Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FACULDADES ADAMANTINENSES INTEGRADAS -FAI MÉRCIA FUZETTI DE ALMEIDA TRONCON DANIELA WASEDA CAETANO FABIANA APARECIDA UEMURA JULIANA PARDO MOURA C. GODOY RAFAELA ATELLI NASCIMENTO ESTRUTURAÇÃO DOS SERVIÇOS DE TRIAGEM E PRONTO- ATENDIMENTO EM UMA CLÍNICA-ESCOLA DE PSICOLOGIA EM FASE DE IMPLANTAÇÃO ADAMANTINA 2006 MÉRCIA FUZETTI DE ALMEIDA TRONCON DANIELA WASEDA CAETANO FABIANA APARECIDA UEMURA JULIANA PARDO MOURA C. GODOY RAFAELA ATELLI NASCIMENTO ESTRUTURAÇÃO DOS SERVIÇOS DE TRIAGEM E PRONTO- ATENDIMENTO EM UMA CLÍNICA-ESCOLA DE PSICOLOGIA EM FASE DE IMPLANTAÇÃO Relatório de estágio supervisionado apresentado ao curso de Psicologia da FAI - Faculdades Adamantinenses Integradas de Adamantina/SP, realizado sob supervisão da prof. Ms. Ana Vitória Salimon Carlos dos Santos. ADAMANTINA 2006 ESTRUTURAÇÃO DOS SERVIÇOS DE TRIAGEM E PRONTO- ATENDIMENTO EM UMA CLÍNICA-ESCOLA DE PSICOLOGIA EM FASE DE IMPLANTAÇÃO. Resumo O presente trabalho de estágio teve por objetivo constituir serviços em pronto-atendimento do curso de Psicologia da FAI/Adamantina, já existiam muitas pessoas cadastradas, aguardando por atendimento, constatou-se um aumento paulatino da demanda e a complexidade e/ou gravidade nas situações apresentadas. Diante do aumento da demanda e número limitado de possibilidades de atendimento, percebeu-se que passaria a existir um período muito longo entre cadastros e triagens e/ou entre triagens e atendimentos. Surgiu a necessidade de se reestruturarem as triagens, intensificando suas ocorrências e também a necessidade de se implantar serviços de pronto-atendimento. Escalas de plantões diários com os estagiários foram feitas e dentro destes horários deu-se andamento às triagens, que eram previamente agendadas, com posterior encaminhamento dos casos, de acordo com um numa clínica-escola em fase de implantação. Ao ter início o funcionamento da clínica- escola fluxograma pré-estabelecido dos diversos tipos de atendimentos e abordagens. Nos plantões também foram estruturados atendimentos psicoterápicos breves a fim de conter crises emergenciais. Projetos como um atendimento em grupo para pais de crianças da fila de espera foi planejado para ser colocado em prática pelos próximos estagiários. O estágio na clínica-escola veio re-estruturar os atendimentos de triagem, estruturar a fila de espera por projetos de atendimentos e estruturar e implementar serviços em pronto-atendimento, contribuindo para a qualidade dos serviços prestados na clínica-escola e da formação profissional dos alunos. Palavras-chave: clínica-escola, pronto-atendimento (Psicologia), triagem psicológica 1. Introdução A Psicologia Clínica configura-se como um campo de aplicação da Psicologia e sabe-se que apenas o estudo teórico não é suficiente para que se forme um ótimo profissional, é necessária a prática, o contato com o paciente. Como falam Perfeito e Melo (2004, p.2) “ser clínico se aprende sendo”, por isto são importantes os serviços da clínica- escola para a formação do psicólogo nos cursos de graduação. Atendendo tanto a pacientes quanto a alunos em formação, as clínicas-escolas têm importantes e complexas funções a realizar. A rotina numa clínica-escola envolve recepção e preenchimentos de cadastros e prontuários, entrevistas dos pacientes de acordo com uma fila de espera ou de acordo com o critério de existência de vagas, o uso da clínica pelos profissionais e estagiários, uma uniformidade de registros, encaminhamentos, relacionamentos entre todos os que dela se utilizam, como estagiários, profissionais, funcionários, pacientes e familiares destes. O funcionamento de uma clínica-escola é algo desafiante e não há um modelo adequado a ser seguido, pois tem que se levar em conta as diferenças regionais e as estruturas de cada curso, mas a busca da construção de uma rotina adequada, que satisfaça aos objetivos acadêmicos e as solicitações da população local é perseguida por todas. A clínica-escola, segundo Romaro (2003), oferece atendimento gratuito para a comunidade constituindo-se em um local onde o estudante, ou seja, o estagiário em Psicologia, recebe treinamento e orientação na forma de supervisões dos atendimentos clínicos com o objetivo de capacitá-lo para a prática e a reflexão do exercício profissional. A clínica-escola, segundo Yoshida (2005, p. 255), serve de “porta de entrada para o paciente, que busca ali auxílio para seu sofrimento psicológico, mas também serve de porta de entrada para o profissional, que tem na clínica a oportunidade de entrar em contato, de forma mais direta, com o mundo psíquico do paciente”. É na clínica-escola, que o estudante de Psicologia vai poder se confrontar com o que é ser um psicólogo clínico, podendo prestar ajuda àquele ser humano que está sofrendo, usando dos conhecimentos adquiridos durante seu curso e de suas experiências pessoais. Três frentes de trabalho têm se mostrado relevantes quando da implantação de um trabalho de clínica-escola: a qualificação dos serviços de triagens, do pronto-atendimento e do oferecimento de atendimentos breves. 1.1 Serviço de triagem Para Aguirre (apud ROMARO, 2003), a triagem é compreendida como um atendimento psicológico a uma pessoa em sofrimento, reconhecendo-se sua queixa ou queixas, sendo, portanto fundamental em relação ao cliente e à instituição. A triagem tem como finalidade obter informações sobre o motivo da consulta ou a queixa inicial e a partir dela serão determinadas as condutas de atendimento. O serviço de triagem é responsável pelo registro sistematizado dos atendimentos aos pacientes e tem como função realizar uma avaliação inicial do caso, buscando um esclarecimento diagnóstico para melhor definir o encaminhamento a ser dado. Para Perfeito e Melo (2004) o processo de triagem é a porta de entrada dos pacientes ao “universo Psi”, visto estes desconhecerem o que seja um serviço psicológico. O paciente deve sentir-se mobilizado neste primeiro atendimento para prosseguir em sua busca por ajuda. A entrevista de triagem é mais do que uma coleta de dados, tomando às vezes a forma de uma intervenção breve, dando aos pacientes a oportunidade deles se engajarem em seus próprios atendimentos, o que os torna responsáveis por seus problemas. Deve-se encarar a triagem não como uma simples coleta de dados, mas como parte de uma intervenção psicoterapêutica, onde o terapeuta vai dar também um acolhimento. Perfeito e Melo (2004), entendem acolhimento como uma disposição afetiva, uma atitude de escuta com o objetivo de receber e aceitar o sofrimento do paciente, proporcionando-lhe alívio ou um pouco de clareza em relação a seu conflito. O paciente vem em busca de um espaço no qual sua dor psíquica possa ser acolhida, aceita e respeitada. Ele necessita que o outro, no caso o terapeuta, o olhe e escute e o auxilie a compreender o que se passa com ele, por isso que a entrevista de triagem pode significar para o paciente o lugar de continência que está precisando naquele momento. Marques (2005) diz que cabe ao terapeuta garantir um lugar ao entrevistado que seja confortável, sigiloso, livre de interrupções, para que fique à vontade para falar de seus problemas, e para isto contribui a transmissão pelo terapeuta ao pacienteda percepção de ser aceito e valorizado como pessoa única. Ancona-Lopes (2005, p.246) refletindo sobre o processo de triagem, diz que: “a condição sui generis de alguém se predispor a contar sua vida e seus pensamentos mais íntimos a um estranho, abrir-se para ele e nele confiar, já pré-configura o espaço terapêutico”. Assim como a pretensão do psicólogo de escutar e acreditar que pode auxiliá-lo a clarear seus problemas, também já está ali como pré-existente. Esta disposição afetiva de ambos permitirá que sejam afetados pelo que ocorre na relação, naquele momento, o que dará a pré-compreensão do encontro. O entrevistador vai colocar sua escuta à disposição do paciente, para não deixar de observar a ordem na quais os acontecimentos, lembranças, interesses, preocupações são relatados, a fim de obter pistas para conexões inconscientes do paciente e registrar o que ele verbaliza e os sentimentos que acompanham as verbalizações. A história pregressa coletada permite uma visão do desenvolvimento evolutivo