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Biologia para Ciências Ambientais Hereditariedade e Questões Socioambientais Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Carlos Eduardo de Oliveira Garcia Revisão Textual: Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco 5 • Introdução • Conhecimento Genético Nesta Unidade daremos continuidade às informações que lhe ajudarão no entendimento de uma Ciência desafiadora e básica, a Biologia. Abordaremos os temas da genética, hereditariedade, variabilidade genética, biotecnologia e a relação com as questões socioambientais que estão inseridas nesse contexto. Fique atento(a) às atividades propostas e aos prazos de realização e de entrega dessas. Não deixe de participar do fórum de discussão, pois sua opinião a respeito do tema levantado é importante! Nesta Unidade abordaremos os temas da genética, hereditariedade, variabilidade genética, biotecnologia e a relação com as questões socioambientais que estão inseridas nesse contexto Hereditariedade e Questões Socioambientais 6 Unidade: Hereditariedade e Questões Socioambientais Contextualização Ao avançar do século XXI a implantação de processos sustentáveis em nossa sociedade torna-se uma medida imprescindível e urgente. Os avanços tecnológicos aliados aos avanços nos conhecimentos dos processos da área biológica visam minimizar os efeitos do crescimento acelerado da população, garantir a oferta de alimentos, diminuir o grau de poluição gerado e assegurar a manutenção da qualidade ambiental. Os recursos genéticos de animais e vegetais são acervos estratégicos ao desenvolvimento sustentável de nossa agricultura e ao chamado agronegócio. O estudo e a conservação desses recursos possibilitam a ampliação e desenvolvimento de programas de melhoramento dos produtos e alimentos que já estão na mesa do brasileiro e aqueles que contribuem para a segurança alimentar, garantindo a produção segura e diversificada tanto à nossa geração, como àquelas que estão por vir. 7 Introdução Nas últimas unidades tratamos do DNA e suas funções no núcleo celular. Vimos também que a célula é capaz de replicar seu DNA no período de interfase que antecede a divisão celular. O novo indivíduo herda as características de seus pais na fecundação dos gametas ou, abordando de outra forma, na junção do lote de cromossomos da célula sexual masculina e feminina. Podemos chamar esse patrimônio genético de genoma de um organismo, que nada mais é do que a sequência de DNA completa de um conjunto de cromossomos; por exemplo, um dos dois conjuntos que um indivíduo diploide contém no núcleo de cada uma de suas células somáticas. Os seres humanos possuem 22 pares de cromossomos mais os cromossomos sexuais (XX na mulher, XY no homem), sendo que um conjunto é da mãe e outro do pai. Juntos, esses 23 cromossomos formam o genoma humano. O genoma contém as informações genéticas necessárias para a construção do corpo da espécie em questão. Toda essa informação está armazenada quimicamente nos cromossomos, que nada mais são do que moléculas de DNA. Só para recordarmos, o DNA é formado por um arranjo de fitas duplas em espiral e cada fita é composta de uma série de unidades chamadas nucleotídeos, com bases nitrogenadas. Existem quatro bases diferentes no DNA: Adenina (A), Timina (T), Guanina (G) e Citosina (C). Uma molécula de DNA (um cromossomo) pode ser formada por umas centenas a vários milhares de genes. Por sua vez, os genes podem conter algumas centenas ou mesmo mais de um milhão de pares de bases nitrogenadas. Assim, pode-se dizer que um gene é um segmento de DNA que contém as instruções para a síntese de uma proteína específica. De certa forma, pelo que estudamos até agora, pode-se dizer que as proteínas são as moléculas propulsoras que estimulam e controlam o trabalho de uma célula. Lembre-se que a estrutura das proteínas é caracterizada por diversas combinações de vinte tipos de aminoácidos, de modo que o número, o tipo e a sequência de aminoácidos determinam o tipo de proteína. O número e a sequência de bases nitrogenadas do gene determinam a sequência, o número e o tipo de aminoácido na montagem ou síntese de uma proteína (Figura 1). A estrutura determina as diferentes funções especializadas de uma proteína, como fazer parte da estrutura muscular (estrutural), regular as diferentes reações químicas do organismo, controlar o metabolismo celular, entre outras. Muitas proteínas são enzimas, com a função especializada de sintetizar, ou promover a quebra e/ou decomposição de moléculas químicas atuando como enzimas. Figura 1 – Genes controlam a síntese de proteínas. Fonte: Adaptado de Genetics and human behavior: the ethical context, Nuffield council on bioethics, 2002. 