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apostila Direito Civil I aluno

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Orientações de Estudo em Direito Civil I – Parte Geral
Profa. Ma. Maria Conceição Martins F. Castro
Unitri 
2017
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Teoria Geral do Direito Civil. 24.ed.,rev. e atual. de acordo com a Reforma do CPC. São Paulo: Saraiva, 2007, v. 1.
FARIAS, Cristiano Chaves de e ROSENVALD, Nelson. Direito Civil. 6.ed. atual., Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007.
GAGLIANO, Pablo Stolze e FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo Curso de Direito Civil: Parte Geral. 15.ed. rev., atual. e amp., São Paulo: Saraiva, 2013, v. 1.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Parte Geral. 10.ed., São Paulo: Saraiva, 2012, v.1.
QUEIROZ, Mônica. Direito Civil. Parte Geral do Direito Civil e Teoria Geral dos Contratos. São Paulo: Atlas, 2010.
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: Parte Geral. 34.ed.atual., São Paulo: Saraiva, 2006, v.1.
TARTUCE, Flávio. Direito Civil: Lei de Introdução e Parte Geral. 8.ed.rev., atual. e ampliada, São Paulo: Ed. Método, 2014, v. 1.
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil. Parte Geral. 14. ed., São Paulo: Atlas, 2014, v.1.
1. Conceito de Direito
- Origem: do latim directum, significa direto (aquilo que é reto) – está de acordo com a lei.
- Direito Romano: Jus ou Juris (vínculo jurídico criado entre as pessoas) 
- Ubi homo, ibi jus (onde há homem, há direito) – alteridade
- Radbruch: “Conjunto das normas gerais e positivas, que regulam a vida social”
- Limongi França: “O conjunto das regras sociais que disciplinam as obrigações e poderes referentes à questão do meu e do seu, sancionadas pela força do Estado e dos grupos intermediários.”
DIREITO – NOÇÕES GERAIS
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2. Finalidade: “Garantir a harmonia social, preservando a paz e a boa-fé, mediante o estabelecimento de regras de conduta, com sanção institucionalizada.”
“O Direito existe para pacificar e disciplinar a vida em sociedade e, por outro lado, tem de espelhar as necessidades dessa sociedade. É normatização da conduta humana, com vistas à garantia da vida em sociedade” (Rosenvald, 2007, pg. 2)
3. Direito e moral: Na vida em sociedade as pessoas devem pautar sua conduta pela ética, de conteúdo mais abrangente que o Direito, pois compreende normas jurídicas e morais.
Ambos são regras de comportamento.
Distinção: Sanção e Campo de ação
No Direito a sanção é imposta pelo Estado para constranger os indivíduos à obediência da norma.
Na moral somente pela consciência do homem (foro íntimo: remorso, arrependimento, porém sem coerção)
Campo de ação: Na moral é mais amplo. Nem tudo que é moral é jurídico.
Direito se relaciona com ação exterior do homem. 
4- Direito e poder: o direito tem uma relação intima com o fenômeno do poder
- o direito positivo é um produto da interação da sociedade
- Impositividade – característica vital do direito – relacionada com o poder político da qual emana.
- Criação do direito: Poder legislativo
- Aplicação do direito in concreto: Poder Judiciário (julgados)
- Organização Política: Poder Executivo
5. Acepções qualificadas da expressão “direito”
 A expressão direito é Plurissignificativa
5.1) Direito positivo e Direito Natural: 
a) Direito Positivo: Conjunto de regras jurídicas em vigor em um determinado lugar e em determinada época. É a lei.
B) Direito natural: “sentimento de justiça da comunidade” – Filosofia do Direito. Reconhecimento da existência de um direito, de uma justiça, anterior e acima do direito positivo vigente.
5.2) Direito objetivo e Direito subjetivo: 
a) Direito objetivo: norma agendi
Norma de comportamento a que a pessoa deve se submeter.
Ex.: respeitar as normas de trânsito é direito objetivo imposto ao indivíduo.
B) Direito subjetivo: facultas agendi
Faculdade individual de agir de acordo com o direito
Ex.: direito subjetivo de propriedade gera as prerrogativas de usar, gozar e dispor do bem.
Ex.: Norma agendi: art. 319, CC: “ O devedor que paga tem direito a quitação regular e pode reter o pagamento, enquanto não lhe seja dada”. Esta norma confere ao devedor uma faculdade, o poder de exigir a quitação, no momento em que paga.
5.3) Direito Positivo e consuetudinário: 
a) Direito Positivo: Norma escrita, positivada.
B) Direito consuetudinário: resultante dos usos e costumes. Ex.: commom law inglês.
5.3.1. Sistemas jurídicos:
A) civil Law – positivação do direito pela norma legal. Brasil: sistema romano-germânico.
A atuação do operador do direito é eminentemente técnica, por meio das normas integrantes do sistema e da doutrina que as interpreta, embora não deva deixar de conhecer também a jurisprudência.
Análise do sistema a partir da constituição, seguida da edição de todas as outras normas infraconstitucionais.
B) common Law: Sistema do direito do caso. importância à coletânea de julgados. Inglaterra e Estados unidos.
A construção jurídica é formada especialmente pelas decisões de juízes e tribunais. Efeito vinculativo das decisões: Perpetuidade do precedente. Os tribunais inferiores estão obrigados a acolher o entendimento emanado das cortes superiores.
5.4. Direito Público e Direito Privado: Dicotomia doutrinária.
A) Direito público: disciplina os interesses gerais da coletividade. É o direito que regula as relações do Estado com outro Estado, ou as do Estado com os cidadãos.
Tem como finalidade a ordem e a segurança geral. Válido aquilo que está autorizado pela norma. Ex.: Constitucional, administrativo, tributário, econômico, previdenciário, processual, internacional público, penal e outros.
B) Direito Privado: conjunto de preceitos reguladores das relações dos indivíduos entre si. Predomina o interesse de ordem particular.
Reger-se-ia pela liberdade e pela igualdade. Válido tudo aquilo que não está proibido. Ex.: Civil, Comercial/Empresarial, trabalhista, do consumidor.
5.4.1. Superação da dicotomia: Pontos comuns, de contato, com um e outro ramo. Resultado do avanço da sociedade, com relações complexas e plurais e, principalmente, da constitucionalização do Direito Civil, com previsão em sede constitucional, de matérias até então relegadas à legislação civil ordinária.
Direito público e privado devem obediência aos princípios fundamentais constitucionais.
6. Codificação do Direito Civil brasileiro:
6.1. O Código Civil brasileiro - Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002
 
Sistema romano-germânico, do direito legislado – civil Law
6.2. O que é um código? Trata-se de uma lei que busca disciplinar integral e isoladamente uma parte substanciosa do direito positivo.
Processo de organização que reduz a um único diploma diferentes regras jurídicas da mesma natureza, agrupada segundo um critério sistemático.
Ex.: Bíblia, alcorão
O Código marca a tendência ideológica do seu momento.
6.3. Argumentos favoráveis e desfavoráveis à codificação:
Qual a utilidade das codificações? Não é preferível deixar que o direito nacional se desenvolva livremente, através de leis esparsas, na medida das exigências sociais, em vez de reuni-lo num complexo volumoso de normas?
Vantagens da codificação:
Unificação do direito vigente em determinado país por um critério uniforme.
Possibilita a unidade política da união.
Permite e facilita o estudo sistematizado do direito, que passa a se encontrar de forma cientificamente organizada, gozando o ordenamento jurídico de mais estabilidade nas relações jurídicas.
Ex.: Código Napoleão (Francês)– promulgado desde 1804 (continua em vigor na sua maior parte regulando a vida jurídica de um dos povos mais altamente civilizados, influenciando consideravelmente na elaboração do direito positivo moderno.
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Desvantagens da codificação:
Savigny afirmava que eles seriam fossilizações jurídicas, constituindo algo morto, o que impedia o desenvolvimento ulterior e o curso natural da evolução jurídica. Para ele o direito deveria viver sempre pela prática e pelo costume.
Gabba – estagnação do direito e seus estudos correspondentes.
Conclusão: Pablo Stolze: Os códigos devem ser feitos para
durar, com animus de definitividade. Tal característica não se confunde com a ideia de preservação perpétua de sua letra fria, com a mesma concepção de quando promulgado. A sua interpretação deve respeitar os valores da época em que vive o intérprete.
6.4. Conceito de Direito Civil:
Etimologicamente– refere-se ao cidadão
Direito Civil – Direito do cidadão: Rege as relações humanas.
 É o direito que regula a pessoa, na sua existência e atividade, a família e o patrimônio.
6.5. Conteúdo do código civil 
Código Civil de 2002: Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002, entrando em vigor após um ano de “vacatio legis” (10/01/2002 a 10 de janeiro de 2003). Vigor: 11/01/03
 Contagem do prazo de entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância: inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente. (LC n.95/98, art. 8º, §1º)
 
