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Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● GENÉTICA www.medresumos.com.br HERANÇA LIGADA AO SEXO Na espécie humana, o genótipo feminino é 44A + XX; e o masculino, 44A + XY. As mulheres produzem apenas um tipo de gameta, todos com os cromossomos X. Os homens produzem dois tipos de gametas, 50% deles com cromossomo X, e a outra metade com o cromossomo Y. Por isso, os homens são denominados de heterogaméticos, e as mulheres, homogaméticas. Quem determina o sexo na espécie humana é o cromossomo Y: quem tem Y, é homem; sem Y, é mulher. Evolutivamente, acredita-se que o Y era um cromossomo X que perdeu alguns segmentos. Já em relação ao cromossomo X, é incompatível ao desenvolvimento embrionário a falta do cromossomo X. Doenças ligadas ao sexo são determinadas por genes localizados na região do cromossomo X que não tem correspondência com o cromossomo Y. A hemofilia, o daltonismo, o glaucoma juvenil e a estenose atrial são exemplos deste tipo de herança. Quando maior o número de X, mais grave é o retardado mental. SISTEMAS DE DETERMINAÇÃO DO SEXO SISTEMA XY Predomina nos vertebrados, também na Drosófila e plantas dioicas como lúpulo e cânhamo A ♀ tem número par de cromossomos e é homogamético (autossomos + XX) O ♂ tem número par de cromossomos e é heterogamético (autossomos +XY) SISTEMA XO Encontrado em muitos insetos da ordem odonata e orthoptera; percevejos, gafanhotos; aranhas, baratas. A ♀ tem número par de cromossomos (autossomos + XX) O ♂ tem número ímpar de cromossomos (autossomos + X) SISTEMA ZW Ocorre em lepidópteros (borboletas, mariposas), peixes e aves (sistema inverso ao do XY). A ♀ tem número par de cromossomos e é heterogamético (autossomos + ZW) O ♂ tem número par de cromossomos e é homogamético (autossomos +ZZ) SISTEMA ZO Ocorre em galinhas domésticas e répteis. Os machos são homogaméticos, com dois cromossomos sexuais iguais (ZZ) e as fêmeas são heterogaméticas, apresentando apenas um cromossomo sexual Z. CORPÚSCULO DE BARR O Corpúsculo de Barr ou Cromatina sexual é encontrado em indivíduos do sexo feminino, genótipo XX dos genes sexuais, visível nas células somáticas durante a intérfase. O nome “Corpusculo de Barr” foi dado pela pesquisadora Mary Lyon em homenagem ao descobridor (Murray Barr) dessa cromatina sexual. Em 1960, Mary itensificou os estudos a cerca dessa cromatina e identificou como ela se forma. O corpúsculo de barr é compensação natural para a dupla carga genética dos mamíferos fêmeas. Um dos cromossomos X das células somáticas fica espiralizado, ou seja, inativo, fazendo com que só um dos alelos x se manifeste. Essa espiralização é aleatória nas células do organismo. Nos indivíduos masculinos da espécie humana, genótipo XY, não há corpúsculo de Barr ou cromatina sexual, pois somente se manifesta um cromossomo X. Em resumo, em torno do 15º dia do desenvolvimento embrionário, um dos cromossomos X do embrião, vindo do pai ou da mãe, é inativado, ou seja, seus genes deixam de funcionar. Essa inativação, segundo Mary Lyon, seria uma compensação de dose gênica, para que a fêmea não tivesse o dobro de produtos gênicos do cromossomo X. Uma vez que uma célula tiver um X inativado, todas as células derivadas dela, terão o mesmo X (do pai ou da mãe, dependendo de qual deles foi inativado na primeira célula) inativo. Isso explica o chamado mosaicismo em algumas espécies. O número de cromatina X (corpúsculos de Barr) é dado pela seguinte fórmula: Nº DE CORPÚSCULOS DE BARR = nº de Cromossomos X - 1 A importância da cromatina sexual está no fato de através dela diferenciarmos, durante a intérfase, as células masculinas das femininas e também identificarmos a ocorrência de síndromes ou anomalias cromossômicas sexuais. Arlindo Ugulino Netto. GENÉTICA 2016 Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● GENÉTICA www.medresumos.com.br Em resumo, Murray Barr observou em 1949 que as células somáticas de fêmeas de mamíferos apresentavam no núcleo um corpúsculo que se corava intensamente, nos machos, entretanto, esse corpúsculo não ocorria. Estudos mostraram que o corpúsculo de Barr corresponde a um cromossomo X que permanece condensado na interfase estando assim inativo. Essa inatividade do cromossomo X, segundo Mary Lyon (1960), corresponde ao