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Gestão Social Ambiental U1

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Panorama Histórico das Questões 
Sociais e Ambientais
2 | Gestão Social e Ambiental
Sumário
Panorama Histórico das Questões Sociais e 
Ambientais
Objetivos ..................................................................... 03
Introdução .................................................................... 04
1. Evolução da Responsabilidade Socioambiental ..... 05
1.1 Década de 1950 .................................................. 05
1.2 Década de 1960 .................................................. 07
1.3 Década de 1970 .................................................. 07
1.4 Década de 1980 .................................................. 08
1.5 Década de 1990 .................................................. 09
1.6 A partir de 2000 ................................................. 10
2. Estado, Mercado e Sociedade .............................. 11
3. A Globalização e o Estado Mínimo ..................... 13
4. A Redemocratização Brasileira ............................ 14
5. Mudanças no Mercado ....................................... 15
Referências Bibliográficas .............................................. 20
Gestão Social e Ambiental | 3
Objetivos 
Ao final desta unidade, você deve apresentar os seguintes 
aprendizados:
• Identificar como as questões sociais e ambientais atraíram a 
atenção da sociedade e do meio acadêmico;
• Reconhecer, em cada década, os principais fatos marcantes 
para o desenvolvimento da gestão socioambiental;
• Compreender as particularidades do caso brasileiro na 
evolução das questões sociais e ambientais;
• Entender as principais mudanças ocorridas no mercado que 
favoreceram o surgimento da gestão socioambiental.
4 | Gestão Social e Ambiental
Introdução
Nesta unidade de aprendizagem, estudaremos o panorama 
histórico das questões sociais e ambientais. Os seres humanos, 
principalmente por meio de suas atividades econômicas, sempre 
provocaram algum tipo de mudança no ambiente. Esta interferência foi 
muito ampliada ao longo da história da humanidade, sobretudo pelo 
desenvolvimento da tecnologia, que permitiu uma utilização cada vez 
maior dos recursos da natureza. 
A partir do século XVIII, a Revolução Industrial introduziu um 
novo padrão de relações entre o homem, a tecnologia e o meio ambiente.
Com a máquina a vapor e outras tecnologias surgidas neste 
período, passou-se a transformar facilmente os recursos – então 
abundantes na natureza, como o caso da energia –, ocorrendo uma 
expansão sem precedentes na capacidade produtiva humana. No entanto 
inicialmente, o desenvolvimento econômico não foi acompanhado, no 
mesmo nível de desenvolvimento social, pois a maior parte da população 
ficou excluída das riquezas geradas. 
Por sua vez, a utilização sem precedentes dos recursos naturais, 
com o objetivo de alimentar uma sociedade de consumo cada vez mais 
voraz, trouxe grandes danos ao meio ambiente. 
A percepção da sociedade a respeito destas questões evoluiu 
por muitas décadas, até que fosse construída a noção de que os avanços 
econômicos não poderiam andar separados do desenvolvimento social e 
da preservação ambiental.
Gestão Social e Ambiental | 5
1. Evolução da Responsabilidade 
Socioambiental
Na sociedade contemporânea é comum observarmos o 
surgimento e a transformação de determinados conceitos. Tal afirmação 
aplica-se ao conceito de gestão social e gestão ambiental a partir dos 
anos 1950. Até meados dos anos 1950, geralmente, as organizações 
utilizavam os termos:
• Controle da poluição; 
• Ações filantrópicas;
• Ações sociais.
Dos anos 1960 em diante, esses conceitos sofreram 
algumas alterações. Segundo Tenório (2004), é comum na atualidade 
observarmos no discurso das organizações e da sociedade civil os 
seguintes termos:
• Responsabilidade social empresarial; 
• Responsabilidade social corporativa; 
• Ações e produtos ambientalmente corretos;
• Responsabilidade ambiental, entre outros.
Agora vamos conhecer alguns dos principais acontecimentos 
ligados ao meio ambiente, da década de 1950 até os dias atuais.
