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Direito do Consumidor
Prof. Renato Porto
Aula 11: Contratos Submetidos às Regras do CDC I.
Aula 4: Direitos Básicos I
 
Direito do Consumidor
IDENTIFICAR a aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor em contratos que envolvem relações de consumo. 
SABER que o Código de Defesa do Consumidor é aplicado aos contratos bancários. 
ANALISAR a não abusividade da cláusula que permite o desconto de empréstimo em folha. IDENTIFICAR a solidariedade entre a administradora de cartões de crédito e os bancos. 
APLICAR o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de arrendamento mercantil .
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Direito do Consumidor
Contratos bancários 1.1. Aplicabilidade do CDC 1.2. Cláusula de empréstimo com desconto em folha (não abusividade) 
Contrato de cartão de crédito 2.1. Cláusula mandato 2.2. Juros de mercado 2.3. Solidariedade entre o banco e a administradora de cartão de crédito 
Contrato de arrendamento mercantil 
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Direito do Consumidor
INTRODUÇÃO
Inúmeros contratos celebrados são submetidos às regras do Código de Defesa do Consumidor, por isso, para a verificação da aplicabilidade do CDC a determinados tipos de específicos de contratos, deve-se identificar que o serviço prestado envolve uma relação de consumo, como será analisado em três aulas. 
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Direito do Consumidor
CONTRATOS BANCÁRIOS
Começando com os contratos bancários deve-se observar que legislador ao trazer o conceito de fornecedor de serviço, inclui os serviços de natureza bancária de forma expressa, mas somente tivemos esse assunto pacificado com o Enunciado da Súmula 297 do STJ porque parte da doutrina sustentava que o CDC não era inaplicável aos contratos bancários, considerando que o dinheiro e o crédito não são produtos que se utilizam ou se adquirem com destinação final, eles são instrumentos ou meios de pagamentos.
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Direito do Consumidor
Súmula 297 do STJ: “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras” (v. jurisprudência s/ esta Súmula em RSTJ 185/666).
A aplicação do CDC às relações de consumo de natureza bancária foi declarada constitucional pelo STF (STF-RT 855/79: Pleno, ADI 2.591).
“Relações bancárias com clientes pessoas jurídicas: existência (ou não) de relação de consumo”, por Marcio Koji Oya (RP 128/149); “A proteção do consumidor titular de cartões de crédito”, por Maria Fernanda Raposo de Medeiros Tavares Martins (RDPr 24/172); “O direito monetário na recente jurisprudência do Supremo Tribunal Federal”, por Arnoldo Wald (RT 861/11); “Abertura e encerramento de contas bancárias”, por Gladston Mamede (RMDECC 15/5); “Responsabilidade civil dos estabelecimentos bancários e o Código de Defesa do Consumidor”, por Rui Stoco (RJ 358/49)
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Direito do Consumidor
Uma vez consolidada a aplicação do CDC aos contratos bancários, determinados aspectos passaram a ser discutidos à luz da lei consumerista, chegando até o STJ e, hoje temos posições firmes acerca de alguns aspectos, são eles:
O CDC pode ser aplicado aos contratos de financiamento porque o banco possui a qualidade de prestador de serviço (REsp. 231.825); 
A cláusula contratual que permite o empréstimo bancário com desconto em folha é válida, não é considerada abusiva. Tal cláusula é da essência do próprio contrato (REsp 728.563); 
Com relação aos juros o STJ já decidiu que as relações de crédito realizadas pelo banco em que haja relação de consumo estão submetidos às regras do CDC, salvo com relação a incidência dos juros porque é regido por lei específica (REsp. 271.214, REsp. 420.111; REsp. 213.825). 
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CARTÕES DE CRÉDITO
No mesmo seguimento observa-se os cartões de crédito cujo seu funcionamento ocorre da seguinte forma: “no mecanismo do cartão de crédito o papel principal cabe ao emissor, pois é ele que escolhe e credencia o titular do cartão, abre-lhe o crédito e paga as suas despesas junto aos fornecedores. É ele que impulsiona o sistema” (Sergio Cavalieri Filho).
