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Cidadania e Exclusão Social
2 | Gestão Social e Ambiental
Sumário
Cidadania e Exclusão Social
Objetivos ..................................................................... 03
Introdução .................................................................... 04
1. Ideologias e Sistemas Econômicos....................... 05
2. Capitalismo e Exclusão Social ............................. 08
3. Cidadania ........................................................... 11
4. O Surgimento do Terceiro Setor ......................... 14
Referências Bibliográficas .............................................. 17
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Objetivos 
Ao final desta unidade, você deve apresentar os seguintes 
aprendizados:
• Compreender as principais ideologias e sistemas políticos e 
econômicos do século XX e da atualidade;
• Reconhecer a evolução do conceito de cidadania, bem como 
seu significado na atualidade;
• Compreender o contexto de surgimento do Terceiro Setor 
na sociedade, identificando suas principais características e 
agentes.
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Introdução
Nesta unidade de aprendizagem, abordaremos as principais 
ideologias que alimentaram os sistemas econômicos e políticos 
do mundo. Analisaremos o liberalismo e sua atual vertente (o 
neoliberalismo), o socialismo e a social-democracia, para que possamos 
entender melhor as diversas relações que se estabeleceram entre o 
Estado, o mercado e a sociedade. 
Na era da globalização, o capitalismo, alimentado pela 
ideologia neoliberal, tornou-se o sistema econômico dominante, 
provocando, porém, muitos impactos no fenômeno da desigualdade e da 
exclusão social. 
Nesta unidade, também estudaremos o conceito de cidadania, 
bem como uma série de demandas que partem da sociedade e que não 
são atendidas pelo Estado e, tampouco, pelo mercado. É neste contexto 
que surge o Terceiro Setor na sociedade, no qual a sociedade civil 
organizada terá importante papel, assim como as empresas. 
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1. Ideologias e Sistemas Econômicos
Para iniciar, é fundamental destacar que em cada regime político, 
seja comunismo ou socialismo, capitalismo, social-democracia e neoliberalismo, 
as diretrizes a serem tomadas pelo Estado apresentam diferenças.
Ao longo do século XX, nos países que acompanharam a 
ordem comunista ou socialista, o aparelho estatal exerceu forte controle 
sobre a ordem política e econômica, com pesados investimentos nas 
áreas educacionais e de saúde. Entretanto, ao longo do período da 
Guerra Fria, além do investimento nas áreas sociais, a indústria bélica 
também se desenvolveu bastante.
Segundo Hunt e Sherman (2001), os regimes socialistas 
ou comunistas basearam-se nas proposições de Karl Marx, teórico 
do século XIX e um dos principais intelectuais a criticar os rumos 
negativos do capitalismo industrial, acusando-o de ser um sistema 
injusto e socialmente desigual. Para Marx, a forma da classe operária 
se libertar desta dominação seria a organização em um movimento 
revolucionário.
Esta organização destruiria a ordem capitalista e construiria o 
socialismo, regime no qual os meios de produção econômica (como as 
fábricas, as máquinas e as terras, por exemplo) seriam coletivos e toda a 
economia seria controlada e planejada pelo Estado.
As proposições de Marx foram assimiladas por algumas 
nações, dentre as quais a extinta União das Repúblicas Socialistas 
Soviéticas (URSS), Cuba, China, dentre outras. Entretanto, com a 
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queda do Muro de Berlim e o fim da URSS, saem de cena os principais 
referenciais do movimento comunista.
Por outro lado, a social-democracia representou uma corrente 
do marxismo que defendia a alternativa de construção de um Estado 
socialista sem a dimensão revolucionária. Sua aposta era na alternativa 
da democracia, baseada no pressuposto da igualdade, e na passagem 
gradativa, por meio de processos legais e democráticos, do modelo 
capitalista para o socialista.
A ideologia da social democracia se difundiu pela Europa, 
pregando maior justiça social dentro do sistema capitalista, ao invés de 
sua transformação radical, conforme pregavam os socialistas. 
