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DIREITO CONSTITUCIONAL I 1 GÊNESE DO CONSTITUCIONALISMO 1. Direito Constitucional, Poder Constituinte e Constituição 1.1. Constitucionalismo: origem e evolução 1.1.1. Conceito de Constitucionalismo: é a teoria (ou ideologia) que ergue o princípio do governo limitado a garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização política ou social de uma comunidade. É no fundo uma teoria normativa, tal como uma teoria democrática ou teoria do neoliberalismo. 1.1.2. Constituição Moderna e Constituição Histórica 1.1.2.1. Conceito de Constituição Moderna: ordenação sistemática e racional da comunidade política através de um documento escrito na qual se declaram as liberdades e os direitos se fixam nos limites do poder político. Dimensões do Conceito de Constituição Moderna: 1ª) Ordem político-jurídica fundada em documento escrito. 2ª) Declaração de um conjunto de direitos fundamentais e seus modos de garantia. 3ª) Organização do poder político de forma limitada e moderna. 1.1.2.2. Conceito de Constituição Histórica: conjunto de regras (escritas ou consuetudinárias) e de estruturas institucionais conformadoras de uma dada ordem político-jurídica e organização do poder político de forma limitada e moderna. 1.1.3. Modelos de Expressão do Constitucionalismo 1.1.3.1. Modelo Historicista (Inglaterra): Características: o Garantia de direitos adquiridos à propriedade e liberdade; o Estruturação corporativa (estamental dos direitos); o Registro dos direitos e estruturação através de contratos e domínios. Legado às Constituições Ocidentais: o Liberdade e segurança pessoal e da propriedade; o Due process of law (Devido processo legal); o Interpretação das law of the land; o Soberania parlamentar como essência do governo moderado; o The rule of law 1.1.3.2. Modelo Individualista (França) Características: o Rompimento com a anterior ordem estamental; DIREITO CONSTITUCIONAL I 2 o Criação de uma nova ordem fundada nos direitos naturais dos indivíduos: liberdade e igualdade; o Legitimação de um novo poder político limitado e neofundado com base na separação dos poderes; o Constituição escrita (poder constituinte formado pela nação) superior a todas as normas e privilégios. 1.1.3.3. Modelo We the people (Estados Unidos da América – 1776) Características: o Criou um novo Estado; o As decisões eram tomadas diretamente pelo povo, sem que houvesse um antigo regime; o Supremacia constitucional em relação a todos, inclusive aos governantes; o Princípios fundamentais da comunidade política e do direito dos particulares; o Exclusão da tirania da maioria; o Superioridade da Constituição em relação a qualquer lei: elaboração do poder judicial para declarar a inconstitucionalidade. Judicial review (1803): revisão judicial Caso: Marbury vs. Madison Controle de constitucionalidade das normas. 1.1.4. Direito Constitucional: princípios fundamentais e divisão 1.1.4.1. Princípio Republicano Conceito de República (art 1º, da CF/88): forma de governo na qual, em igualdade de condições e sem distinções de qualquer natureza, a investidura no poder e o acesso aos cargos políticos em geral, do Chefe de Estado, ao mais humilde dos servidores, são franqueados a todos os indivíduos que preencham tão somente as condições de capacidade estabelecidas na própria Constituição ou de conformidade com ela, em normas infraconstitucionais. Características de um Estado Republicano o Existência de uma estrutura político-organizatória garantidora das liberdades civis e políticas. o Elaboração de um catálogo de liberdades, em que se articulem o direito de participação política e o direito de defesas individuais. DIREITO CONSTITUCIONAL I 3 o Reconhecimentos de cargos imateriais autônomos, seja sobre a forma federativa (de Estado), como no Brasil e nos EUA, seja pelo estabelecimento de autonomias regionais e locais como na Itália ou em Portugal, respectivamente. o Legitimação do poder político, consubstanciada no princípio democrático, de que a soberania reside no povo que se autogoverna, mediante leis (lato sensu – sentido amplo) elaboradas preferencialmente pelos seus representantes. Temporariedade e pluralidade com princípios ordenadores ao cesso do serviço público (sentido amplo), cargos, empregos ou funções e não pelo critério de designação da hierarquia e da vitaliciedade, típicos dos regimes monárquicos. 