8 Unidade: Hereditariedade e Questões Socioambientais Conhecimento genético Outro conceito importante para relembrar é o de variabilidade genética. Afirmamos que a meiose promovia variabilidade genética nas células sexuais em relação à célula que as originava. Além da redução pela metade do número de cromossomos, a sequência de bases nos cromossomos dos gametas poderia ser alterada em pontos específicos pelo processo de crossing-over ou troca de segmentos em cromossomos homólogos. Extrapolando esse conceito para uma espécie de ser vivo, podemos dizer que quando é realizada uma comparação da sequência de DNA de um determinado cromossomo entre dois indivíduos escolhidos aleatoriamente, esse tipo de comparação mostra que as sequências de DNA são quase, mas não exatamente idênticas; há variabilidade genética (diferenças na sequência de bases do DNA) entre os indivíduos. Por exemplo, alguns indivíduos podem ter uma base “A” enquanto outros têm uma base “G” em uma mesma posição particular no cromossomo. Essa diferença pode promover a síntese de proteínas diferentes. Após a consolidação dos conhecimentos que estabeleceram a importância das células sexuais e o papel da fecundação para o restabelecimento do número diploide de cromossomos a hereditariedade ganha notoriedade. Os estudos com ervilhas de Gregor Mendel ajudaram no estabelecimento das leis fundamentais da hereditariedade e estabeleceram a ideia de que os gametas seriam a ligação física contento informações químicas entre as gerações, base para os estudos do DNA e genética. O avanço dos saberes nessa área, baseado em conhecimentos científicos promoveu o desenvolvimento de novas técnicas que possibilitaram o uso racional dos recursos naturais principalmente na área agrícola e criação de animais. Esse conhecimento serviu como base para a racionalização e melhor aproveitamento das características dos animais e plantas para a produção na área da agroindústria. No século XX, com o aprimoramento das técnicas que envolvem a manipulação do DNA, houve o desenvolvimento de uma nova área de estudo: a Biotecnologia. Nessa área destaca-se a engenharia genética, que desenvolveu e aprimorou técnicas como o sequenciamento do DNA, ou seja, determinar a sequência de bases nitrogenadas de um determinado gene, a tecnologia do DNA recombinante que, além de isolar segmentos da molécula de DNA, consegue a inserção desses segmentos para o DNA de outros organismos. A técnica de DNA recombinante é uma das principais dentre as tecnologias que envolvem a área da Biotecnologia. Para sua aplicação é utilizada uma classe de proteínas chamadas enzimas de restrição ou endonucleases. As enzimas de restrição foram primeiramente identificadas pela sua capacidade de restringir o crescimento de certas viroses em algumas linhagens de Escherichia coli e por isso, foram denominadas enzimas de restrição. As enzimas de restrição cortam ou quebram a molécula de DNA em pontos específicos, levando à produção de fragmentos contendo pontas adesivas, que podem se ligar a outras pontas de moléculas de DNA que tenham sido cortadas com a mesma enzima.9 Uma das primeiras enzimas de restrição a ser isolada foi a EcoR1, produzida pela bactéria Escherichia coli. Essa enzima reconhece apenas a sequência GAATTC e seu sítio-alvo (ponto de corte) é entre o G e o primeiro A. Figura 2 – Ilustração mostrando o sítio ativo da enzima EcoR1. Além das enzimas de restrição os cientistas conseguiram dominar o uso de outra classe de enzimas, as enzimas DNA ligases, que inserem segmentos de DNA que foram isolados em outros segmentos de DNA de uma outra espécie. Com o domínio dessas enzimas desenvolveu-se a técnica que podemos chamar de clonagem gênica, ou seja, o isolamento, amplificação e purificação de um gene a partir do material genético de um dado organismo. Para se produzir um número elevado de cópias de um determinado segmento de DNA, primeiro é preciso isola-la e introduzi-la em espécies denominadas de vetores, geralmente utilizando bactérias, vírus e mais recentemente leveduras. Esses organismos são facilmente manipulados em laboratório e possuem uma alta taxa de reprodução e rápido crescimento. No caso das bactérias, além de seu cromossomo circular há a presença de moléculas menores de DNA denominadas plasmídeos, que facilitam o trabalho de incorporação de novos segmentos de DNA. Figura 3 – Microfotografia de plasmídeos. Fonte: W ikim edia C om m ons. 10 Unidade: Hereditariedade e Questões Socioambientais Figura 4 – Esquema ilustrativo da formação de DNA recombinante e sua clonagem em bactérias. Essa técnica possibilitou o