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20/05/2015 Nova pagina 1 http://www2.bioqmed.ufrj.br/enzimas/temperat.htm 1/4 Efeito da Temperatura na Atividade Enzimática A velocidade de uma reação química é afetada pela temperatura – isso pode ser explicado pela teoria de Arrhenius que se baseia na hipótese de que duas partículas devem se colidir na orientação correta e com energia cinética suficiente para que os reagentes sejam transformados em produtos. Podese dizer que o mesmo acontece com as reações catalisadas por enzimas, lembrando que a variação de temperatura afeta as constantes cinéticas (Km e Vmáx). Em baixas temperaturas, as reações são mais lentas devido à queda da energia cinética do sistema. Porém, como as enzimas são proteínas, o aumento da temperatura não causa apenas o aumento da velocidade de reação mas, sim, dois efeitos opostos: até determinada temperatura, ocorre um AUMENTO da velocidade de reação; a partir de determinada temperatura, há uma DIMINUIÇÃO na velocidade de reação. Figura 1 Diagrama esquemático mostrando o efeito da temperatura na atividade de uma enzima; —— período de incubação curto; longo período de incubação. Note que a temperatura em que se observa a máxima atividade enzimática varia com o tempo de incubação. Figura cedida pelo Dr. Martin Chaplin, do site http://www.lsbu.ac.uk/biology/enztech/temperature.html Isso acontece porque as enzimas são proteínas e como tal, podem ser desnaturadas. Ou seja, a partir de uma determinada temperatura, as enzimas perdem sua estrutura nativa, o que leva à perda de função. Figura 2 Diagrama esquemático mostrando o efeito da temperatura na estabilidade de uma enzima. As curvas mostram o percentual de atividade remanescente em 20/05/2015 Nova pagina 1 http://www2.bioqmed.ufrj.br/enzimas/temperat.htm 2/4 função do tempo de incubação em diferentes temperaturas. De cima para baixo, há um aumento equivalente de tempertura (50°C, 55°C, 60°C, 65°C and 70°C). Figura cedida pelo Dr. Martin Chaplin, do site http://www.lsbu.ac.uk/biology/enztech/temperature.html Podese notar que a atividade de uma enzima diminui com o tempo de incubação em determinadas temperaturas. No exemplo da figura 2, uma enzima perde 20% de sua atividade original quando incubada por 40 minutos a 55oC. Note que quanto maior a temperatura de incubação, mais rápido é o processo de desnaturação térmica. No processo de desnaturação térmica, a estrutura terciária se desfaz pois a proteína perde interações NÃOCOVALENTES. Não há quebra de ligações peptídicas; com o aumento da temperatura rompemse ligações de hidrogênio, interações eletrostáticas e hidrofóbicas. Como as ligações de hidrogênio são estabilizadoras de estruturas secundárias, estas também podem ser perdidas durante o processo de desnaturação térmica. Para muitas enzimas, o processo de desnaturação térmica é irreversível. O tempo de incubação da proteína numa determinada temperatura pode acelerar o processo de desnaturação térmica e definir se o mesmo será reversível. Além disso, a ligação do substrato na enzima causa mudanças estruturais que a mantém mais estável. Esse é o caso da hexocinase, que sofre uma grande mudança conformacional quando glicose se liga ao seu sítio ativo: Hexocinase de levedura na ausência de Glicose Hexocinase de levedura na presença de Glicose 20/05/2015 Nova pagina 1 http://www2.bioqmed.ufrj.br/enzimas/temperat.htm 3/4 (2yhx.pdb) (2yhx.pdb) Na ausência de glicose, a temperatura de desnaturação da enzima é de 48,2 oC. Na presença de glicose, a estabilidade da enzima aumenta e a temperatura de desnaturação sobe para to 53.7 oC [1,2], podendo chegar a 62 oC com excesso de glicose [3]. A ligação de glicose na hexocinase de levedura aumenta, também, a