Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL 28/07/2017 A jurisdição constitucional é uma modalidade peculiar de jurisdição. Diferentemente da jurisdição comum ou ordinária, que expressa uma das funções do Estado, a Jurisdição Constitucional não se destina a solução de conflitos intersubjetivos mediante a tutela de interesses específicos ou direitos subjetivos. A jurisdição constitucional é exercida no Brasil pelo STF, cuja finalidade é promover a defesa da Constituição por meio da busca de significado para as normas infraconstitucionais. O Fenômeno da Inconstitucionalidade: 1) Conceito de Inconstitucionalidade: A inconstitucionalidade consiste em uma incompatibilidade material e\ou formal de uma lei ou ato normativo em relação a Constituição, o que torna a norma inválida e resulta na paralisação da sua eficácia. Ex.: Lei Estadual que tipifica como crime a pichação de monumentos públicos. A referida lei é inconstitucional porque viola competência privativa da União para legislar sobre direito penal. 1.1) Natureza da norma inconstitucional Norma inconstitucional é norma nula, isso porque ela não poderia ter produzido efeitos válidos sob pena de em um determinado período de tempo ter se sobreposto à Constituição. A consequência determinante da nulidade da norma inconstitucional é o efeito retroativo da decisão judicial que reconhece a inconstitucionalidade. Este efeito tem fundamento no princípio da Supremacia da Constituição, segundo o qual a Constituição é o fundamento de validade das leis e das normas jurídicas. Se eu admito que no período compreendido entre a entrada em vigor da lei inconstitucional e o reconhecimento judicial da sua invalidade a lei produziu efeitos válidos? R: Neste referido lapso temporal a lei terá se sobreposto à própria Constituição. A lei é um ato jurídico lato sensu. Pode ser analisada em três planos: existência, validade e eficácia. Inconstitucionalidade da norma é sinônimo de invalidade. Uma norma inconstitucional é existente, pois ela tem todos os seus elementos constitutivos (agente, objeto e forma). Além do mais, ela entrou em vigor. Uma norma inconstitucional significa uma norma inválida. Toda a norma inválida por inconstitucionalidade terá como consequência a paralisação da sua eficácia. (Uma norma inconstitucional não é revogada, uma vez que ela não deixa de existir, e sim tem seus efeitos paralisados; inconstitucionalidade não resulta na revogação da Lei, mas na parada de sua eficácia). 1.2) Espécies de Inconstitucionalidade: 1.2.1). Formal. Quando a Lei ou ato normativo infraconstitucional contiver algum vício em sua forma, ou seja, em seu processo de formação, vale dizer, no processo legislativo de sua formação, ou ainda em razão de sua elaboração por autoridade incompetente. Orgânica: A lei ou ato normativo viola uma competência constitucional. Ex. Lei estadual que tipifica conduta como crime é atingida pela inconstitucionalidade formal orgânica, pois viola competência privativa da União para legislar sobre direito penal. (A Lei viola a competência de um órgão). Propriamente dita: ocorre quando a norma não obedece ao processo legislativo, isto é, o modo de produção da norma não observou o devido processo legislativo constitucional. Ex. Lei complementar aprovada por maioria simples. Ex². Lei ordinária dispondo sobre normas gerais de direito tributário. 1.2.2) Material A lei ou ato normativo dispõe sobre matéria incompatível com o conteúdo de uma norma constitucional. A norma, a Lei, tem o seu conteúdo incompatível com as exigências constitucionais. Ex. Lei infraconstitucional instituindo pena de prisão perpétua ou trabalhos forçados para crimes hediondos, o que é vedado expressamente pela Constituição. art.5º XLVII, “b” e “c” CF. Art. 37, X CF. 1.2.3). Por ação: (NORMA EXISTE) A norma é editada, ela entra em vigor e é incompatível com a Constituição. A inconstitucionalidade é consequência de um ato comissivo do poder público. Ex: Lei estadual que institui prisão perpétua para crimes hediondos. OBS: É possível que uma norma contenha somente inconstitucionalidade formal, somente inconstitucionalidade material ou ambas as espécies. Ex. Lei Estadual que institui prisão perpétua para crimes hediondos. 1.2.4). Por omissão: (NORMA NÃO EXISTE) Inconstitucionalidade por omissão se caracteriza quando o legislador tem o dever de legislar para viabilizar a aplicação de uma norma da constituição que tutela um direito subjetivo e, no entanto, não cumpre esta obrigação. É a própria constituição que irá dizer quando existe o dever específico do legislador de legislar para permitir a aplicação da norma constitucional. - Decorre da inércia legislativa na regulamentação de normas constitucionais de eficácia limitada. Ex. Art.37, VII CF, segundo o qual o direito de greve no serviço público será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica. Total: Na inconstitucionalidade por omissão total, o legislador não cumpre a sua obrigação de legislar por completo. A lei exigida pela Constituição para permitir a aplicação de um direito não é produzida por omissão completa do legislador. Ex. Art.37, VII Parcial: Na inconstitucionalidade por omissão parcial, o legislador edita a lei necessária para aplicação de uma norma constitucional, entretanto, o faz de maneira insuficiente ou deficiente. A inconstitucionalidade por omissão parcial se subdivide em relativa e propriamente dita. - Relativa: (Verificar se exclui determinadas pessoas, e se há violação a isonomia). Nesta a lei é produzida, contudo, ela retira do seu âmbito de incidência determinada categoria de pessoas violando o princípio da isonomia. Ex. Uma lei é editada para atender a um comando do art.37, X CF. Todavia, a lei só prevê revisão geral das remunerações para os servidores civis excluindo os servidores militares. - Propriamente Dita: Na inconstitucionalidade por omissão parcial propriamente dita, a lei é produzida, porém não é suficiente para cumprir o comando constitucional que ela pretende complementar. Ex.Art.7º, IV, que estabelece que o salário mínimo deve atender as necessidades vitais básicas da pessoa e da sua família, por meio de prestações como: moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, etc. As leis editadas anualmente para ajustar o salário mínimo são insuficientes para cumprir todas estas obrigações. 