aparecimento e o aprimoramento do método de formação de organismos transgênicos. Para ficar mais claro citaremos um caso de organismo transgênico. A propósito, você saberia dizer o que é um organismo transgênico? Organismos transgênicos são aqueles que ganharam materiais genéticos, segmentos de DNA ou genes de outros organismos. Nos dias atuais da Biotecnologia os cientistas conseguem realizar a transferência de genes de uma espécie A para uma espécie B por meio de técnicas de engenharia genética. Esses organismos ganharam notoriedade no Brasil por volta de 1998, quando as sementes de soja geneticamente alteradas para contrabalançar os efeitos dos herbicidas começaram a chegar no Brasil, vindas de contrabando procedentes da Argentina. Segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), seu uso foi proibido e perseguido até a década passada. Contudo, atualmente sua comercialização não só é legal, mas a expansão foi tal que hoje 85% dos quase 25 milhões de hectares semeados com soja no Brasil (7% do território) são de origem transgênica. Vamos entender o caso: Essa nova variedade de soja desenvolvida em laboratório possui resistência ao glifosato. O glifosato é um herbicida de largo espectro, sendo utilizado para controlar ervas daninhas em lavouras de soja e outras culturas. Devido ao seu largo espectro de atuação, esse herbicida também mata a soja normal, o que impede o seu uso após a germinação da semente. O glifosato só era aplicado antes da germinação das sementes de soja normal, caso contrário; mataria as plantas de soja e as ervas daninhas. Com a alteração genética, criou-se uma linhagem de soja pela introdução de um gene de uma espécie de bactéria que produz uma proteína que torna a planta da soja resistente ao herbicida glifosato. Na soja transgênica o herbicida pode ser aplicado em uma lavoura após a germinação da semente, pois mata somente as ervas daninhas e não a soja. A introdução do novo gene não altera as características da composição química da soja. 11 Neste exemplo note que as técnicas de Engenharia Genética podem gerar impactos ambientais, dado que as técnicas de alterações de genes refletem na alteração de propriedades biológicas; com isso, pode-se induzir alterações tanto nas propriedades químicas quanto físicas do ambiente. Impacto ambiental pode ser entendido como qualquer alteração nas propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população; assim como as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; além da qualidade dos recursos ambientais. Dessa forma, pode-se chegar à conclusão de que o uso de técnicas de engenharia genética com alteração de propriedades – biológicas – do organismo-objeto pode manter uma relação com a geração de impactos ambientais, tanto sob aspectos positivos (benefícios), quanto negativos (malefícios). Especificando os benefícios, temos: • Oferta de gêneros alimentícios de melhor qualidade nutricional, aparência e de perecibilidade, com repercussões evidentes na saúde humana e no mercado desse tipo de produto; • Produção de alimentos com anticorpos, de fundamental importância à saúde humana; • Menor uso de biocidas em projetos agrários, em função do aumento da resistência das espécies comerciais às pragas e doenças, com desdobramentos positivos junto ao solo, ar, água e biota, além do aspecto de racionalização de custos; • Menor uso de herbicidas, decorrente da resistência induzida da espécie vegetal comercial; • Produção de híbridos pela transformação genética visando a esterilidade – importante ferramenta para o controle de vetores de doenças; • Oferta de variedades resistentes ao estresse abiótico e biótico, com vasto interesse em termos de produtividade. Quanto aos malefícios: • Possibilidade de genes alterados se incorporarem em parentes silvestres, com repercussões de difícil previsão (reprodução e hereditariedade); • Possibilidade de que parte do material genético alterado entre na cadeia alimentar local e/ou regional, podendo induzir a ocorrência de alergias ou outros males em diferentes organismos, inclusive ao ser humano, de uma forma indireta; • Possibilidade de se “perder” o controle de produtos com origem transgênica, tendo em vista a cadeia de produção e/ou cadeias de comércio, em que um produto geneticamente alterado não é consumido in natura, mas comumente participa de um processo complexo, por exemplo: milho transgênico que entra na confecção de rações para porcos e aves que serão consumidos por humanos. Essa situação pode gerar dificuldades em se identificar possíveis causas negativas junto à saúde da população humana. O termo biossegurança é entendido como a área do conhecimento humano que trata da concepção, execução e monitoramento de procedimentos formais para total controle no uso de técnicas de engenharia genética, notadamente no que tange aos Organismos Geneticamente Modificados (OGM), em todo o seu espectro: construção; cultivo; manipulação; transporte; comercialização; consumo; liberação e descarte, visando proteger a vida e a saúde dos seres vivos. 