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MATÉRIA COMPLETA Civil IV

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31/07/17
OS DIREITOS CONTRATUAIS E OS DIREITOS REAIS 
Como regra, a aquisição da propriedade imobiliária exige o registro de imóveis (escritura pública) na titularidade dos direitos reais.
Após o registro, pouco importa a causa daquela propriedade, a partir dali está estabelecido um vínculo do sujeito ativo que é o proprietário de maneira que só precisará da coisa para exercer o seu direito real.
O sujeito passivo de todo e qualquer direito de propriedade é a coletividade, pois todos indistintamente assumem o dever jurídico de não praticar qualquer conduta que viole o meu direito real. Eu sou dono do meu imóvel, por exemplo, ficando todos em estado de sujeição.
Ex: eu comprei o imóvel da Alessandra através de escritura de compra e venda (eficácia interpartes). Dando fim ao direito pessoal, passando a existir o direito de propriedade. Pouco importa o destino que darei a coisa, uma vez que possuo vínculo com ela.
E a aquisição da propriedade móvel ocorre através da entrega.
ATENÇÃO : o ponto de partida de todo direito real é a própria coisa.
Enquanto no direito contratual o sujeito ativo e passivo são determinados ou determináveis, no direito real o sujeito passivo é indeterminável. Como regra, os direitos reais são criados a partir de um contrato, mas só se tornam um direito real a partir do momento em que ocorre o registro imobiliário em se tratando de imóvel, e móvel junto ao registro de títulos e documentos.
Art. 1225 do CC – modalidades de direito real
Ex: Hipoteca (direito real de garantia sob bem imóvel)
Maike quer vender o seu imóvel e Raymundo não possui dinheiro para comprar. Ambos compactuarão um contrato com escritura de compra e venda, registrando. Maike quer R$ 300.00,00 no imóvel, sendo que Raymundo só possui R$ 100.00,00. Raymundo irá se dirigir a Caixa Econômica Federal para que ela empreste os R$ 200.00,00 que faltam. A Caixa irá depositar o dinheiro em uma conta depois de um tempo ela efetua o pagamento a Maike, que logo depois de um tempo desaparece. Raymundo então, se torna proprietário do bem. Porém, Raymundo deverá pagar os R$ 200.00,00 a Caixa em prestações. A Caixa fará um contrato com Raymundo de empréstimo à juros (contrato de mútuo feneratício) + pacto de hipoteca (tomo emprestado os 200 mil em 30 anos, mas dou em garatia o próprio imóvel). No RI consta como Raymundo sendo o proprietário do imóvel. A partir do momento que a hipoteca é registrada junto ao RI, a mesma que começou pelo contrato passa a ser um direito real, pelo fato de Raymundo passar a ser um devedor hipotecário e a Caixa Econômica passou a ser sujeito ativo de um direito real que pertence a Raymundo um credor hipotecário.
SUJEITO ATIVO = Caixa Econômica Federal
OBJETO = a propriedade
SUJEITO PASSIVO = uma vez registrada a hipoteca, o sujeito passivo será a coletividade.
Diferenças entre o Direito Contratual e o Direito Real 
Em todos os contratos o direito passivo é determinável ou determinado; 
Nos contratos estamos diante de um negócio que produz eficácia interpartes;
No direito real estamos diante de um negócio que produz eficácia erga omnes;
Em qualquer direito real, o dever jurídico que se impõe a coletividade é sempre uma obrigação de não fazer, pois todos assumem o dever de não praticar qualquer conduta que viole o direito alheio.
No direito real o objeto é a própria coisa, enquanto no direito pessoal o objeto é sempre a entrega de uma prestação. 
A origem de um direito real normalmente é contratual e através da celebração de um contrato se chega comunmente à obtenção de um direito real, sendo mais comum a propriedade.
A aquisição da propriedade imobiliária se dá como regra através do registro e da propriedade móvel com a tradição. Em ambos os casos e uma vez constituída a propriedade, pouco importa a origem de sua constituição, na medida em que o proprietário passa a estabelecer um vínculo com a coisa e delibera sem a concorrência de terceiros a melhor maneira de fazer o uso do bem.
O sujeito passivo de todo e qualquer direito real é sempre a coletividade que assume a obrigação de não praticar qualquer conduta que viole um direito real alheio. Enquanto no direito pessoal o sujeito passivo é determinado, a obrigação imputada às partes pode ser de dar, fazer e não fazer e o objeto é a entrega de uma prestação com eficácia interpartes, no direito real o sujeito passivo é sempre indeterminado, mesmo que potencialmente violado por pessoa diretamente ligada aquele direito real, a obrigação é sempre de não fazer e o objeto é a própria coisa que dependendo da espécie de direito real, ainda poderá ser objeto de usucapião.
Outra modalidade de direito real é a servidão (direito real imobiliário). A mais habitual é a servidão de passagem/ servidão de trânsito. Ex:
RUA
Imóvel A 
================
Imóvel B
RUA 
Para que o Imóvel A tenha acesso a rua debaixo, deve dar uma volta enorme, sendo que o atual proprietário do Imóvel A é um casal de idosos. Esse imóvel A sabendo que um certo trecho não é utilizado pelo Imóvel B, decide chegar para o imóvel B para criar uma servidão.
O atual proprietário do Imóvel A e o atual proprietário do Imóvel B manifestarão sua vontade através de escritura pública de maneira onerosa. Realizando um contrato interpartes, não bastando somente isso. Deverá estar acompanhado do REGISTRO, estando constituída a servidão.
Portanto, para que seja criada a servidão é necessário o documento interpartes seguida de registro para que seja oponível erga omnes.
SUJEITO ATIVO = Imóvel A passa a ter o direito de ir e vir nessa servidão 
OBJETO = o próprio bem
SUJEITO PASSIVO = coletividade
É cabível que o imóvel seja desapropriado para a criação de uma escola, na hora da desapropriação, como o Imóvel A é de titularidade de uma servidão sob o Imóvel B, tendo o mesmo um valor de X+Y, devendo o poder público respeitá-lo.
Outro exemplo é no caso de o proprietário do Imóvel B alugar ou vender este imóvel para o Marcelo, o mesmo deverá respeitar a servidão, uma vez que seu vínculo é com a coletividade.
02/08/17
Obrigação Propter Rem
Obrigação de caráter pecuniário, na qual o indivíduo tem o dever de adimplir por ser titular de um direito real pré-existente. Trata-se de obrigações híbridas ou mistas por não serem nem do genuíno direito real e nem do genuíno direito pessoal, pouco importando se o indivíduo é ou era dono, devendo ainda sim custeá-las.
Ex: cota condominial.
Quando provoco dano ambiental em minha propriedade, a obrigação de custear a recomposição do dano ambiental é uma obrigação propter rem.
OBS: obrigações originárias de consumo como contas de água, luz não são obrigações propter rem, pois são contraídas de forma voluntária pela efetiva prestação de um serviço privado, mas de interesse público.
Princípios que limitam o exercício e a titularidade dos direitos reais 
1) Interesse público:
A titularidade de um direito real pode sucumbir ou até mesmo ser restringida aos interesses da coletividade.
Exemplos (reflexos):
Desapropriação 
A pessoa perde o seu imóvel em prol de um interesse público devidamente justificado, mediante prévia e justa indenização.
Tombamento
Restrição ao direito de propriedade em homenagem ao patrimônio artístico, histórico, urbanístico e cultural da humanidade. Ex: Colégio Anchieta e Fórum de Cantagalo.
Normas de construção
Ex: leis municipais. Mesmo sendo proprietário de um imóvel, não tenho autonomia para construí-lo na altura e proporção que eu bem entender, em razão da proibição de uma lei municipal. 
2) Função social 
Condicionante ao direito real em que a titularidade de um direito real deve ter por um objetivo uma adequada finalidade, tendo uma adequada proteção mesmo que não seja o titular de um direito real.
Exemplos (reflexos):
Redução dos prazos de usucapião - Art. 1238
Hoje em dia o prazo máximo de usucapião é de 15 anos. No código de XVI, o prazo máximo era de 10 anos. 
Acessão invertida ou inversa – Art. 1255, § único
Segundo Código Civil, a regra geral é de que o acessório segue a sorte do principal,isto é, tudo aquilo que construí ou plantei, presume-se ser do dono do terreno. Entretanto, segundo o art. 1255, § único afasta essa regra geral. Portanto, se construí ou plantei e essa construção ou plantação acabou excedendo consideravelmente o valor do solo, eu que construí tenho o direito potestativo de exigir a entrega do terreno mesmo que o proprietário não queira me dar. Aquele que constrói ou planta de boa-fé tem direito a acessão invertida, desde que pague o valor do solo.
Desapropriação privada – Art. 1258
Se eu de boa-fé invadir até um vigésimo do terreno do vizinho, passo a ser dono do bem. Caso passe de um vigésimo, a indenização passará a ser referente à perda e a desvalorização da área.
Características dos direitos reais:
Oponibilidade erga omnes
Toda coletividade tem o direito de respeitar a titularidade do direito real alheio. Isso ocorre a partir do registro junto ao RI em se tratando de bem imóvel e do registro junto ao cartório de títulos e documentos em se tratando de bem móvel.
 Taxatividade
Pela característica da taxatividade é possível afirmar que só existem os direitos reais expressamente previstos em lei. Não se é possível criar direitos reais. A grande maioria está consagrada no art. 1225 do CC, entretanto, não são todos.
Aderência
Pela característica da aderência, uma vez estabelecido o direito real abstratamente considerado sobre a coisa, cria-se um vínculo inafastável entre o direito e um bem, de maneira que não há como o próprio titular e a coletividade observarem uma coisa sem a outra.