1.1.4.2. Princípio do Estado Democrático de Direito Conceito de Estado Democrático de Direito (ver apostila 2) 1.2. Poder Constituinte: espécies e características 1.2.1. O poder é constituinte porque dá materialização e estrutura ao poder. 1.2.2. É originário de uma nova ordem social. 1.2.3. É derivado ou reformado quando se reforma uma constituição já existente (arts. 1º ao 4º da CF/88). 1.2.4. Introdução 1.2.4.1. Perspectiva europeia Soberania europeia e absoluta (Bodin - 1576). Constituição dos Modernos (Hobbes): em troca da liberdade civil com algumas restrições. Governo Moderno (Locke): separação dos poderes. Separação dos poderes e controle recíproco (Montesquieu): adotado pela CF/88. Vontade geral (Rousseau): iniciou com a monarquia absolutista; vontade do povo nas decisões legislativas. 1.2.4.2. Perspectiva estadunidense Declaração de Virginia em 1776. Movimento Constitucionalista Estadunidense em 1787 com a Convenção da Filadélfia. Judicial Review: supremacia da constituição. Não surgiu na Constituição, surgiu a partir do caso Marbury vs. Madison. 1.2.4.3. Titularidade do Poder Constituinte: pertence ao povo que possui a soberania. O Estado apenas expressa esta soberania. 1.2.4.4. Poder Constituinte Originário: respeito às necessidades populares. DIREITO CONSTITUCIONAL I 4 Origens da teorização do poder constituinte originário o Sieyès: camada mais baixa da sociedade. o Por via de regra, surge uma Constituição, mas pode haver uma reformulação da Constituição. o Prevalece a vontade do povo e não mais do monarca. Características o Iniciabilidade o Ilimitado o Incondicionado 1.2.4.5. Poder Constituinte de Reforma ou Derivado Finalidade: conformar a nova Constituição de acordo com a vontade popular através de uma reforma ou adaptação na Constituição já existente. Há limites para reformas nas Constituições: o Formais: na CF/88 Art. 60, incisos I, II e III, e seus parágrafos. Não é possível Emenda Constitucional por iniciativa popular. o Materiais: na CF/88 Art. 60, § 4º e incisos. Cláusulas pétreas: art. 150, alínea “b”; art. 16. Finalidades das cláusulas pétras: o Garantir a vontade popular; o Evitar que o projeto original seja destituído em detrimento dos interesses particulares dos representantes. 1.3. Constituição: conceito e classificação 1.3.1. Norma fundamental (Hans Kelsen) 1.3.1.1. Norma superior de conformação com o povo. 1.3.1.2. Pressupõe a validade de todo ordenamento jurídico. 1.3.1.3. Não é escrita. 1.3.1.4. Conceito: é aquela que é pressuposta e constitui unidade de uma pluralidade de normas, representando o fundamento de validade da ordem normativa de uma determinada sociedade política. 1.3.1.5. É uma criação da racionalidade humana (ficção). 1.3.1.6. Função: unifica e dá validade a toda a ordem jurídica de uma sociedade política, evitando regressos infinitos. DIREITO CONSTITUCIONAL I 5 1.3.2. Conceitos de Constituição 1.3.2.1. Adveio da norma fundamental. 1.3.2.2. Constituição como garantia de status quo econômico e social (Ernst Forstholl) Direitos: é uma prestação positiva. Liberdades:omissão das ações. Garantias: instrumentos formais que asseguram o cumprimento dos direitos e liberdades. Aqui a Constituição é uma mera formalidade. Para a crítica, esse conceito não é adequado para a atualidade por não conter materialidade. 1.3.2.3. Constituição como instrumento de governo (Hennis) Formalidade de exercício do poder político. Para a crítica não é adequado para a atualidade por ser tendencioso à influências particulares do governo. 1.3.2.4. Constituição como processo público (Peter Härberle) Processo público: interpretação da normal constitucional (hermenêutica) por todo o povo. Para a crítica, este conceito perde força normativa e a conformação com o povo. 1.3.2.5. Constituição como ordem fundamental e programa de ação que identifica uma ordem político-social e o seu processo de realização (Böumlim) É a junção dos conceitos de “Constituição como instrumento de governo” com o de “Constituição como processo público”. É a conjugação do material com o formal. É uma norma base. Seu conteúdo não é suprimido sendo, portanto material. 