PARTE GERAL:
Livro 1: Das pessoas – art. 1º a 78
Livro 2: Dos bens – art. 79 a 103
Livro 3: Dos fatos jurídicos – art. 104 a 232
Título 1: Do negócio Jurídico; 
Título 2:Dos atos jurídicos lícitos; 
Título 3: Dos atos ilícitos (art. 186 a 188); 
Título 4: Da prescrição e decadência (art. 189 a 211); 
Título 5: Da prova (art. 212 a 232)
PARTE ESPECIAL:
 Livro 1: Do Direito das Obrigações: art. 233 a 965
Título 1: Das modalidades de obrigações (art. 233 a 285); 
Título 2:Da transmissão das obrigações (art. 286 a 303); 
Título 3: Do adimplemento e extinção das obrigações (art. 304 a 388); 
Título 4: Do inadimplemento das obrigações (art. 389 a 420); 
Título 5: Dos contratos em geral (art. 421 a 480); 
Título 6: Das várias espécies de contratos (art. 481 a 853); 
Título 7: dos atos unilaterais (art. 854 a 886); 
Título 8: dos títulos de crédito (art. 887 a 926); 
Título 9: Da responsabilidade civil (art. 927 a 954); 
Título 10: Das preferências e privilégios creditórios (art. 955 a 965).    
Livro 2: Do Direito de empresa – art. 966 a 1195
Livro 3: Do direito das coisas – art.1196 a 1510
Livro 4: Do direito de família – art. 1511 a 1783
Livro 5: Do direito das sucessões – art. 1784 a 2027
6.6. Antecedentes históricos:
Direito Romano: Não se apresenta como um todo unitário. Conjugação de vários sistemas até a Compilação no Corpus Iuris Civile – séc.565 d.c. – Justiniano.
Idade Média: Preponderância dos conceitos de Direito Natural, sendo a codificação vista como algo menor. Supervalorização do direito canônico.
Idade moderna: Com o surgimento das universidades, há uma redescoberta do Direito Romano e a necessidade de criação de diplomas unificados para reger as relações sociais.
Século XIX: vários diplomas normativos. Ex.: Prússia (1974), Código civil austríaco (1811), Código Napoleão (1804), Código Alemão (1896).
Código alemão: incorporou-se ao ordenamento jurídico da Alemanha unificada com a queda do muro de Berlim. Fonte de inspiração dos Códigos civis brasileiros de 1916 e 2002, uma vez que compõe-se de duas partes: uma geral, compreendendo o direito das pessoas, dos bens e dos negócios jurídicos; e outra especial, dividida em quatro livros (Direito das obrigações, Direitos reais, direitos de família e direito das sucessões).
6.7. A codificação do Direito Civil brasileiro: Aspectos históricos e legislativos:
a) Antes da independência: Aplicava-se em nosso território todo o sistema normativo adotado em Portugal.
b) Após a Independência (1822):
- Lei de 20 de outubro de 1823 determinou a vigência da legislação do Reino (Ordenações Felipinas) até que tivéssemos a nossa.
- Consolidação das leis civis – Augusto Teixeira de Freitas (1855) – Compilação e sistematização, aprovado pelo governo, passou a preencher a lacuna do código civil.
- Código civil de 1º de Janeiro de 1916: Após mais de 15 anos de sua apresentação original foi aprovado em dezembro de 1915, sancionado e promulgado em 1º de janeiro de 1916. Contou com uma parte geral e outra especial (Direito de família, Reais, obrigações e Sucessões). Veio precedida de uma Lei de introdução (Dec. Lei 4657/42) – Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro – Seguindo o Direito germânico.
4/5 dos seus artigos sofreram a influência do Direito Romano.
Código de 1916: Reflete a sociedade do século XIX, pois sua elaboração se deu antes do início do século XX.
dualidade do direito privado. 			
Individualismo do iluminismo.
Ideologia da Sociedade agrária e conservadora (+ o Ter e - o ser)
Ideologia patriarcal – unidade econômica dirigida por um chefe.
Ignora valores como a dignidade da pessoa humana (ex.: sofrimento do devedor, esmaga o filho havido fora do casamento, faz-se de desentendido no que tange aos direitos e litígios pela posse de terras, imagina que as partes de um contrato são sempre iguais.), embora tenha recebido a influência humanista de Rui Barbosa (Qdo de sua concepção original em 1899, elaborada por Clóvis Beviláqua)
Século XX, após a primeira guerra ( 28 de julho de 1914 e durou até 11 de novembro de 1918) é marcado:
- pela intervenção do estado na economia
- Restrição à autonomia privada (dirigismo contratual)
6.8. Processo de construção e edição do novo código civil brasileiro:
A evolução social, o progresso cultural e o desenvolvimento científico que passou a sociedade brasileira no decorrer do século passado provocaram transformações que exigiram do direito contínua adaptação. Várias leis foram sendo criadas para modificar disciplinas específicas: Adoção, prazos prescricionais, lei do divórcio entre outras.
Constituição Federal de 1988: Trouxe importantes inovações: consagra valores como a dignidade da pessoa humana, valorização social do trabalho, igualdade e proteção dos filhos, exercício não abusivo da atividade econômica.
6.8.1) Tramitação: Longa tramitação: desde 1975 (projeto legislativo surgiu no ápice da ditadura militar - Ernesto Geisel submeteu Projeto de Lei 634-B na Câmara dos deputados com base no trabalho elaborado por uma comissão tendo como coordenador Miguel Reale.
6.8.2) Diretrizes básicas:
A) Preservar o Código Civil anterior sempre que possível, pela excelência técnica de seu texto e diante da existência de um posicionamento doutrinário e jurisprudencial consubstanciado.
B) Aproveitar os estudos anteriores em que houve tentativas de reforma da lei civil.
c) Dar nova estrutura ao C.C. mantendo-se a parte geral.
d) Não realizar, propriamente, a codificação do direito privado, mas sim do Direito das Obrigações – inclusão do direito de empresa. – Seguiu o modelo do Código civil italiano de 1942. 
e) Firmar orientação de inserir no C.C. matéria já consolidada ou com relevante grau de experiência crítica, transferindo-se para a legislação especial questões ainda em processo de estudo ou de natureza complexa. Ex.: bioética, biodireito, direito eletrônico. Lei da biossegurança (Lei 11105/2005). STF discutiu recentemente a constitucionalidade de seu art. 5º que prevê a possibilidade de utilização de células embrionárias para fins terapêuticos, concluindo por sua constitucionalidade (ADIn 3510/DF).
f) Valorizar um sistema baseado em cláusulas gerais, que dão certa margem de interpretação ao julgador. A principal diferença de filosofia entre o CC de 2002 e seu antecessor.
G) Alteração principiológica do Direito Privado: eticidade, socialidade e operabilidade.
6.8.3) Princípios adotados:
A) Princípio da eticidade: distancia do tecnicismo institucional advindo da experiência do Direito Romano, procurando, em vez de valorizar formalidades, reconhecer a participação dos valores éticos em todo o Direito Privado. Filosofia Kantiana – respeito pelo semelhante e confiança. 
Dispositivos: 
- art. 113 (função interpretativa da boa fé objetiva)
- art. 187 (função de controle da boa fé objetiva) – sanção para a pessoa que contraria a boa-fé no exercício de um direito.
- art. 422 (função de integração da boa fé objetiva)
B) Princípio da socialidade: Superação do princípio individualista e egoísta que imperava. Palavra nós ao invés do eu.
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Função social da propriedade – art. 5, XXII e XXIII e art. 170, III, da CF e art. 1228, par. 1º do CC.
- Função social dos contratos (art. 421,CC). Contexto da sociedade.
- Função social da posse: posse-trabalho. Diminuição dos prazos da usucapião. Arts. 1238, par. Único e art. 1242, par. Único.
c) Princípio da Operabilidade – simplicidade (facilitar a interpretação e aplicação dos princípios nele previstos. Ex.: prescrição e decadência) e efetividade, ou concretude do Direito Civil, o que foi seguido pela adoção do sistema de cláusulas gerais.
 
Cláusulas Gerais: Segundo Judith Martins Costa (intérprete da filosofia realeana) pode ser conceituada como janelas abertas deixadas pelo legislador para preenchimento pelo aplicador do Direito caso a caso. Tem um sentido dinâmico.
 Muitas cláusulas gerais são princípios, p. ex.:função social do contrato. Já a cláusula geral de atividade de risco não é princípio.
Exs.: Função social do contrato (art. 421,CC); Função social da propriedade (art. 5, XXII e XXIII e art. 170, III, da CF e art. 1228, par. 1º do CC); boa fé (arts. 113, 187 e 422, CC); bons costumes (art. 13 e 187, CC); atividade de risco (art. 927, par. Único, CC).
Teoria de Miguel Reale: adoção do sistema de cláusulas gerais possui relação direta com a linha filosófica de Miguel Reale.
O culturalismo jurídico e a teoria tridimensional do direito:
 
O culturalismo jurídico (plano subjetivo) – Carlos Cóssio – Plano subjetivo do aplicador do Direito – cultura, experiência e história.
Teoria Tridimensional do Direito (Plano objetivo) – Fato, valor e norma – Teoria concreta e dinâmica. O magistrado julgará de acordo com a sua cultura, bem como do meio social. Experiência do aplicador reúne fato e valor simbioticamente, visando a aplicação da norma (elemento central da ontognoseologia – teoria do conhecimento, da essência jurídica). 
A formação interdisciplinar é primordial para o jurista do século XXI.
Essa linha filosófica foi inserida no CC de 2002, principalmente no capítulo que trata do Direito das Obrigações.
Código de 1916: Visão Kelseniana: 
Pirâmide de normas:Sistema fechado e estático.
 Apego à literalidade fechada. 
“ O juiz é a boca da Lei”.
Código de 2002: Visão realeana: Sistema aberto e dinâmico, em constantes diálogos. Visão do civilista pós-moderno. As clausulas gerais são abertas e devem ser analisadas caso a caso.
NORMA
VALOR
FATO
6.8.4) Marcos Teóricos do Direito Civil brasileiro:
A) Direito Civil Constitucional – Distinção entre direito público e privado não é apenas um método de classificação, de ordenação de critérios de distinção de tipos normativos, mas sim um poderoso instrumento de sistematização. 
Direito público tem como finalidade a ordem e a segurança geral. Válido aquilo que está autorizado pela norma.
Direito privado reger-se-ia pela liberdade e pela igualdade. Válido tudo aquilo que não está proibido.
Mas a dicotomia não é intransponível e a divisão não é absoluta.
Novo caminho metodológico: Direito civil constitucional – raízes na doutrina italiana de Pietro Perlingieri – A Constituição funda o ordenamento jurídico. Visão unitária do ordenamento jurídico – Interação. Canotilho também trata da unidade da ordem jurídica.
 
Direito civil constitucional - mudança de postura – inversão da forma de interação dos dois ramos do direito – o público e o privado – interpretando o código civil segundo a constituição. Neoconstitucionalismo. Em prol da dignidade da pessoa humana.
 
