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6 OLIVEIRA

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15
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
R e v i s t a d e E d u c a ç ã o d o C o g e i m e ○ ○ ○ ○ ○ ○ A n o 12 - n 0 23 - dezembro / 2003
A trajetória da educação metodista
PVM e DEIM: 20 anos de história
The Methodist education’s trajectory
PVM and DEIM: 20 years of history
Clory Trindade de Oliveira
Teólogo e doutor em História
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Vinte anos
dos documentos
PVM e DEIM
Este texto resulta de uma das apresentações feitas por ocasião do seminário realizado em agosto de 2002 na UNIMEP para comemorar
os 20 anos dos documentos “Plano para a Vida e a Missão da Igreja Metodista” e “Diretrizes para a Educação na Igreja Metodista”.
The present article analyses the twenty years of trajectory of the documents “Plan for the Life and Mission of the Method-
ist Church” (PVM) and “Guidelines for Education in the Methodist Church” (DEIM). It focuses the behavior of school/
university pastorals, of organisms such as the boards of directors, the school administration and the direction of the
Church itself regarding the documents, pointing out the Church’s frailties as to the penetration of the dominant powers of
society. Finally, it focuses the expectations for the Methodist schools, COGEIME and the Church itself, regarding the
principles assumed in PVM and DEIM.
Terms: Church/congregation, Church/school, Mission Ministerial Church.
S y n o p s i s
R e s u m e n
Este artículo analiza los veinte años de caminata de los documentos “Plan para la Vida y la Misión de la Iglesia Metodista
(PVM) y “Directrices para la Educación en la Iglesia Metodista” (DEIM). Trata del comportamiento de las pastorales
escolares/universitarias, de órganos como los consejos directivos, la dirección de escuelas y la dirección de la propia
Iglesia frente a los documentos, señalando las debilidades de la Iglesia en cuanto a la penetración de las fuerzas
dominantes de la sociedad. Por fin, expone expectativas con relación a las escuelas metodistas, al COGEIME y a la
propia Iglesia, en lo que dice respecto a los principios asumidos en el PMV y en las DEIM.
Términos: globalización, Iglesia/congregación, Iglesia/escuela, Missión, Iglesia Ministerial.
R e s u m o
Este artigo analisa os vintes anos de caminhada dos documentos “Plano para a Vida e a Missão da Igreja Metodista”
(PVM) e “Diretrizes para a Educação na Igreja Metodista” (DEIM). Fala sobre o comportamento das pastorais escolares/
universitárias, de órgãos como os conselhos diretores, as direções das escolas e a direção da própria Igreja frente aos
documentos, apontando fragilidades da Igreja quanto à penetração das forças dominantes da sociedade. Por fim, levanta
expectativas em relação às escolas metodistas, ao COGEIME e à própria Igreja, no que diz respeito aos princípios
assumidos no PMV e nas DEIM.
Unitermos: globalização, Igreja/congregação, Igreja/escola, Missão, Igreja Ministerial.
16
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○
○
○
Introdução
todistas, a realização deste evento,
que marca os vinte anos da aprova-
ção do “Plano para a Vida e a Missão
da Igreja Metodista” (PVM) e das “Di-
retrizes para a Educação na Igreja Me-
todista” (DEIM). O primeiro painel,
que trata da “Visão histórica: a traje-
tória da educação metodista, após a
aprovação do PVM e das DEIM – 20
anos de história”, deveria ter sido
precedido por uma ampla pesquisa,
que permitiria um melhor conheci-
mento e uma mais criteriosa e justa
avaliação do que aconteceu, nesses
últimos vinte anos, na vida da Igreja
e das escolas metodistas. Isso não foi
possível, mas é necessário ser leva-
do em conta, como um limitativo ao
estudo que se segue.
O trabalho ora apresentado é o re-
sultado de pesquisa feita em diversos
documentos da Igreja, em estudos e
trabalhos pessoais, produzidos nesses
últimos anos, em participação direta
na vida de algumas escolas e na expe-
riência educacional de muitos anos.
Isso tudo significa que as análises
e os comentários feitos constituem
uma posição e perspectiva pessoal,
que deve ser recebida como uma
média do que está acontecendo na
vida da Igreja e das escolas metodis-
tas; isso significa, portanto, que há
escolas que estão acima do aqui afir-
mado e outras que estão abaixo. Ou-
tro ponto importante é que este es-
tudo supõe, apenas, o grupo das
escolas maiores e mais tradicionais,
na vida educacional da Igreja; muito
pouco conheço de várias outras es-
colas menores e mais novas, que es-
tão realizando excelente trabalho.
É
Este estudo está
dividido em quatro
partes: a Igreja e o
mundo; Igreja/
Congregação x Igreja/
escola; documentos
produzidos pela
Igreja; e a caminhada
da Igreja e da escola à
luz do PVM e das DEIM
Entendi que era necessário colo-
car referências, para fazer uma aná-
lise satisfatória, embora pessoal; por
essa razão, uma parte deste artigo
fala sobre Igreja e mundo, com um re-
sumo das principais forças que
interagem nessas duas realidades;
em outra parte, destaco o relaciona-
mento conflituoso e complexo entre
Igreja/congregação e Igreja/escola; a
terceira parte resume um pouco da
história e das características básicas
de alguns notáveis documentos pro-
duzidos pela Igreja nos últimos trin-
ta anos. É reconhecendo a decisiva
presença e influência destes fatores
que desenvolvo a quarta parte, que
busca analisar o comportamento da
Igreja e da escola, nesses últimos vin-
te anos, à luz dos dois principais do-
cumentos inseridos nas realidades da
Igreja/mundo e da Igreja/escola.
A Igreja e o mundo
Pretendo destacar algumas das
principais forças que têm marcado o
mundo nos últimos vinte anos. O
“Plano Nacional – Objetivos e Metas”,
aprovado no 17º Concílio Geral da
Igreja Metodista, afirma:
“O momento em que vivemos está
profundamente permeado pelas for-
ças do mundo, em especial o mundo
globalizado. O individualismo justiça
a indiferença. A busca do lucro, a qual-
quer preço, passa a ser parte funda-
mental dos grupos religiosos de ‘su-
cesso’. A exclusão social das multi-
dões, sem acesso ao mercado, ao lado
da valorização do sucesso pessoal de
quem sabe competir ou gozar as van-
tagens do oportunismo, agravam a
violência social... a degeneração das
instituições políticas fez com que a
 importante e muito significati-
va, para a Igreja e as escolas me-
17
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A Igreja se descobre
permanentemente
sendo atingida e
transformada pela
sociedade
saúde ficasse doente, a educação sem
escola, o trabalho sem emprego, a
habitação sem moradia e o povo sem
esperança. Tudo isto fez com que a
religião se tornasse o refúgio do
povo... o religioso virou produto do
mercado, pois a lógica que nos move
é a do consumo.”1
Aqui quero me referir, apenas, a
dois pontos fundamentais. Primeiro,
o reconhecimento da penetração das
forças dominantes da sociedade no
modo de ser e no modo de ação da
Igreja. Não há qualquer novidade nis-
so, mas é preciso ressaltar continua-
mente a vulnerabilidade da institui-
ção Igreja. Na verdade, a Igreja não
apenas está inserida na sociedade,
mas ela é igualmente uma parte da
sociedade e uma das forças atuantes
na sociedade. A Igreja, como agência
e sinal do Reino de Deus, que existe
para a transformação da sociedade,
espalhando a santidade bíblica sobre
a Terra, descobre-se permanente-
mente sendo atingida e transforma-
da pela sociedade. É preciso, desde
logo, assumir a fragilidade da Igreja
e, ao mesmo tempo, fortalecer o sen-
so de humildade na análise da con-
tribuiçãodo PVM e das DEIM para a
própria Igreja e para a sociedade.
O segundo ponto refere-se à fo-
tografia da situação desoladora dos
aspectos sociais, políticos, econô-
micos, culturais e religiosos no Bra-
sil hoje, certamente não muito di-
ferente do que acontece no mundo
todo. Como chegamos a esta trági-
ca situação?
