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ANÁLISE ECONOMICA DA INOCULAÇÃO VIA FOLIAR COM Azospirillum brasilense ASSOCIADA A DOSES DE NITROGÊNIO EM COBERTURA NA CULTURA DO MILHO SAFRINHA José Roberto Portugal(1), Orivaldo Arf(2), Amanda Ribeiro Peres(3), Aline Aparecida Franco(4) e Maria Aparecida Anselmo Tarsitano(2) Introdução O cultivo do milho (Zea mays L.) na safrinha tem sido viável economicamente para o produtor (CASAGRANDE; FORNASIERI FILHO, 2002). Além do retorno financeiro, a safrinha proporciona os benefícios agronômicos da rotação de culturas: aumento da palha- da, fundamental para a manutenção do sistema de plantio direto, controle de pragas e de doenças da lavoura de verão (SOUZA; SORATTO, 2006). Uma dos principais problemas para alcançar altos rendimentos com a cultura do mi- lho está relacionada ao manejo da adubação nitrogenada (BASI, 2013). Tendo em vista a crescente demanda por fertilizantes nitrogenados e a preocupação com as possíveis perdas e contaminação do ambiente (FERNANDES; LIBARDI, 2007). Assim, torna-se necessária aplicação de N na forma parcelada (YAMADA; ABDALA, 2000) como também, a busca por alternativas de suprimento de N via fixação biológica (BASI, 2013). Segundo Hungria (2011) a inoculação com a aplicação de apenas 24 kg ha -1 de N, resulta em rendimentos da ordem de 3400 kg ha-1, que são interessantes economicamente no caso do milho safrinha ou para a agricultura familiar. Desse modo, o uso de bactérias promotoras do crescimento de plantas que aumentem a eficiência de utilização dos fertili- zantes e, que aporte nitrogênio via fixação biológica, representa uma estratégia viável eco- nomicamente, além dos benefícios ambientais associados à redução no uso de fertilizantes (HUNGRIA, 2011). 1 ,3Engenheiros-Agrônomos, Mestrandos na Universidade Estadual Paulista, Câmpus de Ilha Solteira, Av. Brasil, 56, 15385-000 Ilha Solteira, SP. jrp_agro@yahoo.com.br; amandarperes_agro@yahoo.com.br 2Engenheiro-Agrônomo, Dr., Professores da Universidade Estadual Paulista, Câmpus de Ilha Solteira, Av. Brasil, 56, arf@agr.feis.unesp.br; maat@agr.feis.unesp.br 34Engenheira-Agrônoma, Doutoranda na Universidade de São Paulo, Câmpus Luiz de Queiroz, Av. Pádua Dias, 11, 13418-900 Piracicaba, SP. alinefranco_itba@hotmail.com [1] Assim, o trabalho teve como objetivo avaliar economicamente a inoculação com Azospirillum brasilense via foliar associada à aplicação de doses de nitrogênio em cobertura no milho safrinha. Material e Métodos O experimento foi desenvolvido no ano de 2013, na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira – UNESP, localizada no município de Selvíria - MS (latitude 22 º 23 ' S e longitude 51 º 27 ' W), com precipitação pluvial média anual de 1.300 mm, temperatura média de 23,7 ºC e tipo climático Aw, segundo a classificação de Köppen. O solo é classificado, de acordo com Embrapa (2006), em LATOSSOLO VERMELHO Distrófico típico argiloso. O preparo do solo foi realizado com escarificador e com grade niveladora. Foi utilizado o sistema de semeadura convencional, sendo o milho como cultura anterior. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados com 8 tratamentos dispostos em esquema fatorial 4x2. Os tratamentos foram constituídos por quatro doses de nitrogênio na forma de sulfato de amônio (0, 30, 60 e 90 kg ha-1), na presença e ausência do inoculante aplicado via foliar. As parcelas foram constituídas de 5 linhas de 5 m de comprimento, sendo consideradas como área útil as 2 linhas centrais. Foi utilizado o híbrido simples DKB 390 VT PRO, de ciclo precoce e grão semiduro amarelo-alaranjado. A inoculação via foliar foi realizada com inoculante Masterfix Gramineas® com as estirpes AbV5 e AbV6 de A. brasilense (2x108 células viáveis mL-1) na dose de 200 mL ha-1. A semeadura foi realizada no dia 02/01, com espaçamento de 0,90 m entrelinhas e adubação de semeadura com 250 kg ha-1 da formulação 08-28-16. A inoculação via foliar da bactéria, bem como a adubação de cobertura foram realizadas quando as plantas estavam no estádio de desenvolvimento V6 (seis folhas expandidas), nessa fase a cultura se encontrava com 22 DAE (dias após a