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04 Apostila DEMANDA AGREGADA

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Universidade Federal Fluminense
Pólo Universitário de Volta Redonda
Instituto de Ciências Humanas e Sociais
Disciplina: MACROECONOMIA
Prof: Fabio Henrique Cazeiro de Mayrinck
fabiohenrique@id.uff.br
DEMANDA AGREGADA
	A demanda agregada (DA) é a quantidade de bens que os agentes econômicos se dispõem a comprar a cada nível de preços. Para estudar a demanda agregada será suposto, inicialmente, que a oferta agregada (OA) é Keynesiana extrema, ou seja, perfeitamente elástica (horizontal), dessa forma os preços na economia não variam devido a uma variação na DA, ou seja, as empresas estão dispostas a vender qualquer volume de produção a determinado nível de preços, não há inflação nem deflação, tal suposição será relaxada mais à frente, mas considerando que a OA é a Keynesiana extrema então é óbvio que o que determina o nível de produção e emprego nacional não é o mercado de trabalho, mas o volume de bens que a economia está disposta a comprar a determinado nível de preços, ou seja, a demanda agregada, quanto maior for a DA maior será o nível de produção/renda nacional. [1: Isso não é algo tão irreal quanto parece, o que é suposto aqui é uma situação econômica parecida com a dos EUA na década de 1930, devido ao enorme arrocho econômico as empresas produziam muito menos do que eram capazes, ou seja, estavam altamente ociosas e simultaneamente havia uma enorme quantidade de trabalhadores aptos e dispostos a trabalhar e involuntariamente desempregados, devido a RPS, nessa situação as empresas podiam aumentar muito a sua produção sem aumentos relativos de custos – não havia diminuição na produtividade dos trabalhadores nem aumentos de salários nominais - com isso era possível aumentar os níveis de produção nacional sem que houvesse aumentos de preços!]
	Os componentes da demanda agregada, segundo KEYNES (1996), são o consumo, o investimento, o gasto público e o saldo em transações correntes do balanço de pagamentos, abaixo segue uma descrição de cada componente da demanda agregada:
CONSUMO (C): Total de despesas da população com compras de bens tendo em vista a satisfação pessoal, sem fins lucrativos. O consumo da população depende de diversos fatores, por exemplo: nível de emprego, crédito, idade média da população, religião, filosofia de vida, ideologia, se o país está em paz ou guerra, e muitos outros. Mas, aqui no curso de macroeconomia, para simplificar, o fator determinante do consumo da população é o nível de renda (Y).
	A relação entre o montante dispendido em consumo e o nível de renda da população é chamado de propensão a consumir (c). A propensão a consumir da população pode ser pensada em termos médios (PMeC) e marginais (PMgC), a propensão média a consumir indica o quanto a população, em média, consome de sua renda, a propensão marginal a consumir indica o quanto a população consome a mais dado um aumento na renda. 
É razoável supor que a propensão a consumir está entre zero e um (0 < c < 1), ou seja, ou a população não gasta nada do que ganha, ou gasta tudo o que ganha, ou gasta uma fração de sua renda, poupando o resto. Isso porque ninguém pode passar a vida inteira se endividando, logicamente qualquer um pode gastar em alguns momentos mais do que ganha, se endividando ou reduzindo a poupança previamente acumulada, mas tanto a poupança um dia acaba quanto o endividamento deve cessar um dia, devendo ainda ser pago, e com juros, de tal forma que em algum momento no futuro o consumo do endividado terá de ser bruscamente reduzido, com isso, na média 0 < c < 1. 
A relação entre a propensão a consumir é o nível de renda é óbvia, quanto maior o nível de renda menor a propensão a consumir, ou seja, pobres tendem a consumir tudo o que ganham, , já os ricos tendem a consumir pouco em relação ao que ganham, , poupando e investindo a maior parte de sua renda. É importante ressaltar que a renda que não é consumida pelos ricos não significa que não seja gasta, ela pode ser gasta pelos que se financiam com ela ou pelos próprios ricos, realizando investimentos.
É importante ressaltar ainda que aqui se fala em renda de forma genérica, ou seja, todas as formas de rendimentos existentes na economia são consideradas aqui como renda, então salários, lucros, aluguéis e juros compõem a renda da população.
Embora a renda seja o fator fundamental na determinação do nível de consumo da população cabe questionar qual renda a população considera ao tomar suas decisões de consumo, a população consome com base na renda atual (a renda corrente) ou a população se endivida para comprar o que deseja atualmente na esperança de utilizar renda no futuro para pagar suas dívidas, utilizando sua renda ao longo da vida (a renda permanente), a resposta claramente não é única, as duas rendas possuem sua importância, tanto a corrente quanto a permanente. A primeira foi enfatizada por Keynes, a segunda por Friedman, aqui será enfatizada a primeira, devido à suposição de que a economia está profundamente arrochada e a OA é a Keynesiana extrema. Numa situação de profundo arrocho econômico e desemprego é razoável supor que as pessoas sejam mais influenciadas por sua renda corrente ao decidir quanto gastar em consumo. 
Mas, a possibilidade de utilizar renda futura para financiar gastos de consumo é algo real e que não pode de forma alguma ser desconsiderado, essa possibilidade cria um enorme conjunto de políticas econômicas e de oportunidades de crescimento para a economia que vão além do que será visto neste curso.
Mais ainda, ao decidir o quanto gastar em consumo a população se baseia em sua renda disponível, que é a renda que sobra para a população após o pagamento de impostos, sendo assim:[2: Neste curso será considerado, para simplificar, que o governo cobra apenas o imposto de renda, considerar outros tipos de tributos apenas torna a matemática mais tediosa.]
 				(01)
Onde é a renda disponível e é a alíquota do imposto de renda. [3: Alternativamente, é possível considerar , onde T é um montante determinado de tributos cobrados pelo governo, do tipo IPTU e IPVA, que independem do nível de renda da população. Mas, o efeito sobre o nível de consumo e produção nacional de uma variação de qualquer tipo de imposto é sempre o mesmo, sendo assim considerar apenas o imposto de renda é mais simples e igualmente elucidativo.]
Sendo assim o consumo da população pode ser dividido em duas partes, uma parte fixa, relativamente muito pequena, que independe do nível de renda, que seria o montante de consumo que as pessoas realizariam caso não tivessem renda alguma (gastando recursos poupados ou se endividando), e outra parte variável, que depende do nível de renda (corrente e disponível) das pessoas. Sendo assim o consumo pode ser representado por uma equação do tipo:
 		(02)	
Onde C significa o volume total, em valores monetários, gasto em consumo na economia nacional, representa o consumo autônomo, um valor fixo mínimo, que independe da renda, c é a propensão marginal a consumir (PMgC), é a alíquota do imposto de renda e Y é a renda. No gráfico 1 é possível ver a relação entre consumo e renda na economia nacional.
Gráfico 01 – Consumo x Renda
C
Y
Logicamente a relação entre o consumo e renda pode variar tanto por variações em , quanto ou , ou ainda por uma variação composta desses três. No gráfico 02 é possível ver alguns casos da variação da relação entre C e Y.
Gráfico 02 – Variação na relação entre Consumo e Renda
Y
C
C
C
Y
YINVESTIMENTO ( I ): Montante de despesas das firmas em adições líquidas (além da depreciação) ao estoque de capital físico produtivo da economia (máquinas e equipamentos), incluindo-se os estoques, ou seja, investimento consiste na ampliação da capacidade física produtiva da economia, sendo assim, duas situações que são comumente entendidas como investimento não o são entendidas como tal na macroeconomia, são elas: 
- Aplicações financeiras, o ato de “investir” dinheiro em ativos financeiros ou no banco, para a pessoa que investe isso certamente é investimento,mas para a economia como um todo não, basicamente por que tal recurso não representa adições líquidas ao estoque de capital físico produtivo da economia nacional, 
- Compra de uma empresa já existente, isso também não é investimento para a economia, para a empresa que compra certamente é investimento, mas para a empresa que vende é um desinvestimento, com isso a economia nacional permanece com o mesmo estoque de capital de antes, ou seja, para a economia nacional não houve investimento algum.
	O investimento na economia é algo que é realizado pelas firmas com o objetivo de produzir e obter lucro, e para que as empresas lucrem é necessário que elas possuam demanda pelo seu produto, mas como os investimentos levam tempo para se tornarem operacionais então pouco importa se a economia nacional possui, atualmente, muita ou pouca demanda, o que importa é se a economia terá demanda no futuro, quando os investimentos se tornarem produtivos. Assim, as empresas investem com base nas suas expectativas sobre a renda nacional e demanda agregada no futuro. [4: Lembrando que na oferta agregada foi suposto que as firmas são maximizadoras de lucro.]
Ou seja, um país com uma baixa renda nacional pode ser alvo de grande volume de investimento, se as empresas acreditam que a economia crescerá e terá uma grande renda e demanda no futuro. De outro lado, se a economia atualmente possui um alto nível de renda e demanda, porém as empresas, por alguma razão, acreditam que a economia entrará em recessão reduzindo o nível de demanda, então passarão a investir menos dado que se espera que no futuro a demanda agregada, e os lucros, serão menores. 
Com isso o investimento privado depende fundamentalmente das expectativas quanto ao futuro, o que o torna autônomo em relação ao nível de renda. Mas, não só as expectativas quanto ao futuro determinam o nível de investimentos na economia, outra variável chave é a taxa de juros. 