04/08- CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE Consiste no conjunto de instrumentos cuja função primordial é fiscalizar a compatibilidade de uma lei ou ato normativo em relação a Constituição, declarando sua invalidade e paralisando sua eficácia na hipótese de incompatibilidade. O seu objetivo é proteger a Supremacia da Constituição. Classificação 1. Quanto ao órgão político (em princípio ele é preventivo) Judicial (geralmente ele é repressivo) Neste caso, para classificar a espécie de controle devemos verificar a natureza do órgão que exerce o controle. - O controle político é exercido por órgão que desempenha funções políticas predominantemente. Geralmente o controle político será preventivo, isto é, ocorrerá em momento anterior a entrada em vigor da lei, durante o processo legislativo. O controle político também é chamado de Sistema Francês. Ex. O controle exercido pelas CCJ da Câmara dos Deputados e do Senado Federal sobre os projetos de lei durante o processo legislativo é hipótese de controle político. Ex²: O veto presidencial à projetos de lei por razões de inconstitucionalidade é modalidade de controle político. - Controle judicial: neste caso, o controle de constitucionalidade é desempenhado por órgãos que exercem função jurisdicional, geralmente pertencentes a estrutura do poder judiciário. O controle judicial é em regra, repressivo, ou seja, é exercido em face de uma lei ou norma já em vigor. O controle judicial é inspirado nos modelos Americano e Austríaco. O modelo brasileiro de controle de constitucionalidade é predominantemente judicial. 2. Quantoao momento preventivo Repressivo - Preventivo: Ocorre em momento anterior a entrada em vigor da lei, durante o processo legislativo. Ex. Veto do presidente da república à projeto de lei por inconstitucionalidade. OBS: O objetivo do controle preventivo é impedir que uma lei inconstitucional ingresse no ordenamento jurídico, protegendo a supremacia da constituição. - Repressivo: O controle repressivo é exercido quando a lei ou ato normativo já estão em vigor e tem por objetivo reconhecer a invalidade da norma paralisando a sua eficácia. OBS: O controle político geralmente é preventivo. Todavia, a doutrina apresenta duas hipóteses de controle político repressivo. A 1ª hipótese é a do art.49, V CF, segundo o qual o congresso nacional pode sustar atos normativos do poder executivo que exorbitem do poder regulamentar. A maioria doutrinária admite também que o chefe do poder executivo determine a sua administração o não cumprimento de lei manifestamente inconstitucional. OBS: O controle judicial geralmente é repressivo. Contudo, a jurisprudência do STF admite a impetração de mandado de segurança por parlamentar perante o próprio STF para trancar o processamento de proposta de Emenda à CF que viole flagrantemente cláusula pétrea. Ex. PEC propondo a mudança da forma de Estado Brasileiro para Unitário. 11/08/17 CONTROLE JUDICIAL / JURISDICIONAL No Brasil predomina o controle jurisdicional de constitucionalidade, que é exercido pelos órgãos do poder judiciário, durante a atividade normal da jurisdição ou por meio da Jurisdição Constitucional. 1). Controle de constitucionalidade Difuso: é aquele que pode ser exercido por qualquer juiz ou tribunal durante o exercício ordinário da função jurisdicional, na apreciação de um caso concreto em que seja disputado um direito subjetivo pelas partes. Este controle tem origem no modelo norte americano, no qual qualquer juiz em qualquer processo pode fiscalizar a constitucionalidade das leis e atos normativos. 2). Controle Concentrado: é aquele exercido por um único órgão ou por um número reduzido de órgãos que tenham como função principal o Controle de Constitucionalidade. Ex. O STF exerce controle concentrado por meio do processo e julgamento de ações constitucionais objetivas como a ADI, tendo por parâmetro a Constituição da República. Este controle tem origem no modelo europeu ocidental concebido por Hans Kelsen a partir da Constituição Austríaca de 1920, no qual um tribunal constitucional especialmente criado para esta finalidade exerce controle de constitucionalidade das leis e atos normativos em tese. 3) Controle de Constitucionalidade Concreto \ incidental: é aquele que ocorre em uma determinada demanda, sob a apreciação judicial, no exercício ordinário da função jurisdicional por qualquer juiz ou tribunal, em um caso concreto, no qual é disputado um direito subjetivo pelas partes. O controle incidental pressupõe um caso concreto, isto é, um processo judicial em que autor e réu controvertem sobre um direito subjetivo. A questão principal da causa é o bem da vida disputado, o seu objeto. A questão da constitucionalidade surge como questão incidental, isto é, a sua análise subordina logicamente o resultado da causa. Por isso, a questão da constitucionalidade é chamada de prejudicial de mérito. Ex. é editada uma lei modificando os critérios de cálculo dos alugueis de bens imóveis. Determinado locador aplica imediatamente o novo critério sobre contrato em curso. O locatário se recusa a pagar o novo valor espontaneamente, alegando que a nova cobrança viola a garantia fundamental do ato jurídico perfeito. O locador ajuíza ação de cobrança em face do locatário, que alega em sua defesa a inconstitucionalidade da nova forma de cobrança para decidir a causa reconhecendo a legitimidade do novo valor dos alugueis ou a manutenção do valor até então cobrado, durante o itinerário lógico de raciocínio, o juiz deverá analisar incidentalmente se a aplicação imediata da nova lei sobre os contratos em vigor é constitucional ou inconstitucional. 4) Controle Abstrato \ principal: não existe caso concreto sobre apreciação judicial. No âmbito de uma ação constitucional objetiva, ajuizada por um dos legitimados do art. 103 CF será analisada a compatibilidade ou incompatibilidade, em tese, de uma lei ou ato normativo em relação a Constituição. Neste caso, o juízo de constitucionalidade é a questão principal da ação, cuja natureza é institucional e tem por objetivo promover a defesa da constituição. OBS: No controle concreto incidental há tutela de direito subjetivo como questão principal da causa. Por sua vez, no Controle abstrato principal são utilizadas ações constitucionais objetivas de natureza institucional, cujo objetivo é defender a Supremacia da Constituição. 