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Universidade Federal Fluminense
Instituto de Ciências Humanas e Sociais
Disciplina: MACROECONOMIA
Prof: Fabio Henrique Cazeiro de Mayrinck
fabiohenrique@id.uff.br
OFERTA AGREGADA
O Produto Interno Bruto (PIB) é a agregação de todas as riquezas produzida pelo país, esse montante de riqueza é criado pela interação entre oferta agregada e demanda agregada de bens (produtos e serviços) entre os agentes econômicos, neste curso de macroeconomia será estudado primeiramente a Oferta Agregada (OA), sendo essa a quantidade de bens que os agentes econômicos se dispõem a produzir e vender a cada nível de preço, a Demanda Agregada (DA) será estudada posteriormente. 
Como o PIB dos países é composto por uma infinidade de diferentes bens e neste curso a economia será estudada como um todo então é necessário fazer alguma hipótese de agregação da produção nacional, sendo assim, para facilitar, será considerado aqui que o PIB é composto ou por uma cesta padrão de bens ou por um único bem, que são produzidos por todas as pessoas e empresas do país. 
Para produzir o PIB é necessário o uso de recursos produtivos como, por exemplo, máquinas, energia, matérias primas, trabalhadores, prédios, galpões, computadores, etc. Todos os recursos utilizados no processo produtivo são chamados de Fatores de Produção (FP). Os Fatores de Produção podem ser agrupados em três tipos, são eles: Capital (K), Trabalho (N) e Tecnologia (A). 
O estoque de capital (K) compreende todos os instrumentos de trabalho que facilitam o trabalho humano, ou sobre o qual o trabalho humano é aplicado, são os ativos imobilizados e estoques das firmas, ou seja, são todas as máquinas, equipamentos, prédios, galpões, caminhões, tratores, insumos ou qualquer coisa que seja utilizada no processo produtivo que não seja a força de trabalho humana. Novamente, como o PIB de um país é composto por uma infinidade de diferentes bens o estoque de capital das firmas também é muito heterogêneo, cada firma possui um diferente estoque de capital, mas assim como foi considerado para o PIB, pode-se considerar, para facilitar, que o estoque de capital de cada firma na economia nacional é composto de uma cesta de meios de produção, um conjunto de equipamentos e insumos que compreende todos os diferentes tipos de capital da economia, uma cesta de equipamentos na qual os diferentes tipos de capital da economia são representados na proporção exata do que existe na economia real, sendo assim uma unidade de capital significa uma quantidade padrão de equipamentos e instrumentos de trabalho, ou mais simplificadamente ainda, pode-se considerar o estoque de capital como sendo uma “máquina”, e todas as empresas da economia possuem a mesma “máquina”, e o estoque de capital é medido em unidades de capital, ou número de “máquinas”. 
O estoque de trabalho (N) nada mais é do que o número de horas homem de trabalho (ou mão de obra) utilizado pelas firmas no processo produtivo. Logicamente que os trabalhadores possuem diferentes qualificações, capacitações e habilidades e exercem diferentes funções e são desigualmente produtivos assim como possuem diferentes salários, dessa forma considerar tantas horas de trabalho levanta a pergunta de qual trabalho está sendo considerado, porém como no presente curso de macroeconomia serão considerados todos os trabalhadores e trabalhos existentes na economia então, novamente, para facilitar, pode-se generalizar a hora de trabalho de duas formas, ou considera-se como hora de trabalho a hora do trabalho mais básico ou simples realizado na economia, e funções mais complexas possuem uma hora de trabalho que equivalem a um múltiplo dessa hora de trabalho simples ou então a hora de trabalho representa a hora de trabalho do trabalhador médio da economia, e supostamente todos os trabalhadores possuem uma habilidade, carga horária e trabalho igual a média dos trabalhadores da economia. De outro lado, os trabalhadores recebem um salário pelo seu trabalho, aqui também ou se considera como salário o menor salário pago na economia, e trabalhadores mais bem pagos ganham um múltiplo desse salário ou então se considera o salário médio da economia.
É importante ressaltar que como o objeto de estudo do curso de macroeconomia são os valores agregados, totais, da economia nacional então tanto para a produção nacional, quanto para o estoque de capital, quanto para o estoque de trabalho alguma regra de generalização deve ser feita, porém essa generalização deve ser apropriadamente entendida, o aluno deve manter claro em mente que a afirmação de que a economia nacional está crescendo, aumentando o estoque de capital e emprego não significa que todos e cada setor da economia estejam na mesma situação, não há contradição alguma se algum setor da economia sofrer uma brutal crise, com perda de produção, capitais e emprego, em meio a uma economia que cresce a taxas incríveis, ou vice-versa. 
O estoque de Tecnologia (que será representado pela letra A, de avanço ou ampliação) é um fator de produção de suma importância, pode ser definida como sendo a forma de organizar os fatores de produção, a tecnologia e os avanços tecnológicos são os responsáveis pelo aumento da produtividade dos demais fatores de produção, é o avanço tecnológico que permite as firmas (e a economia como um todo) aumentar o seu nível de produção sem aumentar o estoque de capital ou trabalho, a tecnologia é um conceito amplo que abrange questões diversas como: materiais, computação, administração, comportamento, legislação entre muitas outras áreas de atividade, embora a tecnologia seja algo fundamental os fatores que determinam seu desenvolvimento não são claros nem bem definidos, além do que é difícil, senão impossível, quantificar a tecnologia, por isso a tecnologia e os fatores determinantes do desenvolvimento tecnológico não serão considerados neste curso, por fugirem ao escopo do curso. Para as finalidades do presente curso será considerado que o estado (ou nível, ou estoque) da tecnologia está dado, é fixo, constante, e avanços ou melhorias tecnológicas serão consideradas como exógenas, são gerados fora da economia.
A relação entre o máximo que um agente econômico é capaz de produzir e a quantidade de recursos utilizada é chamada de função de produção:
		(1)
Onde Y é a quantidade de produto produzida (ou o PIB para a economia nacional), K é o estoque de capital, N é o estoque de trabalhado e A é o fator tecnológico. Uma função de produção tradicional e muito utilizada em economia é a função de produção Cobb-Douglas:
						(2)
Onde α é a participação relativa do capital na função de produção e β é a participação relativa do trabalho na função de produção.
Por exemplo, considere que: A = 3, K = 100, N = 225, α = β = 0,5. Nessas condições o nível de produção desta empresa (ou desta economia) seria de unidades de produto! Caso a quantidade de trabalho aumente para 400, mantido tudo mais constante (cœteris paribus), então o nível de produção desta empresa (ou economia) aumentaria para .
Retorno de Escala
Dado a função de produção uma pergunta óbvia, muitas vezes erroneamente respondida, é como varia a produção total dado uma variação nos fatores de produção, essa pergunta se refere ao conceito de retorno de escala, o retorno de escala é a relação entre a variação da produção total e a variação de todos os fatores de produção, numa mesma proporção. O retorno de escala pode ser crescente, decrescente, ou constante.
1) Retorno Crescente de Escala: O retorno de escala é crescente quando a produção cresce a uma taxa superior ao aumento, numa mesma proporção, de todos os fatores de produção. Por exemplo, suponha uma função de produção do tipo: .
Isso significa que se todos os fatores de produção (K e N) forem multiplicados por um fator λ qualquer a produção crescerá a uma taxa maior que λ. Isso pode ser visto multiplicando K e N pelo mesmo λ, ou seja:
Ou seja, se e então: 
	
Pode-se ver que com base na função de produção acima, caso todos os fatores de produção sejam duplicados() então a produção total mais que duplica, é multiplicada por quase 7.
Como exemplo de funções de produção que exibem retorno de escala crescente pode ser dado qualquer setor da economia onde as empresas utilizem grandes plantas industriais, pois quanto maior for a escala de produção menor será o custo médio de produção, por exemplo, a fábrica de caminhões da Wolkswagen do Brasil claramente possui retorno de escala crescente, pois esta firma decidiu construir uma única fábrica para abastecer todo o mercado mundial, siderurgia e petroquímica são outros exemplos de setores da economia que exibem retorno de escala crescente. 
É importante ressaltar que retorno de escala não é uma condição necessária para que uma empresa seja grande, muitas empresas podem ser grandes sem serem beneficiadas por retorno crescente de escala, por exemplo, a Sadia e a Perdigão preferem criar frangos em “pequenos” viveiros, com alguns poucos milhares de frangos, em estabelecimentos de pequenos produtores rurais a produzir frangos aos milhões em enormes galpões, nem por isso essas empresas são pequenas produtoras de frango. [1: A produção de fumo também segue essa lógica, já o beneficiamento do fumo e a fabricação de cigarro são setores que exibem retorno de escala crescente.]
2) Retorno Decrescente de Escala: O retorno de escala é decrescente quando a produção cresce a uma taxa inferior ao aumento proporcional de todos os fatores de produção. Por exemplo, suponha uma função de produção do tipo: .
Isso significa que se todos os fatores de produção (K e N) forem multiplicados por um fator λ qualquer a produção crescerá a uma proporção menor que λ. Por exemplo:
Ou seja, se e então: 
Pode-se ver que com base na função de produção acima, caso todos os fatores de produção sejam quintuplicados () então a produção total menos que quintuplica.
Como exemplo de funções de produção que exibem retorno de escala decrescente pode ser dado qualquer setor da economia aonde as empresas utilizem várias e pequenas plantas industriais, pois quanto menor for a escala de produção menor é o custo médio de produção, por exemplo, como já foi dito acima a Sadia e a Perdigão preferem criar frangos em pequenos viveiros, com alguns poucos milhares de frangos, em estabelecimentos de pequenos produtores rurais em vez de produzir frangos aos milhões em enormes galpões.
