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Rio de Janeiro, 21 de fevereiro de 2018 – AULA 1 1) Apresentação da disciplina 2) Conteúdo programático Unidade I – teoria da constituição Unidade II – poder constituinte Unidade III – direitos e garantias fundamentais 3) Bibliografia: Pedro Lenza Alexandre de Moraes José Afonso da Silva Guilherme Pena Gimar Mendes Luis Roberto Barroso Rio de Janeiro, 28 de fevereiro de 2018 – AULA 2 Unidade I – Teoria Gera da Constituição Conceitos de Constituição a) Em sentido sociológico (FERDINAND LASSALE – livro: A essência da constituição): • É o conjunto de fatores reais de poder de uma sociedade. • A constituição escrita é mera folha de papel. PROFESSOR: Para o autor os fatores reais de poder são todos aqueles grupos dentro de uma sociedade que se organizam de acordo com seus interesses. Lessale dá o exemplo das forças armadas, das igrejas, dos sindicatos, que se mobilizam e se organizam para obter poder sobre determinado grupo da sociedade, de acordo com seus interesses. A sociedade são grupos que se organizam em grupos que defendem seus interesses. Através desse conjunto de fatores reais de poder, são formados grupos que articulam a forma da distribuição de poder dentro de uma sociedade. Dentro de uma sociedade é normal estarmos relacionados a diferentes grupos de interesses, ou seja, envolvidos em diferentes fatores de poder. Com isso ele entende que os fatores reais de poder é que formam a constituição de uma sociedade. LIVRO: “O autor Ferdinand Lassale, considerado como o precursor da social democracia alemã no século XIX. Para Lassale, a constituição é a soma dos fatores reais de poder que emanam do povo, uma vez que a constituição não é somente uma folha de papel. Assim, todo agrupamento humano tem uma constituição. No pensamento de Lassale percebe-se a existência de duas constituições: uma constituição real, que corresponde à soma dos fatores de poder que regem o Estado, e uma constituição escrita, que, quando não cumprida, apresenta-se apenas como uma folha de papel.” b) Em sentido político (CALL SCHMITT): • É uma decisão fundamental de uma unidade política. PROFESSOR: Para Schmitt para se falar em constituição é necessário que haja algum acordo/pacto, que eles chamam de decisão política fundamental. Ele cita como exemplo a Constituição de 1988, quando entenderam que era necessário distribuir o poder dentro da sociedade, poder este que foi retirado em 1967 no período autoritário. Segundo Schmitt é preciso buscar um acordo/negociação, para a realização de uma constituição. LIVRO: “Cal Schmitt define a Constituição no Sentido Político e afirma que ela é “uma decisão política fundamental do povo”. A posição decisionista é apontada por Schmitt, pois entende a constituição como um reflexo das escolhas, decisões, tomadas para a gestão do Estado. O ponto de encontro entre as duas teorias é o entendimento de Schmitt de que a constituição também não é só uma lei escrita em uma folha de papel.” c) Em sentido jurídico (HANS KELSEN) • Um sentido lógico jurídico é a norma fundamental hipotética. • Um sentido jurídico positivo ou jurídico formal é a lei nacional em seu mais alto grau. PROFESSOR: Ele dizia que o ordenamento jurídico tinha aparência de uma pirâmide. Dividida em fases até chegar no mais alto grau da constituição. Onde a base da pirâmide são as circulares as portarias, e a medida que vamos subindo temos as leis/normas., até chegar ao topo que onde encontramos a Constituição, mas na ponta temos a norma fundamental hipotética. Kelsen diz que essa constituição escrita esta abaixo de uma norma jurídica costumeira (costume jurídico). Kelsen, tem três opiniões diferentes: 1º) Pacta Sunt Servanda: é o acordo que foi celebrado, antes de escrever a primeira palavra para a formular a Constituição. 2°) Outro costume jurídico: cada Estado vai ter como norma fundamental hipotética, e isso será denominado de acordo com a história de cada país. 3º) Qualquer outra coisa. LIVRO: “A constituição existe em dois planos para Kelsen: no plano lógico-jurídico e no plano jurídico-positivo. A visão lógico-jurídica refere-se ao ideal da norma hipotética fundamental presente nos Estados, ou seja, trata do fundamento lógico, valorativo, no qual o legislador constituinte irá se basear para a elaboração da norma constitucional positiva. No plano jurídico- positivo trata da constituição como norma suprema positivada.” CONSTITUCIONALISMO ANTIGA MÉDIA MODERNO CONTEMPORÂNEO V XV XVIII XIX CONSTITUCIONALISMO ANTIGO Se chama assim porque ele coincide com o período da idade antiga (surgiu no início no período romano). E foi dado o nome de constitucionalismo antigo. LIVRO: “Na Antiguidade (até o século VIII) observava-se a existência do Constitucionalismo. Kal