do indivíduo. A tarefa de triagem exige do entrevistador o conhecimento de várias abordagens psicoterápicas, pois assim poderá dar um encaminhamento adequado a cada caso, dependendo do grau de insight e nível de funcionamento do entrevistado. O processo de triagem pode ser contínuo à psicoterapia quando o estagiário que a executa se interessa pelo caso e passa a atender ao paciente O estágio em triagem possibilita ao aluno vivenciar o processo de recepção e avaliação dos pacientes, desenvolvendo um raciocínio clínico e dando-lhe a oportunidade de delinear os diversos quadros psicopatológicos. Quando um processo de triagem é bem feito e seus registros são feitos de maneira sistematizada, ele poderá fomentar e produzir pesquisas, pois possui uma riqueza de dados, como em relação às faixas etárias, ao sexo, encaminhamentos, queixas, etc. 1.2 Pronto-atendimento O pronto-atendimento é uma forma de acolhimento para aqueles que buscam por ajuda psicológica, é um espaço de escuta que está aberto à diversidade e a pluralidade da demanda. É denominado por Schimidt (1999, apud Yehia, 2004, p.66) como Plantão Psicológico, que (...) está estruturado para que o cliente seja acolhido por um espaço de escuta qualificado, no momento mesmo em que procura auxilio. Este acolhimento exige a priorização da entrevista psicológica (...) Esta entrevista não é pensada como triagem (...) mas como espaço propício à elaboração da experiência do cliente no que diz respeito ao sofrimento psíquico que ele porta e às possibilidades ou vislumbres de ajuda que ele concede. Assim, a entrevista de Plantão visa facilitar que o cliente clarifique a natureza de seu sofrimento e de sua demanda por ajuda. Outros autores definem este tipo de serviço como pronto-atendimento, que seria um atendimento imediato ao paciente, onde poderia englobar a recepção, a triagem e o encaminhamento realizado. Assim, denomina-se (...) a este percurso que se dá de forma concomitante: recepção, pronto-atendimento e triagem efetuados em um único e primeiro momento, diminuindo a trajetória e agilizando os trabalhos, evitando o alongamento desnecessário da entrada efetiva numa modalidade terapêutica, na perspectiva de evitar a criação de um vácuo de tempo prolongado entre uma etapa e outra (WAIDEMAN, 2005, p. 266). Os casos atendidos no pronto-atendimento em sua maioria, são quadros clínicos aonde a situação chega a um limite tal que há a necessidade de se diferenciar um quadro de urgência e um de emergência, que de acordo com Sterian (2001), a emergência é aquilo que emerge, que dá tempo, e deverá ser tratada adequadamente para que não se transforme em uma urgência, situação de risco imediato; bem como para as orientações aos sujeitos que viessem à procura de alguma informação. Quando se tem a possibilidade de oferecer uma intervenção rápida em crise, isso beneficia aqueles que têm problemas mais emergentes. Um outro fator que deve ser considerado é o fato de mediante um pronto-atendimento, o sujeito conseguir suportar seu sofrimento por um prazo suficiente até que ele consiga um tratamento prolongado. Um pronto-atendimento, ou seja, a intervenção psicológica em situações de urgência é indicada, segundo Sterian (2001) como um meio de se prevenir para evitar situações aonde um problema eventual venha se transformar em uma desordem psíquica organizada, ou que uma situação aguda passa a ser uma doença crônica, ou ainda, que dentro desse quadro crônico que pode pré-existir, uma agudização do mesmo seja causadora de uma incapacitação. É indicada ainda como uma forma de tratamento, que pode ser de situações de crise onde não há necessidade de intervenções em longo prazo, ou onde há dificuldades adaptativas pontuais. Há aqueles pacientes que não têm condições de permanecer por longo período em atendimento, há casos ainda onde a possibilidade que se tem para com esses pacientes que vêm ao NUPFAI em busca de ajuda, é o de um pronto-atendimento; por isso é também importante uma intervenção breve e pontual, onde se trabalha com ele tudo que o momento permite. Segundo Safra (2003, apud Waidergon et al.) toda pessoa que se encontra frente a uma crise, encontra-se tomada pela mesma, ou seja, não consegue relacionar-se com o problema e sim, é tomada pela questão ou problema. A pessoa é invadida por sentimentos de aflição e angústia o que faz com se encontre num estado de dispersão de si. O sentido de si mesmo está perdido. Ela é transbordamento, despedaçamento. Há uma paralisia psíquica, uma vez que não pode se relacionar com o problema, ela é o problema. Este mesmo autor propõe ainda cinco passos para lidar com uma pessoa em crise. No primeiro passo ele propõe que a intervenção tem que auxiliar a pessoa a olhar primeiramente para o problema, assim a intervenção irá ajudar a pessoa a desenvolver um ego observador, e isso se dá quando o terapeuta “empresta” sua capacidade de observar para o outro. Para o autor, o ser humano só se organiza a partir do encontro com o outro. Quando ele se defronta com o problema, ele irá discorrer sobre o mesmo e assim há a superação da paralisação psíquica onde ele já não estará totalmente tomado pelo problema, caracterizando-se assim o segundo passo. Quando a pessoa está discorrendo sobre o problema, percebe-se que determinadas falas se perdem em momentos sofríveis, no momento em que há essa interrupção da fala, é preciso então que o terapeuta a auxilie a pensar essas questões, sendo este o terceiro passo, que ajudará a pessoa a continuar o movimento psíquico. O quarto passo é intencional, onde depois que a pessoa discorreu sobre o problema será preciso que sintetize, pois quando sintetiza, favorece do ponto de vista psíquico, a integração. A sintetização demonstra os aspectos e facetas que a pessoa não percebeu. O último passo é abrir o sentido, tudo o que o ser humano um dia inicia ele quer terminar, assim é importante que após a consulta terapêutica ele tenha um projeto para o amanhã, sendo o sonhar é um exercício de esperança. A postura do psicólogo diante de um pronto-atendimento é de acolhimento ao cliente enquanto este estiver na posição de um ser sofrente, devendo esta ser realizado de forma empática, buscando a sua compreensão assim como o respeito aos seus limites, onde mais do que uma posição técnica cabe ao profissional uma postura ética. Segundo Pereira (s.d) falando então do vínculo terapêutico, no pronto- atendimento a construção desse vínculo é real e de forma intensa e verdadeira, embora seja breve. Sendo assim, o vínculo que se cria com o paciente é altamente valorizado tendo em vista a importância dapresença do “outro” para que possa acontecer o desenvolvimento rumo à maturidade psíquica. Um outro fator que deve ser considerado numa terapia de emergência é o enquadre ou setting, que se refere (...) não apenas às demarcações concretas, temporais ou espaciais em que uma intervenção terapêutica ocorre. Quando falamos em “lugar simbólico”, nos referimos ao papel que o terapeuta, a equipe, a instituição ou a relação que se estabelece com a instituição podem vir a ocupar no psiquismo do paciente (STERIAN, 2001, p. 39). O pronto-atendimento mais do que uma prática que visa atender há uma demanda por ajuda psicológica, que em si diz de uma pluralidade e de uma diversidade, visa à formação de profissionais comprometidos com a questão da saúde pública, já que oferece àqueles que participam desta modalidade de atendimento, a oportunidade de um aprendizado maior neste âmbito, assim como no que tange a questão ética, técnica, metodológica e teórica. Portanto, além de uma possibilidade de contato com a sociedade, serve como parâmetro norteador da relevância sobre aquilo que produz; é também uma forma de o curso se incluir na sociedade, assim como desta estar recebendo-o, em um intercâmbio de serviços prestados por ambos. A ajuda (...) pode se dar a partir do encontro entre psicólogo e cliente, propiciando, na medida do possível, a abertura para novas possibilidades de compreensão, a partir do estranhamento, saindo do impessoal e apropriando-nos da experiência vivida. Deste modo, o psicólogo se mantém em contato com a experiência do cliente, “contato vivido, afetivo e intelectual” (FIGUEIREDO, 2000, p. 17. apud YEHIA, 2004, p. 71). Em um pronto-atendimento é relevante averiguar a queixa que o paciente traz naquele momento, mas, mais do que isso é acolhê-lo, pois o importante é a realidade psíquica que aquele sujeito está trazendo. 