A escritora francesa Viviane
Forrester, em seu livro O Horror Eco-
nômico, acumula críticas ferozes à
economia de mercado. Ela afirma que
“a globalização, a automação e a
desregulamentação estão promoven-
do o fim da era do emprego. Da eta-
pa da exploração, passou-se direto
para a era da exclusão. É a mundia-
lização da miséria... A massa huma-
na deixa de ser necessária; está se
tornando dispensável”.2
Desde a Revolução Industrial, no
século XVIII, o processo da globali-
zação da economia toma o seu rumo
maior e começa a revelar o seu po-
der e a sua ambição universal. Os fa-
tores fundamentais se definem clara-
mente: capital e trabalho. O capital é
hegemônico e tudo determina. Com
o capitalismo moderno atual, com o
fim da Segunda Guerra Mundial e com
a desagregação do bloco soviético, a
expansão capitalista não encontra
mais resistência. A abertura das eco-
nomias locais aos mercados interna-
cionais, a diminuição das funções e
do valor do Estado, o rápido cresci-
mento tecnológico, a difusão de no-
vos sistemas de comunicação, a ma-
nipulação das informações, tudo
afirma a globalização se espalhando
no mundo e em todas as suas par-
tes. É a supremacia absoluta do ca-
pital, como a dimensão econômica
da globalização corresponde ao
neoliberalismo como a dimensão
política da globalização. O avanço
da tecnologia, exemplificado radi-
calmente no complexo mundo das
comunicações, tem se constituído
no mais extraordinário aliado do ca-
pitalismo globalizado. O mundo, os
países, as nações, as cidades, as ins-
tituições, as pessoas, tudo tem sido
violado cruelmente pela tirania do
mundo das comunicações. Não há
1“Plano Nacional – Objetivos e Metas”, 2001, p. 15-16.
2 Viviane Forrester. O Horror EconômicoO Horror EconômicoO Horror EconômicoO Horror EconômicoO Horror Econômico, 1997, p. 17.
Desde a Revolução
Industrial, o processo
da globalização da
economia toma o seu
rumo maior e começa
a revelar o seu poder
e a sua ambição
universal
O avanço da
tecnologia tem se
constituído no mais
extraordinário aliado
do capitalismo
globalizado
18
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mais privacidade. Tudo está se tor-
nando resíduo público.
São devastadoras as conseqüênci-
as no mundo social, cultural, religioso,
da hegemonia do capitalismo e
neoliberalismo. Há um evidente empo-
brecimento de toda humanidade. Vio-
lência, radicalismos, injustiças sociais,
dor, sofrimento e morte se espalham
por toda parte. Estamos vivendo den-
tro de um novo processo civilizatório
que, na análise de Octavio Ianni, “pro-
duz e mundializa as instituições, os
padrões sócio-culturais, as formas de
agir, sentir, pensar, imaginar”3 . Pode-
mos, assim, caracterizar os últimos vin-
te anos como dominados pela rápida
disseminação e dominação do capita-
lismo de mercado globalizado e pelo
neoliberalismo. Mercado globalizado e
neoliberalismo como forças no proces-
so de reformulação da sociedade, no
caminho de uma nova civilização, mo-
dificando a própria identidade do ser
humano, da comunidade, da cultura,
da vida política, social e religiosa.
É nesse contexto que temos de
analisar e entender a Igreja, a esco-
la e as demais instituições da socie-
dade. Em correspondência a essa
nova realidade do mundo, defron-
tamo-nos com o enfraquecimento
da Teologia da Libertação, nutridora
da nova visão de mundo de uma Igre-
ja comprometida com a Missão, Rei-
no de Deus, Libertação, consciência
crítica, pobres/pobreza e justiça so-
cial. Teologia de Libertação enten-
dida como movimento organizado,
como líderes reconhecidos atuantes
em vários setores de reflexão e de-
cisão na vida da comunidade, como
atividades em crescimento, fermen-
São devastadoras as
conseqüências no
mundo social,
cultural e religioso,
da hegemonia do
capitalismo e
neoliberalismo
tando parcela ponderável da vida de
igrejas e de organizações presentes
na sociedade, como literatura em
produção e circulação, alimentando
continuamente essa nova caminha-
da. É claro que a Teologia da Liberta-
ção não morreu; suas teses básicas
são partes essenciais da natureza e
vida humana e do mundo, todavia, o
seu enfraquecimento tem empobre-
cido e tornado mais lento e inseguro
o processo de implementação de
seus desafios.
Diante dessa conjuntura mundial
e brasileira a Igreja Metodista, em seu
“Plano Nacional”, para o próximo
qüinqüênio, afirma:
“O quadro religioso se tornou confuso
com a emergência dos novos critérios,
distantes dos valores éticos fundados
na valorização da vida, da solidarie-
dade e do amor... As fronteiras religio-
sas se confundem e confundem... cres-
cem o divórcio com a natureza, a raci-
onalidade... Proliferam igrejas super-
mercados, nas quais as pessoas en-
tram, apanham o produto de que ne-
cessitam, pagam e vão embora.”4
A escola metodista, como uma ins-
tituição inserida na sociedade, sofre
o impacto dessas forças irresistíveis,
que estão plasmando uma nova civili-
zação. Mesmo como escola confessi-
onal na sua peculiaridade e diversifi-
cação, sofre igualmente o impacto de
uma Igreja marcada fortemente pelas
forças desagregadoras da globa-
lização econômica e política, na qual
ela corre o “risco de perder a configu-
ração de sua identidade o sentido de
sua finalidade”5 .
Em correspondência a
essa nova realidade
do mundo,
defrontamo-nos com
o enfraquecimento da
Teologia da
Libertação
3 O. Ianni. A Era da GlobalizaçãoA Era da GlobalizaçãoA Era da GlobalizaçãoA Era da GlobalizaçãoA Era da Globalização, 1996, p. 128.
4 “Plano Nacional – Objetivos e Metas”, 2001, p. 15-16.
5 Idem, ibidem, p. 16.
19
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No tempo de John
Wesley, não havia
conflitos entre templo
e escola, pois
constituíam aspectos
complementares na
obra da salvação
A escola metodista vive a dialética
do somar-se aos possíveis valores do
novo mundo da tecnologia, da comu-
nicação, da globalização e do
neoliberalismo e da Igreja capaz de
produzir documentos revolucionári-
os, de um lado, e precisar precaver-
se, defender-se e mesmo lutar con-
tra uma sociedade plena de forças
destrutivas e de uma Igreja com as-
pectos contraditórios, de outro lado.
Igreja congregação e
Igreja escola
A história da Igreja Metodista,
desde sua origem, tem se desenvol-
vido no binômio templo–escola,
pregação–ensino, evangelização–
educação. John Wesley, o organi-
zador do movimento metodista, foi
alguém academicamente muito bem
preparado, tendo estudado na fa-
mosa Universidade de Oxford, onde
concluiu os cursos de bacharel e
mestre em Teologia, tornando-se
professor até 1751.
No tempo de John Wesley, não
havia conflitos entre templo e esco-
la, pois constituíam aspectos comple-
mentares na obra da salvação.
Wesley entendia a educação como
parte da obra criadora e salvadora
de Deus. A salvação é a ação de Deus
na História, entendida como a vida
perfeita no corpo, na mente e na
alma. Salvação é, pois, o caminho da
libertação da ignorância e da con-
quista de uma vida abundante.
A educação no Metodismo nor-
te-americano assume algumas carac-
terísticas diferentes. O embasa-
mento teológico é mais voltado para
uma eclesiologia mais definida; é
tarefa necessária daIgreja e da es-
cola levar as pessoas a buscarem
status social na educação, bem como
segurança econômica; capacitação
de liderança e cidadania; templo e
escola caminham para uma convi-
vência afim, mas separada, inician-
do um processo dicotômico, que se
vai acentuar, gradativamente, no
correr da História.
O Metodismo chegou ao Brasil
trazendo juntos a capela/templo e a
escola, mantendo as mesmas carac-
terísticas da matriz, o Metodismo
norte-americano. E, assim, se mante-
ve até a segunda metade da década
de 1960, quando a Igreja, em sua to-
talidade, passou a questionar sua
própria Missão, culminando nos Pla-
nos Quadrienais, no PVM e nas DEIM.
Esta nova Missão corresponde a
um enfoque teológico da Igreja Me-
todista, agora priorizando a Missão
que afirma novamente a unidade de
propósitos e ação da Igreja/congre-
gação e da Igreja/escola. As ênfases
teológicas principais são o Reino de
Deus, amor, justiça, transformação
social, nova vida/novo mundo, liber-
tação, pobres e oprimidos, solidarie-
dade, paz e serviço.