mecanismo chamado de “compensação de dose” que mantém constante a relação entre os cromossomos autossomos e o cromossomo X tanto em homens como em mulheres. A Hipótese de Lyon diz: um cromossomo X em cada célula somática é aleatoriamente inativado logo no início do desenvolvimento embrionário das mulheres (+/- duas semanas após a fertilização). Isso garante que as mulheres, que possuem duas cópias do cromossomo X, irão gerar produtos de genes (proteínas) ligados ao X em quantidade similares às dos homens. Durante o desenvolvimento embrionário feminino, o cromossomo X ora doado pelo pai ora doado pela mãe será inativado. Sendo assim, em metade das células embrionárias o cromossomo X doado pelo pai é inativo e na outra metade das células embrionárias o cromossomo X doado pela mãe é inativo. Toda mulher normal possui então, uma população de células com um cromossomo X do pai ativo e outra população de células com um cromossomo X da mãe ativo, constituindo assim o que é chamado de mosaicismo (mosaico: indivíduo que possui duas populações celulares diferentes). Com isso, conclui-se que toda mulher é um mosaico, partindo do pressuposto que, em determinadas regiões do corpo, o X da mãe age, e em outras regiões, o X do pai age. Já no homem não: apenas o X vindo da mãe que age. O número de cromatina sexual nas células somáticas é sempre um número a menos que o número de cromossomo X (mulher possui dois cromossomos X, um é ativo o outro não; homem como só possui um cromossomo X não apresenta cromatina sexual, mas após a fecundação esse cromossomo X paterno poderá ser inativado durante o desenvolvimento embrionário feminino). DOENÇAS LIGADAS AO X Síndrome de Klinefelter 44A, XXY / 47XXY A Síndrome de Klinefelter foi descrita pela primeira vez por Harry Klinefelter, e é a causa mais frequente de hipogonadismo e infertilidade em indivíduos do sexo masculino. As vítimas da Síndrome de Klinefelter, pessoas do sexo masculino, têm um cromossomo X adicional (47,XXY), estatura elevada, algum desenvolvimento do tecido mamário e testículos pequenos. É de esperar que indivíduos com a síndrome de Klinefelter tenham uma esperança média de vida normal, no entanto há a referir um aumento considerável de acidentes vasculares cerebrais (6 vezes superior à população geral), assim como na incidência do cancro (1,6%). O atraso da linguagem (51%), o atraso motor (27%) e problemas escolares (44%) complicam o desenvolvimento destas crianças e em alguns estudos estão descritos comportamentos anti- socias e psiquiátricos. Outros apontam para uma boa adaptação social e no trabalho. Outra complicação é o défice auditivo, no entanto não está descrito um aumento da frequência de infecções respiratórias na infância, ao contrário das doenças autoimunes (diabetes mellitus; doenças do colagéneo). Sintomas clássicos: Ginecomastia; Comportamento delicado Menos pêlos; Gonadas atrofiadas; Azoospermia (ausência de gametas) Retardo Mental Leve Esterilidade 1 Corpúsculo de Barr Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2014 ● GENÉTICA 3 www.medresumos.com Síndrome de Turner 44A, X0 / 45X0 Síndrome de Turner é uma síndrome que é identificada no momento do nascimento, ou antes da puberdade por suas características fenotípicas distintivas. A constituição cromossómica mais frequente é 45, X sem um segundo cromossoma sexual, X ou Y. Síndrome de Turner é uma condição que afeta apenas meninas, e é um distúrbio cromossômico. Ninguém conhece a causa da Síndrome de Turner. A idade dos pais das meninas com Síndrome de Turner não parece ter qualquer importância e não foram identificados fatores hereditários.Não parece haver qualquer providência que os pais possam tomar para evitar que uma de suas filhas tenha Síndrome de Turner. Sintomas clássicos: Obesidade Baixa Estatura Retardo Mental Peito Largo Excesso de pele na região dorsal Seio atrofiado Estéril (ovários atrofiados) Pescoço alado e curto Não possui corpúsculo de Barr OBS: Em um heredograma, as heranças ligadas ao X, o número de afetados é diferente nos 2 sexos; o pai nunca transmite o caráter ao filho (pois ele fornece o cromossomo Y); quando feitos cruzamentos recíprocos, os resultados são diferentes. Hemofilia X h X h / X h Y Hemofilia é o nome dado a diversas doenças genéticas hereditárias que incapacitam o corpo de