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Resumo IPEA 2

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TEXTO VANESSA
Será que houve mudança estrutural no Brasil de 2004 a 2010? Em que intensidade?
O que sabemos:
Houve um processo de crescimento maior do que a média dos vinte anos anteriores, acompanhado de maior inclusão social;
O peso da atividade doméstica foi determinante para a definição das taxas de crescimento observadas.
O artigo de Vanessa Correa tem como intuito justamente levantar elementos que esclareçam a natureza da estrutura da demanda no período, assim como os seus principais fatores de mudança.
PONTO DE PARTIDA: em 2003 as condições macroeconômicas brasileiras haviam melhorado, assim como as de outros países da América Latina. A economia brasileira apresentava:
Bom resultado em suas contas públicas (queda da razão DLSP/PIB, redução da dolarização da dívida interna e queda da dívida externa, obtenção de consideráveis superávits primários);
Inflação controlada pela política de metas de inflação agregada à política de câmbio flutuante;
Progressivos resultados favoráveis da balança comercial a partir de 2004, destacando-se o expressivo crescimento das reservas internacionais.
HIPÓTESE: Se compararmos com o período de 1950 a 2003, as características de crescimento do Brasil mudaram.
E isso ocorre a partir da combinação de três elementos:
O cenário internacional, particularmente favorável nos anos iniciais do período;
O papel das políticas sociais, destacando-se as Transferências de Assistência e Previdência Social (TAPS), que afetaram a distribuição de renda e a dinâmica do mercado interno de bens de consumo;
O papel central do investimento público, especialmente em infraestrutura.
Portanto, a proposição é de que o crescimento foi inicialmente impulsionado pelo setor externo e, depois de 2006, pela dinâmica interna da economia.
Seções: 
Dados Básicos
Alavancas do crescimento
Conclusões
DADOS BÁSICOS
Renda per capita cresceu mais de 25% em termos reais.
Desemprego metropolitano caiu mais que 50%.
Pobreza absoluta para quase metade da observada em 2002.
[Gráficos sobre a diminuição da desigualdade].
“Os dados acima mostram mudança no âmbito da estrutura de distribuição de renda, com incremento do peso dos salários na renda nacional”.
ALAVANCAS DO CRESCIMENTO
O governo já demonstrava suas intenções em traçar estratégias de desenvolvimento com inclusão social no Plano Plurianual de 2004-2007. Exemplos de estratégias: impulsionar a economia pelo “mercado de consumo de massa” e investimento modernizador, que configurasse aumento de produtividade.
Um dos pontos centrais era garantir a expansão da renda e do consumo dos mais pobres a um ritmo superior ao crescimento da renda e do consumo dos mais ricos. 
Isso foi feito através de políticas públicas, criando condições para o aumento real do salário mínimo, abrangência maior do seguro desemprego, a expansão da oferta de bolsas de diversas modalidades, a promoção da agricultura familiar, a atenção universal aos mais velhos, o micro crédito, os programas de moradia econômica, a universalização efetiva dos serviços públicos essenciais como a seguridade social (pensões e atenção sanitária) e a educação.
Mesmo focando no consumo de massas, fica claro que o investimento público era necessário para que essa nova dinâmica se processasse. Uma das prioridades foi a expansão da infraestrutura, inclusive em momentos de restrição fiscal (a ideia era que promovendo a infraestrutura básica, estariam estimulando decisões de investimento do setor privado). “O conceito de fundo é que o consumo, isoladamente, não determina patamares estruturais para a dinâmica econômica, sendo o investimento o motor fundamental do crescimento”.
O crescimento foi fortemente influenciado pelo cenário internacional, com papel propulsor no crescimento, mas este não foi o fator explicativo da mudança da dinâmica do crescimento. Para esta mudança, o Estado desempenhou papel decisivo: através de políticas que afetaram a distribuição de renda e através da promoção do Investimento Público e de Empresas Públicas (através de políticas de crédito).
