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Do Projeto à Monografia de Conclusão de Curso
 
Do Projeto à Monografia de Conclusão de Curso
RESUMO
O objetivo deste texto é apresentar, de forma resumida, os principais aspectos que caracterizam um Projeto de Monografia (PM) e que permitam, deste, chegar à Monografia de Conclusão de Curso (MCC). Inúmeros são os livros, artigos e manuais que abordam o assunto, não havendo, portanto, motivo para repetir, seja no conteúdo ou na forma, tópicos já apropriadamente tratados. Destarte, optou-se por uma abordagem diferenciada, privilegiando o relacionamento sistêmico que caracteriza e vincula as partes do tema, nem sempre percebido pelos iniciantes, que tendem a privilegiar os aspectos normativos e formais, conforme os roteiros apresentados em alguns livros. Embora voltado para a graduação, o texto se aplica aos mais diversos textos acadêmicos e científicos de todos os níveis, contudo, pretende, antes, se colocar ao alcance de todos os que se iniciam na apresentação de textos científicos. Consolidar em poucas páginas, em paper, o conteúdo encontrado em textos de livros é, por fim, a contribuição original deste trabalho.
Palavras-chave: Monografia de conclusão de curso, administração, metodologia. 
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INTRODUÇÃO
	Conforme expressa o título, o objetivo deste texto é apresentar, de forma resumida, os principais aspectos que caracterizam um Projeto de Monografia (PM) e que permitam, deste, chegar à Monografia de Conclusão de Curso (MCC). Inúmeros são os livros, artigos e manuais que abordam o assunto, não havendo, portanto, motivo para repetir aspectos de conteúdo ou de forma, tópicos já apropriadamente tratados. Destarte, optou-se por uma abordagem diferenciada, privilegiando o relacionamento sistêmico que caracteriza e vincula as partes, nem sempre percebido pelos iniciantes, que tendem a privilegiar os aspectos normativos e formais, conforme os roteiros apresentados nos livros textos. As dúvidas e os erros mais freqüentemente observados também foram inspiradoras de algumas colocações aqui expostas. Duas questões - o que deve ser considerado uma MCC e, como avaliá-la, em que pese o seu caráter central, não reúnem a unanimidade na literatura, devendo pois, ser objeto de definição e divulgação interna (entre docentes e discentes) no âmbito de cada instituição vis-à-vis as suas particularidades, sobretudo, nas que não possuem quadro efetivo permanente. 
Por fim, o tema comporta variados níveis de profundidade e extensão no seu trato, incluindo questões de difícil equacionamento (no nível pretendido), a exemplo dos graus de validade e fidedignidade necessários e que circunscrevem o projeto de pesquisa, bem como, da controvérsia em torno dos procedimentos indutivo versus dedutivo como formas de geração do conhecimento científico. Tratando-se de um texto predominantemente voltado para a graduação optou-se por uma abordagem que, à margem das controvérsias, pretende se colocar ao alcance de todos os que se iniciam nos procedimentos científicos. Consolidar em poucas páginas, num paper, o conteúdo encontrado em textos de livros é, por fim, a contribuição original deste trabalho. 
1 A NATUREZA DO TRABALHO CIENTÍFICO
	Considera-se a MCC um trabalho científico, e o PM o primeiro passo para a sua realização. Portanto, se a MCC é considerada um trabalho científico deve-se, inicialmente, caracterizar o que seja o "conhecimento científico".
	O que distingue o conhecimento científico é a utilização do método científico: a experiência metódica. Na maioria das vezes o conhecimento científico tem início a partir da evidência empírica, isto é, alicerçada em dados e fatos, acerca de um problema, isto é, um resultado não esperado, que contraria as teorias, leis e premissas, enfim, as expectativas, das mais simples do dia-a-dia, às mais complexas (origens do universo, do homem), instaurando-se, assim, a dúvida. Exemplos que podem ser colhidos no dia e no campo da gestão: ninguém, ao efetuar uma venda, tem a expectativa de que o produto será devolvido; e se for? Temos aí um problema que pode suscitar uma investigação: por que foi devolvido? Em uma eleição pode ser firmada uma expectativa de grande comparecimento que, ao final, não se concretiza, merecendo, portanto, investigar sobre os motivos. Portanto, a pesquisa está intimamente associada à dúvida: por quê, como, quando e aonde são as questões motivadoras e constituem o pano de fundo dos PM, por ora também denominados de Projeto de Pesquisa (PP). Quem tem "certeza" não pesquisa, não investiga, exceto se for com o firme propósito de confirmar o que já sabe! 
Segue-se à evidência e à caracterização do problema, a formulação de uma hipótese acerca da causa do problema. No exemplo da devolução dos produtos, entre outras, caberiam as seguintes hipóteses: foi devido a erro no preenchimento das Notas Fiscais? Ou devido aos defeitos de fabricação? E no caso da abstenção nas eleições? Devido ao feriado, às condições climáticas, a ambos, ou ainda ao desencanto do eleitorado com relação aos candidatos? Tanto em um caso, quanto em outro, as respostas só surgirão após a realização da pesquisa. 
 A coleta de dados (já no curso da investigação), a classificação e a tabulação das informações levantadas são as etapas posteriores de um estudo científico. Se necessário, conforme a abordagem (que adiante será visto), testes estatísticos deverão ser realizados para subsidiar as análises que levarão à conclusão: refutar ou confirmar a hipótese (explicação) inicial? Note que nem sempre uma pesquisa chega a uma resposta conclusiva! Voltando ao exemplo das eleições, é possível que ao final a causa (imaginando o estudo tenha sido circunscrito (delimitado) a uma cidade pequena) tenha sido um mal súbito que acometeu a maioria dos eleitores presentes, na véspera, em uma grande festa promovida pela paróquia. Isso, de modo algum, invalida a pesquisa, ao contrário, talvez suscite uma nova pesquisa para saber identificar as causas do mal súbito. 
De um modo geral o método científico se preocupa em: 1) descrever o fenômeno em análise estabelecendo as relações de causa e efeito (explicações) com outros fenômenos, com vistas a 2) prever e controlar o ambiente, bem como, 3) assegurar que o processo executado possa ser replicado - devendo chegar a resultados idênticos quem quer que reproduza os procedimentos (metodológicos) seguidos pelo precursor; caso contrário, terá início um novo processo de investigação quando também os procedimentos da pesquisa anterior devem ser revisados.
	São duas as abordagens que a maioria dos textos apresenta como métodos para a geração do conhecimento científico: a dedutiva e a indutiva. 
A via dedutiva carrega uma (outra) condição que também identifica o conhecimento científico: o fato de ser um processo cumulativo iniciado em passado distante. Assim, parte-se de um conhecimento pré-existente, uma teoria, um modelo, uma lei, ou mesmo uma simples expectativa fruto do senso comum, mas que está sendo contrariada de maneira ocasional ou reiterada (o problema!) - a fonte de onde o pesquisador extrai a inspiração necessária à formulação da hipótese inicial (e da pesquisa subseqüente) vinculada à solução, suposta, do problema enunciado.
 A esse passado denomina-se "ciência estoque" (expressão utilizada pelo geneticista e cientista Freire-Maia), ensinado e transmitido nas escolas: as leis da física e da química (as Leis de Newton, da Termodinâmica, a Teoria da Relatividade), o Modelo da Concorrência Competitiva de M. Porter, a Lei da Oferta e da Demanda, as Teorias da Formação do Estado, da Separação dos Poderes, a Teoria da Escolha Pública, etc. Em complemento, há a "ciência processo", resultado da consecução de um Projeto de Pesquisa (PP). Ao término da pesquisa, isto é, uma vez executado o PP, a "ciência estoque" estará acrescida do conhecimento proporcionado pela "ciência processo". O documento que media a ciência estoque e a ciência processo é o relatório final da pesquisa, por vezes na forma de uma MCC, mas que também pode serapresentado no formato e estrutura de um artigo. 
De outro lado, a reiterada refutação da teoria (que também é uma hipótese) submetida à comprovação (em teste) levará ao surgimento de novas teorias (explicações e conjecturas temporárias), algumas amparadas em outra tradição de geração de conhecimento científico: o procedimento indutivo, inspirador dos estudos com propósito exploratório. 
Neste caso, num primeiro momento, ao invés de se referir a uma hipótese (deduzida e parametrizada a partir da teoria), melhor seria falar em suposições preliminares, resultados da criatividade do pesquisador, sucessivas tentativas e erros ou mesmo da analogia com estudos de outras áreas. Assim, têm início diferentes cursos de ação que buscam explicar a anomalia (problema) identificada. Além do problema original, para o qual se busca uma solução (ou explicação) procura-se também explicar porque motivo a hipótese associada à teoria (anterior) não foi confirmada. Falha da teoria? Exceção à teoria? Erro nos procedimentos de pesquisa? Inúmeras possibilidades são cogitadas, novos procedimentos de investigação são elaborados, executados, testados e novamente testados. A reiterada confirmação de uma particular suposição poderá originar uma nova teoria, um novo modelo explicativo da realidade e que esclareça a natureza, as causas e que contribua para prever e controlar as conseqüências e efeitos do problema que originou a pesquisa. Tem-se, assim, um novo ciclo de geração do conhecimento, que combina, de forma complementar, a via dedutiva à indutiva ou, vice-versa. 
O texto abaixo, parte integrante de outro trabalho dos autores, adiciona elementos que auxiliam a caracterizar e distinguir as duas grandes trajetórias: 
 São duas as fontes de conhecimento, a experiência e a razão, assim como são duas as abordagens, também denominadas, conforme o autor, de trajetórias, procedimentos ou estratégias utilizadas e reconhecidas como científicas: a indutiva e, a dedutiva.