*Novo caminho metodológico que procura analisar os institutos privados a partir da Constituição, e, eventualmente, os mecanismos constitucionais a partir do Código Civil e da legislação infraconstitucional, em uma análise de mão dupla.
Princípios básicos do Direito Civil constitucional:
A) Proteção da dignidade da pessoa humana – art. 1º , III, CF – modelo de Kant – personalização do Direito Civil – valorização da pessoa em detrimento do patrimônio.
B) Solidariedade Social – art. 3º, I, e art. 170, CF. Justiça social e erradicação da pobreza.
C) Princípio da Isonomia ou igualdade lato sensu – art. 5º, CF.
B) Eficácia horizontal dos direitos fundamentais: reconhecimento da existência e aplicação dos direitos que protegem a pessoa nas relações entre particulares. As normas constitucionais que protegem tais direitos têm aplicação imediata. Art. 5, par. 1º , CF.
Horizontalidade: subsunção direta às relações interprivadas. Sem a necessidade de qualquer ponte infraconstitucional. Não se justifica mais denominar a CF como uma Carta Política, fazendo crer que ela é mais dirigida ao legislador (eficácia vertical). Melhor denominá-la de carta fundamental.
Aplicação da horizontalidade: STF, RE 201.819/RJ: Direito a ampla defesa a associado excluído do quadro de uma pessoa jurídica. Ofensa a garantia constitucional do devido processo legal e do contraditório. As normas de proteção da pessoa, previstas na CF sempre foram tidas como dirigidas ao legislador e ao Estado (normas programáticas). Essa concepção não mais prevalece.
Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto. Redação dada pela Lei nº 11.127, de 28.06.05. Redação anterior: Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, obedecido o disposto no estatuto; sendo este omisso, poderá também ocorrer se for reconhecida a existência de motivos graves, em deliberação fundamentada, pela maioria absoluta dos presentes à assembléia geral especialmente convocada para esse fim. 
C) Diálogo das fontes: Alemanha – Erik Jayme (professor da universidade de Helderberg).
Brasil: Cláudia Lima Marques.
A essência da teoria é que as normas jurídicas não se excluem supostamente porque pertencentes a ramos jurídicos distintos, mas se complementam. Visão unitária do ordenamento jurídico.
Ex.: a)Código Civil e CDC – aplicação da tese aos contratos – princípios sociais contratuais (boa fé objetiva e função social dos contratos)
b) Código civil e direito do trabalho (primeiro exemplo do dirigismo contratual). Não se deve considerar o direito civil como simples fonte subsidiária do direito do trabalho, mas como fonte direta.
Surge para Superar e substituir os critérios clássicos de solução das antinomias (hierárquico, especialidade e cronológico).
A pessoa – Generalidades – art. 1º, CC
Pessoa é todo aquele sujeito de Direitos. É aquele que titulariza relações jurídicas na órbita do Direito.
Neste aspecto, engloba as pessoas naturais e jurídicas.
2) Espécies de pessoas:
Pessoa natural: o ser humano.
Pessoa Jurídica: entidade formada pela soma de esforços de pessoas naturais ou por destinação específica de patrimônio, visando à consecução de uma finalidade específica e constituída na forma da lei.
A toda e qualquer pessoa é reconhecida a pontencialidade de ser sujeito de direitos.
DAS PESSOAS
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1. Definição: 
A pessoa natural ou física é o ser humano, sem se exigir qualquer adjetivação quanto à raça, sexo, credo ou idade.
Designação atribuída às pessoas físicas – ser humano que possui os atributos físicos, psíquicos, morais e tem personalidade jurídica, sendo titular de direitos e deveres na orbita civil.
Atualmente, há uma certa preferência pela adoção do vocábulo pessoa natural ao invés de pessoa física, pois denominar o ser humano de pessoa física apresenta forte cunho patrimonialista, além de não ser capaz de designar o ser humano em sua completude.
Das pessoas naturais (art. 1º ao 39, CC)
2. Personalidade jurídica ou civil:  É um valor jurídico reconhecido a todos os seres humano. “Atributo reconhecido a uma pessoa para que possa atuar no plano jurídico (titularizando relações diversas) e reclamar a proteção jurídica dedicada pelos direitos da personalidade” (ROSENVALD E FARIAS, 2007, PG. 104)
A personalidade jurídica é, assim, muito mais do que, simplesmente, poder ser sujeito de direitos. É titularizar uma
tutela jurídica especial consistente em reclamar direitos fundamentais, imprescindíveis ao exercício de uma vida digna.
3. INÍCIO DA PERSONALIDADE JURÍDICA (pessoa natural) – art. 2º, CC
A personalidade, como atributo da pessoa humana, está a ela indissoluvelmente ligada, sua duração é a da vida. Desde que vive e enquanto vive, a pessoa é dotada de personalidade jurídica 
No direito brasileiro, a personalidade jurídica tem início com o nascimento com vida.
Requisitos de sua caracterização: o nascimento e a vida. 
Apesar da personalidade ter início no nascimento com vida, o direito põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro (Art. 2º, C. C.) 
Nascituro: o que está por nascer, mas já concebido no ventre materno.
3.1.Teorias: Natalista, da personalidade condicional e concepcionista.
a) Teoria Natalista – A personalidade do ser humano se inicia do nascimento com vida, não se exigindo nenhuma característica como a forma humana, viabilidade ou tempo de nascido. Basta o nascimento com vida. Assim sendo o nascituro não teria direitos, mas mera expectativa de direitos.
Adeptos: Silvio Rodrigues, Caio Mário, Silvio Venosa
Comentário: A teoria natalista está totalmente distante das novas técnicas de reprodução assistida e da proteção dos direitos do embrião. Também está distante de uma proteção ampla dos direitos da personalidade, tendência do direito civil pós moderno.
Mas quando se considera o nascimento? E a vida?
Ocorre o nascimento quando o feto é separado do ventre materno. 
A vida do novo ser configura-se no momento em que se opera a primeira troca oxicarbônica no meio ambiente. Viveu a criança que tiver inalado ar atmosférico, ainda que pereça em seguida. Desde que tenha respirado, viveu. 
A partir deste momento afirma-se a personalidade civil.
Procedimento médico, denominado “docimasia hidrostática de Galeno”: Caso os sinais exteriores, como o choro do bebê ou o agitar convulsivo de suas pernas não permitam verificar se ocorreu o nascimento com vida, recorre-se a esse exame. Esse exame é baseado na diferença de peso específico, entre o pulmão que respirou e o que não respirou, mergulhados na água.
É de suma importância saber se o ser humano que nasceu chegou a respirar ou não, porque se houve a respiração, esse ser humano adquiriu personalidade e, por conseguinte, adquiriu direitos sucessórios.
Ex.: homem falece deixando mulher grávida. Se o filho nascer morto, a herança do de cujus será transmitida aos pais do falecido, se vivo, em concorrência com a esposa. Se o filho nasce vivo, vindo a falecer logo em seguida, a herança transmite a sua mãe. (art. 1829, CC)
Art. 50, Lei 6015/73 determina: “Todo nascimento que ocorrer no território nacional deverá ser dado registro, no lugar em que tiver ocorrido o parto ou no lugar da residência dos pais, dentro do prazo de 15 dias, que será ampliado em até 3 meses para os lugares distantes mais de 30kM da sede do cartório”
Registro: natureza declaratória.
Assentado o começo da personalidade no nascimento com vida, somente a partir de então existe uma pessoa em que se integram direitos e obrigações. Até aí o que há são direitos meramente potenciais, para cuja constituição dever-se-á aguardar o fato do nascimento e a aquisição da personalidade. Nascendo vivo, ainda que morra em seguida, o ente chegou a ser pessoa, adquiriu direitos, e com sua morte os transmite. 
Natimorto: aquele que nasceu morto, não adquirindo, portanto, personalidade.
O Registro do natimorto é feito no Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais em livro próprio denominado “C Auxiliar” (Art. 53, §1º, Lei 6015/73)
Neomorto: é aquele que nasceu com vida, mas que vem falecer.
Procede-se a um registro de nascimento e, posteriormente, a um registro de óbito.
Morte Neonatal
É a ocorrida no período neonatal, ou seja, nas quatro primeiras semanas, isto é, entre 0 e 28 dias incompletos após o nascimento. 
O Código civil de 2002 adota a teoria natalista na primeira metade do art. 2º: “A personalidade civil da pessoa começa com o nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”.
Em decorrência da segunda parte do art. 2º do CC, passemos a analisar as outras teorias a respeito:
b) Teoria da personalidade condicional – a personalidade tem início a partir da concepção, porém, condiciona–se ao nascimento com vida. Antes de nascer o que existe é uma personalidade jurídica formal a justificar o resguardo dos direitos da personalidade do nascituro, e depois é que surge a personalidade jurídica material que alcançará os direitos patrimoniais (legado, doação, herança). Os direitos do nascituro estão sujeitos a uma condição suspensiva, ou seja, são direitos eventuais.
Condição suspensiva: subordina a eficácia do ato a evento futuro e incerto. A condição é justamente o nascimento daquele que foi concebido.
Adeptos: Washington de Barros, Serpa Lopes e Clóvis Beviláqua.
 
