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Aula 04 O Problema do Consumidor

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MICROECONOMIA 1
Departamento de Economia, Universidade de Bras´ılia
Notas de Aula 4 - Graduac¸a˜o
Prof. Jose´ Guilherme de Lara Resende
1 O problema do consumidor
As prefereˆncias � e a reta orc¸amenta´ria conteˆm informac¸o˜es distintas sobre o consumidor:
• As prefereˆncias ou as utilidades refletem o gosto do consumidor, sem considerar o que de fato
pode ser adquirido.
• A reta orc¸amenta´ria reflete as possibilidades de compra do consumidor, sem considerar suas
prefereˆncias.
O problema primal do consumidor combina esses dois conceitos, ao modelar o problema do con-
sumidor como a maximizac¸a˜o da utilidade sujeita a` restric¸a˜o orc¸amenta´ria.
Considere um consumidor que deseja escolher entre n bens, x1, x2, . . . , xn, que podem ser comprados
pelos prec¸os de mercado p1, p2, . . . , pn, respectivamente. Vamos denotar uma cesta de bens por x =
(x1, x2, . . . , xn) e um vetor de prec¸os por p = (p1, p2, . . . , pn). Vamos supor que o consumidor possa
comprar tantos bens quanto for poss´ıvel, sem afetar os prec¸os desses bens (o consumidor e´ “pequeno”
com relac¸a˜o ao tamanho do mercado). Observe que medimos tanto a renda quanto o consumo dos
bens como fluxos em um determinado per´ıodo de tempo (por exemplo, um meˆs).
O problema do consumidor pode ser escrito como encontrar a cesta x∗ que seja fact´ıvel (isto e´, que
satisfac¸a a restric¸a˜o orc¸amenta´ria, p1x
∗
1 + p2x
∗
2 + · · · + pnx∗n ≤ m) e tal que x∗ � x, para toda cesta
x fact´ıvel, isto e´, que tambe´m esteja dentro das possibilidades de consumo do indiv´ıduo (satisfac¸a a
restric¸a˜o orc¸amenta´ria, p1x1 + p2x2 + · · ·+ pnxn ≤ m).
Vimos que, sob determinadas condic¸o˜es, uma prefereˆncia pode ser representada por uma func¸a˜o de
utilidade. Isso significa que se x � y, enta˜o u(x) ≥ u(y). Logo, o problema acima pode ser reescrito
em termos de func¸o˜es de utilidade: encontrar a cesta x∗ que seja fact´ıvel para o consumidor e tal que
u(x∗) ≥ u(x), para toda cesta x fact´ıvel. Equivalentemente, temos que:
max
x∈Rn+
u(x1, x2, . . . , xn) tal que p1x1 + p2x2 + · · ·+ pnxn ≤ m (1)
Enta˜o o consumidor escolhe os bens que maximizam a sua utilidade e que esta˜o dentro da sua
possibilidade de consumo (satisfazem a sua restric¸a˜o orc¸amenta´ria).
Se as prefereˆncias forem bem-comportadas (� e´ completa, transitiva, cont´ınua, mono´tona e estri-
tamente convexa), enta˜o a utilidade que a representa sera´ crescente e estritamente quasecoˆncava.
1
Para resolver esse problema1, montamos o Langrageano:
L = u(x1, x2, . . . , xn) + λ (m− p1x1 + p2x2 + · · ·+ pnxn) ,
onde λ e´ o multiplicador de Lagrange.
As n+ 1 condic¸o˜es de primeira ordem (CPO) desse problema sa˜o:
λ∗p1 =
∂u(x∗1,x
∗
2,...,x
∗
n)
∂x1
...
...