Ambulatoriedade
A ambulatoriedade é a capacidade de se deslocar atribuível ao direito real, de maneira que o titular não precisa ter o contato com a coisa a todo o momento, admitindo-se assim o afastamento físico sem a perda do direito real, bem como a ideia de que a transferência de titularidade dos direitos reais não provoca qualquer alteração ao vínculo do direito com a coisa. Assim, o credor hipotecário, por exemplo, não perde o seu direito real por estar afastado da coisa, na medida em que é o devedor hipotecário quem terá esse contrato.
Sequela
A sequela é proveniente da aderência e a prerrogativa do titular do direito dessa natureza de buscar a coisa onde quer e com quem quer que injustamente a possua fazendo o uso habitualmente das medidas judiciais com esse objetivo. Assim, na hipoteca, se o devedor hipotecário não paga, o credor fazendo valer o seu direito real poderá exigir a venda do bem para o pagamento da dívida fazendo uso através disso do seu direito de sequela.
07/08/17
Exclusividade
Por essa característica não é possível que duas ou mais pessoas postule direito real idêntico e ao mesmo tempo recaindo sob o mesmo bem. Neste contexto, é possível que este indivíduo postule autonomamente o mesmo direito real sobre a coisa. Por outro lado, é admissível que duas ou mais pessoas exerça direito real idêntico desde que um não pretenda reivindicar o do outro.
No condomínio onde duas ou mais pessoas são coproprietárias é perfeitamente possível verificar essa situação. Em contrapartida, a coisa móvel ou imóvel pode suportar direitos reais distintos recaindo sobre ele ao mesmo tempo como se vê, por exemplo, na hipoteca onde o imóvel suporta a propriedade e o credor hipotecário tem o direito real de fazer uso daquele bem na hipótese de inadimplemento.
Preferência 
O credor com garantia real (hipotecário, pignoratício) terá prioridade em receber seu crédito diante dos credores quirografários, sem garantia, na hipótese de falência, insolvência.
OBS: Tal preferência não é absoluta – art. 83 da Lei 11.101/05 (Lei de Falência) e Súmula 478 do STJ. Esta preferência, portanto, é relativa, pois não se faz valer a todo e qualquer crédito. Portanto, trata-se de uma preferência erga alíquos (preferência em relação a alguns créditos).
Qual a razão da preferência do crédito condominial sob o credor quirografário?
Muito embora a Lei de Falências não tenha tratado dos débitos condominiais, a Súmula 478 resolve de vez a questão deixando claro que a prioridade é o pagamento da dívida do condomínio.
Inicialmente, o não custeio das dívidas dessa natureza acaba por onerar os demais condomínios que são obrigados a fazer frente às despesas do inadimplente, na medida em que as dívidas do condomínio não cessam com aquele não pagamento pontual. Ademais, se o imóvel não se conserva porque o condomínio não possui patrimônio para tanto, no momento em que o imóvel precisa ser alienado, a consequência será de um imóvel desvalorizado de forma que o número menor de credores será satisfeito com essa situação. Por fim, estamos diante de uma obrigação Propter Rem e como tal não seria justo que o novo adquirente tivesse que suportar uma dívida que não lhe pertencia, o que seria a consequência inafastada da continuidade do débito condominial.
Perpetuidade
Significa que os direitos reais são criados para ter um tempo indefinido, indeterminado de existência. Não se trata de uma característica absoluta dos direitos reais, pois há direitos reais que são criados com prazos específicos de existência, como, por exemplo, a hipoteca, que no momento em que estabeleço a mesma já sabemos diante mão que tem prazo determinado para acabar que ocorre com o pagamento do financiamento e o usufruto.
Mesmo os direitos reais temporários não são efêmeros de existência, tendo um prazo razoável de duração.
Elasticidade
Tal característica é proveniente do art. 1228, caput, do CC.
Faculdades inerentes à propriedade
Usar: 
Emprestar, gastar, manusear e etc.
Fruir (jus fruendi):
Perceber os frutos, alugando, arrendando, fazendo parceria agrícola.
Dispor (jus utendi):
Envolve as possibilidades de alienar, transferir a propriedade a título oneroso ou gratuito a produzir e gravar (dar em garantia) empenhar, hipotecar e etc.
Esses três poderes são chamados de aspectos internos da propriedade, uma vez que o titular só precisa da própria coisa para fazer uso desses poderes ou faculdades.
Reivindicar:
Trata-se de um aspecto externo da propriedade, pois o indivíduo só precisa de um terceiro violando seu direito real para que faça o uso do seu poder de reivindicar.
A faculdade de reivindicar é o direito de sequela do proprietário. Quando o proprietário tem consigo os quatro poderes ou faculdade estamos diante de um proprietário pleno. Entretanto, há situações em que o proprietário não possui esses quatro poderes, sendo um proprietário limitado, como, por exemplo, quando constituo uma servidão em favor da Cintia. Eu que era a proprietária plena assumo a qualidade de proprietária limitada, pois continuo podendo dispor, reivindicar, fruir, mas em relação ao meu poder de usar, acabo sofrendo uma restrição pelo fato de poder usar de tudo, menos aquele determinado trecho.
Outro exemplo é o caso de oferecer imóvel em hipoteca como garantia, posso usar, fruir, reivindicar, mas estou limitando o meu poder de dispor. Posso alienar, entretanto, para fazer corretamente é necessária a anuência do mesmo.
O usual é que esses quatro poderes e faculdades inerentes à propriedade estejam concentrados nas mãos daquele que se qualifica como proprietário. Porém, é usual que estes poderes não estejam concentrados nas mãos do proprietário, seja porque não tem parte de um alguns ou algum desses poderes.
Na servidão, por exemplo, o indivíduo continua dono, porém a sua propriedade é limitada, na medida em que sofre uma restrição no poder de usar. Toda vez que o indivíduo não tem esses poderes em sua totalidade, será conhecido como proprietário limitado ou restrito e o uso só se torna possível devido à característica da elasticidade, na medida em que devido às mesmas é possível que as faculdades não estejam concentradas nas mãos do proprietário.
POSSE – ART. 1.196 DO CC
Enquanto a propriedade reconhece a titularidade das faculdades inerentes à mesma, a posse é um fenômeno relacionado ao exercício desses poderes ou faculdades. 
Normalmente, a pessoa exerce esses poderes ou faculdades por estar apoiado na titularidade de um direito real.Porém, é perfeitamente possível visualizar aquele indivíduo que exerce esses poderes ou faculdades sem estar amparado em qualquer relação jurídica pré-constituída. 
Imaginando o indivíduo que venda determinado imóvel e logo em sequência construa no mesmo, alugue uma de suas construções e pretenda vender outras. Nesse contexto, este indivíduo não é titular de relação jurídica alguma, porém exerce as faculdades inerentes a propriedade com benesses do art. 1.196 do CC.
A doutrina discute sobre a natureza jurídica da posse entendendo alguns que se trata de fato, na medida em que estamos diante de um fenômeno de nossa vida cotidiana e que é possível observar a todo o momento e para outros é verdadeiro direito, em razão de que tanto no CC, quanto no CPC tratam da questão. O melhor entendimento parece ser aquele que compreende a posse como um fato, mas tem como verdadeiro direito a depender da análise do caso concreto.
09/08/17
Teorias sobre a posse
Subjetiva – art. 1238 do CC 
Obs: está ligada à usucapião!!!
Segundo a teoria subjetiva da posse idealizada pelo professor Savigny, para que determinada pessoa seja qualificada como possuidora da coisa, a mesma deve ter a junção do corpus e o animus. Ambos os requisitos devem estar cumulativamente presentes para que a pessoa seja considerada uma possuidora.
Corpus: significa a coisa, o bem móvel ou imóvel e mais um conjunto de atos materiais que revela o poder físico sobre ela.
O locatário poderia ser considerado um possuidor se a coisa paralisar no corpus. Entretanto, é necessário o animus domini que é a intenção de adquirir a propriedade, isto é, como o indivíduo comporta-se em relação à coisa com o objetivo de se tornar dono da mesma. Concluímos então, que o locatário não teria a posse pelo fato de pagar o aluguel reconhece que está na qualidade de inquilino.
Objetiva – art. 1.196 do CC
O Direito brasileiro adotou como regra a Teoria Objetiva da posse idealizada por Ihering, deixando de lado os requisitos do corpus e do animus. 
Para essa teoria, o indivíduo será considerado possuidor toda vez que ostentar a chamada visibilidade ou exterioridade do domínio. A coletividade observando a conduta daquele indivíduo pode afirmar que o mesmo procede em relação à coisa como se dono dela fosse sendo irrelevante indagar se o indivíduo tem ou não o desejo de adquirir a propriedade do bem. Trata-se de um conceito mais elástico da posse que permite inserir em seu contexto a posição do comodatário, do locatário e de todos os demais titulares de direito real ou pessoal como regra. Por essa teoria é considerado detentor a pessoa em que a lei aponta essa situação.
Sociológica 
Não tem o objetivo de prevalecer diante das demais. Fomenta e estimula a proteção da posse diante da propriedade e dos demais direitos reais, ora extinguindo propriedade, ora relativizando os demais direitos reais diante do fenômeno da posse. A Redução dos prazos de usucapião, a acessão invertida e a desapropriação judicial são exemplos clássicos da aplicação da teoria sociológica da posse.
Detenção
O detentor ostenta uma situação jurídica inferior à posição do possuidor. Pelo fato de não ter posse, não pode defendê-la já que não a possui.
Modalidades:
Interessada
Na detenção interessada o individuo que tem a coisa consigo tem interesse econômico na mesma.
Desinteressada
Na detenção desinteressa, o indivíduo que tem a coisa consigo não tem interesse econômico na mesma.