18/08/17 CONTROLE INCIDENTAL DE CONSTITUCIONALIDADE 1) Controle difuso concreto O controle incidental de constitucionalidade tem origem no célebre caso Marbury x Madson de 1803 julgado por Marshall juiz da Suprema Corte norte americana. No final do governo do presidente John Adams houve a nomeação de uma dezena de juízes de paz, dentre os quais Marbury. Thomas Jefferson que sucedeu John Adams não promoveu a posse de Marbury, o qual com base em uma lei editada em 1801 ajuizou uma ação perante a suprema corte norte - americana postulando a investidura no cargo. Ao julgar a causa, o juiz Marshall a partir do princípio da Supremacia da Constituição concluiu que a lei que criava essa competência para a suprema corte não poderia se sobrepor a constituição. Embora a decisão tenha sido desfavorável a Marbury, já que a suprema corte eximiu-se de competência, ela significou a origem do controle de constitucionalidade no mundo moderno, bem como a ideia de que o poder judiciário pode controlar os atos dos poderes executivo e legislativo. No Brasil o controle incidental de constitucionalidade foi previsto inicialmente na Constituição Republicana de 1891, tendo previsão em todas as constituições que a sucederam. 2) Legitimidade para arguir São legitimados para arguir incidentalmente a inconstitucionalidade, as partes da demanda (autor e réu), terceiros interessados, como litisconsortes e assistentes, o MP quanto atua como fiscal da lei ou como parte e os juízes, de oficio. OBS: Há controvérsias acerca da constitucionalidade não estar sujeita a preclusão, podendo ser suscitada a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição, pois trata-se de questão de ordem pública. 3) Competência para pronúncia de inconstitucionalidade Qualquer juiz ou tribunal são competentes para pronunciar a inconstitucionalidade de uma norma no controle incidental, afastando a sua aplicação do caso concreto sob apreciação. 3.1) Cláusula de reserva de plenário – art. 97 CF c\c 948 a 950 NCPC O controle de constitucionalidade incidental nos tribunais está submetido à Cláusula de Reserva de Plenário, segundo a qual, somente pelo voto da maioria absoluta dos membros dos tribunais (tribunais de justiça ou tribunais regionais federais), ou dos respectivos órgãos especiais, onde houver, poderão declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público. O fundamento da reserva de plenário é o princípio da presunção de constitucionalidade das leis e atos normativos do poder público. Para derrubar esta presunção o constituinte originário partiu da premissa de que haveria necessidade do voto de uma maioria qualificada (maioria absoluta), geralmente composta por julgadores mais experientes. A Cláusula de reserva de plenário está prevista no art. 97 CF, e o procedimento para arguição incidental dos tribunais, nos arts. 948 a 950 NCPC. Por força da reserva de plenário, os órgãos fracionários dos tribunais (turmas, seções, câmaras, etc.) não podem declarar incidentalmente a inconstitucionalidade de uma norma durante o julgamento de um caso concreto. O relator da causa, após arguida a inconstitucionalidade, submeterá a questão a turma ou a câmara.Uma vez acolhida a arguição, é lavrado acórdão pelo órgão fracionário, que será remetido ao tribunal ou órgão especial para decisão sobre a controvérsia constitucional. Enquanto isso, a causa sob apreciação do órgão fracionário ficará sobrestada, até o julgamento da controvérsia constitucional pelo tribunal. Decidida a questão constitucional pelo tribunal o órgão fracionário dará prosseguimento ao julgamento da causa, cujo resultado estará subordinado logicamente a solução da controvérsia constitucional pelo tribunal. Existem 2 exceções que justificam o afastamento da reserva de plenário: a) quando o órgão fracionário rejeitar a arguição de inconstitucionalidade entendendo que a aplicação da norma é constitucional. Neste caso, uma câmara cível por ex. pode dar prosseguimento ao julgamento de uma apelação. Ver art. 949, I NCPC b) quando houver pronunciamento do respectivo tribunal ou do plenário do STF sobre a controvérsia constitucional. Ver parágrafo único do art. 949, NCPC 3.2) Cisão funcional de competência 3.3) Súmula Vinculante 10: Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, afasta sua incidência, no todo ou em parte. 4) A questão da Ação Civil Pública: Até o final da década de 90, a doutrina controvertia sobre a possibilidade de controle incidental de constitucionalidade por meio de ação civil pública, com base em dois argumentos: 1) A ação civil pública tutela o interesse público genericamente considerado, e não um interesse especifico e concreto. 2) A eficácia erga omnes da decisão na Ação Civil Pública usurparia a competência do STF para o controle abstrato de constitucionalidade. Atualmente, é pacifico o entendimento pela possibilidade, desde que, a questão da inconstitucionalidade surja incidentalmente na ação civil pública, pois esta ação não pode servir de substitutivo às ações constitucionais de controle abstrato, como a ADI por ex. 25/08- Não teve aula. 01/09/2017 CONTROLE DIFUSO Objeto: O objeto do controle difuso incidental de constitucionalidade consiste nos atos normativos ou atos do poder público que são passíveis e ter a sua validade fiscalizada em uma demanda judicial em que as partes discutam um direito subjetivo. O objeto do controle incidental é amplo. Podem ter a sua constitucionalidade controlada pela via incidental normas expedidas por qualquer esfera de poder, por qualquer ente federativo e de qualquer nível hierárquico, inclusive as normas anteriores a CF/88. Ex: É possível fazer controle incidental em um caso concreto de Emenda à Constituição, Lei Complementar, Lei Ordinária, Medida Provisória, Normas Federais, Estaduais e Municipais e também, normas secundárias como decretos, resoluções e portarias. Obs: No controle pela via principal, por meio de ADI não se admite controle de normas anteriores a CF/88, todavia no controle incidental, a doutrina e a Jurisprudência do STF admitem fiscalização de constitucionalidade dessas normas. Obs2: Não é possível controle de constitucionalidade de Leis Municipais pela via principal por meio de ADI, entretanto a Doutrina e a Jurisprudência do STF admitem o controle incidental dessas normas inclusive pelo próprio STF. Efeitos da decisão: Partes (inter partes) Terceiros (erga omnes, gerais, vinculantes) As decisões judiciais proferidas no controle incidental de constitucionalidade somente produzem efeitos entre as partes da demanda judicial (efeitos inter partes). Sob o ponto de vista processual, a limitação dos efeitos da decisão no controle incidental é chamada de eficácia subjetiva da coisa julgada. As decisões no controle incidental não produzem efeitos sobre terceiros estranhos a demanda judicial, isto é, não produzem efeitos erga omnes ou gerais. O papel do Senado Federal (Art. 52, X CF): Em regra, as decisões no controle incidental produzem efeitos somente entre as partes da demanda. Todavia, a Constituição prevê mecanismo de atribuição de efeitos erga omnes às decisões definitivas do STF no âmbito do controle incidental. Segundo o