1.3 Psicoterapia breve Dentre as modalidades de atendimento oferecidas pelo serviço de pronto- atendimento, encontra-se a psicoterapia breve. Quando se pensa em psicoterapia breve se encontram três fatores básicos: o tempo limitado, foco e critérios de seleção. O tempo é demarcado, estabelece-se um número de sessões que pode ser trinta, por exemplo; estabelece-se um foco e trabalha-se sobre ele, pois em P.B não se busca a raiz dos conflitos, e nos critérios de seleção o terapeuta vai contra-indicar quadros mais severos do ponto de vista cognitivo e mental. Assim, há um aspecto essencial que irá influenciar na determinação dos três modelos utilizados em psicoterapia breve. O primeiro modelo é o impulsivo-estrutural, ele tem uma implicação teórica e prática e devido a isto o paciente tem que ter uma boa estrutura egóica e também capacidade cognitiva, não podendo se trabalhar com um indivíduo que “viva fora do real”. O método é semelhante ao psicanalítico, mas o terapeuta tem um papel ativo e a partir do conflito, estimula o aparecimento de situações que geram ansiedades, fazendo com que na Experiência Emocional Corretiva, o paciente vivencie o conflito podendo dar outro direcionamento ao mesmo. O segundo modelo é o Relacional, este modelo está ligado a uma relação Kleiniana, baseada nas relações objetais e parte da idéia que todo o indivíduo oscila a todo o momento entre a posição esquizo-paranóide, na qual tende a cindir os objetos, ou seja, ver apenas um lado do objeto, por exemplo, ou alguém é só mal ou só bom; e a posição depressiva que é quando é capaz de passar do objeto desintegrado para integrado. Todos os conflitos do indivíduo estão centrados na relação que se tem com os objetos, logo são de ordem relacional, então a partir de um contexto relacional favorável com o terapeuta (aliança terapêutica), eles poderão ser minimizados, pois o conflito vai ser revisto e ter um melhor caminho. Este modelo se mostra um pouco mais flexível, podendo assim depois de analisar as condições em que se vai trabalhar, aplicar até mesmo em saúde pública. O terceiro modelo é o eclético, que na verdade seria uma mistura dos dois primeiros modelos, exigindo do profissional um domínio dos modelos anteriores. Segundo Knobel (1986) assim como em outras formas de terapia, o vínculo se faz muito importante, tem que se fazer a avaliação da capacidade egóica através de testes, discurso do paciente, e outros, avaliar também a capacidade intelectual a partir de testes, dados históricos do indivíduo, sua vida, avaliar seus mecanismos de defesa, dados objetivos, modalidade relacional, dentre outros. Entretanto não se pode esquecer do contrato e também esclarecer com o paciente a proposta terapêutica, sendo que o paciente pode ou não concordar com a mesma. Não se deve ocultar nada ao paciente, ou seja, falar de forma clara e objetiva a ele sobre sua situação, mesmo que ele esteja passando por uma situação dolorosa e uma desorganização e então oferecer-lhe uma perspectiva. Sakamoto (2001) ao falar também da importância do vínculo estruturado por uma perspectiva Winnicottiana, tendo em vista seu potencial criativo, mostra a possibilidade de identificar a presença de fatores que parecem se mostrar intimamente relacionados à ocorrência de resultados inesperados e significativos em psicoterapia breve, e assim a estes fatores se atribui a designação de indicadores criativos que apresentam uma possibilidade fundamental de auxiliar no estabelecimento de prognósticos favoráveis ao desenlace do processo terapêutico em psicoterapia breve. Uma outra proposta que se encontra em psicoterapia breve, é a operacionalizada, que de acordo com Simon (2005), vai buscar compreender as pessoas a partir dos setores de adaptação, sendo estes a partir das respostas que o indivíduo oferece a seus conflitos. As respostas tendem a ser mais adequadas quando resolvem o problema trazendo satisfação, e não conflitos consigo mesmo (interno) e nem com as normas (externo). Então se identifica as situações-problema e verifica-se quais setores estão relacionados entre si e ainda se há um conflito nuclear, que desencadearia outras situações-problema. Tem que se avaliar a qualidade das respostas adaptativas do paciente, avaliar a resposta que foi dada para cada setor, sendo estes: o produtivo, o socioeconômico, o orgânico e o afetivo relacional, e então a partir da adequação das respostas verificar se o indivíduo está em crise. A avaliação da adaptação das respostas parte de três critérios: resolução de problema, satisfação e ausência de conflitos. Segundo Simon (2005) há seis níveis de adaptação do sujeito: Grupo I, adaptação eficaz, onde o indivíduo na maior parte do tempo não tem conflito e consegue manter a adaptação; Grupo II, adaptação eficaz em crise; Grupo III, adaptação ineficaz moderada, as respostas do sujeito pode trazer insatisfação e causar conflitos não atendendo aos três critérios; Grupo IV, adaptação ineficaz moderada em crise; Grupo V, adaptação ineficaz severa, a maior parte das respostas do indivíduo não são adequadas, conflitos internos, não adaptação e o Grupo VI, adaptação ineficaz severa em crise. Simon (2005) vem defendendo a idéia de intervenção na crise como modalidade terapêutica a ser adotada em programas preventivos em países pobres como o nosso. A psicoterapia breve atualmente, segundo Yoshida (1990) se divide em três momentos: o atendimento de emergência, o qual se aplica aos casos em que o próprio paciente ou seu meio correm algum tipo de risco e tem o objetivo de protegê-los e fazê-los recuperar seu contato com a realidade; a intervenção na crise que consiste em restaurar o equilíbrio adaptativo do sujeito e é anterior a crise, e quando for possível melhorá-lo, é geralmente aplicado às pessoasque ainda não atingiram o estágio de emergência, mas que estão correndo o risco de descompensação; e, por fim, a psicoterapia breve ou de curta duração. Já Rogawski (1982) define a psicoterapia breve como melhora do padrão adaptativo do paciente, e a forma como essa melhora será buscada dependerá do referencial teórico do terapeuta, seja através de recursos reeducativos, como na psicoterapia comportamental, ou através da busca de insight, como nas psicoterapias psicodinâmicas. As psicoterapias psicodinâmicas no Brasil tiveram alguns nomes que se destacaram como David H. Malan, que representava o grupo da Clínica Tavistock em Londres, cujo princípio era reencontrar o método original de Freud. Uma técnica de psicoterapia foi desenvolvida incluindo recursos técnicos disponíveis na psicanálise, como análise da resistência, interpretação transferencial, reconstrução genética, interpretações de sonhos e fantasias. Depois da avaliação psicodiagnóstica, é estabelecida uma hipótese psicodinâmica de base, que procura explicar a problemática principal do paciente; esta supõe identificação do conflito primário, do qual a problemática atual do paciente constitui uma reedição. Com base nela, estabelece-se o planejamento estratégico de um objetivo limitado que consiste no tema especifico para interpretação ou foco (Yoshida, 1990). Outro nome foi Peter E. Sifneos, que apresentou a técnica de psicoterapia breve provocadora de ansiedade, indicada para lidar em casos em que os sintomas neuróticos são claramente delimitados e onde a problemática edipiana está em primeiro plano, como nas fobias; o início do processo consiste em solicitar ao paciente que escolha entre as suas dificuldades emocionais aquela considerada prioritária, a seguir o terapeuta faz um levantamento minucioso da sua história de vida, a fim de formular uma hipótese psicodinâmica que permita compreender os conflitos emocionais subjacentes àquela dificuldade. O papel do terapeuta consiste em formular questões provocadoras de ansiedade, que estimulem o paciente a examinar áreas de conflito emocional, que de outra forma evitaria, (Yoshida, 1990). James Man, outro nome que se destacou na década de 70, iniciou seu trabalho de psicoterapia breve quando se defrontou com o problema das longas filas de espera no departamento