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RISCOS SOFRIDOS POR PEQUENAS POPULAÇÕES A biologia da conservação atualmente é dividida em dois paradigmas diferentes: paradigma de pequenas populações e paradigma de populações em declínio. A parte que se preocupa com populações em declínio trata da identificação e manejo de processos que levam a população ao declínio, demograficamente falando, de uma espécie isso desrespeita a boa parte dos problemas que são tratados em biologia da conservação, como perda de habitat, caça, etc. O paradigma de pequenas populações estuda populações que já declinaram e estão mais sujeitas a extinção devido ao seu tamanho. Os processos que levam uma população ao declínio são frequentemente diferentes daqueles que à levam a extinção da espécie, ou seja, processos que levam a uma espécie ficar rara são frequentemente diferentes daquele que levarão essa mesma espécie a extinção. Esses processos independem do táxon ou do ambiente em que a espécie se encontra, sendo inteiramente devido ao tamanho da população. Então, podemos dizer que o paradigma de populações em declínio consegue impedir a maior parte dos problemas estudados em conservação, porque se é possível impedir que uma população decline, não será preciso lidar com o fato dela ser pequena no futuro. OS TIPOS DE RISCOS SOFRIDOS 1. Aleatoriedade demográfica 2. Aleatoriedade ambiental 3. Aleatoriedade genética 4. ...Efeitos determinísticos? ALEATORIEDADE DEMOGRÁFICA O que não se pode esquecer, quando se trata de efeito demográfico, é que o número de indivíduos de uma população flutua ao longo do tempo, então variações nos parâmetros demográficos de uma determinada espécie como natalidade, mortalidade e etc, variam com o tempo e em boa parte essa variação se deve ao acaso. A diferença fundamental entre populações grandes e populações pequenas é que para as pequenas o “ponto de não retorno” se encontra logo ali, ou seja, se por uma flutuação aleatória dessas se chega ao número de 0 indivíduos, a população está extinta e essa possibilidade é muito maior para populações pequenas do que para populações grandes. Esse acaso demográfico pode influir em outros parâmetros demográficos: ▪ Razão sexual: proporção de machos e fêmeas dentro de uma população ▪ Estrutura etária ▪ Tamanho de prole e etc. Todos esses efeitos demográficos afetam diretamente a taxa de crescimento da população (r). ALEATORIEDADE AMBIENTAL ▪ Flutações ambientais: variações aleatórias em condições ambientais, normalmente condições climáticas, sendo que essas condições, assim como as condições demográficas, mudam ao longo do tempo. Em populações grandes, como uma de 1000 indivíduos por exemplo, um inverno mais rigoroso poderia matar até 500 indivíduos dessa população que ela ainda estaria em uma situação favorável. Porém uma população pequena de 20 indivíduos por exemplo, poderia ser facilmente extinta por tal mudança climática. Perceba que a probabilidade de sobrevivência dos indivíduos ou morte – 50% por exemplo – pode ser a mesma para as duas populações, mas só o fato da segunda população ser muito menor faz com que mesmo com as mesmas chances de sobrevivência, a maior parte ou todos os indivíduos dessa população pereça. ▪ Catástrofes naturais como terremotos, furacões, erupções vulcânicas e et ALEATORIEDADE GENÉTICA Processos que levam a perda de variabilidade genética e a ineficiência de populações a transmitir variabilidade genética para gerações futuras ▪ A homozigose e alelos deletérios: A homozigose é um “terreno fértil” para a expressão de alelos deletérios – alelos que tem um efeito prejudicial sobre a capacidade de um determinado individuo de se reproduzir. Se essa característica prejudicial está associada a alelos dominantes, rapidamente ela é excluída por seleção natural pois os indivíduos que apresentam essa característica – por exemplo uma capacidade inferior de se reproduzir – são eliminados. Porém se essa característica está associada a um alelo recessivo, ela pode se “esconder” dentro de uma população já que a característica expressa – o fenótipo – irá corresponder ao alelo dominante. Quando a população chega a uma variabilidade genética muito baixa, isso faz com que o aparecimento de alelos deletérios fique cada vez mais comum, gerando problemas para os indivíduos da população, principalmente se ela for pequena. ▪ Variabilidade e patógenos Além disso a variabilidade genética auxilia na proteção contra patógenos e coisas do gênero, já que quanto mais variabilidade uma população possui, mais segura ela está em relação ao aparecimento de uma determinada doença. ▪ Variabilidade e mudanças climáticas Quanto mais variabilidade genética se tem, mais chances de um indivíduo de determinada população conseguir se adaptar as novas condições climáticas que estão surgindo. ▪ Endogamia e Bottleneck A endogamia é a reprodução de indivíduos que são muito próximos geneticamente e frequentemente quando se tem populações muito pequenas, a reprodução entre esses indivíduos ocorre com uma frequência maior. O Bottleneck é um efeito temporal da perda de variabilidade genética. A garrafa com as bolinhas simboliza uma população e cada bolinha de cor diferente significa indivíduos com alelos diferentes para uma mesma característica. Se ocorre um efeito gargalo na população, ou seja, contrai muito os números populacionais de uma hora para outra, o que se tem na população restante não será uma amostragem completa do que se tinha na população original. Então só nesse processo de contração de número populacional há perda de variabilidade genética por uma mera questão de amostragem, ainda mais que alguns alelos tem uma frequência muito maior do que outros, então os alelos mais raros tenderiam a desaparecer por completo nesse tipo de situação. ▪ Efeito fundador Análogo ao efeito Bottleneck, pois se dá pela contração rápida em termo de número de indivíduos, mas não por um caráter temporal