Como dito no caso de retorno crescente de escala é importante ressaltar que retorno decrescente de escala não é sinônimo de empresas pequenas, como os exemplos da Sadia e Perdigão demonstram. 
3) Retorno Constante de Escala: O retorno de escala é constante quando a produção cresce a uma taxa igual ao aumento, na mesma proporção, de todos os fatores de produção. Por exemplo, suponha uma função de produção do tipo: .
Isso significa que se todos os fatores de produção (K e N) forem multiplicados por um fator λ qualquer a produção crescerá a essa mesma proporção. Por exemplo:
Ou seja, se e então: 
Pode-se ver que com base na função de produção acima, caso todos os fatores de produção sejam quadruplicados () então a produção total também quadruplica.
O desinteresse por tais setores torna difícil dar exemplos. A maior parte dos setores da economia exibe retorno de escala decrescente, alguns poucos setores exibem retorno de escala crescente e outros poucos exibem retornos de escala constante.
A diferença entre as três formas de retorno de escala, relacionando a variação na quantidade total produzida pela firma (ou pela economia como um todo) e a variação no uso de fatores de produção pode ser vista no gráfico 01. Neste gráfico é possível ver que para uma mesma variação na quantidade de fatores de produção utilizada por uma firma (ou pela economia como um todo) a produção cresce muito mais no caso de retornos crescentes de escala em relação aos retornos constantes ou decrescentes de escala, ou de outra forma, para um mesmo aumento no nível de produção é necessário um aumento no uso de fatores de produção muito maior no caso em que há retornos decrescentes de escala em relação à situação em que há retornos constantes ou crescentes de escala. 
GRÁFICO 01 – Função de Produção (Y) e Retorno de Escala.
Y
1
 – Retorno Crescente de Escala
FP
FP
0
FP
1
Y
0
Y
3
Y
Y
2
 – Retorno C
onstante
 de Escala
Y
3
 – Retorno 
Decrescente
 de Escala
Y
2
Y
1
Como dito acima a maior parte dos setores da economia nacional exibem retorno de escala decrescente, na melhor das hipóteses constante, uma comprovação empírica disto é a existência de desemprego e ociosidade na economia, se não fosse assim as firmas demandariam toda a mão de obra do mundo para produzir, com ganhos cada vez maiores de produtividade, e a enorme produção mundial seria vendida facilmente com drásticas reduções de preços, possibilitada justamente pelo ganho de produtividade, o que logicamente não é visto na pratica, sendo assim a economia como um todo não possui, de forma alguma, retorno crescente de escala! Ou seja, para a economia como um todo, para a economia nacional, um aumento proporcional em todos os fatores de produção aumenta a produção por essa mesma proporção, no máximo!
Produtividade Marginal
O impacto sobre a produção total da variação de todos os fatores de produção numa mesma proporção é chamado de retorno de escala, mas quando apenas um único fator de produção é alterado então o impacto sobre a quantidade total produzida é chamado de produtividade marginal (PMg), a produtividade marginal é medida pela variação da quantidade total produzida dado a variação no uso de um único fator de produção.
Considerando que a tecnologia é algo difícil de quantificar e varia “lentamente”, ou pelo menos de forma imprevisível, ao longo do tempo então é razoável supor que este fator de produção se mantenha fixo, ou constante, no curto prazo. Considerando ainda que é difícil para qualquer firma ampliar (adquirir, transportar, instalar e preparar) o estoque de capital de forma rápida a fim de se tornar operacional e produtivo, então o estoque de capital também pode ser considerado como sendo fixo, constante, estável no curto prazo. As firmas até podem ter recursos financeiros para comprar tudo o que for necessário para aumentar o seu estoque de capital, porém para efetivamente aumentar o estoque de capital se gasta muito tempo. Sendo assim, a função de produção, de curto prazo, pode ser reescrita como tendo apenas o trabalho como variável explicativa:[2: Sendo assim, o estoque de capital da firma é fixo no curto prazo, porém pode variar no longo prazo. No longo prazo não há nenhum tipo de fator de produção fixo para a economia, todos os fatores de produção podem variar.]
					(3)
Ou seja, como a maior parte dos fatores de produção são fixos no curto prazo então as firmas devem, para variar o nível de produção, recorrer a variações no fator de produção que seja possível de ser alterado, notadamente o número de horas-homem de trabalho, e por isso o conceito de produtividade marginal (PMg) é importante, ele mede justamente essa relação, a PMg é a relação entre a variação total da produção e a variação na quantidade utilizada de um único fator de produção, mantido todos os demais constantes.[3: É importante diferenciar a produtividade marginal (PMg) da produtividade média (PMe), a PMe de um fator de produção é a relação entre o total produzido por uma firma (ou pela economia como um todo) e a quantidade utilizada do fator de produção específico, por exemplo, carros por trabalhador, ou toneladas por hectare, ou toneladas por trator e assim por diante.]
A relação entre a quantidade produzida e quantidade utilizada de trabalho (N) é óbvia, quanto maior N maior a quantidade produzida, sendo assim: . Porém, embora a relação entre quantidade produzida e quantidade utilizada de trabalho (ou outro recurso produtivo qualquer) seja positiva, ela não é constante, ela varia com a quantidade de recursos (trabalho) utilizada, e varia de tal forma que quanto maior a quantidadeutilizada de recursos cada vez menor será o incremento na quantidade produzida, esse é um efeito tão importante que se tornou uma lei na economia.
No início do século XIX um importante economista inglês, David Ricardo, ver RICARDO (1985), analisou um elemento econômico de fundamental importância à época, a renda da terra (um assunto que não é de interesse no presente curso), em seu estudo Ricardo demonstrou que para aumentar a quantidade produzida de alimentos é necessário recorrer a terras de pior qualidade (menos férteis, mais distantes, mais difíceis de cultivar, uma série de problemas que levaria a uma perda de produtividade da agricultura), com isso quanto mais terra fosse utilizada maior seria a produção agrícola, mas a produção agrícola cresceria a taxas decrescentes, ou seja, o ritmo de aumento na produção agrícola não acompanharia o ritmo de crescimento no uso de novas terras. Essa análise levou outros economistas a estudar o assunto e perceber um efeito semelhante em praticamente todos os outros setores da economia, por isso a proposição de Ricardo, de rendimentos decrescentes na agricultura, acabou se tornando uma lei em economia, a lei dos rendimentos marginais decrescentes.
Essa lei indica que acréscimos de fatores de produção aumentam a quantidade produzida, mas a taxas decrescentes! Isso pode ser visto no gráfico 2, a parte superior do gráfico mostra como cresce a produção total à medida que mais recursos produtivos, no caso trabalho, são destinados ao processo produtivo, a parte inferior mostra o incremento ao total produzido de cada novo trabalhador (recurso produtivo), à medida que mais recursos são utilizados no processo produtivo cada vez menor será o incremento ao total produzido, ou o que é o mesmo, menor será a produtividade dos fatores de produção!
Um argumento mais intuitivo para explicar a PMg decrescente para um fator de produção qualquer, em especial o trabalho, seria de que como a função de produção nacional demanda diversos fatores de produção e exibe retornos constantes ou decrescentes de escala então o aumento de produção, fruto do aumento de um único fator de produção será, devido à falta ou escassez dos demais fatores de produção, menos que proporcional ao aumento no uso do fator de produção específico.
Ou seja, para o caso do tralho, aumentar o número de horas homem de trabalho sem aumentar o estoque de capital leva a uma deterioração das condições de trabalho, uma redução na quantidade de capital por trabalhador (K/N), ou seja, passa a haver menos máquinas por homem, o que leva a uma perda de produtividade dos novos trabalhadores.
GRÁFICO 02 – Função de Produção e Produtividade Marginal do Trabalho
N
N
2
N
1
PMg
N
2
PMg
N
1
PMg
N
Y
1
Y
2
Y
N
O gráfico 2 apresenta a forma mais comum para a função de produção e produtividade marginal de se ver em livros de economia, tal função de produção nacional possui as condições de Inada, que são: 1) o valor da função Y(N) em N = 0 é zero, 2) a função é continuamente diferençável, 3) a função é estritamente crescente em N, 4) a derivada segunda de Y em relação a N é negativa, 5) a primeira derivada de Y em relação a N é, no limite, infinito quando N se aproxima de zero e 6) a derivada de Y em relação a N é zero, no limite, quando N se aproxima de infinito. [4: Nome dado pelo economista Japonês Ken-Ichi Inada]
GRÁFICO 03 – Formas alternativas para a função de produção e produtividade marginal
PMg
N
Y
Y
Y
Y
(A)
(B)
(E)
(F)
N
N
N
N
N
N
N
N
(C)
N
N
Y
 
(D)
N
N
Y
PMgN
PMgN
PMgN
PMgN
PMgN
Exemplo:
Exemplo:
Exemplo:
Exemplo:
Exemplo:
 x e i variando 
No gráfico 3 é possível ver formas alternativas para a função de produção e suas respectivas produtividades marginais, muitas outras formas podem ser verificadas no mundo real, inclusive combinações entre as formas apresentadas aqui, mas cada possível diferente formato para a função de produção é certamente uma exceção à regra, uma caso específico para um setor ou firma determinado, para a função de produção nacional, que representa todos os setores da economia juntos, o gráfico 2, ou variações dele, certamente é o mais representativo. 
Das formas apresentadas no gráfico 3 as representadas nas letras E e F são as mais apropriadas para representar a função de produção nacional, são variações da função apresentada no gráfico 2, na qual para baixos e baixíssimos níveis de emprego a produção pode crescer mais que proporcionalmente ao aumento no nível de emprego, ou seja, o trabalho possa apresentar PMg crescente, mas tão logo o nível de emprego alcance uma proporção razoável da população economicamente ativa a PMg se torna novamente decrescente, o que é o mais normal.