1.1 Década de 1950
Iniciamos nossa retrospectiva citando Lemos (2013), que nos diz 
6 | Gestão Social e Ambiental
que as preocupações com a gestão social e a gestão ambiental moderna 
tiveram início na década de 1950, a partir de dois acontecimentos 
marcantes:
• O acidente na Baía de Minamata, no Japão, onde ocorreu 
derramamento de uma grande quantidade de mercúrio no 
mar. Esse fato resultou em um intenso debate sobre as 
questões ambientais;
• Paralelamente ao desastre na Baía de Minamata, foi lançado o 
livro Responsabilidade social dos homens de negócios, de Howard 
R. Bowen, nos Estados Unidos em 1953, contribuindo para a 
discussão do assunto no meio acadêmico.
É neste momento que as empresas começam a perceber que 
não devem apenas gerar lucros com suas atividades, mas, também, 
contribuir para o desenvolvimento social.
É importante percebermos que, desde a Revolução Industrial, 
no início do século XIX, até o acidente na Baía de Minamata, o meio 
ambiente era considerado apenas um lugar de descarte dos resíduos 
industriais, sem nenhum critério de segurança ou preocupação com os 
impactos negativos da produção das indústrias.
Ao longo do século XIX também chamaram a atenção as 
condições desumanas que os operários nas fábricas foram submetidos, 
incluindo crianças, com jornadas de até 16 horas de trabalho por dia, 
sem quaisquer condições de saúde ou de segurança.
O consumo de matérias-primas e o processamento industrial 
tinham como finalidade apenas oferecer um número cada vez maior de 
bens de consumo para as pessoas.
O crescimento indiscriminado do consumo, atrelado ao 
descarte igualmente pernicioso, resultou de modo geral em uma grande 
degradação ambiental. Podemos perceber, então, que o consenso sobre 
a ideia de que a natureza seria capaz de absorver tudo que o homem 
lançava no meio ambiente começou a ser quebrado.
Gestão Social e Ambiental | 7
Como você já deve ter notado, o caso do desastre de Minamata 
deixou claro que as atividades produtivas de uma empresa podem gerar 
muitos impactos negativos na sociedade e no meio ambiente.
1.2 Década de 1960
No ano de 1962, com o lançamento do livro Primavera 
Silenciosa, de Rachel Carson, foi denunciado o desaparecimento dos 
pássaros nos campos dos Estados Unidos, em razão do uso de pesticidas 
na agricultura.
Além do livro de Carson, outra obra marcou a evolução da 
gestão socioambiental. As empresas e a sociedade, de Joseph W. McGuire, 
defendia a ideia de que as organizações não tinham apenas obrigações 
legais e econômicas, mas também, obrigações morais e humanitárias 
com a sociedade.
Nesta década, cresceu bastante a conscientização social e 
política sobre as questões ambientais, por meio de uma grande reação 
da sociedade civil. Surgiram os movimentos sociais que defendiam o 
pacifismo, a igualdade racial e a igualdade de direitos entre homens e 
mulheres, e que, ao mesmo tempo, criticavam duramente a degradação 
da natureza. 
Segundo Nascimento (2007), as organizações não 
governamentais (ONGs) ambientalistas apareceram nesse período, 
nos países desenvolvidos, lutando pela conservação da natureza e 
questionando os efeitos da poluição industrial.
1.3 Década de 1970
Já nos anos 1970, a Organização das Nações Unidas (ONU) 
realizou, em 1972, a Conferência de Estocolmo, na Suécia, envolvendo 
representantes de diversos Estados para discutir a questão ambiental. 
Nesta conferência foi elaborado um importante documento, o relatório 
Os Limites do Crescimento (também conhecido como Relatório 
8 | Gestão Social e Ambiental
Meadows), afirmando que a acelerada industrialização e o crescimento 
demográfico levariam ao esgotamento dos recursos naturais do planeta 
emalgumas décadas (Lemos, 2013).
Segundo o relatório, a Terra poderia entrar em colapso, 
botando em risco a vida humana, sendo necessário conter os níveis de 
crescimento econômico. A solução dos problemas, dentro deste ponto 
de vista, seria adotar uma política mundial de contenção do crescimento 
— chamada de “crescimento zero” — até que o equilíbrio do planeta 
fosse restaurado.
As indústrias se tornam, a partir da confecção deste relatório, 
o principal alvo das críticas dos movimentos ambientalistas. Os 
mais radicais pediam o fechamento de fábricas. A crítica ao modelo 
capitalista industrial parecia apontar para um conflito sem solução entre 
o crescimento econômico e a preservação de recursos ambientais.