A fundamentação teológica
centrada na Missão/Reino de Deus
passa a ser o grande desafio para a
Igreja/congregação e Igreja/escola. A
dificuldade logo se tornou evidente:
era impossível assumir o novo
posicionamento da Igreja, usando as
mesmas estruturas eclesiais. A Igre-
ja/congregação já em 1987 busca
reformular sua maneira de agir, por
meio da Igreja Ministerial. Na esfera
da Igreja/escola, todavia, nada ou
quase nada aconteceu, permanecen-
do as mesmas estruturas, apenas
acrescidas dos novos desafios dos
novos documentos da Igreja e das
pastorais escolares e universitárias;
A Igreja, em sua
totalidade, passou a
questionar sua
própria Missão
Salvação é o caminho
da libertação da
ignorância e da
conquista de uma
vida abundante
20
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no mais, as escolas permaneceram
estáticas, mesma estrutura, mesmo
conselho diretor, mesma direção ge-
ral, mesmo COGEIME – exceção pos-
sível para o IEP/ UNIMEP, que tem
buscado assumir na sua vida ins-
titucional alguns aspectos do PVM
e das DEIM. E, vinho novo em odres
velhos não funciona. Somente ago-
ra, no novo século/milênio, a Igreja
começa a reflexionar e tomar deci-
sões visando a mudar alguma coisa.
É preciso esperar para ver o que vai
acontecer.
A tendência histórica, desde os
Planos Quadrienais, tem sido a de
manifestar, de modo muito mais con-
creto, as peculiaridades da escola
em relação à Igreja/congregação.
Não há mais otimismo hoje em acre-
ditar na escola como uma comple-
mentação paralela à Missão da Igre-
ja/congregação; a Igreja/escola é
uma coisa e a Igreja/congregação é
algo muito diferente. Enquanto isto
não ficar claro e não se tornar um pa-
trimônio comum da Igreja, não há
como esperar um real companhei-
rismo Igreja/escola na Missão.
De outro lado, é preciso fortalecer
o óbvio de que escola e educação não
são a mesma coisa; a educação é par-
te inerente na Missão divina e eclesial;
a escola é um instrumental, que a Igre-
ja usa, podendo dispensar ou substi-
tuir. É necessário, contudo, que se re-
corde ser a escola um dos mais ricos
instrumentos de ação do Metodismo
histórico, marcando, de modo indelé-
vel, sua presença nesses quase 270
anos de Missão, pelo mundo afora. De
qualquer modo, é preciso reafirmar
que o fundamental e essencial é a edu-
cação e não a escola, assim como é
essencial a educação cristã e não a
escola dominical.
Vinho novo em odres
velhos não funciona
O fato é que a estrutura organiza-
cional da Igreja Metodista coloca es-
cola, no aspecto de legislação, sob a
tutela e direção maior da Igreja e de
seus concílios, por meio do conselho
diretor, da direção geral e da pasto-
ral escolar/universitária. Isso se cons-
titui muito mais num ato de força do
que numa criativa estratégia para o
sucesso da Missão.
A convivência da mútua influên-
cia Igreja/congregação–Igreja/ esco-
la, no contexto de uma realidade
dicotômica, tem gerado conflitos e
sofrimentos constantes na vida da
Igreja. Isso se agrava quando cresce
a problemática financeira das esco-
las e da Igreja. De 1999 a 2001, na 2a.
Região, com muitas escolas regionais
até 2001, a COREAM usou mais da
metade de seu tempo e trabalho ex-
clusivamente em assuntos ligados às
suas escolas. Em outras palavras,
esteve mais tempo envolvida com os
problemas das escolas do que com
os chamamentos e desafios da Igre-
ja/congregação. Reconheço que a
Igreja apresenta mais justificativas
razoáveis para isso, todavia, as ra-
zões básicas são de ordem estrutu-
ral, bem como de qualificação profis-
sional e competência administrativa.
O que estamos dizendo é que a
escola metodista, mesmo sendo par-
ticular/confessional, é duplamente
dependente, pois está subordinada
ao Estado e à Igreja. Isso se constitui
num gigantesco dilema: como pode
a escola metodista expressar, na filo-
sofia e prática educacional, os com-
promissos fundamentais com a Igre-
ja, já que com o Estado não há como
escapar, nem escamotear! E a Igreja,
por sua vez, não tem descoberto até
agora alternativas criativas para su-
perar o impasse.
A Igreja/escola é uma
coisa e a Igreja/
congregação é algo
muito diferente
O fundamental e
essencial é a educação
e não a escola
21
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É preciso acrescentar, ainda, o
terrível drama ético que essa situa-
ção escorregadia e movediça cria
para a Igreja e para a escola; o espa-
ço que resta é o do “possível”, que
pode resvalar para a ética da “mani-
pulação” ou “faz-de-conta”.
Para se avaliar com alguma segu-
rança a presença e a ação do PVM e
das DEIM nas escolas metodistas nos
últimos vinte anos é preciso levar em
conta, seriamente, a dramaticidade
do relacionamento inadequado e
complexo entre a Igreja/congregação
e a Igreja/escola.
Características e ênfases
do PVM e das DEIM
1. Precursores do PVM e das DEIM
A partir da década de 1960 se de-
senvolve um processo de reflexão e
mudança profunda na vida da Igreja
Metodista. Curiosamente, isso acon-
tece no contexto do golpe e da dita-
dura militar, que vai perdurar até a
década de 1980; mas isso acontece,
também, no contexto do Concílio
Vaticano II, do desenvolvimento da
Teologia da Libertação e de crises na
própria vida da Igreja Metodista,
como a ocorrida na Faculdade de
Teologia, em 1968, e no Concílio Ge-
ral de 1970/1971.
Esse processo de reflexão e mu-
dança se expressa de modo concre-
to nos estudos e na elaboração de
documentos marcantes para o
Metodismo brasileiro. A Igreja Meto-
dista assume uma nova visão de mun-
do, comprometida com a Missão e o
Reino de Deus, na busca da constru-
ção de uma nova Igreja e um novo
mundo. É bom lembrar que um do-
cumento sempre revela a realidade
do passado/presente, bem como a
perspectiva e o rumo do presente/
futuro; é bom lembrar, ainda, que um
documento é, igualmente, resultado
e condutor de força, poder e ideolo-
gias, e formador de mentalidade.
Até 1960, em linhas gerais, os Pla-
nos e Programas da Igreja Metodista
no Brasil estavam umbilicamente li-
gados ao Metodismo norte-america-
no. A década de 1960 manifesta um
processo de insatisfação com a situ-
ação da Igreja e sua Missão; cresce a
preocupação com um Igreja mais bra-
sileira, mais envolvida com o nosso
povo e com a cultura do País. Em
1960 e 1965 o Concílio Geral aprova
Planos Qüinqüenais, voltados forte-
mente para a realidade brasileira e
seus desafios sociais e políticos. Es-
ses Planos eram preparados pelos se-
cretários-executivosdas três Juntas
Gerais, que até 1963 sempre foram
missionários norte-americanos. Nes-
te ano, o reverendo Almir dos Santos
substitui Robert S. Davis na secreta-
ria executiva da Junta Geral de Ação
Social e, em 1964, o reverendo Omar
Daibert assume a secretaria executi-
va da Junta Geral de Missões e
Evangelização. Pela primeira vez na
história do Metodismo brasileiro, te-
mos dois brasileiros na secretaria
executiva de Juntas Gerais.
É nesse contexto da caminhada
para um Metodismo mais brasileiro,
que surge, em 1974, o Primeiro Plano
Quadrienal, elaborado totalmente
por representantes leigos e clérigos
brasileiros. O tema do Plano é “Mi-
nistério e Missão”, e suas ênfases
principais são:
• Que tudo na Igreja passe a existir
em função da Missão.
• O propósito de Deus é libertar o ser
humano de todas as coisas que o
escravizam.
A partir da década de
1960 se desenvolve
um processo de
reflexão e mudança
profunda na vida da
Igreja Metodista
Um documento é,
igualmente, resultado
e condutor de força,
poder e ideologias, e
formador de
mentalidade
Surge, em 1974, o
Primeiro Plano
Quadrienal, elaborado
totalmente por
representantes leigos
e clérigos brasileiros
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• É missão da Igreja participar nesta
ação de Deus.
