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Unidade 1 - resumo

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Unidade 1 
Aula 1: Psicologia e Subjetividade: o significado da interação social na estruturação do 
psiquismo 
 
O estudo do comportamento humano deve ser feito através de uma análise dos fatores que 
determinam o modo de ser e de agir das pessoas. 
Para se identificar a conduta de um indivíduo, deve-se observar a interação entre três 
aspectos: 
• A constituição biológica, que influencia nas manifestações do temperamento; 
• Os aspectos psicológicos propriamente ditos, que se revelam mediante a estruturação 
da sua personalidade; dos recursos cognitivos que utiliza para compreender e 
solucionar problemas; 
• Os aspectos sociais, que se referem às condições históricas, sócio-econômicas e 
culturais que também condicionam a maneira como a pessoa interpreta o contexto em 
que vive. 
A compreensão do mundo inicia-se por meio da linguagem que envolve: 
• Codificação (atribuição de significados específicos); 
• Decodificação (interpretação do conteúdo que desejamos comunicar). 
 
A comunicação é um dos pré-requisitos para o desenvolvimento da inteligência e uma das 
maneiras de transmitir o que pensamos. Segundo Moreira (1994) as palavras são 
representações simbólicas de idéias concretas e abstratas; conforme o indivíduo se 
desenvolve, interpreta de forma diferente o sistema lingüístico da sua comunidade. A 
linguagem é um dos elementos imprescindíveis para que possamos interagir com os demais, 
sofrendo e exercendo influência mutuamente sobre as pessoas com as quais convivemos. 
A comunicação utiliza: 
• Expressão corporal; 
• Desenvolvimento linguístico que permite as pessoas compartilharem suas 
experiências. 
São alguns agentes socializadores: 
• Educação formal: A formação acadêmica é a responsável pela complementação do 
processo educativo fornecido pela família e também deve preparar a pessoa para o 
mercado de trabalho. Espera-se que o indivíduo seja capaz de conviver com os demais 
de maneira adequada e também que possa revelar sua capacidade de aprender e 
tornar-se um membro socialmente produtivo. No ambiente escolar desenvolvemos 
nossa individualidade e nossa capacidade de competir; somos avaliados por critérios 
previamente definidos e, caso não possamos atingir o que é esperado, podemos ser 
segregados do convívio com os demais. A vivência acadêmica influencia também nossa 
percepção social. Segundo Bock (Bock et all. 1988, p.110) “percebemos não só a 
presença do outro, mas o conjunto de características que ele apresenta e que nos 
possibilita ter uma impressão dele”. Deste processo depende o desenvolvimento da 
nossa auto-estima e auto-confiança e tal condição poderá facilitar ou dificultar o 
aprimoramento das nossas potencialidades. 
 