e sim por um caráter essencialmente espacial, como por exemplo uma espécie que vive em um continente e coloniza uma ilha e então os indivíduos que chegam na ilha provavelmente não tem a diversidade genética representativa de toda a população original. ▪ Deriva gênica São flutuações aleatórias na frequência de alelos de uma população e essas flutuações aleatórias sempre irão levar a uma perda de variabilidade genética a longo prazo e o quão rápido ela leva a perda essencialmente depende do tamanho da população. A probabilidade de o alelo azul ser passado para a próxima geração é a mesma do alelo vermelho – no caso desses alelos serem neutros, ou seja, há ausência de qualquer fator de seleção natural – já que a frequência de ambos é a mesma. Em uma população pequena esse processo pode acontecer radicalmente rápido, ou seja, dentro de poucas gerações há uma perda de variabilidade grande. Se a população fosse grande, por exemplo 1000 indivíduos, esse processo ocorreria de forma bem mais lenta porque a diferença de frequência entre os alelos demoraria muito mais para acontecer. Além disso, a deriva genica também pode contribuir para a fixação de alelos deletérios, principalmente em uma população pequena, onde a fixação de alelos de uma maneira geral é mais fácil. ▪ Tamanho populacional efetivo Medida de quanto a população é diversa e o quão essa população é capaz de manter sua diversidade ao longo do tempo, ou seja, transmitir diversidade genética para as próximas gerações. “Tamanho de uma população idealizada (Ne,Hardy-Weinberg) que passe variabilidade genética para as gerações seguintes com a mesma eficiência que sua população real de tamanho N o faz” Uma população sob o equilíbrio de Hardy-Weinberg está sob todas as condições perfeitas e imagináveis para transmitir sua variabilidade genética para a geração seguinte sem perdas e as características que fazem uma população ser enquadrada nesse equilíbrio são: razão sexual 1:1, todos os indivíduos são capazes de reproduzir, todos os indivíduos tem a mesma capacidade de produzir prole, reprodução aleatória e numero populacional constante. Uma população N que não está sob o equilíbrio HW não transmite sua variabilidade genética com máxima eficiência, ou seja, ela transmite sua variabilidade com eficiência X. O tamanho populacional efetivo dessa população N que está sob o equilíbrio de HW e transmite variabilidade com a mesma eficiência X será necessariamente menor. Em um exemplo mais real, em uma população de pandas de 1000 indivíduos, somente 20 transmitem variabilidade com eficiência X. Então o tamanho efetivo dessa população de 1000 indivíduos, será de 20 pois somente esses 20 transmitem a variabilidade. “O tamanho efetivo de população é o tamanho de uma população idealizada que transmite a variabilidade genética com a mesma eficiência que sua população de interesse o faz” O tamanho populacional efetivo varia de acordo com vários fatores, como por exemplo razão sexual: Ou em relação a flutuações populacionais (bottleneck): EFEITOS DETERMINISTICOS *Denso dependência-negativa: termo envolto de vermelho que “diz” para a formula de crescimento logístico retardar o crescimento dela a cada novo indivíduo que é colocado nessa população. A cada vez que cresce o N, mais esse termo “puxa” o crescimento da população como um todo para baixo, mais vai refreando o crescimento da população. Então em um primeiro momento a população cresce devagar porque ela tem um número pequeno de indivíduos e quando chega a níveis muito próximos de K, o termo de denso dependência negativa “pesa” na equação e o crescimento tende a desacelerar. “Quanto mais indivíduos a população tem, menos ela cresce.” O Efeito de Allee nada mais é do que denso dependência positiva: A linha fraca reta corresponde exatamente a formula do gráfico anterior, então, essa linha nos diz que a taxa de crescimento per capita diminui com o aumento da população. A linha pontilhada vermelha demonstra que quando uma população está em níveis altos, ela se comporta como a outra linha do gráfico, mas quando a população tem número muitos baixos o comportamento dela é diferente: cada vez que se acrescenta um indivíduo na população o crescimento per capita sobe um pouco. A curva preta corresponde a curva vermelha em uma situação exagerada. Essas duas curvas representam os chamados efeito de Allee fraco e efeito de Allee forte e o efeito de Allee é basicamente isso: quando populações estão a níveis muito baixos, acrescentar indivíduos naquela população significa aumentar a taxa de crescimento per capita da população em si. O efeito ode Allee forte demonstra que abaixo de determinados números aquela população não consegue se manter e tende a extinção. Um dos motivos para que o efeito de Allee ocorra é a taxa de encontro entre os animais de uma população pequena, que será muito baixa por causa da densidade populacional baixa em si, que acaba gerando essa dificuldade dos bichos se encontrarem e conseguirem reproduzir. Além disso, existem outros fatores que podem levar a populações biológicas se comportarem dessa maneira, como a essência de grupos, como no caso por exemplo de porcos do mato ou queixadas. ANÁLISE DE VIABILIDADE DE POPULAÇÕES Construir populações virtuais em um ambiente computacional, determinando número de indivíduos e vários outros parâmetros demográficos, além de incluir características ambientais que podem levar a flutuações populacionais e depois que todos os parâmetros foram selecionados, o computador roda esse modelo demonstrando a dinâmica populacional dessa população virtual ao longo do tempo e esses modelos são probabilísticos, ou seja, se rodados diferentes vezes, vão apresentar resultados diferentes e com isso se roda N replicações dessa população virtual sobre determinadas condições e observar a média de como foi a resposta dessas populações às condições criadas.
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