Comentários: A teoria da personalidade condicional é apegada a questões patrimoniais, não respondendo ao apelo de direitos pessoais ou da personalidade do nascituro. Os direitos da personalidade não podem estar sujeitos a condições. 
c) Teoria concepcionista (influenciada pelo direito francês): O nascituro adquiriria personalidade jurídica desde a concepção, sendo assim, considerado pessoa. Tem direitos reconhecidos desde a concepção. 
Ao reconhecer o nascituro como pessoa, desde a concepção, alcançaria, inclusive, determinados efeitos patrimoniais.
Os concepcionistas sugerem uma releitura do art. 2º do CC, entendendo que na realidade o que se adquire com o nascimento com vida é a capacidade e não a personalidade, de modo que os direitos da personalidade estariam salvaguardados desde a concepção.
Precursora: Silmara Juny Chinellato.
Adeptos: Pontes de Miranda, Giselda Hironaka, Pablo Stolze, Cristiano Chaves, entre outros.
Tradicionalmente, a doutrina no Brasil segue a teoria natalista, embora, a teoria concepcionista ganhe força na jurisprudência do nosso país.
Decisões dos tribunais: STJ: Reconhecido dano moral ao nascituro pela morte de seus pais ocorrida antes de seu nascimento.
A despeito de toda a controvérsia a respeito do nascituro, o fato é que nos termos da legislação em vigor, o nascituro, embora não seja expressamente considerado pessoa, tem a proteção legal dos seus direitos desde a concepção:
A) O nascituro é titular de direitos personalíssimos (direito a vida, a proteção pré natal)
B) Pode receber doação, sem prejuízo do recolhimento do ITBI
C) Pode ser beneficiado por herança ou legado.
Nas hipóteses B e C enquanto o nascituro não nascer com vida, não poderá ser promovido o registro regular no cartório em seu nome.
D) Pode ser-lhe nomeado curador para a defesa de seus interesses (art. 877 e 878 do CPC) sem correspondente no CPC atual.
E) O código penal tipifica o crime de aborto
F) Tem direito a realização do exame de DNA
G) Lei 11.804 de 5/11/2008 – Lei dos alimentos gravídicos. (melhor seria lei dos alimentos do nascituro):Devem compreender os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do período de gravidez, da concepção ao parto.
4. O embrião “in vitro”
Espécies:
A) Pré-implantatório: aquele que foi preparado para ser implantados em uma mulher, mas ainda não o foram. 
B) Excedentário: aquele ser que remanesceu de uma fertilização na proveta.
Ainda não há uma regulamentação clara sobre os embriões e muito se tem discutido sobre a possibilidade de descarte deles. A lei de biossegurança aborda várias temáticas e não define a questão.
Lei 11.105/2005 – Lei da biossegurança – tutela a integridade física do embrião, reforçando a teoria concepcionista.
O art. 5º da referida lei autoriza a utilização de células tronco embrionárias para fins científicos e terapêuticos, desde que os embriões sejam considerados inviáveis ou de embriões congelados há três anos ou mais.
Em 2008 o STF discutiu a constitucionalidade do art. 5º pela ADIn 3510 decidindo pela mesma.
A personalidade possui
certos atributos, certos elementos que a caracterizam. São eles: capacidade, nome e estado.
Capacidade de direito + capacidade de fato = capacidade civil plena
5.1) CAPACIDADE: Faculdade abstrata de titularizar obrigações e direitos na orbita civil.
CAPACIDADE DE DIREITO = subjetividade : Possibilidade de aqueles que são dotados de personalidade serem sujeitos de direitos. Sujeitos de direitos patrimoniais.
aptidão inerente a cada pessoa para que possa ser sujeito ativo ou passivo de direitos e obrigações (Fiúza)
A capacidade de direito não pode ser recusada ao indivíduo, sob pena de despi-lo dos atributos da personalidade. Por isso mesmo dizemos que toda pessoa é dela dotada.
Todo ser humano tem, assim, capacidade de direito, pelo fato de que a personalidade jurídica é atributo inerente à sua condição.
5. ATRIBUTOS DA PERSONALIDADE:
B) CAPACIDADE DE FATO OU DE EXERCÍCIO: Medida de um valor. A capacidade é fornecida pelo Direito. O Direito que estabelece as normas para a capacidade. 
É o poder efetivo que capacita a pessoa para realizar pessoalmente os atos da vida civil.
Nem toda pessoa, porém, possui aptidão para exercer pessoalmente os seus direitos, praticando atos jurídicos, em razão de limitações orgânicas ou psicológicas.
Assim, toda pessoa tem personalidade e capacidade de direito, mas nem toda pessoa tem capacidade de fato, ou seja, para exercer por si mesma os atos da vida civil. Quando falta essa capacidade de exercício, a pessoa é denominada de incapaz. Nestes casos, necessita da intervenção de uma outra pessoa, que o representa ou assiste.
Regra é, então, que toda pessoa tem a capacidade de direito; mas nem toda tem a de fato. Toda pessoa tem a faculdade de adquirir direitos, mas nem toda pessoa tem o poder de usá-los pessoalmente e transmiti-los a outrem por ato de vontade. 
C)LEGITIMAÇÃO
É a aptidão para a prática de determinado ato, ou para o exercício de certo direito, resultante, não da qualidade da pessoa, mas de sua posição jurídica em face de outras pessoas.
Enquanto a capacidade de fato é a aptidão para prática em geral dos atos jurídicos, a legitimidade refere-se a um determinado ato em particular.
Trata-se de requisito específico para determinados atos.
Ex.: venda de ascendente a descendente (art. 496, CC)
PERSONALIDADE
CAPACIDADE DE DIREITO
CAPACIDADE DE FATO = deexercício
LEGITIMAÇÃO
PersonalidadecomoDireitos da personalidade:valor fundamental do ordenamento jurídico. Valor maior. Ser humano é fundamento e fim da ordem jurídica.
A pessoa humana que vem antes. O conceito de pessoa é um conceitopré-normativo.
A personalidade inicia no começo da concepção
- VALOR
- ANTECEDE AO DIREITO.
Faculdade abstrata detitularizardireitose obrigações na ordem civil.
Capacidade de direito ésinôminode subjetividade.
Capacidade de todos nós sermos sujeitos patrimoniais: Sujeito de direito.
O que se agrega. Além detitularizardireitos existenciais podetitularizardireitos patrimoniais.
Art. 1º,CC
Princípio da igualdade: Princípio que baliza a capacidade direito.
Aptidão paraexercício pessoal e genérico de direitos e deveres na vida civil sem necessidade de representação e assistência.
Aptidão para a pessoa agir por si só no mundo jurídico.
Capacidade genérica para realizar os atos da vida civil sozinho.
- MEDIDA DE UM VALOR: HÁ GRADAÇÕES
- CAPACIDADE É CONCEDIDA PELO DIREITO.
É umacapacidade específica para a prática de determinados atos da vida civil.
É umplusà capacidade (Orlando Gomes)
Ex.: 1647, 1867,CC
Curiosidade processual:
Capacidade de ser parte/ personalidade judiciária: qualquer pessoa – art. 70 do CPC; art.1799, CC
Nascituro: Exercício dos direitos da personalidade
Capacidade processual: todas as pessoas que têm aptidão para exercer seus direitos sem representação ou assistência.
Capacidade postulatória: regra: advogado; com exceções: juizado especial cível ; lei maria da penha etc.
Falta de capacitação de fato.
1.Conceito de incapacidade: restrição legal para a prática, por si só, de atos na vida civil.
2. Finalidade: proteção dos incapazes, repudiando qualquer manifestação que os avilte, humilhe ou rebaixe.
3. Graus de incapacidade:
3.1. Grau total de incapacidade (absolutamente incapazes): integral inaptidão da pessoa para a prática de atos na vida civil. Art. 3º, CC. 
Deve ser representado, uma vez que não possui capacidade de agir. Se agir pessoalmente, esse ato será nulo (art. 166, I, CC)
3.2. Grau parcial de incapacidade (Relativamente incapazes): inaptidão relativa para a prática de atos na vida civil. Art. 4º, CC .
Devem ser Assistidos, isto é, o ato deverá ser praticado em conjunto por ambos.
Na incapacidade relativa não se despreza de todo o ato do incapaz. Se este praticar atos na vida civil sozinho, serão passíveis de anulação (art. 171, I, CC).
5.1.1.Teoria das incapacidades
ABSOLUTAMENTEINCAPAZES – art. 3º do Código Civil
Antesda leinº 13.146/2015
Após Lei nº 13.146/2015
Art. 3, I, CC: menor de 16 anos.
Menor absolutamente incapaz
art. 3, caput, CC: menor de 16 anos.
Menor absolutamente incapaz
Art. 3º, II, CC: os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos.
Absolutamente incapaz
Revogado.não são mais absolutamente incapazes
Art. 3º, III, CC: os que, mesmo por motivo transitório, não puderem exprimir a sua vontade: incapacidade acidental.
Absolutamente incapaz
Revogado.não são mais absolutamente incapazes
art. 4º,III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade :Relativamente incapazes:
RELATIVAMENTEINCAPAZES – ART. 4º CC
Antesda leinº 13.146/2015
Após Lei nº 13.146/2015
Art. 4,I, CC: maioresde 16 anos e menores de 18 anos.
MenorRelativamente incapaz
Art. 4,I, CC: maioresde 16 anos e menores de 18 anos.
MenorRelativamente incapaz
Art. 4º, II, CC: os ébrios habituais, os viciados em tóxicos e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido
relativamente incapazes
1) os ébrios habituais, os viciados em tóxico: relativamente incapazes
2) e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido:Revogado:não são consideradosrelativamente incapazes
Art. 4º, III,CC: os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo.
relativamente incapazes
Revogado:não são mais relativamente incapazes
Art. 4º, IV, CC: os pródigos
relativamente incapazes
Art. 4º, IV, CC: os pródigos
relativamente incapazes