1.3.2.6. Constituição como programa de integração e representação nacionais (Kruger) Para a crítica, é mais formal que material. Aqui a Constituição rejeita normas internacionais (tratados), dentro de uma realidade. 1.3.2.7. Constituição como legitimação do poder soberano, segundo a ideia de Direito (Burdeau) Limitação do poder dentro da Constituição, passando o poder à nação. Limite entre o fato e o Direito. DIREITO CONSTITUCIONAL I 6 1.3.2.8. Constituição como ordem jurídica fundamental, material e aberta, de determinada comunidade (Hesse) Tenta conjugar outras acepções dando destaque à materialização e formalização sem perder a conformação com o povo. 1.3.2.9. Constituição em outras acepções: Elemento regulativo de sistema político (Luhmann). Norma fundamental, forma de governo e princípio de normação jurídica (Modugno). Conceito integral (Schmidt) Soma dos fatores reais de poder (Lossolle) 1.3.3. Classificação das Constituição 1.3.3.1. Quanto à forma: Escrita: unificação em compilação das normas em um só “código”. Não escrita o Segue as tradições o É mais flexível o Não há um livro (ou código) compilado não havendo, portanto, uma compilação de todas as normas em um só texto. 1.3.3.2. Quanto ao conteúdo: Material: conformação política do Estado (forma de governo, direitos fundamentais, etc.) = núcleo essencial. Formal: o conteúdo ultrapassa o núcleo essencial. Em termos de aplicabilidade da norma, toda Constituição material é uma Constituição formal. Em termos de conteúdo, toda Constituição formal é uma Constituição material. 1.3.3.3. Quanto à origem: Promulgada: votada democraticamente por representantes do povo. Outorgada: imposta por uma pessoa ou por um grupo de pessoas. 1.3.3.4. Quanto ao modo de elaboração: Dogmática (art. 60, § 4º, da CF/88) o Dogmas: são verdades imutáveis. o Cláusulas pétreas. o Há rompimento completo com o modelo social anterior. Histórica: não há rompimento com o modelo social anterior, sendo modificada apenas de acordo com o avanço da sociedade. DIREITO CONSTITUCIONAL I 7 1.3.3.5. Quanto à estabilidade Imutável ou utópica: não prevê modificações em seus textos. Exemplo: Constituições Absolutistas. Rígida: a modificação só ocorre em um de quórum de votação especial, não sendo permitida sua modificação ordinariamente (através de lei ordinária). Flexível: é mais facilmente modificada. Semirrígida: parte dela é rígida (cláusulas pétreas, por exemplo) e parte dela é flexível. Exemplo: Constituição Imperial de 1824. 1.3.3.6. Quanto à extensão Sintética ou concisa: é mais principiológica; trata apenas de matérias essenciais. Analítica ou prolixa: além das matérias essenciais, trata de outras matérias. 1.3.4. Classificação da Constituição Brasileira de 1988 Escrita: está compilada em um só código. Formal: além de trazer o núcleo essencial, traz outras matérias. Promulgada: foi votada por representantes do povo. Dogmática Rígida: é necessário um quórum de votação especial para que se faça modificação. Analítica: trata de matérias essenciais e outras mais. NORMAS CONSTITUCIONAIS E CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 1. Métodos de Interpretação das Normas Constitucionais a. Introdução O colégio de juízes, em determinado tribunal, realiza decisões sobre determinado caso concreto, decidindo pela jurisprudentia (pela prudência do Direito) em razão de se ter várias pessoas pensando ao mesmo tempo, para o mesmo caso com formas de pensar e interpretação diferentes. A jurisprudência é a repetição dessas decisões trazendo a prudência jurídica à realidade aplicada dentro de uma sentença, ao mesmo tempo que, várias pessoas tentando fazer a interpretação dessa aplicabilidade também dentro de um caso concreto, perfaz também num sentido plurissignificativo, ou seja, mas de várias pessoas e chega-se, portanto, a ser mais prudente pensar colegiadamente. b. Distinções terminológicas: DIREITO CONSTITUCIONAL I 8 i. Hermenêutica: é a interpretação de enunciados, sobre determinados dogmas. 