12 Unidade: Hereditariedade e Questões Socioambientais É de responsabilidade da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (Ctnbio) exigir, se for o caso, um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e respectivo Relatório de Impacto Ambiental (Rima) de projetos e aplicações que envolvam OGM no ambiente, além das exigências específicas para o nível de risco aplicável. Assim, esses documentos deverão avaliar os impactos ambientais relacionados aos meios físico, biótico e antrópico, a partir de sua identificação e caracterização qualitativa e quantitativa, além do delineamento de medidas potencializadoras e mitigadoras para os impactos positivos e negativos, respectivamente, e da implementação de um programa de monitoramento e acompanhamento desses. A Ctnbio é uma instância colegiada multidisciplinar, criada através da Lei n.º 11.105, de 24 de março de 2005, cuja finalidade é prestar apoio técnico consultivo e assessoramento ao Governo Federal na formulação, atualização e implementação da política nacional de biossegurançarelativa aos OGM, bem como no estabelecimento de normas técnicas de segurança e pareceres técnicos referentes à proteção da saúde humana, dos organismos vivos e do meio ambiente, para atividades que envolvam a construção; experimentação; cultivo; manipulação; transporte; comercialização; consumo; armazenamento; liberação e descarte de OGM e derivados. Outra técnica que ganhou destaque dentro dessa nova perspectiva da Biotecnologia foi a clonagem de organismos multicelulares. Tal clonagem pode ser definida como a produção de indivíduos geneticamente idênticos, sem o envolvimento de gametas; por multiplicação assexuada a partir de uma linhagem de células-mãe. Com os atuais conhecimentos da Biologia Celular há a possibilidade de se fecundar espermatozoides e óvulos de animais selecionados que possuam características de interesse, após a fecundação com o início das primeiras divisões celulares. Para se formar o embrião as células são separadas e implantadas em outras fêmeas. Essa metodologia ficou popularmente conhecida como barriga ou mãe de aluguel. Cada uma dessas células dará origem a novos indivíduos geneticamente idênticos. Outra técnica desenvolvida para esse fim é a clonagem de embriões que pode ser realizada pela transferência nuclear, utilizando-se células somáticas, permitindo a produção de elevado número de indivíduos idênticos. O anúncio oficial do primeiro animal clonado do mundo, a ovelha Dolly, foi feito em 1997, pela equipe do pesquisador britânico Ian Wimut. A ovelha foi produzida utilizando-se essa técnica, a partir de células de um mamífero adulto. Entenda o processo utilizado: Na denominada célula receptora, um ovócito é retirado do ovário de um animal da mesma espécie. Com o auxílio de uma micropipeta, o material genético é sugado, retirado Explore Para efeito de ilustração, assista ao vídeo disponível em: http://docsagencia.cnptia.embrapa.br/ReproducaoAnimal/enucleacao.mpg. Uma célula diploide da glândula mamária é fundida ao ovócito desprovido de material genético. O ovócito com um núcleo repleto de material genético diploide ganha estímulos à divisão e formação de um embrião. Ao iniciar as divisões, as células são implantadas no útero de uma ovelha de aluguel. 13 Figura 5 – Esquema ilustrativo modificado da técnica de clonagem pela transferência nuclear utilizando-se células somáticas. Fonte: Wikimedia Commons. Figura 6 – Pesquisador britânico Ian Wimut e a criação, ovelha Dolly. W ikim edia C om m ons A ovelha Dolly, embalsamada, em exposição no Museu Real da Escócia. No Brasil e na América Latina o primeiro animal resultante da transferência nuclear (clonagem) foi a bezerra Vitória, nascida em 2001, na Fazenda Experimental Sucupira, em Brasília, Distrito Federal, resultado do trabalho dos pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). No caso da novilha Vitória, o material genético utilizado foi retirado de uma célula embrionária de cinco dias e transferido para um ovócito que teve seu material genético previamente retirado. Após a estimulação e início das divisões, as células foram implantadas em uma vaca de aluguel. 