Uma firma que deseje realizar um determinado investimento pode utilizar recursos próprios ou se financiar para tal, no caso do financiamento é claro que a taxa de juros representa um custo para a firma, qualquer firma só realizará um determinado investimento se a expectativa de retorno do investimento superar a taxa de juros do financiamento que realizará para tal. Mas, mesmo que a firma utilize capital próprio ainda assim a taxa de juros é um elemento central, na medida em que a taxa de juros pode ser entendida como o custo de oportunidade do capital, ou seja, para uma firma que vise lucro máximo realizar um investimento cuja expectativa de rendimento seja menor do que a taxa de juros de mercado representa um prejuízo econômico, pois os recursos próprios poderiam ser aplicados no mercado com uma rentabilidade maior do que a que é esperada em determinado investimento. 
Dessa forma, seja utilizando capital próprio ou de terceiros, a taxa de juros inibe os investimentos, e variações da taxa de juros implica em variações do volume total de investimentos na economia. Dado o exposto acima é possível escrever, simplificadamente, a função de investimento na economia da seguinte forma linear:
								(3)
	Onde I é o valor total, em valores monetários, gasto com investimento pelas firmas,	 é o investimento autônomo, independente do nível de renda, é a sensibilidade do investimento à taxa de juros e é a taxa de juros. No gráfico 03 é possível ver a relação entre volume total de investimentos na economia e taxa de juros.
Gráfico 03 – Investimentos versus juros
i
I
A sensibilidade do investimento à taxa de juros indica como os investimentos variam dada uma variação na taxa de juros, tal variação depende das expectativas quanto ao futuro, ou seja, da vontade das firmas em investir ou não. Firmas que possuem boas expectativas quanto ao futuro desejam investir, mas tal investimento dependerá do nível da taxa de juros, ou seja, as firmas serão altamente sensíveis a taxa de juros, , mas firmas que possuem péssimas expectativas quanto ao futuro são firmas que não desejam investir nada, ou apenas o mínimo possível, para repor a depreciação, nesse caso haja o que houver com a taxa de juros as firmas não serão incentivadas a investir, com isso as firmas são totalmente insensíveis a taxa de juros,, dessa forma .
É razoável supor que a relação entre investimentos e taxa de juros seja tal como a indicada no gráfico acima, ou seja, variações de juros levam a variações na quantidade de investimento, esse é um caso em que os investimentos na economia são normalmente sensíveis a taxa de juros, mas é claro que os casos extremos de total insensibilidade ou alta sensibilidade do investimento ao juros podem ocorrer, nesses casos a relação entre investimentos e taxa de juros é tal como a indicada no gráfico 04.
Gráfico 04 – Investimentos versus juros
i
I
, 
Péssimas expectativas quanto
 ao futuro, firmas não querem investir.
I
i
, Ótimas
 expectativas quanto
 ao futuro, firmas interessadas em investir.
Embora o volume total de investimentos na economia possa variar com uma variação na taxa de juros é importante ressaltar, mais uma vez, que tal variação não significa uma mudança na relação entre investimento e taxa de juros, a curva de investimento representa a função de investimento, uma variação na quantidade de investimentos na economia devido a uma variação na taxa de juros significa um deslocamento ao longo da curva de investimento. 
Gráfico 05 – Mudança nos investimentos
i
I
I
1
I
2
I
3
Um aumento nos investimentos de fato significa um aumento na quantidade de investimentos sem alteração nos juros, ou seja, um deslocamento de toda curva de investimentos, uma mudança na relação entre investimentos e taxa de juros, isso pode ser visto no gráfico 05, a causa da variação dos investimentos, nesse caso, é a mudança nas expectativas quanto ao futuro, uma melhora (piora) nas expectativas tende a aumentar (reduzir) os investimentos mantida a taxa de juros.
	Por último, é importante ressaltar que a taxa de juros que interessa para a decisão de investimento das firmas é a taxa de juros real, sendo essa definida da seguinte forma: 
 					(4)
	Onde r é a taxa de juros real, i é a taxa de juros nominal e π é a taxa de inflação. Mas, como é suposto aqui, inicialmente, que preços não variam, então não há inflação ou deflação, dessa forma é possível utilizar a taxa de juros nominal no lugar da real sem problemas. Mas, considerando que haja variação de preços então o impacto dessa variação sobre os juros reais e desses sobre os investimentos deve ser apropriadamente levado em consideração.
GASTOS PÚBLICOS ( G ): Valor total das compras de bens realizadas pelo governo, para atividades correntes e de capital, considerando as esferas Federal, Estadual e Municipal. Os gastos públicos podem ser utilizados como um instrumento de política econômica, através da qual o governo tenta afetar o estado da economia, a política econômica é dividida em política fiscal e monetária, sendo que a política fiscal compreende as decisões do governo relativas a gastos públicos e tributação. 
	O montante de gasto público pode ser considerado como sendo um valor fixo, autônomo em relação à renda nacional, isso se deve ao fato de que os gastos são definidos pelo orçamento público. O poder executivo envia ao congresso nacional uma proposta de orçamento, na qual constam todas as despesas que o governo pretende realizar no próximo ano e a previsão de arrecadação de impostos, após discussões e barganhas o orçamento é aprovado, a partir da aprovação do orçamento as despesas do governo estão determinadas, não há o que aumentar ou diminuir, sendo assim, pouco importa se o nível de renda da economia aumenta ou diminui, os gastos públicos já estão definidos, são fixos. 
	É possível que o governo (poder executivo) antecipe ou postergue despesas ao longo do ano, de acordo com as condições da economia e de arrecadação de impostos, mas o montante de despesas determinado pelo orçamento deve ser realizado. No caso do Brasil há a possibilidadede contingenciamento do orçamento, pelo qual o governo (poder executivo) descumpre o orçamento no sentido de não realizar despesas caso a arrecadação não esteja de acordo com o previsto, mas não há possibilidade de gastar mais do que o previamente aprovado, e os itens contingenciáveis do orçamento representam uma porção relativamente pequena do total das despesas.
	Sendo assim, o montante de gasto público na economia pode ser considerado como sendo autônomo em relação ao nível de renda nacional, ou seja:
									(5)
	O impacto dos gatos públicos sobre a demanda agregada é óbvio, quanto maior o volume de gastos públicos maior será a demanda agregada, e por isso os gastos públicos podem ser utilizados como um instrumento de política econômica, o governo (poder executivo) pode formular uma proposta orçamentária na qual haja aumentos de gastos não porque deseja ampliar suas funções, mas para simplesmente criar demanda na economia, da mesma forma o governo pode antecipar despesas já aprovadas. 
	É importante ter em mente que o governo não realiza gastos apenas com o objetivo de afetar a economia, as despesas públicas existem para que o governo execute seu papel na sociedade, despesas com pavimentação de ruas, iluminação pública, segurança pública, segurança nacional, justiça, e uma infinidade de outras atividades, que são de exclusiva responsabilidade do governo, representam um enorme dispêndio de recursos e compõem os gastos públicos, tais despesas ocorrerão com a economia precisando ou não. O uso dos gastos públicos como instrumento de política econômica demonstra o quão importante é a economia no mundo atual e como ela interfere nas atividades do governo. 
	Como visto acima os gastos públicos fazem parte da política fiscal do governo, mas essa política também abrange as decisões relativas à tributação. O impacto da tributação sob a demanda agregada também é óbvio, encarece os produtos, diminuindo a demanda pelos mesmos, ou reduz a renda disponível da população, que passa a consumir menos. Sendo assim, é natural que o governo utilize a tributação como instrumento de política econômica, quanto mais (menos) tributação menos (mais) demanda agregada. Os tributos cobrados pelo governo podem ser divididos em três diferentes tipos:
1) Impostos: Tributos cobrados pelo governo para financiar suas atividades em geral, não há destino previamente definido para os impostos pagos ao governo, todos devem pagar, os impostos podem ser divididos em três categorias, são elas:
	1.a) Impostos sobre a renda
	1.b) Impostos sobre a atividade econômica (ICMS, ISS, IPI, entre outros)
	1.c) Impostos fixos, independem do nível de renda (IPTU, IPVA, entre outros)
2) Contribuições: Tributos cobrados pelo governo para financiar determinadas atividades, só pagam os que obtenham benefícios da atividade financiada, por exemplo: aposentadoria.
3) Taxas: Tributos cobrados pelo governo para financiar determinadas atividades, todos devem pagar, independente de se beneficiarem ou não das atividades financiadas, por exemplo: taxa de incêndio.
	Com base nos gastos públicos e na tributação o governo pode tanto aumentar quanto reduzir a demanda agregada da economia. Cobrando impostos o governo claramente reduz o nível de despesas na economia, realizando gastos públicos claramente aumenta a demanda agregada. Sendo assim, no que diz respeito a influencia do governo sobre a demanda o que importa é a diferença entre os recursos que ele retira da economia, sob a forma de tributos, e o que ele coloca na economia, sob a forma de gastos, ou seja, o superávit/déficit público. Se o governo é deficitário (gasta mais do que arrecada) então está contribuindo com o aumento da demanda agregada. Se o governo é superavitário (gasta menos do que arrecada) então está reduzindo a demanda.
	Com relação ao financiamento dos gastos públicos é importante ressaltar que a tributação não é a única fonte de receita do governo, ainda há a possibilidade de endividamento e emissão de moeda, essas alternativas compõem a política monetária do governo, que será vista mais à frente.
	Por último, é importante ter claro em mente que nem o gasto público nem a tributação são determinados puramente pela política econômica!
SALDO DO BP EM CTC ( NX ): O saldo do balanço de pagamentos em conta de transações correntes é um componente fundamental da demanda agregada, mas será desconsiderado no presente curso, por pura simplificação, pois envolve assuntos que, além de exigirem muito tempo para serem apropriadamente estudados, fogem ao escopo do curso, sendo assim será feito aqui uma breve exposição da importância do mercado externo para a economia nacional, mas o aluno pode suprimir esse assunto sem perda de entendimento do resto da matéria.
