„…O
É um mecanismo de defesa da imunidade inata, em que há o recrutamento de células e síntese de mediadores 
sempre no intuito de proteger o organismo contra a invasão.
Frente a uma agressão ao organismo, esta pode ser do tipo infecciosa (causada por elementos biológicos) e 
não-infecciosa, que danificam o tecido íntegro. É esse dano que desencadeia um processo inflamatório como resposta 
de defesa do organismo, em que as células do sistema imune participam ativamente para reparar o tecido danificado 
(cicatrização).
A inflamação (do Latim inflammatio, atear fogo) ou processo inflamatório é uma resposta dos organismos 
vivos homeotérmicos a uma agressão sofrida. Entende-se como agressão qualquer processo capaz de causar lesão
celular ou tecidual. Esta resposta padrão é comum a vários tipos de tecidos e é mediada por diversas substâncias 
produzidas pelas células danificadas e células do sistema imunitário que se encontram eventualmente nas proximidades 
da lesão.
Como sabemos, a inflamação pode também ser considerada como parte do sistema imunitário, o chamado 
sistema imune inato, assim denominado por sua capacidade para deflagar uma resposta inespecífica contra padrões de 
agressão previamente e geneticamente definidos pelo organismo agredido. Esta definição se contrapõe à da imunidade 
adquirida, ou aquela onde o sistema imune identifica agentes agressores específicos segundo seu potencial antigênico. 
Neste último caso o organismo precisa entrar em contato com o agressor, identificá-lo como estranho e potencialmente 
nocivo e só então produzir uma resposta.
FISIOPATOLOGIA (MECANISMO DE INSTALAÇÃO)
À agressão tecidual se seguem imediatamente fenômenos vasculares 
mediados principalmente pela histamina. O resultado é um aumento localizado e 
imediato da irrigação sangüínea, que se traduz em um halo avermelhado em torno da 
lesão (hiperemia ou rubor). Em seguida tem início a produção local de mediadores 
inflamatórios que promovem um aumento da permeabilidade capilar e também 
quimiotaxia, processo químico pelo qual células polimorfonucleares, neutrófilos e 
macrófagos são atraídos para o foco da lesão. Estas células, por sua vez, realizam a 
fagocitose dos elementos que estão na origem da inflamação e produzem mais 
mediadores químicos, dentre os quais estão as citocinas (como, por exemplo, o fator 
de necrose tumoral e as interleucinas), quimiocinas, bradicinina, prostaglandinas e 
leucotrienos. Também as plaquetas e o sistema de coagulação do sangue são 
ativados visando conter possíveis sangramentos. Fatores de adesão são expressos 
na superfície das células endoteliais que revestem os vasos sanguíneos 
internamente. Estes fatores irão mediar a adesão e a diapedese de monócitos
circulantes e outras células inflamatórias para o local da lesão.
Em resumo, todos estes fatores atuam em conjunto, levando aos eventos celulares e vasculares da inflamação. 
Resulta em um aumento do calibre de capilares responsáveis pela irrigação sanguínea local, produzindo mais hiperemia 
e aumento da temperatura local (calor). O edema ou inchaço ocorre a partir do aumento da permeabilidade vascular aos 
componentes do sangue, o que leva ao extravassamento do líquido intravascular para o espaço intersticial extra-celular. 
A dor, outro sintoma característico da inflamação, é causada primariamente pela estimulação das terminações nervosas
por algumas destas substâncias liberadas durante o processo inflamatório, por hiperalgesia (aumento da sensibilidade 
dolorosa) promovida pelas prostaglandinas, mas também em parte por compressão relacionada ao edema.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Classicamente, a inflamação é constituída pelos seguintes 
sinais e sintomas:
1. Calor: aumento da temperatura no local devido a atuação de 
citocinas no hipotálamo
2. Rubor (hiperemia): causado por uma alteração vascular 
local, aumentando o fluxo sanguíneo na região para atender 
a demanda de células.
3. Edema (inchaço): desencadeado pelo aumento do 
espaçamento entre as células endoteliais dos vasos, 
causando o extravasamento de células e líquido para o 
espaço intesticial, aumentando o volume extracelular no 
local.
4. Dor: compressão de nervos pelo edema e pela liberação de 
alguns mediadores responsáveis pela sensação de dor
(como a bradicinina)
5. Perda da função 
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OBS6: No processo inflamat‚rio, ƒsecretado o Fator 
XII (de Hangeman), que estimula v†rios sistemas e 
cascatas relacionados com o processo inflamat‚rio: 
cascata da coagulação, sistema fibrinolítico e 
sistema das cininas.