A ideia era a construção de um Estado de bem-estar social, 
baseado na forte atuação dos governos para reduzir a pobreza e o 
desemprego e garantir direitos sociais e trabalhistas.
Entretanto, segundo Negrão (1998), na década de 1980, 
especialmente a partir dos governos de Margaret Thatcher (Inglaterra) 
e Ronald Reagan (Estados Unidos), foi estabelecido um acordo 
denominado “Consenso de Washington”, que definia os princípios do 
neoliberalismo, que se tornaram a principal orientação das políticas 
adotadas pelos governos na era da globalização. Vejamos a seguir os 
princípios do neoliberalismo:
• Disciplina fiscal dos governos, que não devem gastar mais 
do que arrecadam; 
• Liberalização financeira, com o fim de restrições que 
impeçam as instituições financeiras internacionais de 
atuarem em igualdade de condições com as nacionais; 
• Eliminação de restrições ao capital externo, tornando a 
economia atraente para o investimento direto estrangeiro; 
• Liberalização do comércio exterior e redução de taxas de 
importação, com o objetivo de impulsionar a globalização 
econômica; 
• Redução da legislação de controle do processo econômico e 
das relações trabalhistas.
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No Brasil, a ideologia neoliberal mostrou-se influente, 
especialmente a partir da década de 1990, quando o Estado privatiza 
grandes empresas e abria o mercado para a atuação do capital 
transnacional. É uma década considerada marcante para a entrada do 
país na globalização econômica.
É importante esclarecer que a gênese da ideologia neoliberal 
que domina o processo de globalização está no liberalismo clássico do 
século XVIII, que questionou a legitimidade das monarquias absolutas 
diante das demandas da sociedade. Assim, do ponto de vista intelectual, 
surgia a necessidade de construção de um governo civil, baseado na ideia 
de que a sociedade, devidamente organizada, deveria exercer algum tipo 
de papel diante do Estado.
A ideia de individualismo surgiu como um forte aliado na 
construção de uma doutrina que pudesse responder aos anseios de 
uma camada da sociedade que começava a exigir representatividade e 
legitimidade diante do Estado monárquico.
Quase dois séculos depois, no final do século XVIII, 
a Revolução Francesa significou uma das maiores vitórias da 
classe burguesa. Em seguida, a Inglaterra promoveu a primeira 
Revolução Industrial.
Nesse contexto, a doutrina liberal assumiria um papel de 
protagonismo nas políticas que foram impulsionadas pelos governos dos 
países industrializados, na Europa do século XIX.
Ao final do século XIX, essa estrutura deu seus primeiros 
sinais de declínio, com a crise de superprodução e a necessidade de 
encontrar novos mercados consumidores. Como resultado, as empresas 
começaram a buscar novas formas de enfrentamento da crise.
Entretanto, nenhum dos estilos de regime, nem o capitalismo nem 
o comunismo, conseguiu, de fato, enfrentar a chamada “questão social”.
É fato que o capitalismo, do ponto de vista ideológico, é 
o que mais se encaixa nos anseios das sociedades de consumo. Ele 
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está justamente baseado na ideia do consumo e da satisfação das 
necessidades pessoais, de acordo com aquilo que o mundo do capital é 
capaz de oferecer.
O capitalismo, embora tenha sua base na desigualdade 
social, permanece no bojo da dinâmica social e é o sistema econômico 
dominante na ordem global.
Atualmente, até mesmo em países que se definem comunistas, 
como China e Cuba, é possível constatar a entrada de empresas, marcas 
e outros ícones típicos das sociedades
capitalistas.
Diante dessa crise, o capitalismo industrial promoveu algumas 
mudanças, como a inserção de um modelo corporativo, atribuindo ao 
Estado maior força e intervenção nas questões econômicas.
Por algum tempo, esse modelo foi assimilado. No início do 
século XX, outros eventos colocaram em cheque o poder do capitalismo.
Dois acontecimentos fizeram estremecer a hegemonia do 
capitalismo industrial, instaurando, pela primeira vez, uma nação dentro 
de moldes socialistas:
• Primeira Guerra Mundial (1914 – 1917);
• Revolução Russa, em 1917.