	O mercado externo impacta a produção na economia nacional de duas formas, comprando a produção nacional (que são as exportações nacionais - X), e abastecendo a economia nacional com produção estrangeira (que são as importações nacionais - M). Com relação às exportações nacionais é claro que representam uma colaboração dos estrangeiros para o aumento na demanda agregada nacional, mas com relação às importações nacionais seu impacto sobre a demanda agregada nacional não é tão claro, em geral as importações são consideradas como uma redução da demanda agregada nacional, na medida em que compras nacionais deixam de ser abastecidas por produtores nacionais para serem abastecidas por produtores estrangeiros, isso é parcialmente correto. 
No caso em que produtos importados possuam similar nacional parece óbvio que as importações reduzem a demanda agregada pela produção nacional, mas no caso em que não há similar nacional essa redução se torna discutível, pois não há similar nacional devido ao fato de que o estrangeiro abastece o mercado ou porque o país não tem condições técnicas, ou recursos suficientes, de produzir o bem? A resposta a essa pergunta demanda um curso de economia internacional, essa é uma das razões pelas quais o mercado externo será desconsiderado no presente curso. 
Mas, mesmo no caso de um bem que possua similar nacional é discutível se as importações diminuem a demanda agregada pelo produto nacional, pois a qualidade e o preço do produto nacional podem ser totalmente desvantajosos para o comprador nacional, com isso na falta das importações simplesmente não haveria mercado do bem em questão, pois ninguém compraria o produto nacional de qualquer forma.[5: O caso da lei da informática no Brasil nos anos de 1980 é notório. Para incentivar a indústria nacional de microcomputadores o governo proibiu a importação do produto, mas o produto nacional era tão caro e de baixa qualidade que o resultado foi que ninguém comprava esse produto no Brasil, isso gerou um enorme atraso no desenvolvimento do setor no país, que só veio a se desenvolver quando o ex-presidente Collor acabou com a lei da informática, permitindo importações, inacreditavelmente o país passou a produzir microcomputadores.]
Enfim, as exportações claramente aumentam a demanda agregada pela produção nacional, as importações tem um impacto duvidoso sobre a demanda agregada, mas mesmo que se considere que as importações efetivamente reduzem a demanda agregada o impacto do mercado externo sobre a demanda depende, logicamente, da diferença entre exportações e importações, ou seja, do superávit/déficit comercial (e de serviços).
Se o país possui superávit em seu comércio com o estrangeiro isso significa que exporta mais do que importa, e inquestionavelmente o mercado externo está colaborando com a demanda agregada pelo produto nacional, se o país realiza déficit em seu comércio com o estrangeiro isso significa que exporta menos do que importa, e em geral se considera que esse déficit significa um impacto negativo do mercado externo sobre a demanda agregada pelo produto nacional. 
Dado que as exportações (X) nacionais representam uma demanda do estrangeiro pela produção nacional então logicamente que as exportações dependem não do nível de renda nacional, mas simdo nível de renda do estrangeiro, sendo assim é razoável considerar que as exportações nacionais são autônomas em relação ao nível de renda nacional. Dessa forma:
								(6)
Certamente que muitos outros fatores, além do nível de renda do estrangeiro, influenciam o volume de exportações da economia nacional, um segundo fator fundamental é a taxa de cambio (e – exchange rate), a variação da taxa de câmbio certamente afeta a competitividade da economia nacional, quanto mais caro o câmbio mais barato são os produtos nacionais em moeda estrangeira (logicamente mantido inalterado o preço dos produtos nacionais em moeda nacional), com isso há um aumento da competitividade da produção nacional em relação a do estrangeiro, e daí certamente pode haver um aumento das exportações da economia nacional. A relação entre as exportações e o nível de renda e a variação das exportações dado uma variação na taxa de câmbio podem ser vistas no gráfico 06.
Gráfico 06 – Exportações Nacionais versus Nível de Renda Nacional
X
X
Y
Y
∆e > 0
∆e < 0
É possível considerar ainda que para uma grande economia nacional o volume de exportações dependa, negativamente, do nível de renda nacional, mas isso é assunto para um curso específico de economia internacional.
De outro lado, as importações (M) da economia nacional, que são uma demanda da economia nacional pela produção estrangeira, podem ser consideradas como sendo função do nível de renda da economia nacional, além de outros fatores, entre os quais, logicamente, a taxa de câmbio. Com isso, como foi considerado anteriormente que o consumo da economia é crescente com o nível de renda, é razoável supor que o consumo de bens importados também será crescente com a renda nacional, mais do que isso, mesmo que a economia nacional não tivesse renda alguma ainda assim haveria um determinado volume de importações (de bens básicos importados), dessa forma: 
 				(7)
	Novamente, a variação da taxa de câmbio pode levar a variações na quantidade de importações a cada nível de renda, a relação entre importações e nível de renda nacional e variação das importações dada uma variação na taxa de câmbio pode ser vista no gráfico 07. É interessante chamar a atenção para a mudança na inclinação da curva de importações dado uma mudança na taxa de câmbio, tal mudança afeta tanto o nível autônomo de importações quanto a relação entre o nível de importações e o nível de renda nacional. 
Gráfico 06 – Exportações Nacionais versus Nível de Renda Nacional
M
M
Y
Y
∆e > 0
∆e < 0
	O saldo da balança (NX), a diferença entre exportações e importações (X – M), pode ser tanto positivo quanto negativo. Mas, como é razoável supor que as importações são crescentes com o nível de renda, quanto maior o nível de renda nacional menor será o saldo da balança, e para um nível de renda nacional de equilíbrio muito grande a balança comercial será negativa para o país, ou seja, o país importará mais do que exportará. Isso pode ser visto no gráfico 07, onde se supõe que, ao nível de renda zero as exportações seriam superiores as importações.
Gráfico 07 – Saldo da BP em CTC versus Nível de Renda Nacional
Y
NX
Y
e
Com isso, considerando o comércio externo do país, há um determinado nível de renda de equilíbrio no comércio com o estrangeiro, Ye, um nível de renda nacional acima desse leva o país a uma situação de déficit comercial, um nível de renda abaixo desse leva o país a uma situação de superávit comercial. 
Essa situação aponta um dos muitos dilemas da política econômica, todos os governos desejam crescimento econômico e geração de emprego, mas considerando que tal crescimento leve o país a uma situação de déficit comercial ele pode se tornar insustentável ao longo do tempo, com isso, em geral, os países querem um alto nível de renda que gere muito emprego simultaneamente a um baixo nível de renda que mantenha o comércio com o estrangeiro superavitário, isso é logicamente impossível.
Uma resposta simples para o problema é a proibição ou taxação das importações, mas isso leva o estrangeiro a proibir ou taxar nossas exportações, além do que muitos produtos importados podem ser necessários e não possuir similar nacional, com isso o dilema da política economia permanece, a forma de resolver tal dilema, se é que existe, foge ao escopo deste curso de macroeconomia.
Enfim, dado os componentes da demanda agregada indicados acima a equação da demanda agregada pode ser escrita da seguinte forma:
		 			(8)
Desconsiderando o mercado externo e considerando as expressões estendidas do consumo, do investimento e do gasto público, dadas nas equações (2), (3) e (5), então a curva da demanda agregada na economia pode ser reescrita da seguinte forma:							(9)
	 Como já visto é a demanda agregada, dada pela equação 9, que determina o nível de produção nacional de equilíbrio (Y) numa situação em que a oferta agregada é a Keynesiana extrema. Mas, isso gera uma aparente contradição, e uma questão fundamental em macroeconomia, como pode ser visto na equação (9) a renda (Y) é um fator determinante do nível de demanda na economia, pois é a renda que determina o volume de consumo na economia, sendo assim como pode a demanda definir o nível de renda se é o nível de renda que determina a demanda?
Como visto no tópico sobre consumo uma pessoa que não tenha renda não significa que não consuma nada, essa pessoa sem renda pode consumir com base em recursos poupados no passado ou se endividar, ou seja, gastar dinheiro que espera ganhar no futuro. Essa situação pode ser generalizada, considere um país inteiro formado por pessoas sem renda alguma, as pessoas demandariam bens com base em poupança acumulada no passado ou em dívidas a serem pagas no futuro, ainda é possível que firmas realizem investimentos com base em financiamentos e boas expectativas quanto ao futuro, o governo pode gastar recursos, se endividando para tal, para realizar obras públicas (inclusive com o intuito deliberado de aquecer a economia e gerar renda para a população), além de que o estrangeiro pode comprar produção nacional (exportações), consequentemente mesmo um país inteiro com renda igual a zero possui um determinado volume de despesas, tais despesas geram renda para pessoas que passam a consumir com base na sua renda, e isso geraria mais renda para mais pessoas, criando uma multiplicação de despesas e renda na economia, a esse processo de multiplicação de renda e despesas se dá o nome de multiplicador Keynesiano (α). 
O multiplicador Keynesiano (α) é a razão entre o total de despesas na economia e o total de despesas autônomas. As despesas na economia podem ser divididas em dois tipos, as despesas autônomas (), que independem do nível de renda, e as despesas que dependem do nível de renda, fundamentalmente o consumo da população.
A maior parte das despesas na economia são despesas de consumo, tais despesas são, segundo Keynes, majoritariamente determinadas pelo nível de renda atual, quanto maior for a renda corrente da população maior será o nível de consumo, porém para que as pessoas comprem bens com o intuito de se satisfazer pessoalmente é necessário que elas tenham renda, sendo assim, embora o consumo da população representa uma parte muito grande da demanda agregada efetivamente são as despesas que independem da renda que garantem demanda, renda e consumo na economia nacional.