Em ambas as hipóteses é a lei que estipula quem é detentor.
Segundo a doutrina, a detenção trata-se de uma posse degrada da lei, isto é, a lei dilui a condição do indivíduo de possuidor a detentor. A situação mais recorrente de detenção é a hipótese de detenção tratada no art. 1.198 do CC. 
O caseiro é um exemplo referente ao art. 1.198 em que o mesmo age sobre as ordens e instruções do proprietário. Outro exemplo seria o de contratar uma equipe para fazer uma reforma morando em minha casa de praia durante um período de 3 meses. Ele não será considerado um possuidor e sim detentor.
A hipótese do art. 1198 é hipótese de detenção desinteressada. Pela doutrina, tal hipótese é conhecida como fâmulo ou servo da posse, que é aquele indivíduo que se enquadre a situação do referido artigo. O fâmulo da posse é detentor desinteressado e por esta razão, por não ter posse, jamais poderá fazer uso das ações possessórias podendo apenas na forma do Enunciado 493 da JDC fazer uso da autodefesa da posse de um bem que não é possuidor. A autodefesa da posse consiste na possibilidade de fazer uso da força física para reagir à agressão da posse alheia.
 A norma exige dois requisitos para que o indivíduo possa fazer uso desse instituto que seja realizado com proporcionalidade, bem como logo após a agressão à posse ser formalizada.
Como por exemplo, o contrato de depósito em que deixo um bem móvel a cuidado de outrem a título gratuito, o depositário que tem a guarda do bem não tem a guarda de usar, somente de tomar conta. 
A doutrina discutia sobre o depositário ter ou não a posse, lembrando que no contrato dessa natureza, o depositário só tem a possibilidade de guardar o bem de maneira que não poderá utilizá-lo.
Em um primeiro momento, entendia-se que o depositário não seria possuidor sob o argumento de que como não pode fazer o uso da coisa, não pode revelar a coletividade à chamada visibilidade do domínio, de maneira que não tenha a coletividade à possibilidade de tomar conhecimento daquela ocupação.
Atualmente, prevalece a ideia de que tem posse, na medida em que o poder de administração do bem é exclusivamente dele e como esse poder de administração revela parte do poder de usar é possível compreender que o indivíduo na qualidade de depositário também terá a posse podendo propor as ações possessórias em favor do depositante.
Classificação da posse:
Posse plena (indireta e direta) – art. 1.197 ex: usufruto, locação.
Diz-se possuidor pleno aquele indivíduo que exerce os quatro poderes inerentes à propriedade. É possível que esta posse seja desmembrada, ora porque o possuidor pleno procedeu dessa forma, ora porque o possuidor indireto já assumiu a coisa dessa forma. De qualquer forma, será conhecido como possuidor pleno aquele indivíduo que transfere o contato físico com a coisa para terceiro, reservando-se o direito de no futuro recuperá-lo. 
O possuidor direto é aquele que tem coisa consigo em caráter imediato, direito. A grande importância prática dessa classificação consiste no fato de que tanto um quanto o outro poderão defender a posse da integralidade da coisa diante de terceiro, de maneira que, por exemplo, se o imóvel alugado é invadido, tanto o locador, quanto o locatário poderão ajuizar ação possessória para recuperar o bem, da mesma forma ambos os envolvidos poderão propor ação possessória um contra o outro.
O fato de eventualmente uma das partes ser considerada proprietária da coisa, não significa que terá êxito na ação possessória, na medida em que nela se discute apenas a posse e nada mais.
Jus Possidendi e Jus Possessionis 
Jus possidendi é a posse que vem amparada em uma relação jurídica prévia, isto é, há um direito real ou pessoal que autoriza o indivíduo a possuir. Como, por exemplo, a posse do locatário e do usufrutuário.
Já a jus possessionis está presente quando estamos diante da posse pela posse, em que o indivíduo tem a posse da coisa por sua própria força, agindo sem estar amparado em qualquer relação jurídica prévia. Como, por exemplo, o invasor.
14/08/17
3. Composse 
Duas ou mais pessoas são proprietárias de um determinado bem, exercem em concomitância a composse de determinado bem.
Pro indiviso – art. 1.199 do CC
É aquela em que não há divisão jurídica e nem fática da coisa, isto é, todos ocupam o todo indistintamente e em conjunto. 
Caso as partes não entrem em um consenso, o possuidor que habitar a coisa sozinho ou tiver a coisa consigo sozinho poderá ser compelido a pagamento de verba (aluguel) por conta de sua ocupação.
Ex: 4 herdeiros são co proprietários de um apartamentoe exercem a composse do mesmo em razão da propriedade. Todos exercem a posse do bem em sua integralidade.
Sítio em que 3 pessoas em conjunto invadiram.
Consequência: qualquer um dos copossuidores pode sozinho defender a posse do todo.
EXCEÇÃO ao art. 73, § 2º do CPC. Em se tratando de composse de conjugue ou ato praticado por conjugue, ambos precisarão integrar polo ativo da ação, devendo haver o consentimento.
 Pro diviso
A coisa não está juridicamente dividida, porém há uma divisão fática daquele bem, de maneira que cada um ocupa parte da coisa com exclusividade.
Consequência: como não há a ocupação do todo por todos, cada um só poderá defender a sua quota parte. Ex: inventário, em que o pai deixa um terreno deixando cada filho construir em determinada parte. 
4. Posse Ad Usucapionem = animus domini
Aquela em que há intenção de adquirir a propriedade.
5. Posse originária e Posse derivada
Posse originária é aquela em que é adquirida sem que tenha havido o fenômeno da transmissão. Como, por exemplo, no caso do indivíduo que invade determinado terreno e passa a ocupá-lo.
Como nela não há que se falar em transmissão, o possuidor não recebe a posse com os mesmos vícios e características que essa posse tinha em relação ao antecessor. 
Já na posse derivada, há o fenômeno da transmissão, ou seja, o atual possuidor recebe a posse do seu antecessor. Portanto, tal posse é assumida com os mesmos vícios e características que existiam em relação que tinha em relação ao antecessor.
A posse derivada poderá ser:
Por ato inter vivos 
Como, por exemplo, a hipótese do indivíduo que vende o seu imóvel. O comprador passa a ter uma posse derivada, proveniente do indivíduo. Contrato de cessão de posse, onde se transfere somente a posse, o cessionário assume a posse com as mesmas características que possuía o seu antecessor.
Por mortis causa 
É aquela obtida em razão do óbito.
Ex: testamento - art. 1.206 do CC. Legatário = é aquele que recebe bem específico e determinado por força de testamento.
5. Posse justa e injusta – art. 1.200 do CC
Posse justa: quando não há a presença dos vícios objetivos da posse (violência, clandestinidade e precariedade).
Posse injusta: quando vem acompanhada de um dos vícios objetivos da posse.
Na violência (posse vi), o indivíduo emprega a força física ou coação moral para obter o contato imediato com o bem.
Enquanto aquele que faz uso da força física para obter a posse ainda estiver diante da resistência do possuidor legítimo que faz uso da autotutela ou utiliza alguma medida possessória cabível estamos diante de uma situação de detenção desinteressada que só passará a ter a posse quando o legítimo possuidor parar de oferecer resistência. A partir dali, passará a ser considerado possuidor injusto da coisa até que fato injusto e eventual legitime aquela posse tal como a usucapião ou a celebração de um contrato com o legítimo possuidor.
A posse injusta ostenta essa qualidade apenas em relação ao possuidor legítimo, de maneira que diante da coletividade aquele indivíduo será tratado como possuidor justo.
Na clandestinidade (posse clan), o indivíduo obtém o contato físico imediato com a coisa às escondidas, sorrateiramente, de maneira manterá a situação de detentor até que fato superveniente e eventual legitime a minha posse devendo ser lembrado que enquanto mantiver a coisa sob seu poder se conferir publicidade será tido como mero detentor interessado.
A posse justa ou injusta não significa posse boa ou de má-fé, até mesmo porque os vícios objetivos devem ser representados restritivamente. Assim, se uma pessoa ocupa o imóvel sem conferir a ele publicidade é mero detentor interessado até conceder esta publicidade, momento em que passa a ser possuidor injusto. Em ambos os vícios é o seu cometimento que permite àquele que faz uso dele ter o contato direto, imediato com a coisa.
Na precariedade, o contato com a coisa se dá de forma previa ao cometimento do vício. O indivíduo tinha o contato com o bem em razão de um fato legítimo e ao ser solicitada a devolução por parte do legítimo possuidor este se nega a fazê-lo, como aconteceria, por exemplo, na hipótese de o indivíduo que demite seu caseiro e mesmo após pagar todas as verbas trabalhistas não conta com o bem desocupado. 
Como o art. 1208 não faz qualquer menção a precariedade, alguns doutrinadores entendem que a mesma não convalesce, ou seja, aquele que comete esse vício jamais poderá se tornar possuidor. O referido entendimento vai de encontro com a teoria sociológica da posse, na medida em que não é justo tratar determinada pessoa indefinidamente como detentor, encontrando a jurisprudência grande dificuldade em estipular o momento em que o indivíduo passa a se qualificar como possuidor.
Prevalece o entendimento de que o indivíduo passa a possuidor quando nega a devolução da coisa com o conhecimento do legítimo possuidor ou quando revela través de comportamentos objetivos como construir, reformar, plantar que modificou o seu comportamento em relação ao bem, o que normalmente vem associado a uma intenção de adquirir a propriedade que se constata através de tais condutas.
16/08/17
Inteversão, intervensão ou conversão no título da posse
Tal fenômeno ocorre toda vez que o indivíduo alterar as qualidades, especificações da sua posse, ou ainda quando ele deixar a detenção e passar a ser possuidor.