Uma questão de suma importância é a estabilidade da função de produção e da função de produtividade, dizer que a produtividade está dada significa dizer que a curva, ou a equação, de produtividade marginal esta dada, dessa forma, mantida a produtividade do trabalho aumentos no nível de emprego reduzem a produtividade dos trabalhadores, assim como reduções do nível de emprego aumentam a produtividade dos trabalhadores, porém essas duas situações são pontos de uma mesma curva de produtividade marginal. 
Caso haja um choque tecnológico que amplie a produção a cada nível de emprego isso aumenta a produção e a produtividade, graficamente isso desloca a curva de função de produção e produtividade marginal pra cima, ou seja, a cada nível de emprego os trabalhadores passam a ser mais produtivos, mas ainda assim, novas variações do nível de emprego podem novamente aumentar ou diminuir a produtividade dos trabalhadores.
GRÁFICO 04 – Variação da Função de Produção e Produtividade Marginal
Y
N
N
PMg
N
A
B
C
Y
1
Y
2
PMg
1
PMg
2
N
1
N
2
N
1
N
2
A
B
C
Por exemplo, no gráfico 04, supondo que a função de produção possa ser representada, inicialmente, pela função Y1 então a função de produtividade marginal do trabalho é a curva PMg1, nessa curva a relação entre produtividade marginal e nível de emprego está dada, é fixa, mas isso não significa que a quantidade física da produtividade dos trabalhadores seja constante, na realidade dada a função de produção e produtividade a quantidade física da produtividade marginal do trabalho dependerá do nível de emprego. Caso o nível de emprego seja relativamente baixo, por exemplo: N1, então a produtividade marginal dos N1 trabalhadores será relativamente alta, isso se comparado ao nível de emprego de N2 trabalhadores, onde há um deslocamento ao longo da curva PMg1, do ponto A ao B, onde há perda de produtividade do trabalho, embora a produção total aumente. Ou seja, tanto o ponto A quanto o ponto B fazem parte da mesma função de produtividade marginal do trabalho, nesses dois casos a função de produtividade está dada, mas o valor específico da produtividade dependerá do nível de emprego.
	Para que haja um aumento de produtividade de fato é necessário que haja ou um avanço tecnológico ou um aumento no estoque de capital da economia de forma que a função de produção, medida em relação ao trabalho, se desloque de Y1 para Y2, e a função de produtividade marginal se desloque de PMg1 para PMg2, com isso os N2 trabalhadores passam a ser tão produtivos, na margem, quanto os N1 trabalhadores anteriormente.
Matematicamente, seja a função de produção dada pela seguinte equação:
			
	Com . Então a produtividade marginal do trabalho pode ser calculada da seguinte forma:
			
	Esse é um valor positivo, ou seja, a produção Y cresce com aumentos em N, mas quanto maior N menor será a quantidade física da produtividade dos trabalhadores, mas a função de produtividade está dada, a curva de PMgN está dada, e é representada pela equação acima, os pontos A e B do gráfico 04 acima fazem parte da mesma função de produtividade, um aumento de produtividade de fato significa uma mudança na equação acima, e um deslocamento na curva de PMgN.
	Ou seja, é necessário diferenciar um deslocamento ao longo da curva deprodutividade marginal de um deslocamento de toda a curva de produtividade marginal, no primeiro caso a função de produtividade está dada, no segundo caso ela mudou!
	Mas ainda, com base na função de PMgN dada acima é possível ver que:
			
	Essa expressão acima é a derivada segunda de Y em relação a N, que indica a aceleração da variação de Y em relação a N, e é negativa, ou seja, a taxa de variação de Y em relação a N é positiva, crescente, mas desacelerando, cresce a taxas decrescentes!
Demanda de Trabalho
A demanda de trabalho é a quantidade de trabalhadores (horas/homem) que as firmas demandam (contratam) a cada nível de salário para realizar sua produção, ou seja, a demanda de trabalho é aqui definida como sendo uma decisão das firmas.[5: A demanda de trabalho da firma também pode ser chamada de oferta de emprego pelas firmas.]
Para facilitar é suposto que as firmas são:
1º) Concorrentes perfeitas: Ou seja, nenhuma firma tem poder de mercado para influenciar preços (P) ou salários (W) na economia, há uma infinidade de pequenas firmas na economia produzindo produtos semelhantes (ou idênticos) e competindo entre si, não há barreiras a entrada ou saída, dessa forma um mercado lucrativo pode ser alvo de investimento, entrada, de outras firmas que visam explorar o lucro do setor, assim como um setor pouco lucrativo pode levar firmas a encerrar suas atividades, liquidar seus ativos e sair do setor, buscando outros setores mais lucrativos, dessa forma preços e salários são dados livremente pela interação entre demanda e oferta de bens entre o conjunto de trabalhadores, firmas e compradores no mercado. Em outras palavras as firmas são tomadoras de preços e salários![6: Essa é uma mera simplificação! A consideração de que as firmas não atuem em concorrência perfeita afetará a análise de forma quantitativa, mas não qualitativa, ou seja, o que leva uma firma em concorrência perfeita a aumentar a demanda de mão de obra também leva uma firma não competitiva a aumentar a demanda de mão de obra, porém a segunda aumentaria a sua demanda em uma quantidade menor.]
2º) Maximizadoras de lucro: Ou seja, o objetivo único das firmas é o lucro, as firmas contratam (ou compram) fatores de produção de forma a produzir e obter o máximo lucro possível, essa pode parecer uma suposição muito estranha de tão óbvia e desnecessária para alguns, mas na realidade é muito importante, pois ganhos não pecuniários como, por exemplo: status social, clientelismo, favorecimento pessoal, nepotismo, princípios ideológicos ou religiosos entre muitos outros objetivos logicamente são fatores que influenciam as decisões dos gestores das empresas, porém no presente curso tais fatores serão desconsiderados.
Com base nessas duas suposições para que uma firma competitiva qualquer obtenha o lucro máximo é necessário que a firma compre (ou contrate) fatores de produção (máquinas, galpões, trabalhadores, matérias primas, tecnologia, etc.) produza seu produto e o venda no mercado, sendo que como a firma é competitiva o custo de aquisição (compra ou contratação) dos fatores de produção é dado pelo mercado, assim como o preço do produto produzido pela firma.[7: Ou seja, os valores são estabelecidos pelas condições do mercado, para qualquer produtor pequeno e competitivo tais valores podem ser considerados fixos ou estáveis, ou seja, estão dados.]
Nessas condições, e lembrando que a maior parte dos recursos das firmas são fixos a curto prazo, para que uma firma varie seu nível de produção, a curto prazo, é necessário variar a quantidade trabalhadores, ∆N, variando o número de horas homem de trabalho a firma varia seus custos de produção na medida do salário nominal, W, pago aos trabalhadores, de outro lado, variando a quantidade de horas homem a firma varia seu nível de produção na medida da produtividade dos trabalhadores vezes a quantidade de trabalhadores que foi alterada, ou seja, pela produtividade marginal do trabalho, PMgN, vezes a variação na quantidade de trabalho, essa variação da produção da firma é vendida, ou deixada de ser vendida, no mercado, pelo preço de mercado do produto da firma, P.[8: O salário nominal é a quantidade de dinheiro pago ao trabalhador.]
	Sendo assim, enquanto a firma puder aumentar a produção incorrendo em custos menores do que o aumento nas receitas (W.∆N < P.PMgN.∆N) essa firma aumentará a produção e contratará mão de obra pelo salário vigente no mercado, se o aumento nos custos for superior ao aumento nas receitas (W > P.PMgN) a firma não aumentará (ou até mesmo reduzirá) o nível de produção e emprego. Ou seja, as firmas, competitivas e maximizadoras de lucro, contratam trabalhadores até o momento em que o aumento no custo de produção, devido ao aumento no número de trabalhadores, iguale o aumento na receita, fruto do aumento da produção (W.∆N = P.PMgN.∆N).
Formalmente, a equação (04) indica que as firmas maximizam lucro contratando trabalhadores até o momento em que o salário nominal pago a cada trabalhador iguale a produtividade marginal dos (novos) trabalhadores vezes o nível de preços da produção, considerando ∆N = 1.[9: Para facilitar desconsideram-se aqui os impostos e os benefícios sociais.]
 						(04)
Outra forma de considerar a equação (04) é dividindo ambos os lados por (P), a equação (05) indica que as firmas maximizadoras de lucro contratam trabalhadores até o momento em que o salário real,, iguale a produtividade marginal dos trabalhadores.[10: O salário real é o poder de compra pago a cada trabalhador, nada mais é do que o salário nominal dividido pelo nível de preços, é o salário em termos de unidades de produto.]
								(05)
	Com base nas equações (04) e (05) a quantidade demandada de trabalhadores pela firma é dada pela relação entre preços, salários nominais e produtividade marginal do trabalho, sendo que preços e salários nominais são dados pelo mercado e a produtividade marginal do trabalho é dada, a curto prazo, pelo nível de emprego. Para obter o máximo lucro possível a firma deve respeitar a equação (04), nas quais a produtividade dos trabalhadores é uma variável tão importante quanto os preços ou os salários nominais.
	Sendo assim há um conjunto de combinações de quantidade demandada de trabalhadores e níveis de salários nominais de tal forma que a firma obtenha o lucro máximo, se os salários nominais forem baixos, mantido preços e produtividade, isso leva as firmas a contratar muitos trabalhadores, que se tornarão menos produtivos, porém o salário baixo compensa, caso o salário nominal seja alto, mantido preços e produtividade, isso leva as firmas a contratar poucos trabalhadores, que serão mais produtivos, porém custarão mais caro devido ao salário nominal alto.