art. 52, X da CF/88, o Senado Federal pode suspender à execução, no todo ou em partes de Lei declarada inconstitucional no controle incidental em decisão definitiva do STF. O instrumento utilizado pelo Senado para essa finalidade é a resolução. Trata-se de competência de natureza política, motivo pelo qual o Senado não é obrigado a conferir efeitos erga omnes as decisões definitivas do STF no controle incidental. O Senado decide conforme juízo de oportunidade e conveniência. O fundamento desta regra reside no fato de que embora adote o modelo americano, as decisões dos tribunais no controle incidental não vinculam as decisões dos órgãos submetidos a sua competência revisional. Crítica: Os ministros Gilmar Mendes e Roberto Barroso sustentam que o artigo 52 da CF é um anacronismo da própria Constituição. Primeiramente em razão do fenômeno da abstrativização do controle de constitucionalidade inaugurado por nossa carta magna em 05/10/988. Com a nova ordem Constitucional o controle abstrato de constitucionalidade passou a ter primazia sobre o controle concreto e incidental. É da própria essência do controle abstrato e principal os efeitos erga omnes ou gerais das decisões. Além do mais a Constituição de 88 ampliou significativamente as ações objetivas de controle abstrato, com a ADI, a ADC (ação declaratória de constitucionalidade), AIO (ação de inconstitucionalidade por omissão) e ADPF (arguição de descumprimento de preceito fundamental). Do mesmo modo, a CF/88 ampliou significativamente o rol de legitimados ativos para a propositura dessas ações conforme Art. 103 da Lei Maior. Todavia o principal argumento relativo a contradição do art. 52, X, têm fundamento na ideia de economia processual, uma vez que não seria lógico obrigar um dos legitimados ativos do art. 103 da CF a ajuizar uma ADI para submeter novamente a questão ao plenário do STF se a comunidade jurídica já conhece a linha de decisão da corte, que foi veiculada em um recurso extraordinário submetido ao mesmo plenário. 08/09/2017- Não teve aula 15/09/2017 Súmulas vinculantes A Emenda Constitucional 45 de 2004 instituiu no direito brasileiro as súmulas vinculantes, previstas no art.103-A CF. Em linhas gerais, as súmulas vinculantes tornam obrigatória a observância da jurisprudência do STF sobre a matéria constitucional para os demais órgãos do poder judiciário e para a administração pública direta e indireta da União, Estados, DF e Municípios. Os efeitos gerais e vinculantes das Súmulas Vinculantes reforçam os argumentos favoráveis à desnecessidade do art.52, X CF, já que não haveria necessidade de manifestação do Senado para obrigar a observância da jurisprudência da Corte. Por outro lado, existem autores que defendem a manutenção do art.52, X na Constituição sob os fundamentos de que a regra não impede a atuação do STF no que diz respeito à atribuição de efeitos erga omnes às suas decisões pelos mecanismos próprios, e também que o referido dispositivo constitucional reforça a ideia de separação de poderes, no que diz respeito a harmonia entre os poderes judiciário e legislativo. O fato é que o art.52 X CF encontra-se na CF e em vigor, razão pela qual deve ser observada. A sua revogação só pode ocorrer por meio de emenda à Constituição. Efeitos no tempo As decisões judiciais que declaram incidentalmente em um caso concreto a inconstitucionalidade de uma norma produzem efeitos retroativos no tempo, também chamados efeitos “ex tunc”. Esta conclusão tem como fundamento a teoria da nulidade da norma inconstitucional, que prevalece no direito brasileiro. Segundo esta teoria, da norma inconstitucional é a norma nula desde o seu nascimento (ab initio), isto é, embora possa ter produzido efeitos práticos, estes efeitos precisam serdesfeitos pela decisão judicial que declara a inconstitucionalidade, sob a justificativa de que no período compreendido entre a entrada em vigor da norma e a declaração de inconstitucionalidade, a norma não pode se sobrepor a CF. Modulação temporal- art. 27 Lei. 9868/99 (aplicação analógica) A teoria da nulidade há muito vem passando por alguns temperamentos por parte da doutrina e da jurisprudência. Como exemplo podemos citar a teoria do fato consumado, a teoria da aparência e o prazo prescricional dos créditos tributários. Atualmente a doutrina e a jurisprudência do STF admitem no controle incidental a aplicação analógica do art. 27 da Lei 9868/99 que regula o processo e o julgamento da ADI e ADC. Segundo esta regra, por razões de relevante interesse social, ou de segurança jurídica, o poder judiciário pode desde que motivadamente flexibilizar os efeitos retroativos da declaração de inconstitucionalidade. Os juízes e tribunais podem até atribuir efeitos não retroativos ou prospectivos (ex nunc), a declaração incidental de inconstitucionalidade. No mesmo sentido, podem restringir a retroatividade. O professor Luiz Roberto Barroso afirma que mesmo que não existisse o art. 27 da Lei 9868/99, o poder judiciário estaria autorizado a modular os efeitos da declaração de inconstitucionalidade, com base na ponderação de interesses pois se por um lado a CF reconhece a teoria da nulidade como princípio por outro lado, reconhece princípios e valores relativos a segurança jurídica e a razões de relevante interesse social. EX: Juiz de uma determinada comarca do interior, reconhece incidentalmente em um mandado de segurança a inconstitucionalidade da Lei que institui o IPTU daquela municipalidade. A Lei encontra-se em vigor a 20 anos. A rigor, pela teoria da nulidade a declaração incidental resultará na suspensão da cobrança do IPTU nos moldes na Lei e na restituição de todos os valores pagos pelo impetrante desde a entrada em vigor da Lei. Prevendo o efeito multiplicador da sua decisão, o que poderia causar problemas no cofre público municipal, o juiz resolve motivadamente modular os efeitos da declaração incidental de inconstitucionalidade, dizendo que ela produzirá efeitos não retroativos. O juiz deve adotar essa estratégia de decisão em todas as outras demandas análogas. 