λ∗pn =
∂u(x∗1,x
∗
2,...,x
∗
n)
∂xn
m = p1x
∗
1 + p2x
∗
2 + · · ·+ pnx∗n
(2)
As CPO sa˜o necessa´rias mas na˜o suficientes para garantir a otimalidade da soluc¸a˜o. Para confirmar
que as cestas encontradas usando as CPO sa˜o de fato o´timas, precisamos verificar as condic¸o˜es de
segunda ordem (CSO) do problema. Por enquanto, vamos assumir que as CSO para o problema do
consumidor sa˜o satisfeitas (o que ocorre no caso em que as prefereˆncias sa˜o bem-comportadas). Se
dividirmos duas das primeiras n equac¸o˜es acima, obtemos:
∂u(x∗1,x
∗
2,...,x
∗
n)
∂xi
∂u(x∗1,x
∗
2,...,x
∗
n)
∂xj
=
pi
pj
⇒ −
∂u(x∗1,x
∗
2,...,x
∗
n)
∂xi
∂u(x∗1,x
∗
2,...,x
∗
n)
∂xj
= −pi
pj
(3)
O lado esquerdo da equac¸a˜o (3) e´ a TMS, que representa o valor marginal do bem i em termos do
bem j (a inclinac¸a˜o da curva de indiferenc¸a). O lado direito dessa equac¸a˜o e´ o custo de mercado do
bem i em termos do bem j (a inclinac¸a˜o da reta orc¸amenta´ria).
A equac¸a˜o (3) diz que para a escolha o´tima do consumidor, para quaisquer dois bens, o valor
relativo deles em termos das prefereˆncias do consumidor deve ser igual ao valor de mercado desses
bens. O valor marginal do bem i em termos do bem j deve portanto ser igual ao custo marginal do
bem i em termos do bem j.
Para o caso de dois bens (ou se restringirmos a atenc¸a˜o do problema geral para apenas dois bens),
a equac¸a˜o 3 tem a seguinte interpretac¸a˜o gra´fica: no ponto o´timo de consumo, a inclinac¸a˜o da curva de
indiferenc¸a nesse ponto (a TMS) e´ igual a` inclinac¸a˜o da reta orc¸amenta´ria (a taxa de troca de mercado
dos dois bens). A figura abaixo ilustra essa situac¸a˜o, onde o ponto de equil´ıbrio (ponto o´timo) de
consumo e´ representado por E, o ponto de tangeˆncia da curva de indiferenc¸a com a reta orc¸amenta´ria
(o ponto onde essas duas curvas teˆm a mesma inclinac¸a˜o).
1Mais rigorosamente, devemos impor restric¸o˜es para que as demandas sejam sempre maiores ou iguais a zero. Pre-
fereˆncias bem-comportadas garantem que as demandas dos bens sera˜o positivas.
2
6
-
x2
x1
Q
Q
Q
Q
Q
Q
Q
Q
Q
Q
Q
Q
Q
Q
Q
Q
Q
Q
Q
Q
Q
Q
Q
Q
Q
Q
QQ
u¯1
���
���
u¯2 > u¯1
Soluc¸a˜o do
Problema do Consumidor
sE
s
A
s
B
No ponto A da figura acima, o valor marginal do bem x1 (medido em termos do outro bem - a TMS
nesse ponto) excede o custo de x1 (novamente, medido em termos do outro bem - a raza˜o de prec¸os) e
portanto o consumidor valoriza x1 mais que o mercado. Ele troca no mercado x2 por x1 ate´ que essas
duas razo˜es se igualem (racioc´ınio similar vale para o ponto B, onde o bem x2 e´ mais valorizado pelo
consumidor do que o custo de mercado desse bem, relativo ao bem 1).
Resumidamente, o consumidor tenta alcanc¸ar a curva de indiferenc¸a mais alta poss´ıvel, isto e´, que
possua alguma cesta de bens fact´ıvel (que o consumidor possa comprar). Essa curva e´ a que tangencia
a reta orc¸amenta´ria. Qualquer curva de indiferenc¸a que deˆ um n´ıvel de satisfac¸a˜o mais alto ja´ na˜o
inclui nenhuma cesta de bens que possa ser comprada.