• Trabalho: O trabalho é um outro agente socializador importante para a integração 
social do indivíduo. Exercer uma profissão possibilita a sobrevivência, o 
desenvolvimento da capacidade de gerir a própria vida e a possibilidade de participar 
efetivamente da sociedade em que vivemos. É importante destacar que as 
transformações sociais têm exigido dos profissionais não só um amplo conhecimento 
técnico da atividade que irão exercer, como também a aquisição de habilidades de 
relacionamento humano, que os tornem capazes de avaliar adequadamente a 
realidade na qual irão atuar, projetando ações que visem a promoção da dignidade 
humana. 
Processo de socialização. 
O primeiro grupo social do qual fazemos parte é nossa família (biológica ou não). A total 
dependência (física e emocional) que possuímos em relação aos adultos que nos assistem (o 
que implica, inclusive, em nossa sobrevivência nos primeiros anos de vida), contribuirá para 
que se estabeleça entre nós uma relação afetiva. Mediante esse primeiro contato humano, 
terá início nosso processo de socialização primária. 
O vínculo emocional que irá estabelecer-se entre pais e filhos (ou quem acolher a criança 
como filho) é intenso e imposto, uma vez que não é possível para a criança, nesta idade, 
“escolher” seus tutores. Este relacionamento afetivo contribuirá para a estruturação da base 
do caráter do indivíduo; caberá a esses adultos instruir a criança em relação aos 
comportamentos considerados adequados ou não pelo grupo social em que vivem. A criança, 
por sua vez, irá assimilar ou não essas normas, dependendo do significado emocional que o 
adulto atribuir a cada comportamento que ela emitir. 
Através da linguagem e da aprendizagem dos hábitos sociais desejáveis, ela estará sendo 
preparada, para conviver com as outras pessoas. 
Em função do relacionamento afetivo que ela estabeleceu com esse(s) adulto(s), tornar-se-á 
capaz de compreender seus semelhantes. Portanto, é em função do processo de socialização 
primária que se desenvolvem os princípios essenciais para o convívio social. 
Por outro lado, o processo de socialização não se esgota na socialização primária. Na medida 
em que ingressarmos em novos grupos de referência, desenvolveremos diferentes aspectos de 
nossa subjetividade, sendo assim, a socialização secundária que poderá ser identificada em 
cada novo grupo em que ingressamos e ocorrerá até o último dia de nossas vidas. O 
relacionamento afetivo é menos intenso do que na socialização primária e estabeleceremos 
vínculos com os “outros generalizados”. Há a ausência de uma ligação emocional tão intensa 
como ocorre na socialização primária, permitirá que a pessoa questione a validade das normas 
que lhe serão transmitidas pela socialização secundária. Esta etapa incentivará o indivíduo a 
realizar suas escolhas. Vemos, portanto, que os processos de socialização podem ser 
libertadores, quando permitirem que a pessoa concilie o respeito às regras e a sua 
espontaneidade. 
 Porém, alcançar essa meta não é uma tarefa fácil, uma vez que a própria sociedade possui 
mecanismos específicos que visam a conservação da realidade objetiva. São eles: 
• O processo de legitimação: Pelo processo de legitimação, tornaremos previsíveis (e 
desejáveis) alguns comportamentos, que serão transmitidos às gerações posteriores, 
por meio do processo de socialização. Aqueles que não se conduzirem segundo essas 
determinações, estarão sujeitos à aplicação de penalidades, de maior ou menor 
gravidade. Este aspecto estará intimamente relacionado com a formação do caráter, 
pois orientará os princípios que deveremos adotar para agir do modo correto; a 
transmissão desses valores terá inicio na família, com um forte apelo emocional para 
que os adotemos como nossos também. O processo de legitimação organizará a vida 
em grupo. 
 
• Estruturação/organização do universo simbólico: Refere-se a um outro nível de 
normalização do comportamento: serão proposições teóricas rudimentares 
(provérbios, lendas, histórias populares, crendices etc.) que visarão explicar fatos do 
cotidiano que não são esclarecidos de forma “convincente” pela ciência. Estas normas 
atuarão ao nível do inconsciente e também serão transmitidas pelo convívio familiar. 
Graças ao universo simbólico aprenderemos a guiar nosso comportamento por 
princípios éticos e afetivos e tal aspecto poderá auxiliar muito para que 
desenvolvamos nossa sensibilidade em relação a nossos semelhantes. Em razão do 
apelo afetivo implícito no universo simbólico, quando surgirem versões divergentes 
dos valores e crenças sociais adotados, poderão ocorrer atos de repressão em relação 
às novas idéias. Da mesma forma que o processo de legitimação, o universo simbólico 
possui uma função importante para a estruturação das relações humanas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 2: A construção da identidade pessoal e profissional: mesmice ou metamorfose? 
 