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STF - Nos contratos de cartão de crédito aplica-se o CDC... (STJ-3ª T., REsp 393.798, Min. Menezes Direito, j. 27.6.02, DJU 23.9.02; RF 368/352);
STJ já possui posições pacificadas sobre determinados temas, são eles:
 
Os cartões de crédito podem aplicar os juros de mercado, conforme Enunciado da Sumula 283 do STJ; 
É válida a cláusula mandato inserida nos contratos de cartões de crédito que possibilita as empresas que administram os cartões captar recursos em nome do consumidor no mercado financeiro (Informativo 178 do STJ); 
O envio de cartão de credito não solicitado é prática abusiva – art. 39, III do CDCe; 
Há solidariedade entre os bancos e as empresas de cartões de crédito quando há parcerias entre eles – art. 25, §1° do CDC. 
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ARRENDAMENTO MERCANTIL
Finalmente, nos contratos de arrendamento mercantil, também chamado de leasing está incluído no conceito de operação financeira expressamente mencionado no art. 3°, §2° do CDC, logo, nessas relações, havendo a figura do consumidor como destinatário final (conceito finalista) aplica-se a lei consumerista.
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Também se aplica o CDC:
— à Caixa de Previdência dos Militares (STJ-4ª T., AI 80.671-AgRg, Min. Ruy Rosado, j. 16.4.96, DJU 20.5.96);
— aos espectadores pagantes, por qualquer meio, de espetáculo ou evento desportivo (Lei 9.615, de 24.3.98, art. 42 § 3º);
— aos fornecedores de produtos ou serviços, em geral, independentemente de sua natureza jurídica, mesmo no caso de “sociedade civil, sem fins lucrativos, de caráter beneficente e filantrópico, bastando que desempenhem determinada atividade no mercado de consumo mediante remuneração” (STJ-3ª T., REsp 519.310, Min. Nancy Andrighi, j. 20.4.04, DJU 24.5.04);
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— às relações resultantes da exploração comercial da internet: “O fato de o serviço prestado pelo provedor de serviço de internet ser gratuito não desvirtua a relação de consumo, pois o termo mediante remuneração, contido no art. 3º, § 2º, do CDC, deve ser interpretado de forma ampla, de modo a incluir o ganho indireto do fornecedor” (STJ-3ª T., REsp 1.308.830, Min. Nancy Andrighi, j. 8.5.12, DJ 19.6.12);
— aos sites que intermedeiam negócios na Internet, recebendo comissão na venda (RT 899/287: TJRN, AP 2008.001217-1; RIDCPC 48/25: TJRS, AP 70016093080; Bol. AASP 2.627: TJRS, AP 70025673856; RJTJERGS 273/364: AP 70026228668);
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— nas relações entre os agentes financeiros do SFH e seus mutuários (STJ-3ª T., AI 478.167-AgRg, Min. Nancy Andrighi, j. 25.3.03, DJU 22.4.03; STJ-4ª T., AI 465.114-AgRg, Min. Aldir Passarinho Jr., j. 20.2.03, DJ 31.3.03; RT 840/298). Todavia: “Nos contratos de financiamento do SFH vinculados ao Fundo de Compensação de Variação Salarial — FCVS, pela presença da garantia do Governo em relação ao saldo devedor, aplica-se a legislação própria e protetiva do mutuário hipossuficiente e do próprio Sistema, afastando-se o CDC, se colidentes as regras jurídicas” (STJ-RT 863/177: 1ª Seção, REsp 489.701, maioria). Contra, afastando a aplicação do CDC em geral: RT 838/409 (TRF-2ª Reg., AI 2004.02.01.011414-3);
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— “aos empreendimentos habitacionais promovidos pelas sociedades cooperativas” (STJ-4ª T., REsp 612.505, Min. Aldir Passarinho Jr., j. 18.12.07, DJU 25.2.08). No mesmo sentido: JTJ 348/441 (AP 994.05.088605-1);
— “a cooperativa de crédito integra o sistema financeiro nacional, estando sujeita às normas do CDC” (STJ-3ª T., AI 1.224.838-AgRg, Min. Nancy Andrighi, j. 4.3.10, DJ 15.3.10);
— nos contratos de cartão de crédito