Dessa forma, a relação entre quantidade demandada de trabalhadores (horas/homem) e salário nominal pago aos trabalhadores é negativa, quanto maior (menor) for o salário nominal, mantido preços e produtividade constante, menor (maior) será a quantidade demandada de trabalhadores, isso pode ser visto no gráfico 05 a direita, no gráfico 05 a esquerda pode ser vista uma relação semelhante para o salário real.[11: O salário real é o poder de compra do salário, sendo este definido como: ]
GRÁFICO 05 – DEMANDA DE TRABALHO
W
Demanda por Trabalho (
N
d
) como Função do Salário Real (w
 = W/P
) 
w = W/P = 
PMgN
N
N
N
W
Demanda por Trabalho (
N
d
) como Função do Salário Nominal (W)
W/P
W = 
P.
PMgN
N
W/P
É importante ressaltar que a demanda de trabalho das firmas não significa que eles queiram contratar uma quantidade específica de trabalhadores, a quantidade de horas homem de trabalho demandada pelas firmas é dada pela equação 04, onde dado os preços e os salários a firma tentará achar o nível de emprego que fará com que a produtividade marginal do trabalho respeite a relação indicada na equação 04. Ou seja, a demanda de trabalho é uma curva, as firmas podem contratar diversas quantidades diferentes de trabalhadores, dependendo de P, W e PMgN.
Uma distinção importanteno gráfico 05 é entre a demanda nominal e real de trabalho. A demanda nominal (real) de trabalho das firmas (Nd) é o quanto as firmas oferecem de salário nominal (real) aos trabalhadores a cada nível de emprego, ou quantos trabalhadores as firmas se dispõem a contratar a cada nível de salário nominal (real). 
Como a quantidade de horas homem de trabalho demandada pela firma é uma variável que depende de P, W e PMgN, então um aumento na quantidade demandada de trabalho não significa um aumento na demanda de trabalho, retornando ao gráfico 04, onde a curva de PMg representa a demanda real de trabalho da firma, os pontos A e B fazem parte da mesma curva de demanda de trabalho, o que faz a firma se deslocar do ponto A ao B é a redução do salário nominal pago aos trabalhadores, ou o aumento do preço do produto, o que faz com que as firmas contratem mais trabalhadores, que serão menos produtivos, mas o salário nominal menor, ou o aumento no preço do produto, compensam essa perda de produtividade.
Se o aumento na quantidade demanda de trabalho ao longo de uma mesma curva de demanda de trabalho não significa aumento na demanda de trabalho, então cabe a pergunta de o que é que levaria a um aumento na demanda de trabalho?
Um aumento na demanda de trabalho significa que as firmas estão dispostas a contratar mais trabalhadores sem que haja redução de salários, ou que as firmas estão dispostas a pagar salários nominais maiores mantido o número de trabalhadores, ou uma combinação dos dois, ou seja, um aumento na demanda de trabalho significa um deslocamento de toda a curva de demanda de trabalho para cima e para direita. 
Com base na equação 04 fica óbvio as razões que levam a um aumento na demanda de trabalho, são elas, um aumento no preço do produto produzido pelas firmas ou um aumento na produtividade dos trabalhadores.
GRÁFICO 06 – VARIAÇÃO DA DEMANDA DE TRABALHO – VARIAÇÕES NOS PREÇOS E PRODUTIVIDADE
PMg
N
 
=
 0
P > 0
Y > 0
Y
1
Y
2
Y
Y
N
W/P
N
d
1
N
d
1
N
d
2
N
d
2
N
PMg
N
 >
 0
P 
=
 0
N
N
Y
W
Ou seja, claramente um aumento no nível geral de preços faz com que as firmas, mantido o nível de emprego e produtividade dos trabalhadores, possa pagar um salário nominal maior aos trabalhadores, assim como, alternativamente, possa continuar pagando o mesmo salário nominal mais contratar mais trabalhadores, isso reduzirá a produtividade marginal do trabalho, mais os preços mais altos compensam essa perda de produtividade. Um aumento na demanda de trabalho fruto de um aumento no nível de preço pode ser visto no gráfico 06 acima a esquerda, como a função de produção é a mesma claramente a produtividade dos trabalhadores é a mesma, a firma aumentaram a sua demanda de trabalho devido a um aumento nos preços.
De outro lado, qualquer coisa que aumente o nível de produção a cada nível de emprego (avanço tecnológico, aumento no estoque de capital, qualificação ou organização dos trabalhadores, etc.) é algo que eleva a produtividade dos trabalhadores, um aumento na produtividade dos trabalhadores induz a um aumento no nível de demanda real de trabalho pelas firmas. Ou seja, mantido os preços, as firmas podem aumentar o nível de salário nominal e consequentemente o salário real pago a cada nível de emprego ou aumentar o nível de emprego a cada nível de salário nominal (e também real) ou uma combinação dos dois. Isso pode ser visto no gráfico 06 à direita.
	 É importante chamar a atenção para a simplificação feita quanto aos preços, como aqui se considera a economia como um todo então, para facilitar, o preço significa o preço do produto padrão ou da cesta de produtos que são produzidos por todos os produtores da economia, mas no mundo real essa simplificação é claramente um absurdo, tanto em termos dos diferentes preços que existem na economia quanto em relação à diferença entre os preços que interessam aos patrões e aos empregados. Os preços que interessam a firma são os preços dos produtos produzidos pela firma, já os preços que interessam aos trabalhadores são os preços dos bens consumidos por eles, aqui se supõe que o nível geral de preços que interessa aos trabalhadores é o mesmo que interessa a firma, assim aumentos de preço que favorecem a firma desfavorecem os trabalhadores, e vice versa, aqui é suposto, para facilitar, que preços variam igualmente, assim o preço do aço que interessa a siderurgia varia como o preço da carne, que interessa ao trabalhador.
Oferta de Trabalho
A oferta de trabalho é a quantidade de horas/homem de trabalho que os trabalhadores oferecem a cada nível de salário, ou a quantidade de salário (nominal ou real) que os trabalhadores exigem a cada nível de emprego, ou seja, é uma decisão dos trabalhadores. 
Os trabalhadores se dispõem a trabalhar de acordo com sua preferência subjetiva entre trabalho e lazer, classicamente o trabalho é definido como algo penoso, desagradável e indesejável, as pessoas trabalham para obter recursos ($) para adquirir o que elas desejam (bens de consumo, serviços, lazer, etc.), coisas que garantam satisfação às pessoas, alguns se dispõe a trabalhar por pouco salário, outros só se dispõe a trabalhar por altos salários, isso é subjetivo, porém, dada a exigência de salário dos trabalhadores, a oferta de trabalho é crescente com o salário, ou seja, quanto maior (menor) os salários, nominais ou reais, maior (menor) é a quantidade de pessoas (horas/homem) que se dispõem a trabalhar. 
Ou seja, a oferta real de trabalho, ou exigência de salário real, pode ser descrita por uma função na qual o salário real exigido pelos trabalhadores aumenta com o nível de emprego e aumenta a taxa crescente, ao passo que a função de oferta nominal de trabalho, ou exigência de salário nominal, aumenta com o nível de emprego e também aumenta a taxa crescente. A oferta nominal de trabalho pode ser vista no gráfico 07 a direita, já a oferta real de trabalho pode ser vista no mesmo gráfico a esquerda.
No gráfico 07 é possível ver que a oferta de trabalho é crescente com o salário, ou seja, quanto maior o salário, nominal ou real, mais gente se dispõem a trabalhar, mas mesmo que a quantidade de horas homem de trabalho ofertada pelos trabalhadores aumente com o salário há um máximo de trabalhadores disponíveis para trabalhar na economia, o que é representado pelo Nm, que pode ser entendido como o máximo da população economicamente ativa (PEA). É possível argumentar que o salário elevado na economia nacional atraia imigrantes ao país, o que aumentaria a quantidade de gente para trabalhar, mas isso depende, em grande medida, entre outros fatores, da legislação de cada país, no presente curso será considerado, para facilitar, que tal possibilidade não existe. 
GRÁFICO 07 – OFERTA DE TRABALHO
N
s
 = Curva de Oferta de Trabalho como Função do Salário Real (
W/P
) ou Curva de Exigência de Salário Real (
W/P
)
N
s
 = Curva de Oferta de Trabalho como Função do Salário Nominal (W) ou Curva de Exigência de Salário Nominal (W)
N
s
N
s
W/P
W
N
N
N
m
N
m
A
B
N
1
N
2
W
1
W
2
É importante ressaltar que o salário recebido pelo trabalhador é sempre o salário nominal, uma quantidade de dinheiro, caso os trabalhadores estejam interessados no salário nominal então variações deste atraem mais ou menos trabalhadores, porém caso os trabalhadores estejam interessados no salário real variações no salário nominal por si só não afetam a quantidade de trabalhadores que se dispõe a trabalhar, o nível geral de preços é também de suma importância, caso haja um aumento (redução) no nível geral de preços os trabalhadores podem aumentar (reduzir) sua exigência de salário nominal de forma a compensar a variação dos preços.
Mais uma vez deve ser chamada a atenção para o fato de que a oferta de trabalho não significa que haja uma determinada quantidade de pessoas ou horas homem de trabalho disponível na economia, a quantidade de horas homem ofertada na economia pelos trabalhadores é algo que depende do nível de salário, quanto maior o saláriomais gente se dispõem a trabalhar, quanto menor o salário menos gente se dispõe a trabalhar, ou o que é o mesmo, o salário exigido pelos trabalhadores é algo que depende do nível de emprego, quando maior o nível de emprego maior a exigência de salário, nominal ou real. Isso significa que a oferta de trabalho é uma curva, uma função. 
