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RESUMO DIREITO PENAL II AÇÃO PENAL A ação só é promovida quando apresentada em juízo – que deve ser inerte e agir quando provocado – através da petição inicial. É fundamentalmente pública ou privada. Existem pessoas legitimadas para ingressar tanto com a ação penal pública quanto com a privada. O processo é instrumento para garantir os direitos materiais e deve respeitar todas as garantias estabelecidas pelos princípios constitucionais, como o devido processo legal e o juiz natural. Fatos ocorridos antes da ação penal são chamados de pré-processuais. Quando alguém vai à delegacia e dá a notícia do fato, não há a queixa – o policial instaura um inquérito policial, que é uma peça administrativa onde o Estado irá apurar a atividade delitiva e dará resultado a um relatório. Alguns doutrinadores defendem que o inquérito tem natureza inquisitorial, uma vez que não há o direito ao contraditório para o indiciado – nesse momento é chamado dessa forma, e não de réu –, afastando assim a ampla defesa. O indiciado seria mais objeto que sujeito de direitos. ORDEM DOS FATOS = 1) Fato; 2) Notícia do Fato; 3) Inquérito; 4) Relatório; 5) Ação Penal; 6) Sentença Medidas pré-processuais são mecanismos solicitados pelo delegado ao juiz (pois somente esse pode deferir) para uma apuração do crime e posterior produção do relatório. EX: escuta telefônica. O art. 105, CP, trata do perdão do ofendido, que existe somente em ações penais privadas, pode interromper o prosseguimento da ação para alguns crimes. O perdão judicial, previsto no art. 120, CP, desconsiderará a sentença para efeitos de reincidência. A representação será irretratável após o oferecimento da denúncia (art. 102, CP). AÇÃO PENAL PÚBLICA É a regra; se não houver menção à natureza da ação no tipo penal, considera-se que é pública. De maneira geral, o Estado é titular do direito de perseguir a condenação em juízo, e, uma vez que é despersonalizado e abstrato, cabe ao Ministério Público, que é o órgão legitimado para ajuizar a ação penal pública, fazê-lo através da denúncia. A ação se inicia com o recebimento da denúncia. O MP não está adstrito ao inquérito, podendo denunciar sem a presença deste e não estando vinculado à sua qualificação do fato. O réu é aquele que teve a denúncia recebida; aquele investigado pelo inquérito não necessariamente é o réu. Pode ser: 1. Incondicionada - É a regra, quando não há menção à ação no tipo, considera-se que se trata desse caso. Ocorre quando não existem condições para que seja proposta a ação. Ou seja, tendo o MP notícia do fato e entendendo que desta noticia há indícios da autoria do crime, de sua materialidade, ele vai poder oferecer denúncia. 2. Condicionada – Deve ser expressamente adotado pelo tipo do crime em questão. Tem as seguintes condições de procedibilidade para que o MP inicie a ação penal: i) À representação São hipóteses em que o MP só pode apresentar denúncia mediante representação, que em geral a vítima oferece. >> hoje é configurado pela jurisprudência que a simples ida à delegacia já configura a representação, que é uma demonstração inequívoca de que a vítima quer que se inicie a ação penal. Entretanto, MP não é obrigado a oferecer a ação penal, e só o fará se entender que houve crime. ii) À requisição do Ministro da Justiça Nesse caso, quem requisita manda – é requerido ao MP para oferecer a denúncia pois ele tem autonomia, não estando subordinado ao Ministro. MP pode adotar os seguintes procedimentos: a) arquivamento, pois entende que não há crime; b) pede-se a baixa dos autos para que a investigação continue e c) oferece a denúncia. O desarquivamento só ocorre mediante novos fatos (ou seja, não o arquivamento não faz coisa julgada), e o juiz não pode oferecer denúncia, pois a jurisdição deve ser inerte. OBS: autoridade policial não pode, oficialmente, arquivas; somente o juiz pode e apenas à pedido do MP, que é o único legitimado a fazê-lo. OBS²: se o juiz entende que o pedido do MP não está correto ou não deve ser deferido, o remete para o Procurador Geral da Justiça (art. 28, CPP) para análise, podendo continuar ou dar fim ao pedido. OBS³: atenção para o art. 88 da Lei 9.099/95, que determina que lesões corporais leves e culposas (art. 129, caput e §6º) dependem da representação do ofendido – ou seja, determinam que são casos de ação penal pública condicionada. Princípios 1. Da Oficialidade – pois é manuseada por órgão oficial, o MP, por onde o Estado ingressa com a ação penal. 