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O Código Brasileiro de Defesa do Consumidor (CDC) é uma lei abrangente que visa proteger os direitos do consumidor, assim como regular as relações e as responsabilidades entre o fornecedor com o consumidor final, designando padrões de conduta, prazos e penalidades. O CDC foi instituído pela lei Nº 8.078, de 11 de setembro de 1990; porém sua vigência foi postergada por mais alguns anos. Buscou complementar um vácuo existente nas leis do país, em que as relações comerciais não traziam nenhum tipo de garantia de proteção ao consumidor. Crescente necessidade de criação de leis e regras que fossem ao encontro do dinamismo proporcionado pela sociedade das últimas décadas. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor - Histórico 1 Após a redemocratização do país, com a criação da Constituição de 1988, houve o surgimento de novas entidades não-governamentais, o que tornou mais necessária ainda uma regulamentação severa dos direitos sociais. O Ministério da Justiça, formou uma comissão de juristas, para que elaborassem o Código de defesa do Consumidor. Só foi em 1990 que o CDC foi promulgado. A partir disso, as relações de consumo for transformadas, impondo maior qualidade para os produtos fabricados e para atendimentos aos clientes de diversas empresas. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor - Histórico LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990 Título I Dos Direitos do Consumidor Fornecedor Consumidor Produto e/ou Serviço Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados,que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. § 1º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. Política Nacional das Relações de Consumo PROTEÇÃO DO CONSUMIDOR Vulnerabilidade Harmonização Proteção Educação e informação Incentivo Coibição e repressão PRINCÍPIOS Assistência jurídica Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor Delegacias especializadas Juizados Especiais EXECUÇÃO Dos Direitos Básicos do Consumidor Art. 6º São direitos básicos do consumidor: I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos; II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações; III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços; Da Proteção à Saúde e Segurança Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito. Art. 9° O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto. DE QUEM É A CULPA? FORNECEDOR Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos… § 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: I - sua apresentação; II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III - a época em que foi colocado em circulação. § 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado. Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor… § 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III - o abatimento proporcional do preço.. DEFEITO VÍCIO “O vício abarca somente o produto adquirido ou serviço contratado pelo consumidor. Em outras palavras, a responsabilidade do fornecedor se restringe à própria coisa, ou seja, não atinge diretamente o consumidor.” Vício de qualidade: O produto não tem a qualidade que dele se espera Vício de quantidade: Quantidade menor do que a expressa na embalagem ou na balança. “Para que surja o defeito, pressupõe-se, em tese, um vício. Porém, se esse vício causa uma lesão não só do bem adquirido ou no serviço contratado, mas, também, lesão ao patrimônio jurídico material e moral do consumidor. E por conseguinte, isso gera um dano, caracteriza-se, então, um acidente de consumo, ou como apregoa o Código de Defesa do Consumidor, um fato do produto ou serviço.” PRAZOS Vícios aparentes 30 dias (serviço e produtos não duráveis) 90 dias (produtos duráveis) OBS: Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços Vício oculto O prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço. Práticas comerciais Seção I – VI; capítulo V Publicidade Enganosa é caracterizada como: § capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. § É abusiva ao incitar a violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança. Proteção Contratual Capítulo VI – Proteção Contratual Destacam-se, nessa seção: Art. 46 - Os contratos não obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance. Art. 47 – as cláusulas serão mais favoráveis ao consumidor Infrações previstas no CDC Capítulo VII - titulo II Infrações comuns que são do desconhecimento do público: Art. 63 - Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou periculosidade de produtos Art. 66 - Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante sobre a natureza, característica, qualidade, quantidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de produtos ou serviços Art. 67 - Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusiva 13Art. 68. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa a sua saúde ou segurança Além desses quatro artigos, ainda há outros 13 artigos Infrações Penais Cap. VII – Título II Art. 55 – Cabe à União, os Estados e o Distrito Federal fazer normas que regulem a produção, industrialização, distribuição e consumo de produtos e serviços. § 1º - A União, os Estados e o Distrito Federal e os municípios controlarão a produção, industrialização, distribuição, a publicidade de produtos e serviços e o mercado de consumo Art. 56 - As infrações das normas de defesa d o consumidor ficam sujeitas, conforme o caso, às seguintes sanções administrativas: I - multa; II - apreensão do produto; III - inutilização do produto; IV - cassação do registro do produto junto ao órgão competente; V - proibição de fabricação do produto; VI - suspensão de fornecimento de produtos ou serviço; VII - suspensão temporária de atividade; VIII - revogação de concessão ou permissão de uso; IX - cassação de licença do estabelecimento ou de atividade; X - interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de obra ou de atividade; XI - intervenção administrativa; XII - imposição de contrapropaganda. Sistema Nacional de Defesa do Consumidor Título IV § Art. 105: Mostra os integrantes os integrantes do SNDC, que são os órgãos federais, estaduais, do Distrito Federal e municipais e as entidades privadas de defesa do consumidor. § Art. 106 Fala sobre o Departamento Nacional de Defesa do Consumidor, da Secretaria Nacional de Direito Econômico (MJ), ou órgão federal que venha substituí-lo, que é o organismo de coordenação da política do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor. Cabe a ele (das tarefas mais importantes): I - planejar, elaborar, propor, coordenar e executar a política nacional de proteção ao consumidor; III - prestar aos consumidores orientação permanente sobre seus direitos e garantias; IV - informar, conscientizar e motivar o consumidor através dos diferentes meios de comunicação; VI - representar ao Ministério Público competente para fins de adoção de medidas processuais no âmbito de suas atribuições; VII - levar ao conhecimento dos órgãos competentes as infrações de ordem administrativa que violarem os interesses difusos, coletivos, ou individuais dos consumidores; IX - incentivar, inclusive com recursos financeiros e outros programas especiais, a formação de entidades de defesa do consumidor pela população e pelos órgãos públicos estaduais e municipais; Consumidor: Pessoa física ou jurídica que adquira produto ou serviço na posição de destinatário final. Fornecedor: Pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como entes despersonalizados, que fornecem o produto/serviço com finalidade lucrativa e habitualidade. Exemplo 1 Site de automóveis anunciados por pessoas físicas (carros usados). Veículo encontra algum tipo de problema. O CDC protege o consumidor nesse caso? Nesse caso, não se pode concluir que há relação de consumo. Existe consumidor, mas não se sabe se o sujeito é fornecedor. Exemplo 2 Supermercado compra produto de fornecedor e o revende para seus clientes. Há relação de consumo entre o supermercado e o fornecedor? Não. Existe fornecedor (finalidade financeira e habitualidade), mas falta um consumidor. Exemplo 3 Aluna da FEA vende trufas na mesinha da vivência. Você compra e consome essa trufa. Nesse caso, existe relação de consumo? Sim. Há fornecedor e consumidor, logo ocorre a relação e o CDC é aplicável. Exemplo 4 Vendedor estrangeiro em mercado ilegal comercializa celulares. Consumidor adquire o produto por ser barato. O CDC se aplica nessa situação? Sim. O indivíduo (pessoa física e estrangeira) se encaixa como fornecedor, e o adquirente é o destinatário final do produto, logo um consumidor e há relação de consumo. Artículo 42- Los consumidores y usuarios de bienes y servicios tienen derecho, en la relación de consumo, a la protección de su salud, seguridad e intereses económicos; a una información adecuada y veraz; a la libertad de elección, y a condiciones de trato equitativo y digno. Las autoridades proveerán a la protección de esos derechos, a la educación para el consumo, a la defensa de la competencia contra toda forma de distorsión de los mercados, al control de los monopolios naturales y legales, al de la calidad y eficiencia de los servicios públicos, y a la constitución de asociaciones de consumidores y de usuarios. La legislación establecerá procedimientos eficaces para la