22/09/2017 CONTROLE CONCENTRADO: Ação direta de inconstitucionalidade- ADI – Art.102, I, a, CF. Origens: O controle concentrado de constitucionalidade é aquele realizado pelo único órgão ou por um número limitado de órgãos que tem esta competência como sua principal função. Controle abstrato significa que o objeto da ação objetiva constitucional consiste em discutir a validade de uma Lei, ou ato normativo do poder público em tese, não havendo caso concreto no qual autor e réu disputem direito subjetivo subjacente à ação. Controle pela via principal significa que a discussão acerca da validade da norma é a questão principal do processo, isto é, o seu objeto. EX: Ação direta de inconstitucionalidade proposta em face de Lei Estadual que institui tributo em violação ao princípio da Legalidade. O STF tem competência para processar e julgar a ADI, logo o controle é concentrado. Trata-se de competência Originária. A ADI tem por finalidade questionar a validade da Lei em tese, não havendo caso concreto na ação, logo o controle é abstrato. E, por fim, o objeto principal da ADI no exemplo é a discussão acerca da validade da Lei que instituiu o tributo. Essa discussão é a questão principal da causa. Logo, trata-se de controle pela via principal. - Origens: O controle concentrado abstrato e principal têm origem na Constituição Austríaca de 1920, idealizada por Kelsen. Este modelo chamado de modelo Austríaco ou Europeu ocidental foi disseminado pela Europa após a 2ª Guerra Mundial. No Brasil, a primeira referência a este tipo de controle foi a chamada ação interventiva, prevista pela CF de 1934. A ação tinha por objetivo autorizar a intervenção nos Estados membros que violassem os chamados princípios constitucionais sensíveis, que na atual constituição estão previstos no art. 34, VII. Todavia, a ação interventiva tinha o objeto muito limitado. Deste modo, a primeira ação direta de controle de constitucionalidade foi a chamada ação genérica de inconstitucionalidade, criada pela emenda constitucional 16/1965 à Constituição de 1946. Ocorre que o único legitimado para propositura da ação era o procurador geral da república, o que limitava substancialmente a eficácia prática da ação. O PGR que era o detentor do monopólio da ação genérica ocupava cargo de confiança do Presidente da República e a propositura da ação ficava condicionada aos interesses da União. Conceito: a ADI consiste em uma ação objetiva de natureza Constitucional cuja competência originária para processo e julgamento pertence ao STF, e que têm por objeto a discussão em tese acerca da validade de Lei ou ato normativo federal e estadual, tendo como paradigma a CF OBS: A Lei 9868 de 1999 regulamenta o processo e o julgamento da ADI. Legitimidade ativa Universais Especiais Art. 103 CF. Art. 2º Lei 9868 (Rol taxativo). Os legitimados ativos, ou seja, as pessoas órgãos, e entidades que podem propor ADI, estão previstos nos incisos do art. 103 da CF. A jurisdição constitucional caracteriza uma espécie de jurisdição atípica, uma vez que sua finalidade é promover a defesa da CF, retirando do ordenamento jurídico normas que sejam incompatíveis com a Lei maior, de modo a garantir a unidade e a harmonia do ordenamento jurídico. Diferentemente da jurisdição comum, a jurisdição constitucional não se propõe a solucionar conflitos entre autor e réu. Logo, alguns dos seus institutos devem ter uma abordagem diferenciada. É o caso por exemplo da legitimidade. Mesmo assim, a CF/88 ampliou significativamente o rol de legitimados ativos. A jurisprudência do STF classifica os legitimados ativos para propositura da ADI em legitimados universais e legitimados especiais. UNIVERSAIS: Podem propor ADI em fase de qualquer Lei ou ato normativo Federal ou Estadual, independentemente do conteúdo da norma, o que se justifica pelas suas finalidades institucionais. São considerados legitimados universais: O Presidente da República, a mesa do Senado Federal, a mesa da Câmara dos Deputados, o Procurador Geral da República, o Conselho Federal da OAB e Partido Político com representação no Congresso Nacional. ESPECIAIS: Os legitimados ativos especiais não possuem liberdade absoluta para propor ADI. Eles devem comprovar o interesse de agir por meio da chamada pertinência temática, que representa a relação objetiva de pertinência entre a norma impugnada e os interesses jurídicos tutelados pelos legitimados. EX: Entidade sindical de metalúrgicos só pode ajuizar ADI em face de normas que atinjam interesses desta classe de empregados. Ex2: A associação de juízes Federais- AJUFE enquanto entidade de classe de âmbito nacional precisou comprovar pertinência temática para propor ADI em face da Emenda Constitucional 41/03, que promoveu a reforma da previdência. São legitimados especiais: A mesa da assembleia legislativa ou da Câmara legislativa do DF, Governador de Estado ou do DF e Confederação Sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. OBS: Em interessante precedente o STF entendeu que o governador do Estado de Goiás, que é legitimado especial, impugnasse por ADI Lei editada pelo Estado de SP. A Lei paulista proibia a comercialização do amianto no seu território. Todavia o governador de Goiás conseguiu comprovar a pertinência temática demonstrando que a Lei prejudicava sensivelmente os interesses econômicos do Estado de Goiás, já que o Estado de SP era o maior consumidor de amianto do país e a comercialização do amianto representava uns dos mais importantes ativos econômicos do Estado de Goiás. 29/09/2017 4) Legitimidade passiva: O legitimado passivo da ADI é a pessoa, órgão ou entidade que produziu a norma objetode impugnação. Por exemplo: Uma ADI em face de uma Lei Federal, o legitimado passivo será o Congresso Nacional. 5) Impossibilidade de desistência: Segundo o art.5° da Lei 9868/99, uma vez proposta a ADI, o legitimado ativo não poderá desistir da ação, pois a ADI visa tutelar direito indisponível correspondente à defesa da Constituição e à manutenção da rigidez do ordenamento jurídico. A ADI é ação objetiva cuja finalidade é institucional. 6) Impossibilidade de intervenção de terceiros: não é possível também no processo e julgamento da ADI a intervenção de 3°na forma do artigo 7° caput da Lei 9868/99, o que é justificado pela natureza institucional da ADI e pela objetividade do seu rito processual. Deste modo, a Lei não admite na ADI as figuras da assistência, da denunciação da Lide, e do chamamento ao processo. 6.1) Amicus curiae: Excepcionalmente a Lei 9868/99 no seu artigo 7° parágrafo 2° admite a presença do Amicus curiae no processo e julgamento da ADI. O Amicus curiae, tem previsão expressa no ART 138 do CPC, como hipótese de intervenção de terceiros. O relator da ADI, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, poderá admitir a participação do Amicus curiae. O Amicus curiae postula a participação por meio de petição ou memoriais, a qual uma vez aceita pelo relator, permite ao amigo da corte sustentação oral. O despacho do relator que admite ou nega a participação do Amicus curiae, é irrecorrível. O Amicus curiae deve comprovar legítimo interesse jurídico, político, ou econômico, no resultado da ação. O amigo da corte tem origem no direito norte americano e traduz instrumento de legitimação da jurisdição constitucional, uma vez que possibilita a sociedade influenciar as decisões do STF no controle concentrado, abstrato e principal de constitucionalidade. 