(STJ-3ª T., REsp 393.798, Min. Menezes Direito, j. 27.6.02, DJU 23.9.02; RF 368/352);
— “aos contratos de cédula de crédito rural” (STJ-2ª T., REsp 1.127.805, Min. Eliana Calmon, j. 6.10.09, DJ 19.10.09). No mesmo sentido: STJ-4ª T., REsp 794.526-AgRg, Min. Aldir Passarinho Jr., j. 16.3.06, DJ 24.4.06;
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— nos contratos de arrendamento mercantil de bens móveis — leasing (STJ-3ª T., REsp 431.031, Min. Pádua Ribeiro, j. 25.2.03, DJU 24.3.03; STJ-4ª T., REsp 364.140, Min. Ruy Rosado, j. 18.6.02, DJU 12.8.02; RF 347/359, RJM 174/153); contra: Bol. AASP 2.123/4;
— “à relação travada entre os titulares do direito de uso dos jazigos situados em cemitério particular e a administradora ou proprietária deste, que comercializa os jazigos e disponibiliza a prestação de outros serviços funerários” (STJ-RT 912/606: 3ª T., REsp 1.090.044);
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— “na hipótese de serviço público prestado por concessionária, tendo em vista que a relação jurídica tem natureza de Direito Privado e o pagamento é contraprestação feita sob a modalidade de tarifa, que não se classifica como taxa” (STJ-2ª T., Ag 1.398.696-AgRg, Min. Castro Meira, j. 3.11.11, DJ 10.11.11). Assim, p. ex., o CDC é aplicável às concessionárias de serviços rodoviários, nas suas relações com os usuários da estrada (STJ-3ª T., REsp 467.883, Min. Menezes Direito, j. 17.6.03, DJU 1.9.03). No mesmo sentido: STJ-4ª T., REsp 687.799, Min. Aldir Passarinho Jr., j. 15.10.09, DJ 30.11.09;
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— aos voos internacionais: “Afastam-se as normas especiais do Código Brasileiro da Aeronáutica e da Convenção de Varsóvia quando implicarem retrocesso social ou vilipêndio aos direitos assegurados pelo Código de Defesa do Consumidor” (STF-1ª T., RE 351.750, Min. Marco Aurélio, j. 17.3.09, um voto vencido, DJ 25.9.09). Afastando a Convenção de Varsóvia no caso, por ser o CDC “lei hierarquicamente superior (editada nos termos do art. 5º, XXXII, da CF) e posterior (editada em 11.9.90, e com vigência em 13.3.91), enquanto a Convenção ingressou no ordenamento jurídico nacional em 24.11.31”: RT 809/328. No mesmo sentido: STJ-3ª T., AI 827.374-AgRg, Min. Sidnei Beneti, j. 4.9.08, DJ 23.9.08; RT 895/260 (TJSP, AP 991.08.045099-6), RJM 173/187;
V. tb. art. 27, nota 1c, e CC 186, nota 4c, e 749, nota 3;
— no caso de “coleta de sangue de doador, exercida pelo hemocentro como parte de sua atividade comercial” (STJ-RT 891/248: 4ª T., REsp 540.922);
— nas relações entre os estabelecimentos de ensino e seus alunos (RF 368/348, RJM 174/113).
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Por outro lado, tais disposições não incidem:
— no atendimento prestado por hospital público: “Quando o serviço público é prestado diretamente pelo Estado e custeado por meio de receitas tributárias não se caracteriza uma relação de consumo” (STJ-2ª T., REsp 1.187.456, Min. Castro Meira, j. 16.11.10, DJ 1.12.10);
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— nas atividades notariais (STJ-RF 387/275: 3ª T., REsp 625.144, dois votos vencidos; RJM 188/87: AP 1.0105.08.257296-4/001);
— nas relações entre os advogados e seus clientes (STJ-RT 878/170: 4ª T., REsp 914.105; STJ-3ª T., REsp 757.867, Min. Gomes de Barros, j. 21.9.06, DJU 9.10.06). Contra: RSTJ 182/276 (3ª T., REsp 364.168, dois votos vencidos);
— nas relações entre franqueador e franqueado (STJ-RJ 349/139: 3ª T., REsp 687.322; STJ-4ª T., REsp 632.958, Min. Aldir Passarinho Jr., j. 4.3.10, DJ 29.3.10; JTJ 297/315);
— nas relações entre o representante comercial e a sociedade representada (STJ-3ª T., REsp 761.557, Min. Sidnei Beneti, j. 24.11.09, DJ 3.12.09);