Os acidentes ambientais que continuavam a acontecer nesta 
década agravaram ainda mais a situação: em 1976, o acidente em 
uma indústria de pesticidas em Seveso, na Itália, lançou uma enorme 
quantidade de dioxinas na atmosfera.
Mas será mesmo necessário reduzir o ritmo de crescimento 
econômico para salvar o planeta? O que você pensa a respeito? 
1.4 Década de 1980
A década de 1980 foi a que mais sofreu com acidentes 
ambientais, desencadeando uma nova onda de reações por parte dos 
movimentos ambientalistas. Os casos foram os seguintes: 
• Exxon Valdez derrama óleo (Alasca – 1989); 
• Acidente nuclear de Chernobyl (Ucrânia – 1986); 
• Produtos tóxicos atingem o rio Reno (Suíça – 1986); 
• Gases letais vazam em fábrica de agrotóxicos em Bhopal 
(Índia – 1984).
Gestão Social e Ambiental | 9
Em 1987 surge um importante relatório da ONU chamado 
Nosso Futuro Comum (também conhecido como Relatório Brundtland), 
estabelecendo o conceito de desenvolvimento sustentável:
“...aquele que atende às necessidades das gerações 
presentes sem comprometer a possibilidade 
de gerações futuras satisfazerem suas próprias 
necessidades”.
O conceito de desenvolvimento sustentável, segundo Lemos 
(2013), mostra duas coisas importantes: 
a) O crescimento econômico e a proteção ambiental são 
compatíveis entre si;
b) Devemos levar em conta as consequências de nossas 
ações presentes para as gerações futuras.
Do ponto de vista acadêmico, foi também na década de 1980 que 
ocorreram evoluções marcantes nos estudos sobre responsabilidade social.
Em 1984, Edward Freeman elaborou o conceito de 
stakeholder, cuja definição é “qualquer grupo ou indivíduo que pode 
afetar ou é afetado pelo alcance dos objetivos organizacionais”. Esse 
conceito implica em admitir que toda organização se relaciona com 
diversos grupos interessados em seus resultados – e não apenas com 
seus donos ou acionistas. Temos, assim, os clientes, os empregados, os 
fornecedores, o governo e a própria comunidade na qual a organização 
está inserida, entre outros.
1.5 Década de 1990
Na década de 1990 também ocorreram vários acontecimentos 
marcantes do ponto de vista ambiental e social. Em 1998 e 1999, a 
gestão social e ambiental contou com algumas iniciativas que ajudaram 
na institucionalização do seu conceito e da sua aplicabilidade nas 
organizações. Segundo Lemos (2013), foram criados:
10 | Gestão Social e Ambiental
1.6 A partir de 2000
Em 2007, o Painel Intergovernamental de Mudanças 
Climáticas (IPCC), órgão da ONU, foi criado para produzir relatórios 
científicos sobre mudanças climáticas. Tal painel divulgou um relatório 
que marcou de modo definitivo as discussões sobre as questões 
ambientais, afirmando que o aquecimento do clima global era evidente 
em observações científicas, causado pela influência das atividades 
humanas sobre o meio ambiente (Lemos, 2013).
O relatório alertava para a elevação da temperatura média do 
planeta em 4°C até o fim do século XXI e para o potencial catastrófico 
do fenômeno, provocando extinções em massa, elevação do nível dos 
oceanos e devastação de áreas costeiras. Como resultado da crescente 
1997
Norma SA 8000 – norma internacional que consiste em as 
avaliar condições de trabalho, incluindo os trabalhos infantil e 
forçado, além de saúde e segurança no trabalho, liberdade de 
associação, discriminação, carga horária, entre outros.
1997
Global Reporting Iniciative (GRI) – organização sem 
fins lucrativos, que promove a elaboração de relatórios de 
sustentabilidade adotados por diversas organizações no mundo.
1998
Instituto Ethos de Responsabilidade Social – consiste 
em disseminar a prática da responsabilidade social entre as 
empresas. Hoje é uma referência internacional sobre o assunto, 
estabelecendo indicadores que permitem medir o índice de 
responsabilidade social das empresas.
1999
Código de melhores práticas de governança corporativa pelo 
Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) – 
apresenta recomendações de boas práticas de governança 
corporativa para as empresas atuantes no Brasil.