	As despesas que independem da renda são as despesas de investimento, exportações e gastos públicos, os investimentos dependem fundamentalmente das expectativas das empresas e da taxa de juros, o gasto público depende da política fiscal do governo, e as exportações dependem do nível de renda do estrangeiro e da taxa de câmbio, nenhum dos três depende do nível de renda nacional corrente (atual), pode-se considerar também o consumo autônomo da população, porém esse é um valor desprezível.
	As despesas autônomas geram uma renda inicial para a população que passa a consumir com base em sua renda corrente, e esse consumo da população gera mais despesas na economia,que novamente geram renda pra mais pessoas, que também passam a consumir, e assim sucessivamente, gerando uma sequência de despesas de consumo na economia que ampliam a demanda agregada pelo produto nacional e o nível de produção/renda. Mas, essa multiplicação da renda e despesas não ocorre de forma indefinida, os dois crescerão até um determinado nível de equilíbrio.
Para definir qual o nível de equilíbrio da produção nacional é necessário considerar que essas duas variáveis, a demanda e a produção, são totalmente independentes entre si, sendo assim, caso a DA seja um valor fixo igual a 300 e a produção seja igual a 400 (Y = 400) então a economia produz mais do que a DA, com isso as firmas, no agregado, estão acumulando 100 de estoques, um estoque que elas não desejam, elas produziram 400 tendo-se em vista a demanda planejada de 400, incluindo sua variação de estoques, caso a demanda total seja menor que 400 as firmas acumulam estoques contra sua vontade, estoques indesejados, obviamente numa situação como essa a opção das firmas é baixar os preços para vender os estoques indesejados, mas como é suposto que preços não variam então o ajuste se dá pela redução do nível de produção das firmas, as firmas reduzirão a produção e abastecerão o mercado vendendo os estoques indesejados, e a produção será reduzida até o nível de 300. Um raciocínio análogo pode ser feito para o caso em que Y = 200, nesse caso Y aumentará até o nível de 300 devido à perda indesejada de estoques. 
Dessa forma, a produção está em seu nível de equilíbrio quando a quantidade de produto produzida for igual à quantidade de produto demandada!
	Isso pode ser visto no gráfico 08, conhecido como cruz Keynesiana, nesse gráfico qualquer ponto ao longo da reta com inclinação de 45º indica valores no eixo vertical igual a valores no eixo horizontal. Nesse gráfico é possível ver que Y estará em equilíbrio (Y*) quando seu valor for igual a DA, e isso ocorre no ponto em que DA cruza a reta de 45º, qualquer ponto a esquerda de Y* representa uma situação em que Y é menor que a DA, as firmas enfrentam uma demanda maior que sua produção, perdem estoques de forma indesejada e a produção tende a aumentar, qualquer ponto a direita de Y* significa uma situação em que Y é maior que a DA, as firmas acumulam estoques de forma indesejada e a produção tende a diminuir.
Gráfico 08 – Cruz Keynesiana
DA
Y
300
45º
200
400
∆Estoques < 0
∆Estoques > 0
Y*=
300
Ou seja, os estoques das empresas são uma variável de fundamental importância, todas as empresas possuem estoques, de matérias primas e de produtos acabados, mas todas as empresas estabelecem um nível ótimo, desejado, planejado para os estoques. O problema são os estoques indesejados, não planejados, eles são o motivo pelo qual as empresas ajustam sua produção, e no agregado o motivo da variação da produção nacional, lembrando que a curva de oferta agregada é a Keynesiana extrema, caso não seja então a variação de estoques pode levar também à variação de preços, mas essa possibilidade é inicialmente desconsiderada aqui. 
	Dessa forma, considerando uma economia fechada (não há comércio com o estrangeiro) e com governo a demanda agregada pode ser escrita como na equação (9), reapresentada aqui:
				(9)
	Para que haja equilíbrio na economia é necessário que a demanda agregada (DA) nacional seja igual à produção/renda (Y) da economia, então:
			 					(10)
			 		(11)
	Com algumas manipulações algébricas é possível chegar ao nível de produção nacional de equilíbrio como função das variáveis exógenas.
 			 			(12)
	Onde é o multiplicador Keynesiano. Ou seja, o nível de demanda agregada e produção de equilíbrio da economia é um múltiplo das despesas autônomas (), dado a propensão a consumir (c), a alíquota de imposto sobre a renda (t), a sensibilidade do investimento à taxa de juros (b) e a taxa de juros (i). 
	Essa curva de demanda agregada pode ser vista no gráfico 09, a mesma relação entre demanda, variação de estoques e produção nacional que foi vista no gráfico 08 pode ser reaplicada aqui, a diferença é que, como o consumo cresce com o nível de renda, então a demanda agregada é também crescente com o nível de renda.
Gráfico 09 – Cruz Keynesiana
DA
Y
45º
DA
Y
*
	Um exemplo numérico: 
Considere uma economia nacional com os seguintes números:
 = 100; = 100; = 100; = 0,8; = 0,25; = 0; = 10. 
Com base nesses números o nível de produção nacional de equilíbrio é:
 
Qualquer nível de produção abaixo desse levará a economia a sofrer um excesso de demanda, perder estoques, e aumentar o nível de produção, qualquer nível de produção acima desse leva a economia a produzir mais do que a quantidade demandada, acumulando estoques indesejados e reduzindo a produção.
	Por exemplo, caso o nível de produção fosse Y = 500 a quantidade demandada na economia seria de , o que levaria a economia a aumentar o nível de produção nacional, pela perda indesejada de estoques, dado que a produção estaria muito aquém da demanda planejada. 
	Caso o nível de produção fosse Y = 1.000 a quantidade demandada na economia seria de , o que levaria a economia a reduzir o nível de produção nacional, pelo acúmulo indesejado de estoques, dado que a produção estaria muito além da demanda planejada.
	Sendo assim, entendido como se determina o nível de produção nacional de equilíbrio no curto prazo então o objetivo, um dos principais da macroeconomia, é fazer o nível de produção nacional de equilíbrio crescer. Observando o gráfico 09 fica claro que para aumentar o nível de produção nacional de equilíbrio é necessário que haja um aumento nas despesas autônomas, ou um aumento no multiplicador Keynesiano, ou uma combinação dos dois.
	A forma de alcançar tal aumento no nível de produção nacional é levando pessoas e empresas a consumirem mais e investirem mais, esse é o objetivo número 1 da política econômica do governo, induzir pessoas e empresas a comprarem mais a produção nacional, dessa forma o país cresce sem que o governo tenha que desembolsar nada para tal, mas considerando que nenhuma pessoa ou empresa consome ou investe tendo em vista o crescimento econômico do país então logicamente que tais variáveis fogem ao controle da política econômica do governo. Para o governo alcançar seu objetivo de gerar crescimento econômico para o país, regra geral, ele deve se valer de sua política fiscal e monetária, no que diz respeito à política fiscal o governo deve aumentar seus gastos ou reduzir seus impostos.
No gráfico 10 é possível ver o impacto de um aumento nos gastos públicos sobre o nível de renda nacional de equilíbrio. Nesse gráfico é possível ver que, dado as despesas autônomas iniciais e o multiplicador Keynesiano, há um determinado nível de equilíbrio para a produção nacional, Y1, então um aumento de despesas públicas () implica um aumento de despesas autônomas, de para , esse aumento de despesas autônomas gera, ao nível de renda zero, um aumento de vendas na economia, para abastecer o mercado as empresas irão retirar produção acumulada do estoque, essa situação pode se manter por algum tempo, porém tão logo os estoques se reduzam a um nível abaixo do desejado pelas firmas o nível de produção se elevará, pois as firmas irão não só repor estoques como também abastecer a demanda do mercado, na medida em que o nível de produção aumente o nível de emprego e renda da economia também aumenta, com o aumento do nível de renda a população passa a consumir (ou aumenta o seu consumo) bens, o que aumenta novamente o nível de demanda da economia, o que acaba gerando uma tendência ao crescimento econômico e geração de emprego na economia, um circulo virtuoso de crescimento, essa tendência não se mantém indefinidamente, a pressão por aumento de produção e emprego cessará tão logo o nível de produção chegue ao seu novo nível de equilíbrio, em Y2, quando a quantidade de produto produzido igualar a quantidade de produto demandada. Uma explicação idêntica pode ser feira para o caso de um aumento em ou .
Gráfico 10– Impacto do aumento nos gastos públicos sobre o nível de produção nacional de equilíbrio. 
DA
Y
DA
1
Y
2
DA
2
Y
1
E
1
E
2
	A outra componente da política fiscal do governo é a política tributária, o governo pode tentar aumentar o nível de produção nacional pela redução de impostos, isso pode ser visto no gráfico 11, reduzindo impostos o governo tenta induzir a população a consumir mais pelo aumento na renda disponível. 
Gráfico 11 – Impacto da redução da alíquota de imposto de renda sobre o nível de produção nacional de equilíbrio. 
