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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Departamento de Química 1 Tópicos Específicos em Estereoquímica Profa. MAM Maciel ESTEREOISÔMEROS São isômeros que diferem na posição especial de átomos ou grupo de átomos, classificam-se em Enantiômeoros ou Diastereoisômeros. Enantiômeros: são estereoisômeros cujas moléculas em um espelho plano são imagens especulares (não sobreponíveis) e resultam exclusivamente de quiralidade. Se relacionam como objeto imagem. Diastereoisômeros: são estereoisômeros cujas moléculas NÃO são imagens especulares e resultam de quiralidade ou de isomerismo geométrico (ou isomerismo cis/trans). Subdivisão de Isômeros Todo estereoisômero do tipo enantiomérico é um isômero ótico, no entanto, nem todo isômero ótico é um enantiômero. Pode ser oticamente ativo e representar um isômero do tipo diastereoisomérico. CHO C2H5 H OH Cl H A CHO C2H5 H OH H Cl B H C O HOH Cl H C H ClO H H OH A e B Não são a mesma molécula, há quebra de ligação. Houve troca de grupos em que dois átomos giraram em 180º com quebra de ligação. Desta forma, os grupos CHO e R (ClCHC2H5) foram fixados e o giro ocorreu fora do plano do papel, desrespeitando a regra de Fischer. A e B Não se correlacionam como objeto imagem, representam um par diastereoisomérico que resulta de quiralidade. Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Departamento de Química 2 Tópicos Específicos em Estereoquímica Profa. MAM Maciel Isomeria Geométrica Trata-se de um tipo de diastereoisômero cuja existência se deve a rotação impedida em torno de ligações C-C. Podendo ser observada em sistemas insaturados (alcenos) ou sistemas cíclicos. C Cl H C Cl H cis-1,2-dicloro eteno C Cl H C H Cl trans-1,2-dicloro eteno ( A ) ( B ) H H CH3 CH3 CH3 H CH3H A B Isômeros Óticos Os isômeros óticos que possuem um ou mais de um centro quiral, em que um é a imagem especular do outro (se correlacionam como objeto imagem) são chamados de Enantiômeros (ou antípodas óticos ou isômeros óticos). Os estereoisômeros do tipo enantiômeros possuem todas as propriedades físicas e químicas iguais, com exceção do desvio do plano da luz polarizada. Desta forma, a reatividade química, solubilidade, pontos de fusão e ebulição, densidade da amostra, índice de refração, bem como fenômenos de absorção e adsorção (cromatografia por exemplo), são idênticos para ambos os isômeros. Não se pode, por isso, separar facilmente um isômero do outro. Por esta razão, é comum tê-los misturados como produtos de processos de isolamento (proveniente de fontes naturais) ou de produção sintética. Geralmente se utilize metodologia de Cromatografia Líquida de Alta Resolução-CLAR (HPLC) com coluna quiral. Uma substância é dita ser oticamente pura quando existe apenas um dos seus Enantiômeros (+) ou (-). Se o estereoisômero resulta de quiralidade e encontra-se em uma mistura estereoisomêrica, tem-se uma mistura epimérica, em que um dos grupos do carbono quiral encontra-se α e β-orientados. Quando em uma mistura enantiomérica a proporção dos isômeros for diferente de 50%, o desvio do plano da luz polarizada sera desviada no sentido daquele isômero que tiver o maior percentual. Se na mistura os estereoisômeros estiverem em proporção equivalente (50% para cada um deles) tem-se então, um RACEMATO (uma mistura racêmica). Neste caso, há uma compensação dos sinais de rotação do plano da luz polarizada e a resultante dos sinais (+) e (-) será zero, já que os desvios contrários têm o mesmo valor absoluto. Um racemato Não é oticamente inativo, já que é formado por uma mistura de substâncias oticamente ativas. No entanto, os estereoisômeros do tipo MESOISÔMEROS são oticamente inativos, porque na mesma molécula, um