1999
Norma AA 1000 – padrão internacional de gestão da 
responsabilidade corporativa, com foco na contabilidade e auditoria.
Gestão Social e Ambiental | 11
conscientização a respeito dos problemas sociais e ambientais, os 
países precisaram descobrir maneiras de promover o crescimento de 
suas economias, gerando bem-estar social e preservando o equilíbrio 
ambiental, mas sem provocar danos para as gerações futuras.
Surge então, o conceito de empresa sustentável, integrando 
de forma clara as preocupações econômicas, sociais e ambientais. 
Segundo Savitz (2007) “empresa sustentável é aquela que gera lucro 
para os acionistas, ao mesmo tempo em que protege o meio ambiente e 
melhora a vida das pessoas com quem mantém interações”.
Segundo Nascimento (2007), no século XXI os termos social 
e ambiental aparecem unidos nos relatórios e nos demais estudos sobre 
desenvolvimento sustentável. Esta união significa que os estudiosos 
compreenderam que pensar no meio ambiente implica, necessariamente, 
em tratar também da questão social.
Sendo assim, as empresas passam a lidar com o conceito de 
responsabilidade socioambiental. Tal conceito representa uma forma 
de conduzir os negócios, tornando a empresa parceira e corresponsável 
pelo desenvolvimento social e pela preservação ambiental. Podemos 
dizer que, para que uma empresa se torne responsável em termos 
sociais e ambientais, ela precisa ouvir os anseios das partes interessadas 
(stakeholders) – acionistas, funcionários, fornecedores, consumidores, 
comunidade, governo e meio ambiente – e incorporá-los ao 
planejamento de suas atividades.
2. Estado, Mercado e Sociedade
No âmbito da responsabilidade socioambiental, é importante 
entender quais são os papéis do Estado, das empresas que atuam 
no mercado e da própria sociedade. No século XIX, o processo de 
industrialização provocou inúmeras alterações nas relações entre estes 
agentes. Predominava, neste período, a concepção do liberalismo 
econômico, segundo o qual o mercado devia ser um espaço em que as 
empresas competiam de modo livre, com o mínimo de intervenção do 
governo. Impostos, taxações, obrigações trabalhistas e outras formas de 
12 | Gestão Social e Ambiental
intervenção do governo nas relações de mercado não eram bem vistas 
pela doutrina do liberalismo econômico (Ivo, 2001).
Entretanto, a partir do século XX, este cenário sofreu 
mudanças, principalmente com a crise da bolsa de valores de Nova 
York, em 1929 apontando a decadência da ordem liberal nos países 
capitalistas. Além disso, em 1917, a União Soviética tornou-se um 
país socialista, mostrando a possibilidade de um modelo alternativo de 
organização da economia, bem diferente dos princípios liberais.
Nos países socialistas, a atuação do capital privado é limitada. As 
empresas industriais e financeiras são propriedade pública e o governo detém 
o planejamento e o controle da economia. O socialismo foi influenciado 
pelas proposições de Karl Marx e Friedrich Engels elaboradas no séculoXIX.
Diante da crise do modelo liberal, os estados capitalistas 
encontraram na teoria keynesiana o seu suporte. Contrariando as ideias 
do livre mercado, o economista John Maynard Keynes defendia que 
o Estado tinha um papel indispensável na economia (Ivo, 2001). De 
acordo com essa teoria, caberia ao Estado intervir por meio de medidas 
fiscais e de moeda para tentar contornar os efeitos negativos provocados 
por ciclos econômicos. Tais efeitos negativos levavam as economias a 
uma sucessão de crises, depressões, recuperação, boom e novamente 
crises, depressões.
Deste modo, o Estado passou a assumir um papel proativo 
como protagonista das relações de mercado. Neste contexto, a indústria 
bélica foi um dos setores que mais cresceu e acelerou as economias dos 
países industrializados.
A partir da Segunda Guerra Mundial, o mundo ficou 
dividido em dois blocos: o socialista, liderado pela União Soviética; e 
o capitalista, liderado pelos Estados Unidos. Diversos países da Europa 
também se tornaram socialistas, como a Alemanha Oriental, a Hungria, 
a Polônia e a Romênia, além da própria União Soviética. O modelo 
socialista alcançou, também, alguns países da África, como Angola 
e Moçambique. Na América Latina, a grande força socialista era 
representada por Cuba; e na Ásia, pela China.