2. Da Intranscendência - ação não pode passar da pessoa do agente. 3. Da Indivisibilidade - se há concurso de agentes, o MP deve denunciar todos. 4. Da Obrigatoriedade – havendo indícios da autoria e de materialidade do crime, o MP está obrigado a ingressar com a ação penal. O arquivamento é pedido quando não há indícios de autoria e materialidade. 5. Da Indisponibilidade – o MP não pode dispor da ação penal pois é um órgão estatal que não age em nome próprio, uma vez que o direito não é seu, mas sim da população, do interesse público (art. 163, CP) OBS: de certa forma, com os institutos da transação penal e da suspensão condicional de processo, esse princípio foi mitigado, pois ao invés de denunciar ele oferece essa medida despenalizadora para o acusado – ou seja, ele está dispondo da ação penal, porém isso só é permitido para crimes de menor potencial ofensivo (art. 76, Lei 9.099/95). Com tais medidas, o processo pode terminar antes mesmo de começar através de uma sentença homologatória. É importante lembrar que a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06) proíbe tais medidas relacionadas à Lei dos Juizados Especiais (Lei 9.099/95). OBS²: revelia só em direito disponível! O Estado, na figura do procurador, não pode ser revel. AÇÃO PENAL PRIVADA Ocorre quando um crime só procede mediante queixa – quando houver a expressão “somente se procede mediante queixa”, indica ação penal privada; quem deve promover a ação é o ofendido, o particular, através de uma queixa-crime (é a petição inicial para tais ações). Nesse caso, na ação, há o querelante (autor), querelado (réu) e juiz. Dessa forma, o autor deve ir em juízo, ingressar com a ação em juízo – não há necessidade de ir à delegacia noticiar o fato. O CP trata de decadência no art. 103, determinando que o ofendido decai do direito de queixa ou de representação se não o faz no prazo de 6 meses, contados do dia que se toma conhecimento do autor do crime ou do esgotamento do prazo para oferecimento da denúncia, disposto no §3º do art. 100, CP. Ou seja, no momento em que se sabe o autor, deve-se ingressar em juízo no prazo determinado; caso contrário, a punibilidade estará extinta. O prazo aqui é contado nos moldes do Direito Penal (art. 10, CP, contam o dia do começo), e não do Direito Processual (não contam o dia do começo). OBS: em regra, crimes contra a honra (art. 138 a 140, CP) devem ter ação penal privada (art. 145, CP). Princípios 1. Da Oportunidade – é exatamente o oposto do princípio da obrigatoriedade da ação penal pública; a possibilidade de ingressar com a ação depende da vontade da vítima, aqui o direito é disponível. 2. Da Intranscendência - ação não pode passar da pessoa do agente. 3. Da Indivisibilidade – havendo mais de um autor do fato, todos deverão ser alvo da ação penal. 4. Da eventualidade – pessoa pode escolher se quer ingressar com o processo. OBS: Aqui, o MP não é autor, mas sim fiscal da lei – se um princípio não for observado, é ele que irá requerer ao juiz que rejeite a queixa crime. Ação penal privada subsidiária da pública Hipótesede ação penal pública em que um particular ingressará em juízo por conta da inércia do Estado (art. 28, CPP e §3º do art. 100, CP) – ou seja, em teoria, se o MP não oferecer denúncia dentro do prazo (de 5 dias, contando da data que o MP receber os autos do inquérito, ou 15 dias se réu estiver solto ou afiançado), abre a possibilidade de que o ofendido o faça. Na prática, o indivíduo só pode oferecer a denúncia não estritamente após o prazo sem oferecer a denúncia, mas sim se esse período for de completa inércia quanto ao caso, sem dar nenhuma explicação. O MP pode