controlar sangramentos, uma incapacidade conhecida tecnicamente como diátese hemorrágica. A hemofilia é uma doença genética condicionada por um gene recessivo (X h ) Deficiências genéticas e um distúrbio autoimune raro podem causar a diminuição da atividade dos fatores de coagulação do plasma sanguíneo, de modo que comprometem a coagulação sanguínea; logo, quando um vaso sanguíneo é danificado, um coágulo não se forma e o vaso continua a sangrar por um período excessivo de tempo. O sangramento pode ser externo, se a pele é danificada por um corte ou abrasão, ou pode ser interno, em músculos, articulações ou órgãos. Isso ocorre devido a falta dos fatores de coagulação VIII e IX Hemofilia tipo A: a hemofilia A tem falta do fator de coagulação VIII, sendo ela a mais grave e mais comum, ocorrendo em 90% dos casos. Hemofilia tipo B (Doença de Christmas): a hemofilia B tem falta do fator de coagulação IX. É menos frequente e menos grave que o tipo A. Hemofilia tipo C: Este tipo de hemofilia é determinado por gene autosômico dominante não relacionado com o sexo e caracteriza-se pela ausência de um fator denominado PTA ou fator XI. A hemofilia, exceto sua variante "C", é referida como uma doença recessiva ligada ao cromossomo X ("doença ligada ao sexo"), o que significa que o gene defeituoso está localizado no cromossomo feminino ou cromossomo X. Um homem possui um cromossomo X e um Y. Uma mulher, dois X. Como o defeito está no cromossomo X, é raro uma mulher que carregue o defeito, pois seu outro cromossomo X pode produzir os fatores de coagulação necessários. Entretanto, o cromossomo Y do homem não tem genes para os fatores de coagulação, portanto, se um homem apresentar defeito no cromossomo X, ele desenvolverá a doença. Desde que um homem recebe o seu cromossomo X da mãe, o filho de uma portadora silenciosa tem 50% de chance de ter a doença e 50% de chance de ser sadio. Uma mulher para desenvolver a doença precisa receber dois cromossomos X defeituosos, um do pai e outro da mãe. Por isso a doença é mais comum em homens do que em mulheres. Entretanto há a possibilidade da mulher portadora silenciosa desenvolver uma hemofilia leve devido a lionização (inativação de um cromossomo X). Não há cura para a hemofilia. Controla-se a doença com injeções regulares dos fatores de coagulação deficientes. Alguns hemofílicos desenvolvem anticorpos (chamadas de inibidores) contra os fatores que lhe são dados através do tratamento. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2014 ● GENÉTICA 4 www.medresumos.com OBS: O termo hemofilia apareceu pela primeira vez em 1828 por Hopff da Universidade de Zurique. Em 1937, Patek e Taylor, dois médicos de Harvard descobriram a globulina anti-hemofílica. Pavlosky, um médico de Buenos Aires, separou a Hemofilia A e Hemofilia B laboratorialmente. Este teste era feito transferindo o sangue de um hemofílico para outro hemofílico. O fato corrigia o sangramento, comprovando que havia mais de um tipo de hemofilia. A hemofilia tomou grandes proporções por ser, muitas vezes, associada à história da Monarquia na Europa. A Rainha Vitória do Reino Unido passou a doença ao seu filho Leopoldo, e através de várias outras das suas filhas, a várias famílias reais Europeias, incluindo as famílias reais da Espanha, Alemanha, e Rússia. Alexei Romanov, filho to Czar Nicolau II da Rússia, foi um dos descendentes da Rainha Vitória que herdou a doença. Raquitismo Resistente à Vitamina D (Hipofosfatemia) É uma das únicas doenças ligadas a um gene dominante do X. O indivíduo tem uma falha nos glomérulos renais que não reabsorvem fosfato, gerando uma queda nos níveis plasmáticos de fosfato, importante na composição dos ossos e dentes. Daltonismo X d X d / X d Y Herança genética condicionada por um gene recessivo (X d ). O daltonismo (também chamado de discromatopsia ou discromopsia) é uma perturbação da percepção visual caracterizada pela incapacidade de diferenciar todas ou algumas cores, manifestando-se muitas vezes pela dificuldade em distinguir o verde do vermelho. Esta perturbação tem normalmente origem genética, mas pode também resultar de lesão nos orgãos responsáveis pela visão, ou de lesão de origem neurológica. O distúrbio, que era desconhecido até o século XVIII, recebeu esse nome em homenagem ao químico John Dalton, que