No gráfico 07, à direita, é possível ver que, para o nível de emprego N1 os trabalhadores exigem um salário igual a W1, mas caso o nível de emprego suba para N2 o salário exigido pelos trabalhadores passa a ser W2, ou seja, ao longo da mesma curva de oferta de trabalho estamos indo do ponto A ao B, mas a oferta de trabalho, a curva, a função, está dada, ir do ponto A ao B significa que mais pessoas estão trabalhando, que houve um aumento na quantidade ofertada de trabalho, mas a oferta de trabalho é a mesma, a relação entre o salário exigido pelos trabalhadores e a quantidade de trabalhadores ofertados na economia se mantém estável.
Ou seja, caso a oferta de trabalho seja dada pela função , então para se contratar 400 trabalhadores é necessário se pagar um salário nominal de 8 unidades monetárias, mas para se contratar 900 trabalhadores é necessário pagar um salário nominal de 27 unidades monetárias, mas isso com base na mesma função de oferta de trabalho, esse aumento na quantidade ofertada de trabalhadores não significa um aumento na oferta de trabalho, esse aumento ocorreu ao longo de uma mesma curva de oferta de trabalho.
GRÁFICO 08 – VARIAÇÃO DA OFERTA DE TRABALHO
VARIAÇÕES NOS PREÇOS E NAS EXIGÊNCIAS SALARIAIS REAIS
N
m
N
W
W
ΔP > 0
ΔExigência
 > 0
N
N
m
Um aumento (diminuição) na oferta de trabalhadores significa um aumento (diminuição) na quantidade ofertada de horas homem de trabalho a cada nível de salário (nominal ou real), ou uma redução (aumento) de salário (nominal ou real) exigido pelos trabalhadores a cada nível de emprego, ou uma combinação dos dois. Ou seja, um deslocamento de toda curva de oferta de trabalho, uma mudança na função da oferta de trabalho.
Assim, considerando o exemplo numérico anterior, caso a oferta nominal de trabalho mude para isso significa uma redução na oferta de trabalho, ou seja a cada nível de emprego um salário nominal maior passa a ser exigido pelos trabalhadores, com essa nova oferta de trabalho para que os mesmo 400 e 900 trabalhadores de antes sejam contratados é necessário se pagar agora um salário de 80 e 270 unidades monetárias, ou seja, o salário exigido pelos mesmos trabalhadores de antes aumentou, alternativamente pode ser visto que, com a mudança da oferta de trabalho e mantido os salários nominais pagos anteriormente, menos trabalhadores se dispõe a trabalhar. 
Há duas razões básicas e abrangentes que levam os trabalhadores a variar sua oferta nominal de trabalho, a primeira é a variação dos preços, caso os trabalhadores estejam interessados no salário nominal as variações de preços não implicam em variações na oferta nominal de trabalho, mas caso os trabalhadores estejam interessados no salário real, então variações de preços levam a variações na oferta nominal de trabalho, de forma a compensar as perdas inflacionárias, ou seja, aumentos de preços levam a redução na oferta nominal de trabalho, o que significa dizer que a cada nível de emprego os trabalhadores passam a exigir salários nominais maiores. No gráfico 08 acima, à esquerda, é possível ver o impacto da variação dos preços sobre a oferta de trabalho da economia.
A segunda razão que leva a variação da oferta de trabalho é a exigência salarial dos trabalhadores, essa é uma razão ampla e genérica que pode compreender um conjunto enorme de outros motivos tais como, qualificação, expectativas, produtividade, legislação, ambiente sócio econômico, enfim, uma infinidade de outros motivos que simplesmente levam os trabalhadores a, mantido os preços da economia, exigir maiores salários, ou mesmo que os preços variem, as exigências salariais variam muito mais.
Equilíbrio no Mercado de Trabalho
Dado a demanda de trabalho, que indica o salário que as firmas se dispõem a pagar aos trabalhadores a cada nível de emprego (o que é negativamente relacionado com o nível de emprego), e dado a oferta de trabalho, que indica o salário que os trabalhadores exigem para trabalhar a cada nível de emprego (o que é positivamente relacionado com o nível de emprego), então para que haja equilíbrio no mercado de trabalho é necessário que essas duas quantidades sejam iguais, e isso acontece quando as duas curvas se interceptam, o que pode ser visto no gráfico 09 abaixo.
GRÁFICO 09 – EQUILÍBRIO NO MERCADO DE TRABALHO
N
W
W*
N*
Equilíbrio no Mercado de Trabalho Considerando Salário Nominal (W)
N
m
	No gráfico 09 acima é possível ver o nível de emprego de equilíbrio N*, a partir do qual se determina o nível de produção nacional de equilíbrio, e o respectivo nível de salário nominal de equilíbrio da economia, W*. 
Por exemplo, seja a oferta real de trabalho igual a: , e a função de produção nacional igual a: , com , então , para se alcançar o equilíbrio no mercado de trabalho deve-se igualar a demanda de trabalho com a oferta de trabalho: 
, 
assim 
 
então 
Se a oferta de trabalho for nominal então: já a demanda nominal de trabalho, com a função de produção acima, é, para se alcançar o equilíbrio no mercado de trabalho deve-se igualar demanda nominal de trabalho com oferta nominal de trabalho, assim: 
 
dessa forma: 
 
com isso: 
Nos dois exemplos alfanuméricos acima o valor específico do nível de emprego dependerá dos valores para as variáveis explicativas, que são elas P, A, B, K e α. Por exemplo, considere que: P = 1, A = 3, K = 400, α = 0,5, B = 100 e β = 3/2, com base nesses valores o nível de emprego de equilíbrio dessa economia seria, no primeiro caso, de oferta real de trabalho:
 
E no segundo caso, de oferta nominal de trabalho:
 
	Com base no nível de emprego alcançado é possível calcular o salário nominal exigido pelos trabalhadores no caso do modelo de salário nominal, no caso do modelo de salário real para se calcular o salário exigido pelos trabalhadores é necessário saber também qual o nível dos preços na economia.
O equilíbrio no mercado de trabalho é uma situação em que a quantidade ofertada de trabalho iguala a quantidade demandada de trabalho, mas como visto anteriormente tanto demanda quanto oferta de trabalho podem variar, com isso o mercado de trabalho entra em desequilíbrio, o desequilíbrio no mercado de trabalho é uma situação em que a oferta de trabalho é diferente da demanda de trabalho, essa situação pode ser vista no gráfico 10 acima.
GRÁFICO 10 – DESEQUILÍBRIO NO MERCADO DE TRABALHO
W
W*
N
N*
W
A
W
B
N
1
N
4
N
2
N
3
N
m
Excesso de Oferta
Excesso de Demanda
	Caso ocorra alguma mudança no mercado de trabalho que faça com que os salários fiquem altos, acima do de equilíbrio de mercado, como WA, no gráfico 10 acima, então a quantidade de pessoas que se dispõe a trabalhar a esse salário é muito maior do que a quantidade de horas homem que as firmas desejam contratar, ou seja, haverá excesso de oferta de trabalho na economia, isso levará a uma competição entre os trabalhadores pelas poucas ofertas de trabalho e uma queda nos salários, pela lei da oferta e procura, com essa queda dos salários menos gente se disporá a trabalhar, mas mais trabalhadores serão contratados pelas firmas, a economia tenderá ao equilíbrio, no ponto (N*, W*).
	De outro lado, se por algum motivo os salários estiverem baixos, WB, abaixo do nível de equilíbrio, poucas pessoas se disporão a trabalhar, ao passo que as firmas desejarão contratar muitas horas homem de trabalho, haverá excesso de demanda de trabalho, isso levará as firmas a competir pelos poucos trabalhadores disponíveis no mercado o que levará, novamente pela lei da oferta e procura, a um aumento dos salários nominais, com esse aumento nos salários mais trabalhadores se disporão a trabalhar e menos horas homem as firmas contratarão, novamentea economia tenderá ao equilíbrio, no ponto (N*, W*). 