de psiquiatria e acabou desenvolvendo uma técnica de psicoterapia breve chamada “psicoterapia de tempo limitado”, a qual consiste em uma etapa de avaliação diagnóstica que varia entre uma a três sessões; depois disso são fixados doze horas para o tratamento, distribuídas de acordo com as necessidades do paciente. A terapia breve, como toda modalidade terapêutica, tem suas indicações e contra- indicações próprias, mas conta com uma característica peculiar; desde o início foi desenvolvida a partir de pesquisa o que lhe confere aspectos singulares de repetibilidade e permite avaliar com mais precisão seus resultados. Contudo, a psicoterapia breve vem com a idéia de levar o sujeito a encontrar respostas adequadas à situação, retornando a eficácia adaptativa anterior à crise ou melhorando-a. Um ponto muito importante que, podemos também ressaltar neste momento são as consultas terapêuticas descritas por Winnicott, onde segundo ele, a função do psicólogo nesse meio é a de situar-se principalmente no encontro inter-humano da clínica, que em um setting diferenciado que permita a integração de aspectos que parecem dissociados, permita ao psicólogo crias uma atitude de disponibilidade e abertura para que possa “sentir” as necessidades do paciente, e que isso possa ser visto como uma forma de acolhimento que o irá encorajar a libertar suas agonias impensáveis que inviabilizam sua existência. Em alguns casos é preciso um terapeuta que facilite ao paciente suas próprias descobertas. Segundo Frasson (2005, p.208) “O estilo clínico Ser e Fazer privilegia o encontro inter-humano, emocionalmente sustentado pelo psicoterapeuta que, frente a demanda de intenso sofrimento psíquico, pode fazer uso de alguma materialidade mediadora, a qual tem como função favorecer a emergência do gesto espontâneo e da criatividade, semeando o sentimento de continuidade do ser.” A psicoterapia pode ser concebida como um brincar especializado onde o encontro ocorre através da sobreposição de áreas do brincar, que seria a do paciente e do analista, como propões Winnicott (1971, apud Frasson, 2005), que resultaria em um espaço de sustentação emocional e confiança. E para isso é imprescindível que o profissional tenha uma boa formação teórica e crítica. O fato de o psicólogo se mostrar disponível e aberto ao paciente, facilita a criação de um espaço de aceitação mútua no qual se podem vivenciar experiências criativas que podem configurar-se como mutativas. O setting terapêutico não é somente o ambiente físico, ele é primordialmente configurado pela situação emocional oferecida pelo psicoterapeuta, logo, pode ser levado a qualquer lugar. A maior preocupação deve estar em criar um ambiente facilitador para que a compreensão de cada situação possa levar a uma determinada intervenção. Deve ser um espaço de acolhimento suficientemente bom. “Nestas consultas terapêuticas ou “conversas”, o terapeuta norteia- se pela sua sensibilidade para perceber a necessidade do paciente e, como a “mãe preocupada” de Winnicotti (1956), apresenta a ele a intervenção necessária no momento que julga ser apropriado. O terapeuta não tem pressa, pois que o tempo certo é o tempo do paciente; o terapeuta não impõe a sua técnica, para preservar a criatividade do paciente; o terapeuta não indica o caminho, mas oferece-se como veículo, que o paciente usa para avançar, e, seu próprio ritmo, rumo ao seu desenvolvimento emocional, que em algum momento foi interrompido” (FRASSON, 2005, p.212). 2. Apresentação do local e condições nas quais as atividades do estagiário aconteceram A clínica-escola das Faculdades Adamantinenses Integradas, abrigada no Núcleo de Psicologia da mesma (NUPFAI), foi implantada no início do segundo semestre letivo de 2005, quando a primeira turma de Psicologia atingiu o 9º termo do curso, iniciando os estágios de práticas clínicas. Enquanto clínica-escola de Psicologia apresenta como objetivos básicos: atendimento aos clientes e formação dos alunos. A clínica-escola da FAI atende a Adamantina e região, estando em atendimento pacientes de 8 municípios (com distância de até aproximadamente 70 km). Tem três pólos de atuação: a) a própria clínica-escola, onde são desenvolvidos atendimentos psicoterápicos individuais e grupais a crianças, adolescentes e adultos; b) Rede de Combate ao Câncer, onde são desenvolvidos atendimentos a usuários e famílias da Rede; c) e o Centro de Saúde de Adamantina, estando em implantação um projeto de atendimento grupal através de oficinas terapêuticas. O atendimento ocorre através de alunos do último ano de psicologia (9º e 10º termos) supervisionados por Professores/Supervisores do curso de Psicologia, inscritos no CRP/06. A clínica-escola tem desempenhado um importante papel social à cidade de Adamantina e às cidades da região ao oferecer um atendimento qualificado e gratuito a uma grande parcela da população, que não possui outros locais públicos, além do Centro de Saúde do município que não absorve a demanda que procura por auxílio psicológico. Ao iniciar seu funcionamento, já existiam pessoas cadastradas no Núcleo de Psicologia, aguardando por atendimento,e foi sendo constatado um aumento paulatino da demanda, chamando atenção da técnica responsável pelo crescente e rápido aumento, bem como a complexidade e/ou gravidade das situações que foram se apresentando. Existiam as mais diversas queixas, dentre elas: situações relacionadas a perdas, luto, depressão, tentativa de suicídio, dificuldades pós-traumáticas como abuso sexual, vítimas de violência, disfunções orgânicas, dificuldades escolares e de relacionamento. Diante do aumento da demanda e número limitado de possibilidade de atendimento, percebeu-se também que passaria a existir em um breve espaço de tempo, um período muito longo não mais entre cadastros e triagens e sim entre estas e os atendimentos. Observou-se também que algumas pessoas chegavam para fazer cadastro e relatavam suas questões pessoais na recepção, ou começavam a chorar, a se emocionarem ainda na recepção, fazendo perguntas especificamente técnicas e alegavam que a necessidade do atendimento era urgente. Por outro lado, em relação às triagens, percebeu-se a necessidade de aprimorar o processo de escuta na primeira entrevista, seus instrumentos de registro, assim como facilitar os encaminhamentos a partir da primeira escuta. Frente a estas questões, sentiu-se a necessidade de se reestruturar as triagens, intensificando suas ocorrências, pois a demanda de cadastros para atendimento era alta, e também implantar um serviço de pronto-atendimento, devido às urgências e solicitações de orientações que estavam surgindo na clínica-escola. Sob supervisão da técnica da clínica-escola implantou-se em março de 2006 o projeto de triagem e pronto-atendimento com a participação de alunos do 9º e 10º termos de Psicologia1, alterando-se os objetivos específicos e a metodologia de trabalho, de acordo com as demandas da clínica-escola e prioridades analisadas e definidas pela equipe de trabalho. Neste primeiro semestre, foi também convidada uma professora da área de clínica infantil para orientar os alunos quanto à triagem de crianças, pois sentiam-se muito inseguros. Para o segundo semestre de 2006 definiu-se como objetivo geral a estruturação de serviços em Psicologia com a dupla função de propiciar atendimento qualificado à população que requeria os serviços do Núcleo de Psicologia da FAI e propiciar a formação qualificada dos estagiários de Psicologia, Como objetivos específicos: estruturar um fluxograma para o processo de triagem, definir critérios de urgência, reorganizar fichas do modelo de triagem, estabelecer critérios de atendimento, qualificar a escuta durante a triagem e estruturar serviços de atendimento com referenciais de atendimento breve. 1 O projeto foi implantado em março de 2006 com os alunos do décimo termo de Psicologia: André Luis Schumaker, Daniel Vicente da Silva, Elaine Cristina Fernandes, Maíra Araújo Buchwitz, Thaís Ferreira Martins e do 9º termo: Mércia Fuzetti de Almeida Troncon e Rafaela Atelli Nascimento. No 2º semestre de 2006, com a formatura dos 5 primeiros alunos, somente Rafaela e Mércia mantiveram-se no projeto e entraram as alunas: Daniela Waseda Caetano, Fabiana Aparecida Uemura e Juliana Pardo Moura C. Godoy. 