Gestão Social e Ambiental | 13
A divisão econômica mundial nestes blocos (capitalista e 
socialista) provocou a crescente necessidade de aperfeiçoamento e 
manutenção da competitividade do ponto de vista bélico. Ou seja, as 
potências envolvidas diretamente no conflito investiram na indústria 
de armamentos e suas economias passaram a ter um peso muito 
significativo no comércio de armas. Esse evento ficou conhecido como 
“Guerra Fria”.
Neste período, a ideologia da social-democracia ganhou força, 
orientando as políticas de diversos governos na Europa. Esta ideologia 
surgiu a partir da ideologia socialista, mas com uma diferença básica: 
defendia que não era necessário fazer uma revolução para acabar com o 
capitalismo, mas sim reformá-lo, de modo a reduzir as desigualdades 
sociais por meio da proteção social ao trabalhador, e de investimentos 
em programas sociais para redistribuir a riqueza.
O período da Guerra Fria durou pouco mais de quatro décadas 
e, no final dos anos 1980, precisamente em 1989, a queda do Muro de 
Berlim decretou seu fim.
Novamente, a partir do início da década de 1990, as relações 
entre estado e mercado sofreram alterações. Dessa vez, o fenômeno 
da globalização seria o principal elemento de transformação e de 
reformulação do papel do Estado.
3. A Globalização e o Estado Mínimo
Segundo Castells (1999), uma economia global é capaz de 
funcionar como uma unidade em tempo real, em escala planetária, com 
base na nova infraestrutura propiciada pelas tecnologias da informação 
e comunicação, e pela quebra das barreiras comerciais. Esta nova 
característica da ordem global trouxe importantes consequências para as 
relações entre estado, mercado e sociedade.
A partir dos anos 1990, os estados nacionais deixaram de 
ter a responsabilidade de promover o desenvolvimento econômico 
de idealizar e executar a proteção social, e de regular as questões 
14 | Gestão Social e Ambiental
econômicas. Segundo Ivo (2001), a partir deste momento, afirma-se 
a ideia do “Estado Mínimo”, que perde certos poderes a partir das 
mudanças nas relações entre estado, sociedade e mercado, como uma 
série de responsabilidades públicas assumida pela sociedade civil, 
organizada principalmente em ONGs que passam a atuar no combate 
aos problemas sociais; serviços considerados básicos oferecidos pelo 
estado, como educação e saúde, privatizados; e, crescente parceria entre 
a esfera pública e a privada, de modo que o Estado volta a ficar limitado 
à garantia de um ambiente político, legal e seguro para a atuação das 
empresas privadas em nível global.
Já que o Estado perdeu seu protagonismo, as iniciativas do 
setor privado para intervir ou minimizar a questão social tornaram-
se comuns. Por um lado, as empresas passaram a investir em projetos 
sociais e, por outro, a sociedade civil se organizou por meio de ONGs 
para dar conta de um conjunto de responsabilidades, antes dominadas 
pelo Estado.
4. A Redemocratização Brasileira
No Brasil, ocorreu, nos anos 1980, a emergência de 
novos atores sociais, dentre os quais se destacaram os movimentos 
pela democracia. O país vivia na ditadura militar desde 1968 e 
os movimentos políticos e sociais ganharam força nesta década, 
reafirmando a democracia como um valor moral e abrindo novas 
possibilidades de representação, por meio, por exemplo, das eleições 
diretas, da liberdade sindical e de imprensa, e da maior transparência 
nos assuntos legislativos. A retomada da democracia no Brasil significou 
a oportunidade de uma maior atuação da sociedade civil na vida política 
e social do país.
Segundo Anau (2003), o processo de redemocratização no 
Brasil gerou grandes mudanças nos rumos da sua cultura política. Se 
durante o regime autoritário a sociedade civil não tinha espaços de livre 
expressão, agora, com a democracia, as cobranças da sociedade sobre 
o Estado se ampliam, no sentido de que as iniciativas governamentais 
respondam melhor aos seus anseios. A nova Constituição, promulgada 
Gestão Social e Ambiental | 15
em 1988, representou diversos aspectos do cenário político e social 
brasileiro, dentre os quais se destacam a entrada do país na ordem 
da globalização da economia, a adequação do Estado aos padrões do 
neoliberalismo e reorganização do Estado em moldes mais flexíveis e 
menos intervencionistas nos assuntos de mercado.