DETALHAMENTO DOS FATORES
Natureza do cenário externo favorável
Preços internacionais das commodities aumentaram > Brasil se deu bem.
Ritmo de crescimento do comercio mundial aumentou > Brasil se deu bem.
O aumento nas nossas exportações levou a um forte aumento da formação bruta de capital fixo nos setores produtores de matérias primas e naqueles setores intensivos nelas.
O aumento das exportações entre 2004 e 2010 esteve relacionado a produtos primários ou a produtos manufaturados vinculados aos mesmos. Não houve sequer aumento na exportação de “bens de consumo popular”, o que contradiz a concepção do modelo de “consumo de massas” previsto no PPA. Ou seja, observou-se rápida melhoria na balança comercial, porém com piora no perfil do comércio. Houve fraca performance da indústria.
O atraso na adoção de uma política industrial mais contundente e a contínua apreciação da moeda nacional nos anos estudados causaram influencia negativa no progresso dos ramos mais complexos da indústria, ademais de uma atuação agressiva da China na ocupação dos mercados de bens manufaturados.
Resumidamente, a economia brasileira passou a ser impulsionada pelo mercado interno, pelo menos a partir de 2006. Antes disso, o cenário internacional foi muito importante.
Políticas públicas e mudanças na estrutura de distribuição de renda
Fato: as mudanças observadas na estrutura de distribuição de renda tiveram influência sobre o perfil e a velocidade do crescimento. Essas mudanças foram possíveis pela articulação dos seguintes aspectos:
Os mecanismos de Políticas Sociais previstos na Const. De 1988 e que definem as TAPS;
O crescimento do salário mínimo;
O crescimento do crédito às famílias.
Paralelamente, a carga tributária aumentou pra cacete. Tava em torno de 23,4% em 1988 e em 2011 já tava lá pelos seus 35%. No entanto, esse movimento permitiu que ocorresse crescimento das TAPS ao mesmo tempo em que ocorria um significativo ajuste fiscal.
De 2002 a 2011, as TAPS foram em torno de 15% do PIB (muita coisaaaaaaaaaa). Isso teve um papel fundamental porque os mais pobres já tem uma propensão ao consumo maior, portanto possibilitar a transferência de renda assim possibilitou que esse dinheiro se revertesse em demanda através de gastos e bens de consumo.
O papel do salário mínimo tem impacto maior sobre as transferências relativas à LOAS/RMV, pois quase a totalidade dos beneficiários desses programas recebem o valor equivalente a 1 SM, e o numero de beneficiários cresceu expressivamente.
O terceiro fator a influir sobre o consumo, também aliado a ação direto do Governo, é o crescimento do crédito. O destaque, neste caso, vai para os Bancos Públicos, que tiveram importante papel neste movimento.
Além do mais, a instituição do “crédito consignado”, relacionado à folha de salário também se soma a isso, uma vez que o risco desta modalidade de crédito é consideravelmente baixo. Assim, há expansão do volume de crédito de pessoas físicas em sintonia com as diretrizes do PPA.
Ou seja, o crescimento da renda dos mais pobres, junto com a expansão do crédito e o aumento do emprego geraram o aumento da demanda por alimentos processados, de vestuário, de limpeza, de produtos farmacêuticos, de eletrônicos, móveis, materiais de construção, de serviços em geral, etc.
Esse movimento também gera aumento do Investimento privado para responder ao aumento da demanda. Desta forma, pode-se observar alguns dos fatores que definiram o processo de participação crescente da demanda interna na taxa de crescimento na economia brasileira.
Ainda assim, o que queremos destacar é que a análise da dinâmica do crescimento não está completa. Segundo o que já comentamos no início do trabalho, o “novo modelo” não se centra apenas no movimento do consumo e no investimento privado induzido pelo mesmo. Outro elemento chave é o Investimento autônomo, especialmente o Investimento público.