O conhecimento a partir da primeira via surge após sucessivas reproduções do fenômeno, que pode ter, assim, as suas características discriminadas, tabuladas e classificadas, quando então podem ser identificadas manifestações que se repetem continuadamente, o estimula a generalização, lato sensu, não sem algum exagero, por vezes apresentadas como regras ou, até mesmo, leis. Frente aos dados levantados, o pesquisador, então, aventa hipóteses explicativas acerca do fenômeno estudado. O procedimento indutivo é ampliativo, isto é, a conclusão informa mais do que as proposições iniciais, daí se dizer que conduz do particular ao geral. Amplamente utilizado nos mais diversos campos do conhecimento, inclusive o administrativo, que recorre aos estudos de caso, o procedimento indutivo teve grande avanço com Stuart-Mill, mas, desde as críticas de David Hume sofreu e vem sofrendo resistências.
Já o procedimento dedutivo se distingue pelo oposto, isto é, ele conduz do geral para o particular, pois, conforme acentua Freire-Maia (1995, p. 39), “não aumenta o conteúdo fatual das proposições básicas (premissas). Em outros termos: a dedução não é ampliativa, sua conclusão, pelo contrário, é compulsória (não comporta duas saídas) e, como tal, está contida inteira nas premissas” [grifos do autor]; se essas são verdadeiras, a conclusão o será.
Se, por vezes, os limites entre as estratégias e os procedimentos são claros, em outras nem tanto; porém, é certo que as duas estratégias se complementam na geração de conhecimento, como bem se depreende do método denominado indutivo-dedutivo. Freire-Maia (1995), ao discutir a estratégia hipotético-dedutiva, mostra que as hipóteses tanto podem surgir como resultado de sucessivas evidências empíricas como ser fruto da razão. Em resumo, ambas as estratégias se complementam no processo de geração do conhecimento, muito embora conforme o domínio ou a natureza do fenômeno estudado predomine uma delas Seja pela via indutiva ou pela dedutiva, o conhecimento-resultado, expresso na forma de teorias e modelos, é reconhecido como verdadeiro até prova em contrário (KUHN, 1978), devendo, necessariamente, as hipóteses autorizadas a partir dessas expressões (teorias e modelos) ser permanentemente submetidas a testes de falseabilidade conforme preconizado por Popper (1993). 
	Dito isto, é absolutamente imprescindível que todos os textos que pretendem ser científicos (PM, MCC, papers, etc.) apresentem as características que delimitam o conhecimento científico, do conhecimento vulgar e popular. Como? Incorporando, ao longo dos respectivos textos, em seus diferentes capítulos e seções, todos esses elementos!
	Assim, por exemplo, é habitual que um problema de pesquisa no âmbito do campo de estudo da administração tenha início a partir da constatação (mediante evidências) da existência de um problema organizacional: elevado turn over em uma organização, objetivos reiteradamente não atingidos, crescente reclamação dos usuários, queda nos indicadores de avaliação de desempenho – prazos, valores, etc. - ou ainda estes se apresentarem inferiores aos das organizações congêneres, redução da eficiência, entre outros. Segue-se um procedimento reflexivo, quando são geradas as primeiras hipóteses, suposições e premissas relacionadas às causas do problema - são questões ainda em aberto, para as quais não se têm respostas. 
A eliminação dos custos (de toda ordem) decorrentes do problema apontado (parece não restar dúvidas que turn over e reclamação correspondem a custos, ou não?), assim como os ganhos que resultarão do seu completo equacionamento (por vezes até a sua eliminação) constituem as principais justificativas para realização do projeto de pesquisa - a sua razão de ser, e que, por certo, devem estar relacionadas ao objetivo principal do estudo e da pesquisa. 
A adequada definição dos problemas, apoiada em dados e fatos contribui, também, para justificar e destacar a relevância da pesquisa sugerida. Antecede o projeto de pesquisa de campo ("ciência processo"), uma prévia pesquisa na literatura ("ciência estoque") com vistas a identificar 1) as explicações preliminares - conjecturas amparadas em teorias, modelos, etc.; 2) as estratégias de pesquisa já utilizadas em situações análogas; 3) as dificuldades e as questões ainda em aberto e relacionadas ao tema sob estudo (em geral, parte das conclusões de pesquisas anteriores) – o que habitualmente é denominado de revisão da literatura, ou seja, o levantamento do estado-da-arte relacionado ao tema, ao problema e aos objetivos do trabalho. A rigor, o estado-da-arte de um tema só é perseguido por aqueles que procuram demonstrar uma tese, sendo menor a exigência nos casos de dissertações e monografias. 
A maneira como o problema será solucionado exprime as opções metodológicas: qual será a abordagem dominante, a qualitativa, a quantitativa ou, ambas contribuirão igualmente para a solução do problema de pesquisa? Qual a natureza dos dados, primários ou secundários? Como os dados primários serão obtidos: entrevistas, questionários, observações? Qual a fonte e a natureza dos dados secundários: governamentais (censos, levantamentos), cadastrais (públicos, de instituições privadas)? Que relação vincula a amostra ao universo estudado? Qual a natureza das variáveis, do tipo de escala que será utilizada, bem como, de que forma serão tratados (que estatísticas a escala possibilita o cálculo?) e analisados os dados? Que testes podem assegurar a generalização dos resultados tendo em conta o relacionamento amostra x população?
Portanto, antes de tudo, e entre outras, as seguintes questões devem ser colocadas: o trabalho (o PP ou a MCC) apresenta as condições mínimas que autorizam denominá-lo como científico? O argumento da problematização está devidamente embasado, se necessário com recurso à literatura, na elegância da redação, na consistência interna do texto, na precisão do método (rigor no levantamento e análise de dados)? Ou se trata de um texto jornalístico, um ensaio com opiniões pessoais bem fundamentadas,porém ricas de juízos de valor, alguns melhor denominados de manifestações ideológicas? 
Importa ressaltar que mesmo os trabalhos referentes a diagnósticos organizacionais e avaliação de programas, entre outros assemelhados, em que pese a característica predominantemente narrativa-descritiva, podem (devem) ser revestidos e apresentados com as características de um texto acadêmico-científico. 
Por fim, cumpre também lembrar que as conclusões de um trabalho científico são "verdades efêmeras" que orientam as pesquisas subseqüentes até que sejam refutadas sob o peso das evidências emergentes dos novos experimentos sempre em curso - conforme já mencionado, a ciência está mais para a dúvida do que para a certeza, bem como, é cumulativa. 
	Na seqüência, cada um dos elementos do PP ou da MCC serão apreciados com maior detalhamento. Antes, entretanto, discorre-se brevemente sobre o que seja a MCC.
2 AFINAL, O QUE É A MCC (OU TCC)?
	Entre tantas definições do que seja uma MCC escolheu-se, para a elaboração e análise deste trabalho, aquela que é utilizada na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS, 1998): 
O TCC se constitui num exercício acadêmico cuja função básica é conduzir o estudante a uma iniciação à pesquisa, através da qual deverá demonstrar sua capacidade de organização e conhecimento sobre certa área do saber. Entende-se que a realização do TCC por parte do acadêmico pode trazer um diferencial à sua formação, servindo-lhe na busca de novas oportunidades no mercado de trabalho. 
	Uma relevante questão se coloca, posto que origem de muitas controvérsias: que tipo de pesquisa, bibliográfica ou de campo? Aparentemente mais simples, a pesquisa bibliográfica e documental é, ao contrário, mais difícil, sobretudo porque demanda uma boa bagagem de leitura, capacidade de análise e síntese críticas (para comparar e contrastar os autores pesquisados, os respectivos contextos, identificar os avanços das idéias no domínio específico de conhecimento, etc.), por fim, habilidade de expressão escrita. Aqueles que não reúnem essas condições correm o risco de fazer um trabalho cuja contribuição, para o seu autor, não será muito diferente da de um trabalho de conclusão de disciplina, o que é contrário ao propósito de qualquer projeto de curso. De outro lado, em favor do estudo de campo, alinha-se a circunstância de o profissional de Administração (não necessariamente o graduado, mas que exerça atividade de gestão) ser, também, um solucionador de problemas, um interventor que promove e catalisa uma mudança organizacional, um multiplicador de competências junto à sua equipe ou organização, bem como um permanente tomador de decisões; portanto, chega a ser natural que o ponto de partida de uma MCC seja a existência efetiva de um problema organizacional, portanto e, em geral, de campo, cuja solução deve ser encaminhada mediante procedimentos sistemáticos. 
Ademais, dependendo de como tenha sido concertada a problematização, a pesquisa bibliográfica é condição necessária, porém não suficiente à realização de uma MCC. Surveys, estudos de caso e pesquisa-ação são estratégias que combinam pesquisa à literatura (por vezes à documentação) com as atividades de campo. Já os ensaios teóricos são predominantemente apoiados na revisão da literatura, e por isso exigem bastante experiência. 
Observa-se, pois, que um trabalho científico combina dois amplos conteúdos em diferentes combinações: a "ciência estoque" e a "ciência processo"; enquanto a primeira se encontra à disposição (de todos) na literatura, somente a segunda, mediante a utilização do método (científico) promove o aumento do estoque de conhecimento, isto é, sobre a primeira. 
Estima-se que, demonstrado (no Projeto e na Monografia) o domínio do método científico, o aluno poderá a ele recorrer sempre que, no futuro, necessitar para o exercício profissional.