Segundo a doutrina, a mesma poderá se dar através de:
Fato de natureza jurídica
Estará presente quando a inversão ocorrer de forma bilateral, consensual quando as partes através da celebração de um contrato ou de um direito real chegaram a um consenso para modificar a posse.
Ex: invasor chega a um consenso com legítimo proprietário e ambos celebram um contrato de arrendamento (parceria agrícola). O invasor que antes tinha uma posse injusta passa a ter uma posse justa em razão da celebração do contrato.
Fato da natureza material 
A inversão ocorreu de maneira unilateral, sem a concordância da outra parte. É fundamental que tal alteração esteja acompanhada de atos objetivos que revele essa mudança de comportamento. Sem isso, não há que se falar em interversão da posse.
A precariedade se encaixa ao fato de natureza material, em razão de o individuo inverter unilateralmente a sua posse. 
Instituto do constituto possessório ou cláusula constituti
O constituto possessório tem conhecido também conhecido como cláusula constituti é exemplo de intervenção por um fato de natureza jurídica. Através desse fenômeno, o indivíduo ao alienar sua propriedade a título oneroso ou gratuito transfere através de cláusula expressa a posse em favor do adquirente e este imediatamente lhe devolve sendo mais coerente inserir prazo de posse direta por parte do alienante. 
O objetivo dessa cláusula que não se presume é o de permitir em favor do adquirente o uso das ações possessórias, caso o alienante não devolva a coisa após o prazo ajustado. Trata-se de inversão, considerando que o alienante era possuidor pleno e agora passou a ser possuidor direto, o que só foi possível acontecer pela presença da cláusula. 
O alienante tinha posse de coisa própria e agora passou a ter posse de coisa alheia. Caso o documento de alienação não preveja expressamente a presença dessa cláusula, o adquirente será proprietário, porém não poderá fazer uso das ações possessórias contra o alienante.
Muito embora o uso correto dessas ações esteja relacionado àquela hipótese em que se assegura ao alienante expressamente a posse direta por mais um período transferindo assim a posse ao adquirente é perfeitamente possível e muito utilizado a cláusula constituti em toda e qualquer situação da alienação de um bem para a eventualidade do alienante não desocupar a coisa, permitindo ao adquirente a propositura das ações possessórias.
Constituto possessório x Traditio Brevi Manu 
O fenômeno da traditio brevi manu é o oposto ao constituto possessório. Através desse fenômeno, determinado indivíduo é detentor ou possuidor da coisa e adquire a sua propriedade e neste momentotambém obtém a posse plena. O caseiro que recebe em doação a casa que ocupava, bem como o inquilino que compra com seu imóvel são exemplos claros de aplicação desse fenômeno.
A traditio brevi manu também é exemplo típico de inversão do título da posse, considerando que o indivíduo era mero possuidor direto ou detentor e agora passou a ostentar a qualidade de possuidor pleno alterando assim as qualidades da sua posse.
(Continuação à classificação da posse)
7. Posse ad interdicta
Toda e qualquer posse que admite ser defendida através do uso das ações possessórias. Mesmo o possuidor injusto pode defender a sua posse diante da coletividade, pois perante ela ele é um possuidor justo e não diante daquele contra quem cometeu o vício.
8. Posse natural e civil (jurídica) 
A posse natural é aquela que exige o efetivo contato físico, material com o bem, de maneira que apenas o possuidor direto ostentará essa condição. 
A posse civil jurídica é aquela em que o indivíduo obtém a posse através de lei ou contrato, independentemente do efetivo contato com a coisa, serve de exemplo o constituto possessório, no qual a entrega é feita ao alienante apenas por conta da cláusula e a aquisição da posse em virtude do óbito, onde os herdeiros assumem por força de lei a continuidade da posse dos bens e do patrimônio do morto, de maneira que não há necessidade de um efetivo contato direto, imediato com a coisa para que resta caracterizada essa posse.
9. Posse com justo título 
O possuidor com justo título goza da presunção relativa da boa-fé e por esta razão, incumbirá à outra parte fazer prova da inexistência deste elemento subjetivo. Diz-se possuidor com justo título aquele indivíduo que tem em suas mãos documento legítimo, direito real ou pessoal que lhe autoriza a possuir. Assim, se um indivíduo recebe em parceria agrícola a posse de determinado bem daquele que julga ser o proprietário/legítimo possuidor e depois vem a ter o conhecimento de que outra pessoa é a dona, incumbirá ao proprietário afastar eventual boa-fé do parceiro agrícola que se presumirá até prova em contrário.
 Atenção ao art. 1.201, § único: trata-se de uma presunção relativa, pois admite prova em contrário.
21/08/17
10. Posse de boa-fé e má-fé
O possuidor de boa-fé ao ser citado em uma ação, na qual se pretenda a devolução da coisa poderá a seu favor alegar o direito de indenização e retenção pelas benfeitorias necessárias.
O direito de retenção não tem por objetivo discutir o dever de devolver a coisa, mas sim o de não devolver naquele momento. A sua alegação funciona como uma modalidade, uma espécie de exceção de contrato não cumprido já que o seu objetivo é postergar a devolução para depois do pagamento dos valores gastos. 
Não basta para alegação desses direitos que as benfeitorias tenham sido realizadas de maneira que é fundamental que elas ainda estejam presentes no momento em que o juiz sentenciar aquele processo, muito embora esse direito de retenção confira grande segurança em favor daquele que deve devolver o bem após ser pago.
O retomante caso queira, poderá ao seu pedido de devolução acrescentar o de aluguel pena (sanção), pela não devolução da coisa e em caso de procedência do pedido de retomada esse valor será devido desde a citação, compensando-se assim com as benfeitorias que o réu eventualmente tenha recebido.
Natureza jurídica do direito de retenção – art. 1.227 do CC
As benfeitorias realizadas para permitirem indenização e retenção não precisam estar legalizadas, bastando que essa legalização seja passível em poder do retomante. Constituiria verdadeiro enriquecimento sem causa a ideia de que o indivíduo pudesse recuperar a coisa depois legalizando já com o bem em seu poder.
A doutrina discute a natureza jurídica do direito de retenção. Alguns defendem em se tratar de direito pessoal atípico argumentando que possuem algumas características de direito real como a oponibilidade erga omnes e a sequela, mas não podem ser tratados como direito real considerando que não estão sujeitos a registro, são provenientes de sentença judicial e não da lei, argumentando ainda que não podem ser direitos reais considerando que uma vez pago o valor, o direito real se extingue.
Os outros doutrinadores sustentam se tratar de genuíno direito real, argumentando que a impossibilidade registral é admitida pela leitura do art. 1.227 do CC. O fato do pagamento extinguir o direito real também não seria empecilho considerando que outros direitos reais, os de garantia, possuem essa característica. Nesta classificação é importante detectar o momento em que se evidencia o fenômeno da inversão do título da posse. Caso o retomante não consiga comprovar o momento em que isto aconteceu será considerado a sua citação válida acompanhada da procedência do pedido de retomada para que o juiz possa concluir pela inversão.
É perfeitamente possível que em alguns casos o retomante faça prova de que a inversão ocorreu em momento anterior, tal como se daria no constituto possessório, onde se tenha sido estipulado prazo de devolução por parte do alienante.
Comodato 
(Empréstimo de bens infungíveis sem prazo e verbal)
Art. 584 do CC
Em se tratando de contrato de comodato, em especial o verbal, o comodante poderá se ver obrigado a ajuizar demanda requerendo a retomada do bem. Porém, nesse contexto, deverá de início notificar o comodatário extrajudicialmente informando-lhe da intenção em reaver a coisa fixando-lhe ainda aluguel pena, caso o mesmo insista em ficar no bem após o prazo ajustado. Nessas circunstâncias, caso o pedido de retomada precise ser proposto, o comodatário será considerado de má-fé desde o termo final da notificação.
A leitura do art. 584 permite a doutrina divergir sobre sua interpretação. Alguns entendem que o comodatário só teria indenização e retenção pelas benfeitorias necessárias, argumentando que as demais seriam inerentes ao natural uso da coisa inviabilizando assim a sua percepção. Outros doutrinadores sustentam que aplica-se a regra do art. 1.219 que consiste na regra real quanto a disciplina da posse de boa-fé.
Acessão – art. 1.248 do CC
Art. 1.255 do CC
Benfeitorias em locação – Art. 35 e 36 da Lei 8.245/91 (Lei de Locações)
As benfeitorias não devem ser confundidas com as acessões em especial no que diz respeito às acessões artificiais. Inicialmente as benfeitorias exigem a efetiva conduta humana que são tratas pelo Código como bens acessórios a um bem móvel ou imóvel e por fim, não possuem valor econômico próprio, afastado da coisa a que adere.
As acessões podem acontecer por fenômeno da natureza ou com intervenção humana, são tratadas pela norma como forma de aquisição da propriedade imobiliária e possuem valor econômico próprio, com autonomia em relação à coisa a que adere.
Na forma do art.1.255 o possuidor que realizar acessões de boa-fé terá direito a indenização, caso não possa se valer da acessão invertida.
Quanto à disciplina relativa ao direito de retenção, muito embora a norma nada discipline a esse respeito, a unanimidade da doutrina e da jurisprudência entende pela aplicação analógica do art. 1.259 a disciplina das acessões.
Art. 1.222 do CC
ATENÇÃO: Possuidor de má-fé também tem direito a indenização quanto às benfeitorias necessárias, só não tem retenção para evitar o enriquecimento sem causa, não sendo justo que eu conserve a coisa alheia e não seja ressarcido por isso.