É importante chamar a atenção para a possível confusão que pode surgir com a ideia de equilíbrio no mercado de trabalho, pode-se entender que todos os trabalhadores estão trabalhando, o que não é o caso, no gráfico 11 é possível ver que, enquanto a população economicamente ativa da economia compreende Nm pessoas, apenas N* estão trabalhando, a diferença (Nm - N*) são os desempregados da economia, mas essas pessoas desempregadas que são apontadas no gráfico são pessoas que não trabalham por não aceitarem o salário W*, ou seja, são pessoas que exigem um salário maior que o de equilíbrio de mercado, em economia essa situação é conhecida como desemprego voluntário, ou seja, pessoas aptas a trabalhar, mas que preferem o ócio a trabalhar pelas condições de mercado, as condições de mercado podem ser muitas, mas aqui no curso de macroeconomia será enfatizado, logicamente, o salário.[12: Definição de (Des)emprego - IBGEO Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) calcula o desemprego com base na pesquisa mensal de emprego (PME), seguindo as recomendações da Organização Internacional do Trabalho. Os dados são obtidos de uma amostra probabilística de, aproximadamente, 38.500 domicílios situados nas Regiões Metropolitanas de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.Emprego (ou trabalho) significa a ocupação econômica remunerada (em dinheiro, produtos ou outras formas não monetárias) ou não (exercida pelo menos durante 15 horas na semana, em ajuda a membro da família em sua atividade econômica, ou a instituições religiosas beneficentes ou em cooperativismo ou, ainda, como aprendiz ou estagiário).População em Idade Ativa: Compreende a população não economicamente ativa (PNEA) ou população economicamente inativa (PEI) e a população economicamente ativa (PEA)PNEA (ou PEI) são as pessoas incapacitadas ou que desistiram de buscar trabalho ou que não desejam trabalhar. Inclui incapacitados, estudantes e pessoas que cuidam de afazeres domésticos, além dos desalentados, que são pessoas que querem trabalhar, mas estão desempregadas, e há mais de um mês não procuram emprego.PEA é o conjunto de pessoas de 10 a 65 anos de idade que foram classificadas como ocupadas ou desocupadas. População ocupada: pessoas que trabalharam ou tinham trabalho, mas não trabalharam (por exemplo: pessoas em férias), são classificadas em:Empregados - pessoas que trabalham para um (ou mais) empregador, cumprindo uma jornada de trabalho, recebendo em contrapartida uma remuneração em Dinheiro ou outra forma de pagamento (moradia, alimentação, vestuário, etc.). Incluem-se, entre as pessoas empregadas, aquelas que prestam serviço militar obrigatório e os clérigos. Os empregados são classificados segundo a existência ou não de carteira de trabalho assinada.Conta Própria - aquelas pessoas que exploram uma atividade econômica ou exercem uma profissão ou ofício, sem empregados.Empregadores - aquelas pessoas que exploram uma atividade econômica ou exercem uma profissão ou ofício, com auxílio de um ou mais empregados.Não Remunerados - aquelas pessoas que exercem uma ocupação econômica, sem remuneração, pelo menos 15 horas na semana, em ajuda a membro da unidade domiciliar em sua atividade econômica, ou em ajuda a instituições religiosas, beneficentes ou de cooperativismo, ou, ainda, como aprendiz ou estagiário.População Desocupada - pessoas que não tinham trabalho, num determinado período de referência, mas estavam dispostas a trabalhar, e que, para isso, tomaram alguma providência efetiva (consultando pessoas, jornais, agências, enviando curriculum, participando de processos seletivos, etc.).Taxa de Desemprego (ou Desocupação) Aberto - relação entre o número de pessoas desocupadas que procuram trabalho e o número de pessoas economicamente ativas num determinado período de referência.Fonte: IBGE - http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/emprego/default.asp?t=1&z=t&o=16&u1=26674&u2=26674&u3=26674&u4=26674&u5=26674&u6=26674]
É claro que quando se fala em desempregados não se pensa em pessoas que optam por ficar desempregadas, o desemprego é, em geral, entendido como penoso e contra a vontade de quem procura emprego, esse é o desemprego involuntário, que será visto mais abaixo.
GRÁFICO 11 – DESEMPREGO NO MERCADO DE TRABALHO EM EQUILIBRIO
W
W*
N
N*
N
m
Desemprego Voluntário
		Considerando que nem todas as pessoas aptas a trabalhar se dispõe a trabalhar, pois preferem o desemprego, é importante ter em mente também que o número de pessoas que se dispõe a trabalhar pode variar, ao longo dos meses e anos, dependendo e diversos fatores, como por exemplo: festas de fim de ano, clima, estudos, etc. Sendo assim não cabe falar em um único equilíbrio no mercado de trabalho, o equilíbrio no mercado de trabalho pode variar ao longo do tempo, dado mudanças tanto na oferta quanto na demanda de trabalho.
No gráfico 12 é possível ver diferentes curvas de demanda e oferta de trabalho ao longo do tempo, como as curvas podem variar ao longo do tempo então o equilíbrio no mercado de trabalho está sempre mudando. 
Um conceito muito importante em economia é o pleno emprego, que como já visto anteriormente não significa 100% da PEA trabalhando, o pleno emprego pode ser definido como sendo a média histórica de emprego de equilíbrio alcançado pela economia em perfeito funcionamento, ou seja, sem restrições a variação de preços ou salários. A cada momento há um diferente equilíbrio no mercado de trabalho, dado pela livre, espontânea e voluntária interação entre firmas e trabalhadores, considerando a média dos diferentes níveis de emprego de equilíbrio de mercado, num período de tempo razoável, obtém-se o nível de pleno emprego da economia, no gráfico 12 o N* representa o pleno emprego.
GRÁFICO 12 – PLENO EMPREGO
W
W
1
N
N*
N
2
Pleno Emprego
 (N*):
Nível médio histórico de emprego de equilíbrio alcançado pela economia em perfeito funcionamento, ou seja, sem rigidez de preços e salários.
W
2
N
1
	Não há definição, a priori, de qual o nível de pleno emprego da economia, isso varia de país para país, de tempos em tempos, depende de diversos fatores, por exemplo: da cultura, do desenvolvimento econômico, da política, enfim uma série de fatores. Também não há garantia alguma de que o pleno emprego de uma economia nacional será próximo ou não da totalidade da PEA, o que é certo é que às vezes o nível de emprego estará acima do pleno emprego, outras vezes abaixo, isso é cíclico, praticamente inevitável.
Como o pleno emprego não significa 100% da PEA trabalhando então logicamente que há desemprego quando a economia está a pleno emprego, isso não é nenhuma contradição, essa situação pode ser vista no gráfico 13, o desemprego de pleno emprego é dado pelas pessoas que, estando a economia a pleno emprego, preferem o ócio a trabalhar pelas condições de mercado.
Como visto acima o desemprego voluntário consiste nas pessoas que preferem o ócio a trabalhar pelas condições de mercado, mas em geral quando se fala em desemprego não são nessas pessoas que se pensa, o desemprego é normalmente considerado algo desonroso e prejudicial, e isso se deve a situação das pessoas que querem trabalhar, inclusive aceitando funções abaixo de sua qualificação ou condições de trabalho aquém do que aceitaria em condições normais, as pessoas nessa situação são compõem o que é conhecido em economia como desemprego involuntário.
O desempregado involuntário são as pessoas aptas e dispostas a trabalhar, mas que não conseguem emprego nem mesmo aceitando condições de trabalho piores do que as oferecidas no mercado.
GRÁFICO 13 – DESEMPREGO DE PLENO EMPREGO
W
W*
N
N*
N
m
Desemprego de Pleno Emprego
 (
N
m
 – N*):
Nível Médio Histórico de Desemprego Considerando o Mercado em Perfeito Funcionamento.
Sem Rigidez de Preços e Salários.
	A causa do desemprego involuntário é a rigidez de preços e salários (RPS), no gráfico 10 foi visto que numa situação em que o salário de mercado fossealto em relação ao salário de equilíbrio de mercado então haveria excesso de oferta de trabalho, muitos trabalhadores querendo trabalhar e firmas contratando poucas horas de trabalho, isso levaria a uma competição entre os trabalhadores pelas poucas oportunidades de trabalho, o que reduziria o salário, menos gente se disporia a trabalhar e mais trabalhadores seriam contratados pelas firmas, a economia tenderia ao equilíbrio.
Mas, isso parte do principio de que a economia funciona perfeitamente, ou seja, não há nenhuma restrição à variação de salários ou preços na economia, caso haja tal restrição então o mercado não tende ao equilíbrio, o desequilíbrio de excesso de oferta de trabalho se mantém indefinidamente, e essa é justamente a causa do desemprego involuntário, a existência na economia de algumas restrições a variação de salários e preços. 
No gráfico 14 é possível ver uma situação de desemprego involuntário, causada por uma restrição que impede que os salários da economia se reduzam de Wmin até W*, com isso N2 pessoas querem trabalhar, mas apenas N1 conseguem emprego, a diferença são as pessoas involuntariamente desempregadas, mesmo que haja alguém que aceite um salário menor que Wmin possivelmente não conseguirá emprego, pois devido a RPS não há como reduzir o salário e contratar esse trabalhador a mais, caso ele seja contratado algum outro perderá o emprego, e o conjunto de trabalhadores manterão o nível de emprego N1.
GRÁFICO 14 – DESEMPREGO INVOLUNTÁRIO
W
W*
N
N*
N
1
N
2
O desemprego involuntário é certamente algo penoso e indesejado, só há duas formas de se acabar com ele, ou se faz com que os salários de mercado subam ao nível Wmin e N2 trabalhadores conseguirão emprego, ou se acaba com a rigidez de preços e salários, e a economia tenderá ao equilíbrio.
Algumas causas fundamentais da rigidez de preços e salários (RPS) são:
- Salário Mínimo: Caso o governo interfira na economia estabelecendo uma política nacional de salário mínimo, e considerando que o salário mínimo estabelecido pelo governo seja um valor superior ao salário de equilíbrio de mercado, então claramente o mercado fica impossibilitado de funcionar perfeitamente, haverá excesso de oferta de trabalho e nada garante que tal excesso de oferta será eliminado por uma variação de salários, pois este não pode ser inferior ao mínimo estabelecido pelo governo.
	Para muitas pessoas esse argumento parece ser exagerado, pois afinal o salário mínimo, por exemplo, no caso do Brasil, é um valor irrisório, sendo assim não é razoável pensar que muitas pessoas se sintam motivadas a trabalhar por esse salário mínimo, muito menos que as empresas se recusem a contratar pelo salário mínimo brasileiro. Mas, isso é meia verdade, primeiro por considerar o caso do Brasil, certamente o salário mínimo brasileiro não é digno de nota, mesmo tendo subido muito nos últimos anos, continua um valor insignificante, mas o salário mínimo ao qual a teoria faz referência é justamente o salário mínimo que as pessoas considerariam justo, os de países desenvolvidos, como Alemanha, EUA, França, Japão, e outros, algumas pesquisas no Brasil indicam que o salário mínimo apropriado seria de quase R$ 3.000, esse certamente é um valor que pode causar problemas no mercado de trabalho, e é a valores de salário mínimo similar a esse que se faz referência aqui. 
Mas, mesmo um salário mínimo tão irrisório quanto o brasileiro pode gerar disposição a trabalhar, considerando que o Brasil é um país muito desigual, então em determinadas regiões paupérrimas do país o salário mínimo brasileiro, que é irrisório nas grandes capitais e centros urbanos, pode ser algo interessante e vantajoso para os trabalhadores, mas caro para as pequenas firmas das regiões miseráveis, com isso tal salário mínimo pode, sem dúvida, criar e manter indefinidamente o desemprego involuntário na economia.