Resulta deste entendimento que, salvo criterioso juízo à vista da contribuição do trabalho desenvolvido, que não devem ser aceitos trabalhos (alguns até enormes, de fato, trabalhosos - mais de 200 páginas, por vezes até distribuídos em mais de um volume!) que, muitas vezes mais correspondem à justaposição e consolidação de textos extraídos da literatura do que trazem alguma contribuição do autor. É essencial que o autor (do trabalho) se revele e se apresente na obra, estabelecendo, através do método, as pontes entre a “ciência estoque” e a “ciência processo”.
 
2.1 PAPER – UMA MANEIRA SINTÉTICA DE APRESENTAR OS RESULTADOS DE UM TRABALHO ACADÊMICO-CIENTÍFICO 
	Definido o que seja a MMC (ou o TCC), e conforme previamente visto, é importante estar ciente de que o elevado número de páginas não garante a qualidade de um trabalho científico (como tampouco qualquer outro). Por certo que trabalhos mais amplos e profundos (digamos exigentes) requerem do pesquisador muitos meses e por vezes anos para a sua realização, e os seus resultados são mais adequadamente expostos em uma publicação com maior número de páginas (dissertações e teses), mas há trabalhos científicos que, por serem realizados em um período mais curto, por vezes não mais do que dois ou três meses (a exemplo dos trabalhos de conclusão dos cursos de graduação e especialização), e em geral por isso mais simples, cujos resultados podem ser apresentados, sem prejuízo do conteúdo, em um número menor de páginas reunidas em um documento conhecido por artigo, mas também chamado de paper. Importa assinalar que a cientificidade e o valor do trabalho estarão assegurados se for observado o rigor na condução do método, e não a partir do número de páginas utilizados na divulgação dos seus resultados. 
	A expectativa de todo o pesquisador é a de que os resultados do seu trabalho e das suas reflexões sejam divulgados, sobretudo se ele estiver atuando nas fronteiras da ciência, quando, inclusive, é necessário que o seu experimento seja replicado pelo pares para ser corroborado e aceito pela comunidade científica. E convenhamos que nem todos têm acesso e tempo para ler documentos volumosos (monografias, dissertações e teses – considerados livros), daí a necessidade de outra forma de divulgação: o artigo (paper) veiculado em anais de congressos e afins, bem como através dos chamados periódicos. A exemplo de outras formas de comunicação e manifestação de idéias (romances, poemas, ensaios, texto publicitário, jornalístico, etc.) o artigo tem uma estrutura singular e que deve ser observada, sob pena mesmo de, em não o sendo, comprometer a cientificidade do seu conteúdo. 
	Mas o que é um paper? Conforme Vargas e Maldonado (2001, p. 18), “paper é um pequeno artigo científico, elaborado sobre determinado tema ou resultados de um projeto de pesquisa para comunicações em congressos e reuniões científicas, sujeitos à sua aceitação por julgamento”. 
Por ser um texto que registra os resultados de uma pesquisa, todas as conclusões e sugestões devem ter amparo nos dados e fatos que constam do próprio documento, os chamados “achados de pesquisa”. Este alerta é particularmente importante na área das ciências sociais, devendo ser redobrado o cuidado para que as crenças, opiniões, preferências e vivências pessoais, juízos de valor e posicionamentos ideológicos, não comprometam os resultados apurados. Se não devidamente administrados, os pré-conceitos podem levar à distorção dos dados e fatos coletados, de certo modo levando ao autor a tudo fazer para que “realidade caiba na teoria”. 
Destarte, um paper deve conter todos os elementos de uma MCC, assim como os de uma tese e de uma dissertação, a maioria adiante analisados:
Título;
Nome completo do(s) autor(es);
Resumo;
Introdução;
Revisão da Literatura;
Metodologia;
Resultados;
Discussão dos Resultados;
Conclusão (com descrição das limitações do estudo e sugestões de recomendações);
Anexos e/ou Apêndices (não usuais no caso de papers) e,
Bibliografia.
Bem, o que é vem primeiro, o paper ou o TCC? Na verdade a pergunta correta não deveria ser esta, mas sim,o paper ou a pesquisa? Agora, sem dúvida, a resposta é clara: a pesquisa! Não custa reforçar: o paper é tão somente uma das formas possíveis para o registro e a comunicação dos resultados de uma pesquisa que, ao longo da sua execução, pode ter os seus dados e informações registradas de diferentes maneiras, desde que organizadas criteriosamente. Concluída a pesquisa, o autor poderá escolher uma das formas de apresentá-la: 1) de maneira concisa e objetiva: através de um (ou mais) paper; ou, 2) de maneira mais compreensiva: através de uma monografia na forma de dissertação ou tese (são textos em muitos aspectos semelhantes, mas que também apresentam diferenças, todavia, foge ao escopo deste documento explorar essas últimas). É praxe convencionada que trabalhos finais em nível de Graduação sejam denominados de Trabalhos de Conclusão de Curso, em nível de especialização, de Monografias, Dissertações em nível de Mestrado e Teses quando for o caso de doutoramento, mas muitas teses e dissertações são, também, monografias. Contudo, de pronto deve ficar claro que, uma grande capacidade de síntese, sem prejuízo ao conteúdo e à cientificidade, é exigida de quem se propõe a escrever um paper. 
3 ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO PROJETO, DAS MONOGRAFIAS E OUTRAS FORMAS DE DIVULGAÇÃO DO TRABALHO CIENTÍFICO 
	Preliminarmente, por mais evidente que possa ser, é bom lembrar que um Projeto, antes de tudo, é um documento de Planejamento, um plano de trabalho (escrito), algo a ser realizado (uma promessa) e que, em vista das incertezas intrínsecas ao futuro, deve ser flexível para responder aos ajustes decorrentes de contingências não previstas. Portanto, é de se esperar alguns graus de diferença entre o que se propõe um projeto e, o que efetivamente vem a ser alcançado. De outro lado, uma monografia ou um artigo, são textos cuja pesquisa já foi realizada, portanto, caracterizam-se pela narrativa, pelo aspecto dissertativo, pelos esclarecimentos em razão do fato de algumas expectativas não terem logrado sucesso. 	
A estrutura básica e genérica desses textos é constituída de três partes: introdução, corpo do trabalho e conclusões (no caso da MCC). Das três, o corpo do trabalho admite subdivisões: tema, delimitação do tema, situação-problema, objetivos, justificativa, revisão da literatura, método da pesquisa. Embora essa ordenação possua uma lógica interna, não constitui uma estrutura rígida; ademais, nem sempre constituem seções independentes, podendo, conforme o caso, estilo do autor e característica do trabalho, vir a ser agrupadas. 
	Quanto à Introdução, antes de tudo cabe esclarecer que um texto não pode ser considerado introdutório tão somente porque é o primeiro que se apresenta ao leitor e dá início ao texto. Uma boa introdução, completa, seja de um projeto, de uma monografia, de um artigo e até mesmo de livros, é caracterizada pela presença de alguns elementos: 
um contexto – com descrição do cenário, do momento histórico (Reforma do Estado, Nova Constituição, ...), do setor (um dos Poderes), do ambiente institucional (forte ou fraca intervenção do Estado), etc.;
uma declaração (direta ou indireta) do tema (assunto) objeto de estudo, bem como a sua delimitação mediante algum critério: período, região, tipo de organização (um dos Poderes, Fundações, Autarquias, ...), sujeitos da pesquisa (dirigentes, contratados,...);
os aspectos mais relevantes da situação problema (dados & fatos), inclusive, de forma implícita já se antecipando às justificativas para a realização do projeto-pesquisa em tela;
a questão norteadora do estudo;
o objetivo principal; 
se, em fase de projeto, breves considerações com relação ao método a ser empregado, se já concluída a pesquisa, estando em momento de relato, considerações quanto aos procedimentos adotados; 
a principal conclusão do estudo, podendo também ser antecipadas as recomendações dele decorrentes; e, por fim,
a maneira como está estruturado o trabalho, como se sucedem e se articulam as seções.
Tudo, de forma muito breve, pois se necessário, cada um desses elementos deverá ser detalhado em seção à parte, como, habitualmente, se verifica com os procedimentos metodológicos. 
Se conveniente, alguns elementos adicionais que permitam ao leitor uma informação mais completa sobre o restante do documento, a exemplo da ocorrência de eventos não previstos (ao término da pesquisa) das limitações do trabalho (ex-ante ou ex-post a realização da pesquisa). Cabe ainda em uma Introdução, o emprego de uma estratégia que motive o leitor, induzindo-o à integral do trabalho. 
	Importa ressaltar que a formatação final, linear e seqüencial dos textos (e diga-se não apenas os acadêmicos), só se afigura como tal ao término do trabalho, ex-post tudo feito. Na prática, o desenvolvimento do projeto é uma trajetória algo errática, ainda que obedeça a um plano de vôo - por vezes, após algum avanço segue-se um recuo, altera-se o rumo previsto frente às dificuldades não imaginadas e que se revelam intransponíveis, dentre outros motivos. Assim, por exemplo, a partir da constatação do problema organizacional, podem surgir algumas suposições ainda sem embasamento na literatura, conjecturas resultantes da experiência e do conhecimento vulgar; todavia, na medida em que se avança na pesquisa bibliográfica (já em tempo real de pesquisa), as conjecturas iniciais podem ser modificadas, assim como a estratégia de pesquisa (o método) inicialmente concebida pode ser alterada.
	Por fim, importa ter em mente que nem todos os tópicos devem, necessariamente, figurar de maneira explícita, isto é, destacados na forma de títulos e subtítulos, seja no Projeto ou na redação do relatório (monografia, artigo, etc.). Devem, contudo, observar uma disposição lógica e harmônica, cabendo aos títulos e subtítulos o papel de ferramentas auxiliares à disposição do autor, que delas faz uso para melhor ordenamento e destacar a exposição das suas idéias. 