Provavelmente, em alguns momentos da nossa vida,já experimentamos uma “crise de 
identidade”. Quando isto acontece, parece que não sabemos direito quem somos de fato. Por 
que será que isto acontece? Será que todas as pessoas passarão por isto? Pode se encarar a 
crise como um pesadelo ou como um estímulo para o seu crescimento e amadurecimento 
pessoais. 
Abordagens teóricas da Psicologia: 
• Alguns enfatizam os processos biológicos e os determinismos da personalidade, como 
fatores que condicionam a maneira como o indivíduo irá comportar-se socialmente; 
• As correntes psicossociais destacam que a construção da identidade depende da 
intersecção que se estabelece, de modo contínuo, entre as peculiaridades do indivíduo 
e as demandas do meio em que ele vive. 
Segundo Ciampa (1993) a construção da identidade de uma pessoa ou grupo, depende de um 
processo histórico, multideterminado e passível de transformações. 
Até mesmo antes de nascer, já possuíamos uma a identidade. Nossos pais poderão ter 
planejado nossa vinda (ou não); talvez desejassem ter tido um menino ou uma menina (sonho 
que nem sempre irão realizar, por mais que tentem). Havia também uma grande expectativa 
em relação a como seria nossa aparência, nosso caráter, nosso temperamento, enfim, os pais 
elaboraram uma série infindável de planos e projetos de vida (que poderiam coincidir ou não 
com o que iríamos desejar de fato para nossas vidas). Nossa família (ou quem nos acolher 
como tal) irá idealizar alguns aspectos de nossa vida e esses elementos irão condicionar a 
imagem que construiremos a respeito de nós mesmos e do mundo em que vivemos. 
Nossas relações de parentesco também são informações importantes para a construção de 
nossa identidade. Como a sociedade vê nossos pais? Será que essas pessoas poderão 
contribuir de fato para que nos tornemos “pessoas de bem?” Será que elas irão atender 
adequadamente todas as nossas necessidades? Caso isto não ocorra (devido a causas pré-
natais ou adquiridas), que tipo de seqüela poderá ocorrer em relação ao desenvolvimento de 
nossa personalidade? 
Percebemos, portanto, que desenvolvemos uma identidade pressuposta, mediante a qual nos 
atribuem uma série de características (físicas, psicológicas e sociais), desejáveis ou não, que 
assumiremos como elementos que nos representam ou não. 
Com o passar do tempo, temos a impressão que todos esses aspectos que nos foram 
atribuídos, são naturais, dados; são pré-determinados e imutáveis. Se a pessoa aceitar 
passivamente todas estas predicações e limitar-se a apenas a reproduzi-las no seu 
comportamento, irá acomodar-se à mesmice. Tal condição tornará sua vida previsível, sem a 
chance de escolha, limitando significativamente suas possibilidades de desenvolvimento e 
auto-realização. Cabe a nós uma observação atenta a respeito dos papéis sociais e da 
importância dos mesmos no nosso desenvolvimento psicossocial. Pelo convívio familiar, 
estruturam-se os papéis sociais que irão orientar nossa identificação e auto-reconhecimento; 
na medida em que adotamos certas condutas sociais, torna-se possível atender algumas 
expectativas de comportamento, que são definidas a priori pela sociedade em que estamos 
inseridos. Existem duas modalidades de papéis sociais: 
• O prescrito: Os papéis sociais prescritos definem, antecipadamente, como a pessoa 
deve agir, ser e pensar; nesse aspecto é importante assinalar que dificilmente 
podemos atender a todas as expectativas sociais que definem como devemos 
comportar-nos. 
 