• O Reino de Deus significa o sur-
gimento definitivo do mundo
novo, da nova vida e do perfeito
amor.
• Ministério é a Igreja total, todos os
seus membros.
• Fé cristã é qualidade de vida.
Em 1978 é aprovado o Segundo
Plano Quadrienal, que acrescenta:
• Base bíblica.
• Herança histórica do Metodismo.
• Credo social.
• Marcas de um metodista.
• Tema: unidos pelo espírito, meto-
distas evangelizam.
Em 1980, a Igreja Metodista afirma
um Contrato de Cooperação Missio-
nária Recíproca com a Igreja Metodis-
ta Unida. É a primeira vez que aconte-
ce um esforço decisivo e vitorioso na
busca de equilíbrio eqüitativo no re-
lacionamento de poder entre essas
duas Igrejas. É ai que aparece pela pri-
meira vez, de modo concreto, o mú-
tuo comprometimento preferencial
com os pobres e oprimidos.
2. Características e ênfase das
“Diretrizes para a Educação na
Igreja Metodista”
A caminhada para uma séria ava-
liação e busca de novas diretrizes
para a educação nas escolas meto-
distas antecede o processo de ela-
boração do PVM. Já em 1979 se ini-
cia o processo de avaliação e
reformulação das, então, diretrizes
da educação para as escolas meto-
distas; em 1980 acontece um gran-
de seminário, reunindo representan-
tes das escolas (administração,
direção geral, corpo docente e dis-
cente), Igreja Regional, bispos e ou-
tros líderes da área geral. É aprova-
do um documento: “Fundamentos,
Diretrizes, Políticas e Objetivos para
o Sistema Educacional Metodista”,
voltado para as instituições de ensi-
no secular e teológico. Em 1981, ou-
tro seminário elabora diretrizes para
a educação cristã, por meio do do-
cumento: “A educação Cristã: um
posicionamento metodista”. Ainda
em 1981 é realizada pesquisa ampla
na vida da Igreja e, em seguida, uma
consulta, visando a definir a Vida e a
Missão da Igreja. Em janeiro de 1982,
se realiza outro seminário, para a ela-
boração final das diretrizes para um
plano nacional de educação, levando
em conta todos os documentos pro-
duzidos desde 1979. A complexidade
da matéria requer a eleição de uma
comissão, encarregada de dar a re-
dação definitiva do documento. As-
sim, surgiu “Diretrizes para a Educa-
ção na Igreja Metodista”, aprovado
no Concílio Geral de julho de 1982.
Eis algumas características e ênfases
desse documento:
• A ação educativa metodista (des-
de o começo) trouxe muitas con-
tribuições positivas.
• Por intermédio das instituições, a
Igreja buscou a democratização e
a liberalização da educação brasi-
leira. Suas propostas educacionais
eram inovadas e humanizadoras.
• (Com o passar do tempo) elas per-
deram suas características inovado-
ras e passaram a ser reprodutoras
da educação oficial.
• O Reino de Deus se realiza parcial-
mente na história... criando em nós
consciência crítica.
• Em Cristo, Deus alcança especial-
mente os pobres, os oprimidos e
os marginalizados.
O Reino de Deus
significa o
surgimento definitivo
do mundo novo, da
nova vida e do
perfeito amor
A ação educativa
metodista trouxe
muitas contribuições
positivas
Suas propostas
educacionais eram
inovadas e
humanizadoras
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• O interesse social é mais importan-
te que o individual.
• Comprometimento com a transfor-
mação da sociedade.
• Motivar educadores e educandos
a se tornarem agentes positivos de
libertação.
• Identificar-se mais com a cultura
brasileira... e respeitar e valorizar
a cultura dos participantes do pro-
cesso educativo.
• Atuar, também, por meio de progra-
mas de educação popular.
• Toda a prática das instituições se
caracterizará por um contínuo
aperfeiçoamento no sentido de
democratizar, cada vez mais, as
decisões.
• Terá prioridade a existência de
pastorais escolares, que atuem
como consciência crítica das ins-
tituições.
• (Desenvolver) a prática da justiça
e solidariedade.
3. Características e ênfases do
“Plano para a Vida e a Missão da
Igreja”
Como muito bem afirmam os
Cânones da Igreja Metodista6 que o
“Plano para a Vida e a Missão da Igre-
ja” (PVM) é continuação dos Planos
Quadrienais de 1974 e 1978. Em 1981
é feita uma pesquisa em todas as áre-
as da Igreja, seguindo-se uma Consul-
ta Nacional, sobre Vida e Missão da
Igreja, culminando com a elaboração
do documento PVM, aprovado no
Concílio Geral de 1982.
O PVM é, seguramente, o docu-
mento mais abrangente e profundo
já produzido pela Igreja Metodista
aqui no Brasil. Ele engloba as rique-
zas do Metodismo histórico, com a
realidade e necessidade do Brasil e
do mundo de hoje; ele incorpora as-
pectos históricos, bíblicos, teológi-
cos, éticos, sociológicos, numa di-
mensão contemporânea, local e
universal da Missio Dei.
É, indiscutivelmente, um docu-
mento desafiador e revolucionário. A
conseqüente implantação e imple-
mentação do PVM se constituiria na
sinalização mais expressiva e com-
pleta do Reino de Deus entre nós.
Essa é a grandeza desse documento
e, ao mesmo tempo, a sua maior fra-
queza. Eis algumas características e
ênfases do PVM:
• Continuar o processo que permiti-
rá que tudo na igreja se oriente
para a Missão.
• A principal tarefa da Igreja é repar-
tir fora dos limites do templo o que
ela de graça recebe do seu Se-
nhor;... ela é chamada a sair de si
mesma e se envolver no trabalho
de Deus.
• Somente sob a orientação do Espí-
rito Santo pode a Igreja transfor-
mar-se em meio de graça relevante
às necessidades do mundo.
• A santificação do cristão e da Igre-
ja se concretiza em atos de pieda-
de e obras de misericórdia.
• Demonstrar permanente compro-
misso com o bem-estar da pessoa
total.
• De modo especial, se preocupa
com a situação de penúria e misé-
ria dos pobres... e se compromete
com as lutas que visam a eliminar
a pobreza, a exploração e toda for-
ma de discriminação.
• Denunciar as causas sociais, polí-
ticas, econômicas e morais que de-
terminam a miséria.
O PVM é,
seguramente, o
documentos mais
abrangente e
profundo já
produzido pela Igreja
Metodista no Brasil
6 Cânones da Igreja MetodistaCânones da Igreja MetodistaCânones da Igreja MetodistaCânones da Igreja MetodistaCânones da Igreja Metodista, 2002, p. 61.
A conseqüente
implantaçãoe
implementação do
PVM se constituiria na
sinalização mais
expressiva e completa
do Reino de Deus
entre nós
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• Anunciar a libertação que o Evan-
gelho de Jesus Cristo oferece às vi-
timas da opressão.
• Reconhecer que todo o povo de
Deus é chamado a desempenhar na
Igreja e no mundo ministérios.
• A Missão de Deus no mundo é es-
tabelecer o seu Reino e participar
nesta Missão é a tarefa da Igreja.
• Nessa tarefa, as pessoas e comuni-
dades sofrem com o domínio das
forças satânicas e do pecado.
• Há necessidade de estar em comu-
nhão com Deus.
• De conhecer a Igreja, de conhecer
o bairro, a cidade, o campo, o país,
o continente, o mundo, de conhe-
cer os acontecimentos, a maneira
como as pessoas vivem, se organi-
zam e são governadas.
• É preciso cultuar Deus, aprender
em comunidade, trabalhar, usar fer-
ramentas e métodos adequados,
estar a favor de relações justas en-
tre empregados e empregadores.
• Ver que todos os membros da Igre-
ja participem nos diferentes níveis
de decisão.
• A Missão acontece na promoção
da vida e do trabalho, na recon-
ciliação com Deus e o próximo,
no direito a terra, alimentação,
habitação, na valorização da fa-
mília, dos marginalizados, da
saúde, da educação, do lazer, da
participação, da preservação da
natureza, na humanização do tra-
balho e na melhor distribuição
da riqueza.