4 A DELIMITAÇÃO DO TEMA 
	Aparentemente simples, a escolha e delimitação do tema por vezes encerram alguma dificuldade. Surpreende a quantidade de alunos que chegam a este momento do curso "sem ter a mínima idéia do que fazer" ou que ainda se apresentam divididos entre temas bastante diferenciados. É comum também que os temas cogitados de maneira por demais abrangente, como por exemplo: "vou fazer alguma coisa relacionada Ética", "Reforma do Estado", "será na área de negociação", entre outros.
	Sugere-se que o tema seja, antes de tudo, algo que desperte a paixão do estudante-pesquisador, algo naturalmente motivador. Decerto que deve ser relevante e, se for contemporâneo, certamente despertará maior atenção de todos. O trabalho de conclusão não deve ser algo que se faça, tão somente, por exigência regimental, mas antes um momento de aprendizagem de um assunto (como gerar conhecimento mediante o uso do procedimento científico) que reserva uma relativa dificuldade, daí a importância de o tema ser algo agradável, reduzindo, assim, as eventuais dificuldades porvir. Nessa perspectiva, o tema, ao lado do problema, é apenas um argumento para desenvolver, no acadêmico, atitudes e comportamentos científicos. A escolha do tema pode auxiliar elevando a motivação e tornando agradável o desenvolvimento do trabalho que, assim, tende a não registrar desvios do cronograma e atingir os objetivos pretendidos. 
	As dificuldades são naturais, típicas e comuns a todos que realizam, sobretudo pela primeira vez, semelhante empreendimento, isto é, um relato na forma de artigo ou monografia científica. Para os que não têm o hábito da leitura recomenda-se, antes de se lançar a tal empreendimento, ler atenta e criticamente, tantos artigos quantos for possível, procurando identificar nos textos os seus elementos constitutivos (tema, delimitação, problematização, etc.),
	Segue-se à escolha do tema, a sua delimitação, isto é, o foco. À guisa de exemplo: 
Grande tema: negociação coletiva no setor público
Delimitação de primeiro nível: nível federal
Delimitaçãode segundo nível: setor saúde
Delimitação de terceiro nível: experiências de 2007-2010 
Grande tema: ética no setor público
Delimitação de primeiro nível: assédio
Delimitação de segundo nível: relacionamento com a chefia imediata
Grande tema: intervenção do Estado na economia
Delimitação de primeiro nível: marco regulatório
Delimitação de segundo nível: setor elétrico pós-Privatização
Grande tema: qualidade no setor público
Delimitação de primeiro nível: administração direta
Delimitação de segundo nível: indicadores de gestão
	Conforme se verifica, os limites não são rigorosos, pois os critérios não são exaustivos, bem como nem todos são mutuamente exclusivos. O que se procura é delimitar no âmbito do espaço de possibilidades que apresenta. Foco deve ser a palavra-chave e a sua importância pode ser percebida a partir da seguinte situação: o autor que não atribuir foco ao seu tema (posteriormente ratificado na problematização e nos objetivos) terá, na revisão da literatura, que ler praticamente toda a biblioteca. Já aquele que delimita o seu estudo às organizações públicas, terá que consultar, digamos, a metade da biblioteca; o outro que optou por estudar as entidades municipais terá o seu conjunto de leitura ainda mais restrito e, por fim, aquele for estudar as organizações públicas e municipais localizadas no Rio Grande do Sul, terá um conjunto ainda menor de obras para pesquisar, tornando, por isso, mais exeqüível o seu trabalho. Atente para o volume de trabalho e os prazos envolvidos em cada uma das situações exemplificadas.
	Outro argumento em favor da necessária delimitação e foco, é o fato de que quanto mais delimitado for o trabalho, maior e mais fácil será, para o autor, trazer alguma contribuição adicional (quiçá original) a tudo o que já foi escrito sobre o assunto. Veja bem, o que é mais fácil, trazer alguma contribuição original sobre o tema Estratégias de Negociação ou, sobre as estratégias utilizadas na negociação entre A e B, sobre determinado assunto e em uma certa data? 
	Paralelamente à delimitação do tema, três outras questões devem ser equacionadas: 1) a existência de um orientador (temático) disponível para acompanhar e supervisionar o trabalho do aluno; 2) para aqueles que desejam realizar o trabalho em uma organização, a prévia concordância desta, sobretudo no que tange à liberação de informações e a posterior publicação dos resultados; e 3) a identificação do problema, de regra, mas não exclusivamente, relacionado às organizações e à gestão - o leitmotiv da investigação que dará início.
	Por oportuno, importa de pronto esclarecer que a expressão "problema", não guarda, aqui, o mesmo significado que lhe é atribuído no cotidiano, isto é, algo intrinsecamente negativo e carregado de conotação pejorativa. O problema, muitas vezes, se expressa pelo desconhecimento, pela falta de explicação e até pela surpresa da ocorrência de um fenômeno, caso, por exemplo, de um sucesso organizacional em meio a tantos fracassos (note: nada que denote algo negativo!). Nessa linha, como uma empresa pública, em meio a tantas amarras de ordem legal (concursos, licitações, etc.) e interferências do poder político, consegue ser exitosa na implementação continuada de programas e ferramentas de gestão a exemplo da qualidade total, certificação ambiental e, de sistemas integrados, como o balanced scorecard? Neste caso, o problema é a falta de conhecimento sobre o assunto, o que requer um esforço sistematizado de investigação e análise sobre os aspectos que possam explicar o inusitado sucesso; estes, uma vez identificados terão então esclarecido o desconhecimento que, de início, havia. 
Os estudiosos do desenvolvimento organizacional ressaltam que a mudança deve ser planejada, antecipando-se e com isso evitando os problemas. Então, neste caso, talvez sequer existam problemas, mas nem por isso ficam desautorizadas as investigações que levem à identificação de alternativas para o futuro de uma organização. Os problemas ainda não têm contorno e expressão bem definidas. Ainda não há problemas, mas se não for aberta uma negociação, ou se esta não atingir determinadas expectativas consideradas mínimas, os problemas poderão vir a existir. É o caso dos projetos de expansão, qualificação dos quadros, modernização administrativa, entre outros.
Portanto, nem sempre um problema possui evidências com base em dados e fatos do passado (e presente), devendo-se então recorrer à literatura para melhor caracterizá-lo. Adiante, esta questão será enriquecida com exemplos adicionais. 
 	Concluindo, a consulta a trabalhos anteriores (relatórios de pesquisas, artigos, MCC, etc.) pode ser inspiradora de projetos para aqueles que se encontram indefinidos quanto ao tema, a sua delimitação, bem como problemas que aguardam solução. Muitos trabalhos, particularmente os de natureza exploratória, concluem com variadas recomendações para estudos posteriores, assim, entre eles, você poderá encontrar a inspiração para o seu.
	Contudo, o problema de pesquisa exige um detalhamento mais específico. 
5 DO PROBLEMA ORGANIZACIONAL AO PROBLEMA DE PESQUISA 
	Entre outros, pelos motivos já apontados, a questão do problema de pesquisa se revela uma das barreiras mais difíceis a ser superada. Duas são as dificuldades mais freqüentes: 1) a caracterização de um problema típico relacionado à Administração e às Organizações em geral e, 2) a reunião de evidências empíricas, concretizando aquilo que, por vezes, o senso comum já reconhecera como sendo um problema.
	Mas, afinal, quais são os problemas que se apresentam no campo de domínio da Administração e, por isso, objetos de pesquisa? Aqueles relacionados ao Planejamento, à Organização, à Coordenação, à Direção e ao Controle (mais conhecidos pela sigla PODC) em quaisquer das áreas funcionais (Recursos Humanos, Finanças, etc.) que habitualmente configuram a divisão do trabalho na maioria das Organizações, sejam elas públicas ou privadas, com ou sem fins lucrativos, grandes ou pequenas, nacionais ou multinacionais, entre outras classificações. Destarte, anexo a este texto você poderá encontrar exemplos da aplicação do processo de gestão (PODC) ao tema da Negociação. Na prática, o fracasso em uma negociação pode resultar da não observância de uma ou mais das recomendações ali sugeridas, o que poderia levar à proposição de uma investigação: afinal, por que não obtivemos sucesso? Houve falha de gestão do processo? Neste caso, teria sido na etapa do Planejamento, na configuração do cenário? Ou foi de organização, escolha equivocada dos negociadores e do coordenador da equipe? 
Adicionalmente, pode-se acrescentar que qualquer questão que direta ou indiretamente esteja relacionada à eficiência, à eficácia e à efetividade podem, também, ser considerados problemas no âmbito da Administração. 
Os problemas ficam mais claros e evidentes quando expressos na forma de registros (dados e fatos), exemplos e evidências empíricas, devendo ser evitado o discurso genérico do senso comum. Portanto, um problema não é auto-evidente e tampouco deve depender da habilidade retórica do autor. A título de exemplo, lembre-se que cada um percebe um fenômeno de acordo com a sua perspectiva: considerar-se vencedor ou perdedor em um embate (negociação) não deixa de ser uma questão de posição relativa. Afirmar que as perdas acumuladas, em relação ao INPC, desde 1995 já totalizam 230%, é muito mais informativo, e significativo, do que dizer que as perdas são grandes, enormes. No primeiro caso, há dados e fatos, no segundo, o uso da retórica. Uma estratégia muito utilizada para expressar o problema é qualificá-lo e quantificá-lo a partir da expressão do seu orçamento (despesas, custos, etc.). 