Lowesnstein, citado por Pedro Lenza1, afirma que o Constitucionalismo demonstrava suas raízes, nesse período, em dois momentos distintos. No Estado Teocrático Hebreu os profetas tinham a atribuição de fiscalizar os atos do poder público para verificar se esses atos eram compatíveis com o texto bíblico, limitando, portanto, a atuação do Estado, principal característica do Constitucionalismo. Na Grécia Antiga, em especial em Atenas e Esparta, era possível que o cidadão grego ajuizasse ações para controlar os atos do poder público” CONSTITUCIONALISMO MODERNO Na idade moderna não temos como falar em constitucionalismo, já que não existe partilha de poder político, era um estado absolutista. Recebe essa denominação (constitucionalismo moderno), porque embora não houvesse partilha de poder político, foi nessa época que se iniciou todo o processo para elaborar uma constituição. Vale ressaltar que ele foi apenas gestado/pensado, já que sua elaboração se deu no final do século XVIII em alguns países. A surgir as “primeiras constituições”, como o da Virginia em 1776. Alguns historiadores dizem que não poderia se considerar exatamente uma constituição, mas foi um pontapé para a formulação de uma. A razão pela qual começou a se pensar e criar uma constituição foi a evolução da sociedade, e com isso era necessário separa- las de outras normas para que ela não tivesse grandes mudanças durante o tempo, e sim sofrer pequenos ajustes. LIVRO: “No século XVIII, dois documentos mudaram a história do Constitucionalismo: a Constituição Norte Americana de 1787 e a Constituição Francesa de 1791. No meio dessas duas constituições, a Revolução Francesa em 1789 reforçou o movimento constitucionalista. Por influência dessas duas constituições e dos ideais da Revolução Francesa, o Constitucionalismo se espalhou por toda a Europa e cada monarquia foi caindo por terra. Em decorrência dessa influência, foram elaboradas várias constituições, como a Primeira Constituição Espanhola de 1812 e a Primeira Constituição de Portugal de 1822. No Brasil, em 1824, foi elaborada a Primeira Constituição brasileira, outorgada por Dom Pedro I. Dom Pedro I sabia que a única forma de se legitimar no poder era por meio de uma constituição.” CONSTITUCIONALISMO CONTEMPORÂNEO LIVRO: “O Constitucionalismo na contemporaneidade recebe o nome de Neoconstitucionalismo, sendo fruto de uma série de princípios constitucionais do século XX. Antes de se abordar de forma específica o Neoconstitucionalismo, é importante tratar de alguns constitucionalismos que o precedem.” CLASSIFICAÇÕES DAS CONSTITUIÇÕES QUANTO A FORMA a) Quanto à forma: • Escrita As constituições escritas são aquelas materializadas em um documento escrito a fim de se buscar instrumentalizar e garantir a obediência de suas determinações. Todas as constituições brasileirassão escritas. • Não escritas (costumeira/consuetudinária) As constituições não escritas não são codificadas e, portanto, não se materializam de forma específica como constituição. Essas constituições baseiam-se nos costumes e, por isso, são utilizadas em Estados com consuetudinárias. Ex.: Constituição Inglesa em que parte das normas são costumeiras. b) Quanto a origem: • Promulgada (democrática/popular) quando é elaborada com a participação do povo que irá ordenar, por meio da democracia direta ou da democracia representativa (eleição direta de uma Assembleia Nacional Constituinte). No Brasil, foram instituídas de forma democrática as constituições de 1891, 1934, 1946 e 1988. • Outorgadas (autoritárias) As constituições nomeadas como “outorgadas” ou “impostas” são aquelas elaboradas sem a participação popular, impostas pelos governantes ao povo. Elas são o resultado de uma manifestação unilateral daqueles que exercem a gestão do Estado. No Brasil, foram instituídas de forma outorgadas as constituições de 1824, 1937, 1967 e a emenda constitucional de 1969 • Cesarista / Bonapartista: são fruto de uma elaboração autoritária pelo Estado, mas passam por aprovação popular posterior por meio de plebiscito. A diferença dela ser democrática e não autoritária é que não tinha uma participação efetiva do povo em sua elaboração. • Pactuada: são aquelas que se efetivam por meio de um pacto realizado entre o rei (Executivo) e o Legislativo, determinando que o monarca tenha que se sujeitar a limites constitucionais. Ex.: Magna Carta de 1215, na qual os barões ingleses obrigaram o rei João I (João sem terra) a assinar e conceder direitos de liberdade e propriedade. c) Quanto ao modo de elaboração: • Dogmática: todas as constituições brasileiras foram dogmáticas. Dogma é uma afirmação tomada como a verdade. É a constituição que nasce num momento histórico preciso, incorpora os dogmas jurídicos deste momento e substitui