aditar a queixa, repudiar, oferecer denúncia substitutiva e assumir o processo no lugar do ofendido pois, afinal, a ação penal é pública – por isso, também, segue os princípios desse tipo de ação penal. A legitimação extraordinária é uma exceção e a queixa crime subsidiária da pública é diferente da queixa crime comum. CONCURSO DE CRIMES Ocorre quando o agente, a partir de uma pluralidade de ações ou somente uma ação, dá origem a uma pluralidade de resultados criminosos. É, na verdade, uma convergência de crimes, onde o sujeito pratica dois ou mais crimes. CONCURSO MATERIAL Previsto no art. 69, CP, prevê uma pluralidade de ações ou omissões, gerando pluralidade de resultados. Nesse caso, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade de cada crime. Ou seja, deve-se alcançar a condenação de cada um dos crimes e em seguidas somar suas penas. Podem ser: a) Homogêneos – crimes realizados são idênticos. b) Heterogêneos – crimes realizados são diferentes. Em matéria de execução penal eu vou executar primeiras as mais graves (art. 76, CP), então ao aplicar a pena o juiz deve definir cada crime, cada pena e cada regime. Embora o sujeito fique muito tempo preso, as penas serão executadas individualmente. Na hipótese de um crime relacionado a outro acontecer cerca de três dias após o crime “originário”, existe divergência doutrinária: a corrente majoritária afirma que seria concurso material, enquanto a minoritária acredita que deve haver ligação fática entre os crimes em estudo. Até dois dias, é relativamente alegar o concurso material – com três dias, ainda é possível, porém controverso. Consoante os artigos 5º, XLVII, CF e 75, §1º, CP, pessoa só pode ficar presa por até 30 anos; por isso, a período determinada na condenação é diferente do que efetivamente será cumprido. Entretanto, o período utilizado para calcular progressão de pena e outros benefícios é aquele determinado na sentença – isso é considerado controverso, mas caso contrário feriria o princípio da individualização da pena (Súmula 175 do STF). Se uma pessoa é condenada a muitos anos e cumpre o máximo legal, sai da prisão e comete novo crime, ela pode passar mais 30 anos na cadeia se a sentença determinar; se comete crime ao longo do cumprimento de sua pena, suas penas serão novamente unificadas para atender ao limite máximo de 30 anos, e o tempo já cumprido será desprezado, devendo cumprir daquele momento em diante os 30 anos. (art. 75, §2º, CP). OBS: é possível somar a pena de um crime continuado a de um outro crime. CONCURSO FORMAL O art. 70, CP, estabelece em sua primeira parte que quando o agente mediante uma só ação ou omissão (unidade de ação) pratica dois ou mais crimes (pluralidade de resultados) aplica-se a mais grave das penas cabíveis ou se iguais somente uma delas, mas aumentada em qualquer caso de 1/6 até a ½. Para esse caso, chamado de concurso formal perfeito, o legislador cria uma situação favorável ao réu, ou seja, há a exasperação das penas,uma vez que a lógica natural seria a de somar a pena em caso de mais de um crime. Consoante o §único do art. 70, CP, a pena não poderá exceder o que seria cabível pela regra do art. 69, CP, que determina as regras pra concurso material; em outras palavras, deve ser visto o que é mais benéfico ao réu. Já na segunda parte do caput do mesmo art. trata do concurso formal imperfeito, é determinado que se aplique cumulativamente se ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos. A interpretação mais comum desse art. seria a de que o sujeito finalisticamente quis produzir mais de um resultado a partir daquela unidade de ação – ou seja, que havia o dolo direcionada a aqueles resultados. Ainda que se trate de concurso formal, por sua gravidade, o legislador dá tratamento, ao determinar a aplicação de pena, de concurso material. Por isso, o crime formal perfeito pressupõe um crime doloso e outro culposo ou dois crimes culposos. Podem ser: c) Homogêneos – crimes realizados são idênticos. d) Heterogêneos – crimes realizados são diferentes. CRIME CONTINUADO Trata-se de uma ficção jurídica – uma vez que o legislador cria uma situação existente somente no plano jurídico, mas não no plano real – que estabelece, de acordo com o art. 71, CP, que o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes de mesma espécie e pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, e aplica-se-lhe de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de 1/6 a 2/3. Em outras palavras, é um conjunto de crimes é considerado como um só crime, por ser entendido que é todos fazem parte de uma linha de continuação. O intuito é de beneficiar o réu; se a regra do concurso material for mais benéfica, deve-se desconsiderar o art. 71, CP. Crimes de mesma espécie seriam aqueles que ofendem mesmo bem jurídico. A posição dominante, no entanto, determina que crimes de mesma espécie seriam aqueles contidos no mesmo tipo penal, numa relação de tipo básico e derivado. Não há definição quanto as condições de tempo, mas a jurisprudência mais elástica entende que abrange até 30 dias do primeiro delito. Quanto às condições de lugar, igualmente não há definição, mas a jurisprudência mais flexível admite municípios adstritos. Já acerca do modo de execução, a jurisprudência normalmente entende que se um crime é praticado com violência, não há relação de continuidade com crime realizado mediante grave ameaça. Um quarto requisito muitas vezes debatido é a unidade de desígnio, que seria o critério subjetivo, a vontade do agente realizar, de materializar aqueles crimes. O crime continuado se diferencia do habitual pois deve haver o elemento subjetivo de planejamento, sendo que no segundo aquela prática isolada não configura crime, mas sim sua prática reiterada. Tem importância para a lei penal no tempo, pois se durante a prática do crime (aquele tempo envolvendo o primeiro delito e último que serão contados como um só) houver mudança legislativa, ainda que maléfica ao réu, ainda assim essa será aplicada, pois essa é a lei do tempo do crime – Súmula 711 do STF. É importante também ressaltar que não se admite tal modalidade para crimes contra a vida – Súmula 605, do STF. REGIME Após a fixação da pena definitiva, deve-se estabelecer o regime em que será cumprida, sendo necessário observar os requisitos do art. 59, CP (art. 33, §3º e art. 59, III, CP), e não somente o tempo aplicado, para uma determinação justa. O §1º do art. 33, CP, define quais são os regimes de pena privativa de liberdade. No §2º do mesmo artigo é determinado que tais penas deverão ser executadas em forma progressiva, observados os critérios expostos nas alíneas seguintes e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso. Os critérios são: o condenado a mais de 8 anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado; o condenado reincidente cuja penafor maior que 4 anos e que não passe de 8 anos poderá cumpri-la inicialmente em regime semiaberto e condenado não reincidente cuja pena for menor que 4 anos poderá inicialmente cumpri-la em regime aberto. Entretanto, o regime deve ser estabelecido à luz do princípio da individualização da pena – uma vez que há uma tabela tarifando-o, isso fere tal princípio. Antes, entendia-se que o “deverá” era categórico, tornando tal norma uma obrigação, e o “poderá” é facultativo, tornando tal norma elástica. No caso concreto, todavia, entende-se atualmente que outros critérios devem ser levados em consideração, como os dispostos no art. 59, CP. Na prova, a orientação do professor é a de usar o §2º do art. 33, CP, por não conhecermos o agente. Diz-se que é fixado o regime inicial uma vez que o agente não passará todo o tempo naquele regime, pois este pode vir a progredir. Ao escolher o regime, é importante explicar o porquê da escolha e por vezes pode ser necessário citar o princípio constitucional acima. A Súmula 440 do STJ estabelece que se for fixada a pena no mínimo legal, ou seja, todas as circunstâncias forem favoráveis ao agente, não pode ser estabelecido regime prisional mais gravoso que o cabível no §2º do art. 33, CP, com base apenas na gravidade do delito. A ideia do regime fechado é de vigilância (art. 