Há autores que sugerem que, ao invés de um problema, deve-se caracterizar uma situação-problema, ressaltando que esta, como já mencionado, é, de fato, relativa. Afinal, problema do ponto de vista de quem, quando e, sob que circunstâncias? O aumento das vendas no comércioinformal pode ser um problema para os lojistas e para os governos que têm a arrecadação diminuída, mas, para o ambulante não o é, bem como para o consumidor que pode adquirir produtos a preços mais acessíveis. A desvalorização cambial é um problema para os que dependem de importação, não para os que exportadores. As estradas esburacadas constituem problema para os condutores de veículos, não para o borracheiro que repara os pneus à beira das rodovias. Enfim, a lista é interminável! Atente para o caso específico, isto é, aquele que norteará o seu trabalho, sendo claro na perspectiva de quem, o fato descrito é um problema. 
Note-se que ao abordar o problema dessa maneira (dados & fatos), já estará sendo exercitado, ainda que de forma parcial, o procedimento científico - coleta, organização, crítica e seleção de dados. Ademais, mediante comparação a ser realizada no futuro, o pesquisador poderá inferir e até avaliar antecipadamente a contribuição do seu trabalho para a solução do problema diagnosticado. Se o problema for apresentado de maneira difusa, dificilmente se poderá avaliar a contribuição do trabalho (pesquisa) do autor, sendo esta também difusa. 
Outra forma de expressar um problema organizacional, bem como justificar a sua resolução, é descrever a importância de um procedimento (a exemplo da pesquisa sobre a satisfação dos usuários de um determinado serviço público, de reunir de forma sistemática (em um banco de dados?) as informações sobre legislação, perfil de negociadores, estratégias utilizadas x resultados obtidos em negociações, entre outras iniciativas que podem subsidiar e até afetar o resultado das futuras negociações) ressaltando que, em que pese a sua reconhecida importância, o mesmo ainda não foi devidamente considerado pela direção da organização (órgão, entidade, sindicato, etc.). O amparo necessário à caracterização deste tipo de problema deve ser buscado nos estudos e pesquisas ("ciência estoque", revisão da literatura) na área específica de domínio. Neste caso, entre as justificativas para o trabalho pode ser alinhado o princípio da eficiência que a todos impõe a melhoria continua. Ou seja, não haver problema em concreto, explicitado na forma de dados & fatos, não significa a inexistência de um campo aberto a estudos e pesquisas, mas antes a necessidade de ser encontrada a maneira mais adequada de expor a situação-problema. 
Ainda nessa linha de raciocínio, conforme já mencionado, nem todos os problemas podem ser expressos na forma de dados e fatos pretéritos ou presentes. Por vezes o problema, aparentemente, não existe. Suponha o caso de uma política pública ou mesmo de um modelo gerencial que venha sendo utilizado em outros países, mas ainda não no Brasil. Não obstante, determinadas circunstâncias, a exemplo de mudanças no quadro político, podem favorecer e aumentar as chances de que sejam implementadas no país, como foi o caso do projeto de Reforma do Estado iniciada no governo Fernando H. Cardoso (1995.-2002), e da adoção das iniciativas conhecidas como Consenso de Washington. Nesses casos, por inferência, não é um despropósito imaginar que os problemas ocorridos em outros países possam vir a ser, por aqui, reproduzidos. Entre outras, uma das questões a ser pesquisada poderia ser: é de se esperar que as condições aqui existentes favoreçam o surgimento da mesma sorte de problemas? 
Enfim, um problema é uma situação que, ao término da pesquisa, pretende-se ter modificada, quali ou quantitativamente em favor da parte interessada, havendo inúmeras maneiras de apresentá-lo para introduzir o processo de investigação.
O problema organizacional é, pois, o ponto de partida; deste, passando-se ao problema de pesquisa - procedimento de estudo e investigação que se propõe a trazer soluções ao problema organizacional. O problema de pesquisa constitui-se no desafio de encontrar soluções ao problema organizacional. Tal como o problema organizacional, a expressão problema de pesquisa é algo infeliz, posto que carrega uma conotação (de ordem cultural) negativa - talvez por isso, alguns textos aludem à questão (ou questões) de pesquisa. Enquanto o problema organizacional é (poderá ser), de fato, um problema na acepção popular da palavra, o problema de pesquisa, pela maneira como é definido, enuncia e antecipa uma estratégia com vistas a contribuir com soluções para o primeiro. 
Por fim, é possível que existam problemas de pesquisa sem evidências aparentes de problemas organizacionais. Tome-se, por exemplo, a submissão de um modelo a testes para comprovação ou não de hipóteses. Neste caso, a exemplo do que foi comentado acima, o desconhecimento a priori é o problema. Considere a seguinte assertiva: o financiamento público de campanhas eleitorais contribui para reduzir a corrupção; considerada uma hipótese a ser testada. Se você pesquisar sobre o assunto, verá que há muitas teorias e teses; qual delas se aplicaria ao Brasil? A ver. 
6 JUSTIFICATIVAS 
	Se o problema que dá origem ao estudo for apropriadamente definido (e preferencialmente quantificado), as justificativas para a realização do projeto de pesquisa chegam a ser auto-evidentes. A estas ainda podem ser acrescidas (quando for o caso) a atualidade e a relevância do tema, a existência de controvérsias entre os autores (identificada por quem já fez uma prévia revisão da literatura), entre outras. Uma das justificativas freqüentes é a afirmativa (comprovada) de que o problema organizacional objeto de estudo até o momento, em que pese a sua relevância, ainda não foi objeto de estudo anterior. Observe que por mais ingênua que possam parecer determinadas afirmativas, algumas tem grande chance de ser verdadeira. A título de exemplo tome-se o tema motivação e liderança, assunto reconhecidamente já maduro; todavia, é provável que nunca antes tenha sido pesquisado em uma determinada organização (aonde foi verificado um problema de tal natureza), sendo justificado, portanto, que ali se faça um estudo. Contudo, cabe alertar que, atualmente, é de difícil sustentação a afirmativa de que não há estudos em alguma sub-área da administração. Mais acertado seria dizer que, pesquisando tais e tais periódicos, nos últimos x anos, não foram encontradas referências com o enfoque ou com alguma particularidade que o pesquisador pretende abordar. 
Destaque aos benefícios e ganhos esperados ao término da realização do projeto também ressaltam a importância e contribuem para justificar o trabalho. Sugere-se evitar justificativas do tipo "este trabalho foi realizado para cumprir exigência curricular necessária à obtenção do grau de bacharel (especialista, mestre, etc.) em administração" - muito pobre! Esta, de fato, é a justificativa comum a todos os trabalhos! Deve-se ressaltar os argumentos que justifiquem a realização do projeto específico. Exemplos: porque a realização do projeto interessa a organização X? Qual a importância de estudar o tema sob uma abordagem científica? Porque esse e não aquele procedimento metodológico?
7 OBJETIVOS
	A redação dos objetivos (geral-específicos; fim-meios ou, principal-secundários – são as expressões mais utilizadas) deve apresentá-los através de sentenças curtas, iniciadas com verbos de ação e, na forma infinitiva. O objetivo geral deve ser estar diretamente relacionado à solução do problema organizacional e, portanto, à questão básica da pesquisa, enquanto os objetivos específicos constituem etapas intermediárias julgadas necessárias para atingir o objetivo geral (por vezes também denominado de principal). Não mais do que quatro ou cinco objetivos específicos devem ser enumerados - o caminho crítico do projeto. Note que, enquanto o objetivo geral está diretamente associado ao problema organizacional, os objetivos específicos constituem etapas para o encaminhamento do problema, mas não devem ser confundidos com a estratégia de pesquisa, que adiante será apreciada.
	Dois dentre os erros mais freqüentes são: 1) a inclusão, na redação do objetivo principal, de uma justificativapara a sua realização ou, 2) da contribuição que se espera do próprio trabalho. Os objetivos não necessitam de justificativas, estas, resultam auto-evidentes desde que bem caracterizada a situação-problema, daí a importância desta. Dentre os objetivos específicos não cabe, por exemplo, o freqüente “propor”, pois a proposição somente será possível após a realização do trabalho, de terem sido levantadas, analisadas e conhecidas as causas originárias do problema que motivou o trabalho. 
	Importa também destacar que algumas etapas (objetivos específicos) devem, obrigatoriamente, observar um ordenamento. Assim, a análise (analisar...) sucede a descrição (descrever...) e não, o inverso, exceto se o objetivo foi fazer uma análise preliminar, sem muitas considerações de profundidade.
8 A REVISÃO DA LITERATURA, FORMAS DE CITAÇÃO E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
	Uma das perguntas mais freqüentes é: quantos livros, artigos, etc. eu tenho que ler para fazer a revisão da literatura? Qual o "tamanho", quantas páginas tem que ter a revisão da literatura? Ora, não há resposta universal que contemple todos os casos. Inclusive, são distintos os graus de exigência conforme: 1) o momento – se em fase de projeto ou já na etapa de redação do relatório de pesquisa; 2) a natureza do trabalho – se o curso concluído é em nível de especialização, mestrado ou doutorado e, por fim, 3) a instituição ou o canal de divulgação (habitualmente conhecidos como periódicos) ao qual o trabalho está sendo submetido à avaliação, pois algumas instituições ou veículos impõem limites ao número de páginas. A natureza do trabalho, se teórico ou empírico, bem como os seus objetivos também influenciam na amplitude e profundidade da necessária revisão de literatura. Por exemplo, se objetivo é testar um modelo, uma teoria (sobre liderança, motivação, funcionamento da burocracia, etc.), decerto que a revisão deve conferir ênfase à análise dessa teoria, sendo, pois, sucinta a revisão da literatura; mas se o objetivo for identificar qual dentre as teorias é a que melhor responde a determinado fenômeno, necessariamente a revisão será ampla, compreensiva. 