A Constituição de 1988 é chamada de “Constituição Cidadã”, 
em razão da ampla gama de direitos nela estabelecidos. Podemos citar, 
por exemplo, o fim da censura à imprensa, o direito à saúde e à educação 
a todos os cidadãos, a proibição da tortura e da pena de morte, a 
igualdade de direitos fundamentais entre homens e mulheres, a punição 
ao racismo, a liberdade sindical, a proteção ao índio, entre outras.
Esta Constituição foi a primeira a tratar de forma direta sobre 
o meio ambiente. Uma das formas de proteção do meio ambiente 
previstas constitucionalmente é a ação popular, que permite que 
qualquer cidadão ingresse com a referida ação, com o intuito de anular 
qualquer ato lesivo ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e 
cultural (Benjamim, 2008).
5. Mudanças no Mercado
No cenário internacional, como vimos, as relações de 
mercado caracterizavam-se pelo neoliberalismo e pelo predomínio 
do capital internacional. Neste cenário, segundo Castells (1999), 
temos características importantes como: novos padrões de produção 
pós-fordistas, expressando o predomínio do capital internacional; 
flexibilização das relações de trabalho e aumento dos níveis de 
desemprego; ampliação do poder das organizações internacionais, 
afetando a soberania dos Estados Nacionais e a reforma do Estado 
ocorrida na América Latina, a partir dos anos 1990, aproximando suas 
economias do modelo neoliberal.
A ideologia neoliberal afirma o predomínio dos mercados 
livres e é uma das bases mais importantes da globalização. Para a 
ideologia neoliberal, o mercado é visto como principal recurso de 
desenvolvimento e crescimento econômico, sendo prejudicial qualquer 
16 | Gestão Social e Ambiental
forma de intervenção estatal. Deste modo, ocorre a redução drástica 
da regulamentação dos mercados e das barreiras comerciais entre os 
Estados, permitindo o deslocamento do capital para os locais mais 
rentáveis (Hobsbawn, 2009).
Com a abertura de mercados, as condições de negócios 
tornaram-se mais instáveis. A concorrência entre as empresas se acirra e a 
demanda por bens de consumo se torna mais diversificada, exigindo que 
as empresas se adaptem mais rapidamenteàs mudanças e respondam às 
exigências diferenciadas dos vários segmentos de mercado.
As grandes empresas transnacionais, que atuam na economia 
global, são capazes não só de vender, como também de produzir em 
diversos países. Deste modo, estabelecem contratos com fábricas 
em países geralmente pobres ou em desenvolvimento, em busca 
de vantagens como: mão de obra barata, profissionais qualificados, 
vantagens fiscais (impostos reduzidos) e leis de proteção ambiental 
menos rígidas (Castells, 1999).
Dentro deste modelo (chamado pós-fordista), utilizado pelas 
empresas transnacionais, as etapas operacionais do processo produtivo 
são deslocadas para as regiões de baixo salário do mundo, enquanto as 
funções de natureza estratégica permanecem nas empresas sediadas nos 
países avançados. Desta forma, é comum que o projeto de criação de 
um produto seja definido em um país; as peças que o compõe sejam 
fabricadas em outro; a montagem seja realizada em um terceiro país; e o 
produto final seja vendido no mercado global.
Um dos fenômenos resultantes destas mudanças na economia 
global, segundo Castells (1999), foi o aumento do desemprego, pois as 
empresas tornaram-se capazes de produzir cada vez mais, empregando 
uma porcentagem cada vez menor da força de trabalho, por conta 
da redução de cargos hierárquicos (enxugamento da estrutura) e do 
emprego de altas tecnologias que substituem o trabalho humano. Por 
outro lado, boa parte dos empregos gerados é baseado em contratos 
de trabalho flexíveis e precários, desprovidos de estabilidade e de 
garantias sociais.
Gestão Social e Ambiental | 17
Para termos mais claro o cenário de desigualdade econômica, a 
chamada “elite do conhecimento”, que trabalha nos setores estratégicos 
de grandes empresas, em tarefas criativas e com oportunidades de 
crescimento, detém os empregos qualificados e bem remunerados. 