4. Estratégias de Dons e
Ministérios
A aprovação Igreja Ministerial, no
Concílio Geral de 1987, está comple-
tando quinze anos. Apenas breves
comentários:
A Igreja Ministerial é uma “forma
de ser” da Igreja; é uma estratégia vá-
lida, bíblica e histórica para a imple-
mentação, execução de um projeto
de trabalho da Igreja. É a dimensão
profética do sacerdócio universal dos
crentes. E uma vitória do laicismo
sobre o clericalismo, bem como so-
bre a centralização do poder e dife-
rentes formas de autocracia. É o re-
conhecimento mais pleno da presença
real e da ação do Espírito Santo na
Igreja e no mundo. É, pois, o resgate
da Igreja, democrática, participativa
e solidária.
Caminhada do PVM e das
DEIM de 1982 a 2002
A Igreja Metodista tem se carac-
terizado pela notável capacidade de
produzir documentos altamente sig-
nificativos para a vida da Igreja e do
Brasil. A grande dificuldade da Igre-
ja tem sido, historicamente, sua in-
capacidade de uma adequada im-
plantação e implementação desses
documentos.
Um dos documentos de maior re-
percussão na vida da Igreja foi, cer-
tamente, o Primeiro Plano Quadrie-
nal, em 1974. Ele representava uma
nova visão de mundo e da Missão da
Igreja. Lamentavelmente, não houve
um processo definido para a sua im-
plantação. Claro, alguma coisa foi fei-
ta por meio do Expositor Cristão e re-
vistas da Escola Dominical, bem
como por meio da liderança de al-
guns clérigos e leigos. A Igreja reco-
nheceu que algo novo e diferente es-
tava presente na sua vida. Quando
chegou o Concílio Geral seguinte, em
1978, o Plano Quadrienal foi levemen-
te retocado, sem alterar sua essên-
cia, pois a Igreja, na verdade, não o
O resgate da Igreja,
democrática,
participativa e
solidária
Um dos documentos
de maior repercussão
na vida da Igreja foi,
certamente, o
Primeiro Plano
Quadrienal, em 1974
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havia assumido. Quando da elabora-
ção deste Segundo Plano, foi lhe
acrescentada uma última página,
item VIII: “Providências para a Pro-
moção, Implantação, Implementa-
ção e Supervisão do Plano Qua-
drienal”7 . Foram indicados oito itens
de orientação prática para a implan-
tação do Plano; o primeiro era a rea-
lização de um Instituto Ministerial
Geral, com toda a liderança clerical
e leiga. Logo depois da abertura do
Ministerial, a maioria presente en-
tendeu que era mais importante e
urgente tratar de outros assuntos, e
assim foi feito. E o Segundo Plano
Quadrienal, à semelhança do Primei-
ro, ficou mais no papel do que na es-
trutura e no organismo vital da Igre-
ja. É evidente que a Igreja foi afetada
e manifestou mudanças significati-
vas depois de 1974; todavia, os Pla-
nos Quadrienais são até hoje desco-
nhecidos do povo metodista.
E o que dizer do “Plano para a Vida
e a Missão da Igreja”? Entendo que a
nossa Igreja continua incorrendo no
mesmo erro de produzir documentos
sem programar estratégia adequada
para a sua efetiva implantação. É in-
discutível, porém, o fato de que a Igre-
ja tem sido bastante influenciada pelo
PVM. Há pessoas, instituições, igrejas
locais que têm estudado e buscado
viver as diretrizes desse documento.
Há palavras e expressões como mis-
são, resgate da cultura brasileira, atos
de piedade e obras de misericórdia,
valorização da vida, compromisso
com o pobre e o bem estar da pessoa
total, Reino de Deus, conhecer a reali-
dade, justiça social... que se tornaram
bem mais presentes na dinâmica da
Igreja em geral e de algumas igrejas
locais, algumas instituições, alguns
pastores e pastoras, leigos e leigas.
Entendo, mesmo, que até o momento
essa é a maior conquista do PVM nes-
ses vinte anos.
E o que dizer das “Diretrizes para
a Educação na Igreja Metodista”? A
situação é ainda mais complicada.
Desde o começo, houve muito mais
restrição e resistência às DEIM do
que ao PVM. Primeiro porque, dife-
rentemente do PVM que, no seu todo,
é uma afirmação positiva do que a
Igreja Metodista vinha sendo, era e
precisava continuar a ser, as DEIM
fazem uma avaliação, em parte posi-
tiva, mas muito mais negativa, do que
vinham sendo a filosofia educacional
e a postura das escolas e de seus
administradores, até 1980. É bom
lembrar que o Concílio Geral de 1982
aprovou um documento bem mais
ameno do que o produzido no semi-
nário de julho de 1980, no Rio de Ja-
neiro. Ainda assim, expressões en-
contradas nas DEIM constituem uma
avaliação negativa bastante forte da
educação que nossas escolas esta-
vam produzindo. Eis algumas dessas
expressões:
• ... À medida que a sociedade brasi-
leira foi se desenvolvendo, elas
(nossas escolas) perderam suas ca-
racterísticas inovadoras e passa-
ram a ser reprodutoras da educa-
ção oficial.
• Esvaziara-se perdendo sua percep-
ção de que o Evangelho tem, tam-
bém, dimensões políticas e sociais,
esquecendo, assim, sua herança
metodista.
• ... A ação educativa metodista...
não se identificou plenamente com
a cultura brasileira
É evidente que a
Igreja foi afetada e
manifestou mudanças
significativas depois
de 1974
7 Plano Quadrienal 1979-1982Plano Quadrienal 1979-1982Plano Quadrienal 1979-1982Plano Quadrienal 1979-1982Plano Quadrienal 1979-1982, 1979, p. 48.
Desde o começo,
houve muito mais
restrição e resistência
às DEIM do que ao
PVM
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• (Também apresentou) pouca pre-
ocupação em descobrir soluções
em profundidade para os proble-
mas dos pobres e desvalidos.
• Até o momento, nossa ação
educativa tem sido influenciada...
pela filosofia liberal... preocupa-
ção individualista com ascensão
social, acentuação do espírito de
competição, aceitação do utilita-
rismo como norma de vida, colo-
cação do lucro como base das re-
lações econômicas.
Essa avaliação negativa da ação
educativa metodista colocou, desde
logo, parcela ponderável de escolas
e pessoas em atitude de desagrado,
defesa e mesmo contrária às novasdiretrizes.
Há também de se considerar
que a proposta das DEIM implica
numa verdadeira revolução na es-
trutura, filosofia, postura e dinâmi-
ca das escolas metodistas. O ele-
vado grau idealista dessa proposta
assume características utópicas
que, desde o início, frustraram e
fizeram encolher a nova caminha-
da das escolas metodistas no Bra-
sil. Eis alguns desses itens (a ação
educativa da Igreja Metodista. . .
terá por objetivos):º
• Um processo educativo que pro-
mova a transformação da pessoa
em nova criatura e do mundo em
mundo novo.
• Motivar educadores e educadoras
a se tornarem agentes positivos da
libertação.
• Denunciar todo e qualquer tipo de
discriminação ou dominação.
• Apoiar movimentos que visem à li-
bertação dos oprimidos.
• Despertar consciência crítica...
capaz de desmascarar todos os
sistemas de pensamento que se
julguem donos exclusivos da
verdade.
• Toda prática das instituições se
caracterizará por um contínuo
aperfeiçoamento no sentido de
democratizar, cada vez mais, as
decisões .
• Dar prioridade à existência de
pastorais escolares, que atuem
como consciência crít ica das
instituições.
Isso tudo é extraordinariamen-
te estimulante e impressivo! O pro-
blema é: como tornar isso real nas
escolas que temos, inseridas na re-
alidade do mundo hoje e no siste-
ma educacional do País, que propõe
filosofia bastante oposta? Acrescen-
te-se a inépcia da Igreja no proces-
so de implantação e implementação
das DEIM.
As DEIM se constituem em dire-
trizes para toda a ação educativa na
Igreja Metodista. “Escola dominical,
comissões, púlpitos, grupos socie-
tários, instituições de ensino secu-
lar, teológico, de ação comunitária
etc.”8 . Isso tudo implicava que o
Colégio dos Bispos, a Administração
Geral, Regiões, igrejas locais assu-
missem o compromisso de estudar
as DEIM e buscar formas para a sua
implantação e implementação no
seu setor. Nada disso aconteceu,
pois desde o começo as DEIM foram
entendidas como aplicáveis tão so-
mente nas escolas.