3. Descrição do trabalho Para efetivação dos serviços em pronto-atendimento elaborou-se um Projeto de pronto-atendimento e triagens, que é apresentado no apêndice A. Para sua efetivação foi elaborada uma escala de dias e horários diferenciados, nos quais a psicóloga responsável pela clínica-escola e os alunos da equipe ficavam de plantão para os atendimentos. O paciente ao chegar à clínica-escola, fazia sua inscrição (cadastramento), podendo também, na mesma data ocorrer o pronto-atendimento e, dependendo da necessidade, ser realizada uma entrevista de triagem, sendo o paciente orientado e/ou encaminhado, de acordo com suas demandas e possibilidades de atendimento. No horário de plantão também ocorriam triagens por agendamentos. As entrevistas de triagem tinham duração aproximada de 50 minutos, podendo ocorrer novo agendamento, caso se percebesse necessidade de continuidade. Existiam supervisões semanais quando então a proposta era realizar o embasamento teórico das ações e refletir sobre estas, pensando em vários aspectos como: qualificação da escuta dos alunos, melhor encaminhamento para a situação apresentada pelo paciente, clarificação do papel e dos procedimentos da clínica-escola. Nas reuniões semanais discutiam-se os procedimentos a serem feitos com os pacientes que já estavam triados esperando por atendimento; analisavam-se os prontuários com as queixas para se decidir pelo melhor encaminhamento a ser tomado. De acordo com a data do cadastro, a faixa etária, a urgência, adequação a atendimento individual ou em grupo, os casos eram organizados e encaminhados para as respectivas áreas de atendimentos, reorganizando-se assim a fila de espera. Com a análise dos prontuários, percebeu-se que alguns dados a mais eram necessários para completar a análise dos casos. Em virtude de tal situação, leituras adicionais foram indicadas pela técnica para que as estagiárias qualificassem a escuta durante o processo de triagem, como por exemplo, perceber aquilo que não é dito através da entonação de voz, postura, comportamentos não verbais, verificando a coerência entre estes. Também se verificou a necessidade de se reorganizar os modelos impressos utilizados nos prontuários e para isto, pesquisas sobre dados de outras clínicas-escolas auxiliaram nas modificações sugeridas, modificações estas que poderão ter novas reorganizações futuramente. A respeito da demanda dos pacientes percebeu-se que esta aumentava gradativamente e devido à impossibilidade de atender a todos num tempo adequado, em vista da maioria dos estagiários já estarem realizando acompanhamentos terapêuticos, os casos considerados urgentes tiveram prioridades no projeto pronto-atendimento, sendo atendidos então pelas estagiárias do projeto em uma perspectiva breve. Casos como tentativa de suicídio, depressão pós-parto, abuso sexual entre outros, foram considerados urgentes. Com a análise dessa demanda, percebeu-se a necessidade de estruturar um atendimento em grupo para orientação a pais, devido ao grande contingente de casos infantis com queixas semelhantes. Dessa forma, um pré-projeto (Apêndice B) foi estruturado para atender aos pais das crianças que aguardam na fila de espera, com o intuito de diminuir a desistência e aumentar a aderência no processo terapêutico. 4. Apreciação sobre o desenvolver das atividades e dos desafios enfrentados Até 28/06/06 havia 733 pessoas cadastradas no NUPFAI. Destas, 143 encontravam-se em atendimento psicoterápico. Inativas ou desligadas eram 115, devido à desistência ou por terem recebido alta. Aguardando para a realização de triagem, 433 pessoas, tendo 42 pessoas já triadas esperando serem chamadas para atendimento. No final de 2006, 933 pessoas estavam cadastradas. Destas, 135 se encontravam em atendimento psicoterápico; 195 foram desligadas ou estavam inativas e 603 aguardavam por atendimento. No segundo semestre, triagens, atendimentos em psicoterapia breve e pronto- atendimentos foram realizados pela equipe de estagiárias e técnica responsável pela clínica-escola, sendo que, através da observação e participação do/no cotidiano da clínica e das supervisões, pode-se rever e implantar diversos procedimentos. Entre eles destacaram-se: a qualificaçãoda escuta da triagem e dos encaminhamentos, organização da fila de espera, projeto de orientação a pais, revisão dos impressos em utilização, reflexões sobre procedimentos técnicos e administrativos. Baseado nas queixas dos pacientes e de acordo com as áreas de atendimento ofertadas pelo Núcleo de Psicologia da FAI, o fluxograma foi reestruturado permitindo uma visualização que facilitou a dinâmica dos encaminhamentos, conforme se observa abaixo: T ri ag em C ad as tr o P ac ie nt e à pr oc ur a po r at en di m en to P ro nt o- at en di m en to F L U X O G R A M A D E A T E N D IM E N T O D A C L ÍN IC A -E S C O L A D O N Ú C L E O D E P S IC O L O G IA D A S F A C U L D A D E S A D A M A N T IN E N S E S I N T E G R A D A S _ N úc le o de P si co lo gi a: • P ro je to T D A H • C ân ce r – R ed e F em in in a • O fi ci na s T er ap êu ti ca s – C en tr o de S aú de • Á re as : E sc ol ar , T ra ba lh o, S oc ia l/ In st it uc io na l - C om un id ad e: * E sp ec ia li da de s M éd ic as ( C en tr o de S aú de ) * C R E R E S ( C as a de R ec up er aç ão e R es so ci al iz aç ão ) * O ut ro s • A do le sc en te s – In di vi du al /G ru pa l • C ri an ça – I nd iv id ua l/ G ru pa l • A du lt os – I nd iv id ua l/ G ru pa l • F am íl ia S er vi ço s E xt er no s à C lí ni ca -e sc ol a P si co te ra pi as A te nd im en to B re ve (P la nt on is ta ) C lí ni ca - es co la d o N U P F A I Também aos dados dos impressos dos prontuários foram sugeridas modificações que poderão ser implantadas ou não de acordo com a aprovação da técnica e equipe de supervisores. Os casos analisados foram dispostos na fila de espera de acordo com a urgência de cada um e organizados em atendimentos individual e grupal, respeitando-se a data de cadastro, data de triagem, faixa etária, queixa e tratamento necessário. Observou-se que havia casos de tentativa de suicídio, de violência sexual, furtos, crianças com dificuldade de aprendizagem, casos de pacientes que não se adaptaram com a troca de terapeuta, depressão pós-parto, estresse pós-traumático e outros. Alguns casos que precisavam de um atendimento imediato em vista da gravidade, foram atendidos dentro dos plantões de pronto-atendimento em uma perspectiva breve, como os seguintes casos: uma adolescente que apresenta agressividade, uma mulher com depressão pós- parto, uma criança com suspeita de abuso sexual, um agente penitenciário com estresse pós- traumático, uma criança em processo de elaboração de luto, uma jovem que atentou contra a vida e uma criança com suspeita de TDAH. Desses casos dois foram finalizados, o de depressão pós-parto e o psicodiagnóstico de suspeita de TDAH, sendo os pais encaminhados para o grupo de orientação no próximo ano; o caso de abuso, após a realização de anamnese com os pais, atendimentos com a criança e aplicação de testes, conclui-se que os conflitos se encontravam dentro da dinâmica familiar, portanto, os pais foram encaminhados para o grupo de orientação a pais e optou-se pela continuação do atendimento individual com a criança; os demais continuaram em atendimento psicoterápico. Analisando os prontuários de pacientes da fila de espera, constatou-se um grande contingente de pais solicitando atendimento psicoterápico para seus filhos em virtude de conflitos na dinâmica familiar e comportamento inadequado dos seus filhos nos diversos contextos. Em razão de tal contingente, foi elaborado um projeto voltado para essa clientela, pois percebeu-se que uma orientação aos pais minimizaria a angústia da espera e conseqüentemente da queixa em questão.O projeto elaborado encontra-se no Apêndice B, devendo ser adequado pela próxima equipe de estagiários. A partir das atividades realizadas pode-se, além de contribuir nos serviços de extensão prestados à comunidade, complementar a formação dos estagiários, especialmente através da reflexão e necessidade de participar em situações decisórias. Ressalta-se a seguir algumas reflexões desencadeadas pelas situações de triagem e pronto-atendimento. Pode-se