Logo, se as prefereˆncias sa˜o bem-comportadas, a escolha o´tima do consumidor satisfaz a condic¸a˜o
de tangeˆncia em que o valor absoluto da taxa marginal de substituic¸a˜o e´ igual a` raza˜o de prec¸os.
2 Func¸o˜es de Demanda
As CPO representam n+1 equac¸o˜es em n+1 varia´veis, x1, x2, . . . , xn e λ. A soluc¸a˜o dessas equac¸o˜es
do problema do consumidor sa˜o as demandas dos bens (e o multiplicador de Lagrange) como func¸o˜es
dos prec¸os e do n´ıvel de renda: 
xM1 = x
M
1 (p1, p2, . . . , pn,m)
xM2 = x
M
2 (p1, p2, . . . , pn,m)
...
...
xMn = x
M
n (p1, p2, . . . , pn,m)
(4)
3
As func¸o˜es de demanda acima sa˜o chamadas demandas marshallianas (por isso o superescrito M ,
para diferenciar da demanda hicksiana, que veremos mais a` frente). Essas func¸o˜es dizem qual a escolha
o´tima de consumo quando os prec¸os sa˜o p1, p2, . . . , pn e a renda m.
Um procedimento para encontrar as func¸o˜es de demanda e´ o seguinte: invertemos as primeiras
n CPO para achar x1, x2, . . . , xn como func¸o˜es dos prec¸os e do multiplicador de Lagrange λ. Da´ı
substituimos esses valores para x1, x2, . . . , xn na u´ltima CPO (a reta orc¸amenta´ria) para achar λ como
func¸a˜o dos prec¸os e da renda. Substituindo esse valor de λ nas equac¸o˜es originais para x1, x2, . . . , xn,
encontramos as func¸o˜es de demanda.
Nota: A dependeˆncia de xi em p1, p2, . . . , pn e m e na˜o diretamente nas quantidades dos outros bens
na˜o implica que a escolha de consumo do bem 1 na˜o dependa da escolha de consumo dos outros
bens, mas apenas que as escolhas de x2, . . . , xn esta˜o implicitamente incorporadas na soluc¸a˜o e foram
substitu´ıdas pelos seus prec¸os e pela renda. Por exemplo, a ligac¸a˜o entre a escolha das quantidades
o´timas de cafe´ e de ac¸ucar na˜o e´ capturada expressando a demanda de ac¸ucar como func¸a˜o da demanda
de cafe´, mas por meio doefeito que o prec¸o do cafe´ tem na demanda por cafe´ e indiretamente na
demanda por ac¸ucar. Portanto, ao medir o efeito de uma mudanc¸a de prec¸o do cafe´ na demanda por
cafe´ implicitamente se incorpora o ajustamento que ocorre com a demanda de ac¸ucar (por exemplo,
um aumento no prec¸o do cafe´ pode causar uma diminuic¸a˜o no consumo de ac¸ucar).
Exemplo: Func¸a˜o Cobb-Douglas. O problema do consumidor para essa func¸a˜o de utilidade no
caso de dois bens e´:
max
x1,x2
xα1x
β
2 s.a p1x1 + p2x2 = m (α > 0, β > 0)
Para resolver esse problema, montamos o Langrageano
L = xα1xβ2 + λ (m− p1x1 − p2x2) ,
As condic¸o˜es de primeira ordem (CPO) desse problema sa˜o:
λ∗p1 = αxα−11 x
β
2
λ∗p2 = βxα1x
β−1
2
m = p1x1 + p2x2
Dividindo a primeira CPO pela segunda CPO, obtemos:
αx2
βx1
=
p1
p2
⇒ x2 = β
α
(
p1x1
p2
)
Observe que na primeira equac¸a˜o acima, temos que o valor absoluto da TMS entre os bens 1 e 2 e´
igual a` relac¸a˜o de prec¸os entre esses bens (condic¸a˜o de tangeˆncia entre curva de indiferenc¸a e reta
orc¸amenta´ria). Substituimos a expressa˜o para x2 acima na reta orc¸amenta´ria (terceira CPO):
m = p1x1 + p2
(
β
α
(
p1x1
p2
))
⇒ x1 = α
α + β
(
m
p1
)
4
Substituindo o valor encontrado acima para x1 de volta na expressa˜o para x2, temos que as func¸o˜es
de demanda para os dois bens sa˜o:
x1(p1, p2,m) =
α
α + β
(
m
p1
)
e x2(p1, p2,m) =
β
α + β
(
m
p2
)
Note que o prec¸o do outro bem na˜o afeta a demanda de nenhum dos bens. Observe tambe´m que:
s∗1 =
x∗1p1
m
=
α
α + β
e s∗2 =
x∗2p2
m
=
β
α + β
Ou seja, a porcentagem ou frac¸a˜o da renda consumida em cada um dos bens, s∗i , e´ constante. O
consumidor sempre gasta a mesma frac¸a˜o fixa da sua renda com cada bem, e essa frac¸a˜o e´ determinada
pelos coeficientes α e β da func¸a˜o utilidade.