14 Unidade: Hereditariedade e Questões Socioambientais Após a vaca Vitória ter completado três anos de idade surgiu o avanço dessa clonagem. Utilizando a técnica de inseminação artificial, os pesquisadores da Embrapa conseguiram o primeiro filhote de um organismo clonado: a vaca vitória deu a luz a uma bezerrinha chamada Glória. Figura 6 – Vitória, organismo multicelular clonado na Embrapa. M arcello C asal Jr./A gência B rasil Segundo o relato dos pesquisadores da Embrapa, os objetivos dessa técnica estão voltados à conservação de recursos genéticos animais, melhoramento genético e pesquisa básica. A ideia é promover o melhoramento genético do rebanho brasileiro e multiplicar animais transgênicos ou excepcionais à pecuária. Há agora uma possibilidade real de utilização da técnica de clonagem. Com essa tecnologia dominada surgem as questões éticas e socioambientais que precisam ser avaliadas e discutidas. Nesse contexto, torna-se necessário avaliar e valorizar nossa biodiversidade e patrimônio genético. Possuímos a Amazônia, que é a maior área contínua de floresta tropical do mundo, entre dez e vinte por cento das 1,5 milhão de espécies de seres vivos catalogadas, cerca de 55.000 espécies de plantas com sementes, a maior diversidade de primatas, anfíbios, peixes de água doce e insetos e a terceira maior de aves. Uma riqueza que pouco conhecemos. Além disso, temos que considerar os fatores socioambientais, como o uso e conhecimento dos recursos naturais por populações tradicionais na alimentação, combate natural de pragas, benzimentos e rituais de curas, entre outros, que podem representar um atalho significativamente rentável à indústria de biotecnologia para o desenvolvimento de novos produtos. Você Sabia ? Com as inovações tecnológicas e os avanços da Biologia Molecular do século XXI, o uso comercial dos recursos naturais será quase que inevitável. A era da biotecnologia vai se impor, os interesses se estenderão à utilização e à manipulação de informações genéticas dos seres vivos, de microrganismos a vertebrados, inclusive a espécie humana, que passarão a ser importante fonte de matéria-prima para o desenvolvimento de novos produtos pelas indústrias farmacêutica, química, alimentícia, agrícola, entre outras. Em um mundo cada vez mais globalizado, o avanço e as relações que se estabelecem entre as Ciências como Biologia, Química, Física, Tecnologia da Informação, Nanotecnologia, Biotecnologia e Genética, abrem-se a possibilidade de não apenas desvendar todos os mistérios e segredos da herança genética de um indivíduo, como também de usá-la a favor da saúde humana. No entanto é questão de prioridade da sociedade, das universidades, das instituições de pesquisa, dos órgãos governamentais e não governamentais analisarem as consequências e os limites do uso dessas novas tecnologias, já que a história demonstra que os avanços científicos sempre estão à frente do estudo e da análise dos seus riscos à saúde humana. 15 Material Complementar O seguinte material servirá para ampliar seu conhecimento sobre o tema desta Unidade: BAMBACE, D. Plantando dúvida. Greenpeace Brasil. 22 out. 2012. Disponível em: http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Blog/plantando-dvida/blog/42687. BRASIL avalia liberar eucalipto transgênico. Greenpeace Brasil. 4 set. 2014. Disponível em: http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/brasil-avalia-liberar-eucalipto-transgenico. EMBRAPA: recursos genéticos e biotecnologia – vídeo institucional. 2 set. 2011. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=cgFBjYmJdPs. ENUCLEAÇÃO. [20--]. Disponível em: http://docsagencia.cnptia.embrapa.br/ReproducaoAnimal/enucleacao.mpg. FIV P.O nelore – seleção e aspiração dos oócitos. v. 1. 16 maio 2013. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Kl0Qk45xq-U. LOBATO, B. Bezerra Brasília é o novo clone da Embrapa. Embrapa Cerrados. 6 maio 2013. Disponível em: http://www.cpac.embrapa.br/noticias/noticia_completa/461. 16 Unidade: Hereditariedade e Questões Socioambientais Referências ALBERTS, B. et al. Fundamentos da Biologia Celular. 3. ed. Porto Alegre, RS: ArtMed, 2011. AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R. Biologia, v. 1. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2009. COMISSÃO Técnica Nacional de Biossegurança. Disponível em: http://www.ctnbio.gov.br. LEHNINGER, A. L.; NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de Bioquímica. 2. ed. São Paulo: Sarvier, 1995. REPRODUÇÃO Animal. [20--]. Disponível em: http://www.agencia.cnptia.embrapa.br. 17 Anotações www.cruzeirodosulvirtual.com.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP 01506-000 São PauloSP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000
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