	A revisão da literatura pode ser vista como uma decorrência do fato de a ciência ser cumulativa. Portanto, o aluno deve buscar no estoque de ciência (na bibliografia disponível), tudo aquilo que já foi pesquisado e estudado sobre o tema específico e relacionado ao problema que se propôs a investigar. Em princípio, a denominação “revisão da literatura” sugere que o pesquisador deve chegar ao estado-da-arte, isto é, às fronteiras do conhecimento sobre o assunto em tela, mediante a apresentação e a análise, assinalando as semelhanças, as diferenças, bem como evoluíram as contribuições dos autores (teóricos) que se dedicaram ao tema. Importa, também, a manifestação do próprio autor, quando necessário se posicionando em favor desta ou daquela abordagem vis-à-vis o problema e os objetivos assumidos. Contudo, uma revisão de literatura nessa profundidade e compreensiva, de regra, só é presente nas teses e seus desdobramentos na forma de artigos, quando o autor deve trazer uma contribuição original (para saber se algo é original ou não, antes é preciso saber o que existe para, então, poder estabelecer o confronto). Na medida em que se desce na hierarquia que tem como referência a contribuição original dos textos acadêmicos (teses, dissertações, monografias de conclusão de cursos de especialização, monografias de conclusão de cursos de graduação e, trabalhos de disciplinas) as exigências quanto à amplitude e à profundidade a revisão de literatura tornam-se mais simples, pois os problemas abordados, em geral, também o são. Essa simplicidade pode chegar a tal ponto que a própria denominação “revisão de literatura” pode se tornar imprópria, sendo preferível a utilização de outras denominações, a exemplo de “quadro de referência”, “conceito e noções fundamentais sobre [tema]”, entre outras. 
	É, sobretudo, no momento da revisão da literatura que o pesquisador deve evidenciar: 1) o domínio dos procedimentos de pesquisa bibliográfica; 2) das formas de apropriação do conhecimento existente mediante o uso de citações; 3) a habilidade em apresentar, ordenar, criticar e selecionar conceitos e idéias pertinentes ao tema; 4) que sabe identificar e interpretar vis-à-vis o caso específico, os resultados e as implicações de pesquisas análogas já realizadas, porém em contextos diversificados; 5) que reconhece e caracteriza os métodos de pesquisa já utilizados por outros pesquisadores, assim como aqueles que ainda não foram empregados, o que poderá lhe sugerir as escolhas metodológicas mais adequadas ou até mesmo inovadoras; e, por fim, 6) indicar para os leitores quais as fontes consultadas, fornecendo os elementos indispensáveis à sua localização. 
	Portanto, o aluno precisa demonstrar, também, conhecimento sobre as mais variadas formas de indicação para a localização da obra, ou seja, das normas para elaborar as referências bibliográficas. Assim, considerando que existem quatro formas de fazer citações (direta mediante transcrição, direta através de paráfrase, indireta através de transcrição e, indireta por paráfrase) espera-se que o aluno na sua revisão da literatura (seja na fase de projeto, ou não) demonstre proficiência em todas elas, pois elas têm usos e propósitos específicos. Estimula-se, também, que o pesquisador desenvolva habilidade e diversidade quanto à forma de redigir as citações, evitando as cansativas repetições do tipo "segundo fulano de tal ...., de acordo com sicrano, conforme ...", etc. Deve ser evitado o excesso de citações, poluindo o texto – neste caso deve prevalecer o princípio da parcimônia. Se vários autores possuem o mesmo entendimento, então basta citar em detalhes, dentre eles, o mais importante, cabendo aos demais uma citação subsidiária, como por exemplo: Medeiros (2003), entre outros (SILVA, 2004; TENÓRIO, 2005; PINHEIRO, 2007 e ANTUNES, 2008), assinala que [...]. 
Da mesma forma, sendo inúmeras as fontes de pesquisa bibliográfica: livros (no todo, em parte), periódicos, anais (na forma de livros, em CD), internet, vídeos, etc., espera-se proficiência na realização de pesquisa em diferentes fontes, bem como quanto à maneira correta de indicá-las ao leitor que desejar replicar o trabalho - vale lembrar que uma das características da ciência (e do procedimento científico) é a condição de reprodutibilidade da pesquisa. 
Dois pontos merecem importância e plena conscientização por parte do investigador: 1) o de jamais se apropriar de algum conceito, expressão, posicionamento ou idéia relevante e pertinente ao tema, sem atribuir o mérito ao autor; e, 2) o de sempre facultar ao leitor o acesso à obra originalmente consultada, independentemente de a forma correta de fazê-lo estar prescrita em norma e, se estiver, esta deve ser literalmente seguida. Um alerta: em que pese existir uma norma nacional, é comum encontrarmos diferentes maneiras de referir as obras consultadas, e tal se deve ao fato de, no caso de autores brasileiros, alguns observarem as normas do país onde estudam ou estudaram no exterior, sendo análogo o caso de autores estrangeiros que publicam no Brasil. Assim, mais importante do que seguir rigorosamente o ordenamento prescrito, a exemplo do nº do volume, seguido da publicação, das páginas, mês, ano, etc., é, antes, possibilitar ao leitor o acesso à fonte, à obra consultada. As normas (e o ordenamento), como dito, variam conforme as nacionalidades, mas todas obedecem aos mesmos princípios: o obrigatório reconhecimento à autoria (no momento da citação) e possibilitar ao leitor o acesso ao texto consultado através de um conjunto mínimo de informações. 
Com relação às obras, autores, atualidade, amplitude e profundidade na abordagem do tema, de regra esta não é uma competência do professor da disciplina de métodos de pesquisa, sendo antes uma atribuição do orientador temático em resposta às iniciativas do aluno. Contudo, é preciso ter claro que um dos propósitosda exigência de uma monografia ao final dos cursos é o de que os alunos desenvolvam a prática e a habilidade da pesquisa bibliográfica daí, não deve ser esperado que o professor (ou tutor) temático indique toda a bibliografia necessária; assim, a partir de um ou dois textos os alunos-pesquisadores devem buscar as referências neles encontradas e, nestas, novas referências e assim por diante. Parceiros que estejam desenvolvendo o mesmo tema são fontes naturais para a troca e complementação bibliográfica. 
Não há, portanto, uma delimitação rígida quanto ao "tamanho" da revisão da literatura. Todavia, estimula-se, ainda em fase de projeto, isto é, antes de se lançar a campo, um aprofundamento na pesquisa bibliográfica. Por quê? Quanto mais ampla a revisão, maior a probabilidade de o aluno se defrontar: 1) com as diferentes abordagens (métodos!) que o assunto já tenha sido submetido, bem como, 2) com as dificuldades enfrentadas pelos pesquisadores que o antecederam; assim, poderá, tempestivamente, ampliar ou reduzir, enfim, redimensionar (se for o caso) o problema e o escopo da pesquisa. Portanto, uma revisão abrangente poderá alertar para aspectos não pensados, nem pelo aluno, nem pelo seu orientador temático, circunstância habitual, mormente nas áreas de conhecimento emergente. Em princípio, quanto mais completa a revisão da literatura em tempo de projeto (também uma etapa de planejamento), maiores os ganhos e benefícios a ser colhidos em tempo de execução das atividades de campo, qualificando, inclusive, o método empregado. Por oportuno, vale lembrar, porque talvez agora mais claro o que foi denominado de "trajetória algo errática" na fase de elaboração do projeto!
	Conforme o tema, o problema e os objetivos, o pesquisador deve ponderar entre as diversas fontes de consulta para a pesquisa bibliográfica: livros (teses, dissertações), periódicos, internet, anais, etc., pois, cada fonte corresponde a diferentes graus de amplitude, profundidade e atualidade sobre o assunto. Jornais e revistas devem ser evitados pelo caráter publicitário (positivo ou negativo), devido ao viés e ao posicionamento de algumas matérias que veiculam; todavia, são úteis como indicadores para consulta às fontes de maior isenção. Muitas informações extraídas da internet são efêmeras, devendo, pois, ser evitadas. Dicionários ortográficos e gramaticais para definir conceitos (cidadania, direitos, etc.)? Nem pensar, exceto quando o caso realmente exigir! 
Uma dificuldade habitual e que com grande freqüência permanece (erroneamente) tanto ao término do projeto quanto da sua execução, é a tendência de o aluno limitar-se à justaposição, ainda que bem concatenada, das principais idéias extraídas da literatura. Comparar, criticar, confrontar (a exemplo das vantagens e desvantagens de uma técnica frente à outra) e optar são atitudes esperadas, tanto em fase de projeto quanto, e, sobretudo, no documento final – o relatório da pesquisa. As análises poderão ser desenvolvidas tanto ao término de cada tópico, quanto ao final da revisão, conforme o caso recomende. Há situações em que deve haver um posicionamento (opção) por parte do aluno pesquisador, por essa ou aquela definição, por um ou outro modelo, autor, etc.
Releva, mais uma vez ressaltar que a expressão "revisão da literatura" não se constitui, obrigatoriamente, em título de capítulo. Os assuntos e descritores (sucintos) pertinentes ao tema podem ser dispostos de forma corrida e harmoniosa, cabendo aos títulos e subtítulos tão somente o papel de melhor informar o conteúdo que, na seqüência, será abordado. Exemplo de uma estrutura de revisão de literatura:
“2 AS ORIGENS DO ESTADO
[...]
2.2 O Estado Moderno
[...]
2.2.1Histórico
[...]
2.2.2 Correntes Filosóficas
[...]
2.2.2.1 Elementos Estruturais do Estado Democrático-Liberal” 
Por fim, uma revisão da literatura "não vale quanto pesa", isto é, não precisa conter toda a bibliografia estudada ao longo de um curso e, muito menos, da vida; devendo ater-se ao necessário e suficiente frente ao tema enunciado, à natureza do problema e dos objetivos, ou seja, como um todo, ser observado o princípio da parcimônia. 