23/08/17
Percepção dos frutos
A disciplina dos frutos também se aplica a posse de boa-fé e má-fé. No primeiro caso, o possuidor terá direito a todos os rendimentos que a coisa lhe ofereceu como aluguel e parceria rural – art. 1.214 do CC. O indivíduo passa a posse de má-fé com a citação válida confirmada pela sentença de procedência com pedido de retomada – art. 1.216 do CC.
Em se tratando de má-fé, o possuidor terá que devolver ao retomante tudo aquilo que comprovadamente percebeu mais aquilo que deixou de perceber, muito embora poderia tê-lo feito, como aconteceria, por exemplo, com o indivíduo que adquiriu a posse de um bem eo deixou sem qualquer uso, sem qualquer justificativa razoável.
O Código prevê ainda a responsabilidade pela perda da coisa. O possuidor de boa-fé não terá qualquer responsabilidade nesse sentido, salvo se ficar caracterizado que agiu em relação ao bem com dolo ou culpa. Assim, se é possuidor de justo título o que faz presumir sua boa-fé e o bem é alvo de uma explosão, o retomante não poderá responsabilizar aquele indivíduo pela perda da coisa. Entretanto, se o indivíduo está de má-fé, inverte-se o ônus da prova cabendo ao possuidor caracterizar que se o bem estivesse na posse do retomante, a perda da coisa aconteceria de qualquer forma sendo dele esse ônus.
No caso da explosão, o possuidor de má-fé teria que provar que se o bem estivesse no poder do retomante à explosão ocorreria de qualquer forma e que, portanto, tomou todas as cautelas no sentido de evitar que essa explosão acontecesse.
Ações possessórias típicas - art. 554 ao 568 do CC
A proteção possessória se faz através das ações possessórias típicas, também chamadas de interdictos possessórios.
Para o julgamento de uma ação dessa natureza é absolutamente irrelevante a qualidade de proprietário ou a titularidade de um direito real considerando que o magistrado julga a demanda daquele que comprova ser o melhor possuidor. Assim, o proprietário que ajuíza ação possessória e reconhecidamente admite que não se dirige ao local há 3 anos estará sujeito a improcedência dessa ação que em se tratando de bem imóvel precisa ser preposta obrigatoriamente no foro de situação do imóvel sendo essa competência territorial absoluta.
Reintegração de posse = esbulho
É a mais recorrente sendo cabível toda vez que o indivíduo aponta a prática do ato de esbulho que significa privar injustamente o legítimo possuidor do exercício de sua posse não bastando, porém, o autor fazer essa prova, já que precisará ainda provar que em algum momento ele ou seu antecessor exerceu a posse direta sob aquele bem. 
Ajuíza comunmente essa ação quando o autor relata a presença de um comodato entre as partes, na medida em que tese a propositura dessa ação seria adequada, já que o comodante, autor da referida ação teria a posse plena, tanto que a entregou ao comodatário a posse direta e agora pretende a retomada do bem.
A vantagem do constituto possessório consiste exatamente na possibilidade de que o adquirente possa através da cláusula fazer prova de que em algum momento exerceu a posse direta. A presença e comprovação de um dos vícios objetivos da posse caracteriza o esbulho, porém não dispensa o autor da ação de reintegração provar que em algum momento exerceu a posse direta do bem, art. 561 do CPC. 
Ação de manutenção da posse = turbação
Tem cabimento naquelas hipóteses em que o indivíduo confessadamente sofreu violação parcial de sua posse ou está simplesmente sendo turbado/incomodado/embaraçado de exercer legitimamente aquilo que possui.
Ação de interdito proibitório
Tem cabimento quando o indivíduo estiver diante da ameaça de esbulho ou de turbação. 
O art. 554 do CPC consagra o princípio da fungibilidade das ações possessórias, admitindo expressamente que o magistrado receba uma ação possessória típica equivocadamente ajuizada como se correta fosse. Assim, se a pessoa propõe uma ação de manutenção de posse relatando o esbulho, o magistrado receberá a mesma como reintegração de posse ao invés de extinguir o processo sem análise do mérito. 
A ideia do legislador é de que o fundamento dessas ações é o mesmo, a defesa da posse, e ainda considerando que as lesões possessórias estão em constante modificação e aquilo que em determinada hipótese justificaria o interdito proibitório, no dia subsequente conduziria a uma nova ação devido ao fato de que tais lesões se modificam a todo tempo.
 Caráter dúplice das ações possessórias – art. 556 do CPC
O art.556 consagra o caráter dúplice das ações possessórias admitindo que o réu formule pedido em face do autor na própria contestação através do favorecimento de recompensação tratada no art. 343 do CPC. 
Embora o pedido contraposto atualmente se assemelhe em mérito a reconvenção, já que podem ser formulados na própria contestação, o pedido contraposto é mais formal e é assim consagrado como forma de dar maior seriedade a solução daquele conflito de interesses que acarreta em torno da posse. 
A grande vantagem de uma ação possessória típica consiste na possibilidade de requerer a liminar, ou seja, caso o autor alegue e comprove que a lesão possessória por ele experimentada é inferior a 01 ano e 01 dia, o magistrado deverá ouvir o réu, sem o oferecimento na contestação, conceder a proteção possessória pretendida prosseguindo a demanda até seu desfecho final.
 Para a concessão da liminar não é relevante o tempo de pose, mas sim o tempo de lesão, e toda vez que o autor indicar que é inferior a 01 dia, a ação será conhecida como força do promovendo se assim a satisfação de que o autor pretende antes da sentença final.
Tutela de urgência – art. 300
A liminar possessória permite uma solução provisória mais rápida para o pedido formulado pelo autor e basta à comprovação de que a lesão é inferior a 01 ano e 01 dia, não precisando o magistrado ficar convencido dos requisitos da tutela de urgência, presentes no art. 300 do CPC.
Na hipótese do magistrado ter dúvidas em relação a conceder ou não a liminar pretendida e ainda diante da redação do art. 1.211, no qual prevê que na dúvida o possuidor direto deva ser mantido na coisa, deverá o magistrado designar audiência de justificação para que o autor prove, através de testemunha, a sua posse, a lesão possessória pratica pelo réu e a data de sua ocorrência com o objetivo de decidir a liminar pretendida. Trata-se de experimento utilizado em ações de reintegração de posse que tenha por fundamento a alegação de existência de comodato verbal que não permite ao magistrado decidir a liminar sem proceder à oitiva das testemunhas.
Art. 505 e 501
O autor de uma ação possessória típica seja ela de força nova ou velha poderá cumular ao pedido possessório o de perdas e danos por eventual destruição praticada pelo réu, o de indenização pelos frutos percebidos após a citação válida, momento em que se considera possuidor de má-fé e ainda multa pela eventual pratica de nova lesão possessória, procurando assim efetivar da decisão que deu a liminar ou a sentença.
No curso de uma ação possessória típica em especial no que diz respeito à reintegração de posse, não poderá ser proposta ação reivindicatória, considerando que é possível que sejam proferidas decisões contraditórias que justamente procuram evitar que isso aconteça e que até o desfecho da ação não se admite a reivindicatória.
Em muitas oportunidades o autor de uma ação possessória típica não consegue provar que ele ou seu antecessor em algum momento exerceu a posse direta sobre o bem, o que daria margem a propositura de uma ação possessória típica em especial a reintegração. Nessas circunstâncias, aquele que se intitular proprietário do titular de um direito real qualquer deverá lançar mão da ação reivindicatória que pertence ao universo das ações petitórias e com base na propriedade o autor requererá a entrega da posse. Como a reivindicatória não pertence às ações possessórias típicas, em relação a ela não incide o princípio da fungibilidade o caráter dúplice e principalmente não há que se falar na liminar de ano e dia. Assim, caso o autor pretenda a retomada antecipada do bem deverá fazer uso dos requisitos da tutela de urgência, previstos no art. 300 do CPC, o que dificulta a retomada antecipada da coisa.
Caso o autor ajuíze ação de reintegração de posse e não consiga provar que em algum momento ele ou seu antecessor exerceu posse sobre a coisa, a consequência será a improcedência da ação possessória típica, de maneira que o autor deverá agora propor a demanda reivindicatória.
Na hipótese de promessa de compra e venda, caso o promitente comprador no curso do processo de contrato venha a ficar inadimplente, o proprietário promitentevendedor deverá lançar mão de uma ação de resolução do negócio jurídico cumulada com o pedido de reintegração de posse. Na hipótese não é possível ajuizar a ação possessória típica considerando que ao celebrar o contrato transferiu a posse plena ao promitente comprador, de maneira que o seu interesse na celebração daquele contrato passou a ser apenas o de receber o que era devido. Assim, o pedido possessório está condicionado à prévia resolução do negócio, de forma que é sucessivo ao pedido de rompimento daquilo que foi pactuado inicialmente.
30/08/17
Direito real de aquisição – art. 1417 e 1.418 do CC
O contrato preliminar, em especial a promessa de compra e venda, gera a obrigação recíproca de realizar o documento definitivo desde que a parte satisfaça rigorosamente suas obrigações. A promessa de compra e venda em princípio não admite arrependimento, de maneira que caso as partes tenham a intenção de assegurar essa possibilidade isso deverá estar previsto no corpo do contrato. Caso não exista possibilidade de arrependimento, vale obrigatoriedade do contrato. Assim, tendo o promitente comprador cumprir suas obrigações passa a exigir o documento definitivo. Na hipótese de o proprietário não ter a intenção de entregá-lo espontaneamente passa o promitente comprador o direito de ajuizar ação de adjudicação compulsória.
A propositura da ação de adjudicação compulsória exige a prévia constituição do proprietário promitente vendedor em mora. Na hipótese, conforme a Súmula 76 do STJ, a mora é EX PERSONA, de maneira que deverá ser realizada a notificação extrajudicial do proprietário para que compareça ao cartório de notas em prazo assinalado pelo promitente comprador para que possa realizar a escritura definitiva. 