Entre o final dos anos 1930 e início de 1940, a Segunda 
Guerra Mundial redefiniu as esferas de poder ao dividir o mundo em 
dois blocos: o socialista e o capitalista.
2. Capitalismo e Exclusão Social
O capitalismo, na condição de construção histórica, constitui-se 
na manutenção da desigualdade social, pois, para que ele possa realizar 
sua expansão, é necessário que exista, de fato, acumulação de capital.
Em outras palavras, podemos dizer que é preciso que exista, na 
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estrutura social, uma camada da sociedade destinada ao trabalho, sem 
acesso a todos os bens de capital e cultural oferecidos pelo sistema. E, 
por outro lado, é necessário que seja mantida uma determinada parcela 
da população detentora do lucro.
O capitalismo leva a uma série de processos de exclusão social. 
Segundo Popay (2008), a exclusão social é caracterizada por acessos 
desiguais aos recursos, capacidades e direitos que produzem iniquidades, 
resultando em processos de vulnerabilidade, fragilização ou precariedade 
e até de ruptura dos vínculos sociais nas seguintes dimensões:
• Ocupacionais e de renda;
• Familiares e sociais; 
• Culturais;
• Políticas ou de direitos de cidadania.
Sabemos que processos excludentes geram uma distribuição 
desigual de recursos e impedem que certos grupos possam desfrutar 
ou ir além das necessidades básicas de convivência em uma sociedade 
diversa e participativa e em um meio ambiente sustentável.
A exclusão social tornou-se visível e contundente na sociedade, 
a partir de fenômenos como a população de rua e a violência urbana. 
(Nascimento, 1993).
Véras (2001) observa muito bem algumas consequências 
desta exclusão social. As condições desfavoráveis de tais contingentes 
contribuíram para gerar sentimentos de hostilidade, desconfiança e medo 
por parte de outros segmentos da sociedade, gerando demandas que 
fizeram proliferar os serviços voltados para a segurança e para a repressão.
Consequentemente, as energias são canalizadas não para a 
resolução das graves questões sociais fomentadas pela exclusão, mas sim, 
para implantar medidas paliativas, voltadas para a tentativa de conter os 
efeitos perversos da exclusão.
A proliferação de loteamentos, condomínios fechados e 
shopping centers, todos rigorosamente vigiados e com controle de 
acesso, representam muito bem essa dinâmica.
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A maior parte dos processos de exclusão social está relacionada 
às condições econômicas dos grupos, e se fazem mais presentes em 
situações de intensa pobreza e desigualdade social.
Porém, a exclusão social pode se desenvolver fora do âmbito 
da pobreza, atingindo grupos minoritários que não têm acesso a certos 
direitos. 
Durante muito tempo, por exemplo, os casais homossexuais 
estiveram excluídos do direito de constituir união estável e de transmitir 
sua herança para os companheiros.
No sistema capitalista, ideologicamente falando, os detentores 
do capital econômico e cultural formulam as diretrizes a serem 
assimiladas pelas demais camadas da sociedade.
Alguns autores irão dizer que, por este motivo, o capitalismo 
consegue, ao longo do tempo, sair de suas crises cíclicas, pois tem 
um grande poder de se moldar à dinâmica política, econômica e social 
(Hunt; Sherman, 2001).
O capitalismo é capaz de criar inúmeras alternativas, entre 
as quais, notam-se os processos de reforma constante do Estado e sua 
adequação à ordem econômica, como, por exemplo, no processo de 
globalização da economia.
Um bom exemplo são as políticas sociais, típicas das 
sociedades capitalistas, cujo principal objetivo é minimizar a questão 
social (desemprego, índices altos de pobreza, insuficiência dos serviços 
de saúde, habitação e educação, entre outros).
3. Cidadania
No sentido etimológico, a palavra cidadania deriva da palavra 
civita, que, em latim, significa cidade. No Império Romano, contudo, os 
plebeus, apesar de livres, não eram considerados cidadãos, pois apenas os 
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patrícios podiam usufruir dos direitos civis, políticos e religiosos.