4. Análise dos casos de incapacidades: Antes da Lei 13.146 de 06/07/2015 (O Estatuto da Pessoa com Deficiência)
4.1. Grau total de incapacidade(absolutamente incapazes):art. 3º, CC. (vide alterações do art. 3º mais adiante)
Integral inaptidão da pessoa para a prática de atos na vida civil. 
Causas: idade e enfermidade mental (neste caso, houve mudança com a lei 13.146 de 06/07/2015)
a) incapacidade absoluta dos menores: art. 3º, I, CC (menores impúberes – menores de 16 anos): a primeira incapacidade é a que decorre da idade. A inexperiência, o incompleto desenvolvimento das faculdades intelectuais, a facilidade de se deixar influenciar por outrem, a falta de autodeterminação e auto orientação impõem ao menor a completa abolição da capacidade de ação. 
A titularidade do direito é do menor, mas sua vontade é substituída por seus pais.
Art. 181, CC: “Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um incapaz, se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga.”
Diferença entre incapacidade legal com a capacidade natural: Quem tem menos de 16 anos possui incapacidade legal. Mas, para determinados atos há capacidade natural (prática de negócios jurídicos mais simples): chamada de conduta socialmente típica. Condutas em que há discernimento para determinados atos. Nos Negócios jurídicos de caráter patrimonial a vontade do menor é desprezada pelo direito.
b) Art. 3º, II, CC: os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos.
(Alterado pela lei 13.146 não são mais absolutamente incapazes )
Ex.: Esquizofrênico, psicopata
Alude a toda espécie de desequilíbrio das funções cerebrais, sejam as que provêm de qualquer malformação congênita, sejam as subsequentes a uma enfermidade geral ou específica, sejam as decorrentes de um acidente, e no seu alcance, compreende toda enfermidade, vício ou lesão que afete o comportamento psíquico do indivíduo, na sua vida e relação na sociedade.
A incapacidade por alienação é a que resulta de uma situação permanente.
Lúcidos intervalos: O ordenamento jurídico civil brasileiro não admite a teoria dos atos praticados nos lúcidos intervalos. A referida teoria se presta a validar ato praticado pelo absolutamente incapaz sob o argumento de que, no instante em que o praticou, o incapaz estava lúcido. Colocou a incapacidade por enfermidade mental como um estado permanente e contínuo, somente podendo levantar-se com a recuperação total do alienado. A preocupação do legislador é estatuir a segurança social.
Senectude: a senilidade, por si só, não é causa de restrição da capacidade de fato, porque não se deve considerar equivalente a um estado psicopático, por maior que seja a longevidade. Dar-se-á a interdição se a senectude vier a gerar um estado patológico, como a arteriosclerose, de que resulte prejuízo das faculdades mentais. Em tal caso, a incapacidade será o resultado do estado psíquico, e não da velhice. 
c) Art. 3º, III, CC: os que, mesmo por motivo transitório, não puderem exprimir a sua vontade: incapacidade acidental. (Alterado pela lei 13.146 não são mais absolutamente incapazes)
ex.: Pessoa em coma
Na verdade a pessoa não sofre de nenhuma patologia mental, mas, no momento da prática do ato encontra-se impossibilitada de manifestar sua vontade de maneira sadia.
lei 13.146 de 06/07/2015 
Art. 114.  A Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 3o  São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.
I - (Revogado);
II - (Revogado);
III - (Revogado).” (NR)
4.2. Grau parcial de incapacidade: Antes da Lei 13.146 de 06/07/2015
Art. 4º, CC .
 Relativamente incapazes: inaptidão relativa para a prática de atos na vida civil. 
Em razão de circunstâncias pessoais ou em função de uma imperfeita coordenação das faculdades psíquicas deve colocar certas pessoas em um termo médio entre a incapacidade e o livre exercício dos direitos, que se efetiva por não lhe reconhecer a plenitude das atividades civis, nem privá-lo de todo de interferir nos atos jurídicos.
Os relativamente incapazes não são privados de ingerência ou participação na vida jurídica. Ao contrário, o exercício de seus direitos se realiza com a sua presença. 
a) Art. 4,I, CC: incapacidade relativa dos menores: a primeira categoria de incapazes relativamente a certos direitos ou ao modo de exercê-los, é dos menores de 16 anos cumpridos até completarem 18 anos. 
Exceções à necessidade de assistência ao maior de 16 e menor de 18 anos: aceitar mandato (art. 666, CC); fazer testamento (art. 1860, parágrafo único, CC); ser testemunha em atos jurídicos (art. 228, I, CC); exercer direito de voto (art. 14, CF/88); precedendo consentimento do pai ou da mãe ou autorização judicial, podem casar-se com 16 anos, desde que autorizados; se tiver sido emancipado não necessitará de assistência.
b) Art. 4º, II, CC: os ébrios habituais, os viciados em tóxicos (e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido – Alterado pela lei 13.146 não são mais relativamente incapazes): 
c) Art. 4º, III,CC: os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo. Ex.: Portadores de síndrome de down. (De acordo com a lei 13.146 não são mais relativamente incapazes)
d) Art. 4º, IV, CC: os pródigos: aquele que desordenadamente gasta e destrói o seu patrimônio. (A lei 13.146/15 não alterou a situação do pródigo)
Para considerar uma pessoa pródiga é necessário processo judicial de interdição. A interdição priva-o exclusivamente daqueles atos de disposição (transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, agir em juízo como autor ou réu), reservando-lhe os atos de mera administração. 
lei 13.146 de 06/07/2015 
“Art. 4o  São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:
.....................................................................................
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
.............................................................................................
Parágrafo único.  A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.” (NR)
5. Curatela de pessoas capazes (deficientes) e incapazes
O Estatuto da pessoa com deficiência (lei 13146/15) inova ao admitir a interdição de pessoa capaz. 
Art. 84, §1º: “Quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à curatela, conforme a lei”
A curatela afetará apenas os atos de natureza patrimonial e negocial e constitui-se em medida extraordinária, devendo constar da sentença as razões e motivações de sua definição, conforme art. 84, §3º e 85, caput da lei 13146/15.
Estarão sujeito à curatela os incapazes previstos no artigo 4º, exceto o menor.
6. Interdição: processo judicial pelo qual uma pessoa será declarada incapaz. De acordo com a lei 13.146/15 agora temos apenas a interdição relativa. 
Procedimento: Jurisdição voluntária: art.747CPC/15.
É obrigatório o exame pessoal do interditando, em audiência, ocasião em que será minuciosamente interrogado pelo juiz (art. 751, CPC).
É também obrigatória a nomeação de perito médico (art. 752, §1º, CPC)
Natureza da sentença: Sentença declaratória: reconhece situação jurídica que culminará na incapacidade jurídica. Não é o decreto de interdição que cria a incapacidade, mas a alienação mental. Art. 1773, CC.
Quem requer? Cônjuge, pais, qualquer parente próximo, tutor ou Ministério Público (Art. 1768 e art.1775, CC)
Efeitos da sentença: Ex nunc. Os atos praticados pelo incapaz antes do processo de interdição permanecerão intactos. Busca-se proteger o terceiro de boa-fé e atender a segurança das relações sociais.
7. Surdos mudos: Mesmo deficientes são considerados pessoas plenamente capazes (art. 6º e 84 da lei 13.146/15). 
8. Situação jurídica dos índios: Lei 13146/15 alterou o termo “índio” para “indígena”.
Compete privativamente à União legislar sobre as populações indígenas.
Regulação em lei especial: Lei 6001/73, mais conhecida como o Estatuto do Índio que dispões que ficarão sujeitos à tutela da União até se adaptarem à Civilização.
Segundo esta lei, é considerado nulo o ato praticado pelo índio e qualquer pessoa estranha à comunidade indígena quando não tenha havido assistência do órgão tutelar competente (FUNAI) (art. 8º), enquadrando-o, como absolutamente incapaz.
Porém o ato não será considerado nulo se o índio revelar consciência e conhecimento do ato praticado, desde que não lhe seja prejudicial e da extensão de seus efeitos.
Vemos, pois, que sendo o índio integrado, será tratado como qualquer outro brasileiro, saindo da proteção do Estatuto do Índio. 
Requisitos para integração (art. 9º):
A) seja liberado por ato judicial, diretamente, ou por ato da Funai homologado pelo Judiciário.
B) tenha mais de 21 anos
C) conheça o idioma português
D) habilitado para o exercício de atividade útil à comunidade
E) tenha conhecimento razoável dos costumes nacionais
Índios não integrados não estão obrigados a inscrição do nascimento. Este poderá ser feito em livro próprio do órgão federal. A funai poderá manter um cadastro de toda a população indígena do País.
1) Adquire-se a capacidade quando a causa geradora da incapacidade cessar.
Exemplos: o sofrimento mental se cure. Evidentemente que a curatela deverá ser levantada quando cessar a causa que a determinou (art.756, CPC). 
2) Pela maioridade
- art.5º, CC.
3) Pela emancipação: art. 5º, parágrafo único, CC. Não admite revogação em qualquer de suas espécies. Rol taxativo
3.1) Espécies de emancipação:
a) Voluntária (art. 5º par. Único, I, CC): Os pais podem emancipar o filho mediante instrumento público, independente de homologação judicial. A decisão pode ser tomada conjuntamente pelos pais, ou por um deles na falta do outro. Devem se dirigir ao cartório de registro civil das pessoas naturais e inscrever o ato de emancipação, desde que o menor tenha completado 16 anos.
Responsabilidade solidária: Não há exoneração dos pais em caso de responsabilidade civil por perdas e danos causados pelo filho menor – Art. 928, CC
5.1.2. Formas de obtenção de capacidade
b) Judicial - (art. 5º par. Único, I, 2ª parte, CC): por meio de ato judicial. É a hipótese em que o menor, com 16 anos completos, que esteja sob tutela, requer ao juiz a sua emancipação (art. 719 CPC/15).
Nas hipóteses de menor que esteja sob tutela, é obrigatória sentença judicial; ocorre que a sentença judicial também é necessária nas hipóteses em que houver divergência dos genitores no exercício do poder familiar (Código Civil, artigo 1.631, parágrafo único), bem como em hipóteses nas quais o menor esteja em situação irregular, nos termos dos artigos 98 e 148, parágrafo único, alínea e, do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/1990: Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
III - em razão de sua conduta.)
Necessário ressaltar que o registro, lavrado em cumprimento a mandado judicial, é efetuado mediante trasladação da sentença oferecida em certidão, com a assinatura do apresentante. Frise-se, neste passo, que a emancipação é o único assento lavrado no Livro E que deve ser assinado pela parte.
c) Legal- (art. 5º par. Único, II a V, CC): Decorre automaticamente de lei sem que a parte interessada tenha que tomar qualquer providência: 
1º) Casamento: embora a idade núbil seja 16 anos, é possível que haja casamento abaixo dessa idade, excepcionalmente, em caso de gravidez (art. 1520 e 1517, CC);
2º) pelo exercício de emprego público efetivo;
3º) pela colação de grau em curso de ensino superior;
4º) pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que em função deles, o menor com 16 anos completos tenha economia própria.
3.2) Prova da emancipação: A voluntária e judicial serão comprovadas pelo registro público. Ambas deverão ser levadas a registro em cartório (art. 9º, II, CC e art. 89, LRP).
A legal não exige registro. Será provada pela certidão de casamento, diploma de conclusão de curso superior, carteira de trabalho etc.
3.3) Efeito da emancipação: A pessoa pode praticar os atos da vida civil sem necessidade de representação ou assistência.
Exceções em virtude de regras especiais: Não poderá obter carteira de habilitação; e a moça que casa em virtude de autorização judicial em razão de gravidez com menos de 16 anos não poderá votar.
sinal exterior mais visível de sua individualidade, sendo através dele que a identificamos no meio familiar e social.
Elemento designativo do indivíduo e fator de sua identificação na sociedade, o nome integra a personalidade, individualiza a pessoa e indica a sua procedência familiar.
Nome composto: Adotado pelo ordenamento jurídico. Prenome e sobrenome (art. 16, CC)
Prenome: É o nome próprio ou nome de batismo, escolhido pelos pais por ocasião do registro de nascimento, para individualizar seu portador. 
Pode ser simples (ex. Luis) ou composto (Ex.: Luis Miguel). Pode ser escolhido livremente pelos pais, porém o oficial do Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais poderá recusar o registro de nomes que exponham ao ridículo os seus portadores ou atentem contra a ordem pública (art. 55, parágrafo único, LRP)
5.2. Nome civil (lei 6015/73 e arts. 16 ao 19, CC)
Sobrenome (ou nome patronímico): apelidos de família. Comum a todos os que pertencem a uma certa família. 
É o segundo elemento fundamental do nome civil e serve para indicar a procedência da pessoa, sua estirpe. Ele não pertence a pessoa determinada e sim, a todos os membros de uma família. O patronímico será simples quando provir apenas do sobrenome materno ou paterno e composto quando provir de ambos.
Ex.: da Silva (sobrenome da mãe) e Pereira (sobrenome do pai).
Registro de filhos havidos fora do casamento: art. 59 e 60 da LRP: não será lançado o nome do pai sem que este expressamente autorize. Lei 8560/69 determina aos oficiais do registro a remeter ao juiz os dados sobre o suposto pai, que será convocado para reconhecer voluntariamente o filho. Não o fazendo, os dados serão encaminhados ao MP, que poderá promover a investigação de paternidade.
Agnome: sinal distintivo que se acrescenta ao nome completo (filho, sobrinho) para diferenciar parentes que tenham o mesmo nome.
Particula: é a preposição “da”, “de”, “dos”, entre outros.
Apelidos ou hipocorístico: É a forma pejorativa ou afetiva de identificar uma pessoa. Bia, Zezinho.
Pseudônimo ou codinome: Normalmente utilizado no meio artístico ou literário para ocultar sua verdadeira identidade e ao mesmo tempo identificar sua personalidade. Com ele, dá-se publicidade a obra literária, artística ou científica. Há casos em que o pseudônimo substituiu ou é utilizado por seu possuidor como legítimo civil.
nome escolhido pelo próprio indivíduo para o exercício de uma atividade específica (meio artístico e literário). Art. 19, CC.
Luiz Inácio lula da silva – maria da graça xuxa meneghel
Antes era inserido entre o nome. Agora permite-se o uso do pseudônimo e o sobrenome. 
Ex: Edson Arantes do Nascimento: Pelé Arantes do Nascimento.
Prenome e o Princípio da imutabilidade relativa: atenuado diante de motivos justos e desde que não cause prejuízos a terceiros. Art. 57 e 58, LRP
Retificação do prenome: em caso de erro de grafia: Parágrafo único do art. 58
A retificação , em caso de erro de grafia e de outros erros que não exijam qualquer indagação para a constatação imediata de necessidade de sua correção pode ser feita através de procedimento sumário, no próprio cartório, com manifestação conclusiva do MP e correção de ofício pelo oficial de registro do próprio cartório onde se encontrar o assentamento – art. 100, §§ da LRP 
Mudança do prenome: par. Único do art. 55: nomes que exponham a ridículo seu portador. Depende de distribuição perante o juiz, de procedimento de retificação de nome, conforme art. 109 da LRP.
Hipóteses de alteração do nome civil: 
1º) Imotivada: art. 56 e 57, LRP
No primeiro ano após completada a maioridade é possível alteração do nome extrajudicialmente, desde que não prejudique os apelidos de família.
2º) Motivada: Via judicial.
a) obrigatória: art. 57 e 58, LRP
Alteração do estado de filiação (ex. reconhecimento de paternidade)
Sobrenome do adotado (art. 47, §3º, ECA e art. 1627, CC)
b) Facultativa: 
- Prenome do adotado; 
- erro de grafia evidente; 
- nome vexatório para inserção de apelido público notório (art. 58, LRP);
 homonímia que cause prejuízo; 
tradução de nome grafado em língua estrangeira; 
proteção de vítimas e testemunhas de crimes que se encontram sob ameaça (art. 57, §7º, LRP); 
realização de casamentos (sem supressão do sobrenome - art. 1565, §1º, CC); 
dissolução de casamento (art. 1571,§2º e 1578, CC);
estabelecimento de união estável (art. 57, §2º e §3º, LRP); 
Transexual (art. 55, par. Único e 109 da LRP): En. 276, IV jornada de Direito Civil: “O art. 13 do CC, ao permitir a disposição do próprio corpo por exigência médica, autoriza as cirurgias de transgenitalização, em conformidade com os procedimentos estabelecidos pelo Conselho Federal de Medicina, e a consequente alteração do prenome e do sexo no Registro civil”. O registro de alteração de sexo e nome deve ficar
apenas no cartório.
É o conjunto de qualidades que indicam o modo de ser, a situação e posição do indivíduo na sociedade.
Três aferições:
A) O estado individual ou físico é a maneira de ser da pessoa quanto à idade (maior/menor), sexo e saúde mental e física (são de espírito, alienado, surdo-mudo), elementos que influenciam sua capacidade civil.
B) O estado familiar indica a sua situação na família em relação ao casamento( casado, solteiro, viúvo, separado, divorciado), ao parentesco consanguíneo (pai, mãe, filho, avô, avó, neto, irmão, tio, sobrinho, primo), e à afinidade (sogro, sogra, genro, madrasta, enteado, cunhado).
C) O estado político: busca se saber quem é o indivíduo e sua relação ao país em que se encontra: estrangeira, naturalizada ou nacional. 
5.3. Estado civil
Compondo-se de atributos pessoais vinculados à condição da pessoa na sociedade, o estado é: 
Irrenunciável e inalienável: ninguém pode renunciar ao seu estado nem aliená-lo por qualquer título, nem alterá-lo arbitrariamente, mas pode o indivíduo mudar de estado, seja em consequência de um fato natural ou de um ato jurídico, passar de casado a viúvo, de menor a maior.
Imprescritível: por maior que seja o tempo decorrido de inércia da pessoa quanto à reivindicação do estado que lhe compete e de que não desfruta, não decai do seu direito, nem adquire direito ao estado que indevidamente se atribua;
Insuscetível de transação: a transação é lícita em torno dos seus efeitos econômicos, mas nunca terá como objeto o próprio estado. Uma ação de investigação de paternidade movida contra o pai tem o direito de dar estado ao filho.
Indivisibilidade e unidade: provêm de ser ele a qualificação do indivíduo na sociedade. Não pode um indivíduo ser simultaneamente casado e solteiro. 
 