A propositura da ação de adjudicação sem que se realize esta providência importará em falta de interesse de agir de forma que a ação será julgada extinta sem análise do mérito. A ação de adjudicação é uma ação pessoal e não real, de maneira que a propositura da mesma não está condicionada ao registro da promessa junto ao registro de imóveis.
A Súmula 239 do STJ deixa bem claro isso e muito embora a promessa não precise ser registrada é possível que ao final do processo, o indivíduo tenha consigo uma sentença de procedência e ao levá-la ao registro ao órgão competente seja surpreendido com o fato de que o bem foi alienado a terceiro e de maneira legítima, na medida em que este terceiro não tinha como saber da existência daquela promessa. Neste contrato, o indivíduo acabará por ter que propor uma nova ação, agora por perdas e danos considerando a total impossibilidade de registro daquele título.
Muito embora não exista obrigatoriedade no registro da promessa para que o indivíduo proponha ação de adjudicação compulsória, a aquisição do direito real está condicionada a este registro, na medida em que é através dele que se atribui a promessa eficácia erga omnes inviabilizando legitimamente que novas transações possam ser realizadas em caráter legítimo tendo por objeto aquele bem.
O registro da promessa confere ainda direito real contra terceiros, visto que a partir dali será admissível à propositura da ação reivindicatória, na forma do Enunciado 253 da JDC, sendo certo que a transferência da propriedade contra o dono se dará através de ação de adjudicação.
USUFRUTO
O usufruto é direito real sobre coisa alheia, de forma que o indivíduo exerce os poderes de usar e fruir sob o bem que pertence a outrem, o nu proprietário. Trata-se de direito real que pode recair tanto em relação à bem móvel como imóvel e o usufrutuário tem os poderes de usar e fruir, já o nu proprietário possui os poderes de dispor e reivindicar.
O vínculo do usufrutuário não se estabelece com o seu instituidor, mas sim com a coisa, de maneira que o usufrutuário pode livremente alugar, emprestar tudo isso sem a anuência do nu proprietário. 
Como o nu proprietário tem o poder de dispor poderá na pendência de usufruto vender ou dar aquele bem, porém aquele que vier a obtê-lo fica obrigado a respeitar o usufruto até seu término.
Características
Temporário
Trata-se de direito real temporário, pois no momento da criação desse direito deve constar o termo ou condição que conduzirá ao seu término, visto que não se admite usufruto indefinido. Nesse contexto, caso o instrumento não contenha a circunstância que ensejará o término do usufruto, entende-se pela sua vitaliciedade. Caso o usufrutuário seja pessoa jurídica, o prazo máximo será de 30 anos.
Qualquer que seja a condição ou termo para o término do usufruto, a morte do usufrutuário porá fim ao usufruto, na forma do art. 1.410, I do CC devendo ao seu caráter personalíssimo. 
Caso não exista herança de usufruto, os herdeiros do usufrutuário diante do óbito do mesmo deverão proceder à devolução do bem, em razão de que o nu proprietário a partir de então voltou a ser ou passou a ser proprietário pleno.
A morte do nu proprietário não afeta em nada o direito real de usufruto considerando que o vínculo do usufrutuário é com a coisa e que os herdeiros deverão manter sua nu propriedade respeitando o usufruto até seu término.
Personalíssimo
O caráter personalíssimo desse direito real se deve ao fato de que historicamente o usufruto era criado com o objetivo de conferir dignidade à pessoa do usufrutuário permitindo-lhe usar e fruir daquele bem, justamente para que pudesse atender suas necessidades vitais. Nada mais razoável entender que apenas aquele indivíduo em específico possa ser contemplado com aquele bem.
04.09.17
Inalienável
A quarta característica do direito real de usufruto é a sua inalienabilidade, prevista no art.1393 do CC. O titular do direito real não pode vender ou doar o seu direito real transferindo a sua titularidade a quem quer que seja. Como o usufrutuário alcança essa posição em caráter personalíssimo e como maneira de conferir a sua dignidade, não é justo que o mesmo possa por ato voluntário, transferir o seu direito real quando o seu instituidor apenas ele tivesse os poderes de usar e fruir e não outro como forma de atender a sua dignidade.
Contratos que envolvam os poderes de usar e fruir podem livremente serem pactuados pelo usufrutuário desde que não envolvam a transferência da titularidade tais como alugar, emprestar e arrendar. 
O direito real de usufruto não pode ser penhorado por dívidas do usufrutuário considerando que se este último insistir no não pagamento a consequência será a alienação do usufruto para pagar as dívidas do usufrutuário ferindo, portanto, o art.1393.
Os rendimentos do usufruto poderão ser penhorados e mesmo nessa hipótese o usufrutuário poderá fazer prova de que necessita daqueles valores para manter a sua subsistência cabendo a ele o ônus da prova, o que liberará também os rendimentos.
Formas de constituição do direito real de usufruto 
Por ato inter vivos = doação com reserva de domínio
O usufruto por ato inter vivos normalmente é instituído através de doação ou reserva de usufruto realizada pelos pais em favor dos filhos. Trata-se de mais uma hipótese de constituto possessório, na medida em que os pais possuíam coisa própria e agora passam a possuir coisa alheia. O objetivo de realizar essa doação é o de evitar o futuro inventário por ocasião do óbito dos ascendentes. Quando isso ocorrer basta levar a certidão de óbito ao registro de imóveis realizando-se a baixa do usufruto sem que seja necessária qualquer providência judicial. 
Antes do óbito, os ascendentes tem a garantia de que não poderão ser privados do bem por conta do usufruto.
É possível criar o usufruto de outras formas, tais como através de escritura declaratória ou ainda através de doação, na qual o doador estipula alguém como donatário e um terceiro como usufrutuário. 
Legal – art.1689, I 
O pai e a mãe, enquanto no exercício do poder familiar, são usufrutuários dos bens dos filhos. Quando um dos cônjuges não puder exercer a administração dos bens que lhe incumbe, segundo o regime de bens, caberá ao outro, gerir os bens comuns e os do consorte, nãoestando dispensado o seu registro. O usufruto de imóveis, quando não resulte de usucapião, constituir-se-á mediante registro no cartório de registro de imóveis.
Por testamento 
No usufruto criado por testamento, caso o usufrutuário ou seus herdeiros não tenha a intenção de devolver o bem, poderá ser ajuizado contra eles ação reivindicatória e não possessória típica considerando que a posse direta foi transferida do falecido diretamente ao usufrutuário, de maneira que o agora proprietário pleno só poderá reivindicar.
Por usucapião – art. 1391
O usufruto também pode ser alcançado pela usucapião, imaginando que João e Maria sejam nu proprietário e usufrutuário de determinado bem respectivamente e sejam surpreendidos com a propositura de ação por parte de Matheus requerendo a declaração de nulidade do título e do registro c/c o pedido reivindicatório. Não se é possível ajuizar diretamente o pedido reivindicatório considerando que o registro cria a presunção relativa de propriedade que precisa ser afastada antes que fique autorizada a propositura da ação reivindicatória. Assim, mesmo que o magistrado acolha os dois primeiros pedidos, o pedido reivindicatório deverá ser rejeitado, considerando tanto João quanto Maria possuem o usucapião dos seus respectivos direitos reais pelo decurso do prazo de 10 anos.
Direitos do usufrutuário – art. 1394
Art. 7º da Lei 8.245/91
O usufrutuário no exercício dos seus poderes de usar e fruir tem total autonomia para exercê-los sem precisar da anuência do nu proprietário. Muito embora a anuência não seja necessária quando o usufruto é personalíssimo, caso o usufrutuário venha a óbito no curso da locação está poderá ser extinta, bastando para tanto que o usufrutuário nos 90 dias contados da comunicação ao registro competente solicite a devolução do bem conferindo ao locatário 30 dias para desocupação.
Muito embora a doutrina e a jurisprudência entendam que o nu proprietário agora pleno precise justificar a razão da retomada em verdadeira hipótese de resilição motivada, na medida em que não terá qualquer prejuízo pela continuidade do contrato para que o locatário possa ter a segurança de que essa locação não possa ser interrompida abruptamente. A medida a ser tomada é solicitar ao nu proprietário que assine o contrato de locação evitando-se com isso todo este inconveniente em desfavor do locatário.
Deveres do usufrutuário
Caução
O usufrutuário poderá ser exigido pelo nu proprietário a prestar caução. Nesse contexto, oferecerá bens móveis ou imóveis de sua propriedade que serão utilizados para a recomposição do bem no caso da eventualidade do bem sofrer depreciação por conduta culposa ou dolosa do usufrutuário, aqueles bens serão usados para recomposição do patrimônio do nu proprietário. Caso o usufrutuário não possa prestar caução, o bem será administrado pelo nu proprietário que poderá deduzir as despesas de administração ficando com valor a ser arbitrado passando o restante ao usufrutuário.
As obrigações propter rem correm por conta do usufrutuário, porém o seu não pagamento trará evidentes prejuízos ao nu proprietário que acabará arcando com as mesmas assegurando, porém a norma, na forma do art.1410, VII, um direito de requerer a declaração da extinção do direito real sem prejuízo de poder cobrar todo aquele valor do usufrutuário que decorria tê-lo pago. 
06.09.17
O usufrutuário tem o dever de quitar as despesas ordinárias entendidas como tais, por exemplo, a descupinização, limpezas de caixa d'água e gordura e pequenas obras de construção da casa.
Caso as despesas ordinárias ultrapassem 2/3 do rendimento líquido da coisa, a responsabilidade do seu custeio passa a ser do nu proprietário. O nu proprietário também assumirá o dever de pagar as obrigações extraordinárias de qualquer valor, servindo de exemplo a construção do muro de contenção. 