Um truque que facilita encontrar as demandas geradas pela utilidade Cobb-Douglas (onde os bens
entram multiplicativamente na utilidade) e´ linearizar a utilidade usando a func¸a˜o logaritmo. Lembre-se
que qualquer transformac¸a˜o crescente de uma func¸a˜o utilidade ainda representa as mesmas prefereˆncias.
Portanto, a seguinte transformac¸a˜o da func¸a˜o Cobb-Douglas representa as mesmas prefereˆncias:
v = log(u) = α log(x1) + β log(x2)
Se resolvermos o Lagrangeano para essa func¸a˜o, vamos encontrar as mesmas func¸o˜es de demanda
que antes. Outra transformac¸a˜o que podemos utilizar e´ f(t) = t
1
α+β . Como α + β > 0, enta˜o essa
func¸a˜o e´ crescente. A func¸a˜o de utilidade w = f ◦ u, definida por
w(x1, x2) = f(x
α
1x
β
2 ) = x
α
α+β
1 x
β
α+β
2 = x
γ
1x
1−γ
2 ,
onde γ = α
α+β
e 1 − γ = β
α+β
(como α > 0 e β > 0, temos que 0 < γ < 1). Logo, os dois modos
de representar uma func¸a˜o de utilidade Cobb-Douglas sa˜o equivalentes: u(x1, x2) = x
α
1x
β
2 , com α > 0,
β > 0, ou u(x1, x2) = x
γ
1x
1−γ
2 , com 0 < γ < 1 (onde γ =
α
α+β
). Ambas as utilidades representam a
mesma prefereˆncia e geram as mesmas demandas para os bens 1 e 2.
3 Observac¸o˜es sobre o problema do consumidor
O me´todo do Lagrangeano assume que a func¸a˜o de utilidade e´ diferencia´vel e que a soluc¸a˜o e´ interior
(ou seja, que as quantidades demandadas sa˜o maiores que zero). Os casos de bens substitutos e de bens
complementares sa˜o exemplos onde na˜o e´ poss´ıvel usar o me´todo de Lagrange. No primeiro caso, a
soluc¸a˜o e´ quase sempre de canto (apenas um bem e´ consumido). No segundo caso, a func¸a˜o de utilidade
na˜o e´ diferencia´vel. Nos dois casos, as utilidades na˜o representam prefereˆncias bem-comportadas (mais
especificamente, essas prefereˆncias sa˜o apenas convexas, mas na˜o estritamente convexas).
Como encontrar as demandas quando na˜o podemos usar o Lagrangeano? A ana´lise deve ser feita
caso a caso. Para os dois exemplos abaixo (e na maioria dos casos de apenas dois bens), a soluc¸a˜o
gra´fica pode ajudar a encontrar as demandas. Vamos analisar esses exemplos agora.