• O desempenhado: O papel desempenhado refere-se à maneira como agimos 
realmente, que pode estar de acordo ou não com o papel prescrito. Caberá a cada um 
de nós avaliar em que medida desejamos de fato adotar passivamente essas 
expectativas sociais pré-definidas a nosso respeito. 
Os papéis sociais “são referências para a nossa percepção do outro, ao mesmo tempo em que 
são referências para nosso próprio comportamento (Bock et all.,1988, p. 114)”. 
Portanto, ao se considerar a influência que o contexto familiar exerce na estruturação da 
identidade do indivíduo, é importante que os pais reconheçam a transitoriedade dos papéis 
sociais prescritos uma vez que os valores sociais se modificam ao longo do tempo. 
Para o pleno desenvolvimento emocional da criança : incentivar sua dependência ou 
abandoná-la à própria sorte poderá acarretar sérios prejuízos para seu equilíbrio psicológico. A 
imaturidade emocional do indivíduo e seu sentimento e insegurança e desconfiança em 
relação aos demais, poderá incentivá-lo ao isolamento ou à adoção de condutas anti-sociais. 
Desse modo vemos que há um movimento constante de conciliação entre as expectativas que 
são projetadas em relação ao indivíduo e suas peculiaridades de personalidade. Em alguns 
momentos, poderá ocorrer uma sincronicidade entre esses aspectos e em outras ocasiões, 
poderão surgir conflitos, pois o que se espera da pessoa não é exatamente o que ela deseja de 
fato. É imprescindível que a pessoa tenha a oportunidade de refletir e dessa forma poderá 
realizar o que deseja, sem se anular totalmente ou mostrar-se uma pessoa desajustada para o 
convívio social. 
Outra questão é que a necessidade de estar constantemente participando de algum grupo, 
certamente fará com que o indivíduo procure adequar-se a algumas das expectativas que os 
demais possuem a seu respeito; porém é imprescindível que a pessoa reflita sobre o que 
deseja e faça as escolhas que atendam suas necessidades. 
Haverá sempre a possibilidade de uma transformação da diversidade, da metamorfose. Viver 
em grupo poderá representar uma oportunidade única de nos descobrirmos a nós mesmos e 
nos enriquecermos. 
Contudo, esta conduta não ocorrerá do dia para a noite e da mesma maneira para todas as 
pessoas. Esta reflexão irá solicitar uma revisão dos conceitos que se possue a respeito de si 
mesmas e dos demais. 
 Desse modo, a cada um de nós caberá assumir um autêntico compromisso diante de nossa 
própria vida, sem perder de vista nossa responsabilidade e nosso comprometimento ético 
diante de nossos semelhantes. 
A constituição da identidade profissional será feita por etapas sucessivas de amadurecimento 
da escolha vocacional. Considerando-se que a atividade profissional é um aspecto muito 
importante para o bom ajustamento psíquico do indivíduo. 
A questão do desenvolvimento vocacional 
O processo de desenvolvimento humano envolve a transformação biológica, cognitiva, afetiva 
e social do indivíduo. O desenvolvimento vocacional é paralelo ao desenvolvimento global e 
requer o amadurecimento da auto-imagem do indivíduo. Se refere ao conjunto de percepções 
que a pessoa elabora a respeito de si mesma e do mundo em que vive. Esta auto-imagem pode 
ser nítida, objetiva ou nebulosa, indistinta. 
Para estruturá-la a pessoa levará em consideração: suas aptidões (inclusive intelectuais), suas 
necessidades básicas, valores, preferências e potencialidades. O conjunto destas 
características irá condicionar o seu desenvolvimento vocacional; e por meio deste a pessoa 
elaborará um sentido e um sentimento específico em relação à sua profissão. 
A escolha da carreira implicará também não só na definição do que fazer, mas também no tipo 
de pessoa que nos tornaremos pelo fato de exercer uma determinada atividade profissional. 
Portanto, para que o desenvolvimento vocacional ocorra de modo satisfatório, torna-se 
necessário que a pessoa clarifique quais são seus valores, suas necessidades básicas, os seus 
objetivos e os projetos de vida. 
Definição entre o desenvolvimento vocacional e o comportamento vocacional: 
• O desenvolvimento vocacional requer um amadurecimento pessoal que possibilite ao 
indivíduo escolher uma profissão, baseando-se nas impressões que construiu arespeito de si mesmo e do contexto em que vive. 
• Já o comportamento vocacional refere-se às ações concretas realizadas pelo indivíduo 
ao longo da vida para inserir-se nesse contexto e desenvolver seu perfil ocupacional. 
Alguns aspectos decisivos neste processo, tais como: 
• O desenvolvimento do auto-conceito do indivíduo, identificando suas potencialidades e 
limitações. 
• A constituição da identidade pessoal, que irá revelar quais são as características que definem 
quem esta pessoa é. 
• A auto percepção da identidade, que se refere à consciência que a pessoa possui a respeito 
de si mesma, como ela se vê. 
• A identificação dos atributos pessoais que irão direcionar o desempenho do indivíduo e os 
recursos que deverá desenvolver para concretizar seus objetivos. 
Além destes elementos, devemos levar em consideração também a dinâmica de personalidade 
do indivíduo e o fatores situacionais que irão condicionar as ações concretas da pessoa para 
alcançar suas metas. 
Serão analisados neste contexto: os valores culturais; o “status” familiar; as informações sobre 
as taxas de empregabilidade e desemprego; a questão da instabilidade no mercado de 
trabalho, dentre outros. 
Para que este processo ocorra de modo adequado, é importante que a pessoa possua um 
conhecimento realista sobre si mesma e sobre a realidade externa. É necessário que esteja 
ciente da necessidade de escolher e pronta para decidir-se sobre uma atividade. 
Outro aspecto que deve ser contemplado é a visão realista acerca dos recursos necessários 
para a sua economia ao longo de sua preparação acadêmica para o exercício de uma atividade 
profissional. 
Constatamos, deste modo, que a identidade profissional requer que a pessoa possua uma 
visão mais ou menos realista sobre si mesma e possa projetar como pretende desenvolver seu 
papel profissional. 
Existe uma íntima relação entre a identidade pessoal e a identidade profissional: dependendo 
do percurso de desenvolvimento pessoal que o indivíduo tenha elaborado, pode ser mais ou 
menos difícil selecionar uma atividade e desenvolver seu comportamento vocacional de modo 
a definir adequadamente seus objetivos e concretizá-los de modo gratificante. 
Para que possamos entender como ocorre o desenvolvimento vocacional de uma pessoa, 
relataremos as principais etapas deste processo. De acordo com Super (Mello, 2002), 
vivenciamos quatro estágios para o amadurecimento de nosso comportamento vocacional: 
• O primeiro estágio ocorre na primeira infância até os 14 anos e é classificado como 
estágio de crescimento. Nesta etapa predominam as escolhas fantasiosas, baseadas 
na identificação da criança com os personagens que ela admira; as “profissões” 
escolhidas visam satisfazer suas necessidades orgânicas e afetivas. No final deste 
estágio observa-se o empenho do adolescente em obter maiores informações a 
respeito das atividades que lhe interessam, além do aprofundamento da auto-análise 
e da experimentação de papéis sociais que o jovem considera pertinentes às 
profissões que chamam sua atenção. 
• O segundo estágio é classificado como exploratório; neste predomina a auto-reflexão 
e a experimentação de papéis sociais e ocupacionais. O jovem buscará maior 
autonomia e desprendimento da família e tal aspecto também irá direcioná-lo a 
buscar na escolha profissional uma concretização de sua necessidade de 
independência. A partir dos 15 anos, a pessoa procurará conciliar seus interesses e 
aptidões com as atividades que existem no mercado de trabalho. Entre os 18 e 21 
anos a realidade é avaliada de modo mais adequado e já podem ter início algumas 
experiências profissionais concretas (mediante estágios, ingresso no mercado de 
trabalho formal ou informal) o que certamente irá contribuir para uma identificação 
mais condizente dos interesses vocacionais. Entre os 22 e 24 anos o indivíduo buscará 
exercer efetivamente uma atividade profissional a partir da experiência acumulada no 
mercado ou da preparação acadêmica que e buscou para obter uma formação. 
 