No que diz respeito ao seguro do imóvel, incumbirá ao usufrutuário realizar o pagamento em verdadeira hipótese de estipulação em favor de terceiro, considerando que se a coisa vier a perecer, o pagamento da indenização será entregue ao nu proprietário. Ao receber aquele valor, o nu proprietário possui dupla opção ao seu livre arbítrio. Poderá, por exemplo, optar em ficar com o dinheiro devendo neste caso entregar parte ao usufrutuário, oportunidade em que o valor será arbitrado considerando o tempo de usufruto que estimadamente ainda resta ou poderá o nu proprietário optar em reconstruir o bem, situação que conduzirá ao reestabelecimento do direito real de usufruto. Caso o nu proprietário opte por sua conta em realizar o seguro, na eventualidade da coisa perecer tanto dinheiro quanto imóvel, caso opte em reconstruir passam a ser inteiramente seus.
Art.1409 do CC
Usufruto sucessivo 
Duas ou mais pessoas são usufrutuárias, cada uma a seu tempo de determinado imóvel, como aconteceria, por exemplo, na situação do indivíduo que é usufrutuário do bem por 30 anos esgotando-se esse prazo se prevê a possibilidade de passar a um terceiro por 30 anos e por fim a um quarto, este sim até morrer. 
A jurisprudência majoritária e a doutrina entendem pela inexistência dessa modalidade de usufruto argumentando inicialmente que se viola o caráter temporário e personalíssimo do instituto, na medida em que o que se quer com esse usufruto é justamente privar o nu proprietário de em determinado momento usar e fruir do bem. Ademais com essa cadeia de usufrutuários não se pretende conferir dignidade e sobrevivência digna a uma pessoa específica e determinada como é fundamental no usufruto devido à seu caráter personalíssimo.
Usufruto conjuntivo 
Muito embora o usufruto sucessivo não seja admitido, o usufruto conjuntivo é. Nessa modalidade de usufruto, duas ou mais pessoas ao mesmo tempo exercem os poderes de usar e fruir sobre àquele bem. A grande indagação que se coloca diz respeito à consequência proveniente do óbito ou renúncia de um dos usufrutuários, de maneira que duas soluções se apresentam como viáveis. Os usufrutuários remanescentes acrescem, aumentam os seus quinhões em verdadeira hipótese de direito de acrescer e nesse contexto o nu proprietário só se tornará pleno ao final ou usufruto vai se distinguindo gradativamente e o nu proprietário vai pouco a pouco recuperando os seus poderes de usar e fruir, de maneira que poderá exigir valor proporcional a essa extinção gradativa esteja o imóvel alugado ou não.
Usufruto por ato inter vivos – art. 1411 
Em se tratando de usufruto constituído por ato inter vivos como a doação e a escritura declaratória, a regra é a extinção gradativa desse direito, salvo em havendo estipulação expressa em sentido contrário. Assim, caso o instituidor desse usufruto tenha interesse poderá consagrar o direito de acrescer.
A cláusula que estipula o direito de acrescer é perfeitamente válida e só não produzirá efeitos na hipótese de doação com reserva de usufruto feita de pais a filhos considerando que com a morte de um dos ascendentes, o filho possui todo o direito de receber aquela herança de forma livre e desembaraçada sem qualquer restrição, já que o direito a herança é uma garantia individual, prevista no art.5º da Constituição Federal.
Usufruto por testamento – art. 1496
Em se tratando de usufruto constituído por testamento, a solução passa pelo art. 1496 que estipula como regra o direito de acrescer em favor dos usufrutuários remanescentes. Compreende-se que era a intenção do testador contemplar aqueles indivíduos o usufruto daquele bem como um todo, de forma que o quinhão acrescerá a do usufrutuário remanescente.
A única exceção a esta regra estará presente quando o testador deixar claro no testamento que pretende contemplar aquele indivíduo apenas com aquele percentual ou fração. Neste contexto, caso um dos usufrutuários venha a óbito, como testador querer contemplar cada um com um percentual específico, nada mais natural que o nu proprietário vá pouco a pouco recuperando o seu direito real.
Extinção do usufruto – art. 1410 e Enunciado 252 da JDC
O art. 1410 traça as hipóteses de extinçãodo usufruto devendo ser observado que qualquer que seja o termo ou condição estipulado pelo instituidor, a morte do usufrutuário sempre colocará fim ao usufruto. Os motivos são as circunstâncias subjetivas que levam a criação desse direito real, que por esta razão deverá estar caracterizado de forma expressa, caso contrário será impossível requerer a declaração judicial de extinção do usufruto sob esse argumento. 
Consolidação
A consolidação ocorrerá nas hipóteses excepcionais do usufrutuário se tornar proprietário pleno, tal como se daria, por exemplo, em doação com reserva de usufruto feita de pais a filhos, onde fica constatado que o filho não possui descendente, conjugue e nem companheiro, de maneira que por ocasião do seu óbito todos os seus bens serão entregues aos ascendentes, ficando claro assim a consolidação.
Não uso da coisa
O não uso da coisa também poderá conduzir a extinção do direito real, devendo o interessado mover ação declaratória de extinção do usufruto, demanda essa que não obedecerá a qualquer prazo, bastando que o magistrado fique convencido que o usufrutuário abandonou deixando, portanto, de dar função social ao imóvel sob o qual existe este usufruto.
11.09.17
Fideicomisso
O fideicomisso no Direito brasileiro é instituto típico do Direito Sucessório de maneira que não há como concedê-lo para produção de efeitos inter vivos. Através desse instituto, o tratador elabora seu ato de última vontade deixando claro que por ocasião de sua morte, o patrimônio por ele indicado será transferido ao fiduciário até que advenha o termo ou condição escolhido pelo testador, sendo usual ser utilizado o óbito como causa de extinção da propriedade fiduciária, momento em que os bens ou o bem serão entregues a pessoa do fideicomissário também escolhida pelo testador. Enquanto não implementada a condição ou termo instituída pelo testador, o fideicomissário possui mera expectativa de direito. 
Na vigência do Código de XVI, qualquer indivíduo poderia ocupar as posições de fiduciário e fideicomissário, o que veio a se modificar com o advento do Código atual que limitou as pessoas que podem ocupar a posição de fideicomissário. 
Art. 1952 e art.1800, parágrafo 4º do CC 
O testamento é negócio jurídico que só produzirá efeitos após a sua concretização e com o óbito do testador. O testador para constituir esse direito real deve indicar como fideicomissário a chamada prole eventual, seja do próprio fiduciário, seja por outra pessoa por ele indicada. Em ambas as hipóteses com o óbito do testador, a pessoa ficará encarregada de gerar a prole dispõe de 2 anos contados do óbito do testador para gerar a filiação esperada. 
Caso não fique grávida no prazo ajustado, a consequência será a aquisição da propriedade plena por parte do fiduciário, já que não seria justo que fique indefinidamente aguardando que a prole seja providenciada. 
Art. 1.952, § único
Se ao tempo do óbito do testador a prole eventual ainda não foi gerada ou ainda não nasceu, o fiduciário assume a propriedade limitada e pode fazer uso dos quatro poderes inerentes à propriedade, sem qualquer limitação em relação ao mesmos. Porém, é chamado de proprietário limitado, justamente porque a sua propriedade será fulminada com o advento do termo ou condição escolhido pelo testador. Caso por ocasião do óbito do testador o fideicomissário já tenha nascido, o mesmo assumirá a nu propriedade e o fiduciário passa a ser usufrutuário em mais uma nítida hipótese de usufruto legal, tá como se verifica do art.1689, I. 
O legislador institui esse usufruto legal partindo da premissa de que sua intenção ao final era desconstituir a propriedade em favor do fideicomissário antecipando a conclusão do seu desejo por força do já nascimento do fideicomissário.
Qual a consequência da morte do fiduciário? 
A morte do fiduciário nem sempre implicará na extinção do direito real, de maneira que é preciso observar o termo ou condição escolhido pelo testador. Caso o termo ou condição eleito ainda possa ser cumprido pelos herdeiros do fiduciário não há que se falar em extinção do direito real da propriedade do fiduciário. Assim, por exemplo, se o termo é o prazo de 20 anos e o fiduciário vem a óbito no décimo quinto, seus herdeiros assumirão a propriedade resolúvel pelos 5 anos faltantes e aí sim entregarão o bem a pessoa do fideicomissário. Também é vedado quero testador escolha mais de uma pessoa para figurar como fideicomissário estabelecendo com isso verdadeira cadeia de fideicomissários. 
Direito real de habitação – art.1414 a 1416 do CC
O direito real de habitação é exclusivo de bens imóveis e pode ser instituído por lei, testamento ou ainda por ato inter vivos. Trata-se de direito real típico de bens imóveis e ainda direito real sobre coisa total ou parcialmente alheia. Diferentemente do usufruto, onde seu titular pode usar e fruir sob coisa que pertence a outrem, o mesmo não acontece na habitação, onde o seu titular possui apenas a possibilidade de morar no imóvel, não podendo com isso ter qualquer espécie de benefício financeiro sob o bem que como dito só tem o direito de morar. 
Habitação sucessória
A grande aplicação do direito real de habitação está relacionada ao art. 1831 que trata da habitação sucessória. Por essa norma, o conjugue sobrevivente e o companheiro terão direito a serem mantidos na posse do imóvel desde que pela literalidade da norma seja o único daquela natureza a inventariar. Apesar da norma não permitir a habitação para aquelas hipóteses em que ficar caracterizado que o casal possuía outros bens, a maioria da jurisprudência entende que é possível à habitação desde que caracterizado que aquele imóvel serve de domicílio para o casal. O objetivo da habitação sucessória está relacionado à manutenção da dignidade da pessoa do conjugue, considerando que através dele poderá manter o mesmo padrão sócio econômico que possuía por ocasião da vida do outro conjugue. Se a habitação não estivesse consagrada ao término do inventário os herdeiros poderiam exigir judicialmente a venda do bem e o conjugue com a quantia que lhe seria entregue não teria meios de manter a sua dignidade.