- Salário Eficiência: Caso as empresas, principalmente as grandes e multinacionais, decidam estabelecer, por conta própria, um salário mínimo para seus funcionários, e considerando que o salário mínimo estabelecido pelas empresas seja um valor superior ao salário de equilíbrio de mercado, tendo em vista atrair os melhores trabalhadores e fomentar a dedicação e o empenho de seus empregados, fazer com que eles “vistam a camisa da empresa”, então o mercado de trabalho pode também ficar impedido de funcionar perfeitamente, mesmo que alguns trabalhadores aceitem trabalhar por menos que as empresas se dispõem a pagar essas não aceitam contratar mais funcionários, justamente por que para manter um alto nível salarial é necessário manter trabalhadores altamente produtivos, e a forma que as empresas têm de manter trabalhadores altamente produtivos é justamente manter poucas pessoas trabalhando. Com isso os salários pagos pelas empresas são altos, muitas pessoas aptas se dispõem a trabalhar, mas poucos felizardos conseguem emprego, daí surge o desemprego involuntário e nada garante que tal desemprego será eliminado por uma variação de salários na economia, pois esses não variarão por decisão das empresas. 
- Sindicatos, piso salarial e acordo coletivo: Caso a representação dos trabalhadores exija das firmas condições de trabalho, salário e outras condições, muito superiores as que prevaleceriam no mercado de trabalho pela livre, espontânea e voluntária interação entre trabalhadores e firmas, então desemprego involuntário pode ser criado e sindicatos podem se tornar uma causa de rigidez de salários na economia. É importante notar que sindicatos trabalham para os trabalhadores sindicalizados, não para os desempregados ou os não sindicalizados, sendo assim, mesmo que haja trabalhadores desempregados e aceitando menores salários ou piores condições de trabalho ainda assim os sindicatos trabalharão, supostamente, por melhores salários e condições de trabalho, não aceitando a redução de nenhum dos dois, com isso, para manter as condições impostas pelos sindicatos as firmas devem, novamente, manter trabalhadores altamente produtivos, que compensem tais exigências, e isso significa poucas pessoas trabalhando, daí surge e se mantém de forma indefinida o desemprego involuntário na economia.
	É possível ver, no mundo real, diversas vezes, sindicatos e sindicalistas reclamando do desemprego e afirmando que querem fazer algo contra essa situação, mas isso é um completo absurdo, sindicatos não trabalham para desempregados, trabalham para os trabalhadores que estão trabalhando, que são sindicalizados, que contribuem financeiramente com os sindicatos e votam em seus representantes, a exigência de melhores salários mesmo em uma situação econômica de desemprego e disposição de trabalhadores a ganhar menos é um sinal inquestionável de que sindicatos não trabalham para reduzir o desemprego. Sindicatos só são contrários ao desemprego na medida em que tal desemprego dificulta sua negociação junto a patrões, é óbvio que sindicatos e sindicalistas não desejam o desemprego, mas isso não significa que trabalhem pela redução do mesmo.
	Os dois motivos acima podem ter sua importância ressaltada pelo seguinte trecho de Galbraith (1977)
“A diferença em termos de níveis de produção e emprego durante a Depressão entre os setores sob o poder de mercado das empresas e os setores de livre concorrência era grande – embora, como sempre, nem tudo possa ser atribuído a uma única causa. Entre 1929 e 1933, o produto não-agrícola da economia caiu de 88,6 bilhões a 57,8 bilhões de dólares, a preços de 1929. A produção agrícola subiu ligeiramente – de 10,7 bilhões a 11,0 bilhões de dólares. O emprego não-agrícola caiu de 37 milhões em 1929 a 29 milhões em 1933. O emprego agrícola apresentou uma variação insignificante – de 10,5 milhões a 10,1 milhões de pessoas.[13: U. S. Bureau of the Census. Historical Satatistics, pp. 70, 140.]
	A ascensão dos sindicatos também destruiu completamente a esperança ortodoxa de que as reduções de salários atuariam como uma influência estabilizadora,...” pág. 233/234
	É importante ressaltar que a rigidezde preços e salários é algo que impede o perfeito funcionamento da economia de mercado mais no sentido da queda de preços e salários do que da alta! E preços tendem a variar mais rapidamente que salários!
Por último, a rigidez de preços e salários, que é a responsável pela criação e permanência de trabalhadores em situação de desemprego involuntário é algo que não dura indefinidamente, é claro que mais cedo ou mais tarde as forças que impedem a livre movimentação do mercado tendem a se render a ele, a massa de trabalhadores desempregados não se manterá assim indefinidamente, o governo terá que mudar sua política ou o governo mudará, as firmas que mantém política de salário mínimo serão confrontadas com seus competidores que possuem custos mais baixos por não adotar tal política e os sindicatos, embora veja o interesse apenas de seus trabalhadores sindicalizados, terá que reduzir suas exigências devido à pressão de seus próprios membros, ameaçados pelo desemprego alheio, ou seja, mais cedo ou mais tarde a rigidez de preços e salários é eliminada, e daí o mercado caminha para seu equilíbrio, o problema é que, em geral, a rigidez é eliminada muito tarde, após muito tempo, nesse meio tempo a economia perde muito emprego, produção e riqueza. Essa situação levou o economista inglês John Maynard Keynes, o pai da macroeconomia, a proferir uma de suas sentenças mais célebres “no longo prazo estaremos todos mortos!”.
Desemprego involuntário é certamente algo penoso e desonroso, um dos objetivos da política econômica é o pleno emprego justamente para se eliminar o desemprego involuntário que além de agredir e transtornar a população representa uma enorme perda de produção e riqueza para o país, com base no gráfico 14 acima só há três formas de se acabar com o desemprego involuntário, primeiro é acabar com a RPS, o que faz com que o mercado de trabalho tenda ao equilíbrio, em N* e W*, segundo é elevar a demanda de trabalho, de forma que o salário de equilíbrio de mercado alcance Wmin, onde N2 pessoas conseguirão emprego, terceiro reduzindo a oferta nominal de trabalho, ou seja, elevando o salário nominal exigido pelos trabalhadores, de tal forma que apenas N1 pessoas aceitem trabalhar pelo salário Wmin, com isso o desemprego involuntário, por definição, acaba, é claro que o número de desempregados continuaria o mesmo, mas todos passariam a ser voluntariamente desempregados.
Das três soluções apontadas acima a primeira é certamente a mais demorada e difícil, a segunda é possivelmente a mais fácil, pois para o governo é simples gerar inflação e elevar a demanda de trabalho das firmas a partir do aumento de preços na economia, porém o impacto desse aumento na demanda de trabalho sobre o nível de emprego da economia dependerá da resposta da oferta de trabalho a variação de preços, a terceira solução apontada pode ser consequência justamente de um aumento de preços, que leva trabalhadores a exigir maiores salários nominais para compensar as perdas inflacionárias. Sendo assim o aumento de preços pode tanto diminuir quanto aumentar o desemprego, diminui pelo aumento na demanda de trabalho, mas pode reduzir pela redução na oferta de trabalho, dizer se o nível de emprego aumentará ou reduzirá a partir de um aumento de preços depende de qual será a resposta da oferta de trabalho a variação de preços, ou seja, se os trabalhadores estão interessados em salário nominal ou real.
Segundo a teoria clássica os trabalhadores não se iludem com a variação do salário nominal, estão interessados no salário real, no poder de compra, sempre fazem a conta correta considerando as variações no salário nominal e nos preços. Assim, classicamente variações de preços levam a variação na exigência de salários nominais, de forma a compensar a variação de preços, uma alta de preços leva a uma redução na oferta de trabalho nominal, aumentando o salário nominal exigido pelos trabalhadores a cada nível de emprego, e uma redução de preços leva os trabalhadores a aceitar uma redução nos salários nominais a cada nível de emprego, ou seja, um aumento na oferta de trabalho nominal, enfim, segundo os clássicos a oferta de trabalho é real.
Mais ainda, desemprego involuntário é algo que, por definição, só existe devido à rigidez de preços e salários (RPS), e tal rigidez surgiu recentemente na economia, legislação trabalhista, sindicatos, até mesmo grandes empresas surgiram na economia a partir do final do século XIX e inicio do século XX. Sendo assim, a teoria econômica clássica não considerava tais elementos como dignos de nota, classicamente uma variação no nível de emprego da economia só pode ser alcançada por uma variação na exigência de salário real dos trabalhadores ou por uma variação no nível de produtividade dos trabalhadores, que faz com que as firmas alterem o salário real pago a cada nível de emprego. 
Isso é importante, pois como visto acima uma forma de acabar, rapidamente, com o desemprego involuntário é através do aumento de preços, que elevam a demanda de trabalho, mas para tal é necessário que a oferta nominal de trabalho permaneça inalterada, e segundo os clássicos isso não aconteceria, a oferta nominal de trabalho se reduziria na proporção do aumento dos preços, o resultado seria que o aumento dos preços manteria o nível de emprego inalterado, isso pode ser visto no gráfico 15. 
GRÁFICO 15 – IMPACTO DA VARIAÇÃO DE PREÇOS SOBRE O EQUILÍBRIO NO MERCADO DE TRABALHO CLÁSSICO
W
2
W
N
N*
W
1
Ou seja, no modelo clássico, ou modelo de salário real, o aumento de preços aumenta a demanda nominal de trabalho, mas reduz a oferta nominal de trabalho na mesma proporção, o resultado é que o nível de emprego permanece inalterado, a única consequência do aumento dos preços seria o aumento nos salários nominais, que aumentariam proporcionalmente ao aumento dos preços. É fácil ver, nesse caso, que os salários aumentam proporcionalmente aos preços, como o nível de emprego se manteve inalterado então a produtividade dos trabalhadores é a mesma, e como as firmas pagam um salário real igual à produtividade marginal do trabalho então o salário real se manteve inalterado, sendo assim W aumentou tanto quanto P.