1. Origens: interpretação do Novo Testamento da Bíblia. 2. Curiosidade: etmologicamente, a palavra “hermenêutica” surgiu do nome “Hermes”, deus grego que recebia as mensagens dos deuses e as interpretava para os homens na terra. 3. Noção de Hermenêutica Jurídica: domínio jurídico teórico, especulativo, voltado para a identificação, desenvolvimento e sistematização dos princípios de interpretação do Direito. Engloba todos os métodos de interpretação. ii. Interpretação jurídica: é a atividade de revelar ou atribuir sentido a textos ou outros elementos normativos (principalmente implícitos, costumes, precedentes, dentre outros), notadamente para o fim de solucionar problemas. iii. Aplicação normativa: aplicação da norma de acordo com o caso concreto. É o momento final do processo de interpretação que, a partir de então, se transforma em decisão. 1. Métodos de aplicação: leva-se em consideração a dificuldade do caso concreto. a. Indutivo (hard cases): do particular para o geral. b. Dedutivo (easy cases): do caso concreto para a norma ou, do geral para o caso específico. iv. Construção: ato de tirar conclusões que estão fora e além das expressões contidas no texto e dos fatores nele considerados. Acontece quando se amplia, dentro da aplicabilidade normativa, o conteúdo das cláusulas abertas ou gerais. Não é só norma jurídica literal, há de se considerar as normas, os fatos e os valores sob o ponto de se incorrer imoralidade se acontecer no período de guerra. Exemplo: supraconstitucionalidade da dignidade humana aplicando a Constituição que fora elaborada pelo povo. c. Normas constitucionais e suas peculiaridades interpretativas i. Quanto ao status jurídico: supremacia das normas constitucionais. ii. Quanto a natureza da linguagem: falta de definições dentro das Constituições, essencialmente compostas de cláusulas abertas. iii. Quanto ao seu objeto (ponto de vista material) 1. Organizam o poder político: normas constitucionais organizatórias. DIREITO CONSTITUCIONAL I 9 2. Definem os direitos fundamentais: normas definidoras. 3. Indicam valores e fins públicos: normas programáticas (direitos sociais). iv. Quanto ao seu caráter político: normas transformadoras. Fazem a ponte de transição entre a realidade fático-político-material e institucionalização da própria fonte. 2. Elementos Tradicionais de Interpretação Jurídica São métodos= dedutivo e indutivo a. Interpretação literal: na interpretação de casos fáceis, esta pode ser utilizada sozinha; na interpretação de casos difíceis, há a necessidade de utiliza-la em conjunto com outras formas de interpretação. Este tipo de interpretação interpreta o que o texto diz expressamente. b. Interpretação histórica: intenção originária do poder constituinte originário que faz a interpretação material da norma. c. Interpretação sistemática: interpreta o sistema como um todo não se importando com o fim, mas sim com o meio utilizado. i. Critérios: cronológico, hierárquico e especificidade. d. Interpretação teleológica: i. Telos = fins; finalista. Fins do direito = justiça. ii. Não se importa com o fim, mas sim com o meio utilizado para atingir o fim. iii. Exemplo: art. 3º da CF/88. 3. Metodologia da Interpretação Constitucional Tradicional: método dedutivo. 4. Princípios Instrumentais da Interpretação Constitucional a. Princípio da supremacia da Constituição: surgiu nos EUA quando a vontade política não podia sobrepor à vontade constitucional. b. Princípio da presunção de constitucionalidade das leis e dos atos normativos i. Iuris tantum; ii. Critérios de consideração de invalidação: cronológico, hierárquico e especificidade. iii. Limites à declaração de inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo pelos juízes. 1. Existência de tese jurídica razoável para a preservação da norma (não existência de inconstitucionalidade inequívoca). São métodos de interpretação ou elementos de interpretação? DIREITO CONSTITUCIONAL I 10 2. Possibilidade de decisão da questão por outro fundamento evitando-se a invalidação de ato de outro poder. 