O termo tem o seu correlato grego na palavra politikos – aquele 
que habita na cidade. Porém, na Grécia Antiga, era considerado cidadão 
apenas aquele que podia deliberar sobre as questões da cidade (polis). 
Além disso, este homem deveria possuir determinadas condições para 
ser considerado cidadão, como por exemplo, ser livre e não precisar 
exercer qualquer tipo de trabalho para sobreviver.
Os demais membros daquela sociedade (mulheres, crianças, 
estrangeiros e indivíduos que exerciam algum tipo de trabalho) não 
possuíam o status de cidadão grego. O feudalismo, na condição de 
estrutura política que mediava as relações sociais, tinha como característica 
fundamental a dependência pessoal entre senhores e vassalos.
Por este motivo, a dimensão da cidadania se perdeu ao longo 
da Idade Média, uma vez que a relação de dependência pessoal, na 
qualidade de condição fundamental daquela sociedade, não permitia a 
ideia de exercício pleno de cidadania, nem mesmo entre aqueles que, de 
alguma forma, ocupavam status privilegiado.
Em meados do século XIV, a estrutura feudal começou a 
apresentar indícios de crise. As inúmeras guerras, a peste negra e a 
dificuldade do clero em manter a ordem social, levaram a nobreza (na 
figura do rei) a fazer parte efetiva do corpo Estatal.
Na transição entre os séculos XV e XVI, o declínio do 
feudalismo era irreversível e a nobreza assumiu o poder político. Este 
período, conhecido como Estado Moderno, apresentou a dinâmica 
social, política e econômica (Mercantilismo), baseada no poder do rei 
(monarquias absolutas) e na necessidade de fazer comércio e acumular 
riquezas no seu território.
Assim, as monarquias absolutas, devidamente organizadas, 
exerciam o poder sobre os demais membros da sociedade. 
Entretanto, uma série de incoerências na atuação das 
monarquias desencadeou o surgimento de intelectuais (entre os quais, 
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Jean-Jacques Rousseau, Barão de Montesquieu, Didero e Volteire), 
que discutiam e defendiam um governo em moldes democráticos tais 
como a igualdade, a participação popular, a defesa dos direitos do 
homem e a divisão do poder político em três instâncias (executivo, 
legislativo e judiciário).
As lutas que se estabeleceram a partir deste período 
culminaram na Independência dos EUA (1775 – 1783) e na Revolução 
Francesa (1789). A partir destes eventos, a organização política e social 
deixou de se basear nos deveres dos súditos e passou a se basear nos 
direitos e deveres dos cidadãos. Ou seja, isso significa a participação 
integral do indivíduo em uma comunidade política, que lhe confere um 
conjunto de direitos e de deveres.
Em sua concepção moderna, a cidadania associa-se 
estreitamente à democracia, pois depende da capacidade de participar 
da vida política de uma nação. Embora submetido a uma autoridade 
política, o cidadão é aquele que participa na formação dessa autoridade 
(Marshall, 1967).
Só é cidadão o indivíduo que tem um vínculo jurídico com o 
Estado, sendo portador de direitos e deveres fixados em uma estrutura 
legal (como uma Constituição, por exemplo) que lhe concede também 
uma nacionalidade.
No caso da
América Latina, a discussão sobre cidadania e 
exclusão social apresenta algumas diferenças. Ao longo do século XIX, a 
maioria dos países estava em processo de independência e de construção 
de seus Estados.
No caso do Brasil, a busca pela cidadania foi marcada por 
vários embates ao longo de todo período colonial e do Império. 
Entretanto, somente no século XX as discussões sobre cidadania e o 
problema da exclusão social tornaram-se um tema de grande relevância.
Após a proclamação da República, em 1889, a discussão sobre 
os rumos da sociedade foi intensa:
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• Indagou-se de que forma a liberdade e o exercício da 
cidadania poderiam ser construídos, uma vez que a 
sociedade brasileira, recém-saída do regime escravocrata, 
não apresentava uma população devidamente instruída para 
esta finalidade;
• Os altos índices de pobreza e analfabetismo, ambos 
resquícios do processo de colonização baseado na 
exploração e na escravidão, dificultavam a formação de uma 
sociedade apta para a cidadania e resolução dos problemas 
sociais.