Como as escolas eram, então, as
que deveriam sofrer profundas alte-
rações com a implantação das DEIM,
8 Cânones da Igreja MetodistaCânones da Igreja MetodistaCânones da Igreja MetodistaCânones da Igreja MetodistaCânones da Igreja Metodista, 2001, p. 103.
As DEIM se constituem
em diretrizes para
toda a ação educativa
na Igreja Metodista
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se fazia necessário que a Igreja, como
a efetiva instituidora das escolas, as-
sumisse a liderança desse processo,
mas, também, isso não aconteceu.
As DEIM foram enviadas às esco-
las para que elas auto-aplicassem o
soro (veneno?), transformador das
suas estruturas, da sua filosofia e da
sua dinâmica de ação. Entendo que
aconteceu muito mais a aplicação do
antídoto do que a do soro.
Aqui, pois, a primeira constatação
importante nos vinte anos de cami-
nhada do PVM e das DEIM.
Nós, na igreja Metodista, somos
especialistas no discurso, na análise
persistente, continuada, repetida,
das idéias, das teorias, das diretrizes,
dos desafios, com o desejo de que
venham a ser praticados. Certamen-
te, isso é absolutamente necessário,
de valor indiscutível, desde que não
se torne uma estratégia, consciente
ou não, para postergar ou mesmo eli-
minar a possibilidade de efetiva apli-
cação do documento. Entendo que o
COGEIME e a maioria das escolas me-
todistas realizaram muitas reuniões,
encontros e seminários para reflexão
sobre o PVM e, principalmente, as
DEIM. Muita coisa sempre é aprovei-
tada. Desconheço, todavia, conseqü-
ências concretas, práticas e efetivas.
Desconheço a aprovação de um pro-
cesso e organograma de implantação
e implementação dos grandes desa-
fios das DEIM.
Isso não é prerrogativa das insti-
tuições de ensino; isso faz parte de
um modo de ser da Igreja Metodista,
que usa parcela elevada de recursos
financeiros e tempo da Missão em
reuniões, normalmente reflexivas, às
vezes avaliativas, raramente de estra-
tégias de ação. Será altamente
elucidativo realizar uma pesquisa
para se colher informações concre-
tas sobre a infinidade de reuniões que
a igreja Metodista realizou nesses vin-
te anos, nas esferas nacional, regio-
nal e, bastante menos, local. É possí-
vel que se reconheça ter sido isso,
ainda, o melhor alcançado em termos
de assimilação e mudança de menta-
lidade em relação ao PVM e às DEIM.
Entendo, mesmo, que nossas escolas
caminharam e cresceram algo nesse
processo de assimilação dos concei-
tos básicos do PVM e das DEIM.
Como já afirmei antes, há uma série
de palavras, de expressões que vão
se tornando cada vez mais familiares
aos professores, às professoras, aos
alunos, às alunas, aos funcionários,
às funcionarias e, até mesmo, aos
pais, às mães, aos amigos e às ami-
gas, às entidades fora da Igreja; o
importante, todavia, é o circular de-
las no interior e no vivenciar da es-
cola. Penso em termos como: mis-
são, justiça, amor, participação,
promoção de vida, vida abundante,
libertação dos pobres, consciência
crítica, solidariedade, processo mais
democrático, pedagogia libertadora,
educação popular, qualidade de
vida, atos de piedade e obras de mi-
sericórdia, compromisso com Cris-
to. A incorporação dessas palavras
e expressões pode alterar o compor-
tamento de uma pessoa, de uma co-
munidade; pode, também, permane-
cer na superfície como um chavão
representativo.
Reafirmo, todavia, que a aplica-
ção efetiva dessas diretrizes na mu-
dança de estruturas organizacionais
e operacionais das escolas metodis-
tas não corresponde ao minimamen-
te esperado. Acredito que o discur-
so, as reuniões tenham contribuído
para revelar mais cruamente nossa
Nossas escolas
caminharam e
cresceram algo nesse
processo de
assimilação dos
conceitos básicos do
PVM e das DEIM
A aplicação efetiva
dessas diretrizes na
mudança de
estruturas
organizacionais e
operacionais nas
escolas metodistas
não corresponde ao
minimamente
esperado
28
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impossibilidade de ação, desenvol-
vendo um drama de consciência para
muitos educadores e educadoras,
nas áreas acadêmica e administrati-
va de nossas escolas.
Aqui, pois a segunda constatação
importante nos vinte anos de cami-
nhada do PVM e das DEIM.
A Revista do COGEIME traz um
estudo do bispo Paulo Ayres Mattos:
“Confessionalidade, educação e esco-
la: um enfoque histórico”9 . É uma
análise absolutamente válida para os
dias de hoje. Ali é destacado o fato
histórico de que a Igreja seguidamen-
te desrespeita e agride o mundo da
escola; muitas vezes, a escola não
respeita a Igreja. Essa situação, po-
tencialmente crítica, entre outras ra-
zões, tem enfraquecido as possibili-
dades de transformações mais
significativas na vida da escola. E é
por isso “que continuamos trabalhan-
do dentro dos esquemas tradicionais,
que há cerca de quase dez anos as
Diretrizes para a Educação na Igreja
Metodista já denunciavam. Não te-
mos sido capazes, em grande parte,
de romper com os problemas e víci-
os, denunciados pelas Diretrizes. É
preciso que a Igreja crie condições
políticas, pedagógicas e administra-
tivas, para que suas escolas, compro-
metidas com a construção de uma
sociedade efetivamente democrática
e justa possam cumprir... com as Di-
retrizes para a Educação...”10 . Em
outras palavras, a Igreja tem de as-
sumir o fato de que a escola meto-
dista é uma instituição com identida-
de própria, diferente dela mesma,
embora a ela substancialmente liga-
da. E, por isso mesmo,a Igreja preci-
sa criar as condições para que a es-
cola se reestruture na sua organiza-
ção, administração e academia. Só
então teria melhores condições para
assumir e implementar o PVM e as
DEIM. Esse é um ponto crucial no re-
lacionamento Igreja–escola, para en-
tender a plasticidade num processo
de reorganização estrutural e funci-
onal da escola metodista. Como o
relacionamento dialético, embora
burilado na superfície, não aconteceu
nos seus pontos vitais, não tem havi-
do o espaço suficiente na vida da Igre-
ja e nem na da escola para a efetiva
transformação e adequação da esco-
la metodista ao novo compromisso
teológico, político e ético, assumido
pela Igreja no PVM e nas DEIM.
Aqui, pois, a terceira constatação
importante nos vinte anos da cami-
nhada do PVM e das DEIM.
Até agora repassamos situações
pouco favoráveis a um expressivo
processo de implantação e imple-
mentação desses dois documentos
da Igreja, muito mais relacionados
com a natureza e modo de ser da pró-
pria Igreja Metodista, na sua dimen-
são plena, que também inclui, natu-
ralmente, a escola.
Analisemos, agora, situações mais
especificamente representativas da
escola como uma instituição com
identidade própria. O bispo Paulo de
Tarso de Oliveira Lockmann indica
seis níveis, nas instituições educacio-
nais metodistas, nos quais ocorre
mais claramente a ação educacional:
• Nível de ação do conselho diretor.
• Nível de ação da direção geral.
• Nível de ação dos metodistas na
escola .
Um drama de
consciência para
muitos educadores e
educadoras
9 Revista do COGEIMERevista do COGEIMERevista do COGEIMERevista do COGEIMERevista do COGEIME, ano 1, nº 1, 1992, p. 53.
10 Idem, ibidem, ano 1, nº 1, 1992, p. 54, 57 e 59.
A Igreja tem de
assumir o fato de que
a escola metodista é
uma instituição com
identidade própria
O relacionamento
dialético, embora
burilado na
superfície, não
aconteceu nos seus
pontos vitais
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• Nível de ação das pastorais es-
colares.
• Nível de ação pastoral missionária
informal.
• Nível de ação do bispo.11
Pretendo trabalhar alguns des-
ses níveis, na sua responsabilidade
e no comprometimento com o PVM
e a DEIM.
Começo com o conselho diretor.