3. Existência de alternativa de interpretação possível, que permita afirmar a compatibilidade da norma com a Constituição. iv. Exemplo: art. 104 da CF/88. c. Princípio da interpretação conforme a Constituição i. Interpretação 1. Interpretação propriamente dita. 2. Usa as interpretações teleológica, sistemática e histórica. 3. Busca a vontade da Constituição. ii. Inconstitucionalidade: 1. Declaração sem redução do texto. 2. Declaração de não incidência da norma (não aplicável). d. Princípio da unidade da Constituição i. Interpreta a Constituição como um todo. ii. Usa a interpretação sistemática. iii. Trata as normas como iguais hierarquicamente. iv. Pode haver conflito entre normas constitucionais. e. Princípio da razoabilidade ou proporcionalidade i. Possibilidade de inviolação dos atos legislativos e administrativos, pelo juiz, quando: 1. Não há adequação entre o fim perseguido e o instrumento empregado: usa as interpretações teleológica e sistemática. 2. A medida não seja exigível ou necessária, havendo meio alternativo menos gravoso para se chegar ao resultado. 3. Os custos superem os benefícios. ii. Princípio da efetividade 1. Planos normativos de análise dos atos jurídicos: existência, validade, eficácia e efetividade. 2. Afasta-se da não autoaplicabilidade da norma ou da ocorrência de omissão legislativa. 5. Eficácia e Aplicação das Normas Constitucionais a. Normas constitucionais de eficácia plena i. Características: aplicabilidade direta, imediata e integral. DIREITO CONSTITUCIONAL I 11 ii. Exemplo: art. 2º da CF/88; art. 14, § 1º, CF/88. b. Normas constitucionais de eficácia contida (redutível, restringível) i. Características: aplicabilidade direta, imediata e não integral. ii. Ex: art. 5º, LVIII da CF/88; art. 84, IX da CF/88. c. Normas constitucionais de eficácia limitada (deferida, reduzida) i. Carcaterísticas: aplicabilidade mediata e reduzida. ii. Exemplo: art. 37, IX da CF/88. iii. Normas programáticas: exemplo – art. 7º, XX da CF/88. 6. Controle de Constitucionalidade das Leis: espécies CONCENTRADO – PRINCIPAL – ABSTRATO DIIFUSO – INCIDENTAL – CONCRETO Origem Áustria (1920) – Kelsen EUA (1803) – Caso Mabury vs. Madison Competência Corte Suprema – STF Tribunais e Juízes ordinários. A Corte Suprema analisará os casos concretos quando surgidos nela e em casos excepcionais. Coisa julgada Apenas a inconstitucionalidade Um caso concreto Características Principal A própria inconstitucionalidade Incidental Não aplicabilidade da norma Abstrato O julgamento não com base no caso concreto, podendo haver o conflito normativo. Concreto Analisa a compatibilidade do caso concreto com a norma. a. Classificações do controle de constitucionalidade i. Quanto ao órgão 1. Político: apenas o Executivo e o Legislativo tem a competência de controlar a constitucionalidade das normas. 2. Jurisdicional: apenas o Judiciário tem a competência de controlar a constitucionalidade das normas. 3. Misto: Político e Jurisdicional. Adotado pelo Brasil. ii. Quanto ao modo ou à forma de controle 1. Incidental 2. Principal Quanto mais a esquerda, mais completa. Contida ou circunstancial = necessita de complemento. Ex: o art. 5º, LVIII da CF complementa o art. 84, IX da CF. Limitada: mediata, programática; necessita de complemento (art. 37, IX da CF/88); indireta (art. 7º, XX da CF). Plena > Contida > Limitada DIREITO CONSTITUCIONAL I 12 iii. Quanto ao momento de controle 1. Preventivo a. Antes da promulgação. b. O Legislativo pode realizar o controle através das Comissões internas (Comissões de Constituição e Justiça). c. O Executivo pode realizar o controle com o veto fundamentado na inconstitucionalidade (art. 66, § 1º da CF/88). 2. Repressivo ou sucessivo a. Após a promulgação. b. Judiciário: realiza o controle concentrado e difuso. b. Os diferentes tipos de inconstitucionalidade i. Inconstitucionalidade formal e material 1. Formal a. Ordem técnica ou procedimental e competências. b. Vício de constitucionalidade formal = emenda. 2. Material a. Necessidade, adequação e proibição do excesso. b. Observa o conteúdo em si. ii. Inconstitucionalidade originária e superveniente 1. Originária a. Improbidade terminológica: maioria doutrinaria. b. Propositura de antes da CF/88. c. Exemplo: Lei de 1950 e CF/88 = não recepção ou revogação ou ab- rogação pelos critérios cronológico e hierárquico. 