prevención y solución de conflictos, y los marcos regulatorios de los servicios públicos de competencia nacional, previendo la necesaria participación de las asociaciones de consumidores y usuarios y de las provincias interesadas, en los organismos de control. Argentina Austrália Estados Unidos Federal Food, Drug, and Cosmetic Act, Fair Debt Collection Practices Act, the Fair Credit Reporting Act, Truth in Lending Act, Fair Credit Billing Act, and the Gramm–Leach–Bliley Act CDC: Direito e Economia Prêmio Nobel de 2001 George Akerlof: The Market for Lemons: Quality Uncertainty and the Market Mechanism, 1970 → seleção adversa ou informação privada Michael Spence: Job market signaling, 1973 → sinalização Joseph Stiglitz: Equilibrium in competitive insurance markets: an essay on the economics of imperfect information, 1976 → screening Assimetria de informação: Uma parcela do mercado tem melhores informações que a outra Teoria Neoclássica: Mercados na maior parte das vezes atuando perfeitamente, através das decisões racionais dos agentes Teorias modernas - resultado de trabalhos como dos laureados com o prêmio: Mercados pouquíssimas vezes atuando de forma perfeita sob o ponto de vista do ótimo de Pareto, pela grande assimetria de informação em todas as economias Resultado: Muito maior intervenção governamental é recomendada do que o reconhecido pela escola tradicional, já que os agentes em geral não são capazes de tomar racionalmente as melhores decisões possíveis Interpretação do CDC: O consumidor é o mais vulnerável na troca! Por isso o art. 4º afirma ser seu objetivo garantir a proteção dos interesses econômicos dos consumidores, a transparência e a harmonia das relações de consumo. Inclusão de instituições financeiras; Publicidade; Contratos; Bancos de dados e cadastros de consumidores; Compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico (art 4º - inciso III). Impacto macroeconômico: Reflexão: Caso General Motors Críticas ao Código de Defesa do Consumidor (CDC) Necessária, já que o consumidor é a parte vulnerável da relação jurídica com o fornecedor de bens e serviços. Evita que o fornecedor – que provavelmente detém mais informações sobre o produto – seja desleal na venda de bens ou prestação de serviço, tentando equilibrar a relação que originalmente é desequilibrada. Acentua o direito da livre concorrência. Pontos Positivos: Participante-consumidora chegou na última pergunta e desistiu por não achar que havia uma resposta correta da pergunta: “A Constituição reconhece direitos aos índios de quanto do território brasileiro?”. De fato, a consumidora que foi sorteada para participar do programa entrou na Justiça porque não havia resposta certa para pergunta (fraude do programa Show do Milhão), ela perdeu a chance de ganhar 1 milhão de reais, com isso invocou a teoria da perda de uma chance. Empresa (SBT) foi condenada a indenizar em R$ 500mil a participante, no 1º grau de Jurisdição. O SBT recorreu, alegando que havia a possibilidade de acerto e, assim, a ação deveria ser dada como improcedente ou, subsidiariamente, condenado a pagar, no máximo R$ 125mil (25% de chance de acerto). A sugestão foi acatada pelo ministro relator do caso no STJ Fernando Gonçalves e a participantefoi indenizada em R$ 125mil. Caso do Show do Milhão: Excesso de intermediação do Estado nos conflitos de consumo; Empresas preferem as multas administrativas e brigas judiciais à conciliação; Aspectos não claros na legislação: - Vício do produto - Serviços públicos - Convenção coletiva de consumo - Serviço de atendimento ao consumidor -Judicialização -Publicidade infantil Consumidores utilizam a lei a seu favor para ganharem indenizações sob qualquer custo. Pontos Negativos: Consumidores utilizam a lei a seu favor para ganharem indenizações sob qualquer custo. Mulher encontrou resíduos de insetos na embalagem de espaguete, mas não os consumiu. Ganhou indenização de R$ 3 mil reais em primeira instância. Empresa recorreu e o desembargador Eugênio Facchini Neto disse que a consumidora não tinha direito à indenização, apenas a troca do produto, já este não havia sido consumido. Problema: Caso dos Resíduos de Insetos – TJ/RS: Fornecedores colocam cláusulas nulas em contratos tentando se eximir de responsabilidades tentando enganar o cliente que, muitas vezes, acaba sendo prejudicado. Contratos de Planos de Saúde: Súmula 302 do STJ– É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no tempo a internação hospitalar do segurado. Estacionamentos que dizem não se responsabilizarem por objetos perdidos e/ou danos sofridos no carro parado. Problema:
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