estabilidade térmica da enzima. Isso foi observado em experimentos semelhantes aos ilustrados na Figura 2, sendo que calculouse o tempo necessário para perda de 50% de atividade enzimática (t0.5). O t0.5 foi de 34,6 min para a enzima incubada em tampão, na ausência de glicose. Quando o meio de incubação continha glicose, o t0.5 aumentou para 400 min, ou seja, a estabilidade da enzima aumentou mais de 10 vezes [4]. Atenção: Muitas pessoas dizem QUINASE quando se referem às enzimas que catalisam reações de fosforilação. Isso porque em inglês se diz KINASE. Mas essa nomenclatura está equivocada pois KINE/KINO, de origem grega, é o prefixo usado em inglês para denotar movimento como em kinetic (cinética) ou mesmo em CINEMA. A velocidade de uma reação catalisada por enzimas pode aumentar em um fator de 1,2 a 2,5 vezes para cada 10 oC de aumento de temperatura. Isso se deve aos valores típicos de energia de ativação que variam de 15 a 70 kJ.M1 [5]. Esse aumento de velocidade é quantificado pelo termo Q10, também conhecido como coeficiente de temperatura. É interessante notar que a temperatura ótima para a enzima representada na Figura 1 foi de 55 oC quando a incubação foi realizada em períodos curtos. Porém, é comum associarem a temperatura ótima da enzima com a temperatura corporal (~37 oC). Na verdade, para muitas enzimas a temperatura ótima é muito maior. A amilase (E.C. 3.2.2.1) salivar, por exemplo, é uma glicoproteína de 62 kDa [6] que tem temperatura ótima de 48 oC [7]. A papaína (EC 3.4.22.2) é uma protease encontrada no papaia, que tem temperatura ótima em 65 oC [8]. CURIOSIDADE: Muitas pessoas se perguntam porque os efeitos de um estado febril podem ser tão deletérios se muitas enzimas desnaturam em altas temperaturas? Ao que parece, as enzimaschaves do metabolismo têm a temperatura ótima ao redor de 40 oC. Acima da temperatura ótima, é normal que a atividade caia drasticamente devido ao processo de desnaturação térmica. Com isso, a temperatura corporal por volta de 37 oC está no limite de atividade e da estabilidade dessas enzimas e, portanto, do metabolismo. REFERÊNCIAS [1] Takahashi K, Casey JL, Sturtevant JM. (1981) Thermodynamics of the binding of Dglucose to yeast hexokinase, Biochemistry 20, 46934697 [2] G.Barone, F.Catanzano, P.Del Vecchio, C.Giancola, G.Graziano (1995) Differential scanning calorimetry as a tool to study proteinligand interactions, Pure & Appl. Chern. 67, 18671872 [3] Catanzano F, Gambuti A, Graziano G, Barone G. (1997) Interaction with Dglucose and thermal denaturation of yeast hexokinase B: A DSC study. J Biochem (Tokyo) 121, 568577 [4] Guerra R, Bianconi ML (2000) Increased Stability and Catalytic Efficiency of Yeast Hexokinase Upon Interaction with Zwitterionic Micelles.Kinetics and Conformational Studies Bioscience Reports. 20, 4149 [5] Chaplin M, http://www.lsbu.ac.uk/biology/enztech/temperature.html (em 16/10/2006) [6] Ragunath C, Sundar K & Ramasubbu N (2002) Expression, Characterization, and Biochemical Properties of Recombinant Human Salivary Amylase, Protein Expression and Purification 24, 202–211 20/05/2015 Nova pagina 1 http://www2.bioqmed.ufrj.br/enzimas/temperat.htm 4/4 [7] Smith CL (1938) Influence Of Temperature On The Amylases Of Cold And WarmBlooded Animals, J. Exp. Biol. 15, 1017 [8] Sun Sufang, Yang Gengliang, Liu Haiyan, Sun Hanwen, Liu Cuifen (2002) A new method to immobilize enzyme and its application to the papain, Chemical Journal on Internet, Vol.4 No.10, P.48 (http://web.chemistrymag.org/cji/2002/04a048pe.htm) Texto: Profa. M. Lucia Bianconi email: enzimas@bioqmed.ufrj.br Página atualizada em: 16/10/2006 Voltar à Página Principal Voltar ao Laboratório Virtual
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