O papel do Estado no direcionamento do Investimento (Investimento público e créditoao investimento privado)
O que se pode observar pela análise dos componentes da Renda Agregada é que no período considerado a taxa de crescimento do total dos investimentos foi maior do que o crescimento do consumo. Este aumento da taxa de investimento foi fortemente impulsionado pela aceleração dos investimentos em infraestrutura, patrocinados pelo Setor Público, mas também pelo Investimento privado, induzido pela demanda crescente dos consumidores.
O ponto a firmar é que o crescimento com melhoria da distribuição de renda observado na economia brasileira relacionou-se diretamente com o papel do Estado como “promotor e coparticipante do processo de crescimento”. 
Esta é uma característica da dinâmica econômica histórica brasileira, que se intensifica em termos relativos desde 2003. Além da intensificação, o que o artigo pretende destacar é que há mudança estrutural nesta participação do Estado, que aumenta em termos relativos à sua média histórica o volume de transferências de renda, pelos mecanismos já apontados. A partir de 2006, a indução dos investimentos e transferências publicas ganha intensidade com o aumento dos investimentos relacionados ao Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), neste caso retomando o papel histórico do Estado de responsabilizar-se pela infraestrutura da economia.
Nesta nova dinâmica do crescimento, o setor publico desempenha três funções cruciais na aceleração da taxa de investimento na economia:
Através do aumento da taxa de Investimento Direto (especialmente em infraestrutura);
Através do financiamento ao investimento privado pela via dos créditos do BNDES;
Através de sua ação para a formação de consórcios para os grandes projetos de investimento.
Alguns dados interessantes:
A formação bruta de capital fixo do governo alcançou seu maior valor em porcentagem do PIB no ano de 2010, considerando-se dados de duas décadas.
O gasto em investimento das empresas estatais federais (principalmente Petrobras) alcançou seu maior valor em % do PIB.
Os desembolsos totais do BNDES também alcançaram um recorde em 2010.
Contudo, as transferências publicas serviram de amortecimento e um fato importante a considerar é o de que em 2011 a queda do crescimento não veio acompanhada por uma pior performance do mercado de trabalho.
Neste trabalho mostramos os elementos que influem na dinâmica do crescimento econômico do Brasil entre 2004 e 2010. O objetivo foi demonstrar que estava ocorrendo uma mudança do modelo de crescimento brasileiro: a taxa de crescimento passava a depender mais do setor doméstico e se observava um movimento de distribuição de renda com forte redução da pobreza absoluta no país.
Neste sentido, o crescimento, especialmente depois de 2006, não se centrou no setor externo, pois os componentes internos tiveram um peso fundamental, com ênfase especial no papel do estado: (i) através das políticas sociais e das decisões quanto à dinâmica do salário mínimo; (ii)através do crédito dos bancos públicos; (iii) através do Investimento Público (diretamente e via estatais) e de ações em prol do investimento privado (BNDES).
Por outro lado, é preciso considerar que o modelo de crescimento não havia se completado. De fato, observa-se um processo de perda de competitividade do setor industrial e a piora do perfil da balança comercial. Estas barreiras se relacionaram com a política de câmbio valorizado mas, em realidade, os problemas são mais profundos, pois estão relacionados a uma nova configuração do comércio e da produção mundial, exigindo uma política industrial explícita, que atue sobre o tema da competitividade e envolvendo uma estratégia de inserção nas novas cadeias globais de valor. Este foi um problema central da estratégia de crescimento adotada pelo país, o que se agrega ainda ao fato de que não se apresentaram mudanças na estrutura de financiamento doméstica.
O QUE A VANESSA DIZ QUE O SÁ EARP QUER OUVIR
O investimento público em papel central no novo modelo de crescimento que se estava montando desde 2003, sendo que a retomada econômica do país, depois da desaceleração provocada pela crise de Subprime em 2009, foi fortemente condicionada pela ação do Estado na promoção de investimentos e na expansão do crédito ao investimento e ao consumo, pela via dos bancos públicos. O avanço do crescimento puxado pela demanda interna depende fortemente dos gastos públicos e, neste sentido, a política macroeconômica é um elemento central para a continuidade do movimento que estava ocorrendo, especialmente em situação de fraco desempenho da economia internacional a partir de 2009.