Esse é um órgão com uma história
que soma algumas boas realizações,
junto com desacertos, crises e sofri-
mentos na vida da Igreja. Paradoxal-
mente, é um dos órgãos menos anali-
sados, avaliados ou programados
para o exercício de suas funções.
Desconheço – embora acredite que
existam – consultas, seminários, la-
boratórios ou quaisquer outros pro-
jetos que buscassem analisar em pro-
fundidade a estrutura, composição,
qualificação dos conselheiros, com-
petência, estratégia de ação, atuali-
zação dos conselheiros, assessorias
do conselho diretor e de seus mem-
bros. O bispo Paulo Lockmann afir-
ma, no documento acima citado, que
em 90% dos casos todos os conselhos
diretores começam com total falta de
condições para o exercício da função.
A verdade é que começam e, na mai-
oria das vezes, continuam desprepa-
rados; e o pior de tudo é que, não
raras vezes, não são as pessoas cer-
tas para tão difícil missão.
Outro ponto-chave é a concentra-
ção de poder que o conselho diretor
recebe e cultiva, levando-o a tomar
decisões muitas vezes desastrosas
para a vida da escola e da Igreja. A
experiência tem demonstrado que
quanto mais próximo geograficamen-
te da escola, mais o conselho diretor
fica sujeito e vulnerável aos apelos
do poder. Certamente há pessoas
bem qualificadas nos conselhos dire-
tores e há conselhos diretores que
exercem suas tarefas com sabedoria
e proficiência.
Essa é a conformação, de um
modo geral, dos conselhos direto-
res. Qual tem sido a postura dos con-
selhos diretores frentes ao PVM e às
DEIM? Claro que eles já ouviram fa-
lar desses documentos e, até mes-
mo, já fizeram alguns estudos. Os
indicativos maiores apontam, toda-
via, para um profundo descom-
promisso dos conselhos diretores.
Onde há um projeto originado num
conselho diretor propondo o des-
pertar da consciência crítica, ou
para assegurar participação demo-
crática nas áreas de decisão, ou para
a implantação de um programa de
educação popular? Pouco, muito
pouco os conselhos diretores têm
feito de concreto para um claro com-
promisso de suas escolas com o
PVM e as DEIM.
Aqui, pois, a quarta constatação
importante nos vinte anos da cami-
nhada do PVM e das DEIM.
De acordo com a proposta do pro-
jeto elaborado por um grupo de tra-
balho, constituído por educadores,
educadoras e outros especialistas,
nomeado pela COREAM da 2a. Região
Eclesiástica, há de se considerar na
estrutura atual da escola metodista
“três elementos básicos: matriz de
institucionalização, estrutura jurídi-
co-canônica e referência administra-
tiva. O ponto crucial está, exatamen-
te, na referência administrativa, pois
aqui se encontra a intersecção no
O conselho diretor é
um órgão com uma
história que soma
algumas boas
realizações, junto com
desacertos, crises e
sofrimentos na vida
da Igreja
11 Idem, ibidem, ano 1, nº 1, 1992, p. 66.
Outro ponto-chave é
a concentração de
poder que o conselho
diretor recebe e
cultiva
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relacionamento Igreja-escola, isto é,
a direção geral. A direção geral, como
órgão intermediário, reúne em si to-
das as condições e espaço para o
conflito de poder Igreja-escola”12 .
Igreja como concílio/conselho dire-
tor/escola confessional, e escola
como governo/conselho de educa-
ção/escola secular. Daí, direção geral
vista potencialmente como conflito
de poder, de interesse, de competên-
cia e de atribuições, que gera como
conseqüência desequilíbrio, ambigüi-
dade, duplicidade.
Temos aqui uma análise avalia-
tiva, que mostra a estrutura e o am-
biente movediço onde se localiza a
direção geral. Ela é, ao mesmo tem-
po, o equilíbrio e todo o potencial
para o desequilíbrio da administra-
ção da escola. É uma situação real-
mente delicada. Acrescente-se a
isso o fato de que a direção geral
não é, apenas, o alvo para onde con-
vergem as exigências e os proble-
mas dos dois pólos Igreja–Governo;
é, igual e perigosamente o receptá-
culo das duas somas de poder. E
manejar o poder é e sempre foi algo
difícil e tentador.
Essa é a configuração da direção
geral, entendida como o diretor ou a
diretora geral, mais o corpo de auxi-
liares sob seu mando.
Qual tem sido a postura da dire-
ção geral em relação ao PVM e DEIM?
Entendo que aqui, por todas essas
pressões, se encontra, realmente, a
maior resistência à implantação e im-
plementação das diretrizes e dos de-
safios dos dois documentos. Afinal de
contas, o diretor ou a diretora geral
responde administrativa e judicial-
mente por tudo o que acontece na
vida da escola. É mudar mais profun-
damente qualquer dimensão estrutu-
ral e/ou funcional da escola. É mexer
com todos os setores de ação relaci-
onados com a escola, dentro e fora
dela. E isso é, no mínimo, inconveni-
ente, quando não perigoso e explosi-
vo. Não é meu propósito menospre-
zar ou desconhecer o valor e o
trabalho da direção geral, mas preci-
so insistir que não se pode esperar
muito dela.
Nenhum setor na vida da escola
metodista encerra maior poder e está
mais presente na escola, quase que
permanentemente, do que a direção
geral. Por isso mesmo, ninguém te-
ria melhores condições do que ela
para liderar um processo de transfor-
mações radicais na estrutura e
operacionalidade da escola. Mas,
paraisso, seria necessário encontrar
pessoas comprometidas com a nova
visão do mundo e da Igreja e com os
desafios que o PVM e as DEIM reque-
rem; depois, seria necessário pre-
pará-las adequadamente para a
obra; depois, a Igreja teria de esco-
lher conselhos diretores igualmen-
te comprometidos e preparados; e,
finalmente, a Igreja teria de estar dis-
ponível para assumir junto com a
escola os embates, os sofrimentos
e, talvez, as vitórias que inevitavel-
mente aconteceriam.
É bom sonhar de vez em quando!
A própria Igreja sabe que é mais fácil
e melhor deixar o barco navegar, na
medida de suas possibilidades. E
quando aparece algum candidato ou
candidata muito comprometido com
a nova Igreja, não tem tido o sufici-
ente respaldo dos órgãos competen-
tes para realizar a sua missão – ou é
12 “Memória 13”, 2000.
Qual tem sido a
postura da direção
geral em relação ao
PVM e às DEIM?
Nenhum setor da vida
da escola metodista
encerra maior poder e
está mais presente na
escola do que a
direção geral
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demitido, ou se demite. O fato é que
a direção geral, para se manter, tem
de conhecer as tendências da políti-
ca e do poder, e ter habilidade, sabe-
doria e flexibilidade de ação. O PVM
e as DEIM, por sua própria natureza,
não preenchem os requisitos sufici-
entes para um projeto possível.
É por tudo isso que as direções
gerais, fazendo o melhor possível,
muito pouco fizeram para a implan-
tação e implementação efetiva das
diretrizes do PVM e das DEIM.
Aqui, pois, a quinta constatação
importante nos vinte anos da cami-
nhada do PVM e das DEIM.
Por um longo período, as escolas
metodistas do Brasil não tinham, jun-
to a elas, pessoas especificamente
responsáveis pela presença e repre-
sentação da Igreja. O diretor geral e
o diretor do internato cumpriam essa
função, e as escolas metodistas eram
bem conhecidas como “metodista”,
na cidade e região. Mais tarde surgi-
ram os capelães e, a partir de 1982,
oficialmente, as chamadas pastorais
escolares/universitárias. Assim que
no PVM lemos: “estabelecimento de
pastorais escolares nas institui-
ções”13 ; nas DEIM lemos: “terá prio-
ridade a existência de pastorais es-
colares, que atuem com consciência
crítica das instituições, em todos os
seus aspectos, exercendo suas fun-
ções profética e sacerdotal, dentro e
fora delas”14 . Desde 1982, então, a
Igreja constituiu um segundo poder
dentro da escola: conselho diretor/
direção geral e pastoral escolar/uni-
versitária. Há, agora, dois centros de
poder da Igreja dentro da escola – ou
três, se houver desentendimento en-
tre conselho diretor e direção geral.