5
Exemplo 1: Bens Substitutos Perfeitos. Dois bens sa˜o substitutos perfeitos se o consumidor
aceita substituir um pelo outro a uma taxa constante. Por exemplo, gasolina e a´lcool sa˜o substitutos
perfeitos para quem possui carro flex. Manteiga e margarina sa˜o substitutos perfeitos para algumas
pessoas. Se x1 e x2 sa˜o bens substitutos perfeitos, a func¸a˜o de utilidade que representa essa relac¸a˜o e´
definida por:
u(x1, x2) = ax1 + bx2, a > 0, b > 0
Os nu´meros a e b na˜o teˆm significado isolado, pore´m determinam a taxa de substituic¸a˜o entre os
bens, TMS1,2 = −a/b. No exemplo de gasolina e a´lcool, se a = b, enta˜o podemos fazeˆ-los iguais
a 1. No caso de manteiga e margarina, se para substituirmos manteiga (representado por x1) por
margarina (representado por x2), precisamos usar duas vezes mais margarina, enta˜o a = 2b. A curva
de indiferenc¸a de bens substitutos, com a = b, e´ ilustrada na figura abaixo.
6
-
x2
x1
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Curvas de Indiferenc¸a
u(x1, x2) = x1 + x2
O gra´fico das curvas de indiferenc¸a dessa utilidade e da reta orc¸amenta´ria, para o caso em que
p2 = 2p1, e´ ilustrado na figura abaixo, que ilustra tambe´m a cesta o´tima do consumidor, denotada no
gra´fico abaixo pelo ponto E.
6
-
x2
x1
@
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@
@@sE
m
p2
m
p1
Curvas de Indiferenc¸a
u(x1, x2) = x1 + x2
Suponha que p2 = 2p1
Soluc¸a˜o: ponto E
HHHHHHHHHHHHHHH
6
A reta orc¸amenta´ria e´ representada pela curva mais grossa. O problema do consumidor e´ atingir
o n´ıvel mais alto de satisfac¸a˜o, dada a restric¸a˜o orc¸amenta´ria. Ele tenta enta˜o se situar na curva de
indiferenc¸a que representa o maior n´ıvel de satisfac¸a˜o. Para o caso ilustrado no gra´fico, esse n´ıvel mais
alto e´ dado pela curva de indiferenc¸a que toca a reta orc¸amenta´ria no eixo horizontal. A cesta de bens
o´tima e´ enta˜o consumir nada do bem 2 (x∗2 = 0) e comprar somente o bem 1 (x
∗
1 = m/p1).
Por que isso ocorre? Exatamente porque os bens sa˜o perfeitamente substitutos: o consumidor
comprara´ apenas o bem que for relativamente mais barato. Se a = b = 1, enta˜o u(x1, x2) = x1 + x2,
e o consumidor compra o bem que tiver o menor prec¸o (se os dois bens tiverem o mesmo prec¸o, ele
comprara´ qualquer combinac¸a˜o dos dois bens). Se a 6= b, enta˜o o consumidor compra o bem que for
relativamente mais barato: o bem que tiver menor prec¸o dividido pelo coeficiente da utilidade. Enta˜o
as func¸o˜es de demanda sa˜o:
xM1 (p1, p2,m) =
{
m/p1, se p1/a < p2/b
0, se p1/a > p2/b
Similarmente,
xM2 (p1, p2,m) =
{
0, se p1/a < p2/b
m/p2, se p1/a > p2/b
No caso em que p1/a = p2/b, o consumidor e´ indiferente entre qual dos bens comprar, pois a TMS
e´ sempre igual a` relac¸a˜o de prec¸os dos bens. Nesse caso, o consumidor comprara´ qualquer quantidade
x∗1 e x
∗
2 tal que satisfac¸a a sua reta orc¸amenta´ria, p1x
∗
1 + p2x
∗
2 = m.