Segundo o relatório sobre a riqueza mundial, publicado pelo centro de 
pesquisas do Credit Suisse, em 2014, 1% da população mundial detém 
mais de 48% da riqueza mundial. Considerando os 10% mais ricos, a 
porcentagem sobe para 87% da riqueza mundial.
Como o Brasil se insere neste contexto? O país, que durante 
várias décadas caracterizou-se por uma economia fechada pela prática 
do protecionismo, ingressou de forma acelerada na flexibilização de seus 
mercados, a partir da década de 1990. Os resultados mostraram que 
nem todos foram ganhadores neste processo.
Enquanto algumas empresas tiveram condições de aproveitar 
as oportunidades trazidas com a expansão das relações comerciais, 
outras ficaram expostas aos problemas trazidos pelo acirramento da 
competição e quebraram. Até o início da década de 2000, os problemas 
sociais se agravaram e a desigualdade atingiu seu ponto máximo.
Você deve estar percebendo que tantas mudanças 
impulsionaram as empresas a assumirem mais sua responsabilidade 
diante de problemas sociais. Veja como o Conselho Federal de 
Administração (CFA) destaca a responsabilidade social das empresas:
Responsabilidade social empresarial são ações das empresas 
que beneficiam a sociedade. São causas sociais relevantes para 
as comunidades, contribuindo com a política social. É uma 
forma de gestão que pretende diminuir os impactos negativos 
no meio ambiente e comunidades, preservando recursos 
ambientais e culturais, respeitando a diversidade e reduzindo 
a desigualdade social. São as corporações se conscientizando 
do seu papel no desenvolvimento na comunidade em que 
está inserida, criando programas que levam em consideração 
a natureza, economia, educação, saúde, atividades locais, 
transportes. Fonte: Disponível em http://www.cfa.org.br/
acoes-cfa/artigos/usuarios/responsabilidade-social-empresarial
18 | Gestão Social e Ambiental
Para o Estado e para as empresas, isso tudo representa grandes 
vantagens. Para os empresários, a adequação das normas e regras da 
responsabilidade social denota ganhos monetários (com a isenção de 
impostos) e melhor estratégia de marketing (marketing verde).
Para o Estado, tais iniciativas são fundamentais justamente 
porque ocorrem intervenções em áreas que, antes, estavam sob a sua 
responsabilidade. 
De acordo com essa nova dimensão, a iniciativa privada passou 
a ter maior importância nas formulações de políticas, não apenas de 
mercados, mas também, de ordem social. O empresariado passou a 
participar da dinâmica de formulação de políticas de diversas formas: 
a) No investimento em candidaturas de representantes da 
classe empresarial para ocupar cadeiras nos legislativos 
municipal, estadual e federal;
b) Na formulação de grupos de pressão que possam 
intervir mais diretamente nos assuntos de seu interesse no 
legislativo e no executivo;
c) Nas parcerias entre os poderes público e privado, 
especialmente na construção de projetos políticos para 
determinadas localidades.
Essa última estratégia pode ser percebida na formulação do 
Planejamento Estratégico das Cidades, cuja intervenção empresarial 
é latente.
A cidade do Rio de Janeiro, nos anos 1990, teve o seu 
primeiro planejamento estratégico liderado pelo poder municipal e a 
elite empresarial.
Além da participação nos assuntos políticos de reforma do 
Estado e as questões de mercado, as organizações privadas de diversos 
ramos se movimentaram rapidamente para se adequar às leis, normas e 
padrões do ponto de vista da responsabilidade social.
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Até meados dos anos 1980, a ideia de responsabilidade social, 
uma vez que não havia obrigatoriedade por parte do Estado, era 
assimilada pelo empresariado de acordo com suas próprias aspirações. 
Entretanto, a dificuldade do Estado em manter a ordem social e 
econômica transformou em elemento básico de competitividade, a 
inserção das organizações na dinâmica da responsabilidade social.
A questão ambiental também representou uma das 
grandes motivações para a criação de selos e novas estratégias de 
competitividade. No limiar do século XXI, a palavra de ordem é a 
questão da sustentabilidade, ou seja, o crescimento econômico com o 
máximo possível de preservação do meio ambiente.
Esta nova concepção destaca, portanto, a relação equilibrada 
com o ambiente em sua totalidade, considerando que todos os seus 
elementos afetam e são afetados reciprocamente pela ação humana.
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