34, CP); do semiaberto (art. 35, CP) é de convivência, ou seja, preparação para a saída, com trabalho externo sem vigilância e do aberto (art. 36, CP) a ideia é de autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, sem ter que prestar conta dos mínimos detalhes (como acontece no semiaberto). OBS: se o agente for reincidente, não será possível fixar regime semiaberto ou aberto. DETENÇÃO X RECLUSÃO (art. 33, caput, CP) Enquanto no segundo é possível determinar o regime inicial como fechado, semi aberto ou aberto, no primeiro somente é possível que seja aplicado o regime aberto ou semi-aberto. PROGRESSÃO DE REGIME A regra geral é de obedecer o disposto no art. 112, de Lei de Execução Penal (Lei 7.210/84), que dispõe que após 1/6 de cumprimento da pena com declaração de bom comportamento, a progressão começa do fechado pro semiaberto e em seguida do semiaberto para o aberto. É vedada a progressão direta do fechado para o aberto; entretanto, na regressão, é possível ir do aberto diretamente para o fechado. É possível “trocar” o regime aberto pelo domiciliar nas hipóteses previstas no art. 117, da LEP. SUBSTITUIÇÃO DA PENA Após estabelecer o tempo de pena e o regime inicial, deve-se verificar se cabe a substituição da PPL pela pena restritiva de direitos, que são penas que visam o não encarceramento, mas que de certa forma continuam cerceando a liberdade do condenado. Suas modalidades estão dispostas nos art. 43 e art. 47, CP e suas regras gerais no art. 44, CP. Sempre que for possível substituir a PPL por PRD, isso deverá ser feito. Tendo como exceção os Juizados Especiais Criminais, as penas substitutivas de direito em geral não existem autonomamente, mas sim em substituição à PPL – não são alternativas. Para a determinação da substituição de pena, também deve-se ficar atento aos critérios do art. 59, CP. O art. 44, CP, estabelece, em seus incisos,que é possível a substituição: se não for determinada PPL acima de 4 anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à a pessoa ou se o crime for culposo (não importando a pena aplicada); se o réu não for reincidente em crime doloso – em regra, o reincidente não pode ter sua pena substituída, mas é necessário que haja atenção ao §3º do mesmo artigo, que determina que o juiz pode aplicar a substituição em casa de reincidência se, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não seja de mesmo crime –; quando os requisitos dispostos no art. 59 demonstrarem que a substituição seria suficiente ao propósito da pena. O §4 do art. 44, CP, trata acerca do descumprimento da PRD substitutiva da PPL: caso este seja injustificado, PRD se converte em PPL. Costuma-se igualar o tempo da PPL ao tempo da PRD, e no cálculo da PPL a ser cumprida a partir do descumprimento, deverá ser deduzido o tempo de cumprimento da PRD, respeitando o saldo mínimo de 30 dias de detenção ou reclusão – em outras palavras, se o réu descumprir a PRD faltando 6 meses para o fim de sua pena, ele cumpre 6 meses na PPL; se descumprir faltando um dia, o agente deverá cumprir 30 dias de PPL. A prestação pecuniária é equivalente à multa (essa, entretanto, vai para o Estado), assemelhando-se a uma indenização à vítima, aos seus dependentes/familiares ou entidade pública ou privada com destinação social (art. 45, §1º, CP), para crimes em que o ofendido não é uma pessoa física, mas sim o Estado. Valor é abatido se o réu for condenado a pagar multa posteriormente. Uma importante modalidade é a prestação de serviços à comunidade (art. 46, CP), que é permitida para sujeitos com condenações superiores à 6 meses de PPL – determinação muito criticada pois não há sentido lógico em vetar tal PRD para aqueles com condenações inferiores à 6 meses se o sentido é produzir o melhor efeito em crime de menor potencial ofensivo, uma vez que admite apenados em até 4 anos. OBS: TRANSAÇÃO PENAL (Lei 9.099/95) – se réu não cumpre o combinado na TP, processo corre novamente contra ele. MULTA Só deve ser aplicada quando o tipo penal determinar. O critério para determiná-la, previsto no art. 60, CP, é principalmente a