emergência), sendo que ambos realizados no final da tarde, visando melhor eficiência da inoculação e da adubação em cobertura, visto que nesse período do dia ocorrem temperaturas mais amenas. Foi utilizado pulverizador costal com ponta de jato cone vazio e vazão de 180 L ha-1. [2] No intuito de manter a cultura livre da competição com plantas daninhas, aplicou-se atrazina e tembotriona, nas doses de 1.000 e 100 g ha-1, respectivamente. A colheita foi realizada no dia 16/05/2013, aos 127 DAE. Com relação à análise econômica, utilizou-se a técnica da orçamentação parcial, detalhada por Noronha (1987). A orçamentação parcial é utilizada para analisar decisões que envolvem modificações parciais na organização de uma atividade produtiva. Procura- se comparar os acréscimos de custos com os de benefícios da decisão. A melhor alternativa será aquela que oferecer maiores benefícios líquidos ou margens de ganho maiores. Foram determinados para cada tratamento as receitas e os custos adicionais da inoculação + aplicação e das doses de nitrogênio + aplicação, considerando-se o preço do inoculante de R$ 8,00 e a dose de 100 mL; o custo da aplicação do inoculante de R$ 16,59 ha -1, preço do quilograma de nitrogênio de R$ 3,99 (considerando o custo de R$ 838,00 t-1 do sulfato de amônio com 21% de N) e o custo da aplicação do nitrogênio de R$ 6,94, com base nos preços obtidos na região. Com base na produtividade média de grãos para cada tratamento, calculou-se o acréscimo de produtividade proporcionado pela inoculação e pelas doses de nitrogênio, em relação à testemunha (sem inoculante e sem nitrogênio). O valor de produção em cada tratamento foi obtido multiplicando-se a produtividade adicional pelo preço recebido pelos produtores de milho do estado de Mato Grosso do Sul. Nesse estudo, foi utilizado o preço médio no período de 12/08 a 16/08 de 2013 (R$ 15,00) (CONAB, 2013a), referentes ao valor da saca de sessenta quilos de milho. A margem de ganho foi obtida pela subtração do custo da inoculação + custo da aplicação e das doses de N + custo da aplicação, do valor da produção em cada tratamento. Resultados e Discussão De acordo com os valores de produtividade (Tabela 1) de grãos de milho safrinha, observam-se bons resultados, sendo que todos os tratamentos apresentaram valores médios acima da produtividade nacional (5132 kg ha-1) e para o estado do Mato Grosso do Sul (5100 kg ha1), de acordo com a Conab (2013b). Nessa pesquisa, destacam-se os valores positivos de produtividade obtidos com a inoculação via foliar com a bactéria A. brasilense, independente da dose de N aplicada. Assim como Basi et al. (2011) verificaram [3] que independente da utilização de N em cobertura, a inoculação com A. brasilense nas sementes ou no sulco de semeadura incrementa o rendimento do milho na safra de verão. Os acréscimos em produtividade (Tabela 1) indicam que em todas as doses de N aplicadas, apenas a presença da bactéria promoveu acréscimos, na ordem de 7,62%, 13,63%, 5,18% e 6,59% para as doses de 7,62%, 13,63%, 5,18% e 6,59%, respectivamente. Todos os outros tratamentos onde não se realizou a inoculação houve decréscimos na produtividade. Tabela 1. Produtividade, acréscimo em produtividade, acréscimo no valor da produção e custo da inoculação e da adubação nitrogenada em milho safrinha. Selvíria-MS, 2013. Tratamentos Produtividade de grãos (kg ha-1) Acréscimo Custo Inocu- lante¹ e Custo Adubação²(R$ ha-1) Doses de Ni- trogênio (kg ha-1) Inoculação Produtividade(kg ha-1) Valor de Produção (R$ ha-1) 0 sem 5633 - - - 0 com 6062 429 107,3 32,6 30 sem 5433 -200 -50,0 126,6 30 com 6401 768 192,0 159,2 60 sem 5190 -443 -110,8 246,3 60 com 5925 292 73,0 278,9 90 sem 5365 -268 -67,0 366,0 90 com 6004 371 92,8 398,6 ¹ Acrescido o custo da aplicação do inoculante (com base no custo da aplicação de defensivos para a região) ² Acrescido o custo da aplicação do adubo nitrogenado (com base no custo para a região). Em relação aos acréscimos no valor da produção, contidos na Tabela 1, de acordo com o preço da saca de milho na região, com o valor de R$ 15,00, observa-se a mesma tendência que os acréscimos em produtividade, onde apenas houve