observar que nem toda procura pela clínica-escola deve gerar uma triagem e/ou um atendimento psicológico, muitas vezes é apenas questão de orientação e/ou encaminhamento para outros serviços, em situações como: . procura para orientação em relação a provas psicológicas em concursos públicos; . parentes que desejam fazer cadastro de filhos, esposas, entre outros, sem o conhecimento destes; . solicitação de orientação em relação a comportamentos ou dúvidas sobre trazer o familiar a um psicólogo ou levar à determinada especialidade médica. A prática constante também propiciou que alguns atendimentos colocassem o estagiário frente à situações para as quais precisou criar saídas, articulando saberes e improvisando ações, como por exemplo: . situação em que uma estagiária percebeu que as duas triagens que faria, eram de marido e mulher. “E agora? Triagem individual? Triagem do casal?” . situação em que a criança era trazida junto para a triagem do adulto ou da própria criança. Ocorreram também situações em que se deparou com limitações a serem enfrentadas: . “Como lidar com situação de crise? O paciente só chora ... ele não fala ou ele dispara...” . “Como triar crianças, se nem todos tinham experiência psicoterápica com crianças?” . “Nossa... qual é o limite entre uma triagem e um atendimento psicoterápico?” . “Puxa, me interessei demais pelo caso que triei, tenho mesmo que ‘passar’ para outro estagiário?" A partir destas demandas, existia a necessidade de pesquisar, cuidar do assunto, o qual envolvia não só os pacientes, mas os estagiários, enfim, toda a estrutura da clínica-escola. 5. Considerações finais A clínica-escola tem o objetivo de contribuir com a formação do aluno e de prestar um serviço de qualidade à população, mas possui um número limitado de alunos e de salas disponíveis para estes atendimentos, em vista disto ela também não consegue absorver toda a demanda que procura por atendimento, como, por exemplo, pode-se citar as solicitações de atendimentos feitas pelo Poder Judiciário, o qual tinha encaminhado casos a serem avaliados e acompanhados pela clínica-escola, tendo prioridade frente aos outros pacientes que aguardavam por atendimento. No decorrer dos plantões realizados, alguns casos emergenciais foram atendidos pelas plantonistas num atendimento psicoterápico breve, oferecendo ao paciente uma escuta e um acolhimento de seu sofrimento psíquico, bem como possibilitando uma nova perspectiva de vida. Estes atendimentos se deram em vista da preocupação do grupo de estagiárias com relação a urgências dos casos, considerando-se que uma intervenção era necessária para que pudessem aguardar por atendimento em 2007. Com respeito aos casos que passaram por este tipode atendimento pode-se dizer que foi benéfico tanto para os pacientes como para aprendizagem das estagiárias que puderam experienciar uma nova forma de atendimento. Constatou-se que entre as estagiárias, algumas seguiam a abordagem psicanalítica e outras a abordagem comportamental, fato que possibilitou nas supervisões uma troca de experiências construtiva para a vida profissional das mesmas. Sabe-se que muito ainda há para ser feito neste campo, o que dependerá do interesse dos próximos estagiários, do contingente de pessoas que procurará pelo atendimento psicoterápico do Núcleo de Psicologia, dos mais variados conflitos que se mostrarem presentes com suas urgências e emergências. Ressalta-se também que a partir da observação do crescimento vertiginoso de número de pessoas cadastradas para atendimento psicológico, foram tomadas providências que facilitassem o fluxo de pacientes, melhorando a qualidade dos atendimentos, porém, também foi discutido e concluiu-se que não é papel do NUPFAI dar conta de toda a demanda do município e das cidades vizinhas, já que estes possuem ou deveriam possuir instituições que oferecessem atendimento à saúde mental de seus munícipes. Pode-se concluir que os objetivos propostos foram atingidos, mas ao mesmo tempo, foram sendo criadas outras demandas. Enquanto, a primeira equipe, do primeiro semestre de 2006, implantou o Plantão de atendimento psicológico, priorizou a triagem e fez um primeiro fluxograma, a do segundo semestre deu seqüência aos plantões para pronto-atendimento, manteve as triagens, re-adequou o fluxograma, organizou a fila de espera, projetou um atendimento para grupo de pais e implantou o atendimento psicoterápico com enfoque breve, ficando para a próxima equipe, do ano de 2007, concluir a revisão dos impressos, dar seqüência a todos os passos já implantados (triagens, plantões de pronto-atendimento, atendimentos psicoterápicos breve) e implantar os atendimentos em fila de espera. Já deixaram um início de caminho, pensou-se em grupos de espera, psicodiagnósticos interventivos, uma relação de bibliografias .... Cada tempo trará uma demanda e fará parte do processo sempre estarem mudando, ampliando, melhorando.... Nunca estará pronto. Mesmo assim e estando ainda a clínica-escola em processo de estruturação de serviços, entende-se que os resultados obtidos com o projeto foram satisfatórios, tanto para os pacientes quanto para os estagiários, pois: - proporcionou uma mudança na dinâmica de atendimento do NUPFAI, o que beneficiou a clientela que procurou a clínica. - as discussões realizadas durante as supervisões contribuíram para a aquisição de conhecimentos articulados à prática clínica, bem como a leitura da bibliografia indicada. - o trabalho proporcionou aos estagiários a ampliação da escuta, a percepção da diferenciação de queixas, e o desenvolvimento do exercício ético, entre outros aspectos. . 6. Referências bibliográficas ANCONA-LOPES, Silvia. A porta de entrada: reflexões sobre a triagem como processo interventivo. In: MELO-SILVA, L.L.; SANTOS, M. A.; SIMON, C. P. (org.). Formação em Psicologia: serviços-escola em debate. São Paulo: Vetor, 2005. CORDIOLI, Aristides Volpato. Psicoterapias: abordagens atuais. 2ºed. Porto Alegre: Artmed, 1998. FRASSON, L.M.M. Clínica Winnicottiana no Centro de Atenção Psicossocial-CAPS In: VAISBERG, T.A.V.; FOLLADOR E AMBRÓSIO, F. Cadernos Ser e Fazer. IPUSP, 2005 p. 205-216. KNOBEL, Mauricio. Psicoterapia breve. 1º ed. São Paulo: E.P.U., 1996. MARQUES, Nádia. Entrevista de triagem: espaço de acolhimento, escuta e ajuda terapêutica. In: MACEDO, M. M. K.; CARRASCO, L. K. (org.). (Com) textos de entrevista: olhares diversos sobre a interação humana. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005. MACEDO, Rosa Maria. Psicologia e instituição: novas formas de atendimento. 2ºed. São Paulo: Cortez, 1986. MELO-SILVA, L.L.; SANTOS, M. A.; SIMON, C. P. (org.). Formação em psicologia: Serviços-escola em Debate. São Paulo: Vetor, 2005. PERFEITO, H. C. C. S.; MELO, S. A. de. Evolução dos processos de triagem psicológica em uma clínica-escola. Rev. Estudos de Psicologia, PUC-Campinas, v. 21, n. 1, p. 33-42, janeiro/abril 2004. Disponível em: <http://biblioteca.ricesu.com.br/ler.php?art_cod=1742> Acesso em 21 out. 2006. ROMARO, Rita Aparecida; CAPITÃO, Cláudio Garcia. Caracterização da clientela da clínica- escola de psicologia da Universidade São Francisco. Psicologia: Teoria e Prática, 2003, 5 (1): 111-121. SAKAMOTO, Cleusa Kazue. A utilização de indicadores criativos em psicoterpia breve. São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2001. SALINAS, Paola; SANTOS, Manoel Antonio dos. Serviço de triagem em clínica-escola de psicologia: a escuta analítica em contexto institucional. Psyché. Ano VI,n. 9, São Paulo: 2002, p. 177-196. Disponível em: <http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/307/30700914.pdf> Acesso em: 21 de out. 2006. SANTOS, Manoel Antônio dos; OLIVEIRA, Érika Arantes de. Serviço de triagem de adultos e adolescentes: panorama histórico de uma clínica psicológica. In: MELO-SILVA, L.L.; SANTOS, M. A.; SIMON, C. P. (org.). Formação em Psicologia: serviços-escola em debate. São Paulo: Vetor, 2005. SCHMIDT, Maria Luisa Sandoval. Plantão psicológico, universidade pública e política de saúde mental. Rev. Estudos de Psicologia, PUC-Campinas, v. 21, n. 3, p.173-192, setembro/dezembro 2004. Disponível em: <http://biblioteca.ricesu.com.br/ler.php?art_cod=1742> Acesso em 21 out. 2006. SIMON, Ryad. Psicoterapia breve operacionalizada: teoria e técnicas. 