a constituição anterior. • Histórica (costumeira/consuetudinária): É a constituição que não possui uma data precisa de nascimento, pois vai se constituindo gradualmente ao longo da história na medida em que novos dogmas vão nascendo. Exemplo: constituição norte americana, ela começou como dogmática, mas sofreu tantas modificações e hoje ela se caracteriza como uma constituição histórica, pois ela permite a entrada de novos dogmas. LIVRO: As constituições poderão ser elaboradas de formas diferentes e em momentos diferentes e esparsos. A constituição nomeada como “dogmática” é aquela elaborada em um único período, de uma só vez, sofrendo influências da época e do momento em que foi elaborada. A constituição “histórica” é elaborada “aos poucos”, pois surge com o passar do tempo e com a evolução da sociedade Rio de Janeiro, 07 de março de 2018 – AULA 3 Continuação: d) Quanto a estabilidade: • Rígida Somente pode ser modificada seguindo um procedimento de aprovação de ementas constitucionais mais rigoroso que o procedimento para a aprovação de leis ordinárias. LIVRO: são aquelas que admitem a modificação de seus textos, mas que exigem que a alteração ocorra somente após um processo legislativo mais dificultoso do que o utilizado para a elaboração de leis ordinárias. Exemplo: Art. 60. Paragrafo 2º. • Flexível O procedimento para aprovação de ementas constitucionais é igual ao procedimento para aprovação de leis ordinárias. LIVRO: são aquelas que permitem a mudança do texto constitucional, por meio do mesmo processo ordinário de elaboração e modificações de leis. • Semirrígida / semi flexível parte de seu texto somente pode ser modificada seguindo um procedimento mais dificultoso, e a parte restante pode ser modificada seguindo o mesmo procedimento de aprovação de leis ordinárias. LIVRO: estabelecem um processo legislativo mais complexo para a modificação da constituição somente para parte de seu texto constitucional, sendo restante modificado nos mesmos critérios de modificação de lei ordinária. Ex.: Constituição Brasileira de 1824. • Super rígida É aquela em que parte de seu texto é imutável (cláusulas pétreas). - Art. 60. Parágrafo 4º. Exemplo: a proibição de separação de poderes. • Imutável é uma constituição não admite ementas constitucionais. LIVRO: aquelas que não aditem qualquer tipo de modificação. Esse tipo de constituição não é popular, devido à dificuldade que ela coloca para a atualização do texto constitucional às novas demandas sempre trazidas pela evolução da sociedade. e) Quanto a sua extensão: • Sintética Possui apenas princípios gerais de direito. LIVRO: possuem um conteúdo restrito ao que é estritamente necessário de ser tratado pela constituição. Ex.: a Constituição dos Estados Unidos da América é composta de apenas sete artigos originais e vinte e sete emendas. • Analítica além de possuir princípios gerais do direito, há um detalhamento maior destes princípios. Exemplo: Art. 5° - caput. LIVRO: são aquelas que, além de versar sobre os conteúdos básicos de uma constituição, optam por abordar outros assuntos no texto constitucional, e por isso ficam bastante estendidas. No Brasil, a Constituição da República de 1988 é extremamente extensa, pois o regime anterior à constituição era ditatorial e o constituinte entendeu ser mais seguro defender e determinar como seriam as relações estatais no Estado Democrático, por meio do texto constitucional, norma suprema do Estado. Essas constituições prolixas tendem a ser menos estáveis, pois como tratam de assuntos diversos acabam precisando com mais frequência de uma adaptação legislativa do texto à evolução humana. f) A ideologia: • Ortodoxa são ligadas a apenas uma ideologia, capitalista ou socialista. TRABALHO (socialista) X CAPITAL (capitalista). • Heterodoxa (eclética) constituições que mesclam duas ideologias. Exemplo: constituição da Rússia. g) Quanto a finalidade: • De garantia Estabelecem em seu texto um conjunto mínimo de direitos dos cidadãos em face da sempre presente ameaça do poder do Estado. LIVRO: aquela que pretende garantir os direitos fundamentais frente ao Estado, determinando limites para a atuação do Estado • De balanço são aquelas que, além de possuírem direitos dos cidadãos em face do poder do Estado, incorporam direitos sociais, de tal forma que passa a existir um relativo equilíbrio entre os interesses dos que vivem do capital e dos que vivem do trabalho. • Dirigente ou programática além de manter das características de constituições de balanço e de garantia, estabelece metas para serem alcançadas no médio e longo prazo, por meio das normas programáticas. LIVRO: quando os seus artigos definirem objetivos para o futuro e para a atuação estatal.
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