No Brasil, o uso do termo cidadania apareceu, pela primeira 
vez, na Constituição Imperial de 1824 e, em seguida, na primeira 
Constituição Republicana de 1891. Porém, o termo estava vinculado 
à ideia de nacionalidade (aqueles que exercem direitos políticos) e 
naturalidade (os que nasceram no território).
Nas constituições posteriores, o termo se afirmou e, ao 
longo do século XX, foi amplamente debatido. Seus resultados estão 
expressos na formulação do código civil, apresentando os direitos e 
deveres do cidadão.
Também, ao longo do século XX, a exclusão social apresentou-
se como uma preocupação, tanto intelectual quanto para as diretrizes a 
serem tomadas pelo Estado. É fato que todo país subdesenvolvido ou 
em desenvolvimento, como o Brasil, encontra pelo caminho inúmeros 
fatores que impedem a resolução dos graves problemas sociais.
De meados do século XX em diante, os índices de pobreza, 
desemprego, ausência de um amplo programa de saúde e educação, 
além da má distribuição de renda, entre outros, deixaram, aos poucos, 
de serapenas uma preocupação do Estado.
Como podemos perceber, existem muitos problemas 
relacionados à cidadania no Brasil. Segundo Saraiva (2006), nunca houve 
uma cidadania genuinamente democrática no país que pudesse assegurar 
o amplo acesso de todas as camadas à justiça, à segurança, à distribuição 
de renda, à estrutura agrária, à educação, à saúde, à habitação etc. A 
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cidadania no Brasil permaneceu parcial, desequilibrada, excludente. A 
mera existência formal de direitos em uma Constituição não foi capaz de 
garantir o seu exercício efetivo na vida cotidiana da população.
4. O Surgimento do Terceiro Setor
Uma das principais questões que colocam em risco os regimes 
políticos e as relações entre Estado, sociedade e mercados é o fato de 
que a questão social continua sendo um dos principais problemas a 
serem enfrentados.
As grandes transformações sociais ocorridas a partir 
da segunda metade do século XX provocaram novos padrões de 
desenvolvimento na sociedade, com o surgimento de novos agentes 
econômicos, novas tecnologias de informação e comunicação, e novos 
modelos de gestão das organizações.
Entretanto, o agravamento de problemas sociais e ambientais 
representou a outra face desse mesmo contexto de desenvolvimento, 
marcado também por fenômenos como o desemprego, a exclusão social, 
a violência, os conflitos étnicos e religiosos e a degradação ambiental.
A exclusão social e a busca pelo exercício da cidadania 
não é apenas obrigação do Estado. Na atualidade, a sociedade civil, 
devidamente organizada, também atua no sentido de buscar alternativas 
para minimizar os problemas sociais.
Este é o contexto que faz surgir e crescer o chamado Terceiro 
Setor na sociedade. Segundo Saraiva (2006), sua função é, basicamente, 
preencher uma lacuna cada vez maior entre o que os cidadãos 
demandam e o que é oferecido pelo Estado.
Pressionado a ser cada vez menor, o Estado deixa de realizar o 
que já foi considerado como seu papel essencial. Alguns setores tais como 
habitação, educação e saúde foram, em grande parte, transferidos para o 
domínio do mercado, cabendo ao Estado a função de regular a prestação 
de serviços àquela parte da população que pode pagar por eles.
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Evidentemente, essa condição de pagamento por tais serviços 
exclui uma parcela significativa da população, surgindo aí a lacuna a que 
se refere Saraiva (2006).
O terceiro setor é composto por organizações privadas 
(que não fazem parte do aparato estatal) e voluntárias (que podem 
ser constituídas livremente por qualquer grupo de pessoas), sem 
fins lucrativos e que reúnem recursos particulares em defesa de 
interesses coletivos.