1º ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005. STERIAN, Alexandra. Emergências psiquiátricas: uma abordagem psicanalítica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001. WAIDEMAN, Marlene Castro. Pronto-atendimento, recepção e triagem: uma experiência no contexto do Centro de Pesquisa e Psicologia Aplicada (CPPA) “Dra. Betti Katzenstein” – FCL de Assis/ Unesp. In: MELO-SILVA, L.L.; SANTOS, M. A.; SIMON, C. P. (org.). Formação em Psicologia: serviços-escola em debate. São Paulo: Vetor, 2005. WAIDERGON, Lea. Et al. Resenha: Intervenções clínicas breves e pontuais. Disponível em: http://www.livrariaresposta.com.br. Acessado em 20 dez. 2006. YEHIA, Gohara Yvette. Interlocução entre o plantão psicológico e o psicodiagnóstico colaborativo. Rev. Estudos de Psicologia, PUC-Campinas, v. 21, n. 1, p. 65-72, janeiro/abril 2004. Disponível em: <http://biblioteca.ricesu.com.br/ler.php?art_cod=1742> Acesso em 21 out. 2006. YOSHIDA, Elisa Pizão. Psicoterapias psicodinâmicas breves e critérios psicodiagnósticos. 1º ed. São Paulo: E.P.U., 1990. APÊNDICE A PROJETO DE TRIAGEM E PRONTO-ATENDIMENTO DA CLÍNICA-ESCOLA DA FAI A clínica-escola das Faculdades Adamantinenses Integradas, abrigada no Núcleo de Psicologia da mesma, foi implantada no início do segundo semestre letivo de 2005, quando a primeira turma de Psicologia atingiu o 9º termo do curso, iniciando os estágios de práticas clínicas. Ao iniciar seu funcionamento, já existiam pessoas cadastradas no Núcleo de Psicologia, aguardando atendimento, e foi sendo constatado um aumento paulatino da demanda, chamando atenção da técnica responsável pelo crescente e rápido aumento bem como a complexidade e/ou gravidade das situações que foram se apresentando. Diante do aumento da demanda e número limitado de possibilidade de atendimento,percebeu-se também que passaria a existir em breve espaço de tempo um período muito longo, não mais entre cadastro e triagem e sim entre estes e o atendimento. Frente a estas questões, sentiu-se a necessidade de se reestruturar as triagens, intensificando suas ocorrências, pois a demanda de cadastros para atendimento era alta, e implantar um serviço de pronto-atendimento, devido às urgências e solicitações de orientações que estavam surgindo na clínica-escola. Considerando que a clínica-escola tem dois objetivos básicos: atendimento aos clientes bem como a formação dos alunos, compreendeu-se que o envolvimento dos alunos do curso sob supervisão da técnica da clínica-escola daria condições de atendimento a ambos. Desta forma este projeto vem atender as necessidades da população, e também propicia uma excelente oportunidade para o estagiário de psicologia no desenvolvimento de habilidades relacionadas à escuta e acolhimento do cliente psicológico. 1.0 Objetivos • Oferecer uma escuta especializada as chamadas das pessoas que procuram a clínica, ou que são encaminhadas por instituições e outros profissionais, no sentido de acolher e encaminhar adequadamente suas necessidades; • Implantar o pronto-atendimento; • Acelerar o processo de triagem; • Após acolher e esclarecer a demanda, providenciar encaminhamento; • Estruturar um fluxograma para o processo de triagem; • Definir critérios de urgência; • Reorganizar ficha do modelo de triagem; • Estabelecer critérios de atendimento de triagem; • Qualificar a escuta durante a triagem; • Diminuir o tempo de espera entre cadastro, triagem e início do atendimento; • Estruturar projetos de atendimentos breves. 2.0 Equipe Responsável • Psicóloga/Técnica responsável pela clínica-escola; • Estagiários da graduação de Psicologia (9º e 10º termo). 3.0 Funcionamento • Os estagiários juntamente com a supervisora da triagem estabelecerão os dias e períodos em que ocorrerão a triagens. • Os horários de pronto-atendimento estão distribuídos de forma que haja plantonistas todos os dias da semana de 2ª aos sábados, pelo menos em um dos períodos do dia. 4.0 Bibliografia • POPPOVIC, Ana Maria. Serviço de Triagem e Plantão Psicológico da Clínica Psicológica. São Paulo, 1999. APÊNDICE B PROJETO DE GRUPO DE ORIENTAÇÕES A PAIS. 1- Introdução: O Núcleo de Psicologia da FAI tem uma grande demanda de toda a região, sendo que uma parcela significativa dessa população que chega são crianças, as quais não chegam sozinhas, em sua maioria são trazidas pelos pais que buscam o acompanhamento psicológico para seus filhos. Devido ao número restrito de estagiários, há uma impossibilidade de atendimento individual disponível e na tentativa de atender essa comunidade e evitar que a fila de espera se torne infindável, o projeto de pronto-atendimento, tem como propósito implantar um trabalho a ser realizado com grupos de pais, a fim de orientá-los nas dificuldades dos filhos e na possibilidade de melhorar as relações vinculares estabelecidas, num enfoque participativo e integrativo. Considerando que o ser humano é gregário por natureza e somente existe, ou subsiste, em função de seus inter-relacionamentos grupais, a utilização e o conhecimento da psicologia grupal auxiliam o indivíduo, já que este passa a maior parte de sua vida convivendo e interagindo com diferentes grupos (Zimerman, 1997). O termo grupo é muito vago e impreciso, podendo ter diferentes definições, mas muitos autores concordam que a família é o grupo fundamental na interação social das crianças, já que é nas relações estabelecidas nesse espaço de convívio que estas aprendem com os adultos. A família tem estado sempre na história da sociedade e dos indivíduos, tanto como objeto de análise social, antropológica e histórica, quanto grupo social, uma referência para estudo de crenças e costumes de um povo (Cerveny, 1997). Desde então a família não é um conceito unívoco, sendo uma expressão de difícil conceituação, mas tão somente de descrição, ou seja, é possível descrever as várias estruturas ou modalidades assumidas pela família através dos tempos, mas não é possível defini-la ou encontrar elementos comuns a todas as formas que se encontram (Osório, 2002). Compreendendo que não é uma entidade estática, estando em constante processo de mudança, é necessário considerar o indivíduo e sua família simultaneamente (Cerveny, 2002). Neste projeto a família será enfocada como um sistema de relações que opera de acordo com os princípios básicos e que evolui no seu desenvolvimento, de modo particular e complexo, determinado por inúmeros fatores, assegurando a sua continuidade e o crescimento de seus membros. A família, como uma unidade de uma sociedade vive a mudança pelas quais atravessa, tendo a função de proteger seus membros psicossocialmente e acomodá-los na cultura. (Macedo & Carrasco, 2005). A família passa ser o enfoque quando observamos a influência que um dos membros com conflito afeta a todos reciprocamente, dessa forma, o indivíduo deixa de ser entendido como um ser isolado, mas aquele que convive em grupo trocando experiências com este meio sendo ativo e reativo, onde as modificações nas relações estabelecidas com as crianças poderão alterar os comportamentos considerados inadequados pela família ou sociedade. Como o foco do projeto são os pais, o grupo terá como propósito orientá-los em relação às formas mais adequadas de vivenciar as dificuldades que se encontram no dia-a-dia, no decorrer de um determinado tempo, dessa forma, poderemos beneficiar camadas mais amplas da população que procuram o NUPFAI. Os grupos de orientação estarão baseados nas ideologias, ou seja: (...) as ideologias são sistemas de idéias e conotações de que os homens dispõem para melhor orientar a sua ação (...) são um fator fundamental na organização da vida. Podem-se transmitir de pais e professores para filhos e alunos por processos variados de identificação. São mantidas por uma unidade do aprender e ensinar, operantes como estrutura funcional de um trabalho em conjunto (GRUSPUN, 1997, p...... O grupo estará voltado para a tarefa de aprender a superar as contradições, buscando aliviar as tensões e ansiedades vivenciadas no cotidiano com os seus filhos. O coordenador deve desempenhar o papel de trazer as ideologias para o grupo, ou seja, antecipadamente preparar os itens que irão ser propostos no encontro, inter-relacionados com o social. Para isso, o