O Estado civil é protegido por ações que lhe são próprias. São as ações de estado ou prejudiciais. Ação de investigação de paternidade, ação de contestação da paternidade etc. Visam: a) reconhecer ou negar a existência de um estado; b) modificar determinado estado, ex. divórcio.
 
Prova do estado das pessoas: registro público. Logicamente, a prova constituída pelo registro não é absoluta, uma vez que se pode derrubá-la, provando-se sua falsidade. 
6. Registros e averbações:
Registros públicos: Publicidade, autenticidade e perpetuidade – art. 9º, CC.
Averbações: art. 10, CC – ato do registro, que deve ser feito à sua margem e decorre de alteração no status da pessoa natural.
O sistema de registros públicos visa, principalmente, conferir publicidade aos atos jurídicos em geral.
Todos os fatos constitutivos, modificativos ou extintivos do estado das pessoas exigem reconhecimento oficial pelo sistema de registros públicos, à luz dos princípios da legalidade, veracidade e publicidade.
Os episódios mais importantes da vida da pessoa natural refletem-se no registro civil: nascimento, casamento, separação, divórcio, morte. 
Registro de nascimento da pessoa natural: natureza declaratória
Registro da pessoa jurídica: natureza constitutiva
A pessoa natural registra-se porque nasce e a pessoa jurídica nasce porque se registra.
Organização do sistema de registro público no País: art. 1º, par. 1º e 2º lei 6015
Autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos: registro civil de pessoas naturais; das pessoas jurídicas; títulos e documentos; imóveis.
Registro do estado da pessoa natural: art. 29 e par. 1º e 2º da lei e art. 9º do CC. São registrados no registro civil de pessoas naturais: nascimentos, casamentos; óbitos, emancipações, interdições; sentenças declaratórias de ausência; opções de nacionalidade; sentenças de legitimação adotiva. 
Prazo para registro de nascimento: art. Art. 50 a 52 da lei: prazo de 15 dias, que será ampliado em até 3 meses para os lugares distantes mais de 30kM da sede do cartório”
Somente com a morte termina a personalidade jurídica da pessoa natural. Art. 6º, CC.
Mesmo com a morte colocando fim à personalidade jurídica, perdura a proteção dos direitos da personalidade após o óbito numa projeção post mortem, como o direito à imagem, o nome, à obra literária e científica.
1.6.1. Espécies: 
1º) Morte real: Verifica-se quando há cessação total das atividades vitais do corpo humano e será comprovado pelo atestado de óbito que será levado a registro.  
A parada do sistema cardiorrespiratório com a cessação das funções vitais indica o falecimento do indivíduo. Tal aferição, permeada de dificuldades técnicas, deverá ser feita por médico, com base em seus conhecimentos clínicos e de tanatologia. A morte encefálica ("morte baseada na ausência de todas as funções neurológicas“) é a mais utilizada, dado seu caráter irreversível, e basta sua constatação para fins de transplante (Lei 9434/97)
7. O fim da personalidade - art. 6º, CC e art. 77 a 78 da LRP
2º) Morte civil ou fictícia: Quando uma pessoa, ainda viva, é considerada como se estivesse morta. 
Não é mais admitida em nosso Direito.
Em tempos remotos já foi admitida em relação aos escravos ou por questões políticas, religiosas etc.
Reminiscências: No direito das sucessões quando da deserdação e exclusão do herdeiro por indignidade (art. 1961 e 1814, CC).
3º) Morte presumida: Ocorre quando não há um corpo. 
“extinção de pessoa natural declarada por sentença judicial decorrente da falta de materialidade do fato, ou seja, pela ausência de cadáver” (Roberto Senise Lisboa)
O Código Civil disciplina a morte presumida em duas situações: a) sem decretação de ausência (art. 7º); e b) com decretação de ausência (art. 6º c/c art. 37 e 38).
A) Morte presumida sem decretação de ausência – art. 7º e parágrafo único, CC
Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: 
I – se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
II – se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro , não for encontrado até 02 anos após o término da guerra.
A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. (art. 7o)
Ocorrerá quando for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida ou se alguém desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado em até 2 anos após o término da guerra.
Ex. Morte de pessoas que falecem em virtude de acidentes aéreos sem ter seus corpos encontrados.
O juiz fixará a provável data do falecimento.
 Justificação de óbito: art. 7, CC e art. 88 da LRP e art. 381, §1º, CPC 
O art. 88 da LRP, consagra um procedimento de justificação, com a necessária intervenção do MP., que tem por finalidade proceder ao assento do óbito em hipóteses de campanha militar, desastre ou calamidade, em que não foi possível proceder a exame médico no cadáver. Diz o art. 88 que os juízes poderão admitir justificação para assento de óbito de pessoas desaparecidas em naufrágio, inundação, incêndio, terremoto ou qualquer catástrofe, quando estiver provada a sua presença no local do desastre e não for possível encontrar-se o cadáver para exame. O mesmo se aplica aos desaparecidos em batalha, cujo óbito não tenha sido registrado em livro próprio pelos oficiais da corporação correspondente. 
b) Morte presumida com decretação de ausência (art. 6º c/c art. 37 e 38): É a presunção de morte que se verifica no procedimento de ausência, quando da abertura da sucessão definitiva.
B.1) Ausência: art. 22 a 39, CC
A ausência ocorre em duas situações:
1) Quando o indivíduo tenha se afastado de seu domicílio, sem deixar vestígios ou procurador (art. 22) ou ainda, 
2) Quando deixa mandatário que não quer ou não pode exercer ou continuar o mandato que lhe foi conferido, ou se os seus poderes forem insuficientes (art. 23). 
Ausente é toda pessoa que desaparece e não se sabe se está viva ou morta.
Finalidade: Administração dos bens do ausente para eventual hipótese de retorno e atender a interesse social em dar uma destinação aos bens deixados.
Fases do procedimento de
ausência:
 1/3 anos 10 anos
 Curador sucessão sucessão Morte 
 (Art. 25) provisória definitiva presumida
 (art. 26) (art. 37) (art. 6º)
Três fases:
1ª) Curadoria dos bens do ausente: (art. 22 a 25, CC. e art.744, CPC) Constatado o desaparecimento o interessado ingressa no Poder judiciário para requerer a declaração de ausência e será nomeado curador pelo juiz para administrar os bens do ausente. 
Curador: cônjuge (não separado judicialmente e nem de fato por + de 2 anos antes da declaração de ausência) ou companheiro, pais ou descendentes nessa ordem.
O ausente não é considerado incapaz, a curadoria é para a administração dos bens do ausente.
I I I I
1º Desaparecimento
2º requerimento do interessado em juízo para decretação de ausência e nomeação de curador
3º Dentro de 1/3anos da arrecadação dos bens os interessados podem requerer a abertura da sucessão provisória
4ºA sentença que determinar a abertura da sucessão provisória produzirá efeitos 180 dias depois de publicada.
5º Imissão na posse
6º Após 10 anos do trânsito em julgado da sentença que concede a abertura da sucessão provisória, os interessados poderão requerer a abertura da sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas;
7º Na abertura da sucessão definitiva decreta-se a morte presumida.
2ª) Sucessão provisória (art. 26 a 36):
Dentro de um ano (sem representante) ou três (deixar representante que não quer ou não pode exercer ou continuar o mandato) da arrecadação dos bens, os interessados (art. 27) requererão a abertura da sucessão provisória.
Art. 22 e 26 (contradição): Deve-se considerar que a declaração da ausência deve ocorrer logo de início (art. 22) e o art. 26 deve ser interpretado como mera confirmação da primeira declaração. 
Passada em julgado a decisão de abertura da sucessão provisória, o testamento será aberto, se existir e ocorrerá o inventário e partilha dos bens. 
A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória produzirá efeitos 180 dias depois de publicada.
Os herdeiros podem imitir-se na posse dos bens do ausente mediante garantia da restituição deles (penhores, hipotecas). Já os herdeiros necessários podem entrar na posse dos bens independentemente de garantia.(art. 30, §2º)
3ª) Sucessão Definitiva (art. 37 a 38): Pode ocorrer em duas hipóteses:
a) 10 anos após o trânsito em julgado da sentença que concede a abertura da sucessão provisória, os interessados poderão requerer a abertura da sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas;
b) se o ausente contar com mais de 80 anos, e de cinco datarem as últimas notícias dele, ou seja, após 5 anos sem notícias de uma pessoa que, quando de seu desaparecimento possuía no mínimo 75 anos. Nesse caso a abertura da sucessão definitiva independerá da abertura da sucessão provisória. (art. 38)
Quando da abertura da sucessão definitiva é que ocorrerá a declaração de morte presumida (art. 6º)
Reaparecimento do ausente: 
a) se reaparecer após a sucessão provisória, mas antes da sucessão definitiva: os sucessores imitidos na posse deverão devolvê-la ao ausente que reapareceu. Em relação aos frutos e rendimentos aplica-se o art. 33 e parágrafo único, CC.
b) se o ausente reparecer em até 10 anos após a sucessão definitiva: art. 39, caput, CC
c) se o ausente reaparecer após os dez anos mencionados no art. 39, CC: não há solução legal para o caso. A interpretação tem sido no sentido de que o ausente não teria direito a mais nada, até porque o parágrafo único do art. 39 prevê a arrecadação ao município ou distrito federal.
Do retorno do ausente casado: art. 1571, I,CC: “A sociedade conjugal termina com a morte”
Por essa disposição o casamento do ausente se queda desfeito em virtude da declaração de morte presumida do ausente.
Problema: E se ele retorna e o seu ex-cônjuge encontra-se casado de novo? O que acontecerá com o segundo casamento?
Posições:
a) O casamento posterior deverá ser considerado nulo em virtude de seu contraente já ser casado (art. 1521, VI, C). Desse modo afastar-se-ia a aplicação do art. 1571, §1º, CC
b) O casamento posterior deve ser considerado válido em respeito ao princípio da boa-fé objetiva e proteção ao ex-cônjuge em virtude da atitude desidiosa do conjuge ausente. Assim, o segundo casamento em nada poderá ser atingido. 
Presunção iuris tantum (admite prova em contrário) de simultaneidade de mortes entre duas ou mais pessoas desde que herdeiras entre si.
Recorre-se aos meios de prova possíveis (perícia, testemunhas etc). para verificar quem morreu primeiro. Se tais provas forem inconclusivas é que se recorre à simultaneidade de mortes. 
Ex. Casal, que diante do CC, observadas certas premissas são herdeiros entre si, falecem em uma mesma ocasião. Declarada a simultaneidade de mortes, nenhum dos dois chegará a se tornar herdeiro um do outro.
Requisito: temporal. Exige-se que as mortes sejam simultâneas, ainda que em locais diferentes ou por motivos diferentes.
Comoriência –art.8,CC
1. OS DIREITOS DA PERSONALIDADE NA CONCEPÇÃO CIVIL-CONSTITUCIONAL
 