valores positivos quando se realizou a inoculação. Quanto aos valores de custos, percebe-se que estes se elevam com o aumento das doses de N e, com a utilização da inoculação, acrescenta-se R$ 32,6 em relação ao tratamento sem inoculação. Na margem de ganho bruto, destaca-se a dose 0 kg ha-1 de N na presença de inoculação com R$ 74,7 ha-1 e a dose de 30 kg ha-1 também na presença de inoculação com R$ 32,8 ha-1, mostrando que economicamente não compensa realizar adubação nitrogenada [4] na cultura do milho safrinha, quando se utiliza a inoculação via foliar com Azospirillum brasilense e, que quando se aplica uma dose de 30 kg ha-1 de N, também na presença da bactéria, a margem de ganho bruto decresce em 56,09%. Figura 1. Margem de ganho bruto com inoculação via foliar e doses de N aplicadas em cobertura em milho safrinha. Selvíria – MS, 2013. Essa modalidade de cultivo, denominado safrinha, visto que é semeado em uma época onde as condições climáticas normalmente são desfavoráveis ao bom desenvolvimento da cultura, trazendo condições de estresse para as plantas e, assim, diminui a eficiência da cultura quanto à resposta a adubação nitrogenada em cobertura. É de praxe os agricultores dessa modalidade de cultivo utilizar o adubo remanescente da safra de verão para a adubação do milho safrinha e, muitas vezes, eles não realizam adubação em cobertura, pela baixa resposta do fertilizante na cultura e baixa viabilidade econômica, sendo assim, salienta-se a importância desse estudo para viabilizar a utilização da bactéria Azospirillum brasilense aplicada via foliar na cultura do milho safrinha. Conclusões A aplicação foliar de inoculante contendo Azospirillum brasilense aumenta a produtividade de grãos. A aplicação foliar de Azospirillum brasilense proporciona margem de ganho positiva com a aplicação de 0 e 30 kg ha-1 de nitrogênio em cobertura. [5] O maior retorno econômico é obtido com a aplicação de inoculante foliar sem adubação de cobertura. Referências BASI, S. Associação de Azospirillum brasilense e de nitrogênio em cobertura na cultura do milho. 2013. 50 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Universidade Estadual do Centro-Oeste, UNICENTRO, Guarapuava.. BASI, S.; LOPES, E.C.P.; KAMINSKI, T.H. et al Azospirillum brasilense nas sementes e no sulco de semeadura da cultura do milho. In.: Semana de Integração, Ensino, Pesquisa e Extensão, 2. Resumos... Guarapuava: Anais da II SIEPE, 2011. 4p. CASAGRANDE, J. R. R.; FORNASIERI FILHO, D. Adubação nitrogenada na cultura do milho safrinha. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, DF, v. 37, p. 33-40, 2002. COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO - CONAB. Preços da Agropecuária; Safra 2012/2013. Brasília, 2013. Disponível em: < http://www.conab.gov.br>. Acesso em: 19 de set. 2013a. COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO - CONAB. Acompanhamento da safra brasileira: grãos, décimo segundo levantamento; Safra 2012/2013. Brasília, 2013. Disponível em:< http://www.conab.gov.br>. Acesso em: 19 de set. 2013b. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – EMBRAPA. Sistema brasileiro de classificação de solos. 2.ed. Rio de Janeiro: Embrapa, 2006. 306 p. FERNANDES, F. C. S.; LIBARDI, P. L. Percentagem de recuperação de nitrogênio pelo milho, para diferentes doses e parcelamentos do fertilizante nitrogenado. Revista Brasilei- ra de Milho e Sorgo, Sete Lagoas, v.6, n. 3, p. 285-296, 2007. HUNGRIA, M. Inoculação com Azospirillum brasilense: inovação em rendimento a baixo custo. Londrina: Embrapa Soja, 2011. 37p. (Documentos, 325). NORONHA, J.F. Projetos agropecuários: administração financeira, orçamento e avaliação econômica. 2ed. São Paulo, Atlas. 269p. 1987. SOUZA, E.F.C.; SORATTO, R.P. Efeito de Fontes e Doses de Nitrogênio em Cobertura, no Milho Safrinha, em Plantio direto. Revista Brasileira de Milho e Sorgo, Sete Lagoas, MG, v. 5, p. 395-405, 2006. YAMADA, T.; ABDALLA, S.R.S. Como melhorar a eficiência da adubação nitrogenada do milho? Informações Agronômicas, Piracicaba: POTAFOS, n.91, p.1-5, 2000. [6] Introdução Resultados e Discussão
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