Portanto, para esta func¸a˜o de utilidade, na˜o vale, em geral, que a TMS dos bens seja igual a`
relac¸a˜o de prec¸os. Mais ainda, na˜o podemos falar de func¸o˜es de demanda, pois para o caso em que
p1/a = p2/b, existem va´rias cestas de bens que maximizam o bem-estar do consumidor (nesse caso,
podemos determinar correspondeˆncias de demanda).
Exemplo 2: Bens Complementares perfeitos. Dois bens sa˜o complementares perfeitos se sa˜o
consumidos conjuntamente, em proporc¸o˜es fixas. O exemplo cla´ssico de bens complementares perfeitos
e´ sapato do pe´ esquerdoe sapato do pe´ direito (eles sa˜o ta˜o perfeitamente complementares que sapatos
sa˜o sempre vendidos aos pares...). Outros poss´ıveis exemplos sa˜o carro e gasolina, cafe´ e ac¸ucar, etc.
Se x1 e x2 sa˜o bens complementares perfeitos, a func¸a˜o de utilidade que representa essa relac¸a˜o e´:
u(x1, x2) = min {ax1, bx2} , a > 0, b > 0
Os nu´meros a e b definem o grau de complementaridade dos bens. No caso de sapatos, a = b = 1.
No caso de cafe´ e ac¸ucar, se voceˆ usa treˆs colheres de ac¸ucar (bem x1) para uma x´ıcara de cafe´ (bem
x2), enta˜o a = 3b.
O gra´fico das curvas de indiferenc¸a dessa utilidade e da restric¸a˜o orc¸amenta´ria e´ ilustrado na figura
abaixo.
7
6
-
x2
x1
���
���
���
���
Curvas de Indiferenc¸a
u(x1, x2) = min{x1, x2}
Suponha que p2 = 2p1
Soluc¸a˜o: Ponto E
HHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH
s
E
m
p2
m
p1
semi-reta x2 = x1
Como ja´ vimos anteriormente, o consumidor escolhe a cesta de bens na curva de indiferenc¸a que
representa o maior n´ıvel de satisfac¸a˜o poss´ıvel. No gra´fico acima, essa curva toca a reta orc¸amenta´ria
no ponto E. A cesta de bens o´tima significa consumir quantidades iguais do bem (quando a = b = 1).
Por que essa e´ a soluc¸a˜o? Exatamente porque os bens sa˜o complementares perfeitos: na˜o ha´ como
substitu´ı-los: se a = b = 1, enta˜o u(x1, x2) = min {x1, x2}, e o consumidor compra os dois bens em
quantidades iguais, independente da relac¸a˜o de prec¸os. Portanto xM1 = x
M
2 = x
∗ e, substituindo na
reta orc¸amenta´ria, encontramos:
xM1 (p1, p2,m) = x
M
2 (p1, p2,m) =
m
p1 + p2
Se a 6= b, o consumidor iguala os argumentos da func¸a˜o de mı´nimo: ax1 = bx2 e, portanto,
x2 = (a/b)x1. O consumidor compra mais do bem que tiver o coeficiente a ou b menor: para esse bem,
ele precisa de uma quantidade maior para cada unidade do outro bem. Enta˜o as func¸o˜es de demanda
sa˜o:
xM1 (p1, p2,m) =
m
p1 +
(
a
b
)
p2
e xM2 (p1, p2,m) =
(a
b
) m
p1 +
(
a
b
)
p2
Leitura Recomendada
• Varian, cap. 5 - “Escolha”.
• Pindick e Rubinfeld, cap. 3 - “Comportamento do Consumidor”, sec¸a˜o 3, “A Escolha por Parte
do Consumidor”.
• Hall e Lieberman, cap. 5 - “A Escolha do Consumidor”, sec¸a˜o 3 - “Tomada de Decisa˜o do
Consumidor” e apeˆndice - “Teoria do Consumidor com Curvas de Indiferenc¸a”.
• Nicholson e Snyder, cap. 4 - “Utility Maximization and Choice”.
• Deaton e Muelbauer, cap. 2 “Preferences and Demand”, sec¸a˜o 2 - “Utility and Demand”.
8

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