situação econômica do réu, levando em consideração que boa parte dos condenados tem uma condição econômica precária – se esse for caso, buscar valores mínimos. O §2º do mesmo artigo determina que a multa pode ser pena substitutiva da PPL se esta estiver estabelecida em até 6 meses. A condição econômica do réu pode ser utilizada para majorar a multa, como disposto no §1º do art. 60, que estabelece a possibilidade de aumentar a pena de multa até o triplo caso o réu seja abastado a ponto da multa ser ineficaz. O art. 50, CP, determina que a multa deve ser paga dentro de 10 dias após o transito em julgado da sentença, podendo o juiz parcelar a quantia dependendo das circunstâncias e a pedido do condenado. O legislador estabeleceu o critério de dias-multa, e deve ser fixado pelo juiz o valor cada dia-multa, não podendo ser inferior a 1/30 do salário mínimo e nem superior a 5 vezes esse salário (§1º do art. 49, CP). O mínimo a ser cobrado será de 10 dias multa e o máximo de 360 (art. 49, CP). MÍNIMO: 10 x 1/30 x SM MÁXIMO: 360 x 5 x SM Existe o paradigma de comparar a multa máxima com a PPL máxima, 360 dias com 360 meses, culminando no resultado de que a cada mês de condenação de PPL haveria um dia-multa para a pena de multa. Com o art. 51, CP, o não pagamento da multa vai produzir efeito de que não pagou um tributo, como dívida ativa da União, da Fazenda Pública, o que culmina na execução fiscal. OBS: Na prova, na aplicação da pena de multa, deverá constar o número de dias multa e o valor ficado para cara dia-multa. Se for pesar a mão nessa pena, que seja na fixação dos dias-multa, e não na sua quantidade. OBS²: a multa não remete ao art. 59, CP. CAUSAS EXTINTIVAS DA PUNIBILIDADE (art. 107, CP) São institutos que visam a estabilidade das relações jurídicas e o princípio da segurança jurídica; não podemos ter relações jurídicas que possam ser exercidas eternamente. O direito estabelece prazos e se estes não forem respeitados, o direito perece. Tem-se como tais causas a prescrição, a decadência e a perempção. Além dessas, são causas também a morte do agente (decorre do princípio daintranscendência) e a anistia, graça ou indulto. Anistia = ato do poder público que declara impuníveis delitos praticados até determinada data por motivos políticos ou penais, ao mesmo tempo que anula condenações e suspende diligências persecutórias; Graça = é o perdão da pena de um condenado, que se destina a um ou mais condenados, desde que devidamente individualizados; Indulto = é uma forma de perdão da pena concedido pelo Presidente da República. É destinado aos sentenciados que cumprem pena privativa de liberdade e que se enquadrarem nas hipóteses indulgentes previstas no Decreto Presidencial, dentre elas o alcance de determinado lapso temporal e comportamento carcerário satisfatório. DECADÊNCIA Ocorre quando a vítima ou quem tem legitimidade para representa-la perde o direito de queixa ou representação em virtude do decurso de certo espaço de tempo. Uma vez que fala de queixa e representação, esse instituto só se aplica à ação penal privada e pública condicionada à representação. Está disposto no art. 103, CP, que determina o prazo de 6 meses contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime ou, no caso de ação penal privada subsidiária da pública, do dia em que se esgota o prazo para o oferecimento da denúncia. PEREMPÇÃO É uma punição para a inércia do querelante, é a perda do direito de prosseguir na ação de iniciativa privada. Só se aplica à ação penal privada propriamente dita ou personalíssima (aquelas em que somente a própria vítima tem legitimidade para ser autora). Está prevista no art. 60, CPP, que determina a perempção nas hipóteses de: o querelante deixar de promover a ação por 30 dias consecutivos – os tribunais entendem que deve haver a intimação para que seja configurada a perempção –; quando não comparecer em juízo por 60 dias o capaz a fazê-lo em caso de falecimento do querelante ou de incapacidade do mesmo, com a ressalva do art. 36,CPP – são as pessoas do art. 100, §4º, CP, ou seja, ascendente, descendente, cônjuge