2. Superveniente a. Esta é a regra geral. b. Exemplo: CF/88 e Lei de 2014 = após a Constituição. iii. Inconstitucionalidade por ação e por omissão 1. Por ação: quando a norma contrariar a Constituição. 2. Por omissão: falta de legislação. a. Espécies de omissão i. Absoluta ii. Parcial b. Exclusão de benefício incompatível com o princípio da igualdade DIREITO CONSTITUCIONAL I 13 i. Modalidades 1. Concludente 2. Explícita CONTROLE INCIDENTAL OU CONCRETO (resumo para a prova) Consagra-se, no sistema constitucional brasileiro: a) a ação direita de inconstitucionalidade do direito federal e do direito estadual em face da Constituição. Mediante provocação dos entes e órgãos referidos no art. 103 da CF; b) a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal em face da CF/88, mediante provocação dos entes e órgãos referidos no art. 103 da CF; c) a representação interventiva, formulada pelo Procurador-Geral da República, contra ato estadual considerando afrontoso aos chamados princípios sensíveis ou ainda, para assegurar a execução de lei federal; d) a ação direita de inconstitucionalidade por omissão, mediante provocação dos entes e órgãos referidos no art. 103 da CF. O controle de constitucionalidade difuso, concreto ou incidental, caracteriza-se profundamente, também no Direito brasileiro, pela verificação deuma questão concreta e de inconstitucionalidade de ato normativo a ser aplicado num caso submetido à apreciação do poder Judiciário. A característica fundamental do controle concreto incidental de normas para ser o seu desenvolvimento inicial no curso de um processo, no qual a questão constitucional configura “antecedente lógico e judicial que há de versar sobre a existência ou inexistência de relação jurídica”. O controle de constitucionalidade concreto ou incidental, tal como desenvolvido no Direito brasileiro, é exercido por qualquer órgão judicial, no curso de processo de sua competência. A decisão, “que não é feita sobre o objeto principal da lide, mas sim sobre questão prévia, indispensável ao julgamento do mérito”, tem o condão, apenas, de afastar a incidência da norma viciada (art. 52, X, CF). A exigência quanto à declaração de inconstitucionalidade dos atos manifestadamente inconstitucionais não foi recebida pela legislação subsequente (Constituição de 1934), tendo-se assentado, em regra, a recomendação de um certo self-restranit, por parte do magistrado. Esse postulado conjuga-se, normalmente, com a máxima segundo a qual “o juiz deve abster-se de se manifestar sobre a inconstitucionalidade, toda vez que, sem isso, possa julgar a causa e restaurar o direito violado”. O Código de Processo Civil, em seus arts. 480 a 482 introduz o controle exercido por órgãos fracionários dos tribunais. Arguida a questão a qualquer tempo, o relator deverá submetê-la à Turma ou à Câmara competente para julgar o processo, após a audiência do órgão do Ministério Público (art. 480). Rejeitada a questão, terá prosseguimento o feito; acolhida, há de ser lavrado o acórdão a fim de ser submetida ao Tribunal Pleno (art. 481). DIREITO CONSTITUCIONAL I 14 A arguição de inconstitucionalidade poderá se rejeitada, no órgão fracionário, por inadmissível ou improcedente, nos termos seguintes: A questão há de envolver ato de natureza normativa a ser aplicada à decisão da causa, devendo ser rejeitada a arguição de inconstitucionalidade de ato que não tenha natureza normativa ou não seja oriundo do Poder Público; A questão de inconstitucionalidade há de ser relevante para o julgamento da causa, afigurando-se “inadmissível a arguição impertinente, relativa a lei ou outro ato normativo de que não dependa a decisão sobre o recurso ou a causa”; A arguição será improcedente se o órgão fracionário, pela maioria de seus membros, rejeitar a alegação de desconformidade com da lei com a normal constitucional. No caso da declaração de inconstitucionalidade de lei pelo Plenário ou órgão especial (art. 97 da CF), impõe-se a juntada do acórdão da decisão do Plenário ou do órgão especial no