Muito embora o direito real de habitação seja exclusivo do conjugue que pode inclusive constituir nova união, as obrigações propter rem correrão por sua conta, da mesma forma que as despesas inerentes à conservação do bem evitando-se com isso eventual demanda judicial proposta pelos herdeiros requerendo a declaração judicial da perda do direito real. 
Art.1415 (situação excepcional) 
Enquanto no usufruto conjuntivo aquele que vier a morar sozinho poderá ser compelido pelos demais a pagar aluguel proporcional em ação de arbitramento de aluguel, na habitação, caso a mesma tenha sido instituída em favor de dois ou mais titulares, aquele que eventualmente venha a morar sozinho jamais poderá ser obrigado a pagar valor proporcional pela sua ocupação exclusiva, considerando que não é da essência do instituto que o seu titular possa ter qualquer tipo de benefício com a criação desse direito real. Por essa razão, que nada deverá por ele ser entregue. 
As disposições relativas ao usufruto se aplicam a habitação desde que compatíveis entre si. 
Toda e qualquer norma relativa ao usufruto que esteja relacionada à percepção de rendimentos não se aplica a habitação. Caso contrário, a aplicação de um instituto ao outro será imediato. Assim, por exemplo, a habitação é em regra personalíssima, faz com que o titular tenha todas as obrigações inerentes a sua posse direta e é personalíssimo, na medida em que todas essas características são compatíveis com o usufruto.
13.09.17
Superfície – art.1369 ao 1.377 
(Estatuto da Cidade – Lei 10.257/01)
O Código de XVI não tratava do direito real de superfície e a primeira norma que regulou o assunto foi o estatuto da cidade, um ano antes do código civil atual que também tratou do tema. Apesar de duas normas tratarem do mesmo assunto, não há qualquer incompatibilidade entre elas, na medida em que a superfície no Estatuto da Cidade tem oobjetivo de fomentar as políticas públicas de desenvolvimento urbano, como um estacionamento público, uma rodoviária, ao passo que a superfície do Código Civil incidirá sob todas as demais modalidades desse direito real. 
Trata-se de direito real genuinamente imobiliário, onde o dono do solo por direito real, através de escritura pública, transfere a outrem o direito de construir ou plantar sobre imóvel que lhe pertence.
O objetivo da superfície é o de estimular a função social daquele bem que até aquele momento não existiria e o proprietário do solo por hora, não pretende alienar o bem.
 O direito real de superfície promove o afastamento temporário do princípio da gravitação jurídica, onde o acessório segue a sorte do principal. Na constância desse direito real, o superficiário exerce com autonomia os poderes inerentes à propriedade sem qualquer interferência do fundeiro. 
Como se trata de um direito real essencialmente temporário, normalmente constituído até que advenha determinado prazo, muito embora possa ser extinto pela ocorrência de uma condição, o superfíciario poderá ter esse direito ao seu favor a título oneroso ou gratuito e deverá estimar o período aproximado da superfície levando em conta os investimentos que teve que fazer e o lucro razoável pelo período previsto, na medida em que a seu término e caso a escritura de criação da superfície nada disponha, o superficiario deverá devolver sem o poder de recobrar qualquer valor que investiu.
Exceção: a menos que a escritura disponha o oposto.
Art.1372 do CC e Enunciado 510 da JDC 
O direito real de superfície é temporário, porém não personalíssimo de forma que a morte do superficiario não extingue esse direito real. 
A qualquer momento também é possível alienar a titularidade tanto da superfície como do solo a terceiros. Em se tratando de alienação gratuita, é possível a alienação sem que se respeite a preferência, já que em se tratando de uma liberabilidade não há como dar preferência a quem quer que seja.
Nas alienações onerosas ambos são obrigados a dar preferência ao outro para que a propriedade esteja concentrada em favor de uma única pessoa, evitando-se assim inúmeros conflitos de interesse.
Aquele que pretender alienar deverá oferecer ao outro tanto por tanto, isto é, sobre as mesmas condições e com o mesmo preço. Caso deixem de observar a preferência, ficará sujeito o adquirente a ser réu em ação de consignação em pagamento cumulada com (c/c) o pedido de adjudicação compulsória ajuizada por aquele que foi preferido em face do terceiro adquirente que recuperará o que se vou obrigado a pagar. 
A hipótese é de negócio jurídico válido, porém ineficaz, na medida em que se aquele que foi excluído não tiver qualquer intenção em adquirir aquele bem ou não puder fazê-lo não há qualquer razão para que aquele negócio seja desconstituído. Por essa razão, o negócio é apenas ineficaz e em relação ao outro titular do direito real. 
O prazo para o ajuizamento dessa medida é o previsto no Enunciado 510 da JDC que deixa claro se tratar de 6 meses contados do efetivo registro. 
Apesar do registro conferir eficácia erga omnes a alienação feita pode não ser de conhecimento da outra parte e por essa razão é possível excepcionalmente de invocar a Teoria Actio Nata que defende que o prazo decadencial só poderá contar do efetivo conhecimento. 
Art.1.372, parágrafo único.
Muito embora o art.1369 deixe claro que a superfície deva ser instituída transferindo aí o superficiário o direito eventual abstrato de construir ou plantar, a doutrina afirma que é possível ser instituído através do fenômeno da “cisão”, onde as construções ou plantações no momento da criação do direito real já existem. Em hipótese alguma poderá aquele que não exerce o direito de preferência cobrar qualquer valor pelo não exercício do seu direito, tal como acontecia na enfiteuse. O art. 1.371 determina que é de responsabilidade do superficiário o custeio de todas as obrigações propter rem, artigo este criticado pela doutrina considerando que não é justo obrigar o superficiário a custear IPTU, por exemplo, de parte do terreno que não o diz respeita. 
Ademais, alguns tributos são de competência federal e estadual de maneira que o CC é uma lei federal e não pode definir competência de imposto que não lhe diz respeito, como o IPTU que é de competência municipal não podendo o legislador federal discipliná-lo.
Grande parte da doutrina entende ainda que essa norma é uma norma dispositiva e como tal, a escritura de criação da superfície pode prever em sentido contrário. 
A doutrina discute a Natureza jurídica da superfície. Alguns defendem a ideia de que se trata de direito real autônomo, porém resolúvel, na medida em que na constância do mesmo, o superficiário poderá com autonomia exercer os quatro poderá inerentes a propriedade, podendo, por exemplo, hipotecar as construções, dar em usufruto, alugar sabendo aquele que com ele transacionou que a qualquer momento os direitos reais e pessoais constituídos serão extintos com o advento do termo ou condição. 
Há quem sustente que se trata de direito real sobre coisa alheia, na medida em que apesar da autonomia em relação à superfície não há como analisar este direito real desvinculando-o do terreno até mesmo porque ao término do direito real o dono do sol recuperará todas as construções e plantações.
18.09.17
A maneira normal de se extinguir o direito real de superfície se dá através do advento da condição ou termo de sua criação. O Código prevê duas formas anômalas de extinção desse direito real: a desapropriação, onde o superficiário recolherá parte da indenização proporcional ao tempo de superfície que ainda resta e a destinação expressa daquela que havia sido institucionalmente convencionada, hipótese em que o dono do solo deverá ajuizar ação de resolução do negócio jurídico c/c o pedido de perdas e danos diante da inexecução voluntária por parte do superficiário. Além dessas duas hipóteses expressamente previstas em lei, é possível identificar outras situações que ensejam a extinção não tradicional, como o não pagamento do canon (solarium) que vem a ser o valor cobrado pelo fundeiro quando da criação do direito real e que também enseja o pedido de resolução. Com o advento do prazo estipulado para o fim desse direito real, caso o superficiário não tenha a intenção em devolver a coisa deverá ser proposta ação reinvidicatória caso a superfície tenha sido criada como direito abstrato, eventual já que o fundeiro jamais teve a posse direta sobre as construções. Caso a superfície tenha sido estabelecida através do fenômeno da cisão, hipótese em que o superficiário já teve a posse das construções ou plantações será possível à reintegração de posse considerando que já exerceu a posse direta sobre aquilo que transferiu a outrem.
Lei 10.257/01 – art.21 
O estatuto da cidade também prevê o direito real de superfície com duas grandes distinções em relação ao CC. Primeiramente, a superfície da lei especial compreende com regra o uso do subsolo, o que no CC é exatamente o oposto. No Estatuto da Cidade é possível criar esse direito real, sem que se estabeleça prazo na escritura que lei instituir. O fato de o documento de instituição não prever o prazo, não torna este direito real perpétuo. Assim, caso tenha sido estabelecido sem prazo específico, o fundeiro poderá depois de entender que já passou prazo razoável para que o superficiário recupere o que gastou e tenha um lucro exigir do superficiário lhe entregue às construções ou plantações. Caso o superficiário não tenha a intenção de lhe devolver deverá o fundeiro, após a comunicação formal de sua intenção em residir unilateralmente, ajuizar demanda judicial para que o juiz declare a extinção do direito real. Caso o magistrado entenda que o prazo já ultrapassado não foi o suficiente e que na verdade, naquele momento, o poder de resilir revela abuso de direito por parte do dono do solo, ficará prazo razoável para que aquela superfície vigore.
Sobrelevação (direito de laje)
Quando o legislador

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