9 ASPECTOS METODOLÓGICOS
	Os aspectos metodológicos explicitam a estratégia que o pesquisador escolheu para investigar (como visto, não necessariamente resolver) o problema e atingir os objetivos a que se propôs. Quatro seções devem integrar o capítulo: 1) o enquadramento, também denominado de classificação ou delineamento do estudo (estratégia de pesquisa e natureza do estudo); 2) considerações quanto à população, à amostra ou os participantes da pesquisa; 3) quanto aos dados e a forma de coletá-los; e, por fim, 4) como será (ou foi) realizada a análise. 
9.1 DELINEAMENTO OU CLASSIFICAÇÃO DO ESTUDO-PESQUISA
	São múltiplas as formas utilizadas pelos autores para enquadrar um procedimento de pesquisa, cada qual ressaltando uma perspectiva ou determinada característica do trabalho. O enquadramento recorre a uma ou poucas palavras para declarar a natureza, o propósito mais amplo do estudo, independentemente do objetivo declarado, o tipo de pesquisa, a abordagem dominante na condução do processo de investigação, entre outras dimensões. 
	Mattar (1994, vol. I, p. 81) esclarece que “o tipo de pesquisa é um conceito complexo que não pode ser descrito de maneira única” e apresenta as chaves utilizadas nas classificações utilizadas por vários autores; assim, quanto:
à natureza das variáveis pesquisadas: pesquisas qualitativas e pesquisas quantitativas;
à natureza do relacionamento entre as variáveis estudadas: pesquisas descritivas e pesquisas causais;
ao objetivo e ao grau em que o problema de pesquisa está cristalizado: pesquisa exploratória e pesquisa conclusiva;
à forma utilizada para a coleta de dados primários: pesquisa por comunicação e pesquisa por observação;
ao escopo da pesquisa em termos de amplitude e profundidade: estudo de casos, estudos de campo e levantamentos amostrais;
à dimensão da pesquisa no tempo: pesquisas ocasionais e pesquisas evolutivas;
à possibilidade de controle sobre as variáveis em estudo: pesquisas experimentais de laboratório, pesquisas experimentais de campo e pesquisas ex-post facto; e,
ao ambiente de pesquisa: pesquisa de campo, pesquisa de laboratório e pesquisa por simulação. 
	Fachin (2001) opta por enquadrar as pesquisas como: bibliográficas, de laboratório, de campo ou, documentais, enquanto Roesch (1999) identifica os seguintes tipos de pesquisa:
pesquisa científica: básica ou aplicada;
pesquisa aplicada: avaliação de resultados, avaliação formativa ou, pesquisa-ação; e,
modelo de consultoria: proposição de planos ou sistemas, ou, pesquisa-diagnóstico.
	Conforme se observa, cada uma das expressões traduz o tipo de pesquisa a partir da perspectiva que o autor-pesquisador considera mais relevante para informar ao leitor mais instruído (que conhece as classificações utilizadas nos estudos científicos) algumas características quanto à abordagem e ao método utilizadas e que distinguem o seu trabalho.
Há de se observar que os enquadramentos não são mutuamente exclusivos, havendo casos em que um processo de investigação, num primeiro momento privilegia a abordagem exploratória-qualitativa para, na seqüência, adotar um procedimento mais descritivo-quantitativo; outros há em que ocorre o inverso: uma etapa inicial quantitativa, seguida de procedimentos qualitativos. Enfim, inúmeras combinações são possíveis, enquanto outras, definitivamente não.
Contudo, o mais importante é manter a coerência interna entre o enquadramento e as partes antecedentes do texto. Assim, se na situação-problema foi mencionado que não há, ou são poucos os estudos sobre o fenômeno, em princípio será apropriado classificar o estudo como exploratório-descritivo. Analogamente, se tiver sido feita alusão a uma mudança organizacional e o problema for declarado como ausência de avaliação do processo, tem-se, então, os elementos para enquadraro estudo como uma pesquisa evolutiva para avaliação de resultados. Se o universo ou a população-foco for declarada como infinita ou muito grande, estará aberto o caminho para um estudo amostral. 
9.2 POPULAÇÃO (UNIVERSO) E AMOSTRA
Os textos não são unânimes quando referem à totalidade estudada, alternando-se entre Universo e População como se estas expressões tivessem o mesmo significado. Sem qualquer prejuízo ao estudo, podemos admitir Universo como sendo, de fato, a totalidade e, População, como a parte do universo que se pretende estudar, sendo, pois, um conceito mais focado e diretamente relacionado com o problema e objetivos pretendidos. No que tange à população a ser estudada (de onde serão extraídos os dados primários) faz-se necessário defini-la, delimitá-la, quantificá-la (ainda que por estimativa) e classificá-la considerando os parâmetros relevantes para o caso em estudo. Assim, por exemplo, os consumidores poderão ser delimitados por idade, gênero, região, produto, faixa de renda, escolaridade, padrão de consumo, etc.; já os funcionários de uma organização, segmentados por filial, departamento, tempo de casa, anos de experiência na atividade, nível hierárquico, salário, etc.; enquanto que os eleitores, por gênero, idade, formação escolar, se filiados (ou não), se militantes, etc. Não deixa de ser curiosa a associação existente no imaginário dos iniciantes, de que o termo "população" designe pessoas quando, de fato, a "população" pode ser constituída por instituições (empresas, governos, etc.), pelo número de registros contábeis, de chamadas telefônicas, mas também de filiados a um sindicato, entre outros e quaisquer elementos que podem constituir os sujeitos de pesquisa. 
Nem sempre, em geral por razões de custo e tempo, mas não exclusivamente, é possível desenvolver a investigação colhendo dados de toda a população, havendo a necessidade de ser selecionada uma amostra; impondo-se, portanto, uma necessidade derivada da primeira: a eleição de um critério para a seleção da amostra, de fato, um subconjunto da população (universo).
Um dos equívocos mais comuns é a associação por vezes estabelecida entre as expressões "amostra" e "representativa", como se aquela fosse direta. Afinal, amostra representativa do que? Por certo que a intenção é afirmar que as informações extraídas a partir da amostra podem ser estendidas a toda população. Nesses casos as atenções devem ser redobradas, pois para que a amostra represente a população é necessário, antes, ter um grande conhecimento sobre esta para, na seqüência, extrair uma amostra que contenha, em proporção, as características (tecnicamente denominadas de extratos) relevantes para o estudo, o que permite que a partir do conhecimento e informações extraídas da amostra, por inferência, se conheça a população, mas não sem uma margem de erro. Sem dúvida que o recurso à estatística será indispensável para calcular o tamanho, a margem de erro das estatísticas utilizadas na análise dos dados, a sua composição vis-à-vis as categorias objeto de estudo, a função de probabilidade que melhor descreve o fenômeno, a que tipo de testes (se paramétricos ou não) a amostra poderá ser submetida, etc. 
Uma pergunta freqüente é: qual a margem de erro correta, a ideal? Também neste caso não há uma resposta única aplicável a todas as situações, mas é possível raciocinar a partir de duas situações: a primeira é um caso real, em que a intenção é, efetivamente, a partir das conclusões do estudo amostral tomar decisões que repercutirão sobre toda a população; pense, por exemplo, em um investimento de vulto. Lembrando que todo estudo amostral está sujeito a um dos dois tipos de erro: i) aceitar como verdadeiras para a população as informações obtidas a partir da amostra, quando, efetivamente, não se deveria fazê-lo (porque são falsas), e, ii) rejeitá-las quanto, efetivamente, se deveria aceitá-las (porque são verdadeiras). Assim, em um caso real, a definição da margem de erro deve ser sopesada aos riscos e aos custos envolvidos, sobretudo, o de uma decisão equivocada (imagine a tomada de decisões em áreas da saúde, de segurança pessoal, entre outras). Já na segunda situação, a exemplo de um estudo realizado para cumprir as exigências regimentais para a conclusão de um curso (especialização, mestrado, etc.), o que importa destacar é o raciocínio desenvolvido e não, a precisão do estudo; neste caso, o que pretende avaliar é se o aluno-pesquisador tem conhecimento das implicações, alcances e limitações do seu estudo. 
Inúmeros fatores, alguns alheios à gestão do pesquisador, contribuem para que a desejada representatividade da amostra nem sempre seja possível de ser obtida. Então, como proceder? Simples: é suficiente esclarecer como se pretende (se em fase de projeto) ou, se já realizada a pesquisa, como foi obtida a amostra dos dados. Portanto há que estabelecer dois momentos: quando em fase de planejamento (projeto) tem-se a amostra intencionada (planejada), realizada a pesquisa, tem-se a amostra realmente obtida e nem sempre análoga (em características) à primeira. Essa poderá, efetivamente, ser representativa, mas, na maioria das vezes não o é, entre outros motivos por que: 
o número de respondentes não foi o esperado;
o perfil dos respondentes idem, por exemplo, o número de mulheres superou o de homens em uma faixa específica de idade;
algumas questões, críticas frente à solução ao problema levantado, talvez porque consideradas sigilosas, não foram respondidas, como normalmente é o caso da situação patrimonial do respondente; e,
outras perguntas, igualmente críticas, inequivocamente foram mal interpretadas, e se incorporadas à massa de dados a analisar, poderiam comprometer os resultados e conclusões, por isso foram excluídas de todas as considerações e comprometeram a representatividade.