 O Título II da Constituição de 1988, sob o título “Dos Direitos e Garantias Fundamentais”, traça as prerrogativas para a garantir uma convivência digna, com liberdade e com igualdade para todas as pessoas, sem distinção de raça, credo ou origem. Tais garantias são genéricas, mas são também fundamentais ao ser humano e sem elas a pessoa humana não pode atingir sua plenitude. Nunca se pode esquecer a vital importância do artigo 5º da CF para o nosso ordenamento jurídico, ao consagrar as “cláusulas pétreas”, que são direitos fundamentais deferidos à pessoa.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade...
Para MARIA HELENA DINIZ, os direitos da personalidade “são direitos subjetivos da pessoa de defender o que lhe é próprio, ou seja, a sua integridade física (vida, alimentos, próprio corpo vivo ou morto, corpo alheio vivo ou morto, partes separadas de um corpo vivo ou morto); a sua integridade intelectual (liberdade de pensamento, autoria científica, artística e literária); e sua integridade moral (honra, recato, segredo profissional e doméstico, imagem, identidade pessoal, familiar e social)”. (2007, p. 119)
Direitos da personalidade (Art. 11e ss, CC)
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Na concepção civil-constitucional, três princípios básicos constitucionais:
 
1) Princípio de proteção da dignidade da pessoa humana, fundamento do Estado Democrático de Direito da República Federativa do Brasil (art. 1º, III, CF).
2) Princípio da solidariedade social, também um dos objetivos da República Federativa do Brasil (construção de uma “sociedade livre, justa e solidária”- artigo 3, I, da CF/88).
3) Princípio da igualdade “lato sensu” ou isonomia, eis que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”( artigo 5º, caput, da CF/88)
Importante considerar, que muitos dos bens da personalidade, deixaram de ser abordados pelo novo CC, como aqueles relacionados a “bioética e o biodireito”. O Prof. Miguel Reale afirmou: “não cabe à codificação privada tratar desses assuntos”.
 Parcialmente, a Lei 11.105/2005 (Lei de Biossegurança), trata da matéria.
2. AS LIBERDADES PÚBLICAS E OS DIREITOS DA PERSONALIDADE
 
Os direitos da personalidade são estudados sob a ótica do direito privado, considerados como a garantia mínima da pessoa humana, estabelecendo condutas negativas da coletividade (obrigação de não fazer, isto é, não violar a personalidade de outrem).
As liberdades públicas funcionam a partir de garantias constitucionais impondo condutas positivas ao Estado para que estejam assegurados os direitos da personalidade.
 
3. DIREITOS DA PERSONALIDADE TAXATIVOS?
 
É certo, que as previsões constitucionais
e legislativas, não lograram êxito em tutelar de forma “exaustiva” os direitos da personalidade. Diante disso, tornam-se superadas tanto as teorias pluralistas, segundo as quais os direitos da personalidade se encontram tipificados nos textos legislativos, quanto as teorias monistas, que sustentam a existência de um único direito de personalidade.
4. DEFINIÇÃO E NATUREZA:
 
“São aqueles direitos que têm por objeto os atributos físicos, psíquicos e morais da pessoa em si e em suas projeções sociais” (STOLZE,2013, pg. 184)
“Direitos subjetivos reconhecidos à pessoa, tomada em si mesma e em suas necessárias projeções sociais”. (ROSENVALD, 2007, pg.110 ).
Série indeterminada de valores não redutíveis pecuniariamente, como a vida, a integridade física, a intimidade, a honra, entre outros.
Trata-se de poderes que o homem exerce sobre sua própria pessoa.
A dimensão cultural do Direito, como criação do homem para o homem deve sempre conservar um conteúdo mínimo de atributos que preservem essa própria condição humana como um valor a ser tutelado.
5. TITULARIDADE
 
O ser humano é o titular por excelência da tutela dos direitos da personalidade.
O instituto alcança também os nascituros, que embora não tenham personalidade jurídica, têm seus direitos preservados desde a concepção.
Pessoa Jurídica – art. 5º, X, CF e art. 52, CC. Os direitos da personalidade se referem também às pessoas jurídicas, com as limitações derivadas de sua especial natureza.
O art. 5º, X, da CF não fez qualquer acepção de pessoas.
“X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.”
6. CARACTERÍSTICAS:
 
6.1. DIREITOS INATOS, ILIMITADOS E ABSOLUTOS 
 
INATOS – que pertence ao ser desde o seu nascimento; inerente.
ILIMITADOS – ante a impossibilidade de se imaginar um número fechado de direitos da personalidade.
 
ABSOLUTOS “ERGA OMNES”- possui eficácia contra todos, impondo-se à coletividade o dever de respeitá-los, principalmente se confrontados com os direitos pessoais puros, caso dos direitos obrigacionais e contratuais. Entretanto desse caráter “ilimitado e absoluto”, pode comportar exceções. 
 
Segundo Flávio Tartuce, “o direito à vida merece maior proteção do que o direito à liberdade, inclusive quanto àquele relacionado com a opção religiosa. Um direito da personalidade pode ser relativizado se entrar em conflito com outro direito da personalidade. (2014, pg. 152).
6.2. EXTRAPATRIMONIAIS
Insuscetibilidade de apreciação econômica desses direitos, ainda que a eventual lesão possa produzir consequências monetárias (na indenização por dano extrapatrimonial, comumente chamado de dano moral)
6.3. DIREITOS INTRANSMISSÍVEIS E INDISPONÍVEIS (relativamente) 
Por regra, os direitos da personalidade são intransmissíveis, não cabendo cessão de tais direitos, seja de forma gratuita ou onerosa. Vedação expressa no artigo 852, do CC: “É vedado compromisso para solução de questões de estado, de direito pessoal de família e de outras que não tenham caráter estritamente patrimonial.” 
Exceções à regra da intransmissibilidade, que confirmam a tendência de relativização de princípios: 
- cessão onerosa dos direitos patrimoniais decorrentes da imagem, que não pode ser permanente;
- cessão patrimonial dos direitos do autor, segundo artigo 28 da Lei 9.610/1998, segundo o qual “cabe ao autor o direito exclusivo de utilizar, fruir e dispor da obra literária, artística ou científica”. 
- cessão gratuita também é possível, como no caso de cessão de partes do corpo, desde que para fins científicos ou altruísticos (artigo 14, CC).
6.4. DIREITOS IRRENUNCIÁVEIS – art. 11, CC.
		
Esse caráter realça a natureza cogente, ou de ordem pública, das normas relacionadas com tal proteção.
Não podem ser abdicados. Ninguém pode dispor de sua vida, da sua intimidade, da sua imagem etc.
 
6.5. DIREITOS IMPRESCRITÍVEIS
 
São imprescritíveis no sentido de que não há prazo para o seu exercício. Não se extinguem pelo seu não uso, assim, como sua aquisição não resulta do curso do tempo. 
Não se confunde com a prescritibilidade da pretensão indenizatória de eventual dano decorrente de violação de direito da personalidade. Prescreve, normalmente, em três anos a pretensão de obter indenização por danos sofridos, inclusive a direitos da personalidade (art. 206, § 3º, CC).
Imprescritível, assim, é a pretensão de garantir o exercício do direito, mas não a de reparar pecuniariamente eventual dano sofrido.
6.6. DIREITOS IMPENHORÁVEIS E INEXPROPRIÁVEIS
 
Tais direitos não podem sofrer constrição judicial, visando à satisfação de uma dívida, seja ela de qualquer natureza.
 
A impenhorabilidade sempre esteve associada aos direitos da personalidade, sendo afastada qualquer situação que coloque em risco a proteção da pessoa. Interessante lembrar, nesse sentido, que os alimentos e os instrumentos de trabalho são considerados impenhoráveis, sem prejuízo do rol que consta do artigo 649 do CPC. A impenhorabilidade do bem de família, prevista nos arts. 1.711 a 1.722 do CC e na Lei 8.009/90, representa a transposição do direito pessoal à moradia (reconhecido no artigo 6º da CF) para o campo patrimonial.
 
Dispõe ainda, o artigo 832, do CPC: “Não estão sujeitos à execução os bens que a lei considera impenhoráveis ou inalienáveis”.
6.6 VITALICIEDADE
 
Os direitos da personalidade são inatos e permanentes, acompanhando a pessoa desde a primeira manifestação de vida até a sua morte. Porém, há direitos da personalidade que se projetam além da morte do indivíduo, como nos casos do direito ao corpo morto, atentado à memória do falecido (honra), direitos autorais.
Reconhece como direito da personalidade da pessoa viva, a proteção dos direitos da personalidade de alguém que já morreu – art. 12, CC. São os chamados lesados indiretos, que estão legitimados para reclamar proteção aos direitos da personalidade do cônjuge ou companheiro falecido, bem como de seus parentes (mortos) em linha reta ou colateral até o quarto grau.
7. OS DIREITOS DA PERSONALIDADE E AS GRANDES GERAÇÕES OU DIMENSÕES DE DIREITO: Dimensões de direitos decorrentes da Revolução Francesa: 
1) Direitos de primeira geração: “princípio da liberdade”.	
2) Direitos de segunda geração: “princípio da igualdade em sentido amplo, ou da isonomia”.
3) Direitos de terceira geração: “princípio da fraternidade”. Surgem os direitos relacionados com a pacificação social, os direitos do consumidor, o direito ambiental e os direitos do trabalhador”.
4) Direitos de quarta geração: relacionados com o patrimônio genético do indivíduo, os números de identificação do DNA da pessoa natural. Justamente com base nesses “direitos de quarta geração, a Profa. Silmara Juny Chinelato, da USP, propõe a possibilidade de o nascituro ser adotado, o que consta no Projeto 6.960/2002, para se alterar o caput do artigo 1.621 do C.Civil. 
5) Já afirma a doutrina existirem os “direitos de quinta geração”, relacionados com a proteção do ambiente ou intimidade virtual, existente no âmbito da Internet e do mundo cibernético.
8. Previsões legais de proteção aos Direitos da Personalidade no C. Civil: art. 11 a 21
Não são somente as pessoas naturais que possuem direitos da personalidade. A pessoa jurídica possui bens patrimoniais corpóreos e incorpóreos, além de bens extrapatrimoniais. E são justamente esses bens extrapatrimoniais os direitos da personalidade da pessoa jurídica.
A proteção dos direitos da personalidade pode se dar tanto pelo âmbito civil quanto pelo âmbito penal, dependendo de como é atacado o bem jurídico da personalidade. Na proteção civil, se verifica pela “indenização material ou moral, pelo dano causado”.
O dano será material quando houver uma perda ou prejuízo decorrente de uma lesão a um bem patrimonial. Será moral quando a agressão ocorrer a um direito da personalidade e não houver a possibilidade de verificação do conteúdo econômico dessa lesão. Nossa atual

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