SE QUISER APELAR FORTE NA HETERODOXIA ESCREVA ISSO
A política macroeconômica centrou-se fortemente na ação de combate à inflação, através da política de Metas de Inflação em conjunto com a adoção do modelo de câmbio flexível e forte abertura financeira. Considerou-se continuamente a questão da pressão inflacionária existente como sendo resultado de pressões de demanda (ORTODOXOS BURROS) e, neste sentido, a ação da manutenção de juros altos e de uma taxa de câmbio valorizada se apresentavam como importantes à atuação anti-inflacionária. 
No entanto, ambos os movimentos não iam na direção de avançar no “modelo” que se estava levando adiante. De um lado, as taxas de juros em altos patamares e o câmbio valorizado afetavam negativamente a indústria. Do outro, o nível das taxas de juros e a necessidade de intervenções esterilizadoras sobre o cambio em situação de entrada excessiva de capital afetavam continuamente de modo negativo as contas públicas.
Depois da crise de subprime, observa-se flexibilização da politica de combate à inflação em favor de outros mecanismos. Na verdade, abria-se a possibilidade de redução da taxa de juros básica. No entanto, quando a ação de redução mais forte da mesma ocorreu, a opção foi a de adotar um trade-off: reduzia-se a taxa de juros, mas reduziam-se também os gastos públicos. Ou seja, a tese de inflação de demanda continuava central e a redução desses gastos ocorreu de forma expressiva em 2011, afetando os investimentos públicos.
É claro que precisa se considerar a piora do ambiente externo na contaminação do ambiente doméstico dos investimentos. No entanto, o ponto levantado é o de que a desaceleração dos investimentos públicos foi crucial para a queda do crescimento do país em 2011, visto que esta era uma alavanca central para o crescimento observado no período imediatamente anterior.
Na verdade, se agregaram três questões no final de 2010 e durante 2011: 
A já citada queda dos investimentos públicos
A manutenção do salario mínimo, que ficou constante em termos reais
Importantes constrangimentos ao credito foram postos em pratica
Ambas as politicas fiscal e monetária foram apertadas
CONCLUSÕES
O ponto realçado é que a volta de uma taxa de crescimento em patamares que garantam a continuidade de um crescimento mais vigoroso e estável requer a recuperação do setor industrial, com melhora na produtividade.
Considerando a melhora dos estímulos monetários e fiscais em 2012 e também levando em conta os estímulos do Governo Brasileiro para induzir o crescimento do investimento privado, não é fácil explicar a ausência de sinais de recuperação dos investimentos até o terceiro trimestre do mesmo ano. Seguindo a interpretação construída ao longo do trabalho, entende-se que o papel dos investimentos públicos é, mais uma vez, central para a recuperação. O estímulo ao setor privado, sem uma ação mais forte dos investimentos públicos não é suficiente. Nosso ponto é o de que a recuperação requer o crescimento do investimento público, integrado à política industrial e social.
A consideração é a de que há espaço fiscal para isto, já que o país conta com importante superávit primário e a Dívida Líquida do Setor públicos continua caindo. Neste sentido, o foco da macroeconomia voltado para a busca de um crescimento mais vigoroso deveria ir no sentido de priorizar esta ação como central ao país.
A questão da descoordenação da indústria é uma situação mais grave, umavez que o processo é de natureza estrutural histórica, pois há setores da matriz industrial que foram extintos. A retomada exige um projeto explícito de inserção internacional e doméstica.
Ademais, outro fato central quanto aos limites do modelo de crescimento é a consideração de que o mesmo não tem como foco a redução continuada das diferenças de renda entre os brasileiros. Ainda que tenha havido crescimento com redução da pobreza extrema e melhora da distribuição de renda e que isto seja novidade no contexto do desenvolvimento brasileiro, a economia mantém-se como uma das mais desiguais do mundo.

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