• O terceiro estágio é definido como a fase de estabelecimento. A partir dos 25 anos a 
pessoa poderá vivenciar algumas mudanças em relação à sua atividade profissional, 
buscando adequar seu trabalho às suas necessidades pessoais e à sua realidade 
objetiva. No período de estabilização, que ocorre entre 30 e 45 anos de idade, o foco 
será a manutenção da segurança profissional; o indivíduo precisará estar atento para 
as de- mandas do mercado e procurará o aprimoramento necessário para manter sua 
empregabilidade. Em função destas características este período costuma ser o mais 
criativo no percurso profissional do indivíduo. 
 
 
• O quarto estágio é classificado como a fase de manutenção e este período transcorre 
entre os 45 e 65 anos de idade; nesta etapa o principal desafio será manter-se ativo, 
útil, necessário. É um período em que o indivíduo procurará manter algum tipo de 
atividade e este aspecto será muito importante, inclusive, para sua auto-estima. 
Inicia-se neste estágio também o período de declínio: modificam-se as condições 
físicas e tal aspecto obrigará a pessoa a redirecionar sua atividade, em respeito às 
suas limitações biológicas. Este aspecto deve ser considerado pelas empresas e devem 
oferecer-se ao indivíduo condições psicossociais adequadas para que a pessoa 
enfrente essas mudanças de modo construtivo, prevenindo-se maiores riscos para a 
saúde mental do funcionário. O quarto estágio ocorre o período de desaceleração 
(que se revela entre os 65, 70 anos de idade): o ritmo de trabalho diminui e altera-se a 
estrutura das atividades, podendo, inclusive, reduzir a carga horária de trabalho, 
modific modificando-se o tipo de atividade que a pessoa realiza para adequá-la às 
condições e às peculiaridades do indivíduo. Finalmente, no período da aposentadoria, 
destaca-se a maneira como a pessoa irá lidar com o encerramento de suas atividades 
profissionais. É importante observar o significado que o indivíduo atribui a este 
estágio: para algumas pessoas, é um momento de se dedicar mais ao lazer e ao 
convívio social; para outras pessoas, sobrevêm o sentimento de inutilidade, a 
depressão e a desvalia. O contexto objetivo da vida também deve ser avaliado, 
considerando-se as condições sócio-econômicas, o estado de saúde e as 
possibilidades efetivas de que esta pessoa dispõe para usufruir uma boa qualidade de 
vida.Constatamos, portanto, que a identidade profissional representa um aspecto 
muito importante no contexto de vida geral do indivíduo, compondo a auto-imagem 
da pessoa e dando-lhe a ela a oportunidade de contribuir efetivamente para o bem 
estar de todos. É importante oferecer às pessoas os melhores recursos possíveis, para 
que a transição em cada uma destas etapas lhes permita construir uma trajetória de 
vida gratificante.

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