7) O papel do AGU. Art 103 parágrafo 3° da CF/88. O advogado Geral da união deve ser citado pelo STF para promover a defesa da Lei ou Ato normativo impugnados na ADI, na forma do parágrafo 3° do artigo. 103 da CF. Em virtude dessa função especial, o AGU é chamado de “curador da presunção de constitucionalidade da norma impugnada por ADI”. Entretanto, segundo a jurisprudência do STF existem 3 hipóteses excepcionais nas quais o AGU não é obrigado a defender a constitucionalidade da norma impugnada. São elas: 1. Quando a norma impugnada for manifestamente inconstitucional. 2. Quando já houver pronunciamento do STF sobre a inconstitucionalidade da norma impugnada. 3. Quando houver conflito de interesses, isto é, quando a função de defensor da constitucionalidade da norma se chocar com a função ordinária do AGU, de advogado da união. Neste caso, o STF entende que deve prevalecer a função de advogado da União, até porque não há previsão de sanção pela falta de defesa da norma impugnada pelo AGU. 20/10/17 ADI Objeto: O objeto da ADI, isto é, as normas passíveis de impugnação por ADI, são as leis ou atos normativos federais ou estaduais na forma do artigo 102, I, “a” CF. Obs: as normas jurídicas previstas no rol dos artigo 59 da CF, serão sempre passíveis de impugnação por ADI. Trata-se de normas primárias, pois buscam fundamento de validade na CF e consequente tem poder para inovar na ordem jurídica, criando direitos e obrigações. 1.1) Emenda à Constituição: as emendas à CF podem ter sua validade questionada por meio de ADI. Elas são fruto do exercício do poder constituinte derivado reformador, razão pela qual deve observar os limites impostos pelo poder constituinte originário, que são as limitações formais, circunstâncias e materiais. Significa portanto que uma emenda à CF pode modificar o texto constitucional, desde que respeite essas limitações. O precedente no qual o STF afirmou a possibilidade de questionar a validade de emenda à CF por ADI, ocorreu com a emenda constitucional n°03/1993, que propôs a instituição de imposto (IPMF) sem observar o princípio da anterioridade tributária. O STF entendeu que a emenda seria inconstitucional pois violava garantia fundamental do contribuinte relativa a segurança jurídica, extrapolando limite material (cláusula pétrea) concernente a direitos e garantias fundamentais. 1.2) Leis e atos normativos: Não existe hierarquia entre lei complementar e lei ordinária, porém existem diferenças entre as espécies normativas. As leis ordinárias são aprovadas com maioria simples, na forma do ART 47 CF, já as leis complementares são aprovadas por maioria qualificada ou absoluta, na forma do artigo 69 da CF. A outra diferença é que a CF reserva algumas matérias para tratamentos exclusivamente por lei complementar, como por exemplo normas gerais sobre direito tributário, normas sobre finanças públicas e normas sobre o estatuto da magistratura nacional. Caso uma lei ordinária disponha sobre matéria reservada pela CF a lei complementar, será formalmente inconstitucional na modalidade propriamente dita. Tanto a lei complementar tanto a ordinária são passíveis de impugnação por ADI. Atos normativos são espécies de normas que não são leis porque não passam pelo processo específico de produção das leis perante o poder legislativo. Todavia os atos normativos podem inovar no ordenamento jurídico e, buscam fundamento de validade na CF. Por exemplo: medidas provisórias, decretos autônomos, resoluções do CNJ e do CNMP, decretos legislativos, resoluções do congresso nacional e etc. Somente as leis e os atos normativos federais ou estaduais, podem ter a sua constitucionalidade questionada por ADI. 1.3) Leis Distritais: somente caberá ADI em face de leis distritais se estas tiverem sido produzidas no exercício da competência legislativa estadual, uma vez que ao distrito federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos estados e municípios, na forma do artigo 32 parágrafo 1° da CF. As leis distritais produzidas no exercício da competência legislativa municipal não podem ser impugnadas por ADI, pois não se admite ADI em face de lei municipal. Por exemplo: uma lei que define horário de funcionamento de estabelecimento comercial não pode ter sua validade questionada por ADI, pois foi produzida no exercício da competência municipal para legislar sobre assuntos de interesse local. Ver súmula vinculante 38. 27/10/2017 1.4) MP: As medidas provisórias podem ser objeto de ADI. É possível questionar a constitucionalidade dos requisitos de edição e do conteúdo da MP. Obs: de acordo com o STF, em regra, não é possível controle judicial sobre os requisitos da relevância e urgência, que estariam somente submetidos a controle político do próprio poder executivo e do poder legislativo. Todavia, o STF entende que nos casos de abuso do poder de editar MP e de violação à razoabilidade, será cabível controle judicial sobre os requisitos da relevância e urgência. Por exemplo: medida provisória editada para transformar secretaria de governo em ministério. Com evidente desvio de finalidade voltado a garantir prerrogativa de foro para membro do governo. As medidas provisórias são atos administrativos normativos com força de Lei. Cuja competência para edição e privativa do presidente da república. Caso medida provisória impugnada por ADI seja convertida em Lei, o STF admite a extensão da ADI para a Lei objeto de conversão, desde que o autor da ação emende a petição inicial fazendo referência a lei. 1.5) Tratados Internacionais: Não cabe controle de constitucionalidade por ADI em face dos tratados internacionais em si, pois estes são normas externas que estão fora da soberania nacional. Todavia, cabe ADI contra o decreto presidencial que autoriza publica, e promulga o tratado no plano interno. Antes da edição do decreto presidencial o congresso nacional deve aprovar o tratado internacional do qual o estado brasileiro seja signatário, o que é feito por decreto legislativo, na forma do artigo 49, I e 59 VI da CF. Segundo o STF os tratados e convenções internacionais internalizados no nosso sistema jurídico tem hierarquiade lei ordinária. Os tratados sobre direitos humanos têm hierarquia supralegal, ou seja, se localizam acima das leis porém abaixo da CF. Por fim, os tratados internacionais sobre direitos humanos aprovados pelo congresso nacional mediante a sistemática de aprovação das emendas à CF serão equivalentes as normas constitucionais, na forma do parágrafo 3° do artigo. 