centro quiral compensa o outro. Pode-se reconhecer um mesoisômero fazendo-se uma linha imaginária entre os carbonos quirais, como se fosse um espelho, se as partes separadas forem iguais corresponderão a imagem especular (uma parte se correlaciona com a outra como objeto imagem). A e B são isômeros que apresentam os seus átomos ligados em uma mesma ordem, no entanto, diferem no arranjo espacial. São diastereoisômeros que resultam de isomeria geométrica. A: cis-1,2-dimetil-ciclopentano B: isômero trans A e B são semelhantes quanto a ordem de ligação dos átomos, no entanto, diferem por um único arranjo tridimencional. São diastereoisômeros (resultam de quiralidade), ou seja, a configuração espacial entre A e B é diferente para um dos carbonos. Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Departamento de Química 3 Tópicos Específicos em Estereoquímica Profa. MAM Maciel CO2H CH2 CO2H H CH3 H CH3 CO2 H CO2 H H CH3 H CH3 C2H5 CH2 CH2 C2H5 CH3 Cl CH3 Cl CH3 Cl CH3 Cl A B CH3 CO2H OH H CH3 OHH CO2H A B Regras de Nomenclatura R e S Utiliza-se a notação R e S como nomenclatura da configuração absoluta que revela a real disposição dos átomos em torno do centro quiral. A notação R e S vem antes dos sinais (+) e (-) da rotação específica. Para atribuição da notação R e S utiliza-se a representação de cunha em que dois dos grupos do carbono quiral estão no plano do papel (plano 2D) e os outros dois estão α ou β-posicionados (abaixo e acima do plano, respectivamente). 1- Cada átomo ligado diretamente ao carbono quiral recebe um número de prioridade; são numerados na ordem decrescente de número atômico. Ao número atômico sequencialmente mais elevado, se dá a prioridade 2 (e assim por diante). Em caso de empate, verifica-se o número atômico do segundo átomo que passa a ser determinante de prioridade. Ligações duplas e triplas são consideradas como se os seus ligantes fossem duplicados. A: L-(+)-ácido láctico B: D-(-)-ácido láctico Não há nenhuma relação entre o sinal de rotação (+) e (-) e a simbologia configuracional L e D. É uma nomenclatura própria para a projeção de Fischer, indica apenas se o grupo funcional (ou o grupo de maior peso molecular) está posicionado à direita (D) da forma de Fischer ou á esquerda (L). Os sinais de rotação (+) e (-), indicam que a molécula é destrógera (+) ou levógera (-). Em uma mistura epimérica tem-se uma mistura dos isômeros destrógeros e levógeros. As moléculas A e B são quirais, não há elemento de simetria em volta do centro quiral. Em um espelho plano, A e B são a imagem especular um do outro, se correlacionam como objeto imagem. Tem-se um par de enatiômeros do tipo estereoisomérico (são isômeros óticos). Se estiverem em mistura em proporção diferentes serão uma mistura epimérica. Serão isômeros óticos puros quando existirem separadamente. Poderão vir a ser um racemato (oticamente ativo) se estiverem em proporção equivalente (50% decada um). A presença de centros quirais, portanto, não é necessária e nem suficiente para a molécula ser oticamente ativa. Mesocompostos apesar de terem centros quirais são oticamente inativos. Diastereoisômeros que resultam de geometria cis-trans não são quirais e são oticamente ativos. Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Departamento de Química 4 Tópicos Específicos em Estereoquímica Profa. MAM Maciel CH3 C2 H5 H OH Projeção de Fischer 2-butanol CH3 fixo giro de 180o no plano CH3 OH C2H5 H AAAA BBBB A e B são a mesma molécula, já que efetuou-se um giro permitido pelas regras de Fischer CH3 C2H5 H OH 12 3 R-2-butanolR-2-butanolR-2-butanolR-2-butanol CH3 C2H5 OHH CH3 C2H5 HO Hgiro de 180o fora do plano 2 grupos fixos A e C NãoNãoNãoNão são a mesma molécula, já que efetuou-se um giro não permitido pelas regras de Fischer ( ocorre quebra de ligação)A e C são um par de enantiômeros se correlacionam como objeto imagem CCCC 3 21 CH3 C2H5 H HO S-2-butanolS-2-butanolS-2-butanolS-2-butanol A Cenantiômero R enantiômero S 12 33 21 HO H OHH 1 2 são um par de enantiômeros se correlacionam como objeto imagem CH3 HO H SSSS OH HCH3 RRRR A,B e 2 são a mesma molécula ( RRRR-2-butanol) C e 1 são a mesma molécula ( SSSS-2-butanol) 2- Estabelecida a numeração, o grupo de menor prioridade (menor número atômico) fica posicionado para trás do plano (α-posicionado). 3- Traça-se um círculo unindo os grupos partindo da maior prioridade para a menor. Se a direção da união indicar sentido horário, a notação é R, se indicar rotação anti-horário é S. Não há nenhuma relação entre a designação R ou S com os sinais da rotação ótica (+) e (-). Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Departamento de Química 5 Tópicos Específicos em Estereoquímica Profa. MAM Maciel 2332 são um par de enantiômeros se correlacionam como objeto imagem Br Br representação planar Br Br H H representação tridimensional 2 centros quirais ( 8 possibilidades estereoisoméricas) Br Br H H BrH BrH 2S, 3S 2R, 3R 2 H H Br Br Br Br H 2R, 3R 2S, 3S 3 H 2 Br H H Br Br Br H H 2S, 3R 2R, 3S 3 4 pares de enantiômeros 4 pares de diastereoisômeros 2 H Br Br H Br Br 2R, 3S 2S, 3R 3 H H De maneira geral, com relação aos compostos quirais quatro tipos de comportamentos diferentes podem ser observados: 1- A atividade biológica existe em apenas um dos enantiômeros (puro) e o outro não afeta em nada. 2- O par de enantiômeros apresenta atividade farmacológica quantitativa e qualitativa idênticas. 3- A atividade é qualitativamente idêntica e quantitativamente diferente. 4- A atividade é qualitativamente diferente: um é biologicamente ativo sem causar efeitos adversos e o outro é tóxico. Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Departamento de Química 6 Tópicos Específicos em Estereoquímica Profa. MAM Maciel N O O N H H O ( S) - ( -) -talidomida Regras de Nomenclatura E, Z 1- Os grupos ligados a cada carbono da dupla ligação devem ser colocados em ordem de prioridade. Terá maior prioridade o ligante de menor número atômico. 2- Em caso de empate, verifica-se o número atômico dos demais átomos deste ligante. A maior parte dos compostos olefínicos (alcenos) que se designa cis são Z; do mesmo modo, os que são trans, são designados E. No entanto, para alcenos tri ou tetra substituídos por grupos diferentes, os termos cis e trans não se aplicam, já que é impossível decidir se a molécula é cis ou trans uma vez que não há grupos iguais ligados a cada átomo de carbono olefínico. Me Me H H cis-2-buteno ( Z) -2-buteno Me H H C3H7 trans-2-hexeno ( E) -2-hexeno ( E) -1-bromo-1,2-dicloro-etenocis-1-bromo-1,2-dicloro-eteno Cl Cl H Br Cl Br H trans-1-bromo-1,2-dicloro-eteno( Z) -1-bromo-1,2-dicloro-eteno Cl Cl F Br H ( E) -1-bromo-1-cloro-2-fluor-eteno Antes dos anos de 1960 as diferenças nas atividades biológicas dos racematos e enantiômero puro,eram praticamente ignoradas. Um dos incidentes mais significantes foi a introdução (em 1961, na Europa) do racemato (±) de uma substãncia bioativa chamada talidomida, utilizada como sedativo e anti-náusea. O uso por pessoas gestantes mostrou que apenas um dos enantiômeros apresentava as atividades biológicas descriminadas, o outro foi responsável pela deficiência em vários fetos. A atividade biológica deste fármaco é qualitativamente diferente. Apesar deste e de outros incidentes, só em 1988 os fármacos quirais receberam explicitamente (nas embalagens dos medicamentos) informações sobre a composição enantiomérica de substâncias quirais.
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