ou irmão –; quando o querelante não comparecer sem motivo justificado a qualquer ato processual que demande sua presença ou que deixe de formular, nas alegações finais, o pedido de condenação – esse requisito trata-se de um formalismo, mas é necessário para demonstrar que o querelante mantém seu pedido – e, caso o querelante seja pessoa jurídica, essa se extinguir sem deixar sucessor. PRESCRIÇÃO Normalmente está relacionada com a perda de um direito, mas existem exceções, como por exemplo a ação de usucapião, que é uma alegação de prescrição. É prevista nos artigos 109 a 119, CP. Ocorre quando o Estado, em decurso de certo espaço de tempo, perde o ius puniendi. Existem crimes imprescritíveis, mas essa não é a regra. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA Quando o Estado não consegue formar o título executivo judicial; não consegue chegar à sentença pois decorreu o prazo previsto em lei para a perda desse direito. Nesse caso, o réu não tem seus antecedentes maculados assim como não haverá reincidência – será como se o crime nunca tivesse existido. Está previsto no art. 109, CP, que esse tipo de prescrição se regula pelo máximo de tempo cominado ao tipo avaliado (salvo o disposto no §1º do art. 110, CP): prescreve em 20 anos se esse máximo for superior a 12 anos; em 16 anos se esse máximo for superior a 8 anos e inferior a 12; em 12 anos se o máximo exceder 4 anos e não ultrapassar 8; em 8 anos se o máximo for superior a 2 anos e inferior a 4; em 4 anos se o máximo for igual ou maior que 1 anos, sem exceder 2 anos e em 3 anos se o máximo da pena for inferior a 1 ano. A contagem do prazo começa no momento da prática do crime, no momento do fato e se estende até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória – ou seja, até esse momento haverá o risco de prescrição. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA Aqui o Estado consegue formar o título executivo, mas não consegue executar a sentença por ter passado o tempo previsto em lei para que ele agisse. O crime é considerado para fins de antecedentes e reincidência, mas a sentença não será executada. É prevista pelo art. 110, CP, que estabelece que os critérios devem ser os mesmos dos incisos do artigo anterior, que trata da prescrição da pretensão punitiva, porém utilizando a pena aplicada na sentença transitada em julgado como base, ao invés da pena máxima cominada. Entretanto, se o condenado for reincidente, esses prazos aumentam de 1/3. CAUSAS SUSPENSIVAS E INTERRUPTIVAS DA PRESCRIÇÃO SUSPENSIVAS (art. 116, CP) Aquelas que suspendem o curso da prescrição. Porém, quando o prazo suspensivo acaba, a prescrição volta a ser contada de onde parou. As hipóteses previstas pelo artigo acima são: enquanto não for resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime e enquanto sujeito cumpre pena no estrangeiro. O §único aduz que o processo não corre após a sentença penal condenatória enquanto o condenado estiver preso por outro motivo – trata, assim, da suspensão da prescrição de pretensão executória. INTERRUPTIVAS (art. 177, CP) Quando ocorrem, paralisam o curso da prescrição, porém quando o prazo é retomado, ele volta a ser contado do seu início – desprezando o tempo já contado no prazo da prescrição. Existem vários desses marcos ao longo do curso da ação. O artigo acima prevê que isso aconteça: pelo recebimento da denúncia ou da queixa; pela pronúncia– instituto processual penal do Tribunal do Júri em que o juiz diz em que artigo entende que a conduta do réu se encaixa –; pela decisão confirmatória da pronúncia; pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis; pelo início ou continuação do cumprimento da pena – hipótese de fuga do condenado –; pela reincidência. O §1º desse artigo dispõe que excetuados as duas últimas hipóteses (as de pretensão executória), a interrupção da prescrição produz efeitos a todos os autores do crime. Nos crimes conexos – objeto de mesmo processo – estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer um deles.
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