5° da CF, introduzido pela emenda constitucional 45/04. Neste caso, o tratado deve observar os limites formais, materiais e circunstanciais para aprovação de emendas à CF. Ex: decreto 6949/09 que promulga a convenção internacional sobre os direitos das pessoas com deficiência, aprovado pelo congresso nacional conforme a sistemática do art. 5° parágrafo 3° da CF. 1.6) Normas Constitucionais Originárias: Não cabe ADI contra norma constitucional originária, independente do seu conteúdo, pois estas normas são resultado do exercício do poder constituinte originário, que em princípio seria absoluto, ilimitado e incondicionado a ordem jurídica anterior. No Brasil, não.prevalece a tese da norma constitucional originária inconstitucional do alemão Otto bachoff. 1.7) Normas pré-constitucionais: Não cabe ADI contra norma anterior a CF. Trata-se de entendimento consolidado pelo STF,baseado na premissa de que norma anterior a CF e com ela incompatível é norma revogada, não fazendo sentido ajuizar ADI contra norma que já não existe mais. O argumento do STF tem muito mais um propósito pragmático, de defesa institucional, pois admitir ADI de norma anterior a CF aumentaria significativamente o volume de trabalho da corte. Caneta entretanto controle incidental de constitucionalidade em face de norma anterior a constituição. 1.8) Atos normativos secundários e atos de efeitos concretos: Segundo o STF não cabe ADI para impugnar atos normativos secundários como por exemplo: decretos regulamentares, resoluções, e portarias. Segundo o STF essas normas secundárias apenas regulamentam a Lei, isto é garantem a sua fiel execução, detalhando o seu cumprimento. Eles não inovam no ordenamento jurídico. Criando direitos e obrigações. O seu fundamento de validade imediato e a Lei, portanto, pode haver incompatibilidade direta entre a norma secundária e a Lei, o que se resolve no plano da legalidade. Pode ocorrer que a Lei objeto de regulamentação seja incompatível com a CF, porém neste caso, a ADI terá por objeto a Lei e não a norma secundária. Ainda predomina no STF o entendimento de que seria inviável ADI em fase de atos legislativos de efeitos concretos, que consistem em Leis no sentido formal, aprovadas pelo processo legislativo, porém com conteúdo de ato administrativo. Por exemplo: Lei que declara imóvel particular de interesse social para fins de desapropriação. Ex: lei que declara uma favela como área de especial interesse social para fins de regularização urbanística e fundiária. Embora tenham o nome de Lei, estes atos normativos não possuem os atributos da generalidade e da abstração, sendo destinadas a beneficiar pessoas específicas e regular situações também específicas. A jurisprudência do STF vem dando sinais de que poderá admitir ADI contra estes atos normativos de efeitos concretos. PARÂMETRO: O parâmetro para controle de constitucionalidade por ADI é a CF, formada pelo chamado bloco de constitucionalidade, formado por: Preâmbulo, Corpo permanente, também chamado de constituição propriamente dita. ADCP. o corpo permanente e o ADCP são parâmetro de controle de constitucionalidade por ADI. Todavia, segundo o STF o preâmbulo não é parâmetro para controle de constitucionalidade por não possuir força normativa, habitando o campo da política. É no preâmbulo que o poder constituinte originário apresenta as ideologias, os valores e os princípios da CF. Competência para julgar ADI: Lei ou ato normativo federal ou estadual em face da CF: STF. art 102, I, a. Lei ou ato normativo estadual ou municipal em face da constituição estadual: Tribunal de justiça. art 125 parágrafo 2°. Lei ou ato normativo municipal em face da CF: não cabe AD 03/11 ADI – EFEITOS DA DECISÃO FINAL No espaço: erga omnes – art.102 §2º CF e art.28 §único da Lei 9868\99 A decisão da ADI produz alguns tipos de efeitos próprios. O primeiro deles é o efeito no espaço, especificamente denominado erga omnes (contra todos) ou efeitos gerais, que tem previsão expressa no art. 102 §2º CF acrescentado pela EC 45 de 2004 e no §único do art.28 da Lei. 9868\99. Isto quer dizer que a eficácia da decisão transcende as “partes” da ação alcançando toda a sociedade. Efeito repristinatório: Trata-se de outro efeito típico da decisão final da ADI, que traduz consequência prática da aplicação da teoria da nulidade. Isto significa, que a norma revogada terá a sua eficácia restaurada por força da declaração de inconstitucionalidade da norma revogadora. Com efeito, a norma declarada inconstitucional por força da teoria da nulidade é nula desde o seu nascimento e não poderia ter produzido efeitos jurídicos válidos, inclusive, ter revogado norma anterior que dispunha sobre a mesma matéria. A repristinação tem previsão expressa no art.2º §3º da LINDB (lei de introdução as normas do direito brasileiro), segundo o qual, salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. A repristinação tem aplicação excepcional. OBS: Existem autores que fazem a distinção entre repristinação e efeito repristinatório. O efeito repristinatório é típico das ações objetivas de controle concentrado e abstrato de constitucionalidade e ocorre no plano de validade das normas. Sua aplicação é consequência lógica da teoria da nulidade da norma inconstitucional. Por sua vez, a repristinação opera no plano da existência das normas e deve ter previsão expressa na lei. Efeito vinculante e reclamação: O efeito vinculante significa que os órgãos da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, Municípios e os órgãos do Poder Judiciário, ressalvado o próprio STF, são obrigados a observar os termos da decisão final do STF em ADI. Caso quaisquer desses órgãos desrespeite os limites da decisão final da ADI, será cabível reclamação ao STF para garantia da autoridade de suas decisões, na forma do art.102, I, “L” CF. O efeito vinculante tem previsão expressa no art.102 §2º CF acrescentado pela E.C 45\04 e no §único do art.28 da Lei 9868\99. O STF não se submete ao efeito vinculante da decisão final da ADI, pois como guardião da Constituição tem a palavra final em matéria de interpretação constitucional, podendo a qualquer tempo rever os seus posicionamentos. Igualmente o poder legislativo não é alcançado pelo efeito vinculante da decisão final da ADI, podendo inclusive, editar norma com conteúdo idêntico ao de norma anteriormente declarada inconstitucional pelo STF. Neste caso, a Constituição fez preponderar interpretação mais conservadora do princípio da separação de poderes, não podendo o