Em certa dimensão, a pastoral esco-
lar/universitária, pela competência
prevista nas DEIM, como “consciên-
cia crítica das instituições, em todos
os seus aspectos”, assume, ou pode
assumir, uma posição de fiscal e de
juiz, algo assustador, mesmo que isso
não aconteça em sua plenitude. Mui-
tas vezes, tem sido extremamente
difícil ajustar o relacionamento con-
selho diretor–direção geral, e bem
mais complexo é agora, com a emer-
gência desse novo poder dentro da
escola. Duas perguntas me ocorrem:
se a pastoral é a “consciência críti-
ca”, dentro da escola, isso não elimi-
na a responsabilidade do conselho di-
retor e da direção geral de serem,
também, o que pensamos que deve-
riam ser, consciência crítica? E quem
assume o papel da crítica da pasto-
ral? Ela mesma.
A responsabilidade dada à pasto-
ral parece indicar ser ela mesma a
maior responsável pela implantação
e implementação do PVM e das DEIM
na vida da escola. Uma das primei-
ras responsabilidades da Pastoral,
como consciência crítica, seria con-
ferir o cumprimento das diretrizes da
Igreja na vida da escola. Até onde te-
mos conhecimento, desde o princí-
pio tem sido difícil a harmonização
do conselho diretor, da direção geral
e da pastoral. A disputa de poder
conduz a rupturas ou a um processo
de acomodação, que tem sido o ca-
minho mais seguido até agora. Para
tanto, a função profética da pastoral
esmaeceu, passando esta a se dedi-
car com ótimas realizações no cam-
po sacerdotal.
Muitas vezes, tem
sido extremamente
difícil ajustar o
relacionamento
conselho diretor–
direção geral
13 Cânones da Igreja MetodistaCânones da Igreja MetodistaCânones da Igreja MetodistaCânones da Igreja MetodistaCânones da Igreja Metodista, 2001, p. 85.
14 Idem, ibidem, 2001, p. 105.
Uma das primeiras
responsabilidades da
pastoral, como
consciência crítica,
seria conferir o
cumprimento das
diretrizes da Igreja na
vida da escola
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Algumas vezes têm surgido lances
proféticos de efetiva consciência crí-
tica da pastoral, embora às vezes de
forma equivocada, com mais ou me-
nos significado para a vida da escola
e da Igreja. O fato mais evidente, to-
davia, é que a pastoral não tem assu-
mido ostensivamente a bandeira do
PVM e das DEIM, em termos de trans-
formações e adequação da escola às
diretrizes e aos desafios desses dois
documentos. A pastoral tem, por ou-
tro lado, procurado aplicar no seu
trabalho regular dentro da escola,
sempre que possível, as propostas do
PVM e das DEIM.
Aqui, pois, a sexta constatação
importante nos vinte anos de cami-
nhada do PVM e das DEIM.
Há outros elementos que podem
ter uma presença mais criativa den-
tro da escola metodista, como pro-
fessores e professoras, funcionários
e funcionárias, estudantes e familia-
res metodistas. E muita coisa boa tem
acontecido pela presença e ação des-
ses metodistas. Entendo, porém, que,
na esfera do PVM e das DEIM, não
tem havido espaço para uma ação
mais profunda; entendo, mesmo, que
há uma relativa ignorância generali-
zada por parte da maioria dos parti-
cipantes desse setor, no que se refe-
re a esses documentos. Ora, a escola,
pelos seus setores credenciados,
pouco ou nada fez para a implanta-
ção e implementação do PVM e das
DEIM, e nas igrejas locais esses do-
cumentos praticamente são desco-
nhecidos. Seria muita presunção es-
perar um comprometido isolado
desse setor da escola.
Estamos tratando da caminhada
do PVM e das DEIM de 1982 até 2002
na vida das escolas metodistas. E
como essa caminhada não é fantas-
magórica, mas concreta, materializa-
da, necessita de instrumentos para
sua realização. Relacionei seis instru-
mentos, sendo três de caráter mais
externo, mais relacionados com a
própria natureza da Igreja; e outros
três, partes integrantes e substanci-
ais da própria escola.
Levando-se em conta, apenas, es-
ses seis referenciais, na forma como
aqui analisados e como se têm con-
duzido nesses últimos vinte anos, é
absolutamente razoável afirmar que
a caminhada do PVM e das DEIM na
vida da Igreja e da escola foi bastan-
te superficial e motivo de muitos
conflitos e sofrimentos. Vinte anos
para a reflexão, o aprofundamento,
a assimilação e a implantação de
uma ou mais diretrizes novas, mes-
mo que revolucionárias, é tempo
suficiente, se há vontade política e
convicção do elevado significado
dessas diretrizes, ainda que as con-
dições sejam desfavoráveis.
Conclusão
O trabalho apresentado no semi-
nário “Vida e Missão – 20 anos de-
pois” não pressupõe os recentes
acontecimentos, que estão marcan-
do, esperançosamente, a vida da Igre-
ja Metodista e de suas escolas, e que
alcançam aprovação no 17º Concílio
Geral. Desse Concílio saíram deci-
sões significativas, que pretendem
mudar substancialmente a realidade
estrutural e funcional do COGEIME,
bem como das própriasinstituições
educacionais.
O COGEIME amplia e redefine,
poderosamente, suas competências,
tornando-se responsável pela coor-
denação geral das escolas, acompa-
nhando-as e supervisionando-as. Na
A pastoral tem,
procurado aplicar no
seu trabalho regular
dentro da escola,
sempre que possível,
as propostas do PVM
e das DEIM
O COGEIME amplia e
redefine,
poderosamente, suas
competências
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programação do COGEIME está pre-
vista a preparação de um novo do-
cumento sobre “Filosofia, Política e
Diretrizes Educacionais, para as Ins-
tituições Metodistas de Educação,
bem como de um curso de capacita-
ção, para membros de conselhos di-
retores”15 , entre outras propostas.
Além disso, desde 1999, a Igreja
vem estimulando a integração das
escolas, visualizando uma universi-
dade metodista do Brasil. Temos, as-
sim, a integração do Instituto
Grambery no IEP/UNIMEP; do Insti-
tuto Educacional da Igreja Metodis-
ta, em Passo Fundo, no IMS/UMESP;
da Faculdade de Odontologia do
IALIM no IEP/Unimep; do Instituto
Metodista de Ribeirão Preto no
IALIM; do Instituto União no IPA/
IMEC. Some-se a isso a decisão do
último Concílio Geral, de que toda
instituição educacional que mante-
nha curso superior deve pertencer à
administração geral, da área nacio-
nal; acrescente-se, também, a organi-
zação de um Cadastro Nacional, com
nomes de pessoas qualificadas, ori-
ginárias de todas as Regiões, para
comporem os conselhos diretores,
sempre que necessário. Essas deci-
sões e outras possíveis apontam para
um futuro bem mais promissor. Devo
dizer, no entanto, que são providên-
cias muito recentes; sua permanên-
cia e seus reais resultados deman-
dam mais tempo, a fim de que se pos-
sa fazer uma justa avaliação. Na
verdade, essas e outras providênci-
as, à luz dos documentos da Igreja e
da realidade política e sócio-econô-
mica que vivemos no Brasil, nos últi-
mos vinte anos, deveriam ter come-
çado, exatamente, vinte anos atrás.
Isso não deve, em nada, diminuir ou
desmerecer o valor e a expectativa
que essas providências encerram.
Por outro lado, é preciso estar aten-
to ao fato de que os encaminhamen-
tos feitos até agora são modificações
mais de ordem estrutural, evidente-
mente primeiras e indispensáveis, que
assegurarão uma melhor política e so-
brevivência, desenvolvimento e gestão
das escolas metodistas mas que, toda-
via, não oferecem, por si só, garantias
de que as diretrizes e os desafios revo-
lucionários do PVM e das DEIM ou das
novas DEIM serão efetivamente
implementados. O que se espera é
que a Igreja Metodista, que está re-
velando uma extraordinária sabedo-
ria e coragem em mexer nas estru-
turas já superadas de suas escolas,
tenha ainda mais coragem, sabedo-
ria e, acima de tudo, criatividade
para implantar e implementar efeti-
vamente o PVM e as DEIM.
15 COGEIME InformaCOGEIME InformaCOGEIME InformaCOGEIME InformaCOGEIME Informa, 2002, p. 2.
A Igreja vem
estimulando a
integração das
escolas, visualizando
uma universidade
metodista do Brasil
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