Outra observação importante no modelo clássico é que, como a RPS é desconsiderada então o mercado de trabalho está sempre em equilíbrio, e ao nível de pleno emprego, isso certamente é irreal, principalmente em curto prazo, mas o ponto principal de interesse no modelo clássico é a suposição de que trabalhadores exigem salário real, ou seja, variações de preços são acompanhadas por variações na oferta nominal de trabalho.
Dessa forma, no modelo clássico, as variações de preços não afetam o nível de emprego da economia, mas isso não significa que o nível de emprego de equilíbrio não possa mudar, ele muda, mas por mudanças na exigência de salário real dos trabalhadores ou por mudanças na produtividade dos trabalhadores, esse segundo caso pode ser visto no gráfico 16.
GRÁFICO 16 – IMPACTO DA VARIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE SOBRE O EQUILÍBRIO NO MERCADO DE TRABALHO CLÁSSICO
W
N
W
2
W
1
Um avanço tecnológico, ou um aumento na quantidade disponível de qualquer outro fator de produção, que não seja o trabalho, leva a um aumento na produtividade dos trabalhadores, com isso as firmas podem pagar um salário maior a cada nível de emprego, ou seja as firmas aumentam sua demanda de trabalho, mantida inalterada a oferta nominal de trabalho, isso leva a um aumento no nível de emprego da economia. Nesse caso como está suposto que os preços não variaram então claramente os trabalhadores obtiveram um aumento de salário real, pois W aumentou, mas P permaneceu constante, e esse aumento de salário real pode ser pago justamente por que os trabalhadores se tornaram mais produtivos.
No modelo clássico trabalhadores exigem salário real e variações de preços não impactam o nível de emprego da economia, mas caso os trabalhadores estejam interessados em salário nominal, ou seja, apenas na quantidade de dinheiro que recebem como salário, independentementeda variação de preços, então a variação de preços (inflação) pode gerar emprego. 
GRÁFICO 17 – IMPACTO DA VARIAÇÃO DE PREÇOS SOBRE O EQUILÍBRIO NO MERCADO DE TRABALHO NOMINAL
W
N
W
2
W
1
Isso pode ser visto no gráfico 17, como o aumento de preços aumenta a demanda nominal de trabalho e considerando que os trabalhadores estejam interessados no salário nominal, então a variação de preços não impacta a exigência de salário nominal (a curva de oferta nominal de trabalho permanece inalterada) dos trabalhadores, o resultado é um aumento no nível de emprego e salário nominal. É importante perceber que nesse caso preços e salários aumentaram, mas não na mesma proporção, a forma de ver isso é novamente pelo nível de emprego, como a produtividade do trabalho (a função) está inalterada e o nível de emprego aumentou então a quantidade da produtividade marginal do trabalho diminuiu, como as firmas pagam de salário real um montante igual a produtividade marginal do trabalho então W aumentou menos que P, e com isso houve uma redução do salário real dos trabalhadores.
O que importa aqui é que, caso os trabalhadores estejam interessados não no salário real, mas sim apenas no salário nominal, então um aumento de preços (inflação), pode gerar emprego na economia. Pode parecer absurdo que trabalhadores estejam interessados apenas na quantidade de dinheiro recebida como salário, desconsiderando a variação dos preços na economia, certamente que para altos níveis de inflação isso é um absurdo, mas para baixíssimos níveis de inflação, próximo de zero ou menos de 3% ou 5% ao ano é razoável supor que trabalhadores desconsiderem a variação de preço quando estipulam suas exigências salariais, com baixa inflação os preços são praticamente os mesmos, e ainda é possível realocar a renda comprando bens que diminuem de preço, dado que inflação significa aumento médio de preços na economia. Mais ainda, considerando que os preços caiam, ou seja, que haja deflação, muito possivelmente os trabalhadores continuam exigindo o mesmo salario nominal de antes, como que se não houvesse ocorrido variação de preços, ou seja, os trabalhadores estariam interessados claramente não no salario real, mas sim no salário nominal. 
GRÁFICO 18 – CURVA DE PHILLIPS
π
u
u
π
u
ΔW
u
*
LP
CP
1
CP
2
Caso os trabalhadores estejam interessados no salário nominal a inflação é capaz de gerar emprego, via aumento na demanda nominal de trabalho mantida inalterada a oferta nominal de trabalho. Essa é uma relação muito importante e já muito estudada em economia. O primeiro estudo a considerar essa relação foi o trabalho de PHILLIPS (1958), nesse estudo Phillips considerou uma relação entre a taxa de variação dos salários nominais (∆W) e taxa de desemprego (u) na economia, baseado em dados da Inglaterra entre 1857 e 1960 Phillips constatou a existência de uma relação inversa entre a taxa de variação dos salários nominais e a taxa de desemprego, ou seja, quanto maior a taxa de desemprego na economia menor era a taxa de variação dos salários nominais, isso pode ser visto no gráfico 18 acima, à esquerda, dois anos mais tarde essa curva foi alterada, foi considerado uma relação entre taxa de inflação (π) e taxa de desemprego, e uma relação semelhante foi encontrada, agora considerando dados de um conjunto maior de países, essa relação pode ser vista no gráfico 18 ao centro.
A curva de Philips alterada é importante, pois indica justamente a relação entre inflação e desemprego citada anteriormente, ou seja, quanto menor a taxa de desemprego da economia maior a taxa de inflação, e esse trade-off entre inflação e desemprego foi amplamente explorado pelos formuladores de política econômica do governo. Ou seja, muita inflação foi criada deliberadamente pelo governo com intuito de induzir firmas a contratar mão de obra e trabalhadores aceitar o mesmo salário nominal de antes, o que com preços mais elevados representam salários reais menores.
O problema do uso da inflação como fonte de geração de emprego foi ressaltada pelos economistas Milton Friedman e Edmund Phelps, com o conceito da curva de Phillips aceleracionista. Em casos de baixa inflação é possível que a mesma gere emprego, não em casos de inflação elevada, mas mesmo o emprego gerado pela inflação baixa pode ser transitório, pois após alguns anos de baixa inflação os trabalhadores certamente exigem a recomposição das perdas inflacionárias dos anos que passaram, e com isso a oferta nominal de trabalho se reduz e o desemprego retorna ao que era antes da inflação. 
É bem possível que o governo, com o objetivo de manter o desemprego baixo, adote uma política de inflação baixa continuamente, isso pode gerar queda do desemprego a curto prazo, mas tão logo os trabalhadores exijam a reposição das perdas inflacionárias o desemprego aumenta novamente, e essa volatilidade do desemprego e persistência da inflação se mantém indefinidamente. Sendo que ao longo do tempo os trabalhadores se tornarão cada vez mais exigentes em termos salariais, mesmo com inflação baixa, exigindo correções mais rotineiramente e aumentos antecipados, o que pode levar a um salto na inflação não planejado pelo governo, uma situação igual a essa pode gerar um deslocamento da curva de Phillips, ou seja, uma nova relação, mais alta, entre inflação e desemprego, devido ao abuso político da inflação como fonte de geração de emprego os trabalhadores podem passar a exigir aumentos salariais mesmo em meio a um situação de desemprego grande, dessa situação que pode ser vista no gráfico 18, a direita, onde a curva de Phillips de curto prazo CP1 se deslocou para CP2.
Mais ainda, a curva de Phillips aceleracionista é, no médio prazo, vertical ao nível do desemprego de pleno emprego (u*). A partir dessa possibilidade o economista Edmund Phelps, ganhador do prêmio do Banco Central da Suécia em homenagem a Alfred Nobel em 2006, proferiu sua célebre sentença “inflação só gera inflação!”.
Dado a relação entre variação de preços e nível de emprego na economia é possível encontrar a curva de oferta agregada da economia. A oferta agregada (OA) pode ser definida como sendo o conjunto de bens (produtos e serviços) que a economia se dispõe a produzir e vender a cada nível de preços, isso dependerá, como já foi visto, do nível de emprego da economia, sendo assim as condições da oferta agregada depende das condições do mercado de trabalho, e fundamentalmente como os trabalhadores respondem à variação nos preços.
Como já visto o modelo clássico pressupõe que não há rigidez de preços e salários na economia e que os trabalhadores estão interessados no salário real, sendo assim a economia estaria sempre ao nível de pleno emprego, e variações de preços levam apenas a variações nos salários nominais da economia. Isso significa que a curva de oferta agregada, segundo a teoria econômica clássica, é vertical, inelástica, ao nível do produto potencial, de pleno emprego, da economia. Isso pode ser visto no gráfico 19.
GRÁFICO 19 – OFERTA AGREGADA CLÁSSICA
W
2
W
N
N*
W
1
Y
Y*
P
P
1
P
2
Oferta Agregada (OA) Clássica.
Vertical ou Inelástica ao nível de pleno emprego.
No gráfico 19 a economia possui inicialmente um determinado nível de preços, P1, que é dado pela interação entre demanda agregada e oferta agregada, a partir desse nível de preço a uma curva de demanda de trabalho, , e uma curva de oferta de trabalho, , da interação entre essas duas curvas é determinado o nível de emprego da economia, N*, supostamente o nível de pleno emprego da economia, e o nível de salários de equilíbrio, W1, a partir no nível de emprego da economia o volume de produção nacional é Y*, isso determina a situação inicial da economia.
A partir daí ocorrendo algum fato que leve a um aumento de preços, basicamente um aumento de demanda pelo produto nacional (o que será estudado na segunda parte do curso), então as firmas tendem a aumentar a demanda de trabalho, o que pode ser visto no gráfico 19 a esquerda, porém simultaneamente ao aumento nos preços e na demanda

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