DA
Y
DA
1
Y
2
DA
2
Y
1
E
1
E
2
	No gráfico 11 é possível ver que, dado as despesas autônomas iniciais e o multiplicador Keynesiano, há um determinado nível de equilíbrio para a produção nacional, Y1, a partir daí uma redução de impostos () implica um aumento do multiplicador Keynesiano, de para , tornando a curva de DA mais inclinada, devido ao maior consumo a cada nível de renda, sendo assim a partir de um mesmo volume de despesas autônomas iniciais (supondo que os gastos públicos não se alterem devido a redução dos impostos) há um determinado volume de vendas na economia, para abastecer o mercado as empresas irão retirar produção acumulada do estoque, essa situação pode se manter por algum tempo, porém tão logo os estoques se reduzam a um nível abaixo do desejado pelas firmas o nível de produção se elevará, pois as firmas irão não só repor estoques como também abastecer a demanda do mercado, na medida em que o nível de produção aumente o nível de emprego e renda da economia também aumenta, com o aumento do nível de renda a população passa a consumir bens, agora em proporção maior do que antes, devido a redução dos impostos e consequente aumento na renda disponível, o que aumenta novamente o nível de demanda da economia, o que acaba gerando uma tendência ao crescimento econômico e geração de emprego na economia, um circulo virtuoso de crescimento, essa tendência não se mantém indefinidamente, a pressão por aumento de produção e emprego cessará tão logo o nível de produção chegue ao seu novo nível de equilíbrio, em Y2, quando a quantidade de produto produzido igualar a quantidade de produto demandada.
	É importante chamar a atenção para o fato de que não há garantias que a política tributária surta efeitos sobre a economia, é perfeitamente possível que uma redução de impostos não leve a população a aumentar consumo, apenas utilizando o aumento na renda disponível para aumentar a poupança.
	De qualquer forma, para aumentar Y* o governo deve ou aumentar G ou reduzir t ou ambos. Obviamente se o governo desejar reduzir Y* ele deve fazer o contrário, ou reduzir G ou aumentar t ou ambos.
	Como dito anteriormente o governo é capaz de induzir a economia ao crescimento ou a recessão, no curto prazo, pelo seu equilíbrio orçamentário, se o governo é deficitário (gasta mais do que arrecada) então está pondo dinheiro na economia, se o governo é superavitário (gasta menos do que arrecada) então está tirando dinheiro da economia.
	Um exemplo numérico: 
Considere uma economia nacional com os seguintes números:
 = 100; = 100; = 100; = 0,8; = 0,25; = 0; = 10. 
Com base nesses números o nível de produção nacional de equilíbrio é:
 
	Esse nível de renda é alcançado tendo o governo gasto 100 em bens produzidos pela economia nacional, mas para saber se o governo está colaborando com o crescimento econômico é necessário saber quanto ele tira da economia sob a forma de impostos, no caso do exemplo acima o total de imposto arrecadado pelo governo é calculado aplicando a alíquota de imposto (t) ao nível de renda (Y), ou seja:
						(13)
	Dessa forma o governo gasta 100, mas obtém 187,5 em impostos, ou seja, o governo é superavitário, o superávit/déficit público (BS = Budget Supply) pode ser calculado diminuindo o total de gastos do governo do total de arrecadação, ou seja:
								(14)
	No exemplo em questão seria: BS = 187,50 – 100 = 87,50. Ou seja, o governo realiza um superávit de 87,50 com isso ele está retirando recursos da economia, recursos que ele próprio poderia gastar mais ou reduzir seus impostos, na esperança de que a sociedade gaste mais, isso logicamente tendo em vista o crescimento econômico, desnecessário dizer que se BS for negativo o governo é deficitário. Caso o governo eleve seus gastos para 187,5 o nível de renda nacional subiria para:
 
	É importante perceber que o crescimento econômico criado a partir de um aumento de gastos públicos amplia as receitas tributárias do próprio governo, na medida em que o nível de renda cresce, isso não significa que o governo será sempre superavitário, há um limite no qual o governo é capaz de ampliar gastos e obter um aumento de impostos que compensem tais gastos, a partir de tal limite o governo fatalmente se torna deficitário. [6: Isso pode justificar e tornar economicamente racional a construção de estradas ligando “nada a lugar algum” ou “abrir e fechar buracos”. Só o governo, que se beneficia diretamente do crescimento econômico, pode ser interessado em realizar despesas que não tenham o menor sentido social, pois tais despesas geram emprego, produção e levam a economia ao crescimento, e isso pode ocorrer sem que, ao final das contas, o governo perca nada! ]
	A questão orçamentária é crítica em economia, logicamente não há absurdo algum no governo incorrer em déficit em determinados períodos, mas a forma que o governo tem de financiar seus déficits é gastando recursos acumulados no passado ou se endividando, de uma forma ou de outra, mais cedo ou mais tarde, tais alternativas se esgotarão, e no caso do endividamento as dívidas deverão ser pagas, e com juros, o que levará a economia a uma brutal recessão, pois levará o governo a reduzir seus gastos ou elevar impostos de forma a obter recursos para pagar suas dívidas, sendo assim manter a economia num nível de renda no qual o governo seja deficitário, e isso por um longo período de tempo, é claramente insustentável.
	O governo ainda possui uma terceira alternativa de financiar seu déficit público, a emissão de moeda (a senhoriagem ou seignoriage), essa possibilidade faz parte da política monetária, cujo impacto sobre o nível de produção nacional será estudado através do modelo IS-LM. 
	Mas, de imediato é possível considerar que, embora a emissão de moeda seja um meio ilimitado do governo obter recursos monetários para financiar seu déficit o impacto da emissão de moeda sobre o nível de produção nacional pode ser adverso, basicamente pelo surgimento da inflação, que corrói o poder de compra da moeda, afugenta investimentos produtivos e gera especulação financeira, que absorve recursos reais e reduz o nível de produção real da economia nacional. 
	A respeito da política monetária é importante manter em mente que dinheiro (papel moeda) não é fabricado pelo governo (através da Casa da Moeda, que é um órgão controlado pelo Banco Central, que é a Autoridade Monetária) apenas com a intenção de financiar gastos públicos, a fonte fundamental de recursos para o financiamento dos gastos públicos é a tributação, mesmo um governo superavitário emite papel moeda, isso não é contradição alguma, o dinheiro, ou melhor, a moeda existe na economia pelo seu papel fundamental que é a facilitação das trocas, do comércio.[7: Neste curso os termos moeda e dinheiro serão utilizados como sinônimos, embora isso não seja rigorosamente correto!]
	Moeda existe no mundo desde muito antes de existirem os Estados modernos, moeda é todo e qualquer ativo que sirva como meio de pagamento, unidade de conta e reserva de valor, sendo assim dinheiro não é exatamente a mesma coisa que moeda, dinheiro (papel moeda) é uma forma muito específica de moeda, na falta de dinheiro as pessoas utilizariam outra mercadoria como moeda. Nesse sentido a política monetária do governo pode ser entendida como a forma que o governo induz os agentes econômicos a trocar outras formas de moeda pelo dinheiro, sendo assim o governo emite dinheiro não apenas para financiar seusgastos, mas também para disponibilizar na economia um meio de pagamento mais cômodo para os agentes econômicos. 
Dado que moeda não é estritamente a mesma coisa que dinheiro então, para facilitar, tal suposição será feita neste curso, aqui será considerado que a única moeda que existe é o dinheiro, ou seja, a única forma que as pessoas têm de pagar suas contas é utilizando dinheiro. Sendo que, no mundo real, a possibilidade de utilizar outras formas de pagamento que não apenas o dinheiro cria um enorme conjunto de alternativas para a economia e para a política econômica que vão além do que será visto neste curso.
De qualquer forma, a política monetária do governo compreende decisões relativas à quantidade de dinheiro em circulação, à taxa de juros e à taxa de câmbio, o objetivo do governo em alterar a taxa de juros é óbvio, é ampliar as despesas da economia que dependem fundamentalmente do nível da taxa de juros. 
Neste curso as despesas que são afetadas diretamente pela taxa de juros são os investimentos, sendo assim, uma redução da taxa de juros leva a um aumento nos investimentos na economia, supondo que os investimentos sejam sensíveis a taxa de juros, com isso há um aumento no volume de despesas autônomas na economia, que levam a um aumento na demanda agregada e consequentemente um aumento no nível de renda nacional de equilíbrio. Com isso uma redução da taxa de juros leva a um aumento no nível de produção/renda nacional de equilíbrio.
Sendo assim, a cada diferente nível de taxa de juros há um diferente nível de investimentos na economia e consequentemente um diferente nível de renda nacional de equilíbrio, o conjunto de todas as diferentes combinações de juros e renda que mantém o mercado de bens em equilíbrio (ou seja, demanda agregada igual à produção nacional), é chamado de curva IS, que pode ser vista no gráfico 12.
Gráfico 12 – curva IS 
DA
Y
45º
DA
2
DA
1
i
Y
Y
1
Y
2
i
1
i
2
IS
No gráfico 12 é possível ver que, dado o equilíbrio inicial da economia, com uma determinada taxa de juros (i1), certo volume de despesas autônomas (), demanda agregada (DA1) e um determinado multiplicador Keynesiano, então há um determinado nível de produção nacional de equilíbrio (Y1). 
A partir desse ponto de equilíbrio inicial, caso haja uma redução da taxa de juros (para i2), e supondo que os investimentos sejam sensíveis a taxa de juros, isso implica um aumento dos investimentos na economia (de I1 para I2), o que amplia as despesas autônomas (de para ), aumentando as vendas na economia e reduzindo os estoques das firmas, isso tende a aumentar o nível de produção nacional, na medida em que o nível de produção e emprego da economia aumente isso aumenta o nível da renda nacional, aumentando o consumo da população, esse aumento induzido do consumo aumenta a demanda agregada (de DA1 para DA2) e leva a mais vendas na economia, mais perdas de estoques, o que agrava a tendência de aumento da produção nacional, essa tendência de crescimento se mantém até que o nível de produção nacional aumente o suficiente para igualar o volume de demanda agregada na economia, ou seja, o seu novo nível de equilíbrio (Y2), mais elevado. Esquematicamente: .