coordenador deve analisar os casos clínicos que serão selecionados para participarem do grupo buscando uma homogeneidade de queixas para facilitar o trabalho a ser desempenhado. As seqüências mais comuns dos grupos de orientação com as ideologias preparadas são através de perguntas dirigidas ao grupo, os quais passam por determinadas fases que precisam ser compreendidas (Gruspun, 1997). A primeira se caracteriza pela luta-fuga, onde o grupo se encontra reunido para lutar por alguma coisa ou fugir, podendo assumir qualquer movimento desses conforme a configuração do grupo. Nesta fase, cada membro vai cedendo uma parte de seus pressupostos e vão adquirindo outros, encontrando ao final uma concordância explícita. O orientador deve compreender que o grupo aceitou o tema e passar a outro. A segunda suposição básica é o emparelhamento, onde sobre determinado tema os membros do grupo conversam entre si, de regra com quem está ao seu lado, tendo o orientador a percepção através de alguns diálogos ou olhares de concordância entre os participantes, para que se considere a suposição grupal. Nadependência, o grupo se encontra dependente do tema, confirma o suposto que está no projeto do orientador, se encerrando nessa fase (Gruspun, 1997). 2.0 Objetivos: 2.1 Objetivo geral: O projeto busca atender à demanda de pais que procuram atendimento para seus filhos no Núcleo de Psicologia da FAI, e devido à existência de uma fila de espera serão realizados grupos de orientação e discussão sobre o desenvolvimento e educação infantil. 2.2. Objetivo específico: - Realizar grupos com os pais à fim de levá-los a ter atitudes familiares mais adequadas na educação dos filhos; - Esclarecer o que é o serviço de psicologia e oferecer um atendimento imediato; - Diminuir a ansiedade; - Explicar os recursos disponíveis pela instituição. 3.0 Método: 3.1- Participantes: O público alvo consistirá nos pais ou responsáveis pelas crianças cadastradas na fila de espera que apresentem problemas de comportamento e dificuldades escolares. Os pais serão selecionados a participar do grupo, de acordo com a faixa etária das crianças, as quais deverão estar entre 6 a 13 anos. 3.2- Procedimentos: O grupo de orientação a pais terá um número limitado de encontros, com reuniões semanais, no máximo de duas horas de duração. Inicialmente consideramos necessária uma escuta dos pais a serem encaminhados para os grupos, levantando neste primeiro encontro as impressões e necessidades de cada um, pois uma seleção adequada dos membros é a condição essencial para o bom desenvolvimento do grupo. O grupo de orientações a pais deve ser indicado àqueles que não possuem sérios problemas de personalidade, mas que têm dificuldades em relacionar-se com seus filhos devido a padrões culturais e sociais confusos, falta de informação, desconhecimento das realidades e comportamentos infantis. Esses pais necessitam de uma melhor compreensão da dinâmica das relações filhos-pais e das características básicas de desenvolvimento da criança e de suas necessidades (Ginott, 1979). A dinâmica será estabelecida pelo orientador do grupo através dos pressupostos do tema discutido no encontro, tendo respostas necessárias às possíveis perguntas que possam surgir. Os participantes discutem o tema até que o grupo chegue a um consenso sobre as respostas adequadas, o suposto grupal. O orientador só deverá intervir quando aparecer a ansiedade, esclarecendo o tema proposto com o discurso de aspectos intelectuais, os quais irão interromper a carga emocional e a ansiedade grupal de qualquer origem. Quando os pais passarem a ter a percepção de seus filhos como pessoas que têm sentimentos e necessidades próprias, e quando se tornam sensibilizados para melhorar os significados latentes nas atitudes infantis, serão capazes de melhorar consideravelmente sua vida cotidiana com os filhos. Os temas a serem discutidos podem ser de diferentes âmbitos, de acordo com a clientela a qual será direcionada o trabalho, entretanto, de acordo com os levantamentos realizados no NUPFAI, consideramos que alguns temas específicos podem ser focados: 1- Educação; 2- Comportamentos da criança; 3- Atitudes familiares de acordo com a idade da criança; 4- Disciplina, tolerância e limites; 5- Castigos, proibições e recompensas; 6- Organização da vida diária; 7- Pais e escolas. Os pais convidados precisam compreender o significado do comportamento de seus filhos, onde os problemas vividos pelas crianças não são expressos por palavras, mas sim, por ações consideradas inadequadas no contexto em que vivem. No grupo os pais podem ocupar o espaço para discutirem importantes relações familiares em uma atmosfera não moralística, podendo construir novas relações com os seus filhos, assim como adquirirem um conjunto de informações dos comportamentos de seus filhos adequando-os ao seu cotidiano. Dessa forma, o grupo possibilitará um atendimento mais amplo à comunidade, atingindo um contingente maior de pessoas, com um número menor de estagiários, em comparação se os atendimentos fossem individuais. Referências Bibliográficas: CERVENY, C.M. O. Visitando a família ao longo do ciclo vital. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002. ________________. Família e ciclo vital: nossa realidade em pesquisa. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997. DUARTE, I. A prática da psicoterapia infantil. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989. GINOTT, H.G. Psicoterapia de grupo com crianças: a teoria e a prática da ludoterapia. Belo Horizonte: Interlivros, 1979. GRUNSPUN, H. Psicoterapia lúdica de grupo com crianças. São Paulo: Editora Atheneu, 1997. MACEDO, M.M.K; CARRASCO, L.K. (org) (Com)textos de entrevistas: olhares diversos sobre a interação humana. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005. OSÓRIO, L.C. Casais e famílias: uma visão contemporânea. Porto Alegre: Artmed, 2002. ZIMERMAN, D.E. Como trabalhamos com grupos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. “PEQUENO MEMORIAL” – MOTIVOS DE ESCOLHA DO TEMA A PARTIR DA TRAJETÓRIA DO ALUNO Apesar de estudarmos em turnos diferentes (três do período noturno e duas do período diurno), não termos inicialmente relações próximas de amizade e termos optado por referenciais de abordagem teórica diferenciada (duas pela abordagem comportamental e três pela abordagem psicanalítica), algo em comum tínhamos: sempre fomos alunas dedicadas, líamos avidamente os textos, participávamos atentamente das aulas e, além de muitos sonhos para a nossa profissão, nos angustiava muito observar o sofrimento humano, estando sempre motivadas a fazer algo, com empenho, em prol do outro. A partir disto, por escolhas individuais, este campo de estágio foi escolhido no momento que começamos nosso estágio de atendimento clínico. No início a escolha foi individual, depois nos tornamos uma equipe, com igualdade de propósitos e investimentos, mesmo com diferenciações de metodologias, fazendo-nos pensar sobre as diferenças e semelhanças, assim como na efetivação dos propósitos. Como nosso curso é novo, fomos a segunda turma a receber o certificado de graduação em Psicologia da instituição de ensino FAI, percebemos que havia muito a ser feito naquele lugar que considerávamos como nosso, a clínica-escola do Núcleo de Psicologia. Fazia-se urgente a necessidade de se organizar a fila de espera, pois a cada dia víamos pessoas sofrendo virem à procura de ajuda, e ficarem sem atendimento, pois éramos poucos, a “nossa casa” não comportava tantas salas e pessoas. Movidas pela vontade de ser útil, pela vontade de aprender sempre mais, pois fazer triagem era sedutor, aceitamos o convite de nossa coordenadora para fazermos este trabalho. Para nós foi compensador e valioso, pois precisamos estudar mais, pesquisar mais, refletir mais. Mas nos deixou uma experiência muito rica, pois ao adentrarmos à sala com um novo paciente, não sabíamos o que encontraríamos, assim como, o que poderíamos fazer por ele, e sempre tínhamos que buscar alternativas, e isto , hoje, na nossa profissão, nos dá mais segurança e confiança. Adamantina, 30 de março de 2007 Mércia Fuzetti de Almeida Troncon Daniela Waseda Caetano Fabiana Aparecida Uemura Juliana Pardo Moura C. Godoy Rafaela Atelli Nascimento
Compartilhar