foi o primeiro cientista a estudar a anomalia de que ele mesmo era portador. Uma vez que esse problema está geneticamente ligado ao cromossoma X, ocorre mais frequentemente entre os homens (no caso das mulheres, será necessário que os dois cromossomas X contenham o gene anômalo). A mutação genética que provoca o daltonismo sobreviveu pela vantagem dada aos daltônicos ao longo da história evolutiva. Essa vantagem advém, sobretudo, do fato de os portadores desses genes possuirem uma melhor capacidade de visão noturna, bem como maior capacidade de reconhecerem elementos semi-ocultos, como animais ou pessoas disfarçadas pela sua camuflagem. Como o daltonismo é provocado por genes recessivos localizados no cromossomo X (sem alelos no Y), o problema ocorre muito mais frequentemente nos homens que nas mulheres. Estima-se que 8% da população seja portadora do distúrbio, embora apenas 1 % das mulheres sejam atingidas. Genótipo Fenótipo Detalhes XD | XD Mulher com visão normal Homozigota não portadora do gene anômalo (DD, normal) XD | Xd Mulher com visão normal Heterozigota portadora do gene anômalo (Dd, normal) Xd | Xd Mulher daltônica Homozigota recessiva (dd, daltônica) XD | Y Homem com visão normal Hemizigoto dominante (D, normal) Xd | Y Homem daltônico Hemizigoto recessivo (d, daltônico) No caso de um indivíduo do sexo masculino, como não aparece o alelo D, bastará um simples gene recessivo para que ele seja daltônico, o que não acontece com o sexo feminino pois, para ser daltônica, uma mulher precisa ter os dois genes recessivos dd. Se a mãe não for daltônica nem portadora (DD) e o pai possuir visão normal (D), nenhum dos descendentes será daltônico nem portador. Se a mãe possuir visão normal (DD) e o pai for daltônico (d), nenhum dos descendentes será daltônico, porém as filhas serão portadoras do gene (Dd). http://pt.wikipedia.org/wiki/Cromossomo_Y Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2014 ● GENÉTICA 5 www.medresumos.com Se a mãe for portadora do gene (Dd) e o pai possuir visão normal (D), há a probabilidade de 50% dos filhos serem daltônicos e 50% das filhas serem portadoras do gene. Se a mãe for portadora do gene (Dd) e o pai for daltônico (d), 50% dos filhos e das filhas serão daltônicos. Se a mãe for daltônica (dd) e o pai possuir visão normal (D), todos os filhos serão daltônicos (d) e todas as filhas serão portadoras (Dd). Se a mãe for daltônica (dd) e o pai também (d) 100% dos filhos e filhas também serão daltônicos. Não existem níveis de daltonismo, apenas tipos. Esses tipos estão relacionados às cores que podem ou não ser distinguindas. Protanopia (em que há ausência na retina de cones "vermelhos" ou de "comprimento de onda longo", resultando na impossibilidade de discriminar cores no segmento verde-amarelo-vermelho do espectro). O seu ponto neutro encontra-se nos492nm. Há igualmente menor sensibilidade à luz na parte do espectro acima do laranja. Deuteranopia (em que há ausência de cones "verdes" ou de comprimento de onda intermédio, resultando, igualmente, na impossibilidade de discriminar cores no segmento verde-amarelo-vermelho do espectro).Trata-se uma das formas de daltonismo mais raras(cerca de 1% da população masculina), e corresponde àquela que afectou John Dalton (o diagnóstico foi confirmado em 1995, através do exame do DNA do seu globo ocular). O seu ponto neutro encontra-se nos 492nm. Tritanopia (em que há ausência de cones "azuis" ou de comprimento de onda curta, resultando na impossibilidade de ver cores na faixa azul-amarelo). Nesse caso, não há ligação ao sexo, mas aos autossomos. Distrofia Muscular de Duchenne Doença condicionada por um gene recessivo, sendo sua principal característica a degeneração da membrana que envolve a célula muscular, causando sua morte. Ocorre em meninos, e os primeiros sinais de fraqueza muscular surgem assim que começam a caminhar, ao redor dos três aos cinco anos de idade. A degeneração muscular acontece devido a defeitos de uma proteína chamada distrofina, que mantém a integridade da fibra muscular. Inicialmente percebe-se quedas frequentes, dificuldades para subir escadas, levantar-se do chão e correr, principalmente quando comparadas a crianças da mesma faixa etária. Sendo uma doença associada ao cromossomo X, a distrofia muscular de Duchenne tem em dois