	A curva IS nos dá a disposição da economia (investidores) a pagar juros, e isso pode ser visto pela posição da curva IS em relação à origem, quanto mais longe (perto) da origem mais (menos) disposta a pagar juros estará a economia, isso pode ser visto no gráfico 13. 
Gráfico 13 – Posição da curva IS 
DA
Y
Y
i
Y
0
Y
1
IS
0
IS
1
i
0
DA
0
DA
1
45º
A curva IS indica que variações da taxa de juros levam, normalmente, a variações dos investimentos e consequentemente do nível de renda nacional de equilíbrio, porém tal informação pode ser enganosa, pois o nível de renda não varia exclusivamente devido a variações nos juros, o nível de renda pode aumentar ou diminuir mesmo que não haja variações na taxa de juros, e quando isso ocorre há um deslocamento da curva IS, uma mudança na posição da curva IS.
	No gráfico 13, a partir de um ponto de equilíbrio inicial, com uma determinada taxa de juros (i0), certo volume de investimentos e despesas autônomas (), dado o multiplicador Keynesiano, a economia tem um nível inicial de equilíbrio para a renda (Y0), sendo assim, caso as despesas autônomas () aumentem, independentemente de variações na taxa de juros, isso leva a aumentos de vendas e perda de estoques, o que induz as firmas a aumentarem o nível de produção, na medida em que o nível de emprego e produção nacional aumente a renda da população também aumenta, induzindo um aumento no consumo nacional, o que amplia mais ainda a demanda agregada e as vendas na economia, reduzindo os estoques mais ainda e pressionando ainda mais o aumento de produção e emprego na economia, essa tendência ao aumento de produção e emprego se mantém até que o nível de produção nacional se iguale a demanda agregada, em Y1. 
É importante notar que o nível de produção/renda nacional aumentou sem que a taxa de juros tenha diminuído, isso se deve a aumentos nas despesas autônomas independentemente de variações nas taxas de juros. O que variou pode ter sido o consumo autônomo (), os investimentos autônomos () ou os gastos públicos autônomos (), a variação de um desses três fatores levou ao deslocamento da curva IS.
	É fundamental perceber a diferença entre um deslocamento da curva IS e um deslocamento ao longo da curva IS, o primeiro movimento é função da variação das despesas autônomas o segundo é função da variação da taxa de juros. 
	Assim, uma queda nos juros aumenta os investimentos que aumentam as despesas autônomas, a demanda agregada e consequentemente a renda nacional, mas os investimentos autônomos se mantêm constantes, com isso temos um deslocamento ao longo da curva IS, o investimento só aumentou porque os juros se reduziram. Caso os investimentos autônomos, ou outra despesa autônoma qualquer, aumente sem que haja variação na taxa de juros então há um deslocamento de toda a curva IS.
	Ou seja, o nível de renda de equilíbrio da economia pode aumentar por duas razões, que podem ser vistas no gráfico 14: 
1º) Por uma redução dos juros (de i1 para i2), supondo que os investimentos sejam sensíveis aos juros, isso leva a aumentos dos investimentos na economia, o que amplia as despesas autônomas (de para), aumentando as vendas, reduzindo os estoques e pressionando o aumento de produção e emprego da economia, com este aumento de renda o consumo da população se amplia, o que aumenta ainda mais a demanda agregada, as vendas e a redução de estoque, pressionando ainda mais o aumento de produção da economia, o nível de produção aumentará até que o nível de renda esteja em equilíbrio, onde a quantidade de produto demandada iguale a quantidade de produto produzida e ofertada. Esse movimento equivale a um deslocamento ao longo da curva IS, saindo do ponto de equilíbrio (i1 x Y1) para o novo ponto de equilíbrio (i2 x Y2), que fazem parte de uma mesma curva IS, a curva IS1.
Gráfico 14 – Deslocamentos ao longo da curva IS x Deslocamentos da curva IS
45º
Y
1
Y
2
Y
Y
DA
DA
2
DA
1
IS
1
IS
2
i
1
i
2
 
ou
 
 
1º
2º
2º) Um aumento, independente de variações nos juros, nas despesas autônomas (de para ), aumentando as vendas, reduzindo os estoques e pressionando o aumento de produção e emprego da economia, com este aumento de renda o consumo da população se amplia, o que aumenta ainda mais a demanda agregada, as vendas e a redução de estoque, pressionando ainda mais o aumento de produção da economia, o nível de produção aumentará até que o nível de renda esteja em equilíbrio, onde a quantidade de produto demandada iguale a quantidade de produto produzida e ofertada. Esse movimento equivale a um deslocamento de toda curva IS, saindo do ponto de equilíbrio (i1 x Y1) para o novo ponto de equilíbrio (i1 x Y2), por onde passa uma nova curva IS, a curva IS2.
	Enfim, variações nos juros levam a variações do nível de renda mantida a posição da curva IS,o deslocamento ocorre ao longo da curva IS, enquanto variações das despesas autônomas, independentemente de variações nos juros, levam a variações do nível de renda por deslocamentos de toda a curva IS.
	Outro ponto importante é a sensibilidade da economia aos juros, ou seja, quanto as despesas na economia (investimentos) variam dada uma variação nos juros, essa sensibilidade é dada pela inclinação da curva IS. Isso depende da sensibilidade das despesas na economia, fundamentalmente dos investimentos, à taxa de juros. Isso pode ser visto no gráfico 15.
Gráfico 15 – Inclinação da curva IS 
DA
Y
Y
i
i
0
i
1
Y
0
45º
DA
1
DA
2
DA
0
Y
1
Y
2
IS
1
IS
2
No gráfico 15 é possível ver que, a partir de uma situação de equilíbrio inicial, com uma determinada taxa de juros (i0) e certo volume de despesas autônomas na economia (), dado o multiplicador Keynesiano, há um determinado nível inicial de equilíbrio para a renda nacional (Y0), caso a taxa de juros se reduza (para i1) então os investimentos na economia tendem a aumentar (de I1 para I2), o que aumenta as despesas autônomas (para ), a demanda agregada e o nível de renda nacional de equilíbrio. 
Porém, duas situações bem distintas podem ocorrer, uma situação em que os investimentos aumentem muito devido a redução dos juros, caso sejam muito sensíveis à taxa de juros, o que acaba ampliando muito o nível de renda nacional de equilíbrio, e uma segunda situação, no qual os investimentos aumentem pouco devido a redução dos juros, caso sejam poucos sensíveis aos juros, o que gera um pequeno aumento no nível de renda nacional de equilíbrio. 
No primeiro caso o deslocamento da curva de Demanda Agregada vai de DA0 para DA1, no segundo caso vai de DA0 para DA2, claramente no primeiro caso o nível de renda nacional de equilíbrio aumenta relativamente muito (principalmente se comparado ao segundo caso), o que torna a curva IS menos inclinada (mais horizontal), ou seja, se os investimentos forem muitos sensíveis aos juros, o nível de renda nacional de equilíbrio tende a aumentar muito (para Y1) em face de uma dada variação na taxa de juros, já no segundo caso a curva IS tende a ser mais inclinada (mais vertical), indicando que, devido a pouca sensibilidade dos investimentos aos juros, o nível de renda nacional de equilíbrio tende a aumentar pouco (para Y2) em face de uma dada redução na taxa de juros.
A curva IS é a curva de equilíbrio no mercado de bens, é o conjunto de combinações de taxas de juros e níveis de renda nos quais o mercado de bens está em equilíbrio, ou seja, a quantidade demandada de bens e serviços iguala a quantidade produzida e ofertada, situações de desequilíbrio no mercado de bens equivalem a pontos fora da curva IS.
	No gráfico 16 é possível ver que caso a taxa de juros seja i1 o volume de despesas autônomas na economia seria e o nível de renda de equilíbrio seria Y1, sendo assim, a combinação (i1, Y1), o ponto A, seria uma situação de equilíbrio no mercado de bens, a quantidade de bens e serviços produzida seria igual à quantidade demandada, caso a taxa de juros diminua, para i2, e supondo que os investimentos sejam sensíveis aos juros, o volume de investimentos na economia aumenta, ampliando as despesas autônomas para , com isso o nível de renda de equilíbrio da economia aumentaria para Y2, sendo assim, a combinação (i2, Y2), o ponto B, seria uma nova situação de equilíbrio no mercado de bens.
Mas, o motivo pelo qual o nível de produção nacional aumentou, de Y1 para Y2, foi por que, dada a redução da taxa de juros, as despesas autônomas e a demanda agregada aumentam, sendo assim, ao nível de renda inicial Y1 o volume de compras na economia se torna muito maior que o volume de produção e oferta, com isso a economia passa a perder estoques, essa é uma situação de Excesso de Demanda de Bens (EDB), ponto C, essa é uma situação de desequilíbrio e a economia tende a não se manter nessa situação, devido ao volume excessivo da demanda as firmas tendem a aumentar o nível de produção, ou seja, qualquer ponto abaixo ou a esquerda da curva IS é uma situação de desequilíbrio, onde há EDB, e a economia tende a não se manter nessa situação.
Gráfico 16 – Pontos fora da curva IS
DA
45º
DA
2
DA
1
Y
Y
i
i
1
i
2
Y
1
Y
2
D = EOB 
C = EDB
A
B
B
A
C
D
IS
De outro lado, considere que a economia esteja inicialmente no ponto B, com juros iguais a i2 e nível de produção nacional igual a Y2, sendo assim, caso haja uma elevação de juros, para i1, o volume de investimentos e despesas autônomas na economia diminuiria, o que reduziria a demanda agregada, sendo assim, ao nível de produção Y2 o volume de demanda se tornaria muito menor, com isso as firmas passariam a acumular estoque, isso é uma situação de Excesso de Oferta de Bens (EOB), ponto D, essa é uma situação que também tende a não se manter, pois as firmas tenderão a ajustar o seu nível de produção ao novo nível, mais baixo, de demanda por bens e serviços, ou seja, o nível de produção nacional tende a se reduzir, como já visto, para Y1.