julgamento do órgão fracionário, a fim de que o STF possa julgar eventual recurso extraordinário interposto (Súmula 513 do STF). Ressalte-se que, após o exame da constitucionalidade da norma pelo Pleno, não mais se espera qualquer modificação desse entendimento. Tanto é assim que, quando se tratar de declaração de inconstitucionalidade, a partir desse momento é efetivada a comunicação ao Senado Federal. E, tratando- se de juízo de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade, dá-se início à aplicação do disposto no art. 557 do CPC, que, queiramos ou não, é uma forma brasileira de atribuição de efeito vinculante às decisões do Tribunal. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (ADI), AÇÃO DIRETA DE CONSTITUCIONALIDADE (ADC), AÇÃO DE DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO (ADO) E ARGUIÇÃO POR DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL (ADPF) Nos termos do art. 103 da CF e nas Leis 9.882/99 e 9.868/99, podem propor ação direta de inconstitucionalidade (ADI), ação direta de inconstitucionalidade por omissão (ADO) e arguição por descumprimento de preceito fundamental (ADPF) os seguintes entes: Presidente da República; Mesa do Senado Federal e da Câmara dos Deputados; Mesa da Assembleia ou da Câmara do Distrito Federal; Governador do estado ou do Distrito Federal; Procurador-Geral da República; DIREITO CONSTITUCIONAL I 15 Conselho Federal da OAB; Partido com representação no Congresso Nacional; Confederação sindical e entidade de classes. Já a ação declaratória de constitucionalidade (ADC) pode ser proposta pelos seguintes entes: Presidente da República; Mesa do Senado Federal e da Câmara dos Deputados; Procurador-Geral da República; OBJETO DA AÇÃO Poder ser impugnados por ADI, nos termos do art. 102, I, a, primeira parte da CF, as leis ou atos normativos federais ou estaduais, somente aqueles posteriores à promulgação da CF/88. O objeto da ADC segue o mesmo paradigma da ADI para o direito federal. Assim, caberia ADC em face de emenda constitucional, lei complementar, lei ordinária, medida provisória, decreto legislativo, tratado internacional devidamente promulgado. O objeto do ADO é a mera inconstitucionalidade morosa dos órgãos competentes para a concretização da norma constitucional. A própria formulação empregada pelo constituinte não deixa de que se administrativa que pudesse, de alguma maneira, afetar a efetividade da norma constitucional. A ADPF ter por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público e, quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição; PROCEDIMENTO 1º Petição inicial Na à petição inicial da ADI deverá ser indicada o dispositivo da lei ou do ato normativo impugnado e os fundamentos jurídicos do pedido em relação a cada uma das impugnações e o pedido, com suas especificações. Na petição inicial da ADC deverá ser indicado o dispositivo da lei ou do ato normativo questionado e os fundamentos jurídicos do pedido; o pedido, com suas especificações; e, a existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da disposição objeto da ação declaratória. Na petição inicial da ADO, deverá ser indicada: a omissão inconstitucional total ou parcial quanto ao cumprimento de dever constitucional de legislar ou quanto à adoção de providência de índole administrativa e o pedido, com suas especificações. Por fim, na ADPF, a petição inicial deverá indicar: a DIREITO CONSTITUCIONAL I 16 indicação do preceito fundamental que se considera violado; a indicação do ato questionado; a prova da violação do preceito fundamental; o pedido, com suas especificações; e, se for o caso, a comprovação da existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação do preceito fundamental que se considera violado. Em todas as ações a petição inicial, acompanhada de instrumento de mandato, se for o caso, será apresentada em duas vias, devendo conter cópias do ato questionado e dos documentos necessários para comprovar a impugnação. 