terços dos casos causas hereditárias (mãe) mas podem também ocorrer, em menor chance, mutações expontâneas que independem de hereditáriedade. As meninas não manifestam a doença uma vez que seu cromossomo X (defeituoso) será compensado pelo outro cromossomo X (normal). Entretanto poderão perpetuar a doença caso seu cromossomo X defeituoso seja transmitido a uma filha, que passará a ser portadora, ou a um filho, que manifestará doença. Já os meninos, por possuirem apenas um cromossomo X (mãe) e um cromossomo Y (pai), não se beneficiam de mecanismos de compensação, significando que além de perpetuarem a doença através de suas filhas, legando a elas seu cromossomo X defeituoso, inevitávelmente manifestarão os efeitos da doença. A Um outro sinal característico da doença, embora nem sempre presente, é o aumento do tamanho das panturrilhas (também conhecidas como batata-da-perna). Essa pseudo-hipertrofia é causada pela substituição das células musculares degeneradas por tecido adiposo e por fibrose. A fibrose é a causa das chamadas retrações musculares com encurtamento dos tendões. Na medida em que a doença evolui e a musculatura que proporciona sustentação para a coluna vertebral enfraquece, é comum ocorrerem escolioses de gravidade variável, mas que devem ser cuidadosamente acompanhadas (e em alguns casos corrigidas cirúrgicamente) devido ao seu potencial de restritingir a capacidade respiratória. Em um estágio mais adiantado, já no período da adolescência, a fraqueza muscular das pernas impedirá o jóvem de caminhar. É nessa fase que se inicia o comprometimento cardíaco e respiratorio, esse último pelo progressivo acometimento do músculo diafrágma, dos músculos intercostais e da musculatura abdominal, essenciais na inspiração e no mecanismo da tosse. O diagnóstico da doença pode ser feito ao se analisar a desenvoltura da criança no chamado movimento miopático, em que se pede para a criança ficar de quatro para depois levantar. Crianças acometidas têm bastante dificuldade de se levantar devido a fraqueza muscular constante. Além disso, a dificuldade de subir degraus é imensa. É possível diagnosticar bioquimicamente a doença por meio de taxas de creatinoquinase, uma vez que a destruição da fibra muscular libera esse marcador na corrente sanguínea. Em relação à expectativa de vida, os portadores dessa doença costumavam viver em média até 19 anos de idade, quando vinham a falecer de complicações cardio-respiratórias (a partir do momento que a doença envolve o musculo cardíaco e o diafragma). Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2014 ● GENÉTICA 6 www.medresumos.com Com os avanços dos últimos anos na área da ventilação mecânica domiciliar e mais recentemente na de ventilação mecânica não-invasiva, houve uma significativa melhora na qualidade de vida desses jóvens, diminuição das mortes por causas respiratórias, alongando-se em muitos anos a expectativa de vida dos portadores de distrofia muscular de Duchenne. Adrenoleucodistrofia Mielínica (ALD) A adrenoleucodistrofia, também conhecida pelo acrônimo ALD, é uma doença genética rara, incluída no grupo das leucodistrofias, relacioanada ao cromossomo X, sendo uma herança ligada ao sexo de caráter recessivo transmitida por mulheres portadoras e que afeta fundamentalmente homens. Na ALD, a atividade anormal dos peroxissomos leva a um acúmulo excessivo de ácidos graxos de cadeia muito longa (AGCML) constituídos de 24 ou 26 átomos de carbono em tecidos corporais, sobretudo no cérebro e nas glândulas adrenais. A consequência desse acúmulo é a destruição da bainha de mielina, o revestimento dos axônios das células nervosas, afetando, assim, a transmissão de impulsos nervosos. O gene defeituoso que ocasiona a doença está localizado no lócus Xq-28 (cromossomo X, braço inferior na região 2, banda 8) do cromossomo X. Tal gene é responsável pela codificação de uma enzima denominada ligase acil CoA gordurosa, que é encontrada na membrana dos peroxissomos e está relacionada ao transporte de ácidos graxos para o interior dessa estrutura celular. Como o gene defeituoso ocasiona uma mutação nessa enzima, os AGCML ficam impedidos de penetrar nos peroxissomos e se acumulam no interior celular. Os mecanismos precisos através dos quais os AGCML ocasionam a destruição da bainha de mielina ainda