	Neste caso, perde-se a representatividade, mas não a pesquisa, que deve ter as suas conclusões limitadas ao alcance do que as informações obtidas com a amostra real autorizam concluir e, quiçá, sugerir - erro grave é generalizar (por qualquer motivo) as conclusões para além do que a amostra representa e autoriza! Infelizmente, por vezes se depara com trabalhos em que o pesquisador entrevista duas, três pessoas, ou até mesmo um departamento e, inadvertidamente, remete as conclusões como válidas para toda a organização. É o caso, também, de serem entrevistados três ou quatro sindicalistas e concluir com extensões para toda a classe.
	De outro lado, nem sempre é desejável, em razão dos objetivos e da situação-problema formulada, uma amostra representativa do ponto de vista estatístico, devendo, antes, ser representativa com relação à natureza do fenômeno ou às características que se pretende sejam ressaltadas, quiçá as principais. Pesquisas reiteradas, após algum tempo, permitem que se tenha caracterizado, por exemplo, o eleitor típico, a família típica, o servidor público típico e assim por diante. É habitual, em estudos de caso, que os dados sejam coletados não a partir de quaisquer sujeitos de pesquisa, mas daqueles que apresentam o perfil típico em relação à população-referência. Nesse caso, devido a não ser possível (ou mesmo desejável) trabalhar com uma amostra estatisticamente representativa, pretende-se, também, a partir da similaridade de perfil entre o sujeito entrevistado e o sujeito típico, uma aproximação entre as conclusões obtidas a partir da amostra e aquelas que seriam válidas para toda a população de onde foi extraído o sujeito típico. Nesse, bem como outras situações, ao invés de se escolher uma amostra aleatória, mas estatisticamente representativa, tem-se uma amostra denominada intencional, por vezes também referida como de conveniência. Mas note que são casos distintos e isto deve ficar bem claro no relatório de pesquisa, paper ou monografia. No primeiro caso diz-se que há uma extensão estatística, no segundo, conceitual, também denominada de analítica; o primeiro identifica um estudo tipicamente quantitativo, enquanto o segundo, o enfoque(à solução do problema e para atingir os objetivos) é claramente qualitativo. 
Assim, nos estudos de natureza qualitativa, em particular aqueles que utilizam a estratégia de estudo de caso ou de pesquisa-ação, a preocupação não é em obter generalizações estatísticas, mas sim, analíticas. Nesses casos, ao invés de classificar, calcular e testar a amostra em termos de representatividade, tem-se, entre outros objetivos, por exemplo: classificar o perfil dos participantes do estudo combinando informações quali-quantitativas, entre outras: tempo de serviço, escolaridade, cargo ou função, faixa etária etc.).
	Há situações mais extremadas, em que ao final, em que pese todo o conhecimento acerca do necessário rigor na seleção da amostra, quer do ponto de vista estatístico, quer das características que singularizam o fenômeno, não resta alternativa senão a de trabalhar com a “amostra possível”, a que resulta dos respondentes que se disponibilizaram a participar da coleta de dados; daí a importância de uma estratégia para convidar e convencer os sujeitos da pesquisa. Contudo, em qualquer das situações, não há prejuízo no que tange à realização da pesquisa em si, mas o autor-pesquisador deve ter muito claro, deixando explicitamente mencionado no trabalho, as implicações decorrentes das diferenças entre a amostra planejada (ideal) e a realizada. 
Por fim, há fenômenos sobre os quais quase nada ou pouco se conhece sobre a população e, por conseguinte, acerca da amostra. Nesses casos, a realização de um estudo exploratório com alguns sujeitos de pesquisa, sem preocupação com qualquer tipo de representatividade, em geral tem por finalidade descrever o fenômeno (porque ainda pouco conhecido) ou, ampliar o conhecimento que dele se tem. Contudo, nunca é demais lembrar, que tanto a finalidade (em relação ao método) quanto o tipo de amostra devem guardar consistência e coerência com as etapas antecedentes da pesquisa: a situação-problema, os objetivos e a revisão da literatura, sim, esta também, porque seria inconsistente declarar que um fenômeno é desconhecido para justificar um estudo exploratório quando, sobre ele, farta literatura é trazida ao corpo do trabalho. 
9.3 COLETA E ANÁLISE DE DADOS
	Os dados objetos de tratamento (tabulação, classificação, testes, etc.) e análise (geração de informações), bases para as conclusões e recomendações, genericamente, serão tidos como: 1) primários se coletados pelo pesquisador (supostamente pela primeira vez e destinados à pesquisa em foco) ou, 2) secundários, se já disponíveis em alguma fonte - anuários, pesquisas anteriores, registros (de qualquer natureza) e relatórios da organização pesquisada, etc. Atenção: não se cabe confundir pesquisas bibliográficas e documentais com as pesquisas que recorrem a dados secundários. Na maioria das vezes o recurso à literatura (que não deixa de ser uma pesquisa bibliográfica) é uma etapa intrínseca à natureza do trabalho científico (o resgate aos conceitos e à sua evolução, às teorias e modelos alternativos, etc.) não se confundindo com os dados secundários (existentes ex-ante), posto que estes deverão ser analisados e sopesados em razão do problema de pesquisa e no grau de contribuição para os objetivos . 
Há inúmeros instrumentos (maneiras de) para coletar dados primários, a exemplo de observações (incluídas fotos, filmes,...) e entrevistas, e estas poderão ser mediadas através de um questionário ou roteiro de entrevista (estruturado, semi-estruturado ou não-estruturado); em ambos os casos, as perguntas poderão ser abertas ou fechadas. Diz-se que são abertas quando o respondente fica à vontade para responder o que lhe vem à mente, porque também, em geral, não há intervenção do pesquisador e tampouco a oferta de alternativas. Serão consideradas fechadas as perguntas para as quais o respondente não tem alternativas além das que lhe foram oferecidas, devendo, por este motivo, entre elas optar - por uma ou mais das respostas -; portanto, são respostas também consideradas induzidas, comuns, por exemplo, para avaliar intenções de votos. É possível, por fim, combinar, no mesmo instrumento, as duas estratégias: perguntas fechadas e abertas. O exemplo mais comum de perguntas fechadas são as que identificam os elementos de perfil: idade, gênero, escolaridade, etc. Já as questões abertas devem deixar um espaço para o respondente livremente se manifestar. Tanto em um caso, quanto em outro, a coleta poderá ocorrer pessoalmente, por telefone, e-mail ou através de qualquer outro canal de comunicação. 
Importa ressaltar que a escolha do instrumento de coleta de dados não só define, como está vinculada a outras características da pesquisa, a exemplo da abordagem escolhida pelo pesquisador para atingir os objetivos e trazer uma solução à situação problema apresentada: se qualitativa ou quantitativa. Questionários ou roteiros de entrevista com questões fechadas conduzem a estudos quantitativos, pois somente após a contagem e a aplicação de estatísticas, os dados revelam as informações, e estas se manifestam de modo impressionista, a partir da magnitude dos valores, por exemplo, 90% é uma expressão que fala por si própria, não necessitando de qualquer interpretação adicional e tampouco adjetivos. Do mesmo modo, se a massa de dados for submetida a um teste, o resultado esperado (tabulado) for 5%, e os dados reais revelarem 2%, a diferença, por si, já é uma informação. De outro lado, perguntas abertas, embora por vezes sejam auto-reveladoras, tendem a necessitar da interpretação do pesquisador, que lhes dá um sentido lógico à luz da bibliografia consultada e também da sua própria experiência que, quando for o caso, também deve ser trazida ao texto. 
Se a opção for pelo questionário, outra decisão se impõe: em que escala as perguntas serão formuladas. A pergunta “você foi aprovado?” contempla duas respostas: sim ou não. É fácil perceber que após reunir um conjunto de 30 respondentes, a melhor informação a ser obtida é a partir da contagem simples dos aprovados ou não. Já, sabendo-se que a nota de aprovação é 5,0 (cinco) e a pergunta for “qual foi a sua nota?”, a ser respondida em uma escala de 0 (zero) a 10,0 (dez), o nível de detalhamento da informação será muito maior: há que se distinguir entre um reprovado com 0,5 (meio ponto) e outro com 4,5 (quatro e meio); ao primeiro sem dúvida seria recomendado repetir a disciplina, já ao segundo, talvez uma atividade de revisão e recuperação fosse suficiente para superar uma dificuldade talvez localizada; situação análoga é a de dois aprovados: um com 5,0 e o outro com 10,0, este talvez merecedor de louvor. Outra escala bem conhecida é a Likert, que distribui entre extremos, de três a cinco alternativas normalmente ladeadas por Discordo Totalmente x Concordo Totalmente; Totalmente Satisfeito x Totalmente Insatisfeito. Como se percebe, a escala contribui, sobremodo, para a riqueza e a qualidade das informações e, por conseguinte, das conclusões e recomendações. 
Decorre dessas observações, que é na fase de planejamento da pesquisa, quando em tempo de elaboração do instrumento de coleta (a exemplo de questionários e roteiros) que se deve pensar em como analisar os dados. Portanto, é recomendável que nessa fase não apenas as questões sejam submetidas à teste (a um grupo de respondentes-tipo denominado de amostra-piloto) quanto ao mérito e à clareza de entendimento, mas também os dados resultantes sejam utilizados em exercícios de simulação com o emprego das estatísticas que, mais tarde, serão empregadas para analisar a massa real de dados. Nesse momento, cada pergunta deve ser sopesada frente à sua contribuição para a solução dos problemas previamente enunciados: o organizacional e o de pesquisa. Simular (em tempo de projeto) o tratamento e a análise a partir dos dados obtidos com a amostra-piloto é uma das principais estratégias para se chegar à melhor resposta às questões investigadas. A análise (inicialmente simulada), além de ponderar sobre a contribuição individual de cada questão,

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