2º Medida cautelar Salvo no período de recesso, a medida cautelar na ação direta será concedida por decisão da maioria absoluta dos membros do Tribunal, observado o disposto no art. 22, após a audiência dos órgãos ou autoridades dos quais emanou a lei ou ato normativo impugnado, que deverão pronunciar-se no prazo de cinco dias. Havendo pedido de medida cautelar, o relator, em face da relevância da matéria e de seu especial significado para a ordem social e a segurança jurídica, poderá, após a prestação das informações, no prazo de dez dias, e a manifestação do Advogado-Geral da União e do Procurador-Geral da República, sucessivamente, no prazo de cinco dias, submeter o processo diretamente ao Tribunal, que terá a faculdade de julgar definitivamente a ação. 3º Indeferimento Será indeferida a ADI, a ADO, aADC e a ADPF que: a petição inicial inepta, não fundamentada e a manifestamente improcedente serão liminarmente indeferidas pelo relator. ORGANIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO E DOS PODERES (arts. 18 a 33, CF/88) 1. Os entes federados: divisão e competências a. A União i. Competências 1. Competência exclusiva: arts. 21 e 177, da CF/88. 2. Competência privativa: art. 22, caput e parágrafo único, da CF/88. 3. Competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios a. Art. 23, caput e parágrafo único, da CF/88. b. Competência do Executivo: implementar políticas públicas. 4. Competência concorrente da União, dos Estados e do Distrito Federal a. Competência pertencente ao Legislativo. DIREITO CONSTITUCIONAL I 17 b. Art. 24 e §§, da CF/88. i. Normas gerais = União; ii. Normas suplementares = Estados; iii. Inexistência de lei federal: competência plena dos Estados. iv. Superveniência de lei federal suspende eficácia de lei estadual. b. Estados i. Competências 1. Auto-organização, poderes reservados e competência não vedada (art. 25 e §§, da CF/88). 2. Competência residual a. Exceção: art. 155, da CF/88 3. Competência privativa c. Municípios i. Competências 1. Auto-organização (art. 29, da CF/88) 2. Criação de Guardas Municipais (art. 144, § 8º, da CF/88). 3. Competências implícitas (art. 30, I, da CF/88). 4. Competência suplementar (art. 30, II, da CF/88). d. Distrito Federal i. Competências 1. Auto-organização (art. 30, caput, da CF/88). 2. Competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios. OS TRÊS PODERES DA UNIÃO E SUAS FUNÇÕES (arts. 44 a 75, da CF/88) 1. Poder Legislativo: funções típicas e processo legislativo a. Estrutura e funcionamento i. Congresso Nacional (CN) ii. Mandatos 1. Deputados Federais (art. 44, parágrafo único, da CF/88) 2. Senadores (art. 46, § 1º, da CF/88) iii. Sessão legislativa DIREITO CONSTITUCIONAL I 18 1. De 02 de fevereiro a 17 de julho 2. De 1º de agosto a 22 de dezembro a. Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO): art. 57, § 2º, da CF/88. iv. Comissões (art. 58, da CF/88) 1. Durabilidade a. Permanentes b. Temporários 2. Funções a. Ouvir os cidadãos (art. 58, § 2º, da CF/88) b. Fiscalizar (arts. 70 a 75, da CF/88) c. Discutir e votar projetos de lei: procedimento legislativo abreviado. b. Processo legislativo i. Iniciativa 1. Comum (concorrente) a. Qualquer membro do CN, comissão, presidente, cidadãos (art. 61, § 2º, da CF/88). b. Não restrição de sua titularidade. 2. Reservada (privativa) a. Apenas algumas autoridades. ii. Discussão iii. Votação 1. Maioria simples: regra geral. 2. Quórum específico: exceção. 3. Não há aprovação sem votação. 4. Requerimento de urgência do Executivo: 45 dias. iv. Sanção ou veto 1. Sanção: anuência a. Modalidades i. Expressa ii. Tácita 2. Veto a. Quanto ao conteúdo i. Jurídico ii. Político DIREITO CONSTITUCIONAL I 19 b. Quanto à extensão i. Total ii. Parcial c. 15 dias úteis após a aprovação. d. 48 horas para motivar o Presidente do senado v. Promulgação: existência da lei; ordena a sua aplicação. vi. Publicação: vigência da lei. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Anotações das aulas. BARROSO, Luis Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo: os conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e teoria da Constituição. 7. ed., Coimbra: Almedina, 2008. MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 9. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2014.
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