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Estado e Governo Surgido no século XVIII, o conceito de Estado Democrático depende do reconhecimento de valores fundamentais do homem e de organização por parte do Estado para proteção e promoção destes valores. Tal conceito tem relação com o pensamento aristotélico exposto em A Política, em que já se propunha um governo do povo, apesar de que esse “povo”, o cidadão, seria alguém com autoridades deliberativa e judiciária. O cidadão, de virtude política, fazia parte da aristocracia e não teria necessidade de trabalhar para viver. Essa não era a concepção no século XVIII, quando a burguesia, economicamente poderosa, tomou o poder político da monarquia e da nobreza. Com influência dos jusnaturalistas como Locke e Rousseau, a afirmação dos princípios democráticos e dos direitos naturais da pessoa humana enfraqueceu o absolutismo dos monarcas e pavimentou a ascensão burguesa, por isso esse formato é às vezes chamado de Estado burguês. Rousseau, entretanto, desacreditava num governo democrático, afirmando que jamais existiria uma verdadeira democracia. Ainda assim, sua influência foi considerável e observam-se claramente em sua obra os princípios inerentes aos Estados democráticos. Foram três movimentos político-sociais que deram início aos Estados Democráticos, sendo eles a Revolução Inglesa, em 1689, a Revolução Americana, em 1776 e a Revolução Francesa, em 1789. Os pensamentos de Locke e a publicação da Declaração Inglesa de Direitos, em 1688, que proclamava os direitos e liberdades dos súditos, abriram o caminho para a Revolução Inglesa, quando, no ano seguinte, a aprovação da Bill of Rights ratificou aquela Declaração, afirmou a supremacia do Parlamento e estabeleceu limites ao poder absoluto do monarca. Juntamente com os pensamentos protestantes, afirmaram os direitos naturais dos indivíduos, nascidos livres e iguais. O desejo de liberdade também era presente nas colônias da América do Norte e, em 1776, a Declaração de Independência das 13 colônias americanas levaram à Revolução Americana, buscando um governo do povo, sem que houvesse submissão a um governo absoluto, ainda que local e não mais inglês. A Declaração de Independência proclama que “todos os homens são criados iguais, dotados pelo Criador de certos direitos alienáveis, entre os quais a vida, a liberdade e a procura da felicidade; que para proteger tais direitos são instituídos governos entre os homens, emanando seus justos poderes dos consentimentos dos governados. Que sempre que uma forma de governo se torna destrutiva, é direito do povo alterá-la ou aboli- la e instituir um novo governo [...]”. Na França de 1789, além da oposição ao absolutismo, havia grande instabilidade interna, surgindo a ideia de nação como união de interesses. Somando-se a isso, os conflitos com a Igreja, tida inimiga do Estado, influiu para que a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão tivesse um texto universal, independente da religião. Segundo essa Declaração, todos os homens nascem e permanescem livres e iguais em direitos, e nenhuma limitação pode ser imposta a eles, a não ser por meio de lei. A lei é a expressão da vontade geral, e todos os cidadãos tem o direito de contribuir em sua formação. Assim sendo, as exigências da democracia são a igualdade de direitos, sem distinção ecomômica ou de classe social, a preservação da liberdade, que garante o poder de dispor de sua pessoa e seus bens sem interferência do Estado, e a supremacia da vontade popular, com possibilidade de participação popular no governo. Marcelo Lozovey, 2014
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