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UNIVERSIDADE PAULISTA INTERATIVA LICENCIATURA EM LETRAS ESTUDOS DISCIPLINARES VI TRABALHO EM GRUPO PROCESSOS FONOLÓGICOS Ângela Ferreira Possidônio Angiolett RA 1512588 Noélia Alexandre Rocha RA 1511891 Polo Brusque – Santa Catarina 2016 Q1. Leia os textos que seguem: Texto I A Sociolinguística, ou sociologia da linguagem, é uma disciplina da linguística que estuda os aspetos resultantes da relação entre a língua e a sociedade, concentrando-se em especial na variabilidade social da língua. Disponível em <http://www.infopedia.pt/$sociolinguistica-(linguistica)>. Acesso em 25 mai. 2012. Texto II Homem 1: Os homi estão doido... Homem 2: Pru quê? Homem 1: Andaru fazenu coisas besta cum dinhero do povo. Fizeru lambança. Homem 2: E nóis só padece, cumpadi. Com base no conceito de Sociolinguística, apresentado no texto I, e no diálogo (texto II), como você analisa o uso linguístico concreto dos falantes 1 e 2? A leitura do texto II sugere um diálogo informal entre dois falantes pertencentes do mesmo grupo social indicativo de dialeto caipira. O assunto abordado por eles refere-se a homens que provavelmente usaram de modo indevido do dinheiro público o que, segundo eles, acarreta prejuízo ao povo. É possível que a conversa tenha sido motivada por alguma notícia que foi veiculada nos meios de comunicação social. Constata-se na análise da conversa a presença de processos fonológicos, ou seja, variações no uso da fala. As variações são um fenômeno linguístico frequente onde o falante, na prática de sua oralidade, utiliza-se de alterações de sons ou sequência de sons para substituir sons que tenha dificuldade de produzir. É uma adaptação aos padrões estabelecidos da fala. Os processos fonológicos encontrados nesse diálogo são: a) Desnasalização nos ditongos nasais e átonos finais em: - homi/homem – a palavra “homem” sofreu uma desnasalização, ou seja, ocorreu a perda do som do ditongo nasal e átono final transformando-o em oral; - andaru/ andaram – a palavra “andaram” sofreu uma desnasalização, ou seja, ocorreu a perda do som do ditongo nasal e átono final transformando-o em oral; - fizeru/fizeram - a palavra “fizeram” sofreu uma desnasalização, ou seja, ocorreu a perda do som do ditongo nasal e átono final transformando-o em oral; Outros exemplos: - virge/virgem; - garage/garagem; - bobage/bobagem. b) Perda ou queda da semivogal “i” ou “u” nos ditongos, processo chamado de monotongação em: dinhero/dinheiro – a palavra “dinheiro” perdeu a semivogal “i” do ditongo “ei”. Outros exemplos: - mantega/manteiga; - bejo/beijo; - treno/treino; - loca/louca; - dotor/doutor; - poco/pouco. c) Adição ou acréscimo da vogal “i” formando um ditongo, processo chamado de ditongação em: nóis/nós – a palavra “nós” recebeu a vogal “i” formando o ditongo “oi”. Outros exemplos: - bandeija/bandeja; - arroiz/arroz; - mêis/mês. d) Perda ou queda da consoante “d” nas terminações ando, endo, indo. Processo comum no dialeto caipira. - fazenu/fazendo – a palavra “fazendo” perdeu a consoante “d”. Outros exemplos: - levano/levando; - quanu/quando; - caino/caindo. e) Alteração da pronúncia das vogais “e” e “o” em “i” e “u” respectivamente, presentes em sílabas átonas, com perda da consoante “r” na última sílaba em: - cumpadi/compadre- a palavra “compadre” sofreu uma alteração da pronúncia da vogal “o” da primeira sílaba para “u” e da vogal “e” da última sílaba para “i”. Ocorreu também a perda da consoante “r” da última sílaba “dre”; - cum/com- a palavra “com” sofreu uma alteração da pronúncia da vogal “o” para “u”; - pru/por- a palavra “por” sofreu uma alteração da pronúncia da vogal “o” para “u”. Ocorreu a troca de posição das letras na sílaba (metátese). Outros exemplos: - leiti/leite; - carru/carro; - preguntar/perguntar; - parteleira/prateleira. f) Tendência a flexionar o primeiro elemento do sintagma nominal plural e não marcar os demais: - Os homi estão doido… / Os homi estão doidos... - Andaru fazenu coisas besta cum … / Andaru fazenu coisas bestas cum... g) Tendência de não marcação da desinência verbal pessoa numeral em: - E nóis só padece, cumpadi. / E nóis só padecemos, cumpadi. Estes processos fonológicos presentes no texto são variedades no uso da língua denominadas de variedades linguísticas. As variedades linguísticas são os diferentes usos que os falantes fazem da língua. As línguas servem às necessidades sociais de quem as usa. Como o ser humano é um ser ativo em constante mudança e evolução, a línguas ficam sujeitas a mudanças, pois elas também são vivas e dinâmicas e modificam-se conforme as necessidades do usuário. As variedades linguísticas são classificadas conforme as situações de uso, a localização geográfica, o sexo e idade dos falantes, o grau de escolaridade, o nível social, a profissão, a etnia. No texto foi possível observar a variedade geográfica de dois falantes que sugerem pertencer ao dialeto caipira cuja ocorrência é mais comum em regiões do interior. As línguas seguindo sua característica inovadora e contextualizada continuarão a apresentar suas variedades. Aos falantes cabe a consciência de compreender este processo eliminando o preconceito linguístico. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOTELHO, José Mario; LEITE, Isabelle Lins. Metaplasmos contemporâneos – Um estudo acerca das atuais transformações fonéticas da Língua Portuguesa. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/cluerj- sg/anais/ii/completos/comunicacoes/isabellelinsleite.pdf>. Acesso em 19/05/2016. FERNANDES, Paulo. Assimilação. Disponível em: <http://www.paulohernandes.pro.br/glossario/a/assimilacao.html> Acesso em 18/05/2016. HORA, Demerval da; TELLES, Stella; MONARETTO, Valéria N. O. Português brasileiro: uma língua de metátese? Disponível em:<www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/littera/article/download/758/475>. Acesso em 18/05/2016. LEFFA, VILSON J. Variação fonética e ensino. Disponível em:< http://www.leffa.pro.br/tela4/Textos/Textos/Anais/ECLAE_II/varia%C3%A7%C3%A3o %20fonetica%20e/direita.htm>. Acesso em 19/05/2016. NININ, Maria Otília Guimarães. Linguística geral. São Paulo, Editora Sol, 2011. SILVA, Fernando Moreno da. Processos fonológicos segmentais na língua portuguesa. Disponível em:<http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/littera/article/download/758/ 475>. Acesso em 19/05/2016.
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