 Cascata da coagulação: ƒ ativado no intuito de 
formar um co†gulo no objetivo de estancar o sangue 
e evitar uma consequente perda de sangue no local.
H† tambƒm a libera€o de mediadores como 
pept…deios quimiot†ticos, que atraem, quimicamente, 
polimorfonucleares.
 Sistema fibrinolítico: degrada o co†gulo para que o 
sangue flua normalmente e para que haja reparo 
tecidual, ativando, simultaneamente, o sistema 
complemento.
 Sistema das cininas: d† origem as bradicininas, 
que autam estimulando a sensa€o de dor.
ETAPAS DA MIGRAÇÂO CELULAR
 Fase de rolamento: primeiramente, o macr‚fago, dentro dos tecidos, fagocita o agente invasor e inicia a 
secre€o de mediadores (como o TNF-α e IL-1) que, alƒm de aumentar a viscosidade do sangue no local 
fazendo com que as celulas fluam mais lentamente, estimulam cƒlulas epiteliais e cƒlulas do sistema imune a 
expressar molƒculas de adeso. Atƒ a cƒlula do sistema imune encontrar o local pr‚prio de adeso e penetra€o 
no tecido, ela realiza um rolamento sobre o endotelio. No endotƒlio, sob o efeito do TNF-α, ƒ induzida a 
expresso de E-selectina (E=endotƒlio) e L-selectina (L=leuc‚cito), permitindo que estas cƒlulas passem pelo 
rolamento sobre o endotƒlio. Esse tipo de associa€o, de fraca afinidade, propicia um tipo de adeso tempor†ria 
entre o endotƒlio e a cƒlula, fazendo-a rolar sobre o mesmo.
 Fase de adesão celular: molƒculas que propiciam forte adeso, como as integrinas, entre o endotƒlio e as 
cƒlulas sanguineas so expressas. Alƒm dessas molƒculas, citocinas quimiot†ticas (quimiocinas) so produzidas 
por macr‚fagos ativados e outras cƒlulas e se associam ao endotƒlio vascular.
 Fase de diapedese (transmigração): as cƒlulas aderidas ao endotƒlio por meio dessas intera€ˆes fazem a 
diapedese ou a transmigra€o para o tecido por intera€o hom‚loga entre as molƒculas CD31 (expressas pelo 
neutrofilo) e a cƒlula endotelial. Durante esse processo, h† a secre€o intensa de quimiocinas, fazendo com 
que haja uma mudan€a na conforma€o do citoesqueleto do leuc‚cito e este penetre em dire€o aos tecidos, 
por meio das fenestra€ˆes dos vasos.
OBS7: Inicialmente, em uma resposta inflamat‚ria, os neutr‚filos so os primeiros 
a aumentar em concetra€o no local, aumentando o pico em 6h ap‚s o in…cio da 
inflama€o. Por isso que em uma inflama€o crŒnica, no h† presen€a de 
neutr‚filo (como na asma), pois os neutr‚filos so cƒlulas que respondem apenas 
no in…cio. Ap‚s algumas horas, porƒm, cai a concentra€o de neutr‚filos para 
aumentar de concentra€o outras cƒlulas como eosin‚filos e mon‚citos.
Arlindo Ugulino Netto –IMUNOLOGIA I – MEDICINA P3 – 2008.2
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OBS8: Proteínas relacionadas no processo de migração celular:
 Selectina: carboidratos que se ligam entre si, presente 
tanto nos leucócitos quando no endotélio. Porém, essa 
ligação se dá de maneira fraca, o que permite que o 
leucócito circule ao longo da parede endotelial à procura 
de interações mais firmes.
 Integrinas: confere a adesão da segunda fase da 
migração. Esta presente nos monócitos, macrófagos, 
células dendríticas e neutrófios, ligando-as ao epitélio, 
que apresenta ICAMs (molécula de adesão intercelular).
 Imunoglobulinas: apresentam-se lateralemnte nas 
células do SI e no endotélio.
COLABORA„…O – IMUNIDADE INATA X IMUNIDADE ADQUIRIDA
A resposta imune inata se comunica 
com a resposta adquirida, de forma que um 
componente de uma resposta auxilia os 
componentes da outra.
O macrófago, por exemplo, quando não 
consegue por si só destruir agentes invasores, 
ele libera citocinas e coestimuladores que 
solicitam o auxílio de células da resposta imune 
adquirida.
A própria ativação do sistema 
complemento, quando há a presença de 
microrganismo, há a ativação simultânea de 
linfócitos B, que apresentam receptores que 
reconhecem proteínas do sistema complemento, 
estabelecendo uma integração das duas 
respostas.

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