É importante notar que, em cada caso, é possível que em vez de haver uma variação no nível de produção haja uma variação na taxa de juros. Considerando o ponto C, caso o nível de produção não possa aumentar, por alguma razão, então a taxa de juros deve aumentar para que o mercado de bens retorne ao equilíbrio, assim como, no caso do ponto D, caso o nível de produção não possa diminuir, então é a taxa de juros que deve cair para que o mercado de bens volte ao equilíbrio. Ou seja, caso haja EDB ou o nível de produção ou a taxa de juros devem aumentar para que o mercado de bens retorne ao equilíbrio, assim como, caso haja EOB ou o nível de produção diminui ou a taxa de juros se reduz, reequilibrando o mercado de bens.
Enfim, a curva IS é a curva de equilíbrio no mercado de bens, ela indica a relação entre taxa de juros e nível de renda que garante o equilíbrio no mercado de bens, produção igual à demanda, ela é de certa forma bem intuitiva, em geral todos entendem a relação entre redução de juros e aumento de despesas e renda na economia. 
Porém, o mesmo não se pode dizer a respeito do mercado monetário, a relação entre renda (Y), demanda de moeda (L), oferta de moeda (M) e taxa de juros (i) que existe na economia é tal que aumentos no nível de renda, em geral, levam a aumentos na taxa de juros, essa relação será estudada através da curva de equilíbrio no mercado monetário, a curva LM, o conjunto de taxas de juros e níveis de renda que garantem o equilíbrio no mercado monetário, que garantem que a quantidade demandada de moeda iguale a quantidade ofertada de moeda na economia.
Oferta de moeda (M): Considerando moeda como sendo apenas dinheiro, papel moeda não lastreada emitida pelo Banco Central (BC), então parece óbvio que a quantidade de moeda existente na economia é arbitrada pelo BC, porém, na prática, devido à atuação do sistema bancário, a quantidade de moeda em circulação foge ao controle da autoridade monetária. Mas, neste curso, para facilitar, será considerado que a quantidade de moeda existente na economia é arbitrariamente definida pelo BC, que decide, dado seus objetivos, se aumenta (diminui) a quantidade de dinheiro em circulação, e consequentemente se diminui (aumenta) a taxa de juros.[8: Na realidade a quantidade de moeda em circulação é determinada, em grande medida, pela oferta de crédito gerada pelo sistema bancário. O multiplicador bancário, ver SIMONSEN (2007), indica o quanto os bancos são capazes de aumentar a oferta de moeda na economia a partir do papel moeda emitido pelo BACEN. O multiplicador bancário será desenvolvido aqui considerando como moeda apenas o conceito de M1 (papel moeda em poder do público mais os depósitos à vista nos bancos comerciais). Definindo:	c = papel moeda em poder do público/M1	d = depósitos à vista nos bancos comerciais/M1	R = reservas (voluntárias, compulsórias e encaixes) dos bancos comerciais/depósitos à vista nos bancos comerciais.	B = base monetária, saldo do papelmoeda em poder do público mais reservas totais (em dinheiro) dos bancos comerciais.		B = cM + RdM	Como c + d = 1 c = 1 - d		B = (1-d)M + RdM		B = M-dM + RdM		B = M[1-d+Rd]		B=M[1-d(1-R)] 		Onde: 0 d, R 1]
A respeito da taxa de juros é importante ressaltar um erro muito comum de se cometer, que é considerar a taxa de juros como sendo o preço do dinheiro, isso é um absurdo, o preço do dinheiro é a quantidade de bens que se deve entregar em troca de uma determinada quantidade de moeda, a taxa de juros é o preço do uso temporário de uma determinada quantidade de moeda, ou seja, é o preço do financiamento, essa distinção pode ser vista no seguinte trecho de FRIEDMAN (1956):
“The “price” of money is not the interest rate, which is the “price” of credit. The interest rate connects stocks with flows - the rental value of land with the price of land, the value of the service flow from a unit of money with the price of money. Of course, the interest rate may affect the quantity of money demanded - just as it may affect the quantity of land demanded – but so may a host of other variables.”[9: O "preço" do dinheiro não é a taxa de juros, que é o "preço" do crédito. A taxa de juros conecta estoques com fluxos - o valor do aluguel da terra com o preço da terra, o valor do fluxo de serviço de uma unidade de dinheiro com o preço do dinheiro. Claro, a taxa de juros pode afetar a quantidade demandada dinheiro - assim como pode afetar a quantidade demandada de terra - mas o mesmo pode ocorrer com uma série de outras variáveis.]
	Mas, para os objetivos deste curso, e lembrando que inicialmente é suposto que preços não variam, então é possível considerar a taxa de juros como sendo o custo da retenção de dinheiro, o que teoricamente faz com que a taxa de juros e o preço da moeda exerçam os mesmos efeitos sobre a economia.
	Embora a quantidade de moeda, M, possa ser supostamente arbitrada em tantos Bilhões de Reais pelo BC, essa é uma quantidade nominal de moeda e para a economia o que importa é moeda enquanto meio de pagamento, ou poder de compra, e isso depende do nível geral de preços (P), ou seja, o que interessa para o mercado são os encaixes reais, que é a quantidade nominal de moeda dividida pelo nível geral de preços da economia, . 
Gráfico 17 – Oferta de Moeda
i
A variação na quantidade nominal de moeda depende exclusivamente da decisão do BC, mas para que haja uma variação na quantidade real de moeda existente na economia é possível que seja pela variação em M ou P. Sendo assim, dizer que há mais moeda em circulação significa dizer que, mantido P há um aumento em M, ou então mantido M há uma diminuição em P. Como, por enquanto, o nível geral de preços é supostamente constante, então variações na oferta de moeda na economia dependem apenas de variações em M, o que é uma decisão do BC.
A forma que o BC tem de alterar a quantidade nominal de moeda em circulação, de forma rápida, é via operações de open-market, essas operações consistem basicamente na compra e venda de títulos da dívida pública. Para entender o funcionamento do open-market e seu impacto sobre a quantidade de moeda e juros na economia considere o mercado de LTN (letra do tesouro nacional). As LTN são títulos que prometem o pagamento de R$ 1.000 (ou múltiplos de R$ 1.000) ao seu detentor (o investidor) em uma data no futuro, definida pelo ministério da fazenda no momento em que as oferece ao mercado. As LTN são vendidas com desconto sobre o valor de face (o valor prometido em pagamento), dessa forma o ganho (retorno) dos compradores de LTN é justamente a diferença entre o valor pago hoje (PU – preço unitário) e o valor de face.[10: MISHKIN, F. S. Moedas, bancos e mercados financeiros. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000.][11: Ver http://www3.bcb.gov.br/selic/doc/CaracteristicaTitulos.pdf]
Caso um investidor pague R$ 800 hoje por uma LTN com valor de face igual a R$ 1.000 e vencimento daqui a um ano, então o ganho desse investidor será de R$ 200 (ou 25%) em um ano. Caso o investidor pague R$ 500 por essa mesma LTN então seu ganho sobe para R$ 500 (ou 100%) em um ano. Ou seja, há uma relação inversa entre o preço do título no mercado (PU) e sua rentabilidade, quanto menor o preço mais lucrativo é reter a LTN. 
Sendo assim, caso o BC decida reduzir a quantidade de moeda (M) em circulação, ele vende títulos ao mercado, dessa forma os investidores abrem mão de sua moeda em troca dos títulos, caso a quantidade de moeda retirada do mercado seja menor do que a desejada pelo BC então a autoridade monetária pode ampliar as vendas de títulos ao mercado, reduzindo o preço de mercado da LTN, o que torna os títulos mais rentáveis para os investidores, dessa forma mais compradores são atraídos, e abrem mão de sua moeda em troca dos títulos.
Caso o BC decida aumentar a quantidade de moeda (M) em circulação basta recomprar os títulos disponíveis no mercado, caso os investidores não queiram abrir mão de seus títulos em troca de moeda basta a autoridade monetária oferecer um preço mais alto pelos títulos, reduzindo sua rentabilidade, o que levará alguns investidores a abrir mão de seus títulos (por não os considerar mais suficientemente rentáveis, além de considerarem mais lucrativas outras oportunidades de investimentos na economia), caso a quantidade de moeda na economia não aumente no montante desejado pelo BC, basta a autoridade monetária encarecer ainda mais os títulos, reduzindo ainda mais sua rentabilidade e levando mais investidores a abrir de seus títulos em troca da moeda oferecida pelo BC.
Gráfico 18 – Variação na oferta de Moeda
i
i
É importante lembrar que a oferta real de moeda também depende do nível geral de preços, sendo assim as variações de preços implicam variações na quantidade real de moeda (encaixes reais) na economia, sem que o BC altere a quantidade de M em circulação.
	Demanda por moeda (L): A demanda de moeda é uma decisão das pessoas e empresas, a quantidade demandada de moeda (L) na economia depende de 3 motivos: Transação, Precaução e Especulação. 
O motivo transação é a razão pela qual as pessoas necessitam de moeda para fazer negócios, transações, comprar e pagar por bens e serviços, de forma prevista e corriqueira, a quantidade de negócios que as pessoas fazem depende fundamentalmente do seu nível de renda, pessoas mais ricas fazem mais negócios do que pessoas mais pobres, sendo assim quanto o maior o nível de renda das pessoas, maior é a quantidade demandada de moeda, dessa forma, pelo motivo transação, a quantidade demandada de moeda depende do nível de renda (Y) das pessoas. 