são desconhecidos. Síndrome de Rett A síndrome de Rett é uma anomalia genética que causa desordens de ordem neurológica, acometendo somente em crianças do sexo feminino. Compromete progressivamente as funções motoras, intelectual assim como os distúrbios de comportamento e dependência. O gene está no locus Xq-28. No caso típico, a menina desenvolve de forma aparentemente normal entre 8 a 12 meses de idade, depois começa a mudar o padrão de seu desenvolvimento. Ocorre uma regressão dos ganhos psicomotores, a criança torna-se isolada e deixa de responder e brincar. São casos semelhantes ao altismo. O crescimento craniano, até então normal, demonstra clara tendência para o desenvolvimento mais lento, ocorrendo uma microcefalia adquirida. Aos poucos deixa de manipular objetos, surgem movimentos estereotipados das mãos (contorções, aperto, bruxismo, bater de palmas, levar as mãos à boca, lavar as mãos e esfregá-las) surgindo após, a perda das habilidades manuais. Síndrome de Hunter É uma mucopolisacaridose (doença causada por um erro inato do metabolismo). Nesse caso, falta uma enzima (laronidaze) para metabolizar substâncias de cadeia longa (glicosaminoglicanas). Apresenta os mesmo sintomas da Síndrome de Hurler, sendo esta, causada por genes localizados em autossomos. Síndrome da Insensibilidade Androgênica (Feminilização Testicular) Doença genética que causa uma carência de receptores para hormônios masculinos em suas células. Os homens apresentam todas as características de uma mulher, inclusive a presença de vagina (de fundo cego). A síndrome de insensibilidade aos andrógenos (AIS) é uma doença com herança ligada ao cromossomo X que afeta pacientes com cariótipo 46 XY, nos quais há prejuízo total (forma completa, CAIS) ou parcial (PAIS) do processo de virilização intraútero devido à alteração funcional do receptor de andrógenos. O menino é criado como mulher até perceber que não possui menarca. Seu testículo localiza-se ainda no abdome. Displasia ectodérmica anidrótica A Displasia Ectodérmica Anidrótica é uma síndrome que se caracteriza principalmente pela tríade anidrose, hipodontia e hipotricose, embora todasas estruturas derivadas do ectoderma possam estar envolvidas. Acomete pessoas heterozigóticas (X A X a ). Além da tríade mencionada, são frequentes as anomalias do esqueleto, unhas, glândulas lacrimais, deglutição, gónadas, glândulas mamárias e outros sistemas. A fácies é caracterizado por: fronte larga e proeminente, nariz achatado, queixo pontudo, proeminência da crista supra-orbital, lábios evertidos, orelhas grandes, e cabelos esparsos. A pele é lisa, macia, seca, e finamente enrugada (especialmente ao redor dos olhos), e as rugas aparecem precocemente. A síndrome é muito variável, e em formas parciais pode aparecer apenas como defeitos dentários. Anemia hemolítica causada pela deficiência de Glicose-6-fosfato Desidrogenase (G6PD) (Favismo) Doença genética causada pela deficiência na produção da enzima G6PD que é uma das responsáveis por formar o equivalente redutor NADPH, responsável por manter a glutationa reduzida, substância capaz de proteger a hemácia contra ação de substâncias oxidantes (como a H2O2). Essa deficiência é assintomática. Ela só toma grandes proporções quando o portador faz uso de medicamentos como anti-malarianos, antibióticos (como Sufas e tetraciclina), analgésicos (AAS), antipiréticos, não pode entrar em contato com naftalina, não pode se alimentar de Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2014 ● GENÉTICA 7 www.medresumos.com fava. Essas substâncias aumentam a tensão oxidativa nas hemácias, gerando uma destruição em masse desses globulos vermelhos. HERANÇA RESTRITRA AO SEXO (HERANÇA RESTRITRA AO Y / HERANÇA HOLÂNDRICA) É também conhecida como herança holândrica. Ela só se manifesta nos homens, pois seus genes se localizam na região do cromossomo Y. A hipertricose auricular, que se caracteriza pela presença de pelos longos e abundantes na orelha, é um exemplo deste tipo de herança. HERANÇA INFLUENCIADA PELO SEXO Neste caso, a herança é condicionada por genes localizados nos autossomos e se expressam mais em um sexo do que em outro devido à ação de hormônios dos respectivos sexos. Ex: Calvície (condicionada por um gene dominante).
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