O terceiro setor diferencia-se do primeiro setor (composto 
pelas organizações estatais) porque, embora seja um mecanismo 
social público que atua no interesse da sociedade, é composto por 
organizações não estatais.
Entretanto, outros estudos questionam a transferência de 
funções públicas para o terceiro setor, mostrando os pontos que 
seriam negativos:
• A capacidade de a sociedade civil combater determinados 
problemas sociais seria limitada, não podendo ser 
equiparada aos recursos institucionais do Estado, muito 
mais abrangentes.
Com um crescimento expressivo, o terceiro setor recebeu 
considerável atenção da mídia e de estudos acadêmicos. E com isso, 
alguns debates muito importantes sobre o significado deste setor na 
sociedade ocorreram.
Há aqueles que acham que a atuação da sociedade civil 
organizada no terceiro setor tem muitos aspectos positivos, promovendo 
hábitos de cooperação, solidariedade e espírito público. Isso fortalece 
a cultura cívica, em que cada um se sente responsável pelo coletivo, 
compensando muito bem as deficiências do Estado no combate aos 
problemas sociais. Além disso, estimula o fim do paternalismo, o que 
compete à sociedade apenas esperar pelas resoluções do governo, sem 
que seja necessária nenhuma postura proativa em relação a eles.
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O envolvimento das empresas no terceiro setor, especialmente 
por meio de fundações, está associado a estratégias mercadológicas e de 
publicidade, algumas vezes explícita. Isso significa que o esforço dessas 
empresas está voltado somente para o reconhecimento público, que elas 
podem obter com ações sociais. 
A evolução do conceito de cidadania atinge não apenas os 
indivíduos, mas também organizações, gerando a ideia de cidadania 
empresarial. Segundo Rodhen (1996) uma empresa cidadã é aquela que 
não foge aos compromissos de trabalhar para a melhoria da qualidade 
de vida de toda a sociedade.
No estágio de empresa-cidadã, a organização passa a agir na 
transformação do ambiente social. A empresa não se atém apenas aos 
resultados financeiros, mas busca avaliar a sua contribuição à sociedade 
e se posiciona de forma proativa no enfrentamento das questões sociais 
e ambientais.
Segundo Lemos (2013), as empresas atuam de diversas 
maneiras no terceiro setor, entre as quais se destacam:
• Realizar investimentos privados em fundações próprias, que 
funcionam como seu “braço social, executando projetos em 
benefício da sociedade ou do meio ambiente;
• Realizar investimentos privados em parceria com ONGs que 
executam os projetos socioambientais.
Segundo o Censo GIFE 2011-2012, os investimentos sociais 
de origem empresarial alcançaram um aporte anual de R$ 2,2 bilhões, 
com grande destaque para a área de educação.
Neste sentido, observamos que a sociedade civil organizada 
por meio de ONGs e de organizações privadas, embora tente estabelecer 
iniciativas para a resolução dessas questões, sabe que ainda há um longo 
caminho
a ser percorrido. E é isso que estamos buscando ao longo dos 
nossos estudos: meios para minimizar os problemas ambientais.
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Referências Bibliográficas
CAMARGO, M. F. et al. Gestão do terceiro setor no Brasil: 
estratégias de captação de recursos para organizações sem fins 
lucrativos. São Paulo: Futura, 2001.
HUNT, E. K; SHERMAN, H. J. História do pensamento econômico. 
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no Brasil — 2010. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/Home/
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LEMOS, Haroldo. Responsabilidade socioambiental. Rio de Janeiro: 
FGV, 2013.
MARSHALL, T. H. Cidadania, classe social e status. Rio de Janeiro: 
Zahar Editores, 1967.
NASCIMENTO, E.p. Exclusão social no Brasil: as múltiplas 
dimensões do fenômeno. Série Sociológica, Brasília: Unb, 1993.
NEGRÃO, João José. Para conhecer o neoliberalismo. Editora 
Publisher Brasil, 1998.
PIMENTA, Maria Letícia. Terceiro setor, estado e cidadania: 
construção de um espaço político. In: Terceiro Setor: Dilemas e 
Polêmicas. São Paulo: Saraiva, 2006.

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