Poder Judiciário causar óbices ao exercício da função preponderante do Poder Legislativo. O que pode acontecer, é que um dos legitimados ativos ajuíze nova ADI para impugnar a nova lei Efeitos no tempo Retroatividade Modulação A decisão final em ADI em regra, produz efeitos retroativos no tempo, em virtude da aplicação da teoria da nulidade da norma inconstitucional. Excepcionalmente, tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, o STF pode por maioria de 2/3 dos seus membros (8 ministros) restringir os efeitos da decisão ou afirmar que ela só tenha eficácia a partir do seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. OBS: De acordo com este dispositivo, o STF pode inclusive, determinar que a decisão somente venha a produzir efeitos práticos em momento posterior ao do trânsito em julgado da decisão. A lei não estabelece período de tempo máximo, logo, o STF poderia por exemplo, dizer que a decisão só produzirá efeitos 10 anos após o trânsitoem julgado, o que na opinião do professor caracterizaria uma aplicação reforçada do efeito prospectivo, não retroativo, ou ex nunc. Medida cautelar na ADI – art.10 e seguintes da Lei 9868\99 Durante o processo e julgamento da ADI, será cabível medida cautelar, que poderá resultar na suspensão provisória da eficácia da norma impugnada até o julgamento da ação. A medida cautelar na ADI é excepcional, tendo em vista o Princípio da Presunção de Validade dos atos do Poder Público, inclusive, os de caráter normativo. Para a concessão de medida cautelar na ADI, devem estar presentes os requisitos da Plausibilidade da Tese Jurídica apresentada pelo legitimado ativo: (Fumus Boni Iuris) e o perigo de demora do provimento final (Periculum in mora), que poderá causar prejuízos irreversíveis ou de difícil reparação. Exemplo: Numa ADI ajuizada em portaria do Ministério da Saúde que proíbe doação de sangue por homossexuais, é possível alegar a inconstitucionalidade da norma por violação ao Princípio da Igualdade, ao Princípio da Dignidade Humana, a Liberdade de opção sexual e a Vedação a atos discriminatórios em razão de opção sexual. Neste caso, fala-se em fumus boni iuris. Caso fique comprovado que a proibição poderá causar risco de desabastecimento de bancos de sangue, colocando a vida de pessoas em risco, em tese, estará presente o periculum in mora. # A medida cautelar na ADI é concedida por decisão da maioria absoluta dos membros do STF (6 ministros), devendo estar presentes na sessão 8 ministros. Art.11 da Lei 9868\99: A medida cautelar na ADI tem eficácia erga omnes. Competência do STF para julgar medida cautelar na ADI: Art.102, I, “p” CF # A concessão da medida cautelar também produz efeitos vinculantes, e podem repercutir inclusive sobre o STF. Por exemplo, caso o RE tratando da mesma matéria da norma suspensa por cautelar esteja sendo apreciada por uma das turmas da Corte, seu julgamento deverá ser suspenso durante a vigência da cautelar, devendo ser reestabelecido após a decisão final da ADI. Art.11 §1º lei 9868\99: a concessão da medida cautelar produz efeitos não retroativos no tempo (ex nunc), salvo se o STF entender que deva atribuir eficácia retroativa a medida cautelar. Art.11 §2º: a concessão da medida cautelar produz efeito repristinatório, isto é, torna aplicável a legislação revogada pela norma suspensa cautelarmente, ressalvada expressa manifestação do STF em sentido contrário. 10/11/2017 AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTICIONALIDADE- ADC A ADC foi instituída pela emenda Constitucional 3 de 1993, que alterou o artigo 102, I, “a” da CF. Este dispositivo afirma que compete ao STF processar e julgar originariamente a ADC de Lei ou ato normativo Federal. Verifica-se, portanto, que o objeto da ADC é mais restrito do que o objeto da ADI. A ADC tem fundamento no princípio da presunção de legitimidade dos atos do poder público. Ela tem por objetivo confirmar a constitucionalidade de Lei ao ato normativo Federal caso exista controvérsia judicial relevante sobre a validade da norma, provocando incerteza jurídica. Legitimados ativos: Mesmos da ADI, ver art. 103 CF. OBS: Antes da emenda 45/04 somente o presidente da república, as mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, e o Procurador Geral da República podiam propor ADC. A Emenda 45 alterou a redação do caput do art. 103 da CF, incluindo a ADC. Cuidado com a redação do art. 13, da Lei 9869/99. OBS: A Lei 9868/99 também regulamenta processo e julgamento da ADC. Legitimado passivo: Segundo a jurisprudência do STF não há legitimado passivo na ADC, uma vez que a norma objeto da ação é constitucional e a finalidade da ação é confirmar essa constitucionalidade diante de situações que possam caracterizar controvérsia judicial relevante, em nome da segurança jurídica. Objeto: Art. 102, I, “a”. O abjeto da ADC são as Lei ou atos normativos federais. 3.1) Controvérsia relevante: O principal requisito de cabimento da ADC é a existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da norma objeto da ação, na forma do art. 14, III da Lei 9868/99. Parâmetro: O parâmetro de ajuizamento da ADC é a CF, no que diz respeito ao chamado bloco de constitucionalidade, formado pelo corpo permanente da CF, também denominado constituição propriamente dita, e pelo ADCP (ato das disposições constitucionais transitórias). OBS: Segundo a jurisprudência do STF pode existir ADC no plano estadual. Deve haver previsão na respectiva Constituição Estadual e a Constituição Estadual não pode atribuir legitimidade ativa para um único órgão. Na ADC estadual o objeto da ação são as Leis ou os atos normativos estaduais e municipais e, o parâmetro da ação é a Constituição Estadual. Competência: A competência para processar e julgar as ADC’s originariamente é do STF. No plano estadual a competência será do respectivo tribunal de justiça. Efeitos: Ver ADI. Art. 102 § 2º, que fala da eficácia erga Omnes, efeitos vinculantes e no tempo. Também cabe modulação. 6.1) Natureza dúplice: A ADI e ADC são ações com natureza dúplice, ou nas palavras do Ministro Gilmar Mendes, “ações com sinais trocados”, pois a procedência da ADC corresponde a improcedência da ADI, e vice-versa. Medida Cautelar: Art. 21 da Lei 9868/99. É cabível medida cautelar na ADC. A medida cautelar na ADC consiste na determinação pelo STF de que juízes e tribunais suspendam os processos que envolvam a aplicação da Lei ou ato normativo objeto da ADC. Uma vez concedida a Medida Cautelar o STF deve julgar a ação no prazo de 180 dias sob pena de perda de sua eficácia. A MC em ADC produz efeitos ex nunc, não retroativos, como a ADI.
Compartilhar