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— na “relação existente entre distribuidores e revendedores de combustíveis” (STJ-4ª T., REsp 782.852, Min. Luis Felipe, j. 7.4.11, DJ 29.4.11);
— no “contrato de fornecimento de insumos agrícolas celebrado entre cooperativa e cooperado, por se tratar de ato cooperativo típico” (STJ-3ª T., REsp 1.122.507-AgRg, Min. Paulo Sanseverino, j. 7.8.12, DJ 13.8.12);
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— nas relações entre condomínio e condômino (STJ-4ª T., REsp 655.267, Min. Jorge Scartezzini, j. 17.2.05, DJU 21.3.05; STJ-RT 132/338: 3ª T.; RT 808/297, JTJ 235/15);
— nos contratos de locação de imóvel (STJ-5ª T., REsp 303.072, Min. José Arnaldo, j. 3.12.02, DJU 19.12.02; STJ-6ª T., REsp 175.053, Min. Vicente Leal, j. 24.4.01, DJU 20.8.01; RT 782/302, 808/297, Lex-JTA 162/343, 162/401, RJ 273/109);
— em contrato administrativo, “em que a Administração é quem detém posição de supremacia justificada pelo interesse público” (STJ-2ª T., RMS 31.073, Min. Eliana Calmon, j. 26.8.10, DJ 31.8.10);
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— nas relações entre a Caixa Econômica Federal e os estudantes beneficiários do Programa de Crédito Educativo, regido pela Lei 8.436/92 (STJ-2ª T., REsp 562.565, Min. Franciulli Netto, j. 21.10.04, DJU 11.4.05);
— em “contrato de financiamento de dívida pública, no qual a Caixa Econômica Federal atuou, apenas, como agente executiva de políticas públicas determinadas pela União” (STJ-1ª T., REsp 355.099, Min. Denise Arruda, j. 3.10.06, DJU 16.11.06);
— nos contratos de factoring (STJ-4ª T., REsp 938.979, Min. Luis Felipe, j. 19.6.12, DJ 29.6.12);
— nas operações efetuadas por meio da cédula de crédito industrial (RJM 165/156).
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CASO CONCRETO 1
Joana, inconformada com as taxas de juros, cobradas de acordo com a média do mercado, que vem pagando em decorrência da utilização do limite de seu cartão de crédito, resolveu parar de pagar as faturas mensais e propor uma ação revisional. Considerando os elementos indicados na questão, é incorreto afirmar:
 A) Há relação de consumo no caso porque bancos e financeiras são prestadores de serviços; B) Pleitear a revisão de cláusula contratual é direito básico do consumidor;
C) A ação terá êxito porque é vedada a cobrança de juros acima de 12% ao ano; 
D) O banco poderá negativar o nome de Joana no curso da ação por ter ela deixado de pagar as faturas mensais.
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CASO CONCRETO 2
Em ação de busca e apreensão de um veículo movida pelo Banco ABC contra Antonio Pereira, ficou comprovado: 
a) que o contrato de alienação fiduciária, tendo o veículo por objeto, foi assinado no escritório de um preposto do Banco; 
b) que Antônio, antes de receber o veículo, seis dias após a celebração do contrato desistiu do mesmo; 
c) que o Banco não concordou com a desistência por entender que o contrato de alienação fiduciária não está subordinado ao CDC.
Procede a pretensão do Banco?
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Material de Apoio:
Vídeos:
Palestra Claudia Lima Marques (Direito do Consumidor)
http://br.bing.com/videos/search?q=consumidor+claudia+lima&qs=n&form=QBVR&pq=consumidor+claudia+lima&sc=1-22&sp=-1&sk=#view=detail&mid=C6929B740DED9567E922C6929B740DED9567E922
Indicação de Filmes:
Criança Alma do Negócio
 
http://br.bing.com/videos/search?q=publicidade+crian%C3%A7a&qs=n&form=QBVR&pq=publicidade+crian%C3%A7a&sc=1-19&sp=-1&sk=#view=detail&mid=1131FF7C2B8C05B776E11131FF7C2B8C05B776E1
Um pouco de arte para relaxar:
Show – Jennifer Hudson – Dream Girls (maior interpretação individual da história)
 
http://www.youtube.com/watch?v=0R2MSRPbcC4&feature=player_embedded
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