O motivo precaução é a razão pela qual as pessoas retêm dinheiro para fazer negócios inesperados, se precaver contra imprevistos, a quantidade de moeda demandada por precaução também depende do nível de renda (Y) das pessoas, pessoas muito pobres mal têm recursos para fazer negócios, muito menos para se precaver contra imprevistos, sendo assim, quanto maior o nível de renda das pessoas maior a quantidade demandada de moeda pelo motivo precaução. 
Já o motivo especulação, segundo Keynes, é a razão pela qual as pessoas demandam moeda por considerá-la uma boa aplicação financeira, apesar de não render juros, a moeda garante liquidez absoluta ao seu detentor, sendo assim quem retém moeda ganha um prêmio de liquidez, na medida em que caso tenha qualquer outro ativo que não a moeda, e precise de recursos líquidos (dinheiro) para realizar algum pagamento, terá que vender seus ativos, e se a necessidade de liquidez for grande e imediata talvez seja necessário baixar o preço dos ativos para conseguir vender rapidamente, de tal forma que os ativos que deveriam realizar lucro podem acabar realizando prejuízo, tal prejuízo não existiria se o investidor tivesse moeda em vez desses outros ativos, esse prejuízo pode ser considerado como o prêmio de liquidez do dinheiro, dado esse prêmio de liquidez a quantidade demandada de moeda será tão maior quanto menor for a taxa de juros de mercado, pois se os ativos apresentarem retorno esperado cada vezmenores então o prêmio de liquidez do dinheiro se tornará cada vez maior, e o dinheiro se tornará cada vez mais atrativo para mais pessoas, que deixarão de aplicar seus recursos em outros ativos para reter dinheiro vivo, moeda. Sendo assim, a quantidade demandada de moeda por especulação depende da taxa de juros (i).
Dessa forma a quantidade demandada de moeda (L) na economia depende de dois fatores, do nível de renda e da taxa de juros. Matematicamente: . Uma forma específica para esta função pode ser: . Onde: k é a sensibilidade da demanda de moeda à renda e h é a sensibilidade da demanda de moeda aos juros.
Gráfico 19 – Demanda de Moeda
i
L
i
0
L
0
No gráfico 19 é possível ver que, considerando uma situação inicial com nível de renda Y0 e juros i0, há uma determinada quantidade demandada de moeda na economia, caso os juros diminuam, mantido o nível de renda, a quantidade demandada de moeda aumenta. Ou seja, ao nível de renda Y0 há uma infinidade de diferentes quantidades de moeda a ser demandada na economia, dependendo da taxa de juros, o conjunto de todas essas possibilidades é a curva L0. 
É importante definir claramente o que se chama aqui de demanda de moeda, a moeda foi definida anteriormente como sendo, para simplificar, simplesmente dinheiro (papel moeda não lastreado emitido pelo banco central), sendo assim a quantidade demandada de moeda é efetivamente a quantidade de “dinheiro vivo” (cédulas e moedas) que as pessoas mantêm em seu poder. Uma confusão muito comum é considerar as aplicações no banco como sendo dinheiro, porém o que as pessoas têm nesse caso é um título, embora as pessoas entendam suas aplicações como sendo dinheiro, aplicação não é dinheiro! A única exceção a esta regra seria as aplicações em conta corrente, que não rendem juros e podem ser sacadas a qualquer momento, o montante aplicado em conta corrente equivale a cédulas e moedas no bolso do aplicador, todas as demais aplicações que rendem juros são, na realidade, títulos.
Outro ponto importante é que quando uma pessoa recebe um pagamento ela não gasta tudo de uma única vez, seus pagamentos são feitos ao longo de um período de tempo, de tal forma que a sensibilidade da demanda de moeda à renda (k) pode ser entendida como sendo a relação entre o saldo médio de dinheiro que a pessoa retém em relação à sua renda no período.
Gráfico 20 – Saldo médio de moeda retida em relação à renda.
900
t
10
31
61
91
t
10
16
31
46
$
$
450
 Por exemplo, considere uma pessoa que ganhe R$ 900 por mês e gaste tudo o que ganhe ao longo do mês (R$ 30 por dia para um mês de 30 dias), sua propensão a consumir será igual a 1 (100% de sua renda), mas a proporção de sua renda mantida em dinheiro decresce ao longo do mês, de tal forma que, se no início do mês essa pessoa sacar todo seu rendimento mensal então no primeiro dia terá R$ 900, esse valor decrescerá até R$ 30 no último dia do mês, e nada no final deste último dia, recebendo sua renda novamente no primeiro dia do mês seguinte, em média, nesse caso extremo, essa pessoa manterá R$ 465 em seu poder, ou k = 0,51, isso pode ser visto no gráfico 20. 
Se essa mesma pessoa deixar metade de sua renda aplicada no início do período, sacando apenas R$ 450 para pagar suas contas nos próximos 15 dias, e voltando a sacar o resto de sua renda ao final desses 15 dias para cumprir seus compromissos nos 15 dias seguintes, então sua sensibilidade da demanda de moeda à renda cairia pela metade, ou seja, o saldo médio em relação à renda pode variar sem que haja variações no padrão de consumo das pessoas, só alterando o padrão de retenção de dinheiro. Porém, se as pessoas simplesmente decidirem não mais fazer negócio algum, um caso absurdo e hipotético, então k também seria afetado, se reduziria a zero.
Com base nisso pode-se concluir que: 1º) Ou as pessoas não demandam quase nada de dinheiro em relação à renda ou, 2º) demandam no máximo sua própria renda, sendo assim: 
É importante notar que, em geral, as pessoas poupam parte de sua renda, ao longo do tempo a maioria das pessoas passa a ter um patrimônio acumulado que é muitas vezes maior do que sua renda mensal, de que forma manter esse patrimônio, se em dinheiro ou títulos, é algo que dependerá dos juros, caso a população decida acumular seu patrimônio em dinheiro, devido a juros excessivamente baixos, então essa demanda de moeda claramente não é motivada nem por transação nem por precaução, mas sim por especulação.
	Para entender melhor o motivo especulação da demanda de moeda considere que existe uma infinidade de ativos no mercado nos quais as pessoas podem aplicar seus recursos: imóveis, ações, ouro, algum negócio produtivo, etc. Porém, para facilitar, todos esses negócios, e suas respectivas rentabilidades esperadas, são representados pelos títulos, considere que quando um investidor deseja investir em algum ele vende títulos no mercado, de forma a se capitalizar e conseguir os recursos necessários ao investimento. Assim, os títulos, e sua rentabilidade, demonstram a demanda de investimentos na economia, se a rentabilidade dos títulos é baixa é por que os investidores só aceitam pagar poucos juros ao se endividar, isso se deve às expectativas ruins quanto à rentabilidade dos investimentos na economia. Dessa forma, para facilitar, considere que só há duas formas das pessoas guardarem sua riqueza, dinheiro e títulos. Sendo assim, os motivos que levam qualquer pessoa a reter um determinado ativo são: retorno esperado, risco e liquidez. 
O retorno esperado dos títulos é positivo, e equivale exatamente a taxa de juros de mercado, mas para que tal retorno seja realizado é necessário que o investidor retenha o título até o seu vencimento, caso queira o pagamento antes do vencimento é necessário vender o título no mercado, e para conseguir isso terá que vender pelo preço vigente no mercado no momento da venda, que pode ser inferior ao que deveria, ou até mesmo inferior ao valor investido inicialmente. Já o retorno esperado da moeda é nulo.
O risco dos títulos é fruto basicamente da possibilidade do investidor necessitar resgatar o valor investido antes do vencimento, como dito acima, isso pode alterar a rentabilidade do título e inclusive gerar prejuízo, ou seja, a rentabilidade do título, embora se espera ser positiva, é incerta, com isso, ao investir em títulos o investidor corre riscos, tal risco independe da possibilidade de pagamento ou não do título, esse é outro risco que o investidor também corre, porém nem é necessário considerar tal risco. Já o risco da moeda é nulo.
A liquidez é a capacidade que todo e qualquer ativo tem de se transformar em dinheiro de forma rápida e sem grandes prejuízos, como dinheiro já é dinheiro, então a sua liquidez é absoluta, ou infinita, dinheiro é liquidez, por isso mesmo a demanda de moeda é representada pela letra L, por ser demanda de Liquidez. De outro lado, mesmo os títulos mais negociados do mercado tem uma liquidez menor do que infinito.
Sendo assim, segundo Keynes, o dinheiro, por ser liquidez, confere ao seu detentor um “prêmio”, um prêmio de liquidez, quem retém dinheiro acaba ganhando algo na medida em que não perde nada por reter ativos rentáveis que podem potencialmente gerar prejuízo. O prêmio de liquidez do dinheiro será tão mais atrativo quanto menor for a taxa de juros do mercado, que é a taxa de rentabilidade dos títulos. Nas palavras de Keynes:
“...uma condição necessária sem a qual não poderia existir a preferência de liquidez pela moeda como meio de conservação da riqueza. Esta condição necessária é a existência de incerteza quanto ao futuro da taxa de juros...” PAG. 122
“...no caso concebível de poder produzir-se eventualmente uma necessidade de liquidez antes de expirarem os n anos, há o risco de se incorrer em perda na aquisição de uma dívida a longo prazo ao convertê-la, depois, em dinheiro, comparativamente a ter conservado o dinheiro enquanto tal.” PAG. 123
“...uma taxa de juros a longo prazo de, digamos, 2% deixa mais a temer de que a esperar.” PAG143

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